OBSERVATORIO DO ANALISTA EM REVISTA - 3 EDICAO
Revista eletrônica do site Observatório do Analista. Criação coletiva de Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil
Revista eletrônica do site Observatório do Analista. Criação coletiva de Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil
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Edição 3 - Março de 2015<br />
MAPEAMENTO<br />
DE PROCESSOS<br />
Como o projeto<br />
de mapeamento<br />
de processos<br />
pode afetar<br />
nosso dia a dia<br />
MODULAÇAO<br />
DE EFEITOS<br />
Dias Toffoli<br />
suspende os<br />
efeitos da<br />
decisão do TRF1<br />
na RAV 8x<br />
DANÇA,<br />
ARTE E VIDA<br />
Dayse Cunha<br />
mostra um pouco<br />
do universo<br />
da cultura<br />
espanhola
ANO II<br />
3a EDIÇÃO<br />
EDITORES<br />
João Jacques Silveira Pena<br />
Mari Lúcia Zonta<br />
COLABORA<strong>DO</strong>RES<br />
Dayse Cunha<br />
Maria Liège<br />
RESUMO<br />
Revista eletrônica que<br />
traz periodicamente<br />
opiniões, entrevistas e<br />
discussões promovidas<br />
por Analistas-Tributários<br />
Adança?Nãoémovimento,<br />
súbitogestomusical<br />
Éconcentração, nummomento,<br />
dahumanagraçanatural.<br />
Nosolonão, noéterpairamos,<br />
neleamaríamosficar.<br />
Adança-nãoventonosramos:<br />
seiva, força, pereneestar.<br />
Adançaeaalma<br />
CarlosDrumonddeAndrade<br />
Umestarentrecéuechão,<br />
novodomínioconquistado,<br />
ondebusquenossapaixão<br />
libertar-seportodolado...<br />
Ondeaalmapossadescrever<br />
suasmaisdivinasparábolas<br />
semfugiraformadoser,<br />
porsobreomistériodasfábulas.
Caros amigos,<br />
Desde que iniciamos o projeto Observatório<br />
do Analista em Revista,<br />
percebemos que este seria o veículo<br />
no qual poderíamos colecionar opiniões,<br />
projetos e contribuições de<br />
AnalistasTributários com relação à<br />
categoria, ao Serviço Público e à sociedade.<br />
Nesse curto espaço de existência,<br />
as revistas alcançaram mais de<br />
15.000 visualizações, o que nos<br />
encheu de orgulho e nos motivou a<br />
dar continuidade ao projeto que tem<br />
viés colaborativo.<br />
Nesta edição optamos por textos<br />
mais curtos e objetivos, deixando os<br />
mais longos e densos para o site.<br />
Também inaugurarmos espaço que<br />
retratará o agir do AnalistaTributário<br />
fora de sua rotina de trabalho, tanto<br />
em projetos sociais como artísticos<br />
(como na matéria que nos emprestou<br />
a bela foto da capa).<br />
Abordamos ainda assuntos de interesse<br />
profissional; como é o caso do<br />
mapeamento de processos e<br />
distinção de atribuições que o sucederá,<br />
as mudanças na cúpula da<br />
RFB, que começam a ser sentidas<br />
nas unidades de ponta; e sindicais,<br />
como a escolha da bela cidade de<br />
Curitiba como a próxima sede da<br />
Assembleia Geral Nacional do<br />
Sindireceita,<br />
Nas próximas edições, esperamos<br />
restabelecer a periodicidade mensal,<br />
interrompida pelas férias de fim e<br />
início de ano.<br />
Continuaremos sempre de portas<br />
abertas a novos colaboradores, cujo<br />
único requisito é estar investido no<br />
cargo de AnalistaTributário da<br />
Receita Federal do Brasil.<br />
Assim, estaremos mais próximos de<br />
nosso objetivo maior, que é contribuir<br />
para a construção da identidade do<br />
AnalistaTributário.<br />
Boa leitura!
Take a<br />
look<br />
at<br />
your<br />
self<br />
Sumário<br />
5<br />
Take<br />
a<br />
look<br />
at<br />
your<br />
self<br />
Editorial: Novos Passos<br />
3<br />
11<br />
Opinião de Analista: Modulação<br />
de efeitos na declaração de<br />
inconstitucionalidade de norma<br />
Nos Meandros da RFB:<br />
Mapeamento de processos<br />
9<br />
13<br />
CURITIBA: A cidade dos<br />
muitos pinheiros<br />
16<br />
FLAMENCO: ARTE Y<br />
PASIÓN<br />
22<br />
Quero ver ele te dar todo o<br />
conforto que eu te dou!<br />
18<br />
Observatório Astronômico de<br />
Maiorca
Existe profissional mais detestado do<br />
que um cobrador de impostos?<br />
…<br />
…<br />
Pensou?<br />
Conseguiu encontrar um? Improvável.<br />
De carrascos a torturadores,<br />
todos terão alguém que os aprecie.<br />
Já os pobres cobradores de<br />
impostos...<br />
Tanto pior se você for um “auxiliar”<br />
de cobrador. O ônus será dobrado.<br />
Além do desprezo externo que<br />
tende a colocar todos da porta do<br />
fisco pra dentro no mesmo balaio de<br />
gato sentirá cravado na pele e<br />
gravado na alma, o desprezo dos<br />
pares. Já o bônus... será em torno<br />
de 40% menor. Pobres auxiliares dos<br />
cobradores de impostos...<br />
A origem desse desprezo profissional<br />
encontra bons elementos nos<br />
tempos dos grandes impérios,<br />
quando cobradores e prostitutas<br />
faziam o trabalho sujo digamos<br />
assim de reis e imperadores. Cada<br />
um a seu modo.<br />
A profissão das moças da vida<br />
evoluiu perante os olhos e o espírito<br />
humano. Ainda que sofram desprezo<br />
e preconceito, há muitos olhares<br />
delicados sobre elas.<br />
Já sobre os pobres cobradores de<br />
impostos...<br />
Não, esse editorial não trata de<br />
vítimas ou tiranos corporativos. Ele<br />
trata da realidade nua de servidores<br />
da Receita Federal.<br />
A vida apenas, sem mistificação. (*)<br />
O peso desse desprezo profissional<br />
pesa sobre o cotidiano de qualquer<br />
servidor da RFB.<br />
Não fosse pesado bastante, ainda<br />
tem a herança linguística de um órgão<br />
autoritário, policialesco. Trabalhase<br />
em delegacias, sob delegados,<br />
inspetores, submetidos a hierarquias<br />
infinitas. Alguns sonham até com<br />
hierarquia entre cargos. E desse pensamento,<br />
aliás, salvamse poucos.
Essa é a cultura organizacional da<br />
Receita Federal. E os exemplos<br />
citados são apenas uma amostra<br />
degustativa desse caldo cultural. Há<br />
muitos outros ingredientes nesse<br />
caldeirão<br />
fervente.<br />
Como<br />
mudar<br />
essa<br />
cultura<br />
?<br />
O<br />
primeiro<br />
passo<br />
é<br />
identificála,<br />
admitila,<br />
dar<br />
nome<br />
ao mal,<br />
diria<br />
Sartre.<br />
Só é<br />
possível<br />
combater<br />
o<br />
que se<br />
conhece.<br />
A<br />
alternativa<br />
são os moinhos de vento. E<br />
lutamos bravamente contra muitos.<br />
Vide os últimos esforços de batalha<br />
da administração: identificação da<br />
cadeia de valor da RFB, criação da<br />
TV Receita, do Conexão Receita,<br />
perfis em redes sociais... Excelentes<br />
iniciativas, sem dúvida, mas inócuas.<br />
Nenhuma foi incorporada à cultura<br />
organizacional. Não terão efeito.<br />
Enquanto cada servidor não estiver<br />
consciente do VALOR do seu trabalho,<br />
os<br />
esforços<br />
serão<br />
desperdiça<br />
dos. Não,<br />
não somos<br />
nós que<br />
dizemos.<br />
Basta olhar<br />
os números.<br />
Abra um<br />
sistema<br />
gerencial<br />
que está aí<br />
atras dessa<br />
janela de<br />
leitura e<br />
observe.<br />
De uma<br />
olhada nas<br />
estimativas<br />
de sonegação<br />
dos<br />
Procuradores,<br />
no<br />
estoque de<br />
crédito a<br />
recuperar,<br />
na produtividade.<br />
Take a look<br />
at yourself (**) e veja o entusiamo...<br />
Peça publicitária do Sindireceita CEDS/SP<br />
Enquanto cada funcionário não<br />
souber que a cadeia de valor do seu<br />
esforço cotidiano não termina na<br />
cobrança esse na verdade é o<br />
ponto onde ela começa o esforço
Peça publicitária do Sindireceita CEDS/SP
será vão.<br />
O VALOR dos valores arrecadados<br />
não está em encher as burras do<br />
Estado como se do Imperador<br />
fossem está na sua destinação. É<br />
esse VALOR que deve permear a<br />
cultura da Receita Federal.<br />
E como mesmo mudar a cultura?<br />
Comunicação. Essa é a chave. Não<br />
há comunicação, interna ou externa,<br />
na RFB. Há, no máximo, publicidade.<br />
Na maioria da vezes, personificada.<br />
Vide a TV Receita.<br />
Esse pecado, aliás, também<br />
cometem todas as entidades de<br />
classe de seus servidores, especialmente<br />
Sindireceita e Sindifisco.<br />
Suas comunicações não apenas não<br />
ajudam, são prejudiciais aos<br />
servidores. Usam suas mídias para<br />
dar publicidade à entidade e seu<br />
diretores. Comunicar? Ora, comunicar...<br />
Pausa para risos. Já repararam na<br />
narrativa das duas entidades<br />
sindicais? Vitimização. Ambas. E a<br />
dignidade de seus representados?<br />
Ora, a dignidade...<br />
A publicidade pode, e deve, ser<br />
usada como ferramenta de comunicação.<br />
Dois exemplos de bom uso,<br />
para não parecer rabugenta.<br />
Na Receita. O calendário de mesa<br />
de 2015 que chegou em abril<br />
(desculpa...) está um primor na<br />
forma. Bonito, leve, criativo. Por que<br />
não quebrar a sisudez da<br />
linguagem? Parabéns aos criadores.<br />
Foi usado para dar publicidade ao<br />
mapa estratégico.<br />
O outro, vem do Sindireceita, CEDS<br />
SP. Uma campanha antiga promovia<br />
o trabalho dos Técnicos da Receita,<br />
seu valor para a RFB e a sociedade.<br />
Uma série de cartazes, em que<br />
diretores não aparecem e a entidade<br />
foi citada apenas como realizadora.<br />
Perfeito em forma e conteúdo.<br />
Mudar a cultura interna de uma<br />
organização não é tarefa simples.<br />
Em um órgão como a Receita, cuja<br />
atividade fim é recebida com desprezo<br />
no imaginário da sociedade, é<br />
tarefa hercúlea e demorada, mas por<br />
isso mesmo ainda mais urgente.<br />
O uso adequado da comunicação <br />
meios, conteúdos e formas como<br />
ferramenta essencial dessa mudança,<br />
também não é simples.<br />
Demanda, como ponto de partida, a<br />
disposição de administradores para<br />
abrir mão do seu papel de autoridade<br />
e se transformar em comunicador,<br />
pois é no plano pessoal, olho no<br />
olho, que se estabelece a comunicação,<br />
o diálogo, que se supera a<br />
desconfiança. E é assim que<br />
mudanças começam e se propagam.<br />
Vem daí, possivelmente, o poder da<br />
comunicação contra a barbárie.<br />
E esse, reforçamos, é só o primeiro<br />
passo.<br />
(*) Carlso Drummond de Andrade. Os ombros<br />
suportam o mundo<br />
(**) Bo Diddley. Before you accuse me
Enquanto os sindicatos das categorias<br />
dos cargos que compõem a Carreira<br />
Auditoria colecionam iniciativas<br />
e ameaças um contra o outro, bem<br />
ao gosto daqueles que necessitam<br />
de um inimigo para sobreviver, a<br />
Secretaria da Receita Federal do<br />
Brasil segue seu plano de mapeamento<br />
de processos, definição de<br />
competências institucionais e individuais<br />
e atribuições dos cargos.<br />
Ainda no ano passado, o trabalho de<br />
mapeamento de processos (parte do<br />
plano estratégico da RFB) já estava<br />
praticamente acabado sem qualquer<br />
acompanhamento ou interferência do<br />
Sindireceita. No dia 23 de fevereiro,<br />
foi anunciada a formação de grupo<br />
responsável pela revisão das competências<br />
da RFB.<br />
Segundo a Portaria RFB nº<br />
2543/2011, entendese por competências:<br />
I – as Competências Institucionais<br />
são atributos de instituição que a tornam<br />
eficaz, permitem que sejam<br />
atingidos seus objetivos e geram benefícios<br />
percebidos pela sociedade<br />
ou usuários dos serviços prestados,<br />
expressam as capacidades da RFB<br />
ou de suas principais áreas funcionais,<br />
tendo por base a Missão, a<br />
Visão, ou Valores e o Mapa Estratégico;<br />
II – as Competências Individuais<br />
expressam expectativas da instituição<br />
em relação ao desempenho
Sérgio Luiz Messias de Lima<br />
de seus servidores, de modo a contribuir<br />
para o desenvolvimento das<br />
Competências Institucionais e classificamse<br />
em três categorias:<br />
a) Competências Fundamentais<br />
descrevem comportamentos<br />
desejados de todos os servidores;<br />
b) Competências Gerenciais<br />
descrevem comportamentos desejados<br />
de todos os servidores que<br />
exercem funções gerenciais na RFB;<br />
c) Competências específicas<br />
descrevem comportamentos desejados<br />
de servidores, referentes às<br />
áreas de atuação específicas.<br />
Já a Portaria RFB nº 2238/2012<br />
aprovou as Competências Individuais<br />
Específicas, agrupadas por<br />
Macroprocesso e Processo, de acordo<br />
com a Cadeia de Valor da RFB e<br />
prevê a atualização do inventário de<br />
competências periodicamente, bem<br />
como no curso das atividades de<br />
mapeamento dos processos de trabalho.<br />
De acordo com informações prestadas<br />
pelo Coordenador Geral de Planejamento,<br />
Organização e Avaliação<br />
Institucional (COPAV) da Receita Federal<br />
do Brasil, Sérgio Luiz Messias<br />
de Lima, após o mapeamento de<br />
processos de trabalho haverá a<br />
identificação dos cargos envolvidos<br />
nesses fluxos de acordo com as atribuições<br />
de cada cargo. Esse trabalho<br />
será coordenado pela Cogep, de<br />
forma ainda não definida.<br />
Convém alertar que, de acordo com<br />
o Regime Jurídico Único vigente, as<br />
atribuições de um cargo necessariamente<br />
são fixadas por lei strictu sensu,<br />
ou seja, normas infralegais não<br />
têm o condão de alterálas ou estabelecêlas<br />
diferentemente do que foi<br />
disposto em lei.<br />
Assim, ao considerar o rol de atribuições<br />
de cada cargo, devem ser<br />
desconsideradas as normas infralegais<br />
de “organização do serviço”,<br />
que estabelecem que determinada<br />
tarefa deve ser realizada por um cargo<br />
específico em detrimento de outro<br />
que também a poderia exercer. Não<br />
tem essa norma o poder de retirar a<br />
atribuição do cargo ao qual não foi<br />
incumbida a tarefa, mas apenas organizar<br />
o serviço segundo critérios<br />
discricionários, porém motivados, do<br />
gestor.<br />
Estar atento a esse movimento da<br />
Receita Federal do Brasil, no curto e<br />
médio prazo, é de suma importância<br />
para evitarmos que normas infralegais<br />
influenciem no trabalho de identificação<br />
dos cargos que podem<br />
atuar nas rotinas de trabalho mapeadas,<br />
atingindo diretamente o espaço<br />
do AnalistaTributário na RFB.<br />
Essa atenção incumbe a todos nós,<br />
pois depois de ocorrido, não adiantará<br />
apontar culpados.
Maria Liège de Sousa Leite<br />
Em 21 de maio de 2014, o Excelentíssimo<br />
Ministro do Supremo Tribunal<br />
Federal Dias Toffoli suspendeu<br />
os efeitos de decisão do Superior Tribunal<br />
de Justiça que determinava a<br />
aplicação do IPCA na correção monetária<br />
dos precatórios formados em<br />
decorrência do processo de execução<br />
da RAV 8 vezes em substituição<br />
à Taxa Referencial – TR até<br />
decisão final da reclamação.<br />
O Ministro entendeu “existir plausibilidade<br />
jurídica da tese defendida” pela<br />
Advocacia Geral da União na<br />
Reclamação Constitucional nº<br />
17.613DF, vez que a decisão do<br />
STJ objeto da reclamação (proferida<br />
nos autos do Agravo de Instrumento<br />
nº 1.424.442/DF), “ao estabelecer índice<br />
de correção monetária diverso<br />
daquele fixado pelo art. 1 ºF da Lei<br />
9.494/97 (com redação dada pelo<br />
art. 5º da Lei nº 11.960/2009), teria<br />
descumprido determinação cautelar<br />
do Ministro Luiz Fux, referendada<br />
pelo Plenário desta Suprema Corte<br />
nos autos da ADI 4357/DF. Antecipava<br />
o Ministro, em certa medida, o<br />
que recentemente restou definido.<br />
Para os muitos interessados nesse<br />
processo, depois de tantos contratempos,<br />
fica difícil entender como<br />
uma norma considerada inconstitucional<br />
pode afetar o valor a ser pago<br />
em um processo que nem transitou<br />
em julgado. Afinal, o que é a modulação<br />
de efeitos brandida na decisão<br />
do STF? Vamos entender o caso.<br />
A modulação de efeitos da declaração<br />
de inconstitucionalidade é<br />
construção jurisprudencial que<br />
restou positivada pela Lei nº 9.868,<br />
de 1999. O artigo 27 da referida lei<br />
estabeleceu que:<br />
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade<br />
de lei ou ato normativo, e<br />
tendo em vista razões de segurança<br />
jurídica ou de excepcional interesse<br />
social, poderá o Supremo Tribunal<br />
Federal, por maioria de dois terços<br />
de seus membros, restringir os efei
tos daquela declaração ou decidir<br />
que ela só tenha eficácia a partir de<br />
trânsito em julgado ou de outro momento<br />
que venha a ser fixado.<br />
Com base no disposto no artigo 27,<br />
o Ministro Luiz Fux, frente à paralisação<br />
do pagamento de precatórios<br />
por parte de alguns Tribunais de<br />
Justiça, determinou que, “até que a<br />
Suprema Corte se pronuncie sobre o<br />
preciso alcance da sua decisão, não<br />
se justifica que os Tribunais Locais<br />
retrocedam na proteção dos direitos<br />
já reconhecidos em juízo. Carece de<br />
fundamento, por isso, a paralisação<br />
de pagamentos noticiada no requerimento<br />
em apreço”.<br />
Amparado nessa decisão, o Ministro<br />
Dias Toffoli suspendeu os efeitos da<br />
decisão do STJ que mandava aplicar<br />
o IPCA como índice de correção monetária<br />
no processo da RAV 8 Vezes,<br />
vez que ainda não foram<br />
modulados os efeitos da declaração<br />
de inconstitucionalidade “por arrasto”<br />
do art. 1ºF da Lei nº 9.494/97, com<br />
redação dada pela Lei nº 11.960/09).<br />
Como bem assentou o Ministro Toffoli,<br />
a jurisprudência do STF “é firme<br />
no sentido de que as decisões proferidas<br />
em sede de controle concentrado<br />
de constitucionalidade são<br />
válidas a partir da data da publicação<br />
no Diário da Justiça da ata da<br />
sessão de julgamento, sendo independente<br />
da publicação do acórdão<br />
a obrigação da Administração Pública<br />
e demais órgãos do Poder Judiciário<br />
de cumprirem o quanto<br />
decidido pelo STF”.<br />
Porém, na sessão plenária de 25 de<br />
março deste ano, o plenário do STF<br />
concluiu a modulação dos efeitos da<br />
decisão que declarou parcialmente<br />
inconstitucional o regime especial de<br />
pagamento de precatórios estabelecido<br />
pela EC 62/09, mantendo a<br />
aplicação do índice oficial de remuneração<br />
básica da caderneta de<br />
poupança (TR), nos termos da<br />
Emenda Constitucional nº 62/09, até<br />
25/03/2015 (data da modulação de<br />
efeitos), para atualização monetária<br />
dos créditos contra a União, após o<br />
que deverão ser corrigidos pelo<br />
IPCAE.<br />
Assim, as tabelas de cálculo da<br />
Justiça Federal serão revistas para a<br />
inclusão da TR (que havia sido substituída<br />
pelo IPCAE desde a publicação<br />
do acórdão do julgamento da<br />
ADI), alcançando todas as ações em<br />
andamento.<br />
Isso tornará mais fácil a vida da AGU<br />
que vinha, repetidamente, entrando<br />
com recursos para suspender o efeito<br />
de decisões que mandavam corrigir<br />
os direitos de credores da União<br />
com base no IPCAE, à semelhança<br />
da que ensejou a suspensão dos<br />
efeitos da decisão do STJ na ação<br />
coletiva da RAV 8 vezes.<br />
Assim, em momento de crise<br />
nacional, diante da possibilidade da<br />
inadimplência de Estados e Municípios,<br />
e dificuldades financeiras<br />
por parte da União, seus credores<br />
pagam a conta.
Guitarrista flamenco<br />
Dayse Cunha<br />
Eliana Carvalho<br />
Anderson Alves<br />
Fin de festa<br />
Bailarinas e<br />
músicos
“Sempre gostei de tudo relacionado<br />
à dança. Estudei e lecionei balé clássico<br />
durante anos. Nos tempos de<br />
colégio, fui atleta de ginástica rítmica<br />
desportiva, esporte intrinsecamente<br />
relacionado com a dança, inclusive<br />
venci três campeonatos estaduais<br />
nas décadas de 70/80. Parei de<br />
dançar quando passei no concurso<br />
de TTN e fui morar em Manaus, em<br />
1991. Quando voltei para Belém, em<br />
1998, pensei em voltar a dançar,<br />
mas depois de tanto tempo afastada<br />
e com uma filha pequena, como fazer<br />
isso?<br />
Em 2000 matriculei minha filha no<br />
balé clássico e vi que a escola tinha<br />
turmas de dança flamenca, mas só<br />
em 2002 decidi experimentar. Foi<br />
paixão à primeira aula. Para mim, a<br />
grande vantagem do flamenco é não<br />
exigir da bailaora a compleição física<br />
das bailarinas clássicas. É uma arte<br />
altamente democrática, pois não há<br />
limite de peso nem de idade.<br />
Como toda atividade física, dançar libera<br />
serotonina, hormônio que dá a<br />
sensação de bem estar e melhora o<br />
humor e o sono. A execução dos<br />
passos da dança flamenca exercita<br />
muito a coordenação motora, pois<br />
além dos movimentos do corpo inteiro<br />
braços, pernas, quadris e cabeça<br />
ainda temos que sapatear no tempo<br />
(ou no contratempo) e manusear os<br />
vários elementos que podem compor<br />
uma coreografia, como por exemplo:<br />
castanholas, abanico (leque),<br />
mantón (xale), etc.<br />
Os sapatos flamencos possuem<br />
tachinhas nos tacones (saltos) e nas<br />
puntas (pontas), o que nos permite<br />
extrair vários tipos de sons percussivos,<br />
dependendo da forma como batemos<br />
os pés no tablado.<br />
É muito importante conhecer e estudar<br />
os diversos palos (ritmos) flamencos,<br />
pois cada um tem suas<br />
particularidades. Soleás, Bulerías,<br />
Alegrías e Seguiriyas, por exemplo,<br />
tem um compás (compasso) de 12<br />
tiempos. Tangos, Tarantos e Tientos,<br />
de 4. Fandangos e Sevillanas, de 3.<br />
Como existem dezenas de palos, a<br />
rotina passa longe de quem dança<br />
flamenco.<br />
Resumindo estudar dança flamenca<br />
é exercitar o corpo e a mente, tudo<br />
junto e misturado. É pura cognição.<br />
Recomendo a todos: homens e mulheres<br />
de todas as idades e também<br />
crianças.<br />
Olé!”
A cidade dos muitos pinheiros<br />
Eleita na última reunião do Conselho<br />
Nacional de Representantes Estaduais<br />
CNRE como próxima sede da<br />
Assembleia Geral Nacional AGN<br />
em 2015 do Sindireceita, Curitiba, a<br />
bela capital do Paraná, promete<br />
acolher dos AnalistasTributários<br />
com bem mais que acomodações<br />
para a realização do evento. A AGN<br />
é o principal órgão político deliberativo<br />
do Sindireceita, onde são determinadas<br />
as políticas e ações a<br />
serem realizadas pelo sindicato nos<br />
próximos 3 anos.<br />
Com mais de 300 anos de história, a<br />
cidade revelase cosmopolita e moderna,<br />
o que não impede de serem<br />
guardadas tradições dos povos que<br />
contribuíram em sua construção. Foi<br />
pioneira no Brasil em inovações urbanísticas,<br />
como seu sistema de<br />
transporte público e planos que evitam<br />
o crescimento descontrolado da<br />
cidade.<br />
A preocupação com o ambiente revelase<br />
nas 33 áreas verdes, entre<br />
bosques e parques, preservadas na<br />
cidade. “O mais conhecido parque<br />
de Curitiba é o Parque Barigüi, que<br />
foi criado em 1972 como uma grande<br />
área verde na área oeste da cidade<br />
para proteger a bacia do rio<br />
Barigui. Outros locais famosos são o<br />
Bosque do Papa, que abriga casas<br />
tipicamente polonesas e foi<br />
construído para a visita do Papa<br />
João Paulo II em 1980; o Jardim<br />
Botânico, um dos cartões postais da
cidade e que possui uma estufa com<br />
plantas raras no seu interior; e o<br />
Passeio Público, primeiro parque<br />
municipal criado em 1886 que até<br />
hoje abriga um pequeno zoológico”<br />
http://pt.wikipedia.org/wiki/Curitiba.<br />
Curitiba conta com diversos museus,<br />
valendo destacar o Museu Paranaense<br />
(dedicado às artes plásticas e à<br />
história), Museu Oscar Niemeyer<br />
(dedicado às artes plásticas), Museu<br />
de Arte Sacra (que concentra imagens<br />
religiosas e arte sacra em geral),<br />
Museu do Expedicionário<br />
(dedicado à história da participação<br />
brasileira na Segunda Guerra Mundial),<br />
Museu de Arte Contemporânea,<br />
Museu da Imagem e do Som (cinema<br />
e fotografia), Museu Alfredo Andersen<br />
(como o próprio nome revela,<br />
dedicado às pinturas de Alfredo Andersen),<br />
Museu Metropolitano de Arte<br />
de Curitiba (arte moderna) e<br />
Museu de História Natural (dedicado<br />
à biologia e botânica).<br />
Na cidade contamos com 100 AnalistasTributários<br />
da RFB, que poderão<br />
participar ativamente das<br />
discussões do sindicato e abrilhantar<br />
o evento compartilhando sua rica<br />
experiência dentro da Receita Federal.<br />
A expectativa é de termos um<br />
excelente evento.<br />
Como a intenção é trazer o evento<br />
para o mês de agosto deste ano, vale<br />
o alerta para os colegas se prevenirem<br />
quanto ao frio. A cidade tem<br />
clima subtropical úmido com temperatura<br />
média de 11º no mês mais frio.<br />
Em agosto de 2014, a mínima oscilou<br />
entre 10 e 21 graus célsius e a<br />
máxima entre 18 e 36 graus célsius.<br />
Visite nosso site!<br />
www.observatoriodoanalista.org.br
Rendase. Entreguese ao desconhecido<br />
Clarice Lispector<br />
Quero ver ele te dar<br />
todo o conforto que<br />
eu te dou!<br />
Era uma vez...<br />
Mari Lucia Zonta<br />
…na nem tão distante Praça Hugo<br />
Werneck, Santa Efigênia, em Belo<br />
Horizonte.<br />
Nela ficavam alguns moradores de<br />
rua. Todo dia, logo cedo, a mesma<br />
cena: o homem, depois de buscar<br />
um balde de água e entregar à<br />
mulher, segurava o cobertor <br />
formando um biombo para que ela<br />
pudesse fazer sua higiene matinal<br />
sem bisbilhotices.<br />
Os meses passaram que quem vive<br />
na rua não conta romance em anos <br />
e a lua de mel parece ter acabado.<br />
Quem andava por ali assistiu outra<br />
cena. Era hora do almoço. A mulher<br />
aquecia ao fogo a matulinha do dia.<br />
Discutia em voz baixa com o homem<br />
do biombo, sentado no banco da<br />
praça ao lado. Os gestos indicavam<br />
que era briga. Logo adiante, sentado<br />
na calçada, outro homem esperava o<br />
desfecho da discussão, que o<br />
primeiro encerrou com a frase<br />
definitiva: “se você quer ir embora<br />
com ele, vai! Mas quero ver ele te<br />
dar todo o conforto que eu te dou!”<br />
É... os romances são previsíveis, nos<br />
palácios e nas casas de papelão das<br />
calçadas, mas o machismo, combinemos,<br />
além de democrático, é<br />
dinâmico, ajustase às circunstâncias.<br />
Tive a oportunidade de conviver com<br />
pelo menos três de suas variações<br />
nacionais. O machismo do sul do<br />
país, o de São Paulo e o de Minas<br />
Gerais.<br />
O sulista é tradicional. Machismo<br />
olho roxo, agride com facilidade.<br />
Apesar de terrível, tem contra si a<br />
própria violência que comete. É mais
fácil se rebelar e encontrar apoio<br />
contra esse machismo explicito.<br />
Arrisco dizer, baseado apenas em<br />
percepção e não em dados de<br />
pesquisa, que é a região com<br />
melhores chances de vencêlo.<br />
Talvez as famílias matriarcais,<br />
bastante comuns entre os descendentes<br />
italianos, tenham influência<br />
nesse processo. Mas certamente os<br />
índices de escolarização, ainda um<br />
pouco maiores na região sul, tem<br />
papel importante na superação do<br />
preconceito.<br />
Em São Paulo está o machismo<br />
meritocrático. Funciona assim: ele é<br />
inversamente proporcional ao valor<br />
do contra cheque da mulher. Quanto<br />
maior o valor, menor o preconceito<br />
machista. Como provou seu “valor”,<br />
conquistou o direito de ser menos<br />
discriminada.<br />
Mas mulheres em postos de<br />
comando ainda tem problemas. Até<br />
chegam a eles, mas ao custo de<br />
provar irrefutavelmente sua<br />
capacidade, o tempo todo. Ahhh!<br />
Mas é assim que deve ser! É? O<br />
que dizer então dos milhares de<br />
homens incompetentes que chegam<br />
a postos de comando? Ninguém<br />
atribui sua incompetência ao fato de<br />
serem homens. Mas vá uma mulher<br />
falhar no mesmo posto...<br />
Parêntese sobre mulheres e o<br />
poder.<br />
Há um relato emblemático no<br />
documentário Inside job, de Charles<br />
Ferguson (fundamental para entender<br />
a crise econômica de 2008)<br />
sobre o tema. Quando trata do<br />
cotidiano dos grandes players<br />
econômicos de Wall Street, onde a<br />
cocaína e as prostitutas alimentam<br />
corpos, mentes e egos, o diretor<br />
observa que entre esses homens <br />
responsáveis por uma crise mundial<br />
que dura já 7 anos não havia uma<br />
única mulher. Exceto as prostitutas.<br />
)<br />
O machismo mineiro tem sua forma<br />
também peculiar. Demorei mais a<br />
perceber onde se escondia.<br />
Travestese de proteção. A esse<br />
pretexto de cuidar pais, maridos e<br />
amigos bem intencionados, tolhem a<br />
autonomia das mineiras. Apesar de<br />
confortável, esse tipo de machismo<br />
é difícil de ser combatido. E o<br />
conforto que proporciona à “vítima”<br />
é justamente seu grande aliado.<br />
Como conseguir apoio contra o<br />
machismo travestido de proteção<br />
praticado por “um homem tão bom,<br />
minha filha!”?<br />
Michelle Perrot, no seu indispensável<br />
livro Minha história das<br />
mulheres, descreve as sutilezas<br />
com as quais o machismo moderno<br />
se armou.<br />
Uma delas é justamente os<br />
benefícios que traz para suas
vítimas. Tornarse autônoma, especialmente<br />
nas classes médias e altas,<br />
inclui assumir a responsabilidade<br />
pela própria vida, o sustento dos<br />
filhos, da casa. Tomar decisões<br />
sozinha e arcar com as consequências.<br />
Significa não ter a quem<br />
responsabilizar pelos fracassos<br />
pessoais, por dores que são da<br />
natureza humana e não “culpa do<br />
outro” que não a faz feliz.<br />
A liberdade, portanto, também cobra<br />
seu preço. E caro. Muitas podem<br />
preferir não pagar.<br />
O interessante, ela também diz, é<br />
que o machismo está vitimando os<br />
homens. A responsabilidade pelo<br />
provimento da família, por exemplo,<br />
numa sociedade onde os salários já
História da Praça contada por José Arlindo de Souza<br />
não são pensados em termos<br />
familiares, tornase um peso para<br />
eles.<br />
Sem falar que numa sociedade<br />
onde consumo e felicidade andam<br />
juntos também serão responsabilizados<br />
pela infelicidade de<br />
esposas e filhas, caso fracassem em<br />
lhes dar o que desejam.<br />
Talvez estejamos chegando à boa<br />
hora, reflete Michelle, em que o<br />
machismo desaparecerá por não ser<br />
conveniente a ninguém. Até lá, ainda<br />
há muito a ser feito, por homens e<br />
mulheres.<br />
O destino da humanidade não pode<br />
prescindir do protagonismo de<br />
3.610.033.956 pessoas, contadas<br />
neste exato momento (29/03, 21:33).<br />
Para o bem e para o mal.
Observatório Astronômico de Maiorca<br />
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre<br />
O Observatório Astronômico de Maiorca<br />
(OAM), em espanhol: Observatorio<br />
Astronómico de Mallorca, é um observatório<br />
astronômico localizado no sul<br />
de Costitx, Maiorca, Espanha. Seu<br />
código MPC é 620 Observatorio Astronomico<br />
de Mallorca.<br />
Foi inaugurado em maio de 1991 e se<br />
tornou o primeiro centro astronômico<br />
nas Ilhas Baleares. O Minor Planet<br />
Center (MPC) creditao com a descoberta<br />
de cinquenta e nove asteroides<br />
entre 1999 e 2009. Alguns de seus astrônomos<br />
também descobriram vários<br />
asteroides pessoalmente.<br />
É o pioneiro entre os observatórios<br />
espanhóis e utiliza telescópios robóticos<br />
para descobrir e rastrear asteroides.<br />
Os pesquisadores do OAM já<br />
encontraram asteroides que são potenciais<br />
ameaças à Terra, como o<br />
(216258) 2006 WH1.5 Salvador<br />
Sanchez é diretor do OAM.<br />
Em 2008, o asteroide 128036, descoberto<br />
em 2003 pelo OAM, foi nomeado<br />
de Rafael Nadal. Até 2008, o OAM rastreava<br />
mais de 2.000 asteroides.<br />
Em 2013 ele descobriu uma poderosa<br />
supernova em uma galáxia localizada<br />
há 575 milhões de anosluz. Foi classificada<br />
pelo código SN2013dv. A descoberta<br />
foi confirmada por pesquisadores<br />
da Universidade de Harvard e do MIT.