OBSERVATORIO DO ANALISTA EM REVISTA - 3 EDICAO

será vão.
O VALOR dos valores arrecadados
não está em encher as burras do
Estado ­ como se do Imperador
fossem ­ está na sua destinação. É
esse VALOR que deve permear a
cultura da Receita Federal.
E como mesmo mudar a cultura?
Comunicação. Essa é a chave. Não
há comunicação, interna ou externa,
na RFB. Há, no máximo, publicidade.
Na maioria da vezes, personificada.
Vide a TV Receita.
Esse pecado, aliás, também
cometem todas as entidades de
classe de seus servidores, especialmente
Sindireceita e Sindifisco.
Suas comunicações não apenas não
ajudam, são prejudiciais aos
servidores. Usam suas mídias para
dar publicidade à entidade e seu
diretores. Comunicar? Ora, comunicar...
Pausa para risos. Já repararam na
narrativa das duas entidades
sindicais? Vitimização. Ambas. E a
dignidade de seus representados?
Ora, a dignidade...
A publicidade pode, e deve, ser
usada como ferramenta de comunicação.
Dois exemplos de bom uso,
para não parecer rabugenta.
Na Receita. O calendário de mesa
de 2015 que chegou em abril
(desculpa...) está um primor na
forma. Bonito, leve, criativo. Por que
não quebrar a sisudez da
linguagem? Parabéns aos criadores.
Foi usado para dar publicidade ao
mapa estratégico.
O outro, vem do Sindireceita, CEDS
SP. Uma campanha antiga promovia
o trabalho dos Técnicos da Receita,
seu valor para a RFB e a sociedade.
Uma série de cartazes, em que
diretores não aparecem e a entidade
foi citada apenas como realizadora.
Perfeito em forma e conteúdo.
Mudar a cultura interna de uma
organização não é tarefa simples.
Em um órgão como a Receita, cuja
atividade fim é recebida com desprezo
no imaginário da sociedade, é
tarefa hercúlea e demorada, mas por
isso mesmo ainda mais urgente.
O uso adequado da comunicação ­
meios, conteúdos e formas ­ como
ferramenta essencial dessa mudança,
também não é simples.
Demanda, como ponto de partida, a
disposição de administradores para
abrir mão do seu papel de autoridade
e se transformar em comunicador,
pois é no plano pessoal, olho no
olho, que se estabelece a comunicação,
o diálogo, que se supera a
desconfiança. E é assim que
mudanças começam e se propagam.
Vem daí, possivelmente, o poder da
comunicação contra a barbárie.
E esse, reforçamos, é só o primeiro
passo.
(*) Carlso Drummond de Andrade. Os ombros
suportam o mundo
(**) Bo Diddley. Before you accuse me