OBSERVATORIO DO ANALISTA EM REVISTA - 3 EDICAO

Existe profissional mais detestado do
que um cobrador de impostos?
…
…
Pensou?
Conseguiu encontrar um? Improvável.
De carrascos a torturadores,
todos terão alguém que os aprecie.
Já os pobres cobradores de
impostos...
Tanto pior se você for um “auxiliar”
de cobrador. O ônus será dobrado.
Além do desprezo externo ­ que
tende a colocar todos da porta do
fisco pra dentro no mesmo balaio de
gato ­ sentirá cravado na pele e
gravado na alma, o desprezo dos
pares. Já o bônus... será em torno
de 40% menor. Pobres auxiliares dos
cobradores de impostos...
A origem desse desprezo profissional
encontra bons elementos nos
tempos dos grandes impérios,
quando cobradores e prostitutas
faziam o trabalho sujo ­ digamos
assim ­ de reis e imperadores. Cada
um a seu modo.
A profissão das moças da vida
evoluiu perante os olhos e o espírito
humano. Ainda que sofram desprezo
e preconceito, há muitos olhares
delicados sobre elas.
Já sobre os pobres cobradores de
impostos...
Não, esse editorial não trata de
vítimas ou tiranos corporativos. Ele
trata da realidade nua de servidores
da Receita Federal.
A vida apenas, sem mistificação. (*)
O peso desse desprezo profissional
pesa sobre o cotidiano de qualquer
servidor da RFB.
Não fosse pesado bastante, ainda
tem a herança linguística de um órgão
autoritário, policialesco. Trabalha­se
em delegacias, sob delegados,
inspetores, submetidos a hierarquias
infinitas. Alguns sonham até com
hierarquia entre cargos. E desse pensamento,
aliás, salvam­se poucos.