Edição 18 - Colégio Humboldt
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06<br />
Entrevista / Interview - Laurentino Gomes<br />
O CONTADOR DE HISTÓRIA<br />
Planet <strong>Humboldt</strong> - As novas tecnologias incentivam o<br />
acesso à Literatura?<br />
Laurentino Gomes - Acredito que estamos às vésperas<br />
de uma mudança radical nos hábitos de leitura. Os livros<br />
digitais, incluindo os audiolivros, prometem universalizar o<br />
acesso. São mais fáceis e baratos de produzir e distribuir.<br />
E ainda pode ser ouvido por pessoas que passam muitas<br />
horas no trânsito, por exemplo.<br />
Planet <strong>Humboldt</strong> - Quando <strong>18</strong>08 foi lançado, o Brasil não<br />
tinha sido contaminado pela febre dos ebooks. O que representou<br />
a chegada dessa tecnologia no mercado literário?<br />
Laurentino Gomes - No Reino Unido, a venda de ebooks<br />
cresceu 300% em 2010. Isso não significa que os livros<br />
estejam condenados à morte. O futuro do livro e o futuro<br />
do papel são coisas diferentes. O formato papel parece estar<br />
mesmo com seus dias contados, mas o conteúdo dos<br />
livros continuará a ser tão relevante quanto sempre foi.<br />
Planet <strong>Humboldt</strong> - O ebook pode substituir o livro de papel?<br />
Laurentino Gomes - Vivemos em um novo século, que<br />
pede uma nova linguagem e novos formatos capazes de<br />
atingir audiências ou novos públicos. Há um público jovem<br />
que, aparentemente, não está lendo muito no papel,<br />
mas passa boa parte do tempo na internet e é seduzido<br />
pela linguagem audiovisual. Nosso desafio, portanto, não<br />
é o futuro do livro em papel, mas a qualidade do conteúdo<br />
adequado a esses formatos digitais.<br />
Planet <strong>Humboldt</strong> - Qual a importância da escola para a<br />
formação de leitores?<br />
Laurentino Gomes - A escola tem papel fundamental no<br />
incentivo à leitura, mas não consegue enfrentar sozinha<br />
esse desafio. O Brasil vem mudando para melhor nas últimas<br />
décadas. Caiu o número de analfabetos, aumentou o<br />
de estudantes e há uma melhor distribuição de renda. Há<br />
novos leitores, o que impõe novas responsabilidades para<br />
nós, escritores, editores e distribuidores. Temos de ser<br />
generosos com esse leitor, de modo a atraí-lo definitivamente<br />
para o fascinante mundo dos livros.<br />
Planet <strong>Humboldt</strong> - Quando você era estudante, o que<br />
mais gostava de ler?<br />
Laurentino Gomes - História sempre foi uma grande<br />
paixão. Lembro-me de ter lido ainda muito jovem uma<br />
versão resumida de “A Ilíada”, de Homero, e “A Eneida”,<br />
de Virgílio. Fiquei absolutamente fascinado pelos gregos<br />
e troianos.<br />
Planet <strong>Humboldt</strong> - Você é adepto de tablets ou ebooks?<br />
Compra ou “baixa” um livro?<br />
Laurentino Gomes - Uso intensamente como leitor e<br />
como escritor. Recentemente, adquiri um Kindle. Uso<br />
para baixar livros digitais. São práticos e mais baratos do<br />
que os livros em papel. Mas confesso que ainda prefiro ler<br />
um livro no formato convencional.<br />
Planet <strong>Humboldt</strong> – O uso dessas tecnologias em sala<br />
de aula pode ajudar no aprendizado?<br />
Laurentino Gomes – O impacto delas na escola será<br />
enorme. É mais prático e barato distribuir livros digitais do<br />
que gastar recursos no transporte de toneladas de exemplares<br />
em papel. As tecnologias digitais também facilitam<br />
o acesso de professores e estudantes a novas fontes de<br />
pesquisas. Existem bilhões de páginas disponíveis a um<br />
clique. Mas é preciso ser criterioso, porque nem tudo que<br />
está na internet é inteiramente confiável.