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10 livros que estragaram o mund - Benjamin Wiker

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izarro, melhor. Que haja apenas um padrão: que ninguém interfira no padrão dos outros. Nãopode haver um certo porque não pode haver um errado, e não há erros porque ninguém podeestar definitivamente certo.O grito de guerra de Mead é, portanto, o de que nós precisamos marchar adiante na criaçãode uma nova era, “na qual nenhum grupo reclama sanções éticas para os seus costumes e todogrupo acolhe em seu meio aqueles que forem temporariamente adequados para filiação”. Sóaí, dispara Mead, “teremos conhecido o ponto alto da escolha individual e da tolerânciauniversal ao qual uma cultura heterogênea, e somente uma cultura heterogênea, pode chegar”.[232 ]Isso tudo deve soar tão familiar que seria supérfluo comentar o fato de que essa é aplataforma mesma das revoluções culturais liberais do século XX. O mesmo vale para a idéiade Mead a respeito das restrições sexuais, que, ao invés de nos salvarem da crueldade e daautodestruição, causam-nos uma insalubre implosão neurótica.Algo deve ser dito a respeito do trabalho de Mead enquanto pura propaganda científica.Para o canalha, a “ciência”, bem como o patriotismo, pode servir de último refúgio (às vezesaté de primeiro). Em 1983, o antropólogo Derek Freeman acusou Margaret Mead (que haviamorrido cerca de cinco anos, antes canonizada como ícone cultural e intelectual) de terrepresentado os samoanos de modo inteiramente errado. “As conclusões principais deAdolescência, sexo e cultura em Samoa”, argumentou ele, “são, na realidade, fantasias de ummito antropológico profundamente em discordância com os fatos da etnografia e da históriasamoanas”.[ 233 ] Na realidade, ele dizia, os samoanos estavam muito mais preocupados coma castidade – e, portanto, eram bem menos sexualmente promíscuos – que os ocidentais daépoca. O ponto feito por Freeman era contundente: Mead impôs sua própria agenda ao tratardos samoanos.O argumento de Freeman certamente é plausível. Seja lá o que os samoanos estavamfazendo, a própria Mead agia de modo bem parecido aos alegados nativosdescompromissados, o que leva a crer que sua antropologia era, na verdade, umaautobiografia levemente disfarçada, que ela estava prestes a atualizar. Ela era casada quandopartiu em viagem para a Samoa, mas largou seu primeiro marido por um homem que conheceuna viagem de volta. Este segundo foi logo substituído por um terceiro, e finalmente esse seuterceiro casamento foi jogado de lado, assim, casualmente. O tempo todo ela mantinha-se emrelação com sua amante lésbica, Ruth Benedict. Conforme ela mesma afirma depois, sendobem franca, “uma heterossexualidade rígida é uma perversão da natureza”.[ 234 ] Em suasociedade ideal, confidenciava, as pessoas seriam homossexuais quando jovens, aí trocariampara algo mais heterossexual durante a época de reprodução, para então trocarem de volta.[235 ] Estaria Mead pintando os samoanos com suas próprias cores?A crítica de Freeman causou um belo alarde e uma batalha retórica vem se alastrandodesde então. Alguns têm questionado a análise de Freeman sobre a cultura samoana, e portanto

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