Revista Boa Vida 6 2015-1
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Síndrome do Pânico<br />
Adelman Soares Asevêdo Filho<br />
Psiquiatria – CRM-GO 11959<br />
A Síndrome do Pânico é um tipo de transtorno da ansiedade em que o indivíduo passa<br />
por crises de intenso medo e desespero, mesmo sem motivos aparentes. O Psiquiatra<br />
Adelman Soares Asevêdo Filho é autor do livro “Libertar”, uma coletânea de textos que<br />
nos leva a fazer uma leitura esclarecedora de problemas psiquiátricos muito frequentes<br />
na atualidade. <strong>Boa</strong> <strong>Vida</strong> reproduz parte do capítulo sobre a Síndrome do Pânico, um dos<br />
males da vida moderna.<br />
“Vivemos em um mundo tumultuado. Acordamos<br />
cedo, levamos os filhos à escola ou nos aprontamos<br />
rapidamente para a rotina diária. Trabalhamos<br />
incessantemente. Almoçamos correndo, voltamos ao<br />
trabalho e retornamos para casa, à noite, já cansados.<br />
Colocamo-nos em frente à televisão, comemos alguma<br />
coisa, mal conversamos com o parceiro ou filhos e<br />
vamos dormir. Ao final do mês, temos todas as contas<br />
para pagar, escola das crianças, financiamento do carro,<br />
cartão de crédito, água, luz, etc. O dinheiro quase sempre<br />
é insuficiente para pagar todas as despesas, o tempo não<br />
nos permite cumprir todas as obrigações no trabalho e,<br />
muito menos, em casa.<br />
Imaginemos anos e anos de incessante estresse<br />
bombardeando as nossas vidas. Passamos a nos sentir<br />
sufocados, ansiosos, nervosos e irritados demais.<br />
Ingredientes suficientes para o desenvolvimento de<br />
transtornos, como a ansiedade, a depressão e o pânico<br />
que, em sua grande maioria, têm início de forma lenta e<br />
gradual.<br />
Durante os primeiros meses, ou até anos, é<br />
possível perceber que a concentração e a memória não<br />
são as mesmas. Nos esquecemos onde colocamos as<br />
chaves do carro, de pagar uma conta ou outra, mas ainda<br />
nos sentimos razoavelmente bem.<br />
Com o passar do tempo, o incômodo se intensifica<br />
ao ponto de nos deixar com palpitações no peito. O<br />
coração parece explodir. A primeira suspeita é de alguma<br />
doença cardíaca, mas o médico faz o diagnóstico de um<br />
estresse. Uma conclusão que não nos espanta. Até nos<br />
deixa tranquilos; afinal, estresse não mata!<br />
Saímos do consultório com uma orientação de<br />
mudança de estilo de vida. Alimentação mais saudável,<br />
atividade física e uma vida menos frenética.<br />
Tudo lindo! Tentamos seguir essas orientações<br />
por certo tempo, mas a correria da rotina diária nos leva<br />
novamente ao velho estilo de vida. Até que, surge uma<br />
nova crise. Dessa vez, o coração não é mais sentido só<br />
no peito. Quer sair pela boca! Uma sudorese intensa nos<br />
consome! Uma sensação de dormência nos braços e dor<br />
no peito! Será um infarto? Pronto socorro, soro na veia,<br />
novos exames. Em poucos minutos, o médico retorna e<br />
diz que os exames cardíacos estão normais! Mas, dá o<br />
diagnóstico de uma crise de pânico. É necessário procurar<br />
um psiquiatra.<br />
No caminho da consulta, imaginamos o psiquiatra,<br />
como uma pessoa de cabelos totalmente bagunçados,<br />
com olhar assustador, trajes nada convencionais. Na<br />
sala de espera, já nos sentimos mais calmos. As pessoas<br />
que estão aguardando atendimento são normais. Estão<br />
tranquilas. Saem do consultório sorridentes. Mesmo as<br />
mais preocupadas deixam a sala com um ar de esperança,<br />
um fôlego a mais, uma confiança que não demonstravam<br />
enquanto aguardavam.<br />
Chega a nossa vez. O médico não tem jeito de<br />
maluco, não é esquisito e se veste como um médico, ou<br />
como qualquer outra pessoa no exercício do seu trabalho.<br />
Perdemos o medo, e a consulta transcorre normalmente.<br />
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