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40 Cândido | jornal da biblioteca pública do paraná<br />

poema | Geraldo magela<br />

Ilustração Marluce Reque<br />

Urubuservando<br />

Sou seu urubu rei<br />

Ave de rapina em franca extinção<br />

Atrás de banquete sempre irei<br />

Do lixo luxo e as doenças evito a disseminação<br />

Não trago augúrio e tampouco desgraça<br />

Em terra santa ou beira de rio<br />

Meu almoço é a sua nobre carcaça<br />

Vivo em bandos a revoar<br />

Sentinela urubuservadora da carniça<br />

Minha asa se abre a frufrulejar<br />

Em cima da tripa ou o podre da linguiça<br />

Vivo sem rumo no rumor da morte<br />

Nas garras levo seu fígado, o duodeno e o baço<br />

Minha asa é um véu negro<br />

Vivo da putrefação e do martírio<br />

No meio ambiente eu sou íntegro<br />

O gosto e o desgosto são meu delírio<br />

Enfim o funeral e os olhos pressagos<br />

Dum corpo vivo agora extinto<br />

De ossadas em ossadas entre lagos<br />

O fedor e a náusea é meu instinto.<br />

Geraldo Magela é poeta, autor, entre outros, de Bendita boca maldita (1982).<br />

É o idealizador do CuTUCando a Inspiração, projeto mensal em que poetas e<br />

prosadores paranaenses se apresentam, por meio de performances, no palco no<br />

Teatro Universitário de Curitiba (TUC). Vive em Curitiba (PR).

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