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COMUNICAÇÕES 241 - Joana Mendonça: a arte de cultivar ideias

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em destaque 28 O escritor britânico de ficção científica Arthur C. Clarke defendeu, nos anos 70, a ideia de que qualquer tecnologia suficientemente avançada assemelha-se a magia. Em outubro passado, quando Mark Zuckerberg anunciou a mudança de nome da empresa que fundou de Facebook para Meta e mostrou ao mundo a sua visão do futuro, o “metaverso” assumiu-se como a próxima grande magia. Vale a pena ver o vídeo de uma hora e 17 minutos “The Metaverse and How We’ll Build It Together – Connect 2021”, para percebermos um pouco do que já estava no imaginário de muitos protagonistas, mas que ganhou ali “realidade” para o cidadão comum. Mas, afinal, o que é este metaverso? Matthew Ball, um investidor de risco, que desde 2018 estuda a fundo este tema, e que é atualmente um dos seus especialistas mais considerados, defende que não devemos estar à espera de “uma única e iluminada definição de metaverso, sobretudo na fase emergente em que se encontra”. Para ele, a melhor forma de compreendermos o conceito é apresentá-lo como um “quase-sucessor da internet móvel”, isto por que não pretende substituí-la, mas transformá-la. “Assim como a internet móvel foi uma quase-sucessora da internet. Embora não tenha tomado o seu lugar, alterou completamente a forma como acedemos à internet, onde, quando e porquê, assim como os equipamentos e as tecnologias que usamos, os produtos e serviços que compramos, os modelos de negócio, a cultura, a política... O metaverso será igualmente transformador, pois irá modificar profundamente o papel da internet nas nossas vidas”. De uma forma mais “técnica”, Matthew Ball desenvolve: “O metaverso é uma rede massiva e interoperável de mundos virtuais 3D, produzidos digitalmente em tempo real, que podem ser experimentados de forma síncrona e permanente por um número ilimitado de utilizadores, com um sentido individual de presença e com continuidade de dados, como identidade, histórico, direitos, objetos, comunicações ou pagamentos”. Gaming, social media, web 3.0, blockchain e tecnologias imersivas são os building blocks do que vem aí Confusos? Mark Zuckerberg apresenta-o de uma forma mais inspiracional, destacando a diferença da imersividade e da sensação de presença quando e onde quisermos: “Tu és a experiência, não olhando apenas para ela. Conseguirás fazer quase tudo o que puderes imaginar: estar com amigos e família, trabalhar, aprender, jogar, comprar e criar. Seremos capazes de nos sentir presentes como se estivéssemos mesmo com as pessoas, não importa o quão distante realmente estejamos”. JÁ ESTÁ A COMEÇAR A concretização da visão completa deste metaverso estará a décadas de distância, mas os seus primeiros capítulos já estão a ser escritos. Pequenas peças começam a ser construídas e ganham visibilidade. Luís Bravo Martins, Chief Marketing Officer da KIT-AR e responsável pela secção VR/AR - Realidade Virtual e Aumentada da APDC, explica que é o contexto atual de “convergência de tecnologias exponenciais que permite pensarmos no metaverso”. Tecnologias como inteligência artificial, realidade virtual, realidade aumentada, blockchain, robótica ou computação quântica a trabalharem em conjunto começam a tornar possível muito do que se julgava pura ficção científica. “Será um futuro convergente de quatro grandes indústrias: gaming, social media, web 3.0, blockchain e tecnologias imersivas (realidade virtual e realidade aumentada). Quando hoje já se fala dos negócios do metaverso, são quase sempre ligados a uma destas indústrias, que vão ser os building blocks do que vem aí”. Os exemplos multiplicam-se e, atualmente, já há vários projetos que podem ser vistos como os primórdios desse universo digital. As plataformas The Sandbox e Decentraland são consideradas as percursoras. São universos digitais, geridos de forma descentralizada e construídos de maneira colaborativa com recurso à tecnologia blockchain. Oferecem experiências imersivas 3D e têm criptomoedas próprias, que permitem com-

Luís Bravo Martins, Chief Marketing Officer da KIT-AR e responsável pela secção VR/AR - Realidade Virtual e Aumentada da APDC, diz que é o contexto atual de “convergência de tecnologias exponenciais que permite pensarmos no metaverso” prar terrenos, bens e serviços nesses mundos virtuais. Os utilizadores têm a liberdade de criar, comprar, vender e trocar bens digitais e experiências. Neste momento, existem investidores a pagar milhões por parcelas de terreno nestes mundos. Em Sandbox, uma empresa de desenvolvimento de imobiliário virtual garantiu o seu espaço por 4,3 milhões de dólares. Andrew Kiguel, CEO do Tokens.com, investiu 2,5 milhões de dólares num terreno na Decentraland e, desde então, os preços subiram entre 400% a 500%. Nessa mesma “terra”, já se viveu a noite de passagem de ano na MetaFest 2022. Foi uma festa virtual que simulou a mítica passagem de ano na Times Square, em Nova Iorque, com acesso a concertos de música exclusivos, espetáculos virtuais, lounges VIP no topo de edifícios, assim como ao feed de eventos globais realizados no mundo inteiro. EXPERIÊNCIAS TRANSVERSAIS Quando a maioria das empresas com maior valor de mercado do mundo tentam ser pioneiras num novo caminho, é certo que muitas outras virão atrás. O grosso do investimento neste próximo capítulo da internet advirá dos gigantes tecnológicos mundiais. Os analistas do Goldman Sachs estimam que essas empresas, nos próximos três anos, invistam até 700 mil milhões de dólares na corrida ao metaverso. Mas já há muitas empresas de menor dimensão, e até particulares, a fazer várias experiências. O rapper Travis Scott, por exemplo, iniciou em 2020 a sua digressão com um concerto virtual no jogo Fortnite, cheio de efeitos especiais. O seu avatar cantou na ilha de Battle Royale e foi visto por mais de 12 milhões de jogadores. A Gucci já vende malas como adereços para avatares na plataforma Roblox. A Nike adquiriu a startup RTFKT, especializada na comercialização de indumentárias virtuais. Esta startup ganhou notoriedade ao celebrar uma parceria com o artista Fewocious (de apenas 18 anos) para criar três modelos de ténis em formato NFT (tokens não fungíveis que, com base na tecnologia blockchain, atestam a originalidade e propriedade dos bens digitais). Em apenas sete minutos, mais de 600 pessoas compraram os pro- 29

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