Já submeteu os projetos da sua organização aos principais prémios de Transformação Digital em Portugal? Estão abertas as candidaturas para os prémios Portugal Digital Awards ® , que visam distinguir organizações, públicas ou privadas, que utilizem tecnologias de informação e comunicação na transformação do seu negócio. Esta iniciativa, organizada pela Axians e a IDC Portugal, pretende, mais uma vez, premiar o que de melhor se faz em Portugal no âmbito da transformação digital. Saiba mais informações em: www.portugaldigitalawards.pt
edit orial Eduardo Fitas eduardo.fitas@accenture.com Quando a maior oportunidade depende da maior desvantagem Ao fazer este editorial para uma edição que fala do investimento tecnologicamente exigente que o nosso país está a captar, a Fundação José Neves publicou o “Estado da Nação 2023”. Trata-se de um estudo onde a educação e capacitação da nossa força de trabalho são analisadas de forma estruturada e profunda. E as suas conclusões deixam algum “amargo de boca”. Talvez porque a evolução tenha sido significativa nos últimos tempos, a tendência da maior parte dos membros deste ecossistema é fazerem análises demasiado positivas, num setor que ainda necessita de mudanças estruturais. Mas, se fica claro que as competências digitais são críticas para entrar no mercado de trabalho, “quatro em cada 10 trabalhadores portugueses estão em empregos em que, ou não utilizam tecnologias digitais, ou fazem uma utilização muito básica das mesmas. E 48% das empresas têm um nível de digitalização baixo”. Entendido o diagnóstico da situação atual, é evidente a necessidade de acelerar a aquisição de competências digitais pela população adulta, uma vez que 75% não as possui. O caminho passa por repensar e reestruturar o ensino, o que será sempre uma iniciativa de médio e longo-prazo, para a qual já vamos atrasados. Portugal é o país da UE com docentes mais envelhecidos e onde a carreira é menos atrativa, as escolas não estão preparadas para um ensino baseado em tecnologia e os programas não estão particularmente alinhados com estes princípios. Se existe uma área cujo desenvolvimento se deveria definir como missão para o país é exatamente esta. A necessidade de investir na formação superior, alinhada com competências digitais e tecnológicas, uma vez que a procura existe e que o crescimento económico do país deve alicerçar-se nestas oportunidades, é cada vez mais urgente. O estudo deixa claro que “seis em cada 10 empresas interessadas nestes especialistas reportaram dificuldades de recrutamento, principalmente devido às expectativas salariais e à falta de candidatos”. Outro dado para refletir é que, apesar da crescente procura, do potencial ainda a explorar e da escassez de recursos qualificados, o ganho salarial associado a uma formação superior, quando comparado com uma formação secundária, está a atingir mínimos históricos. O que é um contrassenso. Uma das explicações mais óbvias e imediatas é a de que as empresas estão a tentar ganhar competitividade através da redução de salários para recursos qualificados, em vez de o fazerem por transformação das suas operações ou por crescimento no mercado. A má notícia é que rapidamente poderemos ficar sem acesso a estes recursos porque, sendo escassos, serão bem mais reconhecidos noutros mercados. E, nesse caso, não vamos ficar com a matéria-prima necessária, nem para transformar as nossas empresas, nem para criar centros de excelência tecnológica, que podem ser fonte de crescimento económico. Se a esta redução de compensação somarmos uma carga fiscal completamente desajustada, é fácil concluir o risco que corremos, se efetivamente deixarmos de ser interessantes enquanto país para quem, com qualificações superiores, quer desenvolver carreira. Há muito que refletir, mas, independentemente das dimensões de análise, vale a pena a leitura deste trabalho, como inspiração para um movimento que se exige que seja de todos. Estado da Nação 2023 (https://www.joseneves.org/estado-da-nacao-2023).• 3
