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Mónica Maurício O campus nos anos 50: Dinâmicas estudantis<br />

quase uma catástrofe, porque prestava imensos serviços<br />

aos alunos . 90<br />

Não obstante o presidente da associação ter<br />

a necessidade de demonstrar neutralidade política,<br />

o mesmo não sucedia com os seus colaboradores<br />

(os que não necessitavam serem eleitos),<br />

que não precisavam de autorização superior<br />

para a sua participação em atividades associativas.<br />

Nesse sentido, na memória de antigos dirigentes,<br />

a associação seria um meio livre, onde<br />

pessoas adeptas de ideologias políticas várias<br />

conviviam e trabalhavam conjuntamente para<br />

o mesmo fim, o trabalho associativo, sendo que<br />

constituiriam apenas uma minoria aqueles que<br />

tinham uma ação política na associação. Nesse<br />

âmbito, um antigo dirigente associativo, nesta<br />

sequência, expõe a seguinte perceção:<br />

Nos seis anos que estive no IST, julgo que o<br />

que se deve ter passado foi o seguinte: dentro<br />

da associação e dentro da sua atividade<br />

quotidiana havia um interesse em resolver<br />

os problemas concretos e havia uma<br />

certa formação de cidadania, mas na sombra<br />

(não com sentido depreciativo, porque se<br />

não eram autorizados legalmente a ter essa<br />

atividade, deviam fazer da forma que entendessem).<br />

Havia eventualmente uma certa<br />

politização do movimento associativo,<br />

mas eu não senti isso enquanto dirigente associativo.<br />

Não senti nenhuma interferência,<br />

mas existia interferência indireta pelo comportamento<br />

que cada um de nós tomava na<br />

sua atividade, mas estou certo que o movimento<br />

associativo foi utilizado de uma forma<br />

muito forte quer pelo MUD Juvenil,<br />

quer pela JUC. Estou convencido que muitas<br />

das atuações que foram imprimidas ao movimento<br />

associativo, vieram muitas vezes de<br />

reuniões extra-associação. 91<br />

Ainda sobre a neutralidade dos dirigentes e<br />

a influências de organizações que não a associação,<br />

um antigo presidente da direção recorda:<br />

A JUC na altura tinha uma certa influência<br />

e uma certa importância, em 1951 conseguiu<br />

eleger um elemento para presidente da<br />

AEIST, o Eurico Corvo. Um outro aluno<br />

que também marcou foi o Nuno Abecassis<br />

que também concorreu para presidente da<br />

387<br />

AEIST. Havia vários elementos da JUC na<br />

AEIST, mas lá a política e a religião não<br />

eram importantes. Nas eleições o importante<br />

eram as pessoas, era achar que a pessoa tinha<br />

capacidade para gerir, para resolver os problemas,<br />

para arranjar coisas novas para a<br />

AEIST, independentemente das políticas. 92<br />

Alguns alunos recordam a intervenção direta<br />

ou indireta de organismos no âmbito da AEIST,<br />

designadamente a Mocidade Portuguesa, a JUC<br />

e o PCP. De assinalar que a primeira não seria<br />

bem acolhida, tendo-se verificado vários desentendimentos<br />

sobre essa questão ao longo da história<br />

da AEIST; a segunda era vista com toda<br />

a normalidade, dado que por vezes havia colaboração<br />

entre esta e a associação; e a última era<br />

vista como força política de oposição ao regime<br />

vigente, que desejava utilizar a AEIST como<br />

palco para efetivação dessa mesma oposição:<br />

Os da Mocidade Portuguesa não se metiam<br />

na AEIST. Também havia uma grande influência<br />

da JUC, onde a figura importante<br />

era a Lourdes Pintassilgo. Entre a JUC e<br />

as pessoas do regime havia uma afinidade.<br />

(…) Sabíamos quem era comunista, mas<br />

tinham que colaborar na AEIST com as<br />

nossas condições, não era ir para destruir. 93

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