Reflexões ético-políticas: A filosofia Grega clássica e a política ...
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A associação <strong>política</strong> tem por fim não só garantir a existência material de todos os<br />
indivíduos, senão, também, sua felicidade e virtude. E a virtude é um dos cuidados mais<br />
importante que o Estado deve ter por ele ser uma associação que visa o bem-estar dos<br />
indivíduos, o bem-estar das famílias, da coletividade, das diversas classes de habitantes. O<br />
Estado é uma associação onde as famílias reunidas em comunidades devem encontrar todo o<br />
desenvolvimento e todas as comodidades da existência, o que significa uma vida virtuosa e<br />
feliz. Portanto, é na cidade que o homem alcança, ou pode alcançar a vida perfeita e a<br />
felicidade. Somente na cidade-estado o homem será capaz de desenvolver todas as suas<br />
capacidades. A polis será aquela cidade que torna possível a felicidade obtida pela vida<br />
criativa da razão (bios theoretikos) e da vida virtuosa.<br />
A polis virtuosa pressupõe cidadãos virtuosos e é aquela capaz de realizar a natureza<br />
humana de acordo com suas potencialidades éticas e naturais. É na polis que a natureza<br />
humana se realiza. A virtude é uma disposição de caráter e uma tendência moderada a<br />
alcançar o justo meio ou a justa medida. É um hábito adquirido ou disposição para agir<br />
racionalmente em conformidade com o equilibro e a moderação. A tarefa da ética, junto com<br />
a da <strong>política</strong>, é orientar-nos para a aquisição deste hábito, a educação do caráter, tornando-nos<br />
virtuosos e prudentes, ou seja, tornando-nos aptos a deliberar ou discernir sobre o bom e o<br />
mau nas coisas, com respeito ao bem-viver na sua totalidade, e a cidade deve proporcionar as<br />
condições necessárias para que cada cidadão possa alcançar essa vida virtuosa que é<br />
necessária para se atingir a felicidade.<br />
Com isso, demonstra-se o vínculo existente entre virtudes, sociedade e a realização<br />
plena do ser humano (felicidade), de modo a deixar clara a estreita ligação, estabelecida por<br />
Aristóteles, entre ética e <strong>política</strong>. Ambas, em conjunto, definem as características que devem<br />
ser manifestas no bom cidadão. É dentro da sociedade <strong>política</strong>, e somente com prudência e<br />
virtude moral, que o homem conseguirá alcançar seu fim natural que é a felicidade. A ação<br />
virtuosa do bom cidadão 8 da polis é reconhecida naquele que segue a virtude moral que<br />
determina os bons princípios da ação e age de modo prudente.<br />
8<br />
Na República perfeita, o bom cidadão é ao mes mo tempo o homem de bem, entretanto, no Livro III de sua obra<br />
em questão, Aristóteles chega a diferenciar o bom cidadão do homem de bem, no sentido de que é possível ser<br />
um bom cidadão sem, necessariamente, ser um homem de bem e vice-versa. O que distingue um do outro é a<br />
virtude cívica. O bom cidadão é aquele que age em conformidade com as leis e a constituição, sem que para isso<br />
seja necessariamente um homem de bem, dotado das demais virtudes como a coragem, a temperança e a<br />
sabedoria.<br />
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