A grande Depressão do Século XXI e a Riqueza Fictícia
A grande Depressão do Século XXI e a Riqueza Fictícia
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encontra a maneira de exercer seu poder sobre trabalho alheio, sobre os demais seres<br />
humanos. Só pensa no seu interesse pessoal, e Adam Smith já dizia isso quan<strong>do</strong> se referia<br />
ao interesse <strong>do</strong> padeiro, açougueiro, etc. 2<br />
Na sociedade mercantil a riqueza é cada vez mais relação social e cada vez menos<br />
“materialidade”; no capitalismo aquela dimensão passa a <strong>do</strong>minar esta última. Há, de fato,<br />
um verdadeiro processo de desmaterialização da riqueza que se inicia com as relações<br />
mercantis e se desenvolve freneticamente no capitalismo. É por essa mesma razão que a<br />
magnitude ou <strong>grande</strong>za da riqueza capitalista, dessa riqueza substantiva que se apresenta<br />
desmaterializan<strong>do</strong>-se cada vez mais, deve ser medida por sua forma social, pelo valor. A<br />
magnitude <strong>do</strong> valor, determinada pela quantidade de trabalho abstrato, passa a ser a medida<br />
da <strong>grande</strong>za dessa riqueza, que é substancialmente <strong>do</strong>mínio sobre trabalho alheio. De fato,<br />
a materialidade da riqueza capitalista, ou melhor, sua substancia real, se configura<br />
realmente como quantidade de trabalho socialmente necessário para a reprodução dessa<br />
“materialidade”, como quantidade de trabalho abstrato. Fora dessa substância não há<br />
riqueza capitalista real.<br />
O processo menciona<strong>do</strong> de desmaterialização fica mais fácil de ser observa<strong>do</strong> no<br />
dinheiro e não nas merca<strong>do</strong>rias. O dinheiro, no capitalismo, se faz cada vez mais<br />
desmaterializa<strong>do</strong>: <strong>do</strong> ouro e prata, ao dinheiro papel, ao dinheiro de crédito, cartões de<br />
crédito e dinheiro virtual. Tal processo também está presente no capital; se antes nossa<br />
imagem de capital em nossas mentes era a de uma fábrica ou de um <strong>grande</strong> comércio, hoje,<br />
cada vez mais, pensamos no capital “financeiro”. Este último não possui materialidade,<br />
não posso vê-lo, tocá-lo; onde está? No banco? Vou lá e não o vejo.<br />
Apesar desse processo de desmaterialização, a riqueza na sua dimensão social<br />
sempre tem por detrás seu conteú<strong>do</strong> material, a substância valores de uso. Sempre? Na<br />
verdade, a sociedade capitalista avançada tem a curiosa capacidade de produzir riqueza<br />
fictícia. O que é isso?<br />
A riqueza fictícia<br />
No capitalismo, os diferentes agentes econômicos (famílias, indivíduos, empresas<br />
de to<strong>do</strong>s os tipos e também o Esta<strong>do</strong>) são detentores de patrimônio, patrimônio esse que<br />
pode ser medi<strong>do</strong> em valor e cuja expressão no merca<strong>do</strong> aparece como certa magnitude<br />
monetária. Tal patrimônio, ou riqueza patrimonial, está constituí<strong>do</strong> por ativos reais<br />
(imóveis, automóveis e outros tipos de bens) e títulos (ações, debêntures, etc.) e também<br />
2 Smith, Adam. Op. cit., p. 50.<br />
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