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Duração / temporalidade / desmaterialização (ou quase ... - anpap

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17° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas<br />

Panorama da Pesquisa em Artes Visuais – 19 a 23 de agosto de 2008 – Florianópolis<br />

partir dos anos 1990, abandonando uma tradicional atitude que permeava (permeia) a<br />

produção de arte para os espaços públicos com um sentido de perenidade, um tempo<br />

que, por ser eterno, não carece de urgência. As obras monumentais dos espaços públicos<br />

não se degladiam com a duração da dimensão temporal porque parecem sempre ter<br />

ocupado o lugar que ocupam, e que ali permanecerão ad eternum, não disputando a<br />

atenção do passante <strong>quase</strong> sempre absorto em seus pensamentos e engolfado pelo seu<br />

próprio tempo mental. Por <strong>ou</strong>tro lado, muito dessa arte ambiciosa produzida na<br />

contemporaneidade na esfera pública caracteriza-se como evento, com hora marcada<br />

para começar, e mais importante, com hora marcada para terminar, circunscrita em uma<br />

duração que não deve ser ignorada por quem não quiser ignorar a própria obra.<br />

2<br />

Temporalidade: aqui: agora<br />

Diante da multiplicidade e dinamismo dos contextos políticos e culturais<br />

da esfera pública, Patricia C. Phillips, crítica de arte e diretora da School of Fine and<br />

Performing Arts da State University of New York (SUNY) em New Paltz, sugere que as<br />

experiências de arte pública, ainda relativamente recentes, ainda em seu estágio<br />

laboratorial, sejam marcadas pela efemeridade, pela <strong>temporalidade</strong>:<br />

Como a composição e o contexto da vida pública mudam com os anos, a arte<br />

pública deve esforçar-se para alcançar novas articulações e novas expectativas.<br />

Ela deve confiar na sua flexibilidade, na sua adaptabilidade para ser ao mesmo<br />

tempo precisa e oportuna, específica e temporária. Arte pública efêmera provê<br />

uma continuidade para a análise das condições e configurações cambiantes da<br />

vida pública, sem requerer um congelamento necessário para expressar valores<br />

eternos para uma audiência ampla com formações diferenciadas e<br />

freqüentemente com diferentes imaginações verbais e visuais vi .<br />

A arte pública efêmera seria uma condição imprescindível para as<br />

práticas de arte que se realizam na esfera pública, deixando de simplesmente ocupar os<br />

espaços públicos das cidades contemporâneas para permitir uma dilatação do espectro<br />

dos “tipos de questões que elege para discutir, e não por sua acessibilidade e pelo<br />

volume de espectadores” vii , patrocinando sua contaminação crescente com questões<br />

políticas do cotidiano, enredando-se com a cultura do fazer diário da vida<br />

contemporânea. Um processo de cultura que se (i)materializa para além dos muros dos<br />

museus, das salas de concerto e dos grandes teatros de ópera. Um processo de cultura<br />

que não precisa ser criado em ateliês, que se insere nas práticas pós-ateliê, e que está em<br />

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