Duração / temporalidade / desmaterialização (ou quase ... - anpap
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17° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas<br />
Panorama da Pesquisa em Artes Visuais – 19 a 23 de agosto de 2008 – Florianópolis<br />
Esse processo de definição da comunidade aderida ao projeto como<br />
sendo igualmente seu público privilegiado, e eventualmente o único que é, pelo menos<br />
em um primeiro momento, considerado, tem empurrado o “público secundário” ix para<br />
uma zona de alienação, abandonado à própria sorte em um buraco negro. Esse<br />
movimento de redefinição das audiências foi detectado e apontado por Mary Jane Jacob<br />
ainda em 1991:<br />
Na medida em que os artistas têm dado maior consideração à audiência no<br />
desenvolvimento de seus projetos, trazendo para dentro de seus trabalhos aqueles<br />
usualmente ausentes das instituições de arte, [...] muitos da audiência<br />
[tradicional] da arte têm escapado. [Dessa maneira] a audiência não tem sido<br />
ampliada, mas substituída. De fato, é essa mudança na composição da audiência,<br />
e sua posição no centro criativo, que faz dessa arte pública algo tão novo x .<br />
4<br />
Colaboração: artesfera pública<br />
A articulação da arte no domínio público engloba o desejo de<br />
aproximação entre artista e público, com a promoção eventual <strong>ou</strong> não do baralhamento<br />
das identidades. Embora não seja o espalhamento das obras/projetos nos espaços<br />
públicos a única condição indispensável para originar a interação entre artista e público<br />
(o que tem sido exaustivamente debatido na história da arte recente), por <strong>ou</strong>tro lado,<br />
certamente configura-se como uma circunstância vital para que tal interação seja bem<br />
sucedida.<br />
O reconhecimento da relevância da situação e do processo de interação<br />
comunitária tem permeado a produção de arte no domínio público desde o final da<br />
década de 1980. Desde então, as articulações da arte no domínio público têm propiciado<br />
que o “nosso entendimento de site mudasse de uma locação física, fixa, para algum<br />
lugar <strong>ou</strong> algo constituído através de processos sociais, econômicos, culturais e<br />
políticos” xi .<br />
Nesse contexto histórico inundado por novos termos e novas práticas que<br />
enfatizavam o processo de interação comunitária, como community-based art xii ;<br />
esparramando-se (e abarcando) não somente diferentes paisagens naturais, mas acima<br />
de tudo comprometendo-se com a cultura do cotidiano, a obra de arte deix<strong>ou</strong> o abrigo<br />
institucional para imbricar-se com a comunidade em um contato mais direto,<br />
ressignificando essa comunidade como o núcleo central da produção de arte,<br />
promovendo a realocação mais-que-democrática de extratos da sociedade que haviam<br />
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