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Mistério e suspense na narrativa policial de Marcos - Centro de ...

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2.2 OS PRECURSORES<br />

Apesar <strong>de</strong> negado por alguns, po<strong>de</strong>mos dizer que o precursor do <strong>policial</strong> no<br />

Brasil foi Me<strong>de</strong>iros e Albuquerque, que teve a idéia <strong>de</strong> escrever O mistério em<br />

parceria com Afrânio Peixoto, Viriato Correia e Coelho Netto, que não continuaram<br />

no gênero, seguindo por outros caminhos literários. Me<strong>de</strong>iros foi o único que<br />

prosseguiu publicando dois livros <strong>de</strong> contos: O assassi<strong>na</strong>to do general (1926) e Se<br />

eu fosse Sherlock Holmes (1932).<br />

O neto <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros e Albuquerque, em seu livro, relata que o avô, Me<strong>de</strong>iros<br />

e Albuquerque,quando saía do país, em viagem, mantinha um diário, que enviava<br />

periodicamente para casa. No dia 23 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1924, entre Buenos Aires e<br />

Valparaiso, escreveu, em <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do trecho, o seguinte:<br />

A única coisa que me distraiu foi pensar num conto... No primeiro<br />

capítulo <strong>de</strong> O mistério eu <strong>de</strong>screvi um crime bem-feito, que ninguém<br />

po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>scobrir. Só se <strong>de</strong>scobriu porque o bandido do Viriato fez o<br />

criminoso, que era meu protegido, confessar. Recentemente, em contos do<br />

Jor<strong>na</strong>l do Brasil, eu <strong>de</strong>screvi um crime no Crime impunido e outro em<br />

Implacável. Diante <strong>de</strong>les várias pessoas me falaram da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

passar da teoria à prática. Outros me advertiram que eu estava dando<br />

ensi<strong>na</strong>mentos perigosos. Pensei em aperfeiçoar os meus pendores<br />

criminosos. E estive minuciosamente arquitetando dois crimes possíveis,<br />

crimes bem-feitos, em que uma pessoa que precisa matar outra, por uma<br />

questão <strong>de</strong> honra ou porque não queira que essa pessoa exista, po<strong>de</strong> matála<br />

certamente, seguramente, sem <strong>de</strong>ixar nenhum vestígio do seu ato, e sem<br />

levantar a menor suspeita<br />

Que isso é possível – garanto. Pensem que eu tenho passado estes<br />

dias rumi<strong>na</strong>ndo o meu conto, <strong>de</strong>vagarinho, por todas as faces, prevendo<br />

todas as objeções. Quem sabe quantos crimes impunes têm sido<br />

cometidos! O do meu conto, se for praticado, não falhará e não terá quem o<br />

<strong>de</strong>scubra.<br />

O que eu não sei é se <strong>de</strong>vo publicar o conto (ALBUQUERQUE, P.,<br />

1979, p.208-209).<br />

Realmente nunca o fez. O receio, talvez, <strong>de</strong> que ele servisse <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo a<br />

alguém, que, como dizia, passasse da teoria à prática, <strong>de</strong>ve tê-lo impedido.<br />

A literatura <strong>policial</strong> sempre foi colocada em um patamar <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong> em<br />

relação ao romance e à literatura clássica, e, após os trabalhos <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros e<br />

Albuquerque, <strong>na</strong>da se escreveu durante um bom tempo. Foi <strong>na</strong> década <strong>de</strong> 30, que<br />

apareceria um escritor <strong>de</strong> novelas policiais, Jerônimo Monteiro, escondido sob o<br />

pseudônimo Ronnie Wells, com Aventuras <strong>de</strong> Dick Peter, seu herói <strong>de</strong>tetive,<br />

primeiramente, criado para uma série radiofônica, que após três anos <strong>de</strong> sucesso foi<br />

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