Cláudia Lopes Nascimento Saito ( UNICENTRO).pdf - cchla
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(BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1995). Trata-se, em suma, de uma mudança no paradigma do<br />
ensino/aprendizagem da leitura e da produção ainda não incorporado à formação dos<br />
profissionais egressos de muitos cursos de Letras, de Pedagogia e de Normal Superior.<br />
Conforme Machado (2009), quando Vygotsky fala em instrumento material ou<br />
simbólico não está se referindo simplesmente a um objeto pronto, mas a algo que é<br />
construído pelo sujeito e por ele utilizado para atingir o objetivo de sua ação. Para a autora,<br />
a construção do sujeito e de suas funções psíquicas se faz por meio das ações recíprocas<br />
entre os membros de um grupo e pela apropriação de objetos sociais criados pela cultura.<br />
Nesse sentido é que os autores filiados ao interacionismo sociodiscursivo<br />
defendem que o uso de um novo instrumento provocaria transformações tanto no ambiente<br />
físico e social em que se desenvolve a atividade instrumentada, quanto nos outros que<br />
interagem com o sujeito e também sobre o próprio sujeito, aumentando os seus<br />
conhecimentos sobre o mundo e desenvolvendo capacidades para o agir sobre o outro e<br />
para a regulação de seu próprio comportamento.<br />
Os pressupostos advindos do quadro epistemológico e teórico do interacionismo<br />
sociodiscursivo (BRONCKART, 2003; 2006; 2008), deram o seguinte encaminhamento às<br />
reflexões do grupo: 1) as características do trabalho do professor em sala de aula; 2) as<br />
prescrições que orientam o trabalho do professor nos vários níveis do sistema educacional;<br />
3) a transposição didática dos saberes de referência que pudessem fundamentar progressões<br />
curriculares de gêneros suscetíveis de serem trabalhados no ensino fundamental e médio; 4)<br />
a realização de análises e descrições de gêneros textuais que apontem possíveis<br />
regularidades; 5) a construção de objetivos para os três níveis de operações de linguagem<br />
adequados aos contextos de ensino-aprendizagem: a) de representação do contexto social;<br />
b) para a estruturação discursiva do texto; c) para a seleção de mecanismos de textualização<br />
e escolha de unidades linguísticas); 6) a construção de sequências didáticas que organizem<br />
a progressão em torno dos gêneros; 7) a mobilização, pelo professor, de gestos didáticos<br />
específicos (NASCIMENTO, 2009b) adequados à construção de um ambiente escolar para<br />
a aprendizagem dos conteúdos e o desenvolvimento de capacidades a eles relacionadas..<br />
2.1 O modelo didático: instrumento fundamental para o trabalho com gêneros<br />
textuais<br />
Partimos da construção dos modelos didáticos como o procedimento gerativo que<br />
irá fornecer objetos potenciais (DOLZ e SCHENUWLY, 2004) para o ensino a partir do<br />
qual se podem gerar sequências didáticas. “Potenciais”, porque cabe ao professor a seleção<br />
desses objetos de ensino, tendo em vista as capacidades dos alunos e os objetivos<br />
pretendidos (MACHADO & CRISTÓVÃO, 2006).<br />
Das pesquisas dos autores de Genebra surgiram as chamadas “sequências<br />
didáticas para o ensino de gêneros”, pelas quais um conjunto de atividades planificadas<br />
para uma classe de alunos específicos, com o objetivo de desenvolver três tipos de<br />
capacidades de linguagem (capacidades de ação, discursivas e linguístico-discursivas)<br />
envolvidas na produção e/ou leitura de textos, de acordo com o que postulam Dolz e<br />
Schneuwly (1998).