Maio - Jornal Bombeiros de Portugal
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MAIO 2012<br />
C nanceira<br />
<strong>de</strong> muitas associações<br />
e corpos <strong>de</strong> bombeiros, na<br />
sequência da redução “drástica”<br />
do número <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> doentes<br />
não urgentes realizados<br />
pelos bombeiros, o setor coloca<br />
a hipótese <strong>de</strong> abandonar <strong>de</strong><br />
uma vez por todas este tipo <strong>de</strong><br />
missão que, segundo Jaime<br />
Marta Soares, presi<strong>de</strong>nte da<br />
Liga dos <strong>Bombeiros</strong> Portugueses<br />
(LBP), está a levar à “<strong>de</strong>gradação”<br />
e à “falência” das associações.<br />
Segundo o dirigente, no<br />
encontro <strong>de</strong> Fátima, “foi levantado<br />
por alguns presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />
fe<strong>de</strong>ração a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
abandonar por completo o<br />
transporte <strong>de</strong> doentes não urgentes”,<br />
uma vez que os concursos<br />
públicos para a realização<br />
<strong>de</strong>ste serviço, previstos no<br />
novo regime, e as condições do<br />
novo regime constituem um<br />
“ru<strong>de</strong> golpe” na sustentabilida<strong>de</strong><br />
dos bombeiros. Ainda segundo<br />
o presi<strong>de</strong>nte da LBP, os bombeiros<br />
vão procurar “formas<br />
quem<br />
ao abandono”, mas o “colapso<br />
é iminente” e toda a estrutura<br />
po<strong>de</strong>rá começar a “<strong>de</strong>smoronar”,<br />
porque os bombeiros<br />
não fazem só transportes.<br />
BOMBEIROS ADMITEM ABANDONAR TRANSPORTE NÃO URGENTE<br />
Empresa privada po<strong>de</strong> ser a solução<br />
A Liga dos <strong>Bombeiros</strong> Portugueses (LBP) admitiu que muitas das<br />
corporações po<strong>de</strong>m vir a abandonar o transporte não urgente <strong>de</strong><br />
doentes, e responsabilizou o Ministério da Saú<strong>de</strong> pelo “iminente<br />
colapso” das associações <strong>de</strong> bombeiros.<br />
O alerta foi <strong>de</strong>ixado em Fátima, no passado dia 19 <strong>de</strong> maio, no<br />
<br />
que teve como único ponto <strong>de</strong> agenda o novo regime <strong>de</strong> transporte<br />
não urgente <strong>de</strong> doentes, publicado este mês.<br />
Texto: Patrícia Cer<strong>de</strong>ira<br />
O transporte não urgente <strong>de</strong><br />
doentes permitia que os bombeiros<br />
tivessem “um fundo <strong>de</strong><br />
maneio, que “compensava alguns<br />
equilíbrios”, e muito do<br />
pessoal ligado ao setor da saú<strong>de</strong><br />
também atua noutras áreas,<br />
nomeadamente no combate<br />
brou<br />
o presi<strong>de</strong>nte da Confe<strong>de</strong>ração.<br />
“Isto é uma bola <strong>de</strong> neve<br />
que, <strong>de</strong> um momento para outro,<br />
po<strong>de</strong> fazer <strong>de</strong>smoronar<br />
muitas das associações e corpos<br />
<strong>de</strong> bombeiros”, sustentou<br />
Jaime Soares. “Estamos muito<br />
preocupados. Foi isso que manifestámos”.<br />
Na reunião <strong>de</strong> Fátima, as fe<strong>de</strong>rações<br />
<strong>de</strong> bombeiros <strong>de</strong>ram<br />
“luz ver<strong>de</strong>” à Liga para que esta<br />
possa elaborar um “mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
empresa” que, em representação<br />
dos bombeiros, se apresente<br />
aos futuros concursos para<br />
este tipo <strong>de</strong> missão.<br />
LBP: “Portaria não serve<br />
nem bombeiros nem<br />
populações”<br />
O encontro realizado em Fátima<br />
aconteceu na mesma semana<br />
em que foi publicada em Di-<br />
ário da República a nova portaria<br />
que regula o transporte não<br />
urgente. O documento que entra<br />
em vigor no próximo dia 1<br />
lo<br />
<strong>de</strong> transporte simples <strong>de</strong> doentes<br />
(VTSD), <strong>de</strong>stinado a doentes<br />
não urgentes, cuja situação<br />
clínica não faz prever a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> cuidados <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />
durante o transporte, <strong>de</strong>cisão<br />
contestada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início pela<br />
LBP. Segundo o diploma, o<br />
transporte não urgente <strong>de</strong> doentes<br />
vai passar a ser realizado<br />
em VTSD e ambulâncias, mas o<br />
recurso a este tipo <strong>de</strong> serviço<br />
dico<br />
assistente. O presi<strong>de</strong>nte da<br />
LBP, Jaime Marta Soares, lamentou<br />
a publicação da portaria,<br />
consi<strong>de</strong>rando que é um<br />
“ru<strong>de</strong> golpe” para bombeiros e<br />
utentes. “Isso não é transporte<br />
<strong>de</strong> doentes, é meter os cidadãos<br />
<strong>de</strong> qualquer maneira em<br />
carros que se po<strong>de</strong>m comprar<br />
em qualquer concessionário. E<br />
à chegada ao hospital, são levados<br />
às cavalitas ou metidos<br />
numa empilhadora? Não há<br />
comparação possível com o serviço<br />
<strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> e especializado<br />
prestado pelos bombeiros”,<br />
argumentou. Jaime<br />
Marta Soares consi<strong>de</strong>rou que,<br />
com esta medida, o Governo<br />
“economiza uns euros” mas sa-<br />
<br />
que, nos últimos anos, manteve<br />
com os bombeiros portugueses,<br />
que foram investindo em equipamentos<br />
e formação <strong>de</strong> recursos<br />
humanos.<br />
O Governo consi<strong>de</strong>ra que,<br />
INEM: ACORDO DE 2007 EM REVISÃO<br />
LBP não aceita tarifário proposto<br />
INEM paga apenas “30 a 40 por cento<br />
O dos custos” que os bombeiros têm<br />
com a emergência, <strong>de</strong>nuncia a Liga dos<br />
<strong>Bombeiros</strong> Portugueses, numa altura em<br />
que está a ser renegociado o acordo <strong>de</strong><br />
<br />
entre o Instituto Nacional <strong>de</strong> Emergência<br />
Médica (INEM) e os bombeiros, em matéria<br />
<strong>de</strong> pré-hospitalar. Na opinião da Liga,<br />
a contra proposta apresentada pelo INEM<br />
“não é aceitável”. Segundo dados da Confe<strong>de</strong>ração,<br />
a estrutura dos meios humanos<br />
e materiais dos bombeiros efetua<br />
77,9 por cento dos serviços <strong>de</strong> transporte<br />
em ambulâncias e este serviço custa (incluindo<br />
os valores <strong>de</strong> consumíveis gastos)<br />
a verba <strong>de</strong> 17.009.023 euros, o que<br />
<br />
INEM”.<br />
Para além da atualização dos montantes<br />
a pagar pelos serviços prestados pelos<br />
bombeiros, a Liga quer ainda rever o<br />
papel do INEM na formação dos bombei-<br />
ros, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobertura das <strong>de</strong>nominadas<br />
‘zonas brancas’, ou seja os 72<br />
concelhos que não têm postos PEM, no<br />
fundo “pegar no acordo <strong>de</strong> 2007 e refundá-lo”,<br />
referiu ao BP José Ferreira o dirigente<br />
da LBP que tem vindo a negociar<br />
com o Governo as diferentes matérias tuteladas<br />
pela Saú<strong>de</strong>.<br />
Enquanto <strong>de</strong>correm as negociações, há<br />
já várias associações e corpos <strong>de</strong> bombeiros<br />
a admitir a <strong>de</strong>volução das ambulâncias<br />
<strong>de</strong> emergência ao Instituto Nacional<br />
<strong>de</strong> Emergência Médica (INEM) caso<br />
não sejam atualizados os valores pagos<br />
por cada socorro prestado. Uma proposta<br />
nesse sentido foi já feita pelos bombeiros<br />
do Algarve, mas a intenção po<strong>de</strong>rá vir a<br />
esten<strong>de</strong>r-se a outras zonas do País. Isso<br />
mesmo foi admitido pelo vice-presi<strong>de</strong>nte<br />
da Liga dos <strong>Bombeiros</strong> Portugueses, Ro<strong>de</strong>ia<br />
Machado. “Trata-se <strong>de</strong> uma proposta<br />
da Fe<strong>de</strong>ração dos <strong>Bombeiros</strong> do Algarve,<br />
sobre a qual a Liga já se <strong>de</strong>bruçou, mas<br />
ainda não tomou qualquer <strong>de</strong>cisão”, salientou<br />
Ro<strong>de</strong>ia Machado. O responsável<br />
consi<strong>de</strong>rou, contudo, ser a situação “muito<br />
preocupante”. Caso os montantes não<br />
sejam revistos, não é <strong>de</strong> excluir que a posição<br />
algarvia possa vira a ter eco mais a<br />
norte. “Trata-se <strong>de</strong> um problema que<br />
ameaça tornar-se insustentável a nível<br />
nacional”, admitiu o vice-presi<strong>de</strong>nte da<br />
Liga, que esclareceu serem 229 as ambulâncias<br />
entregues pelo INEM aos corpos<br />
<strong>de</strong> bombeiros nacionais. “Essas ambulâncias<br />
custam ao INEM oito milhões <strong>de</strong> eu-<br />
<br />
associações <strong>de</strong> bombeiros conseguirem<br />
pagar às equipas, que trabalham 24 sobre<br />
24 horas”, disse. Ro<strong>de</strong>ia Machado revelou<br />
ainda que, no Algarve, “<strong>de</strong>vido à<br />
situação económica, muito complicada,<br />
<br />
terá <strong>de</strong> haver <strong>de</strong>spedimento <strong>de</strong> pessoal<br />
em várias associações”.<br />
PC<br />
face às características apontadas,<br />
o VSTD tem associado “um<br />
custo mais reduzido para o SNS<br />
e também para os doentes que<br />
<br />
com encargos, total ou parcialmente,<br />
cobertos pelo SNS”.<br />
Para Jaime Marta Soares “o que<br />
vier a acontecer será responsabilida<strong>de</strong><br />
do Ministério da Saú<strong>de</strong>”,<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo que “os doentes<br />
merecem outro tratamento”.<br />
Despedimentos<br />
continuam<br />
O presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />
dos <strong>Bombeiros</strong> do Distrito <strong>de</strong><br />
Lisboa veio mais uma vez a<br />
público alertar para o facto <strong>de</strong><br />
várias associações <strong>de</strong> bombeiros<br />
estarem já a <strong>de</strong>spedir funcionários<br />
porque não conseguem<br />
manter o serviço <strong>de</strong><br />
transporte <strong>de</strong> doentes. As várias<br />
associações <strong>de</strong> bombeiros<br />
do distrito <strong>de</strong> Lisboa estiveram<br />
<br />
maio, em Vila Franca <strong>de</strong> Xira,<br />
ceira<br />
das várias corporações<br />
<br />
Segundo o presi<strong>de</strong>nte, António<br />
Carvalho, no primeiro trimestre<br />
<strong>de</strong>ste ano as associações<br />
tiveram uma quebra <strong>de</strong> 40 por<br />
cento <strong>de</strong> receitas face a 2011.<br />
O responsável avançou que<br />
essa quebra se <strong>de</strong>ve à diminuição<br />
do número <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong><br />
transporte <strong>de</strong> doentes não urgentes<br />
“que já não é sustentá-<br />
7<br />
<br />
que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do ano o Ministério<br />
da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>liberou<br />
uma redução dos valores pagos<br />
às associações por este<br />
serviço. “Várias associações<br />
estão a começar a encostar os<br />
carros e a <strong>de</strong>spedir ou a reconduzir<br />
funcionários para outro<br />
tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s como o socorro.<br />
Não há dinheiro para<br />
sustentar este serviço. Tem<br />
um custo muito acrescido em<br />
relação às receitas”, disse. António<br />
Carvalho adiantou que os<br />
<strong>de</strong>spedimentos ocorreram nos<br />
concelhos <strong>de</strong> Cascais, Sintra,<br />
Azambuja e Vila Franca <strong>de</strong><br />
Xira. “Trata-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedimentos<br />
ou da não renovação <strong>de</strong><br />
contratos. As associações estão<br />
a cortar no que menos está<br />
a mexer com o socorro mas, a<br />
curto prazo, isso vai ter impac-<br />
<br />
António Carvalho lembrou<br />
que as associações <strong>de</strong> bombeiros<br />
do distrito <strong>de</strong> Lisboa rejeitam<br />
o acordo assinado entre a<br />
LBP e a tutela da Saú<strong>de</strong> e que<br />
vão aguardar uma nova solução<br />
para o serviço <strong>de</strong> transportes <strong>de</strong><br />
doentes que, se não for encontrada,<br />
po<strong>de</strong>rá levar as associa-<br />
mente<br />
o serviço.<br />
Circular Normativa<br />
manda cortar<br />
nos transportes<br />
O Ministério da Saú<strong>de</strong> continua<br />
a impor às administrações<br />
regionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, aos hospitais<br />
e às unida<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>, que “reduzam” e “reportem”<br />
os custos com o<br />
transporte <strong>de</strong> doentes não urgentes.<br />
Numa Circulara Normativa,<br />
enviada às diferentes<br />
estruturas, no início do mês <strong>de</strong><br />
maio, e à qual o BP teve acesso,<br />
a Administração Central do<br />
Sistema <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (ACSS), invoca<br />
a revisão do Memorando<br />
<strong>de</strong> Entendimento da Troika<br />
para lembrar que os custos<br />
com o transporte <strong>de</strong> doentes<br />
não urgentes <strong>de</strong>ve ser reduzido<br />
em “um terço” no quarto<br />
trimestre <strong>de</strong> 2012 face a período<br />
homólogo <strong>de</strong> 2010. Segundo<br />
a mesma circular, “os<br />
custos com o transporte não<br />
urgente <strong>de</strong> doentes <strong>de</strong>verão<br />
ser reportados mensalmente,<br />
até ao dia 20 <strong>de</strong> cada mês, em<br />
formulário disponibilizado nos<br />
serviços online”. No último<br />
ponto do mesmo documento, a<br />
ACSS exige a cada entida<strong>de</strong> do<br />
Serviço Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> que<br />
preencha um formulário mensal<br />
com os seguintes dados:<br />
“<strong>de</strong>spesa reportada; natureza<br />
do transportador; tipologia <strong>de</strong><br />
<br />
<strong>de</strong>svios e ações implementa-<br />
da<br />
e incrementar o controlo<br />
que permita obter ganhos <strong>de</strong>