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Inovações tecnológicas nas pesquisas e médias empresas industriais

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Universidade Federal de Santa Catarina<br />

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção<br />

INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NAS PEQUENAS E MÉDIAS<br />

EMPRESAS INDUSTRIAIS EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO<br />

O CASO DO PARANÁ<br />

Tese de Doutorado<br />

Antoninho Caron<br />

FLORIANÓPOLIS<br />

2003


ANTONINHO CARON<br />

INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NAS PEQUENAS E MÉDIAS<br />

EMPRESAS INDUSTRIAIS EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO<br />

O CASO DO PARANÁ<br />

Tese apresentada ao programa de Pós-<br />

Graduação em Engenharia de Produção, da<br />

Universidade Federal de Santa Catarina como<br />

requisito parcial para a obtenção do título de<br />

Doutor em Engenharia de Produção.<br />

Orientador: Prof. Nelson Casarotto Filho, Dr.<br />

Florianópolis, 27 de junho de 2003


Antoninho Caron<br />

INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NAS PEQUENAS E MÉDIAS<br />

EMPRESAS INDUSTRIAIS EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO<br />

O CASO DO PARANÁ<br />

Esta Tese foi julgada adequada para a obtenção do título de Doutor em<br />

Engenharia, especialidade em Engenharia de Produção, e aprovada em sua forma<br />

final pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da<br />

Universidade Federal de Santa Catarina.<br />

Florianópolis, de de 2003.<br />

Coordenador do Curso<br />

Banca Examinadora:<br />

_________________________________________<br />

Prof. Nelson Casarotto Filho, Dr.<br />

Orientador<br />

_________________________________________<br />

Prof. Francisco Antônio Pereira Filho, Dr.<br />

UFSC<br />

_________________________________________<br />

Prof. João Benjamim da Cruz Júnior, PHD<br />

UFSC<br />

_________________________________________<br />

Prof. a Liana Maria da Frota Carleial, Dr. a<br />

UFPR<br />

_________________________________________<br />

Prof. Mariano Matos de Macedo, Dr.<br />

UFPR<br />

_________________________________________<br />

Prof. Ruy Fernando Sant'Ana, PHD<br />

UFPR<br />

ii


AGRADECIMENTOS<br />

Este estudo foi possível graças à colaboração expressiva de pessoas e instituições<br />

que ao longo dos últimos anos fizeram parte de minha existência.<br />

À Universidade Federal de Santa Catarina - Programa de Pós-Graduação em<br />

Engenharia de Produção e Faculdade Católica de Administração e Economia, Centro<br />

de Desenvolvimento Empresarial, que criaram as condições de cooperação técnica e<br />

acadêmica para o aprimoramento do conhecimento gerando a oportunidade da minha<br />

participação no “Curso de Doutorado em Engelharia da Produção", área de<br />

concentração Engenharia de Avaliação e Inovação Tecnológica, Ênfase Gestão da<br />

Inovação Tecnológica, Convênio EPS/CTC/UFSC – FAE/CDE.<br />

Agradeço aos professores que tornaram possível não só a realização de um sonho,<br />

mas a oportunidade de burilar e aprimorar meus conhecimentos. Em especial, quero<br />

destacar o Prof. PhD Judas Tadeu Grassi Mendes e o Prof. Dr. Bruno Koptick que<br />

tornaram possível a cooperação entre a Universidade Federal de Santa Catarina e<br />

FAE/CDE – Fae Business School.<br />

Destaco ainda o Prof.Dr. Nelson Casarotto Filho, meu orientador neste trabalho de<br />

pesquisa, Prof. Dr. Francisco Antônio Pereira Fialho, Prof. Phd João Benjamim da<br />

Cruz Júnior, Prof. a Dr. a Liana Maria da Frota Carleial, Prof. Dr. Mariano Matos de<br />

Macedo, Prof. Phd. Ruy Fernando Sant’Ana; todos, cada qual ao seu tempo, foram<br />

professores, amigos, orientadores, educadores, agente de transformação e mudança<br />

trazendo suas contribuições e ponderações para os resultados deste trabalho,<br />

culminando com a sua participação como membros da Banca Examinadora.<br />

Aos meus colegas do Curso de Doutorado e ao meus companheiros de jornadas<br />

professores e educadores, a solidariedade de cada um permitiu chegar onde<br />

chegamos. A palavra simples e certa nos momentos certos e incertos tornou realidade<br />

o sonho, por vezes saciou a sede do saber e outras vezes trouxe a angústia da<br />

reflexão e o estímulo para pesquisar mais e buscar novas luzes. Obrigado Moisés,<br />

Christhian, Cleto, Cleonice, Dante, Jair, Luiz Carlos, Maria Carmen, Nancy,Osmar.<br />

Destaco ainda a importância de meus alunos dos cursos de graduação e pósgraduação,<br />

que com suas dúvidas, seus questionamentos e suas reflexões conjuntas<br />

sempre estimularam a avançar. Hudson Prestes dos Santos e Etsuko Emília Suzuki<br />

Ishii, obrigado pelo apoio no processamento e auxílio na análise da pesquisa.<br />

Menção especial à Federação da Indústria do Estado do Paraná, por intermédio da sua<br />

Presidência e companheiros de diretoria, que, ao longo dos anos e particularmente<br />

durante o tempo desta pesquisa, contribuíram com comentários, sugestões, opiniões.<br />

iii


Agradeço aos empresários que participaram desta pesquisa fornecendo informações,<br />

participando de entrevistas que no exercício de sua atividade empresarial criadora<br />

constroem a indústria e o Estado que temos. Ao Instituto Euvaldo Lodi – IEL, ao Centro<br />

Internacional de Negócios que, solidários, contribuíram com a logística financeira e<br />

operacional para a realização desta pesquisa. Muito Obrigado Bira, Helena Gid, Eliane<br />

Regina, Oswaldo, Denise e equipe.<br />

À Antônia Schwinden, você não veio nem antes, nem depois. Você veio no momento<br />

certo e com segurança técnica e profissional revisou e corrigiu os desajustes deste<br />

trabalho. Com igual sentimento de gratidão a Léia Rachel Castellar e a Stella Maris<br />

Gazziero, que pacientemente contribuíram na editoração deste trabalho.<br />

Aos meus pais pela educação recebida, indispensável à têmpera para prosseguir nos<br />

momentos difíceis e à perspicácia para encontrar caminhos quando estes pareciam<br />

não mais existir. Com vocês aprendi a crer, ter esperança, confiar, e amar a vida. Às<br />

minha irmãs Lurdes, Terezinha e Azenir Maria, que sempre me estimularam, a sonhar<br />

e ousar, levantar para prosseguir e conquistar.<br />

À Teresinha, Caroline, Angela e Ana Paula, esposa e filhas. Muitas vezes vocês não<br />

me viram e eu não as vi. Outras vezes vocês me viram, mas eu não as vi. Tantas<br />

vezes estive fisicamente presente, porém meu pensamento percorria teorias, idéias<br />

conflitantes e contraditórias: discutia opiniões, pareceres, comentários, <strong>pesquisas</strong> e<br />

estudos. Sem vocês eu não teria chegado até aqui. Com vocês e por vocês aqui<br />

cheguei. E este é ape<strong>nas</strong> o começo de um novo tempo.<br />

iv


A globalização é um processo permanente de melhoras de<br />

produtividade, provocada pela necessidade de competir interna<br />

e externamente.<br />

v<br />

Mario Henrique Simonesen<br />

Brasil em Exame, maio/94<br />

Se sua empresa é nacional, torne-a internacional.<br />

Se sua empresa é internacional, torne-a mundial.<br />

Estas são as palavras de ordem do "management" moderno<br />

Jean Brilman<br />

Ganhar a Competição Mundial, 1991, p.17<br />

Os países têm êxito em indústrias onde as <strong>empresas</strong> inter<strong>nas</strong><br />

são estimuladas a competir globalmente.<br />

Michael Porter<br />

Vantagem Competitiva das Nações, 1990, p.81<br />

As <strong>empresas</strong> brasileiras que quiserem se manter e vencer na<br />

economia globalizada: "Tornem-se, rapidamente, companhias<br />

internacionais".<br />

C.P. Prahalad. Michigan University<br />

Chris Bartlett. Harvard University<br />

RBCE n.45 - out./dez. 1995, p.27


SUMÁRIO<br />

LISTA DE TABELAS........................................................................................................ xiii<br />

LISTA DE QUADROS....................................................................................................... xv<br />

LISTA DE FIGURAS......................................................................................................... xvi<br />

LISTA DE GRÁFICOS...................................................................................................... xvii<br />

RESUMO........................................................................................................................... xix<br />

ABSTRACT....................................................................................................................... xx<br />

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1<br />

1.1 Contexto de Mudanças do Modo Capitalista de Produção................................ 1<br />

1.2 Problema da Pesquisa........................................................................................... 5<br />

1.3 Hipóteses do Estudo ............................................................................................. 6<br />

1.4 Objetivos do Estudo .............................................................................................. 7<br />

1.5 Importância e Contribuição do Estudo................................................................ 8<br />

1.6 Metodologia do Estudo e Universo da Pesquisa................................................ 11<br />

1.7 Organização do Estudo......................................................................................... 13<br />

CAPÍTULO 2 - GLOBALIZAÇÃO E A RECONVERSÃO PRODUTIVA .......................... 16<br />

2.1 Globalização – O Novo Modo de Organização da Produção Capitalista.......... 16<br />

2.2 Globalização e a Estratégia de Inserção Internacional da Economia<br />

Brasileira................................................................................................................. 31<br />

2.2.1 Brasil e a Estratégia de Inserção Econômica Internacional .................................. 34<br />

2.3 Globalização e o Desenvolvimento Local (Local-Global-Local)........................ 36<br />

2.3.1 Importância do Local Diante do Global.................................................................. 36<br />

2.3.2 Abrangência do Espaço Local............................................................................... 42<br />

2.3.3 O Desenvolvimento do Local................................................................................. 43<br />

2.4 Globalização e Ajustamento de Estratégias da Empresas de Pequeno e<br />

Médio Porte ............................................................................................................ 44<br />

2.4.1 Globalização e Mudanças do Paradigma Técnico/Organizacional ....................... 44<br />

2.4.2 Novas Estratégias de Produção e Competição..................................................... 46<br />

2.4.3 Curva de Aprendizado e Estratégia de Custos...................................................... 47<br />

2.4.4 Escala de Produção e Estratégia de Competição ................................................. 49<br />

vi


2.4.5 Produtividade e Estratégia de Competição ........................................................... 51<br />

2.4.6 Globalização e Custos de Transação.................................................................... 55<br />

2.4.7 Competitividade e Estratégias de Custos.............................................................. 57<br />

2.4.8 Cooperação Empresarial e Estratégias de Custos................................................ 62<br />

2.4.8.1 Motivação para Acordos de Cooperação.......................................................... 63<br />

2.4.8.2 Cooperar para Competir ................................................................................... 64<br />

2.4.9 Ajustamentos Estratégicos das Peque<strong>nas</strong> e Médias Empresas ........................... 66<br />

CAPÍTULO 3 - A PEQUENA E MÉDIA EMPRESA: INOVAÇÃO E COMPETIÇÃO<br />

EM TEMPO DE ECONOMIA GLOBAL E DESENVOLVIMENTO<br />

LOCAL .................................................................................................... 69<br />

3.1 Importância da Pequena e Média Empresa para o Desenvolvimento<br />

Econômico e Social – O Global e o Local ........................................................... 70<br />

3.1.1 Pequena Empresa e o Desenvolvimento Local..................................................... 70<br />

3.1.2 A Pequena e Média Empresa e as Estratégias dos Oligopólios e Monopólios ..... 77<br />

3.1.3 Especialização Flexível e Inovação....................................................................... 79<br />

3.1.4 Diferenciando Produção em Série da Produção Flexível...................................... 85<br />

3.1.5 As Peque<strong>nas</strong> e Médias Empresas como Alternativa para o Crescimento<br />

Econômico dos Países em Desenvolvimento........................................................ 87<br />

3.2 A Inovação Tecnológica e a Pequena e Média Empresa Local ......................... 88<br />

3.2.1 Compreendendo Inovação Tecnológica................................................................ 89<br />

3.2.2 Decidindo Inovação ............................................................................................... 96<br />

3.3 A Competitividade Nacional e Competitividade Empresarial................................ 100<br />

3.3.1 Fatores Determinantes da Competitividade .......................................................... 100<br />

3.3.2 Competitividade Nacional...................................................................................... 104<br />

3.3.2.1 Diferentes considerações sobre a competitividade nacional ............................ 106<br />

3.3.2.2 Contribuições de Carlota Perez ........................................................................ 108<br />

3.3.2.3 Competitividade nacional na visão de Fajnzylber............................................. 112<br />

3.3.2.4 A competitividade das Nações em Porter......................................................... 118<br />

3.3.3 A Competitividade da Empresa ............................................................................. 122<br />

3.3.3.1 Competitividade e estratégias em Schumpeter e Possas................................. 122<br />

3.3.3.2 Competitividade empresarial em Porter............................................................ 133<br />

vii


3.3.3.3 Competitividade e desenvolvimento local em Stamer ...................................... 138<br />

3.4 As Novas Políticas de Inovação e Competição nos Países da OCDE –<br />

Organização dos Países para o Desenvolvimento Econômico......................... 151<br />

3.4.1 Características da Políticas de Competitividade Identificadas nos Países da<br />

OCDE .................................................................................................................... 152<br />

3.4.2 Instrumentos das Políticas de Competitividade nos Países da OCDE.................. 153<br />

3.4.3 Novas Políticas de Inovação nos Países da OCDE .............................................. 154<br />

3.4.4 Importância da Pequena e Média Empresa nos Países da OCDE ....................... 156<br />

3.5 Sistema Nacional de Inovação Tecnológica ....................................................... 157<br />

3.5.1 Sistemas de <strong>Inovações</strong> Tecnológicas ................................................................... 158<br />

3.5.2 O Brasil e o Sistema de Inovação ......................................................................... 161<br />

3.5.2.1 Diagnóstico da situação atual ........................................................................... 161<br />

3.5.2.2 A construção de um sistema nacional de inovação tecnológica....................... 166<br />

3.5.2.3 Diretrizes do sistema nacional de inovação...................................................... 175<br />

3.5.2.4 Programas de apoio à inovação tecnológica e transferência de tecnologia..... 181<br />

3.5.3 Sistema Estadual de Inovação Tecnológica e Estímulo ao Desenvolvimento<br />

de Produtos Competitivos <strong>nas</strong> Bases Locais ........................................................ 185<br />

3.5.3.1 Mudanças na economia e demandas de tecnologias adequadas .................... 185<br />

3.5.3.2 O Desenvolvimento Científico e Tecnológico Paranaense na Atualidade........ 187<br />

3.5.3.3 Organização do sistema público estadual de ciência e tecnologia................... 189<br />

3.5.3.4 Organização do sistema privado de ciência e tecnologia................................. 197<br />

3.5.3.5 As <strong>empresas</strong> privadas produtoras de bens e serviços e a inovação................ 199<br />

CAPÍTULO 4 - METODOLOGIA DA PESQUISA DE CAMPO ........................................ 201<br />

4.1 Problema da Pesquisa de Campo ........................................................................ 201<br />

4.2 Objetivo da Pesquisa............................................................................................. 203<br />

4.3 Fontes de Informações para o Desenvolvimento da Pesquisa ......................... 205<br />

4.3.1 Principais Fontes de Informações ......................................................................... 205<br />

4.3.2 Pesquisa de Campo com Empresas Industriais.................................................... 206<br />

4.3.3 Construção da Amostra da Pesquisa de Campo................................................... 207<br />

4.3.4 Retorno dos Questionários Enviados .................................................................... 216<br />

4.3.5 Classificação das Empresas Pesquisadas por Gênero de Atividade .................... 217<br />

viii


4.3.6 Classificação das Empresas da Pesquisa por Cidade .......................................... 220<br />

4.4 Limitações da Pesquisa ........................................................................................ 222<br />

4.5 Estudos Similares sobre <strong>Inovações</strong> <strong>nas</strong> Empresas ........................................... 223<br />

4.5.1 A Indústria e a Questão Tecnológica..................................................................... 223<br />

4.5.2 O Estudo da Oferta e da Demanda Nacional por Serviços Tecnológicos ............. 225<br />

4.5.3 Pesquisa Industrial sobre Inovação Tecnológica (PINTEC).................................. 226<br />

4.5.4 O Impacto do Uso Estratégico da Tecnologia no Desempenho da Empresa ....... 227<br />

4.5.5 Política Científica e Tecnológica: Novas Trajetórias Institucionais para o<br />

Estado do Paraná.................................................................................................. 228<br />

4.5.6 Pesquisa Sondagem Conjuntural da Federação das Indústrias do Estado do<br />

Paraná dos Anos 1998-2002................................................................................. 229<br />

4.5.7 Estudo da Cadeia Produtiva do Paraná do Produto Carne e seus Derivados,<br />

realizado pelo Ipardes e IBQPR ............................................................................ 232<br />

4.5.8 Arranjos Produtivos e Desenvolvimento Regional: O Caso do Paraná................. 234<br />

4.5.9 Tecnologia Apropriada e Planejamento de Sistemas Sociais ............................... 234<br />

4.5.10 Crescimento, Reestruturação e Competitividade Industrial no Paraná –<br />

1985-2000 ............................................................................................................. 237<br />

4.5.11 Outros Estudos Relativos à Economia Paranaense e <strong>Inovações</strong> ......................... 239<br />

4.6 Aspectos Teóricos da Questão Metodológica .................................................... 240<br />

4.7 Principais Informações Levantadas na Pesquisa............................................... 252<br />

4.7.1 Cenários Considerados ......................................................................................... 252<br />

4.7.2 As Principais Informações Levantadas.................................................................. 253<br />

CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPO ............................. 258<br />

5.1 Identificação das Empresas.................................................................................. 259<br />

5.1.1 Classificação das Empresas Pesquisadas - CNAE............................................... 260<br />

5.1.2 Tempo de Atividade Empresarial........................................................................... 260<br />

5.1.3 Número de Empregados no 1. o Ano de Vida da Empresa .................................... 261<br />

5.1.4 Tamanho da Empresa por Número de Empregados 2002.................................... 262<br />

5.1.5 Tamanho da Empresa por Faixa de Faturamento................................................. 262<br />

5.2 As Mudanças da Economia Mundial e o Estímulo e/ou Obstáculos para<br />

as <strong>Inovações</strong> Tecnológicas na Pequena e Média Empresa Local..................... 263<br />

ix


5.2.1 Como a Globalização é Percebida pelo Empresário da PMEI .............................. 264<br />

5.2.2 Abertura Econômica e o Processo de Inovação na PMEI..................................... 267<br />

5.2.3 Abertura Econômica e Importações para Inovar ................................................... 269<br />

5.2.4 Abertura Econômica e as <strong>Inovações</strong> das PMEI .................................................... 270<br />

5.2.5 Globalização Abertura Econômica e Ritmo de <strong>Inovações</strong>..................................... 270<br />

5.2.6 Cooperação e Parcerias Internacionais para Inovação......................................... 271<br />

5.3 Percepções do Empresário sobre as Políticas Nacionais, Estaduais e<br />

Municipais (Locais) como Elos Facilitadores da Inovação................................ 272<br />

5.3.1 Interferência da Política Econômica Nacional na Produção da Empresa ............. 273<br />

5.3.2 Política Nacional de Ciência e Tecnologia para a Inovação.................................. 274<br />

5.3.3 Ambiente Competitivo Nacional Estímulos e Obstáculos para a Inovação ........... 274<br />

5.3.4 Governo do Estado e Mecanismos de Apoio para a Inovação <strong>nas</strong> PMEI ............. 275<br />

5.3.5 Participação da Universidade no Processo de Inovação das PMEI...................... 278<br />

5.3.6 Contribuição dos Centros de Pesquisa para a Inovação na PMEI........................ 279<br />

5.3.7 Contribuição das Entidades de Classe para a Inovação....................................... 280<br />

5.3.8 Política Municipal de Apoio ao Crescimento Empresarial ..................................... 281<br />

5.3.9 Formas de Ajuda do Governo do Município para Inovação .................................. 281<br />

5.3.10 Contribuição das Grandes Empresas para Inovação das PMEI ........................... 283<br />

5.4 A Localização – Distrito, Parque, Pólo, Área, Vila Zona Industrial, isto é, a<br />

Proximidade Geográfica como um Facilitador para Identificar e Inovar.......... 284<br />

5.4.1 Importância da Localização Próxima de outras Empresas.................................... 285<br />

5.4.2 Contribuição das Empresas Vizinhas para a Inovação ......................................... 285<br />

5.4.3 Importância das Entidades Existentes no Município para a Inovação .................. 287<br />

5.4.4 Serviços Comuns de Apoio às PMEI Locais para Inovação.................................. 290<br />

5.4.5 Facilitadores Locais para Inovação ....................................................................... 293<br />

5.4.6 Troca de Informações Freqüência e Objetivos entre Empresas Locais ................ 296<br />

5.5 Os Processos de Cooperação Empresarial, Parcerias, Alianças como<br />

Processos Organizacionais que Facilitam a Inovação ...................................... 299<br />

5.5.1 Processo Formal de Cooperação no Município..................................................... 299<br />

5.5.2 Formação de Rede................................................................................................ 300<br />

5.5.3 Acordo para Inovação............................................................................................ 301<br />

x


5.5.4 Cooperação e Alianças das outras Empresas do Município ................................. 302<br />

5.5.5 Interação da Empresa com outras Empresas ....................................................... 303<br />

5.6 O Tamanho da Empresa e a Inovação ................................................................. 304<br />

5.6.1 Tamanho da Empresa e a Inovação...................................................................... 304<br />

5.6.2 Grande Empresa Percebe a sua Empresa............................................................ 307<br />

5.6.3 Empresas Concorrentes Percebem sua Empresa ................................................ 307<br />

5.6.4 Governo e sua Empresa........................................................................................ 308<br />

5.6.5 Quem mais Apóia a PMEI ..................................................................................... 309<br />

5.6.6 Estratégia da Empresa .......................................................................................... 310<br />

5.7 A Organização e o Ambiente Interno da Empresa como Ambiente<br />

Favorável para a Geração, Incorporação e Irradiação da Inovação.................. 310<br />

5.7.1 Direção da Empresa e Inovação ........................................................................... 311<br />

5.7.2 Determinantes da Inovação................................................................................... 312<br />

5.7.3 Participação de um “Círculo de Inovação”............................................................. 313<br />

5.7.4 Alternativas Utilizadas para Introdução de Inovação na Empresa ........................ 314<br />

5.7.5 Razões Determinantes da Introdução da Inovação na Empresa .......................... 317<br />

5.7.6 Identificação da Necessidade de Inovar................................................................ 320<br />

5.7.7 Fontes de Informações da Empresa para Inovação.............................................. 323<br />

5.7.8 Utilização de Processos de Ação Conjunta para Inovação................................... 326<br />

5.7.9 Localização dos Principais Concorrentes.............................................................. 327<br />

5.7.10 Destinos da Produção ........................................................................................... 328<br />

5.7.11 Estratégias que Orientam a Decisão de Produzir.................................................. 329<br />

5.7.12 Dificuldades para Inovar........................................................................................ 330<br />

5.8 Resultados da Pesquisa de Campo ..................................................................... 331<br />

5.8.1 Globalização e Abertura Econômica para Inovação e Competição ...................... 331<br />

5.8.2 Compreensão das Políticas Nacional, Estadual e Local para Inovação ............... 332<br />

5.8.3 Localização Próxima como Elo Facilitador para Inovação .................................... 334<br />

5.8.4 A Cooperação Empresarial como Elo Facilitador de Inovação ............................. 335<br />

5.8.5 O Tamanho da Empresa e a Inovação.................................................................. 335<br />

5.8.6 O Ambiente Interno da Empresa e a Cultura para a Inovação.............................. 337<br />

xi


5.9 Conclusões da Pesquisa de Campo Face aos Objetivos Complementares<br />

Propostos ............................................................................................................... 340<br />

5.9.1 Objetivo 1............................................................................................................... 340<br />

5.9.1.1 Principais dificuldades para inovar ................................................................... 340<br />

5.9.1.2 Principais facilidades para inovar segundo as <strong>empresas</strong> pesquisadas............ 343<br />

5.9.2 Objetivo 2............................................................................................................... 344<br />

5.9.3 Objetivo 3............................................................................................................... 346<br />

5.9.4 Objetivo 4............................................................................................................... 350<br />

CAPÍTULO 6 - CONCLUSÃO........................................................................................... 353<br />

6.1 Síntese das Contribuições Teóricas para Inovação e Competição na<br />

PMEI ........................................................................................................................ 353<br />

6.2 Conclusões em Relação ao Primeiro Objetivo deste Estudo............................ 355<br />

6.2.1 Hipóteses do estudo.............................................................................................. 357<br />

6.3 Conclusões relativas ao segundo objetivo deste Estudo. Proposições e<br />

Recomendações .................................................................................................... 359<br />

6.3.1 Ações propostas para o governo e entidades públicas de estímulo à<br />

inovação tecnológica e competição da PMEI local................................................ 360<br />

6.3.2 Propostas de ações para a empresa em relação ao seu ambiente interno e<br />

de competição no mercado ................................................................................... 361<br />

6.4 Proposições para Pesquisas e Novos Trabalhos Futuros................................. 362<br />

REFERÊNCIAS................................................................................................................. 365<br />

ANEXO 1 - ROTEIRO DAS PESQUISAS REALIZADAS E DOCUMENTÁRIOS<br />

LEVANTADOS .............................................................................................. 391<br />

xii


LISTA DE TABELAS<br />

1 NÚMERO DE EMPRESAS LOCALIZADAS NO ESTADO DO PARANÁ<br />

EXTRATIFICADAS POR GÊNERO DE ATIVIDADE/TAMANHO (N. o DE<br />

EMPREGADOS) - TOTAL DO ESTADO, EM ORDEM DECRESCENTE DE NÚMERO<br />

DE EMPRESA ......................................................................................................................... 209<br />

2 NÚMERO DE EMPRESAS LOCALIZADAS NO ESTADO DO PARANÁ<br />

EXTRATIFICADAS POR GÊNERO DE ATIVIDADE/TAMANHO (N. o DE<br />

EMPREGADOS) - TOTAL DO ESTADO................................................................................. 210<br />

3 NÚMERO DE EMPRESAS NO ESTADO DO PARANÁ EXTRATIFICADA POR<br />

GÊNERO DE ATIVIDADE - GRUPOS 15 TAMANHO ............................................................ 213<br />

4 NÚMERO DE EMPRESAS NO ESTADO DO PARANÁ EXTRATIFICADA POR<br />

GÊNERO ALIMENTOS, CONSERVAS, MOAGEM E FABRICAÇÃO - GRUPOS 15<br />

TAMANHO............................................................................................................................... 213<br />

5 CIDADES E EMPRESAS PARTICIPANTES DA PESQUISA ................................................. 216<br />

6 CIDADES SÓ DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS .................................................................... 217<br />

7 NÚMERO DE EMPRESAS POR RAMO DE ATIVIDADE PARTICIPANTES DA<br />

PESQUISA............................................................................................................................... 217<br />

8 SETOR DE ATIVIDADE E TAMANHO DAS EMPRESAS INFORMANTES........................... 226<br />

9 RAMO DE ATIVIDADE DAS EMPRESAS INFORMATNTES DA PESQUISA ....................... 260<br />

10 - GOVERNO DO ESTADO E O APOIO A INTRODUÇÃO DE INOVAÇÕES<br />

TECNOLÓGICA NA EMPRESA. QUAIS MECANISMOS QUE SÃO CONHECIDOS<br />

E/OU UTILIZADOS PELA SUA EMPRESA ............................................................................<br />

11 - ELEMENTOS EXISTENTE NO MUNICÍPIO QUE AUXILIAM NA GERAÇÃO,<br />

275<br />

INTRODUÇÃO, TRANSFERÊNCIA E IDENTIFICAÇÃO DE UMA INOVAÇÃO<br />

TECNOLÓGICA NA EMPRESA..............................................................................................<br />

12 - SERVIÇOS COMUNS DE APOIO ÀS EMPRESAS QUE ESTÃO DISPONÍVEIS NO<br />

DISTRITO INDUSTRIAL, NO MUNICÍPIO, EM MUNICÍPIOS VIZINHOS - GRAU DE<br />

287<br />

IMPORTÂNCIA........................................................................................................................<br />

13 - CONTRIBUIÇÃO PARA A IDENTIFICAÇÃO E A INTRODUÇÃO DE UMA INOVAÇÃO<br />

TECNOLÓGICA NA EMPRESA OU FACILITAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DE<br />

290<br />

MERCADO ..............................................................................................................................<br />

14 - FREQÜÊNCIA E POR QUE ACONTECEM AS TROCAS DE INFORMAÇÕES ENTRE<br />

AS EMPRESAS LOCAIS, VISANDO AO APOIO E À COOPERAÇÃO COM OUTRAS<br />

293<br />

EMPRESAS LOCAIS...............................................................................................................<br />

15 - TAMANHO DA EMPRESA PARA A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA AVALIAÇÃO DE<br />

296<br />

SUA EMPRESA - GRAU DE IMPORTÂNCIA......................................................................... 305<br />

xiii


16 - ALTERNATIVAS UTILIZADAS PARA A INTRODUÇÃO DE UMA INOVAÇÃO NA SUA<br />

EMPRESA ............................................................................................................................... 314<br />

17 - RAZÕES QUE DETERMINAM O DESENVOLVIMENTO E A INTRODUÇÃO DE<br />

INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NA SUA EMPRESA - GRAU DE IMPORTÂNCIA............... 317<br />

18 - MOTIVAÇÕES PARA INOVAR ............................................................................................... 320<br />

19 - FONTES DE INFORMAÇÕES SOBRE NOVAS TECNOLOGIAS POSSÍVEIS DE<br />

SEREM UTILIZADAS PELA EMPRESA ................................................................................. 323<br />

xiv


LISTA DE QUADROS<br />

1 COMPARATIVO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO: VELHO PARADIGMA VERSUS<br />

NOVO PARADIGMA: CONTRASTE ENTRE PADRÕES DE GESTÃO ................................. Erro! Indicador<br />

2 PRODUÇÃO EM SÉRIE E ESPECIALIZAÇÃO FLEXÍVEL .................................................... 86<br />

3 ALGUNS FATORES DE DETERMINAÇÃO DE COMPETITIVIDADE SISTÊMICA EM<br />

NÍVEIS DIFERENTES DE AGREGAÇÃO DA POLÍTICA ....................................................... 142<br />

4 INSTRUMENTOS DE PROMOÇÃO ECONÔMICA LOCAL ................................................... 148<br />

5 EMPRESAS PARTICIPANTES DA PESQUISA, POR RAMO DE ATIVIDADE E<br />

CIDADE ................................................................................................................................... 218<br />

6 IDENTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS DA PESQUISA POR CIDADE E RAMO DE<br />

ATIVIDADE.............................................................................................................................. 220<br />

xv


LISTA DE FIGURAS<br />

1 MIGRAÇÕES DE CAPITAIS ................................................................................................... 28<br />

2 FATORES DETERMINANTES DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA ............................. 101<br />

3 DETERMINANTES DE VANTAGEM COMPETITIVA NACIONAL.......................................... 120<br />

4 ATORES DA COMPETIÇÃO................................................................................................... 126<br />

5 ANÁLISE DE COMPETITIVIDADE DE PORTER ................................................................... 135<br />

6 ALTERNATIVA ESTRATÉGICA DA EMPRESA..................................................................... 138<br />

7 NÍVEIS ANALÍTICOS DO CONCEITO DA COMPETITIVIDADE SISTÊMICA ....................... 141<br />

8 O DIAMANTE DE MICHAEL PORTER ................................................................................... 150<br />

xvi


LISTA DE GRÁFICOS<br />

1 INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS DIRETOS (IED) - 1991-2000 ...................................... 22<br />

2 EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES MUNDIAIS - 1950/2002................................................. 23<br />

3 ENTRADA DE INVESTIMENTOS DIRETOS NO BRASIL 1991-2001 ................................... 33<br />

4 NÚMERO DE ANOS NO RAMO ............................................................................................. 261<br />

5 NÚMERO DE EMPREGADOS AO FINAL DO 1. o ANO DE VIDA DA EMPRESA ................. 261<br />

6 TAMANHO DA EMPRESA POR FAIXA DE EMPREGADOS, SET 2002............................... 262<br />

7 FATURAMENTO DA EMPRESA NO ANO 2001 .................................................................... 263<br />

8 PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA É PARA A EMPRESA .......................... 265<br />

9 PROCESSO DE ABERTURA ECONÔMICA É PARA A EMPRESA...................................... 267<br />

10 ABERTURA ECONÔMICA E AUMENTO DAS IMPORTAÇÕES DA EMPRESA .................. 269<br />

11 ABERTURA ECONÔMICA E O MERCADO DA EMPRESA .................................................. 270<br />

12 GLOBALIZAÇÃO, ABERTURA ECONÔMICA E RITMO DE INOVAÇÃO.............................. 271<br />

13 COOPERAÇÃO E PARCERIAS INTERNACIONAIS PARA INOVAÇÃO............................... 272<br />

14 INTERFERÊNCIA DA POLÍTICA ECONÔMICA NACIONAL NA PRODUÇÃO DA<br />

EMPRESA ............................................................................................................................... 273<br />

15 POLÍTICA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA COMO PROCESSO<br />

FACILITADOR DE INOVAÇÃO NA EMPRESA ...................................................................... 274<br />

16 AMBIENTE COMPETITIVO NACIONAL PARA INOVAÇÃO APÓS ABERTURA<br />

ECONÔMICA........................................................................................................................... 275<br />

17 APOIO DO ESTADO PARA INOVAÇÃO NA PMEI-PR .......................................................... 277<br />

18 PARTICIPAÇÃO DA UNIVERSIDADE NO PROCESSO DE INOVAÇÃO<br />

TECNOLÓGICA DA EMPRESA.............................................................................................. 278<br />

19 CONTRIBUIÇÃO DOS CENTROS DE PESQUISA PARA A INOVAÇÃO<br />

TECNOLÓGICA DA EMPRESA.............................................................................................. 279<br />

20 CONTRIBUIÇÃO DAS ENTIDADES DE CLASSE FIEP-SENAI PARA O PROCESSO<br />

DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DA EMPRESA.................................................................... 280<br />

21 POLÍTICA MUNICIPAL DE APOIO AO CRESCIMENTO EMPRESARIAL DA<br />

EMPRESA ............................................................................................................................... 281<br />

22 FORMA DE AJUDA DO GOVERNO MUNICIPAL PARA INOVAÇÃO ................................... 282<br />

23 CONTRIBUIÇÃO DAS GRANDES EMPRESAS PARA A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA<br />

DA PME ................................................................................................................................... 283<br />

24 IMPORTÂNCIA DA LOCALIZAÇÃO PRÓXIMA DE OUTRAS EMPRESAS .......................... 285<br />

25 CONTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS VIZINHAS PARA INOVAÇÃO DA PME ........................ 286<br />

26 ENTIDADES DE APOIO À INOVAÇÃO EXISTENTES NO MUNICÍPIO - GRAU DE<br />

IMPORTÂNCIA........................................................................................................................ 289<br />

xvii


27 SERVIÇOS COMUNS DO MUNICÍPIO PARA INOVAÇÃO - GRAU DE IMPORTÂNCIA...... 292<br />

28 CONTRIBUIÇÃO PARA A INOVAÇÃO NA PMEI................................................................... 295<br />

29 TROCA DE INFORMAÇÕES ENTRE EMPRESAS LOCAIS.................................................. 298<br />

30 PROCESSO FORMAL DE COOPERAÇÃO NO MUNICÍPIO................................................. 300<br />

31 FORMAÇÃO DE REDE, PARCERIA OU ALIANÇA ............................................................... 301<br />

32 ACORDOS DE INOVAÇÃO..................................................................................................... 302<br />

33 COOPERAÇÃO E ALIANÇAS DAS OUTRAS EMPRESAS DO MUNICÍPIO ........................ 303<br />

34 INTERAÇÃO DA EMPRESA COM OUTRAS EMPRESAS .................................................... 304<br />

35 TAMANHO DA EMPRESA E INOVAÇÃO............................................................................... 306<br />

36 GRANDE EMPRESA PERCEBE A PME COMO: .................................................................. 307<br />

37 CONCORRENTES PERCEBEM A PME COMO: .................................................................. 308<br />

38 GOVERNO PERCEBE A PME COMO: .................................................................................. 308<br />

39 QUEM MAIS APOIA A PME .................................................................................................... 309<br />

40 ESTRATÉGIA DA EMPRESA ................................................................................................. 310<br />

41 DIREÇÃO DA EMPRESA E A INOVAÇÃO............................................................................. 312<br />

42 DETERMINANTES DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA EMPRESA.................................... 313<br />

43 CÍRCULO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ........................................................................... 313<br />

44 ALTERNATIVA MAIS FREQÜENTE DE INOVAÇÃO NA PME .............................................. 316<br />

45 RAZÕES DETERMINANTES DA INOVAÇÃO NA PMEI ........................................................ 319<br />

46 MOTIVAÇÃO PARA INOVAR.................................................................................................. 322<br />

47 FONTES DE INFORMAÇÕES DAS PMEI PARA INOVAÇÃO ............................................... 325<br />

48 COOPERAÇÃO PARA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA............................................................. 327<br />

49 LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS CONCORRENTES ......................................................... 328<br />

50 DESTINOS DA PRODUÇÃO................................................................................................... 329<br />

51 ESTRATÉGIAS QUE ORIENTAM A DECISÃO DE PRODUZIR ............................................ 330<br />

52 DIFICULDADES PARA INOVAR NA PMEI............................................................................. 331<br />

xviii


RESUMO<br />

CARON, Antoninho. <strong>Inovações</strong> <strong>tecnológicas</strong> <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

<strong>industriais</strong> em tempos de globalização: o caso do Paraná. Florianópolis, 2003. 375p.<br />

Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Programa de Doutorado em Engenharia de<br />

Produção - UFSC.<br />

O objetivo desta tese é compreender o fenômeno da inovação tecnológica <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> a partir da visão e percepção do empresário sobre seu ambiente<br />

econômico, sua visão de inovação tecnológica e do uso dos instrumentos disponíveis para<br />

inovar. Recomendar ações que estimulem a prática da inovação tecnológica <strong>nas</strong> PME em<br />

tempos de globalização, acirramento da competição, de mudanças intensas e rápidas do<br />

modo de produção capitalista. A pesquisa contém informações sobre as principais<br />

dificuldades, as facilidades, os estímulos nacionais, regionais e locais vivenciados pelos<br />

empresários das PMEI, instaladas em municípios do Paraná, no desafio de inovar e competir<br />

para crescer, sobreviver, ter prestígio e lucro. O levantamento das informações foi realizado<br />

nos meses de setembro a novembro de 2002 junto a 94 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong>, de pequeno e<br />

médio porte de capital nacional, por meio de questionários e entrevistas. Os resultados da<br />

pesquisa demonstram que o empresário tem consciência da importância estratégica da<br />

inovação tecnológica para manter-se competitivo no mercado e crescer. Entretanto, julga-se<br />

um conquistador solitário que inova a partir de sua compreensão do meio ambiente<br />

econômico que o cerca. Em 80% dos casos analisados a pesquisa evidencia que as fontes de<br />

informações e a motivação para inovar são obtidas junto a fornecedores, distribuidores e<br />

clientes e raramente em universidades, centros de pesquisa ou órgãos de governo. Embora o<br />

empresário deseje e queira o apoio destes organismos, confessa dificuldades para apropriarse<br />

da ajuda e do apoio destas entidades. A proposição do estudo está na criação e<br />

adequação de mecanismos e instrumentos de políticas e canais de comunicação mais fluidos,<br />

eficientes, eficazes e efetivos entre os órgãos de governo, as universidades, os centros de<br />

pesquisa e o empresários para aprimorar o processo de disseminação e uso da informação e<br />

da tecnologia para inovar, cooperar e competir.<br />

Palavras-chave: Inovação; Competição; Pequena e média empresa; Desenvolvimento local;<br />

Comportamento; Estratégia empresarial.<br />

xix


ABSTRACT<br />

CARON, Antoninho. Technological innovation in small and midsize industrial enterprises<br />

in times of globalisation: the case of Paraná. Florianopolis, 2003. 375 pages. Thesis (Doctoral<br />

in Production Engineering) - Doctoral Program in Production Engineering - UFSC.<br />

The thesis is put forward as a discussion of the problem of technological innovation<br />

experienced by small and midsize industrial enterprises (SMIE) in the State of Paraná. It<br />

presents a set of mechanisms to stimulate innovation in such enterprises in a current<br />

scenario of globalisation, economy opening, strong competition and intense, frequent and<br />

rapid change of capitalism’s production and competition models. The research brings<br />

information on the main difficulties, ease, and national, regional and local stimuli to which<br />

SMIE entrepreneurs are subjected in the challenge of innovating and competing. Data<br />

collection, which took place from September to November 2002, involved interviewing and<br />

sending out survey forms to a group of 94 diffuse small and midsize domestic industrial<br />

enterprises. The results point out that despite being aware of the strategic importance of<br />

technological innovation in keeping competitive, growing market shares, the entrepreneur<br />

most often deems himself a solitary conqueror that shall only innovate from his own<br />

perception of the economic surroundings. It becomes clear that, in 80 percent of the cases<br />

studied information and stimulus for innovating comes from suppliers, distributors and clients,<br />

and rarely from universities, research centres or government. However they express a true<br />

desire for the support from such entities, entrepreneurs often feel discouraged by the<br />

difficulties in reaching it, a concern for which the present study proposes the creation and<br />

adequacy of more fluid and efficient mechanisms, policies, and communication channels that<br />

would contribute to the dissemination of the information they need for innovating, cooperating,<br />

and competing.<br />

Keywords: Innovation; Competition; Small and midsize enterprise; Local development;<br />

Behaviour; Entreteneur Strategy.<br />

xx


CAPÍTULO 1<br />

INTRODUÇÃO<br />

1.1 Contexto de Mudanças do Modo Capitalista de Produção<br />

A atual economia mundial, global, se caracteriza por um processo de intensas,<br />

rápidas, freqüentes e profundas mudanças no modo de produção e organização da<br />

sociedade capitalista que pode ser sintetizada.<br />

a) Reconversão da produção, que consiste em um processo de<br />

aumento da qualidade, da racionalidade no uso dos fatores de produção<br />

para reduzir custos e aumentar produtividade e conseqüentemente<br />

conquistar competitividade;<br />

b) Relocalização da produção caracterizada pelo aumento do volume dos<br />

investimentos externos diretos, aumento do número e pelo fortalecimento<br />

da ação das <strong>empresas</strong> multinacionais e transnacionais, do aumento do<br />

número de <strong>empresas</strong> nacionais de pequeno e médio porte que se<br />

internacionalizam ou buscam novos espaços internacionais para produção,<br />

novos mercados de suprimento e vendas. As compras são globais, as<br />

vendas são globais, as tecnologias podem ser globais e ou locais, mas a<br />

produção é local;<br />

c) Um novo modo de reorganização da produção capitalista por meio de<br />

intensos e crescentes processos de fusões, terceirização, subcontratação,<br />

alianças, parcerias e cooperação, com o objetivo de ampliar mercados,<br />

aumentar os lucros e tirar proveito dos novos produtos e tecnologias, cujos<br />

ciclos de vida útil se encurtam cada vez mais e crescem na mesma<br />

intensidade de invenções e inovações para competir.<br />

1


Os capitais deixam de ser nacionais e tornam-se capitais internacionais na<br />

busca de melhores oportunidades de reprodução e crescimento. A conquista da<br />

qualidade e produtividade e as novas condições de competir deixam de ser uma<br />

opção e tornam-se uma determinante da estratégia das <strong>empresas</strong> na competição por<br />

mercados e lucros. Ou os produtos das <strong>empresas</strong> atuais têm qualidade, são<br />

portadores de inovações que atendam à novas exigências dos consumidores, ou os<br />

produtos e as suas respectivas <strong>empresas</strong> estão fora do mercado internacional,<br />

nacional e mesmo local. Quem não tem competência não se estabelece, não se<br />

mantém no mercado. É eliminado pela concorrência.<br />

A competição é global, mas a produção e os consumidores são locais. Entre<br />

os dois extremos global e local emergem diferentes caminhos e oportunidades<br />

alternativas de investimento, produção, consumo, de melhoria da qualidade de vida<br />

no local.<br />

Entre a grande empresa e as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>. O velho e o novo.<br />

(OSHO, 1981). O tradicional e o moderno. Os ciclos de vida das tecnologias e dos<br />

produtos se alteram. A morte e a vida das organizações são partes inerentes da<br />

nova sociedade em transformação e mudanças.<br />

Vivemos um tempo novo. O passado não se repete no presente e no futuro. O<br />

presente e o futuro são obras em construção. É o perscrutar de novos caminhos e<br />

novas alternativas de crescimento e desenvolvimento para as nações, para as<br />

<strong>empresas</strong>, para as sociedades locais, para os indivíduos.<br />

As novas tendências não indicam alternativas de atuação solo. Mas induzem<br />

ações interdependentes, interativas, de causas e interesses compartilhados. A<br />

conquista do sucesso é uma obra coletiva e não individual.<br />

As evoluções e transformações da sociedade humana <strong>nas</strong> últimas décadas<br />

têm mostrado os desequilíbrios, os contrastes, as alternativas de operar estratégias<br />

2


de desenvolvimento econômico, político, social, tecnológico, cultural, esportivo,<br />

religioso etc. de maneira articulada e cooperada.<br />

Os espaços para ações isoladas, independentes, se reduzem; ao mesmo tempo<br />

crescem os espaços para alianças, ações complementares e interdependentes, visando<br />

amenizar as incertezas do futuro.<br />

As inovações <strong>tecnológicas</strong> recentes, em especial a revolução dos meios de<br />

comunicação e a informatização, provocam uma redução das distâncias geográficas,<br />

ressaltam as desigualdades, evidenciam a interdependência, induzem a<br />

reorganização da sociedade para um novo tempo de desenvolvimento. Evidenciam<br />

que a economia internacional é um caminho de mão dupla. O global interfere no<br />

local e o modo local de produção capitalista se globaliza (Piore & Sabel, 1984; Pyke<br />

et al, 1990; Pyke & Sengenberger, 1992; Brusco, 1990; Becattini, 1990; Schmitz &<br />

Musyck, 1994; Tendler & Amorim, 1996; Saxenian, 1994; Amorim, 1998; Casarotto,<br />

1999; Raud, 1999; Albagli, 1999; Lopes Neto, 1998; Amato Neto, 2000).<br />

Diante desse quadro, o processo de geração, incorporação, irradiação e<br />

transferência de tecnologia, assim como a cooperação econômica e tecnológica são<br />

questões centrais para um novo paradigma tecno-industrial-ambiental, que exige o<br />

pleno aproveitamento dos conhecimentos acumulados, a fim de garantir o progresso<br />

econômico e social da humanidade. (MARCOVITCH, 1994. p.52).<br />

Trabalho desenvolvido por Carlota Perez (1989) sintetiza as transformações do<br />

velho para o novo paradigma conforme quadro 1, a seguir.<br />

3


QUADRO 1 - COMPARATIVO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO: VELHO PARADIGMA VERSUS NOVO PARADIGMA:<br />

VARIÁVEIS<br />

Direção Controle<br />

Estrutura e Crescimento<br />

Estilo e Operação<br />

Pessoal e Treinamento<br />

Equipamento e Escala<br />

Programação da Produção<br />

Medição da Produtividade e<br />

Qualidade<br />

Fornecedores, Clientes e<br />

Competidores<br />

FONTE: PEREZ (1989, p.28)<br />

CONTRASTE ENTRE PADRÕES DE GESTÃO<br />

PADRÃO TRADICIONAL - TAYLOR, FORD<br />

E FAYOL<br />

• Direção centralizada<br />

• Controle vertical<br />

• Níveis de supervisão em cascata<br />

• Separação entre a concepção e a tarefa<br />

• "A gerência é a que sabe"<br />

• Pirâmide estável, crescendo em altura e<br />

complexidade à medida que se expande<br />

• Organização de operação ótimas<br />

• Procedimentos e roti<strong>nas</strong> padronizadas<br />

• Existe uma maneira ótima<br />

• Definição de tarefas para cada indivíduo<br />

• Especialização em única função<br />

• Fluxo de decisões de cima para baixo e de<br />

informações de baixo para cima<br />

• Mão-de-obra vista como custo variável<br />

• Pessoal treinado disponível no mercado<br />

• Trabalhadores atados a postos de<br />

trabalhos fixos<br />

• Principal virtude: disciplina<br />

• Equipamento dedicado<br />

• Um tamanho ótimo de planta para cada<br />

produto<br />

• A escala da planta antecipa a demanda<br />

futura – cresce além da demanda<br />

• Almejam-se economias de escala para<br />

produção em massa<br />

• Ritmo de produção fixo<br />

• Produzir para inventários<br />

• Reduzir pessoal em períodos de baixa<br />

demanda<br />

• Medição distinta segundo o departamento<br />

(compras, produção, mercado etc.)<br />

• Margem de tolerância em qualidade e<br />

rejeitos<br />

• Isolamento da produção em relação ao<br />

mundo exterior<br />

• Fornecedores competem via preço<br />

• Produção Standard para clientes em<br />

massa<br />

• Oligopólios distantes da competição<br />

Empresa é sistema fechado<br />

NOVO PADRÃO -<br />

PRODUÇÃO ENXUTA<br />

• Metas e coordenação central<br />

• Autonomia local, autocontrole horizontal<br />

• Auto-avaliação e automelhoramento<br />

• Processo decisório participativo<br />

• "Valorização do saber operário"<br />

• Rede chata e flexível de unidades ágeis<br />

• Mantém-se plana quando se expande<br />

• Aprendizagem e melhoria contínua – Kaiz<br />

• Sistemas flexíveis/práticas adaptáveis<br />

• "Sempre pode haver uma maneira melhor"<br />

• "Definição de tarefas para cada grupo<br />

operário multifuncional/equipes adhoc<br />

• Ampla delegação para tomada de decisões<br />

• Fluxos múltiplos horizontais e verticais<br />

• Trabalhadores vistos como capital humano<br />

• Muito treinamento e retreinamento interno<br />

• Na própria função<br />

• Postos variáveis<br />

• Trabalhadores adaptáveis<br />

• Principais virtudes: iniciativa. Colaboração,<br />

motivação<br />

• Equipamento adaptável, programável e<br />

flexível<br />

• Muitas escalas eficientes-ótimo relativo<br />

• Crescimento orgânico segundo demanda<br />

real<br />

• Economias de escala, escopo e<br />

especialização: só ou combinadas<br />

• Adaptar ritmo à variação da demanda<br />

• Reduzir o tempo de resposta just in time<br />

• Usar pontos baixos para manutenção e<br />

treinamento<br />

• Produtividade e qualidade total medida ao<br />

longo do processo de produção de cada<br />

produto<br />

• A meta é zero defeitos e zero rejeitos<br />

• Forte interação da produção com mundo<br />

exterior<br />

• Laços de colaboração com os<br />

fornecedores, com clientes e, em certos<br />

casos (C&T) com competidores<br />

• A empresa como sistema aberto<br />

4


1.2 Problema da Pesquisa<br />

Objetivando compreender e entender a visão, as atitudes, o comportamento e<br />

as motivações do empresário para inovar e competir diante das mudanças e<br />

transformações que vêm ocorrendo na sociedade de produção atual, também<br />

denominada sociedade do conhecimento, este trabalho procura estudar:<br />

Como o fenômeno da inovação tecnológica é vivenciado pelos empresários<br />

das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>? Qual a visão, a percepção, as atitudes e o<br />

comportamento do empresário da pequena e média empresa sobre seu ambiente<br />

econômico, sobre o fenômeno da inovação na PME e sobre o uso dos mecanismos e<br />

instrumentos disponíveis para inovar e competir?<br />

A pesquisa de campo se propõe a levantar informações e analisar as<br />

estratégias de identificação e inovação tecnológica dos empresários das peque<strong>nas</strong><br />

e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> localizadas em municípios do interior do Estado<br />

do Paraná.<br />

Como os empresários <strong>industriais</strong> locais, geram, incorporam e irradiam<br />

inovações <strong>tecnológicas</strong> de produtos e processos, de gestão, de novas formas de<br />

organização da produção e cooperação econômica empresarial para participar dos<br />

mercados locais, regionais, nacionais e internacionais?<br />

• Como os empresários das <strong>empresas</strong> sediadas em locais (municípios),<br />

regiões de economias reflexas, dependentes, definem suas estratégias de<br />

identificação de tecnologias adequadas? (CASTOR, 1982).<br />

• Qual o papel das bases locais, facilitadores sociais (stakeholders) para<br />

promover e estimular a inovação e o desenvolvimento das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> locais?<br />

• Quais são os fatores determinantes para os empresários locais procurarem<br />

a evolução, a melhoria, o aprimoramento de suas <strong>empresas</strong> e produtos<br />

diante da conjuntura econômica mundial e nacional em rápido e intenso<br />

5


processo de mudança que traz a incerteza e as inseguranças provocadas<br />

pelo processo da globalização e da abertura da economia brasileira?<br />

• Como os empresários das <strong>empresas</strong> de pequeno e médio porte de ramos<br />

<strong>industriais</strong> diversos localizadas nos municípios do interior do Estado do<br />

Paraná identificam oportunidades de inovação, incorporam inovação,<br />

capacitam-se para a inovação e participam dos mercados competitivos?<br />

1.3 Hipóteses do Estudo<br />

O estudo parte da hipótese de que os empresários das <strong>empresas</strong> de pequeno e<br />

médio porte dos municípios do interior do Paraná acreditam que a inovação é uma<br />

determinante da participação com sucesso no mercado. No entanto, algumas <strong>empresas</strong><br />

têm uma ação passiva, reativa à inovação; outras têm uma estratégia proativa<br />

para inovar.<br />

Os empresários querem mudar, estão dispostos a mudar, entendem que a<br />

mudança é necessária; têm dificuldades e facilidades para gerir as mudanças por<br />

serem suas <strong>empresas</strong> peque<strong>nas</strong> e locais. Os empresários agem, reagem e decidem<br />

estratégias de adequação inovativa e de competição de acordo com os estímulos<br />

que percebem, e os interpretam conforme seus conhecimentos, experiências e<br />

cultura pessoal acumulada.<br />

Os empresários das PME desconhecem os instrumentos e mecanismos do<br />

governo, das universidades e dos centros de pesquisa para inovar e competir.<br />

Se todo o empresário por definição quer lucro, se para obter o lucro a principal<br />

força capitalista é a inovação, por que alguns empresários inovam e outros não? O<br />

que determina comportamentos e atitudes diferentes diante dos mesmos cenários e<br />

diante dos mesmos objetivos de lucro e crescimento?<br />

Para responder a essas e outras questões semelhantes, desenvolveu-se esta<br />

pesquisa visando atingir os objetivos expostos a seguir.<br />

6


1.4 Objetivos do Estudo<br />

O objetivo do estudo é compreender o fenômeno da inovação tecnológica<br />

vivenciado pelos empresários <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> a partir da própria<br />

visão e percepção do empresário sobre o ambiente econômico, sua visão de<br />

inovação e do uso dos instrumentos disponíveis para inovar. Um segundo objetivo<br />

da tese é recomendar ações que estimulem a prática da incorporação e inovação<br />

tecnológica <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> em tempos de globalização,<br />

acirramento da competição e de mudanças intensas e rápidas no modo capitalista<br />

de produção e competição.<br />

Busca-se entender a visão do empresário sobre inovação e competição, diante<br />

das mudanças econômicas, sociais, políticas e <strong>tecnológicas</strong> que o cercam. O<br />

esforço está em analisar e compreender como o empresário interpreta o ambiente<br />

econômico no qual a empresa está inserida e como percebe a necessidade e a<br />

oportunidade de inovar. Conhecer como obtém as informações para mudar<br />

considerando-se o conhecimento, a análise, a compreensão, a interpretação, a<br />

motivação, a atitude e comportamento do empresário para a mudança; e analisar<br />

como define e decide estratégias de inovação e competição.<br />

O trabalho da pesquisa de campo será desenvolvido tendo como objetivos<br />

complementares:<br />

1. Conhecer e analisar os principais problemas e facilidades identificados<br />

pelos empresários para inovar e competir a partir das bases locais de<br />

produção.<br />

2. Analisar o grau de conhecimento e utilização por parte dos empresários<br />

dos mecanismos e instrumentos da política nacional, estadual e municipal<br />

e dos elos facilitadores locais que os auxiliam na definição de estratégias<br />

de inovação tecnológica, para tornar suas <strong>empresas</strong> inovadoras, com<br />

crescimento sustentável, com prestígio e geradoras de produtos e serviços<br />

competitivos nos mercados nacional e internacional.<br />

7


3. Analisar os elos facilitadores de políticas de governo, de cooperação e<br />

alianças, de vantagens localizacionais que estimulam e facilitam as<br />

estratégias das <strong>empresas</strong> locais para inovação tecnológica, crescimento e<br />

participação competitiva nos mercados nacional e internacional.<br />

4. Conhecer as fontes de informações e as motivações dos empresários para<br />

decidir estratégiais de inovação tecnológica e competição.<br />

O estudo tem como preocupação básica entender a visão do empresário sobre<br />

inovação. Compreender suas atitudes, motivações, comportamentos e estratégias<br />

de inovações adotadas, a partir das informações acumuladas, da “cultura” histórica<br />

pessoal, dos elos facilitadores locais, regionais e nacionais, da percepção do<br />

ambiente, da interpretação dos riscos e das oportunidades para mudança, inovação<br />

e competição.<br />

1.5 Importância e Contribuição do Estudo<br />

Neste estudo considera-se inovação como sendo: “Inovação tecnológica de<br />

produtos ou processo compreende a introdução de produtos ou processos<br />

tecnologicamente novos e melhorias significativas de produtos e processos<br />

existentes. Considera-se que uma inovação tecnológica de produto ou processo<br />

tenha sido implementada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto)<br />

ou utilizada no processo de produção (inovação de processo). As inovações<br />

<strong>tecnológicas</strong> de produto ou processo envolvem uma séria de atividades científicas,<br />

<strong>tecnológicas</strong>, organizacionais, financeiras e comerciais. A firma inovadora é aquela<br />

que introduziu produtos ou processos tecnologicamente novos ou significativamente<br />

melhorados num período de referência”. (OCDE, 1996, p.35) (SILVA, 2001 p.16).<br />

Os estudos identificados sobre o processo de inovação tecnológica <strong>nas</strong><br />

peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> discutem a extensão das ações dos órgãos de<br />

governo, das universidades e dos centros de pesquisa com o objetivo de transferir<br />

8


as tecnologias que estes órgãos dispõem para as <strong>empresas</strong> (CASTOR, 1982; SILVA<br />

JUNIOR, 1993; MACEDO, 1994; CUNHA, 1995; TECPAR, MCT, 2001).<br />

A contribuição específica deste trabalho é observar o fenômeno da inovação<br />

tecnológica das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> a partir da visão e percepção do<br />

empresário sobre o ambiente econômico, tecnológico, social mutante, como também<br />

o comportamento e as atitudes destes empresário ou dirigente da empresa que quer<br />

e precisa inovar para competir.<br />

Portanto, o que está sendo pesquisado é o ponto de vista do empresário, sua<br />

interpretação e comportamento como administrador da empresa, e não como os<br />

organismos de geração e transferência de tecnologias agem, nem a mensuração<br />

dos resultados quantitativos em termos de lucro para a empresa trazidos pela<br />

inovação. A pergunta é se os canais de comunicação e difusão dos órgãos de<br />

governo, das universidades e dos institutos de tecnologias são percebidos,<br />

identificados e entendidos pelos empresários como necessários e úteis para os<br />

interesses da empresa.<br />

Busca-se compreender como os empresários percebem e interpretam as<br />

transformações produtivas no cenário local, nacional e internacional, e decidem a<br />

estratégia de inovação articulando elos estratégicos com as forças de competição a<br />

partir da leitura do cenário externo e das habilidades e competências inter<strong>nas</strong>.<br />

Este trabalho traz constatações e “achados” considerados de grande utilidade<br />

na definição das estratégias de diferentes entidades e categorias profissionais.<br />

1. Para os empresários, o estudo permite estabelecer comparações sobre o<br />

pensamento e o comportamento estratégico de outros empresários e<br />

<strong>empresas</strong> diante da inovação e da competição. Ao responder questões de<br />

como os outros empresários definem estratégias para inovar e competir as<br />

informações levantadas nesta pesquisa possibilitam ao empresário comparar<br />

as estratégias da própria empresa com as estratégias de outras <strong>empresas</strong> do<br />

mesmo setor ou de setores distintos. Portanto norteia as atitudes e<br />

9


comportamentos do empresário diante da inovação, competição e dos<br />

ajustes estratégicos adotados por outros empresários para inovar e competir.<br />

2. Para o governo nacional e estadual este estudo fornece informações sobre o<br />

que o empresário pensa e como percebe os programas, as ações de<br />

governo, os mecanismos e os instrumentos em prol das <strong>empresas</strong> de<br />

Pequeno e Médio Porte. Permite avaliar a efetividade dos programas e das<br />

medidas políticas do governo em favor das <strong>empresas</strong> de PME de base locais,<br />

estimulando o repensar de instrumentos e mecanismos para promover o<br />

desenvolvimento das PME. Possibilita avaliar os canais de comunicação e<br />

refletir sobre novas formas de comunicação entre governo e empresários.<br />

3. Para os governos municipais este trabalho fornece informações sobre o que<br />

pensam os empresários e que tipo de apoio e ajuda necessitam. Ajuda a<br />

entender as motivações dos empresários na decisão da localização de<br />

investimentos. Facilita a compreensão dos fatores determinantes da<br />

localização em um determinado município e não em outro. Por que alguns<br />

locais são escolhidos e outros preteridos?<br />

4. Para as entidades de classe fornece informações sobre o pensamento,<br />

atitudes, os comportamentos e as necessidades dos empresários tanto em<br />

relação à ação estratégica da entidade em favor de seus associados como<br />

na defesa e negociação dos interesses das <strong>empresas</strong> associadas junto<br />

aos órgãos de governo, grandes <strong>empresas</strong>, universidades, centros de<br />

pesquisa.<br />

5. Para as Universidades, Centros de Pesquisa, professores e estudantes, as<br />

informações levantadas nesta pesquisa fornecem dados da realidade<br />

vivida e interpretada pelo empresário, permitindo o ajustamento dos<br />

programas e projetos de treinamento, capacitação e extensão tecnológica<br />

já existentes, bem como o desenvolvimento de novos projetos de pesquisa<br />

e avaliação das ansiedades e necessidades dos empresários.<br />

10


6. Para as Empresas de Consultorias, Entidades Assistenciais e Consultores<br />

os “achados” desta pesquisa orientam ações sobre a forma de pensar e agir<br />

do empresário. Apoia a definição de estratégias de aproximação e de<br />

intervenção <strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> para definição de estratégias de inovação e<br />

competição em tempos de economias globalizadas, abertas e competitivas.<br />

As informações contidas nesta pesquisa orientam a condução de programas<br />

de treinamento e capacitação para gerar, incorporar, desenvolver e irradiar<br />

tecnologias.<br />

1.6 Metodologia do Estudo e Universo da Pesquisa<br />

Este estudo segue os seguintes passos metodológicos:<br />

1. Revisão do entendimento de globalização, do desenvolvimento global em<br />

tempos de globalização e do modo de organização da produção capitalista<br />

e do ajustamento das estratégias das <strong>empresas</strong> diante do cenário da<br />

Sociedade do Conhecimento, da Nova Economia, do Novo Modo de<br />

Organização da Produção Capitalista.<br />

2. Revisão das bases teóricas que orientam e facilitam a compreensão da<br />

importância da pequena e média empresa para o desenvolvimento local em<br />

tempos de globalização da economia. Revisão do entendimento e da<br />

compreensão da inovação, da inovação na pequena e média empresa, da<br />

inovação como processo de desenvolvimento nacional e conquista de<br />

participação no mercado dos produtos e serviços das <strong>empresas</strong> nacionais,<br />

isto é, competitividade nacional. Revisão da compreensão da inovação como<br />

estratégia de competição da empresa. Revisão da atual política nacional e<br />

estadual de estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico e da visão<br />

da empresa privada de pequeno e médio porte diante da inovação.<br />

3. Análise da importância do aspecto comportamental e da capacitação do<br />

empresário para informar-se, conhecer, interpretar e decidir estratégias de<br />

11


inovação e competição em suas <strong>empresas</strong> em tempos de economias<br />

globalizadas, abertas, de intensas, freqüentes e rápidas mudanças.<br />

4. Recuperação de estudos já desenvolvidos e suas principais conclusões<br />

sobre o processo de desenvolvimento do sistema paranaense de inovação<br />

e do processo de inovação na sociedade e <strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> do Paraná.<br />

5. Desenvolvimento de uma pesquisa de campo para conhecer a visão do<br />

empresário sobre inovação, conhecer o comportamento, as facilidades, as<br />

dificuldades para gerar, incorporar e irradiar inovações em suas <strong>empresas</strong>,<br />

abertura econômica, acirramento da competição e de mudanças intensas,<br />

freqüentes e rápidas no processo de produção e competição capitalista local.<br />

6. Analisar as contribuições do setor empresarial para o entendimento da<br />

efetividade dos atuais mecanismos e instrumentos de apoio à inovação e<br />

propor um conjunto de recomendações que possam orientar e facilitar o<br />

desenvolvimento de novos planos, programas, projetos e políticas,<br />

mecanismos e instrumentos que estimulem a prática da inovação <strong>nas</strong><br />

peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> em tempos de globalização e competição.<br />

7. As <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> participantes do estudo foram selecionadas<br />

levando-se em consideração o porte da empresa, isto é, ser pequena ou<br />

média empresa de capital nacional. Ser empresa de capital nacional<br />

produzindo e sediada em município paranaense. A disposição de contribuir<br />

espontaneamente para o desenvolvimento deste trabalho, concordando<br />

em participar do projeto de pesquisa, fornecendo informações e ou<br />

concedendo entrevista para melhor entender comportamentos, atitudes e<br />

decisões estratégicas adotadas pelos empresários para inovar.<br />

8. Os resultados desta pesquisa contêm a síntese das respostas devolvidas<br />

por 94 <strong>empresas</strong> que espontaneamente decidiram apoiar este projeto de<br />

pesquisa sobre o processo de inovações <strong>tecnológicas</strong> <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná.<br />

12


1.7 Organização do Estudo<br />

O estudo “<strong>Inovações</strong> Tecnológicas <strong>nas</strong> Peque<strong>nas</strong> e Médias Empresas<br />

Industriais em Tempos de Globalização – O Caso do Paraná” está organizado em<br />

seis capítulos:<br />

O capítulo 1 – a introdução – contextualiza o problema de pesquisa, as<br />

hipóteses, define os objetivos do estudo e da pesquisa, a importância e contribuição<br />

do estudo e apresenta a organização do trabalho.<br />

O capítulo 2 analisa o processo de globalização e as características da<br />

reconversão da produção, da relocalização da produção e das novas formas de<br />

organização da produção capitalista diante do cenário econômico mundial com<br />

intensas, rápidas e profundas mudanças e do acirramento da competição mundial.<br />

Discute-se globalização como estratégia das <strong>empresas</strong> na busca do lucro.<br />

Contrapõe o global e o local, o grande e o pequeno como processos<br />

interdependentes, interativos e complementares.<br />

O capítulo 3 analisa o processo de inovação como estratégia de competição<br />

capitalista e os mecanismos de ajustes das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> e sua<br />

importância para o desenvolvimento econômico e social da nação e dos espaços<br />

locais. Procura demonstrar como as inovações <strong>tecnológicas</strong> provocam mudanças<br />

nos padrões de produção e competição da nova economia mundial. Este capítulo<br />

também considera as políticas dos países da OCDE e a conjuntura das políticas<br />

nacionais, das estratégias do governo do Estado do Paraná e estratégias dos governos<br />

municipais para estimular e encorajar as peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> nacionais a adotarem<br />

estratégias de modernização, inovação, competição e cooperação.<br />

O capítulo 4 define as principais informações levantadas para analisar e<br />

compreender as atitudes, os comportamentos e as estratégias dos empresários na<br />

análise e interpretação do ambiente que os cercam e na definição de estratégias de<br />

inovação e competição para obter lucro, crescer de forma sustentável, ter prestígio e<br />

reconhecimento da sociedade e participar do mercado com os produtos e serviços<br />

13


competitivos gerados em suas <strong>empresas</strong>. Está composto pela metodologia de<br />

levantamento dos dados da pesquisa e metodologia de análise dos dados coletados<br />

na pesquisa por meio de questionários e entrevistas com empresários e executivos<br />

sobre suas visões do fenômeno da inovação tecnológica na pequena e média<br />

empresa industrial nos municípios do Paraná.<br />

O capítulo 5 está concentrado na tabulação, apresentação e análise das<br />

informações e dados obtidos na pesquisa de campo e <strong>nas</strong> constatações de<br />

informações obtidas por meio de entrevistas com empresários, levantamento de<br />

informações junto a estudantes de cursos de pós-graduação (empresários de PME)<br />

desenvolvidos pelo autor deste estudo, visando entender como o empresário gera e<br />

introduz inovações <strong>nas</strong> suas <strong>empresas</strong> para participar competitivamente dos<br />

mercados e adequá-las às rápidas e intensas transformações da competição<br />

capitalista mundial a partir da base local de produção.<br />

O capítulo 6 contém as principais conclusões e recomendações deste estudo.<br />

Apresenta um conjunto de recomendações de ações passíveis de serem<br />

desenvolvidas pelo governo, pelas entidades de classe, universidades e centros de<br />

pesquisa, com o objetivo de facilitar e estimular o processo de inovação tecnológica<br />

e competição <strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> de pequeno e médio porte localizadas em economias<br />

reflexas e dependentes.<br />

Entende-se que o trabalho possa auxiliar na construção de roteiros alternativos<br />

para orientar a ação de outras regiões, entidades e <strong>empresas</strong> que buscam soluções<br />

de crescimento e desenvolvimento em tempos de incertezas, inseguranças,<br />

acirramento da competição, intensas e rápidas mudanças. Mas igualmente em<br />

tempos de sonhos e esperanças de melhor qualidade de vida e oportunidades de<br />

trabalho e renda, em tempos de globalização e universalização do modo capitalista<br />

de produção e organização da sociedade.<br />

14


É parte integrante deste trabalho um anexo:<br />

Anexo 1 - Roteiro das <strong>pesquisas</strong> realizadas e documentários levantados para a<br />

realização deste projeto.<br />

Passa-se agora, Capítulo 2, à discussão do embasamento teórico sobre a<br />

questão da globalização e suas influências <strong>nas</strong> estratégias das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> locais. E no capítulo 3 serão discutidas as questões relativas à<br />

importância da pequena e média empresa para o desenvolvimento econômico e<br />

social, bem como as questões relativas à inovação e competição.<br />

15


CAPÍTULO 2<br />

GLOBALIZAÇÃO E A RECONVERSÃO PRODUTIVA<br />

O objetivo deste capítulo é analisar o processo de globalização e entender<br />

seus impactos sobre a economia brasileira e os ajustes estratégicos das <strong>empresas</strong>.<br />

O capítulo está dividido em quatro partes. A primeira analisa o processo histórico da<br />

evolução da globalização. A segunda parte enfoca a questão da globalização, a<br />

economia brasileira e a estratégica de inserção competitiva na economia global. A<br />

terceira parte se preocupa com globalização e o desenvolvimento local (global-local-<br />

global). A quarta recupera a questão da globalização e os ajustes estratégicos das<br />

<strong>empresas</strong> diante dos desafios do modo de organização da produção capitalista<br />

considerando as intensas e rápidas mudanças da economia.<br />

O mundo mudou e continua a mudar. O novo tempo em que vivemos é da<br />

revolução do conhecimento e de novas formas de organizações de estruturas<br />

econômicas, <strong>tecnológicas</strong> e sociais, denominado “Sociedade do Conhecimento”.<br />

2.1 Globalização – O Novo Modo de Organização da Produção Capitalista<br />

O fenômeno da globalização não é novo. A novidade está na rapidez e na<br />

intensidade com que o processo acontece. provocando mudanças nos modelos de<br />

organização, gestão e produção das <strong>empresas</strong>, mudanças na forma de atuação do<br />

Estado e das <strong>empresas</strong>. O processo de globalização traz às <strong>empresas</strong> insegurança<br />

e incerteza, ameaças e oportunidades.<br />

O processo de globalização e os regionalismos provocam a dinâmica das<br />

transformações econômicas no contexto internacional e nacional de inovações<br />

<strong>tecnológicas</strong>, acirramento da competição entre <strong>empresas</strong>, aumentos de produtividade<br />

e eficiência, mudanças nos padrões de competitividade internacional. Globalização e<br />

regionalismos estão a exigir economias mais abertas e internacionalizadas, bem como<br />

16


a reconversão organizacional e produtiva das indústrias para participar com maior<br />

produtividade, eficiência e sucesso do mercado nacional e internacional.<br />

Os conflitos mundiais se transfeririam do campo militar e ideológico para o<br />

campo econômico, tecnológico, de novas organizações empresariais mais eficientes,<br />

mais produtivas, mais competitivas. As alianças e as cooperações econômicas são<br />

alternativas estratégicas para as <strong>empresas</strong> sobreviver, crescer e prosperar, tanto no<br />

âmbito do mercado internacional como no mercado nacional, regional e local.<br />

A ampliação do mercado e a internacionalização dos capitais criam a<br />

oportunidade do surgimento de acordos de complementação entre firmas facilitando<br />

o alcance de objetivos de especialização, escalas eficientes de produção e<br />

produtividade, com o objetivo de participar competitivamente dos mercados<br />

nacionais e internacionais com segurança estratégica de crescimento e lucro. As<br />

transformações mundiais trazem desafios a superar, obstáculos a vencer,<br />

oportunidades a conquistar.<br />

As <strong>empresas</strong> das nações em desenvolvimento não estão condenadas por uma<br />

pré-destinação a permanecer alijadas do processo de cooperação técnica e<br />

econômica internacional. Essas <strong>empresas</strong> devem e podem gerar, planejar e organizar<br />

a mudança. Definir estratégias e idéias não mais baseadas nos fatos do passado, mas<br />

prospectando e construindo um tempo novo a partir das transformações <strong>tecnológicas</strong><br />

e econômicas, do novo tempo da convivência capitalista. Nesse sentido, vale refletir<br />

sobre a importância da mudança: “Toda vez que você é tentado a reagir da mesma<br />

maneira de sempre, pergunte a si mesmo se deseja ser um prisioneiro do passado ou<br />

um pioneiro do futuro. O passado é fechado e limitado; o futuro é aberto e livre 'Ou<br />

somos prisioneiros do passado ou somos pioneiro do futuro' (CHOPRA, 1999, p.183).<br />

"Você vê as coisas e diz: Por quê? Mas eu sonho coisas que nunca existiram e digo<br />

por que não? (George B. Shaw).<br />

17


O processo de transformações econômicas e <strong>tecnológicas</strong> moder<strong>nas</strong> e a<br />

busca de melhores alternativas de reprodução do capital exigem novas estratégias<br />

para competir nos mercados nacional e internacional.<br />

O desafio que se apresenta às <strong>empresas</strong> que querem competir tanto no<br />

mercado doméstico como no mercado internacional é o de adotar tecnologia de<br />

informação, de gestão, de produção, de mercado e de organização corporativa que<br />

possibilitem a elas ter sucesso num mundo econômico em transformação (Porter;<br />

Hamel; Stamer; Cassiolato). A liberdade das trocas de fatores de produção, a<br />

adoção de um novo padrão de qualidade e produtividade, que poderá premiar com<br />

lucros crescentes as <strong>empresas</strong> mais eficientes, mais criativas, mais inovadoras. As<br />

<strong>empresas</strong> nacionais, regionais e locais em geral, peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong>, são mais<br />

flexíveis, mais ágeis e podem tirar proveito de sua maior capacidade de ajuste diante<br />

do quadro mundial de mudanças e transformações.<br />

Os impactos positivos do processo de globalização econômica para o setor<br />

produtivo são facilitados pelas proximidades geográficas e facilidades logísticas de<br />

movimentação de fatores produtivos. Os regionalismos econômicos, espaços sub-<br />

regionais e locais são elos facilitadores do processo de globalização, tanto para as<br />

<strong>empresas</strong> de pequeno e médio porte como para as <strong>empresas</strong> transnacionais.<br />

Constata-se, então, que o desenvolvimento de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

de base local e a conseqüente incorporação de inovações <strong>tecnológicas</strong> e do novo<br />

modo de organização da produção capitalista não são um processo de atuação<br />

desvinculado da globalização e dos regionalismos econômicos, mas estão<br />

intimamente imbricados neste novo modus operandi da economia mundial.<br />

Portanto, não se pode falar do global olhando ape<strong>nas</strong> as grandes <strong>empresas</strong>,<br />

oligopólios multinacionais ou transnacionais. É fundamental considerar no processo de<br />

desenvolvimento as <strong>empresas</strong> de pequeno e médio porte de bases locais que, embora<br />

produzam localmente, participam do processo capitalista universal de modernidade,<br />

inovação tecnológica, especialização, produtividade, eficiência e competitividade. Pode-<br />

18


se falar do local analisando os impactos das transformações econômicas mundiais,<br />

globais, sobre o local, regional e nacional e as contribuições do local para o global. Em<br />

síntese: "Pensar globalmente e agir localmente".<br />

Ao serem analisadas as transformações que ocorrem no local é preciso<br />

compreender como o mundo está se transformando e como o local incorpora e<br />

participa das transformações mundiais, mas também pensar como o global absorve<br />

as contribuições do local.<br />

O mundo mudou. A mudança é um processo permanente e contínuo. Às vezes<br />

lento, outras vezes rápido; muitas vezes planejado e desejado, outras vezes<br />

conturbado, não linear, caótico, mas, sempre um processo em constante mudança. É<br />

a sociedade humana em mudanças. Como já dizia a filosofia romana “os tempos vão<br />

mudando e nós vamos mudando com eles”. A análise e observação da sociedade<br />

humana, bem como da natureza, dizem respeito aos processos de mudanças.<br />

Mudanças na natureza mineral, na natureza vegetal, na natureza animal. Mudanças<br />

<strong>nas</strong> culturas, na organização da sociedade, no modo de produzir e de ser. O choque e<br />

a perplexidade da sociedade moderna não são dão com a mudança, mas com a<br />

rapidez e a intensidade das mudanças em curtos espaços de tempo.<br />

As transformações da sociedade moderna provocadas por uma onda de<br />

inovações <strong>nas</strong> tecnologias de comunicação e informática se ordenam em um novo<br />

modo de organização da produção capitalista, causada pela evolução da<br />

comunicação e informática, sendo ao mesmo tempo causa e fator causante de<br />

mudanças. (Roberto Campos)<br />

E o novo modo de organização da produção capitalista se caracteriza por ser<br />

portador de:<br />

a) um padrão de especialização e escala de produção de qualidade e<br />

produtividade, que neste trabalho muitas vezes será sintetizado pela<br />

expressão “reconversão produtiva”;<br />

19


) um novo processo de localização territorial das unidades de produção tanto<br />

nos espaços geográficos internacionais como também nos espaços<br />

geográficos nacionais. Este processo, neste trabalho, será sintetizado pela<br />

expressão “relocalização industrial”. O que sintetiza o processo de mudanças<br />

de "uniplantas" para "multiplantas" sediadas em diferentes espaços<br />

geográficos de um país ou em diferentes nações ao redor do mundo;<br />

c) um processo de redução de custos, redução de desperdícios, otimização do<br />

uso dos recursos materiais, humanos, financeiros, tecnológicos, sintetizado<br />

pela expressão “racionalização do uso dos fatores de produção”;<br />

d) um intenso e veloz processo de invenções e inovações <strong>tecnológicas</strong>,<br />

implicando a morte e vida de produtos, tecnologias, e <strong>empresas</strong>,<br />

provocado pela redução dos ciclos de vida das tecnologias, dos produtos e<br />

das <strong>empresas</strong> sintetizado pela expressão “inovação tecnológica”;<br />

e) mudanças nos padrões de competitividade significando maior ou menor<br />

participação nos mercados nacionais e/ou mercados internacionais, com<br />

conseqüente mudanças nos padrões de lucros das <strong>empresas</strong> e alterações<br />

nos padrões de consumo das diferentes estratificações dos consumidores.<br />

f) mudanças nos padrões de organização capitalista da produção, que sintetiza<br />

a passagem de <strong>empresas</strong> autônomas, de atuação solo, independentes para<br />

<strong>empresas</strong> interdependentes, complementares, economicamente integradas,<br />

atuando em redes, clusters, distritos <strong>industriais</strong>, alianças e cooperação.<br />

As inovações <strong>tecnológicas</strong> e a capacidade de as entidades e <strong>empresas</strong>, em<br />

diferentes economias nacionais, absorverem, gerarem e irradiarem o progresso<br />

técnico provocando a reconversão produtiva e um novo padrão de qualidade,<br />

produtividade e ganhos na participação no mercado, isto é, de competitividade é que<br />

irão determinar o processo de crescimento e sobrevivência das <strong>empresas</strong>, um novo<br />

estágio no desenvolvimento dos países, das regiões e dos locais e um novo padrão<br />

20


de qualidade de vida para os cidadãos a partir de oportunidades de trabalho,<br />

emprego, renda, produto e a conseqüente melhoria na qualidade de vida.<br />

Esse conjunto de mudanças provoca um rearranjo no processo de relações<br />

interempresariais e intra-empresariais. O processo organizativo das <strong>empresas</strong> passa<br />

por novos modos de conformação institucional, por meio de cooperação, parcerias,<br />

alianças, competição. Clientes, produtores, fornecedores, distribuidores, financiadores,<br />

prestadores de serviços e consumidores encontram novas maneiras de sobrevivência<br />

e crescimento em processos de interdependência, interatividade, complementação,<br />

cooperação e também no acirramento das competições.<br />

Os trabalhadores e as organizações aprendem a aprender. Isto é, aprendem a<br />

compreender, interpretar, antever, preparar a mudança, ser agente ativo dessa<br />

mudança, ou seja, autor da própria estratégia de crescimento, sobrevivência e lucro.<br />

Os mercados nacionais e internacionais deixam de ser dois mercados distintos<br />

e como conseqüência da redução das distâncias, da facilidade das comunicações,<br />

dos novos padrões de incorporação de tecnologias, qualidade, produtividade e<br />

racionalidade de custos. As mudanças trazidas pelo processo de globalização tornam-<br />

se simplesmente um mercado unificado para produtos e serviços, independendo da<br />

origem geográfica territorial que tenham sido produzidos, mas sim vinculados às<br />

incorporações <strong>tecnológicas</strong> e às racionalidades de custos com que são produzidos.<br />

A capacidade de participação no mercado, isto é, a competitividade é<br />

conquistada e mantida pela incorporação de tecnologia e racionalidade no uso dos<br />

fatores de produção.<br />

A revolução dos transportes, isto é, maiores volumes de cargas, a distâncias<br />

maiores, com velocidades maiores, e redução dos tempos e dos espaços geográficos,<br />

dos custos unitários das cargas transportadas tornam possíveis relocalizações das<br />

unidades de produção das grandes <strong>empresas</strong> nacionais e internacionais em diferentes<br />

territórios do globo terrestre.<br />

21


Isso leva à constatação da intensificação do processo de universalização dos<br />

capitais produtivos mediante investimentos das <strong>empresas</strong> multinacionais em<br />

diferentes espaços geográficos nacionais. Mas, igualmente, permite que as<br />

<strong>empresas</strong> locais possam participar dos processos produtivos mundiais incorporando<br />

novas tecnologias de produção e gerando novos produtos para os mercados. O<br />

gráfico anexo mostra o crescimento dos fluxos de investimentos externos diretos<br />

(IEDI) ocorridos nos últimos anos.<br />

GRÁFICO 1 - INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS DIRETOS (IED) - 1991-2000<br />

O processo de competição atual já não separa mais os mercados em<br />

mercados locais, regionais, nacionais ou internacionais, mas os iguala em mercados<br />

globalizados e universais como arena de competição e espaço de oportunidades de<br />

lucros. Este fato pode ser observado pelo crescimento do comércio internacional no<br />

gráfico 2.<br />

22


GRÁFICO 2 - EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES MUNDIAIS - 1950/2002 (1)<br />

7.000<br />

6.500<br />

6.000<br />

5.500<br />

5.000<br />

4.500<br />

4.000<br />

3.500<br />

3.000<br />

2.500<br />

2.000<br />

1.500<br />

1.000<br />

500<br />

0<br />

(1) 2001 e 2002 - Estimativa FMI com base nos dados até setembro de 2002.<br />

A sobrevivência não é então um ato isolado da empresa. Mas, um processo em<br />

rede, interdependente, interativo, complementar. A capacidade de competir deixa de<br />

ser uma conquista endógena da empresa e passa a ser cada vez mais uma conquista<br />

sistêmica entre governo, <strong>empresas</strong> nacionais e transnacionais, <strong>empresas</strong> de grande<br />

ou pequeno porte, financiadores, fornecedores, distribuidores e produtores.<br />

Em decorrência, têm-se duas constatações, os capitais mundiais se<br />

globalizam, se universalizam, ocupando todos os espaços. Mas as <strong>empresas</strong> locais<br />

que incorporam tecnologias adequadas geram tecnologias próprias e irradiam<br />

tecnologias, tornam-se participantes ativas de uma rede de <strong>empresas</strong>, de um<br />

processo de cooperação empresarial e também produzem para mercados mundiais.<br />

Neste sentido, os estudos desenvolvidos por Casarotto (1988, p.11) permite afirmar:<br />

A desverticalização dos ciclos de produção, rompendo as cadeias integradas de<br />

origem fordista, criou um espaço para a pequena empresa, também nos setores de<br />

tecnologias avançada. E o crescimento do mercado acessível agora de qualquer parte<br />

do mundo, provocou um processo de crescimento da variedade de produtos, que abre<br />

novos espaços às peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> que souberem se inserir, de forma<br />

inteligente e maleável, nos muitos nichos abertos ao desenvolvimento.<br />

23


Ainda para destacar a importância do local na participação da competição global<br />

e para ressaltar a importância do ajustamento estratégico da pequena e média<br />

empresa ao processo de globalização e competição mundial, Casarotto (1988, p.12)<br />

analisa que “A globalização ou competição total, não é tanto correspondente à<br />

capacidade de concorrer individualmente com o produto no mercado. É mais uma<br />

competição entre os sistemas locais que se relacionam de forma aberta com o<br />

mundo”. Dessa forma, “A pequena empresa, operando de modo individualizado, não<br />

mais pode servir como um modelo empresarial para o futuro. Ela deve, além de<br />

manter os fatores de sucesso experimentados e utilizados até agora, dar um salto de<br />

qualidade equiparando-se em um sistema local aberto, para investir em velocidade e<br />

responsabilidade, inserindo-se em redes relacionais”. (CASAROTTO, 1998 p.12).<br />

Portanto, observa-se que mercados locais ou mundiais tendem a ficar mais<br />

iguais nos seus padrões de exigências de qualidade, custos e preços, diversificação,<br />

atendimento às necessidades dos consumidores, pessoas físicas e pessoas jurídicas<br />

e <strong>empresas</strong>, com padrões de qualidade, produtividade e eficiência que dão aos seus<br />

produtos a oportunidade de participarem do mercado mundial. Conseqüentemente,<br />

tem-se uma situação de <strong>empresas</strong> locais de pequeno e médio porte incorporar<br />

tecnologias, gerar tecnologias e produtos, irradiar tecnologias e participar<br />

competitivamente dos mercados mundiais.<br />

Essas alterações no modo de produção e organização da sociedade capitalista<br />

implicam mudanças <strong>nas</strong> condições de competitividade dos países e das <strong>empresas</strong>.<br />

O conceito de competitividade internacional consiste na capacidade adquirida<br />

pelos agentes econômicos para acompanhar o ritmo do progresso técnico e utilizar<br />

eficientemente o acervo de conhecimentos disponível pela sociedade contemporânea<br />

(ARAUJO, 1994, p.85).<br />

O processo de globalização tem levado as <strong>empresas</strong> à redefinição de suas<br />

estratégias de atuação, o que implica a constante preocupação de atualizar as linhas<br />

de produção, buscar novos métodos de produção racionalizando custos, buscando<br />

24


eficiência e flexibilidade operacional. Ao ampliar o processo de ajustamento diante<br />

da nova realidade do sistema econômico mundial, as <strong>empresas</strong> se reestruturam<br />

organizacional e administrativamente, concentrando atividades no negócio principal,<br />

descentralizando processos, procurando alianças, parcerias e cooperação<br />

estratégica. Casarotto afirma que: “Num mundo globalizado e altamente competitivo<br />

como o atual, só o associativismo e a união são o caminho para as peque<strong>nas</strong><br />

<strong>empresas</strong> conseguirem força competitiva” (CASAROTTO, 1998, p.14). E alerta:<br />

Qualquer empresa pode ter a surpresa de, a cada momento, ver aparecer um<br />

concorrente no mundo produzindo melhor e mais barato. As mudanças são rápidas,<br />

muitas <strong>empresas</strong> não conseguem acompanhar o novo ritmo e quebram, demitem,<br />

geram desemprego. Culpam cargas tributárias, e os governos, que por sua<br />

vez, também querem reduzir o Estado: demitem, gerando mais desemprego.<br />

(CASAROTTO, 1998, p.18).<br />

A base da globalização do capital está no processo de reprodução intensivo e<br />

extensivo do capital. Desde os grandes descobrimentos do século XV em diante, até<br />

o final do século XX, o capitalismo passou por constantes movimentos de expansão<br />

e multiplicação. "Como um sistema vivo e em constante expansão, o capitalismo<br />

existe há cerca de 500 anos. Sempre foi internacional em seu escopo e durante os<br />

dois ou três últimos séculos alcançou dimensões globais." (SWEEZY, 1990, p.18).<br />

A história do capitalismo pode ser vista como a história da mundialização, da<br />

globalização, da internacionalização do mundo.<br />

É inegável, pois, que o capitalismo, reformado e reestruturado em suas décadas de<br />

crise, mais uma vez provou que continua a ser a força mais dinâmica no<br />

desenvolvimento mundial – conforme Marx previu que ele seria – gerando<br />

contradições inter<strong>nas</strong> acompanhadas de periódicas épocas de crise e reestruturação.<br />

(HOBSBOWM, 1995. p.57).<br />

O capitalismo nunca esteve limitado às fronteiras nacionais, mas sempre<br />

apresentou características internacionais, mundiais, desenvolvidas no mercantilismo,<br />

no colonialismo, no imperialismo, na independência (IANNI, 1996, p.14).<br />

25


Enquanto que o capital, por um lado, deve tender a destruir toda barreira espacial<br />

oposta ao comércio, isto é, ao intercâmbio, e a conquistar toda a Terra como um<br />

mercado, por outro lado tende a anular o espaço por meio do tempo, isto é, a reduzir<br />

a um mínimo o tempo tomado pelo movimento de um lugar a outro. Quanto mais<br />

desenvolvido o capital, quanto mais extenso é, portanto, o mercado em que circula,<br />

mercado que constitui a trajetória especial de sua circulação, tanto mais tende<br />

simultaneamente a estender o mercado e a uma maior anulação do espaço através<br />

do tempo. (...) Aparece aqui a tendência universal do capital, o que o diferencia de<br />

todas as formas anteriores de produção. (MARX, 1971-1976, p.30-31).<br />

Ainda nesse sentido:<br />

A necessidade de mercados cada vez mais extensos para seus produtos impele a<br />

burguesia para todo o globo terrestre. Ela deve estabelecer-se em toda parte, instalarse<br />

em toda parte, criar vínculos em toda parte. Através da exploração do mercado<br />

mundial, a burguesia deu um caráter cosmopolita à produção e ao consumo de todos<br />

os países. Para grande pesar dos reacionários, retirou de baixo dos pés da indústria o<br />

terreno nacional. As antigas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a ser<br />

destruídas a cada dia. São suplantadas por novas indústrias, cuja introdução se torna<br />

uma questão de vida ou morte para todas as nações civilizadas; indústrias que não<br />

mais empregam matérias-primas locais, mas matérias-primas provenientes das mais<br />

remotas regiões, e cujos produtos são consumidos não somente no próprio país, mas<br />

em todas as partes do mundo. Em lugar das velhas necessidades, satisfeitas pela<br />

produção nacional, surgem necessidades novas, que para serem satisfeitas exigem<br />

os produtos das terras e dos climas mais distantes. Em lugar da antiga autosuficiência<br />

e do antigo isolamento local e nacional, desenvolve-se em todas as<br />

direções um intercâmbio universal, uma universal interdependência das nações. E<br />

isso tanto na produção material quanto na intelectual. Os produtos intelectuais de<br />

cada nação tornam-se patrimônio comum. A unilateralidade e a estreiteza nacionais<br />

tornam-se cada vez mais impossíveis, e das numerosas literaturas nacionais e locais<br />

forma-se uma literatura mundial. (MARX, ENGELS, 1988, p.69-70).<br />

A mundialização do capital encontra raízes ao longo do processo de<br />

desenvolvimento e do espraiamento do capitalismo pelo mundo. A estratégia de<br />

redução de custos, de busca da eficiência e de novas oportunidades de lucros, é<br />

uma necessidade do capitalismo universal.<br />

26


Nesse quadro, como o processo de globalização, isto é, a economia do<br />

conhecimento, o novo modo de organização da produção capitalista interfere na<br />

definição de estratégias das <strong>empresas</strong> privadas, especialmente estratégias de<br />

qualidade, produtividade, competitividade e de inovação tecnológica? O que está em<br />

jogo é a competitivade, ou seja, a participação no mercado nacional e internacional<br />

(PORTER, 1992).<br />

Utilizando estudo desenvolvido por Oman (1992, p.162-63), pode-se entender<br />

globalização como o movimento acelerado por meio das barreiras nacionais e<br />

regionais de bens econômicos que incluem pessoa, produtos e capital. É um<br />

movimento centrífugo impulsionado por estratégias de agentes econômicos<br />

individuais; <strong>empresas</strong>, bancos, que podem ter suas ações facilitadas ou dificultadas<br />

por decisões do governo, mediante a desregulamentação financeira, redução das<br />

barreiras comerciais, ou por desenvolvimento das tecnologias de comunicação,<br />

informática, transportes que, alcançando padrões novos de eficiência, reduzem os<br />

tempos entre as distâncias geográficas. Conforme figura 1 pode-se constatar que<br />

globalização e regionalismo fazem parte do mesmo fenômeno capitalista. Os capitais<br />

<strong>nas</strong>cem locais, inovam para atender às necessidades dos consumidores locais. À<br />

medida que se tornam eficientes vão crescendo, necessitam de mercados<br />

ampliados, então o capital se globaliza e se mundializa.<br />

O mesmo capital que se globaliza é atraído pelos diferentes blocos, países,<br />

regiões. E ao se localizar em um novo espaço local de produção se reproduz com<br />

um novo padrão de competição. E entre a migração do local original de acumulação<br />

do capital (Centro) e o novo espaço de produção (região ou periferia) se estabelece<br />

uma competição localizacional do capital visando atraí-lo para que contribua com o<br />

desenvolvimento econômico e social do local.<br />

27


FIGURA 1 - MIGRAÇÕES DE CAPITAIS<br />

GLOBALIZAÇÃO REGIONALISMOS<br />

&$3,7$,6<br />

&2035$6<br />

9(1'$6<br />

'$ 352'8d®2<br />

'$6 ,167,78,d¯(6<br />

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$63(&726 (&21Ñ0,&26<br />

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$PSOLDomR GD FDSDFLGDGH GH SURGXomR<br />

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(;38/6®2 '2 &$3,7$/<br />

FONTE: O autor<br />

2SRUWXQLGDGHV GH OXFUR<br />

&RQGLo}HV FRPSHWLWLYDV ORFDLV<br />

/RJtVWLFD<br />

0HUFDGRV<br />

3ROtWLFDV JRYHUQDPHQWDLV<br />

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,QFHQWLYRV<br />

$75$d®2 '2 &$3,7$/<br />

Charles Oman, Coordenador do Programa de Pesquisa do Centro de<br />

Desenvolvimento da OCDE – Organização de Cooperação e Desenvolvimento<br />

Econômico (OMAN, 1994, p.6-15), estudando o processo de globalização na década<br />

de 80 e início dos anos 90, elucida que "O processo da globalização da atividade<br />

empresarial dá origem a dois fenômenos: aumento da competição global entre<br />

<strong>empresas</strong> e o processo de cooperação e alianças empresariais (OMAN, 1994, p.8).<br />

Analisando o mesmo fenômeno da globalização e dos regionalismos, Agosin e<br />

Tussie concluem que: "As ligações entre <strong>empresas</strong> e diferentes economias vêm<br />

crescendo em ritmo acelerado. Estas ligações incluem acordos e subcontratação,<br />

investimentos cruzados, participação acionária, acordos de licenciamento, etc."<br />

(AGOSIN e TUSSIE, 1993, p.47-62).<br />

28


Os fatos econômicos, sociais e políticos da globalização mostram o<br />

crescimento da importância das interdependências empresariais na busca de<br />

estratégias de redução das incertezas, busca de alternativas de sobrevivência,<br />

crescimento e lucro. É possível, portanto, entender a globalização como um<br />

fenômeno impulsionado pelas estratégias e comportamento das <strong>empresas</strong>, que<br />

procuram melhoria de qualidade, de produtividade, a redução dos desperdícios para<br />

melhorar participação de mercado, isto é, competitividade e ampliação de lucros.<br />

Para Oman, “Globalização é um fenômeno microeconômico, de estratégias de<br />

<strong>empresas</strong>, apoiadas pelo governo, através de desregulamentação, liberalização<br />

(redução de barreiras ao comércio) e impulsionadas por novas tecnologias de<br />

transporte, comunicação e informação”. (OMAN, 1992, p.162).<br />

A força motriz da globalização é constituída pelo amadurecimento e pela<br />

difusão internacional do novo sistema de organização empresarial e interempresarial<br />

freqüentemente citado como organização flexível, enxuta ou competitiva. Este<br />

processo está se difundindo de maneira desigual tanto geograficamente como<br />

dentro dos setores econômicos. Porém, a força competitiva do novo modelo de<br />

organização empresarial coloca em crise o sistema de produção em massa da<br />

organização industrial “fordista” ou “taylorista”, cujo desenvolvimento e difusão<br />

internacional possibilitou o crescimento e a acumulação de capital em escala global<br />

durante a maior parte do século XX.<br />

Agosin e Tussie afirmam que as ligações não acionárias entre <strong>empresas</strong> em<br />

diferentes países mostram que a produção e a distribuição estão cada vez mais<br />

sendo feitas dentro de redes internacionais de <strong>empresas</strong> (AGOSIN e TUSSIE, 1993,<br />

p.47-62).<br />

A internacionalização das finanças está dificultando a distinção entre mercados<br />

nacional e internacional, pois com a globalização o mercado tende a ser um só<br />

(AKYUS, citado por AGOSIN e TUSSIE, 1993, p.51).<br />

29


O alcance global das companhias multinacionais significa que os países ficam<br />

próximos como substitutos localizacionais. A capacidade de as <strong>empresas</strong> globais<br />

transferirem e diversificarem a produção regionalmente como parte de suas<br />

atividades mundiais foi acompanhada de uma crescente competição entre os países.<br />

As vantagens competitivas criadas pelo homem via inovações <strong>tecnológicas</strong> e<br />

estímulos governamentais fazem com que a competição localizacional entre os<br />

países surja como uma nova forma de competição cada vez mais acirrada. Por<br />

competição localizacional entende-se a competição que ocorre entre diferentes<br />

países para atrair novos investimentos. Os diferentes países competem entre si via<br />

“leilão de ofertas de vantagens”, “guerra fiscal”, visando seduzir os investidores.<br />

O processo de globalização impõe pressões crescentes aos governos<br />

nacionais para liberalizar as políticas relativas às transações internacionais e para<br />

alinhar suas políticas e sistemas reguladores em um crescente número de áreas,<br />

algumas delas bem distanciadas de preocupações comerciais.<br />

Outro fenômeno observado na economia internacional moderna é o crescente<br />

processo de integração econômica internacional via acordos internacionais de<br />

comércio que dão origem aos regionalismos econômicos internacionais.<br />

Conclui-se, também, que a globalização induz a intensificação do processo de<br />

complementação regionais. Portanto, globalização e regionalização não são fenômenos<br />

contraditórios e conflitantes, mas complementares e interdependentes. A globalização<br />

leva à redução da distância econômica entre os países e regiões e aumenta e<br />

interdependência entre países, regiões e os diferentes agentes econômicos.<br />

Portanto, global e local tratam do mesmo fenômeno capitalista, isto é, de<br />

estratégia de empresa na busca do lucro, que migra do seu espaço local, nacional<br />

para espaços territoriais internacionais na busca de um novo espaço local onde o<br />

capital possa se reproduzir com lucros maiores. E as <strong>empresas</strong> têm um ponto comum<br />

em todos os locais, a busca de eficiência, eficácia e efetividade, produzindo e<br />

prestando serviços com qualidade, produtividade visando conquistar competitividade.<br />

30


2.2 Globalização e a Estratégia de Inserção Internacional da Economia<br />

Brasileira<br />

As transformações técnicas e econômicas ocorridas no mundo de maneira<br />

lenta na década de 1970, porém num processo em constante aceleração na década<br />

de 1980 e nos anos 90, dão um novo direcionamento aos fluxos internacionais dos<br />

investimentos diretos internacionais, do comércio internacional, dos movimentos<br />

financeiros, de crédito, de financiamentos, de mercado de capitais, ou simplesmente<br />

especulativos.<br />

Esse processo ocorre de maneira intensa entre os países da tríade econômica<br />

(Europa, USA e Japão) e em alguns países em desenvolvimento, como China e<br />

aqueles do sudeste asiático (Coréia do Sul, Taiwan, Formosa, Hong Kong).<br />

A América Latina tem permanecido isolada do processo transformador da<br />

economia internacional, dos movimentos de capitais, dos investimentos, das<br />

incorporações de tecnologias, da dinâmica do comércio mundial. Assiste perplexa<br />

aos movimentos internacionais; não participa, não tira proveito, acentua o seu grau<br />

de marginalização na economia internacional.<br />

As causas dessa apatia econômica são decorrentes do modelo histórico de<br />

substituição de importações; dos desequilíbrios dos regimes políticos internos; de<br />

políticas econômicas desajustadas em relação ao vendaval das transformações<br />

mundiais; da insistência na condução de políticas autônomas e independentes<br />

de desenvolvimento quando o quadro internacional era de crescente processo<br />

de interdependência.<br />

Ocorre uma concentração dos movimentos internacionais de capitais entre os<br />

países da OCDE com conseqüente estreitamento dos elos de interdependência e<br />

integração econômica, que acontece mediante fusões, incorporações de empresa,<br />

joint-ventures, acordos de cooperação, crescimento do comércio intra-indústria<br />

e intrafirma.<br />

31


Como afirma Coutinho (1996, p.227): "Enquanto há uma retomada da<br />

dinâmica econômica intra OCDE, a América Latina, permanece à deriva".<br />

Quais as razões dessa apatia econômica, dessa omissão, para o caso da<br />

economia brasileira? Estudos de Coutinho apresentam as seguintes razões:<br />

a) a crise da dívida externa marginaliza o Brasil do mercado internacional;<br />

b) a desorganização das finanças públicas agrava a instabilidade econômica<br />

interna, reduz a capacidade de o Estado coordenar organizadamente o<br />

desenvolvimento nacional. A crise de incerteza e insegurança que se<br />

abate sobre o mercado nacional afugenta investimentos internacionais que<br />

poderiam fluir para o Brasil, e, mais grave ainda, provoca uma evasão de<br />

recursos nacionais e internacionais que estavam no país;<br />

c) a perda do dinamismo da economia brasileira nos anos 80, com queda dos<br />

investimentos nacionais, queda na taxa de poupança interna, queda <strong>nas</strong><br />

exportações para países desenvolvidos em função da baixa incorporação das<br />

novas tecnologias de transformação e organização e conseqüentemente<br />

perda da competitividade internacional;<br />

d) a redução das liberdades na condução das políticas nacionais, em<br />

conseqüência dos conflitos comerciais interblocos (Europa, USA, Japão) e<br />

políticas agressivas dos USA em relação às exigências de maiores<br />

liberdades comerciais para produtos de <strong>empresas</strong> america<strong>nas</strong>;<br />

e) a transferência de recursos financeiros para pagamentos de credores<br />

internacionais com redução da capacidade de investimentos nacionais e<br />

da oportunidade de modernização do parque produtivo nacional e da<br />

realização de investimentos na infra-estrutura necessária para retomada<br />

dos investimentos nacionais.<br />

Mudanças nos fluxos internacionais de capitais e nos processos de<br />

globalização a partir da década de 1990 criam para o Brasil a oportunidade de<br />

reajustar a estratégia de inserção na economia internacional. Mas, são as mudanças<br />

32


no quadro político e econômico inter<strong>nas</strong> ao Brasil que permitem visualizar um<br />

horizonte com mais luzes e esperanças. A redução das pressões da dívida externa<br />

são atenuadas. E a partir de 1990 a abertura econômica e as políticas de<br />

estabilização da economia brasileira modificam a posição estratégica do Brasil<br />

diante da economia internacional.<br />

GRÁFICO 3 - ENTRADA DE INVESTIMENTOS DIRETOS NO BRASIL 1991-2001<br />

FONTE: UNCTAD<br />

O novo cenário nacional é de abertura econômica, de estabilização da<br />

economia, de modernização, de incorporação de novas técnicas de produção, de<br />

busca de alternativas para redução do custo Brasil, de aumento de produtividade e<br />

competitividade. É um cenário de estímulo à entrada de capitais externos, de<br />

estímulo ao aumento da eficiência e da competitividade da empresa nacional e de<br />

estímulo ao processo de internacionalização das <strong>empresas</strong> brasileiras.<br />

33


2.2.1 Brasil e a Estratégia de Inserção Econômica Internacional<br />

O Brasil percebe tardiamente as transformações produtivas mundiais. Durante<br />

toda a década de 1980 continua mantendo sua economia fechada, mesmo quando a<br />

economia internacional estava vivenciando um intenso e profundo processo de<br />

internacionalização e cooperação.<br />

O Brasil, no início da década de 1990, inicia um processo de mudanças da<br />

política econômica nacional e de suas estratégias de inserção na economia<br />

internacional, visando recuperar os espaços perdidos e projetar um novo cenário de<br />

orientação estratégica para ajustes do setor produtivo nacional aos novos desafios e<br />

oportunidades trazidas pelas grandes transformações da conjuntura internacional.<br />

O Brasil estabilizou sua economia num sistema rigorosamente democrático e<br />

vem implementando reformas estruturais que potencializarão esses avanços, tanto<br />

no plano político como econômico. Ética e cidadania, desregulamentação,<br />

privatização, modernização, redução do tamanho do Estado são hoje alguns dos<br />

principais temas que ocupam a atenção do Congresso Nacional brasileiro<br />

(BARBOSA, 1996, p.70).<br />

O ajuste interno da economia, a definição de regras estáveis que orientem o<br />

papel estratégico do setor produtivo nacional e internacional, a redefinição do papel<br />

do Estado não mais como especulador no processo econômico, mas como<br />

estimulador da modernidade, participante do processo de conquista de<br />

competitividade nacional e internacional torna o Estado brasileiro elemento<br />

imbricado na conquista da competitividade sistêmica. O Estado não é mais um<br />

parceiro eventual, ou um parceiro a ser evitado, mas é um parceiro intimamente<br />

imbricado no processo de melhoria da qualidade, produtividade, competitividade.<br />

Segundo a diplomacia brasileira, a globalização é uma tendência irreversível<br />

impulsionada pela dinâmica do mercado internacional e pelas novas tecnologias de<br />

comunicações. As fronteiras deixam de ser obstáculos intransponíveis e passam a ser<br />

janelas de oportunidade para a interpenetração e mundialização dos fluxos comerciais e<br />

34


de investimentos, apoiados por adequadas políticas inter<strong>nas</strong> de desenvolvimento e<br />

racional aproveitamento dos recursos naturais disponíveis. Portanto, a política externa<br />

brasileira nos aspectos econômicos é de abertura econômica, flexível às<br />

transformações internacionais e de estímulo à incorporação de novos padrões de<br />

produtividade e competitividade que permitam a presença competitiva das <strong>empresas</strong><br />

brasileiras e de seu produtos na economia internacional. A globalização é cada vez<br />

mais indispensável à coerência da política nacional de desenvolvimento coordenada<br />

com uma correta estratégia de inserção competitiva na economia internacional.<br />

A globalização resulta da estratégia de expansão das grandes firmas<br />

transnacionais, enquanto o regionalismo resulta das ações do Estado combinadas<br />

com os interesses capitalistas das <strong>empresas</strong> no aproveitamento de oportunidades<br />

econômicas e na promoção do desenvolvimento econômico e social de uma região.<br />

A competitividade internacional de uma economia não pode ser obtida, por certo, sem<br />

referência aos preços do mercado externo, nem tampouco sem o acesso às<br />

tecnologias de fora que o jogo exportações/importações permite. Nada disso pode ser<br />

conseguido sem a abertura da economia ao mercado internacional. Mas é preciso ter<br />

presente que a estratégia de desenvolvimento e sua força impulsionadora hão de<br />

repousar na competitividade e dinamismo da economia nacional. É esta que cria seus<br />

próprios imperativos de abertura, concorrência, desregulamentação, privatização,<br />

estabilidade macroeconômica e reforma estrutural. (...) A abertura de uma economia à<br />

concorrência internacional deve ser conduzida como parte de um compromisso, de<br />

um projeto nacional que vise ao fornecimento das reformas estruturais inter<strong>nas</strong>.<br />

(OLIVEIRA, 1985, p.214).<br />

Como se pode ver, a abertura econômica e a incorporação de novos padrões<br />

de produção e organização não são ape<strong>nas</strong> opção alternativa que uma nação usa<br />

se quiser. Mas, diante de uma economia globalizada, de processos produtivos<br />

interdependentes, de rápidas e intensas mudanças <strong>tecnológicas</strong>, a abertura<br />

econômica e a racionalidade de produção e organização seguindo padrões das<br />

economias internacionais mais dinâmicas passam a ser condição indispensável para<br />

a evolução e o progresso.<br />

35


A busca de maior competitividade na produção implica a especialização<br />

produtiva e a incorporação de tecnologias atuais. Segundo Baumann, a vantagem<br />

competitiva baseada nos custos de fatores perde sentido quando o progresso<br />

técnico permite que países concorrentes superem diferenças nos custos de<br />

produção. Os intensos e rápidos processos de invenções e inovações <strong>tecnológicas</strong> e<br />

a redução do ciclo de vida das tecnologias e dos produtos também trazem<br />

mudanças no processo de transferência internacional de tecnologias. Os mercados<br />

tornam-se mais integrados e a ação do governo nos tempos atuais é de<br />

envolvimento, comprometido com o setor produtivo nacional, com o objetivo comum<br />

de construir vantagens competitivas conquistadas para competir no mercado<br />

nacional e no mercado internacional.<br />

Além disso, considerando que o processo produtivo é conseguido mediante<br />

combinações mais eficientes de insumos domésticos, insumos internacionais e<br />

conhecimentos técnicos transacionados no mercado internacional, as economias de<br />

escala não são conseqüência ape<strong>nas</strong> da expansão do mercado doméstico, mas das<br />

oportunidades que a conquista e abertura de novos mercados internacionais<br />

representam. A abertura econômica é a oportunidade de internalizar conhecimentos e<br />

insumos mais competitivos e de participar com mais eficiência e racionalidade tanto<br />

dos mercados nacionais como dos mercados internacionais. Abertura econômica e<br />

cooperação empresarial não constituem opção. São decisões indispensáveis para a<br />

sobrevivência e desenvolvimento de estratégia nacional e empresarial.<br />

2.3 Globalização e o Desenvolvimento Local (Local-Global-Local)<br />

2.3.1 Importância do Local Diante do Global<br />

O capital é global, mas a produção é local. Os sonhos e a existência são<br />

universais. O espaço físico de vida é temporal e territorial. As tecnologias são<br />

universais, mas se manifestam na sociedade mediante as transformações sociais e de<br />

36


produtos locais. Como as sociedades (comunidades) locais evoluem incorporando<br />

padrões tecnológicos universais, mas produzindo localmente para mercados regionais,<br />

nacionais, e internacionais é o que está sendo discutido nesta fase.<br />

O agente ativo e passivo do desenvolvimento é o homem, o indivíduo, enquanto<br />

célula básica de uma sociedade. Só o indivíduo desenvolvido poderá construir uma<br />

sociedade desenvolvida. Só uma sociedade desenvolvida pode garantir o progresso,<br />

o desenvolvimento de uma nação, de um povo. O desenvolvimento do indivíduo, da<br />

sociedade, da comunidade e de uma nação é um processo de evolução e de<br />

mudanças contínuas, de instabilidade, de ansiedades, de busca permanente de uma<br />

nova maneira de ser. (CARON, 1996, p.13).<br />

Globalização em todo este projeto é entendida como estratégia das empresa<br />

na busca do lucro. A empresa para se manter competitiva se relocaliza nos espaços<br />

territoriais mundiais, se reconverte produtivamente, passando de um estágio de<br />

qualidade e produtividade menor para um estágio de inovações intensas e<br />

constantes na busca da redução dos custos, da incorporação de invenções e<br />

inovações para se manter competitiva no atendimento às necessidades dos clientes<br />

pessoas físicas e pessoas jurídicas e conquistar volumes de lucros crescentes.<br />

Para Albagli (1999, p.185), "A globalização corresponde a um alongamento<br />

das relações entre o local/presente e o distante/ausente, por meio das redes, que<br />

estabelecem interações e conexões que perpassam o conjunto do planeta".<br />

Complementando tal noção, observa-se que:<br />

A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em<br />

escala mundial que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos<br />

locais são modelados por eventos ocorrendo a milhas de distância e vice-versa. Este<br />

é um processo dialético por que tais acontecimentos locais podem se deslocar numa<br />

direção anversa às relações muito distanciadas que os modelam. A transformação<br />

local é tanto uma parte da globalização quanto a extensão lateral das conexões<br />

sociais através do tempo e do espaço. (GIDDENS, 1991, p.32, citado por ALBAGLI,<br />

1999 p.185).<br />

37


Nesse cenário, é fundamental compreender que o mercado, as tecnologias, os<br />

capitais são globais, mas a produção é local. As <strong>empresas</strong> querem lucro e lutam<br />

bravamente para melhoria de eficácia, eficiência para ampliar mercados e ampliar o<br />

volume de lucro. Os espaços geográficos locais, as comunidades, são os espaços<br />

onde estão as comunidades de cidadãos que querem melhores condições de vida,<br />

oportunidades para crescerem e se desenvolverem como pessoas e, portanto,<br />

precisam de trabalho e renda para se reproduzir melhor. Aqui se dá a confluência<br />

dos interesses, <strong>empresas</strong> que produzem localmente para oportunidades lucrativas<br />

mundiais e cidadãos que vivem localmente e querem as oportunidades universais de<br />

desenvolvimento e melhoria da vida como seres humanos e como cidadãos.<br />

Casarotto aponta para a bifurcação de interesses: "Enquanto o processo de<br />

globalização se expressa na crescente competição transnacional, o de<br />

regionalização social compreende um crescente esforço das sociedades regionais<br />

para configurar e sustentar seu projeto de desenvolvimento." (CASAROTTO FILHO,<br />

1998, p.86). Mas, entende que "Viabilizando esses dois processos contraditórios,<br />

globalização e regionalismo, emerge o terceiro processo, muito dinâmico, a<br />

descentralização política, que resulta em também crescente flexibilização das<br />

relações entre os agentes de desenvolvimento." (CASAROTTO FILHO, 1998, p.86).<br />

Como se pode observar no cenário de globalização e abertura econômica, a<br />

eficiência, a modernização é um processo que permeia toda a estrutura organizativa<br />

da sociedade. Governo, <strong>empresas</strong>, sistema de educação se renovam, se<br />

modernizam num processo universal de evolução e aprimoramento.<br />

A globalização obriga o estabelecimento de processos eficazes de manutenção de um<br />

alto nível de competitividade, não somente das <strong>empresas</strong>, mas do sistema econômico<br />

total: os produtos, as <strong>empresas</strong> e o tecido econômico e institucional do ambiente<br />

relacional das <strong>empresas</strong>. Esse requisito está baseado na necessidade de conquistar<br />

vantagens competitivas que permitam a conquista de mercados novos e/ou<br />

representem a defesa à exposição competitiva determinada pela abertura do<br />

mercado. (CASAROTTO FILHO, 1998, p.86).<br />

38


A capacidade de o local se tornar universal é uma conquista das forças vivas<br />

locais que se mobilizam e articulam para empodeirar-se e desenvolver a partir das<br />

capacidades e competências locais, das habilidades de articulação e negociação<br />

dos interesses locais junto aos poderes de governo e econômicos de outras regiões.<br />

A necessidade de criação de um sistema local/regional competitivo, por meio da<br />

articulação dos atores responsáveis pela eficácia do ambiente relacional das <strong>empresas</strong>,<br />

determina um forte processo de concentração dos interesses sociais, denominado<br />

regionalismo social. (...) A flexibilização por meio da descentralização e desverticalização<br />

das organizações, possibilita a instauração de uma rede relacional que permita e estimule<br />

a cooperação entre os atores locais/regionais e que garanta a representatividade e o<br />

envolvimento na ações comuns. (CASAROTTO FILHO, 1999, p.86).<br />

Portanto, presenciam-se novas alternativas de desenvolvimento. Sem<br />

esquecer o global, ao contrário fortalecido com a oportunidade de incorporar o global<br />

no local e com o fato do local tornar-se global. Estuda-se como o desenvolvimento<br />

do Paraná <strong>nas</strong> últimas décadas aconteceu <strong>nas</strong> bases locais e a partir do local cria<br />

condições de as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> inovarem e participarem<br />

competitivamente das oportunidades de incorporação de tecnologias e competição<br />

capitalista, em cenários de intensas e rápidas mudanças.<br />

A questão posta é que não basta crescer, o que as comunidades querem é a<br />

oportunidade de desenvolvimento sustentável. Isto é, desenvolvimento continuado,<br />

constante, permanente, com preservação dos recursos existentes, com renovação<br />

dos recursos disponíveis, sem desperdício e criando condições para melhoria da<br />

qualidade de vida. O processo é comprometido, é causa compartilhada entre<br />

governo central, governo locais, facilitadores sociais regionais e locais, <strong>empresas</strong> e<br />

cidadãos. Pode-se dizer então: "Tua parte não é tudo, sem a tua parte não há tudo,<br />

para que haja tudo é preciso a tua parte".<br />

Discutindo a importância do desenvolvimento local sustentável em tempos de<br />

globalização, Franco (2000, p.20) afirma que os cidadãos querem promover a vida,<br />

melhorar o modo de viver das pessoas e não riquezas como prioridade. A proposta<br />

39


do desenvolvimento local é rediscutir qualidade de vida, não pelo processo de<br />

acumulação, mas pela oportunidade de realização do ser humano na integralidade<br />

de sua personalidade existencial (FRANCO, 2000; CAPRA, 1997).<br />

O processo de globalização econômica em andamento não prescinde do local,<br />

mas se consolida no local. Existe um novo fenômeno econômico, uma nova forma<br />

de organização econômica que pretende explorar as potencialidades locais<br />

promovendo a distribuição do progresso técnico-produtivo. Esta nova visão projeta<br />

objetivos voltados para a humanização do processo de desenvolvimento, buscando<br />

orientar o desenvolvimento local para um novo modelo de crescimento econômico<br />

que aproveite com mais eficiência os recursos existentes para criar empregos,<br />

melhorar qualidade de vida das populações residentes na região (FRANCO, 2000,<br />

p.16). Por isso, "As identidades ligadas ao lugar tornaram-se mais importantes em<br />

um mundo onde diminuem as barreiras espaciais para a troca, o movimento e a<br />

comunicação" (HARVEY, 2000, p.16).<br />

"O local atua como elemento de transformação sociopolítico-econômico,<br />

representando o lócus privilegiado para novas formas de solidariedade e parceria<br />

entre os atores sociais, em que a competição cede espaço à cooperação. O local<br />

representa, neste contexto, uma fronteira experimental para o exercício de novas<br />

práticas" (BECKER, 1997), e para o estabelecimento de redes sociais fundadas em<br />

novas territorialidades, diante das exigências colocadas por problemas de âmbito<br />

global, cujo enfrentamento depende em grande parte de intervenções que se<br />

realizam em nível local.<br />

O local constitui-se, assim, em espaço de articulação – ou síntese – entre o<br />

moderno e o tradicional, sinalizando a possibilidade de gestarem-se, a partir de<br />

sinergias produzidas por essas interações, soluções inovadoras para muitos dos<br />

problemas da sociedade contemporânea (ALBAGLI, 1999).<br />

40


As relações entre o espaço local e o espaço global – ou entre o espaço banal e as<br />

redes – são, por sua vez, permeadas de conflitos, o segundo buscando impor sua<br />

hegemonia sobre o primeiro. O local está sendo percebido como um espaço político<br />

privilegiado de resistência, principalmente em relação aos interesses do grande<br />

capital, estruturando-se novos movimentos de revalorização do local, de conteúdos<br />

variados, como contrapartida de forças sociais que se vêem marginalizadas pela<br />

dinâmica globalizante. Tais movimentos migram freqüentemente da esfera cultural<br />

para a arena política, exaltando uma 'democracia do cotidiano' (DI, 1991) e<br />

promovendo a emergência de um 'novo regionalismo', que pode vir a atuar como um<br />

substituto para uma ideologia territorial inexistente ao nível nacional.<br />

(OSSENBRÜGGE, 1989 citado por ALBAGLI, 1999, p.190).<br />

A globalização tem ajudado a redescobrir a dimensão territorial e tem<br />

provocado o processo de repensar e redistribuir as atividades produtivas nos<br />

espaços locais (ALBUQUERQUE, 1997, p.153).<br />

Por outro lado, as bases produtivas locais e as <strong>empresas</strong> percebem com maior<br />

clareza as exigências do processo capitalista e dos consumidores de melhores<br />

produtos, de maior eficiência produtiva e de capacidade de participar<br />

competitivamente dos mercados nacionais e internacionais mediante constante<br />

incorporação de processos de inovação, qualidade, produtividade para manter<br />

competitividade. "...lo local genera conocimientos para uso global y lo global<br />

suministra a los circuitos locales conocimientos procedentes de todo el mundo".<br />

(ALBUQUERQUE, 1997, p.154).<br />

Facilmente pode-se constatar a interatividade e interdependência entre o local e<br />

o global e global e o local. Como exemplos podemos citar o caso da empresa Hübner<br />

do setor metalmecânico da cidade industrial de Curitiba, que prestando serviços para<br />

<strong>empresas</strong> globalizadas incorpora tecnologias, mas também gera tecnologias e exporta<br />

tecnologias para Estados Unidos e Alemanha, entre outros países.<br />

41


2.3.2 Abrangência do Espaço Local<br />

Há momentos em que o local é considerado o espaço do Estado-Nação<br />

diferenciado do espaço nacional de outros países. Há circunstâncias em que o local<br />

é considerado o espaço subnacional de Estados e/ou regiões. Neste trabalho<br />

considera-se o local como sendo o espaço territorial do município e/ou a<br />

consorciação de municípios para o desenvolvimento de uma determinada região<br />

geograficamente próxima. O entendimento do local neste estudo é o município onde<br />

as <strong>empresas</strong> instalam suas bases de produção e atuação.<br />

O local está sendo percebido como um espaço político privilegiado de resistência,<br />

principalmente em relação aos interesses do grande capital, estruturando-se novos<br />

movimentos de revalorização local, de conteúdos variados, como contrapartida de<br />

forças sociais que se vêem marginalizadas pela dinâmica globalizante. Tais<br />

movimentos migram freqüentemente da esfera cultural para a arena política,<br />

exaltando uma 'democracia do cotidiano' (Di, 1991) e promovendo a emergência de<br />

um "novo regionalismo", que pode vir a atuar como um substituto para uma 'ideologia<br />

territorial' inexistente ao nível nacional. (OSSENBRÜGGE, 1989, citador por<br />

ALBAGLI, 1999, p.190).<br />

Utilizando-se estudos desenvolvidos por Benko (BENKO, 1993, citado por<br />

ALBAGLI, 1999 p.192), em linhas gerais, identificam-se quatro padrões de<br />

comportamento local diante das transformações tecno-econômicas que<br />

acompanham o processo de globalização:<br />

a) os que detêm meios inovadores adequados para capitalizarem positivamente<br />

para si as repercussões do atual processo de globalização;<br />

b) os que se mostram suficientemente dinâmicos para tirar proveito das<br />

novas oportunidades, mas encontram limites e resistências inter<strong>nas</strong> para<br />

avançar sua posição nesse cenário;<br />

c) os que se mostram desestruturados e fragilizados perante às injunções e<br />

interesses externos;<br />

d) por fim aqueles que não possuem qualquer dinâmica própria.<br />

42


Ao analisar a questão do local e o interesse de cidadãos que vivem em<br />

espaços locais (municípios), também é necessário repensar um novo entendimento<br />

do conceito e do processo de desenvolvimento.<br />

2.3.3 O Desenvolvimento do Local<br />

Há uma crença generalizada de que desenvolvimento é um processo de<br />

crescimento econômico. Isto é verdade, mas não é toda a verdade. O<br />

desenvolvimento tem muitas dimensões – econômico, social, cultural, ambiental,<br />

físico-territorial, político-institucional, científico-tecnológico – que mantêm entre si um<br />

processo de interatividade e interdependência (FRANCO, 2000, p.30). É preciso que<br />

as pessoas tenham acesso à renda, riqueza, ao conhecimento, ao poder, às<br />

informações (FRANCO, 2000, p.30; CAPRA, 1999; CARON, 1996).<br />

O desenvolvimento de uma localidade depende da "gente" que vive naquela<br />

localidade. O desenvolvimento local é um modo de promover o desenvolvimento que<br />

leva em conta o papel de todos esses fatores para tornar dinâmicas as<br />

potencialidades que podem ser identificadas, quando se olha para uma unidade<br />

socioterritorial delimitada. (...) O local é neste sentido, produto do olhar. Do olhar que<br />

reconhece uma potencialidade". (FRANCO, 2000, p.31).<br />

A sustentabilidade do desenvolvimento local é dada pelo desenvolvimento do<br />

ser humano que possibilita a constante inovação e renovação do processo de<br />

desenvolvimento econômico, social, cultural, político, institucional.<br />

O processo de globalização traz à tona a questão do desenvolvimento local. "É<br />

inegável que o local e o particular, de agora em diante, serão pensados e analisados<br />

a partir de uma realidade global". (MOROSSINI, 1999).<br />

Em primeiro lugar, emerge a questão da inserção competitiva da produção<br />

local e do modo de organização da produção capitalista mundial. Em segundo lugar,<br />

o local está mais preocupado com o desenvolvimento da integralidade do ser<br />

humano em toda sua potencialidade e com o aproveitamento dos recursos<br />

43


disponíveis na região, sem destruição ou degradação que deteriore a qualidade de<br />

vida. Ao contrário, o desejável é a incorporação de valores que promovam a<br />

integração do local no nacional e no internacional. Em terceiro lugar, o local é o<br />

espaço de transformação sociopolítico-econômico, como espaço para o exercício de<br />

novas formas de solidariedade, parceria, cooperação, desenvolvimento de redes<br />

sociais como estratégia de enfrentar os problemas globais e de inserção competitiva<br />

do local no global (FRANCO, 2000, p.78). Em síntese, "O desenvolvimento local vem<br />

se tornando uma questão de sobrevivência" (FRANCO, 2000, p.78).<br />

O novo significado de desenvolvimento é a agregação de valores à qualidade<br />

de vida do cidadão que vive e se reproduz no espaço local.<br />

2.4 Globalização e Ajustamento de Estratégias da Empresas de Pequeno e<br />

Médio Porte<br />

Esta parte do trabalho tem como objetivo discutir as mudanças no modo de<br />

produção capitalista e suas implicações <strong>nas</strong> estratégias das <strong>empresas</strong>, nos aspectos<br />

de qualidade, produtividade, inovações e adequação de tecnologias, racionalidade<br />

no uso dos fatores de produção, redução dos custos e busca de um novo padrão de<br />

competitividade. Discute-se ainda a oportunidade da utilização de informações<br />

gerenciais e de custos para o planejamento e controle das atividades empresariais,<br />

para a determinação de estratégias eficientes e eficazes de produção e<br />

comercialização de produtos, serviços e tecnologias em um processo capitalista de<br />

economias abertas, globalizadas, interdependentes e interativas, em um mundo em<br />

rápidas, intensas e constantes mudanças.<br />

2.4.1 Globalização e Mudanças do Paradigma Técnico/Organizacional<br />

As inovações <strong>tecnológicas</strong> ocorridas a partir de meados da década de 1970<br />

geraram um novo paradigma tecnológico/organizacional (FREEMAN e PEREZ, 1988).<br />

44


Esse novo paradigma tecnológico está gerando novos conjuntos de produtos,<br />

serviços, sistemas organizacionais, <strong>industriais</strong>, e desencadeia mudanças profundas<br />

<strong>nas</strong> estruturas das organizações e no comportamento dos diferentes agentes<br />

econômicos, tanto pessoas físicas como pessoas jurídicas, e conseqüentemente na<br />

maneira de os diferentes agentes econômicos se inter-relacionarem. A intensidade<br />

das invenções e inovações <strong>nas</strong> tecnologias de produto, de processo e de gestão<br />

está provocando mudanças <strong>nas</strong> formas de organização da produção capitalista. O<br />

novo paradigma intensifica o processo de interdependência e interação econômica<br />

entre as <strong>empresas</strong> e nações. Esses fatos implicam novos desafios e novas<br />

oportunidades de definirem estratégias de sobrevivência, crescimento, cooperação e<br />

inserção competitiva no mercado nacional e internacional.<br />

O processo de transformações econômicas e <strong>tecnológicas</strong> moder<strong>nas</strong> e a<br />

busca de melhores alternativas de reprodução do capital exigem novas estratégias<br />

para competir. A globalização da economia, a mundialização dos fornecedores e<br />

compradores nos anos recentes indicam uma alternativa estratégica de cooperação<br />

capitalista de operar com, para competir com eficiência e eficácia. Ou: "A<br />

sobrevivência do mais competente agora significa sobreviver com o mais<br />

competente". (MAITAL, 1996, p.220).<br />

O desafio que se apresenta às <strong>empresas</strong> que querem competir, tanto no<br />

mercado doméstico como no mercado internacional é o de adotar tecnologias de<br />

informação, tecnologias de gestão, tecnologia de produção, tecnologia de mercado,<br />

tecnologia de organização corporativa que possibilitem à empresa ter sucesso num<br />

mundo econômico em transformação. A liberdade das trocas de fatores de<br />

produção, a adoção de um novo padrão de qualidade e produtividade, premiará com<br />

lucros crescentes as <strong>empresas</strong> mais eficientes, mais criativas, mais inovadoras. As<br />

<strong>empresas</strong> nacionais em geral, peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong>, são mais flexíveis, mais ágeis e<br />

podem tirar proveito de sua maior capacidade de ajuste diante do quadro mundial de<br />

mudanças e transformações.<br />

45


O processo de globalização tem levado as <strong>empresas</strong> à redefinição de suas<br />

estratégias de atuação, o que implica a constante preocupação de atualizar suas<br />

linhas de produção, buscar novos métodos de produção racionalizando custos,<br />

buscando eficiência e flexibilidade operacional. Ao ampliar o processo de<br />

ajustamento diante da nova realidade do sistema econômico mundial, as <strong>empresas</strong><br />

também estão se reestruturando organizacional e administrativamente,<br />

concentrando atividades no seu negócio principal, descentralizando atividades,<br />

procurando alianças, parcerias e cooperação estratégica.<br />

O reconhecimento da imperiosa necessidade da mundialização do capital<br />

encontra raízes ao longo do processo de desenvolvimento e do espraiamento do<br />

capitalismo pelo mundo. Além dos traços históricos, há também o reconhecimento<br />

constante da inovação, da busca da eficiência, da substituição de produtos de<br />

eficiência menor por produtos de eficiência maior, da produção nacional menos<br />

eficiente por produtos internacionais mais adequados às exigências e necessidades<br />

dos consumidores. A busca da redução de custos e de novas oportunidades de<br />

lucros é uma necessidade do capitalismo universal.<br />

2.4.2 Novas Estratégias de Produção e Competição<br />

As transformações na organização da sociedade mundial entre outras<br />

mudanças têm transferido a competição entre as nações do campo militar para o<br />

campo econômico. As nações reduzem seu ímpeto bélico e transferem suas<br />

capacidades para o campo econômico. Os cidadãos cada vez mais livres e<br />

informados buscam por produtos melhores, diferenciados, com menores custos e<br />

maiores valores agregados. As <strong>empresas</strong> percebem <strong>nas</strong> novas necessidades e<br />

exigências dos consumidores suas novas oportunidades de crescimento e lucro.<br />

Mas, para tirar proveito disso, as <strong>empresas</strong> devem enfrentar os desafios de um<br />

intenso e rápido processo de invenções e inovações <strong>tecnológicas</strong>, de busca de<br />

melhores padrões de qualidade e produtividade para conquistar um novo padrão de<br />

46


competitividade. Este rearranjo do modo de produção capitalista moderno implica<br />

maior racionalidade no uso dos fatores de produção disponíveis para as <strong>empresas</strong>.<br />

Esta racionalidade está no uso mais eficiente dos fatores de produção e no<br />

aprimoramento da administração das estratégias das <strong>empresas</strong>, especialmente<br />

estratégias de custos para melhorar competitividade.<br />

A informação gerada por um sistema de administração de custos orienta as<br />

decisões dos executivos em três direções principais. A primeira, na tomada de<br />

decisão sobre a quantidade ideal de produção no início do processo de produção e<br />

<strong>nas</strong> fases seguintes, à medida que os funcionários estiverem mais treinados,<br />

portanto mais produtivos no processo de fabricação. A segunda direção das<br />

decisões diz respeito às negociações com os fornecedores de insumos para que<br />

ofereçam produtos <strong>nas</strong> qualidades desejadas, nos prazos adequados e nos preços<br />

mais convenientes. O terceiro conjunto de decisões correspondente à definição dos<br />

preços de vendas mais adequados para diferentes mercados, com o objetivo de<br />

compensarem os diferentes custos variáveis, inclusive os custos de transporte para<br />

cada mercado e, também, para compensarem os custos fixos gerados na produção.<br />

A definição do melhor preço de venda visando garantir a melhor taxa de lucro é<br />

tomada baseada <strong>nas</strong> informações corretas sobre os custos de produção.<br />

Conclui-se que para operar em mercados competitivos com sucesso e lucro é<br />

fundamental que as <strong>empresas</strong> conheçam as diferentes modalidades de custos que<br />

ocorrem no processo de produção e distribuição dos bens e serviços. Em cada caso<br />

há decisões a serem tomadas que estão fundamentadas em dados e informações<br />

que reduzem os riscos de erro e aumentam o grau de certeza das decisões a<br />

serem tomadas.<br />

2.4.3 Curva de Aprendizado e Estratégia de Custos<br />

Os administradores de empresa sempre têm duas linhas básicas de trabalho.<br />

A primeira é de cuidar que os produtos e serviços que a empresa gera sejam feitos<br />

47


com maior rapidez, com menores custos e com mais qualidade. A segunda<br />

preocupação constante é cuidar da introdução de inovações e de melhorias<br />

constantes. Portanto, aprender, treinar, inovar e racionalizar constantemente é um<br />

desafio a enfrentar e superar constantemente <strong>nas</strong> lides empresariais. "O<br />

aprendizado é um processo que necessita ser gerenciado, estimulado, facilitado e<br />

agilizado". (MAITAL, 1996, p.150).<br />

Quais são as razões determinantes da redução de custos e do aumento da<br />

eficiência à medida que o tempo passa e se acumula experiência, e à medida que a<br />

quantidade produzida aumenta o desenvolvimento de habilidade e treinamento?<br />

a) <strong>nas</strong> primeiras vezes em que se realiza uma tarefa o tempo utilizado é maior e<br />

a insegurança também é maior. Porém, quanto mais se aprende e se treina<br />

mais aumenta a velocidade de produção, a segurança, a confiança, a<br />

eficiência, tendendo ser menores os desperdícios e maiores os lucros;<br />

b) os administradores aprendem a programar o processo produtivo e a<br />

combinar com maior racionalidade a função de produção à medida que<br />

acumulam aprendizado;<br />

c) com a acumulação de conhecimentos sobre o projeto aumentam as<br />

possibilidades de redução dos desperdícios de tempo e de materiais, as<br />

perdas são reduzidas e os lucros aumentados;<br />

d) os fornecedores de matérias primas habilitam-se a fornecer insumos com<br />

padrões de qualidade e de tempo exigidos pelo ritmo de produção<br />

definido, portanto o processo de aprendizagem é sistêmico, cooperativo<br />

entre fornecedores e produtores. As variáveis da curva de aprendizagem<br />

não estão exclusivamente dentro da empresa, mas também são<br />

encontradas junto a fornecedores e distribuidores;<br />

e) os distribuidores ao desenvolver a logística de distribuição mais eficiente<br />

contribuem com a redução da estocagem de produtos acabados,<br />

conseqüentemente os custos finais serão reduzidos e os lucros aumentados.<br />

48


A curva do aprendizado é o registro gráfico da diminuição de custos à medida<br />

que trabalhadores, executivos, fornecedores e distribuidores acumulam experiências<br />

na geração de um produto ou serviço. Então pode-se correlacionar curva de<br />

aprendizado com curva de experiência, sendo a correlação diretamente<br />

proporcional. Quando maior a experiência, maior o aprendizado acumulado,<br />

menores os erros, menor o desperdício, maior a eficiência, maiores os ganhos.<br />

Conclui-se que a curva de aprendizagem reduz os custos e aumenta a<br />

produtividade. No item seguinte será analisado as vantagens trazidas pelas<br />

economias de escala e economias de escopo.<br />

2.4.4 Escala de Produção e Estratégia de Competição<br />

Economia de escala é o máximo de produção para se obter o menor custo<br />

com os recursos disponíveis. Economias de escala são reduções nos custos médios<br />

e marginais resultantes de maior quantidade produzida e da racionalidade na<br />

combinação dos fatores de produção. À medida que aumenta a produção aumentam<br />

também os insumos utilizados para a obtenção de um maior volume de produção. As<br />

variações na escala de produção podem trazer três situações distintas de<br />

correlação, aumento de produção e custos, rendimentos crescentes de escala,<br />

rendimentos constantes de escala, rendimentos decrescentes de escala:<br />

a) rendimentos crescentes de escala ocorrem quando a produção em maior<br />

quantidade possibilita a administradores e trabalhadores especializarem-<br />

se em suas funções e tarefas permitindo assim, o uso de instalações e<br />

equipamentos mais especializados e de grande escala;<br />

b) rendimentos constantes de escala é quando ocorre uma duplicação da<br />

produção em conseqüência da duplicação dos insumos. Neste caso o<br />

tamanho da empresa não influencia a produtividade dos seus fatores de<br />

produção. A produtividade média e a marginal dos insumos da empresa<br />

permanecem constantes, independentemente se suas instalações são<br />

49


grandes ou peque<strong>nas</strong>. Esta situação é particularmente importante para a<br />

racionalidade de produção das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>;<br />

c) rendimentos decrescentes de escala acontecem quando há uma<br />

duplicação dos insumos de produção, porém a produção aumenta menos<br />

do que o dobro. Neste caso a operação em escala maior implica numa<br />

perda de produtividade, portanto aumento de custos.<br />

Os rendimentos de escala têm resultados diferentes em diferentes países e<br />

tamanhos de <strong>empresas</strong>. No entanto, são determinantes da capacidade de<br />

racionalizar custos, aumentar ganhos, e permitir a conquista de novas fatias de<br />

mercado. A astúcia e habilidade dos executivos em entendê-los é fundamental na<br />

determinação do sucesso da empresa.<br />

Economias de escopo são as reduções nos custos médios e marginais<br />

resultantes da utilização de instalações e processos produtivos de uma única<br />

unidade de operação para produzir uma maior variedade de produtos e serviços.<br />

Trata-se de processos produtivos em que várias linhas de produtos diferentes<br />

compartilham as mesmas instalações da fábrica, e do mesmo sistema de<br />

distribuição e vendas. Esta variável tanto pode ser considerada para uma empresa<br />

isolada, como para estratégias de cooperação entre <strong>empresas</strong> independentes que<br />

cooperam entre si pelo uso conjunto de instalações produtivas, canais de<br />

distribuição etc. Um exemplo de economia de escopo é quando se tem uma causa<br />

compartilhada. A produção conjunta de uma única empresa é maior do que as<br />

produções obtidas em diferentes <strong>empresas</strong>, cada qual produzindo um único e<br />

mesmo produto, com equivalentes insumos de produção alocados entre as duas<br />

<strong>empresas</strong> separadas.<br />

Outra variável importante na estratégia dos executivos é a escala de produção<br />

e economias de escopo. À medida que os executivos, trabalhadores, fornecedores e<br />

distribuidores vão adquirindo experiências e atuam de forma harmônica e<br />

complementar tornam-se mais eficientes e produtivos, possibilitando assim maior<br />

50


acionalidades nos custos e estratégias produtivas mais adequadas. Igualmente<br />

importante é considerar a variedade de produção e a eficiência produtiva no uso das<br />

instalações e equipamentos, na compra de insumos de maneiras cooperadas e<br />

complementares, na produção, promoção e distribuição interativa entre diferentes<br />

<strong>empresas</strong> de mesmos produtos.<br />

A possibilidade de as <strong>empresas</strong> produzirem em escalas eficientes e lucrativas<br />

induz as <strong>empresas</strong> a se especializarem, num determinado conjunto de produtos que<br />

permita o aumento da produção, a redução dos custos unitários e, portanto, permita<br />

ganhos de produtividade pelo aumento da eficiência e da eficácia. Então a empresa<br />

deixa de produzir uma gama muito variada de produtos e se concentra naqueles que<br />

pode produzir com mais eficiência e racionalidade, e que tragam as melhores<br />

margens de contribuição.<br />

Conclui-se que a produção de um número menor de bens diferenciados, além<br />

de reduzir os custos unitários de produção em decorrência da maior especialização,<br />

também aumenta os lucros da empresa. A opção de se produzir uma diversidade<br />

menor de produtos e uma escala maior de cada produto tem como conseqüência a<br />

redução dos custos unitários e o aumento do volume de lucros pela possibilidade de<br />

ampliação de mercados, uma vez que os produtos se tornam mais competitivos pela<br />

redução do custo e dos preços de venda.<br />

2.4.5 Produtividade e Estratégia de Competição<br />

Uma das decisões mais importantes dos administradores e um dos maiores<br />

desafios para sua capacidade gerencial é a de definir a função de produção que<br />

minimize os custos e maximize os lucros garantindo a participação competitiva nos<br />

mercados. Constantemente os administradores se defrontam com a necessidade de<br />

criativamente encontrar a melhor combinação entre capitais, mão-de-obra, matérias<br />

primas e tecnologias para conquistar a melhor estratégia produtiva da empresa.<br />

51


Nesta parte está sendo analisada a melhoria da produtividade como<br />

instrumento na definição de estratégias empresariais de produção e na definição de<br />

estratégias de sucesso para as <strong>empresas</strong> que administram.<br />

Inicialmente define-se o conceito de produtividade. Em seqüência são<br />

analisadas as interdependências dos diferentes fatores de produção para a<br />

conquista de uma produtividade dentro da empresa. Na conclusão será destacada a<br />

produtividade e a racionalidade dos custos como elementos determinantes do<br />

sucesso dos executivos e das <strong>empresas</strong> que administram.<br />

Uma definição genérica de produtividade é a utilização mais racional, mais<br />

eficiente dos fatores de produção, tendo como objetivo básico alcançar o máximo de<br />

produção com a utilização do menor espaço de tempo e com os menores custos.<br />

Genericamente a mensuração da produtividade é obtida pela divisão da produção<br />

física obtida por um dos fatores empregados, trabalho, capital, matérias primas,<br />

tecnologia. Assim pode-se obter definições complementares de produtividade:<br />

a) produtividade do trabalho - é a quantidade de produção obtida num<br />

determinado tempo gasto (hora, dia, mês, ano);<br />

b) produtividade do capital - é a quantidade de unidades de produção gerada<br />

por uma determinada quantidade de capital utilizado;<br />

c) produtividade da matéria prima - é a quantidade de produto final obtida por<br />

uma determinada quantidade de matéria prima consumida;<br />

d) produtividade marginal - são alterações na quantidade de mão-de-obra ou<br />

de capital ou de matérias primas, mas que modificam significativamente a<br />

quantidade e os custos das unidades de bens produzidos. Muitas vezes<br />

peque<strong>nas</strong> alterações em um e/ou vários fatores de produção simultâneos<br />

ou não modificam significativamente a produção obtida.<br />

Os fatores que modificam os graus de produtividade são vários e<br />

interdependentes: a) a produtividade da mão-de-obra depende do grau de instrução,<br />

de profissionalização e de habilitação dos trabalhadores, mas também depende da<br />

52


produtividade das máqui<strong>nas</strong> e das condições das matérias primas utilizadas; b) a<br />

produtividade da matéria prima depende das tecnologias utilizadas, das habilidades<br />

dos trabalhadores, da composição orgânica do capital; c) a produtividade do capital<br />

depende das combinações dos fatores anteriores e muito da habilidade dos<br />

executivos em combinar e administrar a melhor função de produção.<br />

Para se conhecer a produtividade marginal é necessário considerar os custos<br />

da mão-de-obra, das matérias primas, do capital, os custos de oportunidade, os<br />

custos das tecnologias. Conhecidos esses custos, a produtividade marginal é<br />

simplesmente o inverso do custo marginal, isto é: a) custo marginal é o acréscimo no<br />

custo dividido pelo acréscimo na produção; b) produtividade marginal é o acréscimo<br />

na produção dividido pelo acréscimo em mão-de-obra ou capital.<br />

Sendo a melhoria da produtividade uma conseqüência direta da incorporação<br />

de tecnologias, de inovações, de talento, de capacidade e formação dos<br />

trabalhadores, das habilidades de organização, coordenação e gerenciamento dos<br />

executivos, o desafio é planejar e programar a evolução permanente para garantir o<br />

sucesso da empresa.<br />

Considerando-se que o agente e o beneficiário de todo processo de<br />

desenvolvimento é o ser humano. É este o fator de produção capaz de criar<br />

vantagens competitivas <strong>nas</strong> organizações. Dentre todos os fatores produtivos<br />

utilizados na geração de bens e serviços, capital, matérias primas, tecnologias<br />

(máqui<strong>nas</strong>), conhecimentos, mão-de-obra, esta é a única que tem a força da criação.<br />

Portanto, de sua habilidade, conhecimento, motivação, e capacidade irá depender o<br />

sucesso na identificação e gerenciamento da melhor função de produção.<br />

"...pessoas e sua capacidade de utilizar o conhecimento é a mais importante<br />

vantagem para a competitividade". (MAITAL, 1996, p.89).<br />

Observado o processo produtivo moderno, de fato constata-se que a<br />

quantidade de materiais utilizados no processo produtivo é cada vez menor: o capital<br />

torna-se abundante em nível mundial; as tecnologias e os conhecimentos têm um<br />

53


ciclo de vida cada vez menor; o fator capaz de evoluir, de criar, de adaptar-se e<br />

adequar-se constantemente às mudanças é o capital humano. Portanto, a mão-de-<br />

obra é o fator mais determinante da produtividade. O desafio dos executivos é<br />

motivá-la e dar condições para aprender a aprender, aprender com a mudança, criar<br />

e gerir sua vida. Ser autor de seu tempo, autor de seu destino, autor da capacidade<br />

de melhoria permanente, de produtividade e da conquista de competitividade dos<br />

produtos e das <strong>empresas</strong>.<br />

O conhecimento se expande na medida em que é consumido e dividido com as outras<br />

pessoas. Uma das tarefas básicas dos executivos é garantir que a quantidade de<br />

conhecimentos existente dentro de uma empresa se mova livremente e rapidamente,<br />

dos que possuem para os que necessitam dele. (...) as pessoas que sabem como criar<br />

conhecimento, e depois utilizá-lo, serão a parte mais importante da força de trabalho.<br />

(...)conhecimento, ao contrário de trabalho, capital ou materiais, se expande, e quanto<br />

mais é compartilhado mais intensamente é utilizado. (MAITAL, 1996, p.103-107).<br />

Analisando a questão do conhecimento, do processo de aprendizagem para<br />

competir e do aumento da produtividade da mão-de-obra obtido a partir da<br />

capacitação e do processo permanente de aprender, outros pensadores se<br />

manifestam sobre o assunto:<br />

• "A fonte básica de toda vantagem competitiva está na capacidade relativa<br />

da empresa de aprender mais rápido do que seus concorrentes". (GEUS<br />

citado por SENGE, 1998, p.12).<br />

• "A única vantagem competitiva sustentável é a capacidade da organização de<br />

aprender mais rápido e melhor do que seus concorrentes". (SENGE, 1998).<br />

Como se pode observar, a produtividade, e conseqüentemente a competitividade,<br />

é uma causa a ser conquistada pela da força de trabalho inteligente, talentosa e<br />

bem formada. A produtividade é conseqüência de informações e conhecimentos<br />

desenvolvidos e aplicados no processo produtivo. O sucesso da empresa é conquistado<br />

54


com gente capaz e comprometida com seu próprio sucesso e com o sucesso da<br />

organização na qual atua.<br />

2.4.6 Globalização e Custos de Transação<br />

A dinâmica do sistema econômico é decorrente das transações que são<br />

realizadas no sistema. A empresa quando pretende realizar qualquer transação tem<br />

diante de si um leque de possibilidades por meio das quais pode desenvolver sua<br />

ação empresarial. De um lado, está a alternativa das transações via mercado e, de<br />

outro, a alternativa de substituir o mercado pela organização interna da empresa,<br />

intrafirma, hierárquica. A escolha de cada uma destas alternativas depende da<br />

comparação entre os custos de integração de atividades, agregação de custos<br />

externos e dos custos de transação. Nos custos de transação estão implícitos os<br />

custos de negociação, controle, implementação dos contratos, coordenação de<br />

atividades, salvaguardas contra eventuais inadimplências entre os contratos e a<br />

apropriação indevida de conhecimentos por parte de terceiros (JARILLO, 1989).<br />

A teoria dos custos de transação originalmente foi apresentada por Coase, em<br />

1937, porém só adquire importância após ser reelaborada por Oliver Williamson em<br />

1985. Para Coase, a coordenação das atividades de produção e distribuição<br />

implicam custos diferentes se a transação ocorre intra-organização empresarial ou<br />

via mercado (COASE citado por PONDÈ, 1992). Cabe ao empresário decidir a<br />

alternativa mais conveniente em função dos custos de transação e dos objetivos de<br />

lucro da empresa. A diferenciação entre uma ou outra opção está em comparar os<br />

custos das transações via autoridade administrativa (empresa) e os preços das<br />

transações via mercado. Os estudos partem da constatação que a teoria neoclássica<br />

sobre o comportamento da firma estava limitada ape<strong>nas</strong> a duas entidades como<br />

responsáveis pelas trocas no sistema econômico. Isto é, a empresa e o mercado<br />

eram as únicas entidades em que as transações aconteciam. As proposições de<br />

Coase não tiveram repercussão no universo acadêmico e empresarial da época.<br />

55


Este descaso torna compreensível a queixa de Coase de que seu artigo de 1937 foi<br />

muito citado e pouco usado (COASE, 1972, p.284, nota de rodapé 1).<br />

Os estudos dos custos de transação são retomados por Williamson (Oliver) no<br />

início dos anos 70. Seu objetivo era explicar que as transações no sistema<br />

econômico não acontecem somente por intermédio das instituições, <strong>empresas</strong> e<br />

mercado, mas podem ser realizadas com vantagens mediante acordos de<br />

cooperação econômica entre diferentes <strong>empresas</strong> (WILLIAMSON, 1985, p.88). O que<br />

Williamson propõe é uma teoria da organização dos mercados e das <strong>empresas</strong> que<br />

têm a transação como unidade básica de análise.<br />

As incertezas e as imperfeições que caracterizam o mercado e a empresa<br />

tendem a encarecer os custos de coordenação das transações econômicas. Para<br />

Williamson, os fatores determinantes dos custos de transação estão diretamente<br />

ligados à freqüência com que as transações ocorrem, volume dos investimentos<br />

exigidos, grau de risco, às condições estruturais da empresa, ao nível tecnológico e<br />

à estrutura organizativa. Williamson conclui que os acordos de cooperação são<br />

formas intermediárias entre as transações de mercado e as transações hierárquicas<br />

da empresa. Os acordos de cooperação tornam-se importantes e convenientes de<br />

ser adotados quando, comparativamente aos custos de transação no mercado e os<br />

custos de transações hierárquicas, esses acordos se apresentam como soluções<br />

mais eficientes. "A diferença entre a atividade econômica dentro da firma e a<br />

atividade no mercado é que a primeira é conduzida dentro de uma organização<br />

administrativa". (PENROSE, 1962, citado por PONDÈ, 1992).<br />

O desenvolvimento de instituições capazes de coordenar e reduzir os custos<br />

de transação passa a ser questão fundamental para a conquista de vantagem<br />

competitiva. Os custos de transação são decorrentes da dinâmica do funcionamento<br />

do sistema econômico e são afetados pelo progresso técnico. A opção por<br />

transações na empresa ou transação no mercado decorre dos diferentes custos de<br />

cada modalidade. O padrão tecnológico utilizado tanto no processo de produção<br />

56


como no processo de distribuição modifica as condicionantes de custos de cada<br />

modalidade. A análise de custos e benefícios de cada modalidade e a racionalidade<br />

empresarial seguramente irão orientar as decisões pela melhor opção a seguir. A<br />

escolha por uma ou outra modalidade certamente implicará custos diferentes e<br />

ganhos ou perdas de competitividade.<br />

2.4.7 Competitividade e Estratégias de Custos<br />

Como já pode ser observado pelas manifestações de diferentes autores ao<br />

longo deste trabalho, constata-se que na globalização requer-se adoção de<br />

estratégias empresarias para competir com maiores lucros. Para conquistar este<br />

objetivo as <strong>empresas</strong> se reconvertem produtivamente (qualidade, produtividade,<br />

racionalidade em busca de competitividade) e se relocalizam nos espaços mundiais<br />

na busca de custos de produção menores, maiores estímulos à produção e<br />

conquista de vantagens comparativas de produção em diferentes países. Nas<br />

palavras de Oman: "Globalização é estratégia de empresa na busca do lucro".<br />

(OMAN, 1992, p.162).<br />

Os preços passam a ser definidos por variáveis estratégicas de oportunidades<br />

de negócios e não ape<strong>nas</strong> por custos de produção. Isto é, o mercado (consumidores<br />

finais – pessoas físicas; e/ou consumidores intermediários – pessoas jurídicas –<br />

<strong>empresas</strong>) determina preço e não mais ape<strong>nas</strong> os custos de produção. Entender e<br />

interpretar as novas exigências do mercado pode significar o sucesso lucrativo, o<br />

crescimento da empresa independentemente do custo de produção. Nesse sentido,<br />

"As <strong>empresas</strong> já não podem mais definir seus preços de acordo com os custos<br />

incorridos, e sim com base nos preços praticados no mercado em que atuam".<br />

(MARTINS, 1998, p.22).<br />

No passado a empresa definia seus preços com mais autonomia e soberania.<br />

Portanto, era uma variável controlada pela empresa. No presente a empresa já<br />

não tem mais o controle absoluto desta variável, mas precisa se ajustar<br />

57


estrategicamente dependendo das ações e reações de outras <strong>empresas</strong>,<br />

concorrente ou complementares:<br />

Gerenciar é fazer opções (...) O trabalho dos executivos é criar e administrar negócios<br />

por intermédio da venda de bens e serviços que proporcionem valor a um preço<br />

razoável para seus clientes, e a um custo aceitável para a empresa. Quando os<br />

executivos conseguem criar mais valor a um custo menor do que seus concorrentes,<br />

suas <strong>empresas</strong> prosperam e lucram (...) a qualidade das decisões dos executivos e o<br />

modo como elas são implementadas definem o grau de competitividade das<br />

<strong>empresas</strong>. (...) Então as decisões das <strong>empresas</strong> estão calcadas em três pilares, –<br />

custo, valor e preço. (MAITAL, 1996, p.5).<br />

Nos tempos modernos de economias globalizadas a decisão estratégica de<br />

manter-se competitivo no mercado está na combinação de decisões estratégicas de<br />

jogo de ação e reação no mercado. Mas, a segurança para a tomada de decisões<br />

depende fundamentalmente da confiabilidade e da precisão técnica dos dados sobre<br />

os custos incorridos na fabricação de produtos e na geração de serviços para a<br />

definição de preços, que garantam os melhores lucros para a empresa.<br />

Estudos desenvolvidos por Michael Porter (1999) mostram que competitividade<br />

é "causa causada e não causa causante" (Roberto Campos). Isto é, competitividade<br />

é uma resultante da combinação eficaz e eficiente de informação, conhecimento,<br />

tecnologia, organização, cooperação e coordenação. A resultante positiva desta<br />

combinação sistêmica e interativa é melhoria de qualidade, melhoria de<br />

produtividade, racionalidade no uso dos fatores de produção e, conseqüentemente,<br />

os produtos ou serviços da empresa conquistar participação no mercado nacional e<br />

ou internacional, isto é, competitivos.<br />

Competitividade é um processo sistêmico e endógeno à empresa. É sistêmico<br />

quando depende da ação e reação de muitos jogadores no mercado. Isto é, o<br />

resultado da empresa depende de políticas do governo, de infra-estrutura, da<br />

qualidade dos insumos e serviços dos fornecedores, do apoio dos distribuidores, das<br />

boas condições dos financiamentos, da existência de boas escolas e centros de<br />

58


pesquisa etc. A competitividade é um processo endógeno quando é uma resultante<br />

das ações eficientes e eficazes dentro da empresa, na administração de estratégias<br />

controladas pela empresa. No entanto, também e principalmente, na empresa<br />

moderna a resultante participação no mercado (competitividade) é uma conquista<br />

interativa, interdependente, sinérgica na empresa. A competitividade é sistêmica<br />

dentro da empresa quando os resultados da qualidade, produtividade e<br />

interatividade entre departamentos são conquistados de forma complementar,<br />

interdependente e interativa.<br />

Em entrevista feita com Michael Hammer (HAMMER, 1998) apresenta-se um<br />

novo conceito gerencial atrelado à reengenharia. É o conceito da organização<br />

orientada para processos. Hammer explica que <strong>nas</strong> organizações tradicionais os<br />

processos são ignorados. Na organização defendida por Hammmer a alma da nova<br />

empresa orientada para processos é o trabalho em equipe, a cooperação, a<br />

responsabilidade compartilhada. É a vontade de fazer um trabalho melhor; é criar<br />

mais valor.<br />

Os resultados financeiros, o fazer dinheiro, são conseqüências da vontade dos<br />

trabalhadores fazerem coisas úteis e bem feitas. Nas organizações voltadas para<br />

processos os funcionários trabalham com outras pessoas, não seguindo ordens,<br />

mas sim seguindo um espírito de equipe com o propósito de alcançar resultados<br />

positivos como seres existenciais, objetivos desejados pelos clientes, e necessidade<br />

de lucro pela empresa.<br />

O cliente (mercado) está no centro desta nova organização de processos. O<br />

objetivo total do processo e dos trabalhadores nele envolvidos é o de oferecer aos<br />

clientes mais valor, de forma mais ágil e a custos menores. Os clientes ficam mais<br />

satisfeitos e conseqüentemente trazem crescimento para as <strong>empresas</strong>.<br />

O novo executivo aprende a pensar de novas maneiras, compreender o<br />

negócio em uma visão sistêmica intra-empresa e intramercado. Assume novas<br />

responsabilidades, não mais como único responsável pelo sucesso ou insucesso,<br />

59


mas como causa compartilhada, como trabalho de equipe. O novo papel do<br />

executivo é criar caminho, identificar e criar processos, criar e montar equipes, criar<br />

uma cultura organizacional que permita a sobrevivência e o crescimento da<br />

organização em um ambiente econômico incerto e com intensas mudanças de<br />

processos econômicos, produtivos e tecnológicos.<br />

É num ambiente econômico e tecnológico de intensas e rápidas mudanças que<br />

as informações das variáveis de custos se tornam fundamentais para controle de<br />

custos, administração da empresa e do planejamento de estratégias alternativas de<br />

crescimento, desenvolvimento e competitividade para obtenção de lucros.<br />

Tradicionalmente os processos de contabilidade refletiam uma função<br />

financeira voltada para o interior da empresa, representada pela conformidade legal,<br />

pela elaboração de relatórios e pelo processamento das transações. Não foram<br />

projetados para serem modelos dinâmicos baseados em atividade.<br />

Modernamente os novos métodos de custeamento foram desenvolvidos<br />

visando a informações mais precisas racionais e orientadas para o mercado com<br />

vistas à definição de estratégias competitivas para os produtos e serviços das<br />

<strong>empresas</strong> nos mercados. Dentre estes métodos, destaca-se o ABC (Activity Based<br />

Cost) que, combinado com o ABM (Activity Based Management), que são métodos<br />

baseados em atividade, tornam-se especialmente importante diante da necessidade<br />

das <strong>empresas</strong> reduzirem custos, otimizarem processos para se manterem<br />

competitivas em economias globalizadas (KAPLAN, 1997).<br />

O maior benefício do gerenciamento e dos sistemas de custos baseados em<br />

atividade é a capacidade de reunir todas as informações necessárias para a<br />

operação da empresa. As inovações <strong>tecnológicas</strong> da informática possibilitam o<br />

sistema de custeamento baseado em atividade para desenvolver todo o seu<br />

potencial ao permitir o levantamento, análise e inter-relacionamento de informações<br />

no processo produtivo da empresa. Conseqüentemente, estas informações mais<br />

precisas e confiáveis permitem a implementação de decisões mais adequadas e<br />

precisas em um mercado mundial cada vez mais globalizado e competitivo.<br />

60


Os benefícios trazidos pelo sistema de custos baseado em atividade são três,<br />

segundo Kaplan:<br />

a) o método ABC e o ABM ajudam a organização a obter mais e melhores<br />

informações sobre seus processos e atividades. As informações de melhor<br />

qualidade e seus usos adequados permitem aumentar continuamente a<br />

eficiência da gestão das atividades da organização;<br />

b) a organização pode racionalmente otimizar a alocação de pessoal, capital<br />

e outros ativos disponíveis;<br />

c) a nova organização dispondo de informações mais precisas e ágeis,<br />

voltadas para o mercado, conquista uma nova condição de competição<br />

diante dos concorrentes.<br />

Portanto, as novas tecnologias, ao permitirem levantamento, processamento e<br />

uso de novas e mais confiáveis informações, colocam a empresa numa posição de<br />

vanguarda, mais eficiente, mais racional e ágil na tomada de decisão e definição de<br />

uma estratégia competitiva.<br />

Vencido o desafio de produzir com a maior eficiência, qualidade, produtividade,<br />

e racionalidade de custos, certamente a empresa terá um produto competitivo no<br />

mercado. Porém, o desafio agora passa a ser o de definir o melhor preço, gerar um<br />

nível de produção ótima e maximizar os lucros.<br />

Levando-se em consideração que quem determina o preço é o mercado no qual o<br />

produto se insere (ASSEF, 1997, p.1), a capacidade de as <strong>empresas</strong> imporem preços<br />

ao mercado é limitada. Esta limitação irá depender de como os mercados se dividem.<br />

Portanto, é o mercado que define o preço de venda e não a empresa.<br />

Como cada produto tem um percentual diferenciado de margem de contribuição,<br />

dependendo da capacidade e vontade do mercado em assimilar o produto, a<br />

capacidade de cada produto contribuir para o lucro da empresa é diferente. Portanto,<br />

os administradores não podem tratar de forma igual produtos com contribuições<br />

lucrativas diferentes.<br />

61


Conclui-se que a nova organização empresarial não é somente um conjunto de<br />

peças independentes e estanques, mas sim um conjunto de recursos humanos,<br />

financeiros, materiais e tecnológicos que são complementares. As pessoas na<br />

organização e as <strong>empresas</strong> no mercado são interdependentes e interativas. O<br />

sucesso não está em perceber as transformações e decidir isoladamente sobre elas<br />

no curto prazo. O sucesso está no jogo interativo dentro da empresa e desta com<br />

seu ambiente econômico e social, agindo e interagindo, buscando a alternativa mais<br />

racional de uso dos fatores de produção, de eficiência e produtividade para manter-<br />

se competitiva e com sucesso no mercado.<br />

2.4.8 Cooperação Empresarial e Estratégias de Custos<br />

A globalização dos mercados, as turbulências macroeconômicas, a volatilidade<br />

da demanda, as incertezas econômicas e financeiras aumentam os riscos e os<br />

custos da atuação das <strong>empresas</strong> independentes, tanto no mercado nacional como<br />

no mercado internacional.<br />

A necessidade de reduzir custos e obter ganhos de competitividade estimula a<br />

empresa a procurar alternativas de transações econômicas, além daquelas<br />

realizadas na empresa e via mercado. Os acordos de cooperação econômica são<br />

novas formas organizacionais de coordenação das transações no sistema<br />

econômico atual.<br />

Para Kotler, o objetivo da formação de uma aliança estratégica pode ser a obtenção<br />

do porte necessário para competir, o estabelecimento de padrões <strong>industriais</strong>, a<br />

racionalização de processos de produção, a exploração dos benefícios de economias<br />

de escala e de escopo ou o aumento da eficiência da atuação no mercado. (KOTLER,<br />

1997, p.349).<br />

Trabalho realizado por Costa Campi explica que os acordos econômicos entre<br />

as <strong>empresas</strong> são manifestações de estratégias empresariais de diferentes tipos,<br />

tentando encontrar respostas às novas condições de funcionamento da economia<br />

62


mundial e das mudanças que vão se generalizando <strong>nas</strong> organização industrial<br />

(COSTA CAMPI, 1989, p.27-45).<br />

A cooperação estratégica entre as <strong>empresas</strong> tem como objetivo aumentar a<br />

flexibilidade, a capacidade inovadora, o desenvolvimento conjunto de projetos de<br />

pesquisa, a produção e a gestão mantendo-se a autonomia das <strong>empresas</strong><br />

envolvidas no processo. Os acordos de cooperação não são um fenômeno de um<br />

setor econômico ou de um país, mas devem ser vistos no cenário de uma economia<br />

globalizada (PORTER, 1986). A questão central no atual processo de globalização da<br />

economia não é a busca de uma estratégia de dependência ou de independência,<br />

mas a busca de uma estratégia de interdependência. O que está em jogo são as<br />

opções estratégicas para que as <strong>empresas</strong> conquistem eficiência e competitividade<br />

num cenário de mundialização da economia, de rápidas e intensas mudanças<br />

<strong>tecnológicas</strong> em que rapidez, flexibilidade, cooperação, interdependência são fatores<br />

determinantes do sucesso.<br />

Costa Campi observa que:<br />

Los elevados gastos en investigación y desarrollo, la constante inovación de procesos<br />

y de productos, y la cresciente importancia del capital humano se transforman en<br />

barreras de entrada para las <strong>empresas</strong> que actuan individualmente; de manera que<br />

sólo es posible afrontar el nuevo modelo global de competencia por medio de la<br />

cooperación estratégica entre <strong>empresas</strong>. (COSTA CAMPI, 1989, p.44).<br />

2.4.8.1 Motivação para Acordos de Cooperação<br />

Estudos desenvolvidos por Mariti e Smiley identificam cinco motivações<br />

principais que induzem as <strong>empresas</strong> a procurarem acordos de cooperação<br />

(MARITI, 1983).<br />

1. Transferência de tecnologia de uma empresa para outra. Segundo o<br />

estudo desenvolvido, esta é a razão mais comum do processo de<br />

cooperação empresarial.<br />

63


2. Complementariedade tecnológica - implica um processo de intercâmbio de<br />

tecnologias entre todas as partes envolvidas. Neste caso os conhecimentos<br />

tecnológicos são compartilhados.<br />

3. Desenvolvimento de economias de escala - visando ao aproveitamento<br />

racional e intensivo dos fatores de produção, com conseqüente redução<br />

dos custos e com ganhos de competitividade.<br />

4. Divisão de riscos - os riscos associados à atividade empresarial são<br />

divididos entre os participantes. Em geral, estes riscos estão associados<br />

ao volume de recursos financeiros envolvidos e às incertezas sobre os<br />

resultados futuros.<br />

5. Acordos de comercialização - em geral, são acordos entre <strong>empresas</strong><br />

fabricantes e ou distribuidoras com redes de distribuição já estabelecidas.<br />

Visam superar as barreiras de mercado e a distribuição às entradas.<br />

2.4.8.2 Cooperar para Competir<br />

Há uma nova lógica orientando o mercado, como mostrado por Shlomo:<br />

Não é a concorrência que é fundamental, mas a cooperação e a colaboração, fontes<br />

essenciais dos lucros das <strong>empresas</strong> e do bem-estar econômico da sociedade. (...)<br />

Prover uma outra pessoa com um bem ou serviço produzido com orgulho e carinho,<br />

longe de ser ganância, é um ato que exprime atenção e sensibilidade para com os<br />

outros, atenção essa a partir da qual toda a sociedade sai ganhando, e pessoas e<br />

<strong>empresas</strong>, grandes ou peque<strong>nas</strong>, ganham a vida. (MAITAL, 1986, p.211).<br />

Michael Porter (1980) defende que o sucesso competitivo de uma empresa<br />

depende basicamente de dois fatores: a) situação diante dos competidores (atuais e<br />

potenciais); b) posição em relação aos clientes e fornecedores. Portanto, uma<br />

empresa é um elo entre alguns fornecedores e alguns clientes. O sucesso de uma<br />

empresa na participação no mercado depende de ela alcançar uma vantagem<br />

competitiva sobre seus concorrentes, seus clientes, e seus fornecedores. Porém, o<br />

64


sucesso que uma empresa pode alcançar não depende unicamente de sua<br />

capacidade de competir, mas pode ser atingido via cooperação. "A cooperação<br />

torna-se, então, a maior força da vantagem competitiva". (JARILLO, 1989, p.69).<br />

A competição tem sido vista tradicionalmente como a antítese da cooperação.<br />

No entanto, recentemente estrategistas e estudiosos reconhecem que a cooperação<br />

pode ser uma arma poderosa no jogo da competição mundial (LYNCH, 1994, p.8).<br />

Com efeito,<br />

Competitividade através da parceria está se tornando cada vez mais importante para<br />

as tomadas de decisões. (...) Produtos e serviços estão se tornando cada vez mais<br />

baseados no conhecimento e concentrados na informação. Estes produtos emergem<br />

melhor em um ambiente cooperativo, onde o conhecimento é bastante compartilhado,<br />

em vez de um ambiente competitivo e cheio de vícios e ciúmes. (...) Empresas mais<br />

competitivas serão aquelas que encontram meios inovadores de cooperar e colaborar<br />

muitas vezes até com seus rivais mais impiedosos. (MAITAL, 1986, p.213-214).<br />

O mercado mundial tem criado a oportunidade para os empreendimentos<br />

cooperativos, e esta modalidade organizacional tem sido essencial na definição de<br />

estratégias bem-sucedidas diante da economia globalizada e dos ciclos de vida das<br />

tecnologias e dos produtos. "Alianças estratégicas não são mais um luxo comercial,<br />

mas se tornam uma necessidade para competir no mercado mundial. Ninguém mais<br />

é auto-suficiente". (Wasserman, vice-presidente de indústrias de transformação em<br />

entrevista na Arthur D. Little, novembro de 1989 citado por LYNCH, 1994. p.9).<br />

A conjuntura econômica atual induz as <strong>empresas</strong> a participarem da batalha<br />

competitiva em conjunto com outras <strong>empresas</strong> aliadas. A associação de forças, a<br />

interdependência traz mais segurança, cria novas oportunidades de sobrevivência e<br />

crescimento. "A cooperação não é o oposto da competição; ela é simplesmente uma<br />

arma competitiva. A cooperação não torna a empresa gorda e flácida, da mesma<br />

forma como o trabalho de equipe não torna um time esportivo letárgico". (LYNCH,<br />

1994, p.424).<br />

65


A maioria dos estudos sobre cooperação empresarial constata a questão<br />

tecnológica como o principal impulso para que as <strong>empresas</strong> cooperem. Esta<br />

tendência também pode ser observada nos estudos desenvolvidos pela OCDE, que<br />

mostram que a maior intensidade no uso dos acordos de cooperação internacional<br />

ocorre exatamente nos setores que requerem fortes investimentos para pesquisa e<br />

desenvolvimento tecnológico. Isto é, setor eletrônico, químico e farmacêutico,<br />

informática e comunicação aeroespacial.<br />

Maital afirma que "Inovar é o elemento principal da estratégia competitiva. A<br />

inovação tem sido chamada de 'Vantagem do atacante'". (MAITAL, 1996, p.218). E<br />

complementa: "A sobrevivência do mais competente agora significa sobreviver com<br />

o mais competente. (MAITAL, 1996, p.220). O pacto da aliança e da cooperação é<br />

um pacto positivo, não se trata de proteger os ineficientes, mas de potencializar e<br />

ampliar a capacidade dos competentes e eficientes. É um pacto entre os bons para<br />

que sejam ainda melhores. É uma aliança para o progresso.<br />

A reação das <strong>empresas</strong> diante do novo paradigma tecnológico e das contínuas<br />

mudanças nos ciclos de vida dos produtos, das inovações e das invenções é buscar<br />

cooperação, para reduzir as incertezas, reduzir e compartilhar riscos e garantir<br />

competitividade via inovação de produtos, de processos de produção e de gestão.<br />

2.4.9 Ajustamentos Estratégicos das Peque<strong>nas</strong> e Médias Empresas<br />

Vencido o desafio de produzir com maior eficiência, qualidade, produtividade e<br />

racionalidade de custos certamente a empresa terá um produto competitivo no<br />

mercado. Porém, o desafio agora passa a ser o de definir o melhor preço, gerar um<br />

nível de produção ótima e maximizar os lucros.<br />

Considerando que é o mercado que define preços (ASSEF, 1997, p.1) a<br />

capacidade de as <strong>empresas</strong> imporem preços ao mercado é limitada, dependendo de<br />

como os mercados se dividem em monopólio, oligopólio ou concorrencial.<br />

66


Portanto, é o mercado que define preço de venda e não a empresa. Como<br />

cada produto tem um percentual diferenciado de margem de contribuição,<br />

dependendo da capacidade e vontade do mercado em assimilar o produto, a<br />

capacidade de cada produto contribuir para o lucro da empresa é diferente. Portanto,<br />

os administradores não podem tratar de forma igual produtos com contribuições<br />

lucrativas diferentes.<br />

O novo modo de organização da produção capitalista leva as <strong>empresas</strong> a<br />

definir estratégias de atuação mundializadas e em espaços econômicos regionais. A<br />

dinâmica das transformações econômicas internacionais, regionais e nacionais de<br />

inovações <strong>tecnológicas</strong>, acirramento da competição entre <strong>empresas</strong>, aumento de<br />

produtividade e eficiência, mudanças nos padrões de competitividade internacional,<br />

exigem dos governos políticas econômicas de abertura e internacionalização. As<br />

<strong>empresas</strong> procuram novas oportunidades de lucros mediante reconversões<br />

produtivas e organizacionais, para conquistar racionalidade de custos, qualidade,<br />

produtividade e competitividade nos mercados nacionais e internacionais.<br />

Nesse quadro, surgem organizações empresariais mais eficientes, mais produtivas,<br />

mais competitivas. O sucesso é conquistado. Alianças, parcerias, interdependências são<br />

estratégias empresariais para sobreviver, crescer e prosperar.<br />

A intensidade das transformações econômicas e <strong>tecnológicas</strong> moder<strong>nas</strong> e a<br />

busca de melhores alternativas de reprodução do capital exigem novas estratégias<br />

para competir nos mercados nacional e internacional. A cooperação econômica entre<br />

<strong>empresas</strong> surge como estratégias de fortalecimento para competir com outros grupos<br />

de <strong>empresas</strong>. A globalização da economia, a mundialização dos fornecedores e<br />

compradores nos anos recentes indicam uma alternativa estratégica de cooperação<br />

capitalisticamente, de operar com, para competir com eficiência e eficácia.<br />

O desafio que se apresenta às <strong>empresas</strong> que querem competir tanto no<br />

mercado doméstico como no mercado internacional é o de adotar tecnologias de<br />

informação, tecnologias de gestão, tecnologias de produção, tecnologias de<br />

67


mercado e tecnologias de organização corporativa, que levem a empresa a ter<br />

sucesso num mundo econômico em transformação. A liberdade das trocas de<br />

fatores de produção, a adoção de um novo padrão de qualidade e produtividade<br />

premiará com lucros crescentes as <strong>empresas</strong> mais eficientes, mais criativas, mais<br />

inovadoras. As <strong>empresas</strong> nacionais em geral, peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong>, são mais<br />

flexíveis, mais ágeis e podem tirar proveito de sua maior capacidade de ajuste diante<br />

do quadro mundial de mudanças e transformações. No entanto, sua capacidade<br />

organizacional e de inovação isoladamente pode constituir-se em entraves ao<br />

aproveitamento de sua flexibilidade e agilidade.<br />

Feita a revisão teórica do processo de globalização e suas influências <strong>nas</strong><br />

estratégias das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> passa-se agora à análise da<br />

importância da pequena e média empresa para o desenvolvimento econômico e<br />

social nacional e do local. Serão consideradas especialmente as questões da<br />

inovação e competição nacional e empresarial a partir da base local constituída<br />

principalmente por peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

68


CAPÍTULO 3<br />

A PEQUENA E MÉDIA EMPRESA: INOVAÇÃO E COMPETIÇÃO EM<br />

TEMPO DE ECONOMIA GLOBAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL<br />

Este capítulo tem como objetivo discutir a questão da inovação tecnológica na<br />

pequena e média empresa de base local e a busca de alternativas na definição de<br />

estratégias de competição da pequena e média empresa industrial.<br />

O capítulo está dividido em quatro tópicos. No primeiro discute-se a importância<br />

da pequena e média empresa para o desenvolvimento econômico e social da nação.<br />

Na segunda parte é analisada a questão da inovação tecnológica e suas<br />

peculiaridades na pequena e média empresa. A terceira parte se preocupa com a<br />

questão da conquista da competitividade nacional e com a estratégia da empresa para<br />

competir. A quarta e última parte discute os objetivos e as diretrizes do processo de<br />

construção do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Nesta fase<br />

também é analisado o esforço paranaense de desenvolvimento local de um Sistema<br />

Estadual de Ciência e Inovação como elementos fundamentais de desenvolvimento<br />

econômico e social da sociedade paranaense e como instrumental de facilitação da<br />

criação de um ambiente favorável para o desenvolvimento e a consolidação de uma<br />

cultura estadual para inovação e competição com eficiência e eficácia.<br />

O que se está procurando aqui é construir um quadro referencial para interpretar<br />

e compreender o processo de inovação tecnológica seguido pelas peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de base local no interior do Estado do Paraná.<br />

A preocupação deste capítulo é entender o processo de inovação tecnologia<br />

<strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> de país periférico à economia internacional.<br />

Analisa a conquista de competitividade num ambiente de sistêmico do<br />

desenvolvimento econômico e social e as alternativas de a base produtiva local<br />

participar competitivamente dos mercados nacionais e internacionais a partir de uma<br />

vontade deliberada de desenvolvimento regional e local.<br />

69


3.1 Importância da Pequena e Média Empresa para o Desenvolvimento<br />

Econômico e Social – O Global e o Local<br />

3.1.1 Pequena Empresa e o Desenvolvimento Local<br />

Uma nação é forte quando tem um grande número de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> permeando todos os setores produtivos e capilarizadas em todos os<br />

segmentos da economia e regiões da nação.<br />

A pequena empresa funciona como o óleo que lubrifica as engrenagens, reduz<br />

os atritos e permite a velocidade de todo o aparato social e produtivo. Simboliza as<br />

forças produtivas vivas de uma sociedade e por meio dela se expressa o sentido de<br />

risco, de empreendimento, de auto-realização, de criatividade, de iniciativa e de<br />

auto-preservação, da realização do sonho empresarial. A pequena e média empresa<br />

têm especial importância para a geração de empregos, a interiorização do<br />

desenvolvimento, a complementação da ação das grandes <strong>empresas</strong>.<br />

Conforme Amato Neto (2000, p.18):<br />

Para atingir seus objetivos em busca da excelência empresarial, é preciso que as<br />

grandes <strong>empresas</strong> estejam apoiadas numa base industrial de PMEs mais dinâmica.<br />

Historicamente, as PMEs vêm desempenhando um importante papel socioeconômico,<br />

tanto do ponto de vista da geração de emprego e de renda, quanto do ponto de vista<br />

de seu potencial de inovação incremental, principalmente quando tais <strong>empresas</strong> estão<br />

vinculadas a uma cadeia de suprimento de peças componentes e serviços para a<br />

grande empresa.<br />

Observando-se o universo empresarial, mas também contrapondo-se com a<br />

natureza de todas as sociedades, facilmente pode ser constatado que não há<br />

prosperidade e sobrevivência só de entes grandes, nem só de entes pequenos, mas<br />

há processos de interdependência e complementação.<br />

70


Mônica Alves Amorin, analisando a importância da pequena empresa para o<br />

desenvolvimento local e contrapondo com a ação da grande empresa para o<br />

desenvolvimento local integrado, afirma:<br />

As peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> podem de fato constituir importantes estratégias de<br />

desenvolvimento econômico, proporcionando maior competitividade a regiões inteiras<br />

e integrando um número maior de indivíduos no processo. Os percalços sofridos pelo<br />

parque industrial brasileiro podem ser amenizados à medida que o País se prepare<br />

para apoiar de forma sistemática o desenvolvimento de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

competitivas, inovadoras, de estrutura flexível e que sejam capazes de uso adequado<br />

de moderna tecnologia. Encarar peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> como sendo, de fato, fonte de<br />

dinamismo econômico introduz novas e mais conseqüentes perspectivas para esse<br />

segmento do qual se pode aguardar bem mais do que absorver a mão-de-obra que<br />

não consegue encontrar emprego <strong>nas</strong> grandes firmas. (...) O desenvolvimento<br />

fundamentado <strong>nas</strong> grandes <strong>empresas</strong> tende assim a ser excludente e concentrador.<br />

As peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> em contraste abrem oportunidades de um<br />

desenvolvimento mais integrador, economicamente mais justo e socialmente mais<br />

desejado. A questão, no entanto, reside em encontrar formas de garantir<br />

competitividade às <strong>empresas</strong> de menor porte para que essas possam assim ser<br />

capazes de iniciar e sustentar um processo de desenvolvimento econômico de uma<br />

região. (AMORIM, 1998 p.13-14).<br />

Pode-se deduzir, então, que a pequena e média empresa exerce um papel<br />

fundamental na equalização do desenvolvimento, na integração da economia e na<br />

integração da sociedade no modo de produção e consumo capitalista.<br />

A base da indústria local é a produção para mercados conhecidos, resposta às<br />

demandas existentes e conhecidas. Combinando o antigo com o novo, o tradicional<br />

com o moderno, tecnologias tradicionais com as inovações, tirando proveito de<br />

nichos de mercado, onde as escalas de produção não estimulam as grandes<br />

<strong>empresas</strong>. Segundo dados do Banco Mundial (1996), e análise de Francisco<br />

Albuquerque (1997, p.148), do total da produção bruta mundial contabilizadas nos<br />

circuitos formais da economia, ape<strong>nas</strong> 20% da produção mundial é comercializada<br />

internacionalmente. Isto quer dizer que 80% da produção mundial é comercializada<br />

71


dentro da própria nação. Portanto, a grande maioria das decisões de produção<br />

acontece em cenários nacionais ou subnacionais, regionais e municipais.<br />

O Produto Mundial Bruto (PMB) contabilizado nos circuitos normais da<br />

economia, estimado pelo FMI para o exercício de 2001 é de US$ 33,44 trilhões.<br />

Cerca de US$ 6,51 trilhões (19,5% do PMB) se referem a fluxos comerciais entre os<br />

países (comércio internacional). Isto significa que 80% é comercializado dentro de<br />

espaços nacionais.<br />

Considerando-se ainda que grande parte do comércio exterior é comércio<br />

intrabloco, isto mostra que a grande maioria das decisões de produção acontece<br />

levando-se em consideração o mercado e o cenário econômico nacional e regional,<br />

em grande parte atendido pelas peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong>. Estudos desenvolvidos por<br />

Vera Thorstensen sobre a situação da União Européia dão conta que o coeficiente<br />

de integração intra União Européia está próximo a 76% do total das exportações<br />

dos países membros (THORSTENSEN, 1993; THORSTHENSEN et al., 1994). Na<br />

economia brasileira tal fato ainda é mais destacado, considerando que o volume de<br />

exportações do Brasil corresponde a aproximadamente 8% do PIB nacional,<br />

conseqüentemente deve-se considerar que 92% do PIB nacional é transacionado<br />

dentro do mercado nacional, portanto para mercados regionais e locais.<br />

Essa linha de raciocínio permite deduzir que existe um enorme espaço para a<br />

definição de políticas de promoção do desenvolvimento regional e local por meio das<br />

peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>. Além disso, há múltiplas formas dos instrumentos de<br />

macroeconomia e as políticas de desenvolvimento em nível microeconômico e<br />

mesoeconômico se manifestarem no regional e no local, bem como <strong>nas</strong> <strong>empresas</strong><br />

de micro, pequeno e médio porte.<br />

Dados do Serviço de Apoio à Pequena Empresa do Estado de São Paulo,<br />

baseado no Censo de 1985, mostram que 95,6% das <strong>empresas</strong> empregam menos de<br />

100 empregados, sendo responsáveis por 46% do total dos empregos. No entanto, só<br />

geravam 30,3% do valor adicionado. As peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> em São Paulo somam<br />

72


3.500.000 (três milhões e quinhentas mil), representando 98% do total das <strong>empresas</strong><br />

registradas. O segmento de micro e peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> ocupa cerca de 58% da mão-<br />

de-obra assalariada, sendo responsável por 42% do salário pago. Este mesmo<br />

segmento contribui com a geração de 42% dos produtos acabados produzidos no país<br />

e é responsável por 20,6% do PIB nacional (AMATO NETO, 2000, p.21).<br />

Dados obtidos junto ao Sistema Brasileiro de Apoio à Pequena e Média<br />

Empresa (Sebrae) informam que há no Brasil mais de 4.500.000 peque<strong>nas</strong><br />

<strong>empresas</strong>, que elas são responsáveis pelo emprego de 60% do total da mão-de-<br />

obra empregada no país e contribuem com a geração de 20% do PIB nacional. A<br />

participação das peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> no total das exportações brasileiras é de<br />

ape<strong>nas</strong> 2%, no entanto quando se analisam as exportações indiretas, isto é, o<br />

produto e o valor agregado dos fornecimentos feitos pelas peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> às<br />

grandes companhias exportadoras, esta participação cresce significativamente<br />

chegando a alcançar de 15 a 20%, quase o mesmo percentual obtido pelas<br />

peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> francesas <strong>nas</strong> vendas exter<strong>nas</strong> diretas que é de 25% da pauta<br />

de exportação da França (DURANTE, 1996, p.14 e 15).<br />

Analisando documentos do Sebrae, os desafios que as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> devem enfrentar para ampliar suas oportunidades diante da globalização são:<br />

a) inserção direta da empresa no comércio internacional;<br />

b) melhor preparação para enfrentar a concorrência estrangeira no mercado<br />

interno próprio;<br />

c) absorção de novas tecnologias e novos métodos gerenciais em busca de<br />

uma melhor qualidade e maior competitividade.<br />

O agregado da economia das PMEs constitui-se uma espécie de poderosa<br />

força complementar para a grande empresa, governo e sindicatos de trabalhadores,<br />

na economia moderna (SOLOMON, 1986, citado por AMATO NETO, 2000, p.36).<br />

73


Destaca-se também que as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> são instrumentos<br />

indispensáveis para o desenvolvimento social e a consolidação de políticas<br />

nacionais de desenvolvimento econômico e social.<br />

...la generación de riquezas en los espacios nacional y subnacional dependen en gran<br />

medida de las políticas e institucionalidad territoriales específicas que los diferentes<br />

actores sociales, a partir de iniciativas locales, logren concertar con miras al fomento<br />

económico endógeno a fin de alcanzar niveles de eficiencia productiva adecuados y<br />

contribuir así a la difusión del crecimento económico la generación de empleo e<br />

ingreso. (ALBUQUERQUE, 1997, p.150).<br />

O desafio é definir estratégias de desenvolvimento nacional, regional e local<br />

que estimulem as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> à incorporação de tecnologias de<br />

produto, de processo, de comercialização e de organização que garantam a<br />

inserção competitiva dos produtos e dos serviços originados das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> de base local, nos mercados nacionais e internacionais com os padrões<br />

de qualidade, racionalidade de uso dos fatores de produção, que garantam a<br />

competitividade dos produtos nos mercados.<br />

Um dos grandes desafios do novo modo de organização da produção<br />

capitalista está em garantir a universalização das oportunidades de melhorias e<br />

aprimoramento para todas as <strong>empresas</strong> que querem evoluir, e não só para aquelas<br />

<strong>empresas</strong> que participam do mercado internacional qualquer que seja o processo de<br />

cooperação em andamento.<br />

Não se trata de buscar alguns nichos de mercado, mas sim de criar<br />

mecanismos de universalização dos processo de invenções, inovações, melhorias,<br />

avanços, progressos e de estimular as <strong>empresas</strong> a aprender a aprender, a identificar<br />

as oportunidades estratégicas de negócio e de organização produtiva eficiente.<br />

Neste sentido, Albuquerque destaca a importância da pequena empresa da base<br />

local em tempos de economia globalizada.<br />

74


En la actual fase de globalización de la economia mundial, con crescientes demandas<br />

de eficiência productiva y cometitividad, y en escenarios en los que la mayor apertura<br />

externa de las diferentes economias nacionales y territoriales constituye un dato del<br />

contexto imperante, conviene no olvidar que los retos principales radican en asegurar<br />

la introducción de innovaciones de gestión y productivas en el sistema empresarial y<br />

en el conjunto de los organizaciones de gestión,´públicas o privadas, a fin de elevar la<br />

eficiencia productiva y la flexibilidad (o capacidad de adaptación) en escenarios<br />

variables e incertos. (ALBUQUERQUE, 1997a).<br />

la fase de transición tecnológica por la que atravesamos hace imperativo encontrar la<br />

manera de asegurar que se produzca la innovación productiva y de organización en el<br />

conjunto de las <strong>empresas</strong> existentes en cada país, lo que no puede lograrse con la<br />

sola inserción de algunos segmentos o actividades económicas en los núcleos<br />

dinámicos de la economia mundial.(...) En los sistemas productivos locales abundan<br />

las <strong>empresas</strong> pequeñas, las que si bien son menos importantes que las grandes<br />

<strong>empresas</strong> en términos de valor agregado a la producción nacional, tienen un peso<br />

decisivo en el empleo y la generación de ingresos, así como en la difusión territorial<br />

más equilibrada del crescimiento económico. (ALBUQUERQUE, 1997, p.151).<br />

A capacidade de inserção competitiva nos mercados nacionais e internacionais<br />

e a capacidade de incorporação de tecnologias não é uma obra do acaso ou uma<br />

ação isolada de algumas <strong>empresas</strong>, mas é uma causa compartilhada entre governos<br />

centrais, regionais e locais, com universidades e centros de pesquisa com os setores<br />

produtivos localizados nos municípios (locais). Em geral, <strong>empresas</strong> de pequeno e<br />

médio porte são as que mais necessitam de apoio, mas também têm grande<br />

potencial de inovação e flexibilidade para ajustes rápidos e adequados aos novos<br />

desafios da inovação e competição. A pequena empresa ocupa um lugar de<br />

destaque na incorporação do progresso técnico, na difusão e espraiamento do<br />

processo de crescimento e desenvolvimento econômico e na geração de emprego e<br />

distribuição de renda.<br />

Esse fato pode ser constatado tanto nos países em desenvolvimento como nos<br />

países desenvolvidos. Segundo dados da União Européia (1994), no ano de 1993<br />

existiam no espaço comunitário da UE 17 milhões de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

75


que geravam 67 milhões de postos de trabalho, dos quais cerca de 30 milhões eram<br />

<strong>empresas</strong> com menos de 20 empregados. (ALBUQUERQUE, 1997, p.156). Na<br />

opinião de Bianchi (1996), citado por Albuquerque (1997, p.156). As peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> desempenham um papel fundamental não só para promover o<br />

emprego, mas também para garantir o dinamismo dos mercados e o êxito dos<br />

acordos regionais de comércio e de fortalecimento da estabilidade social dos países.<br />

Ainda segundo Bianchi (1996, citado por ALBUQUERQUE, 1997, p.156), o êxito das<br />

peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> na Europa se baseia no processo de aglomeração de <strong>empresas</strong><br />

com diversas especialidades que atuam de forma complementar tendo um escopo<br />

coletivo de flexibilidade, competitividade, eficiência e lucro.<br />

No modelo de globalização e integração regional as peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> deixam de ser<br />

ape<strong>nas</strong> coadjuvantes para serem um dos seus atores principais, desempenhando papel<br />

chave na especialização flexível e contribuindo fortemente para a minimização do<br />

desemprego estrutural, para a valorização do ser humano e para a interiorização do<br />

desenvolvimento. (SEMINÁRIO PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS, 1996, p.28-31).<br />

As transformações da economia mundial dão conta de que o fenômeno da<br />

globalização não é novo. O que é novo são a rapidez e a intensidade das mudanças,<br />

tanto na forma de atuação do Estado como na estratégia de ação das <strong>empresas</strong>.<br />

O novo modo de organização da produção capitalista tem provocado um<br />

processo de reconversão produtiva e relocalização da produção. O primeiro implica a<br />

criação de um novo modelo tecno-organizacional e produtivo. O segundo implica a<br />

reorganização espacial da produção mundial. Ambos os processos implicam o<br />

surgimento de estruturas organizacionais de especialização flexível e descentralizadas<br />

para responder aos novos desafios da competitividade na busca do lucro; desafios<br />

esses que podem identificar <strong>nas</strong> seguintes questões:<br />

ƒ Como as regiões e os locais identificam suas oportunidades estratégicas de<br />

desenvolvimento? Como as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> de base local<br />

identificam suas oportunidades lucrativas em cenários de intensas e<br />

rápidas mudanças, em processos de abertura econômica e de<br />

76


do Paraná.<br />

internacionalização da economia, em tempos do acirramento da<br />

competição na busca do lucro?<br />

ƒ Como os empresários das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> com bases locais<br />

agem e reagem ajustando suas estratégias de crescimento, desenvolvimento<br />

e lucro diante de variáveis internacionais e nacionais que não constroem nem<br />

influenciam, mas sofrem interferência em seus negócios?<br />

ƒ Como as peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> locais são estimuladas para o aproveitamento<br />

de uma oportunidade produtiva e de lucro, para o avanço e progresso, ou se<br />

frustram na trajetória de crescimento, sobrevivência e lucro?<br />

Esses são desafios a conhecer e interpretar a partir da realidade do Estado<br />

3.1.2 A Pequena e Média Empresa e as Estratégias dos Oligopólios e Monopólios<br />

Os estudos das novas formas de organização da produção constatam duas<br />

formas distintas de organização empresarial, as redes de peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong><br />

independentes modelo italiano (PIORE e SABEL, 1984) e as firmas em rede modelo<br />

de <strong>empresas</strong> japonesas. No modelo italiano, o processo de integração entre<br />

<strong>empresas</strong> de menor porte está associado a um amplo processo de cooperação e<br />

flexibilidade criativa.<br />

No caso japonês, as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> se organizam como firmas-<br />

redes articuladas pela complementaridade e pela especialização a uma grande<br />

empresa. Em ambos os casos há um processo de interdependência mútua e de<br />

cooperação, tanto entre peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> entre si como das peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong><br />

com as grandes <strong>empresas</strong>.<br />

Pode-se afirmar que a globalização está estimulando as grandes <strong>empresas</strong> substituírem<br />

a dependência e o controle exercidos na sua relação com as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> por uma parceria seletiva, onde a interdependência conduz à sinergia,<br />

flexibilidade e aumento de competitividade. Da mesma forma as <strong>empresas</strong> de menor<br />

77


porte têm buscado sua melhor participação no mercado, ocupando espaços e<br />

oportunidades criadas nessa nova fase. É importante destacar que nesse novo<br />

reposicionamento de mercado, onde o processo de reengenharia utilizado pelas grandes<br />

<strong>empresas</strong> tem freqüentemente levado a profundos cortes nos postos de trabalho, a<br />

pequena empresa e mesmo o profissional liberal autônomo passam a ter destacado<br />

papel na geração de empregos e de ocupações econômicas. (CARON, 1997).<br />

O cenário das economias capitalistas avançadas a partir da década de 1970 é<br />

marcado por um intenso processo de revolução <strong>tecnológicas</strong> e transformação radical<br />

da base técnica de produção. Este processo é capitaneado pelo desenvolvimento da<br />

microeletrônica a partir da década de 1960 e dos microprocessadores a partir dos<br />

anos 70. Tais mudanças provocam um processo de intensa reestruturação industrial<br />

em nível mundial e por conseqüência uma alteração dos papéis das grandes<br />

<strong>empresas</strong> e das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> diante da concorrência tecnológica e<br />

capitalista mundial.<br />

À medida que a dinâmica da revolução tecnológica se difunde, seu uso se<br />

intensifica e permeia todos os setores produtivos, setores de serviços, meios<br />

universitários e de pesquisa. Então ocorre uma revolução produtiva, e surgem novos<br />

espaços para reestruturação da organização da produção; viabilidade de<br />

combinação entre fabricação de pequenos lotes e alta rentabilidade; diversificação<br />

da linha de produtos, cujo ciclos de vida são encurtados.<br />

As estratégias de competição entre <strong>empresas</strong> e entre países são redefinidas a<br />

partir de uma revolução tecnológica que traz alterações no quadro econômico, social<br />

e político, que tem como conseqüências alterações na natureza das relações intra e<br />

interfirmas; mudanças <strong>nas</strong> estratégias competitivas, diversificação <strong>nas</strong> linhas de<br />

produtos; especializações; alteração no tamanho das plantas; novos ramos<br />

<strong>industriais</strong> e novas qualificações; alterações na organização social e espacial dos<br />

processos de produção e constante alteração do perfil da demanda.<br />

Diante desse intensivo processo de mudanças, o traço comum entre os<br />

agentes econômicos da produção é fugir da rigidez e buscar maior flexibilidade.<br />

78


Neste quadro, a busca de flexibilidade e os ajustes decorrentes ocorrem tanto no<br />

interior das unidades produtivas que os promovem (oligopólios e monopólios) como<br />

também nos ambientes externos dos grandes grupos partir de novos modos de<br />

organização, terceirização, coinversões, reorganização das relações entre<br />

fornecedores e compradores.<br />

3.1.3 Especialização Flexível e Inovação<br />

Segundo estudos feitos por Menlders e Wilkim (1987), esse processo de<br />

interação das flexibilidades inter<strong>nas</strong> e exter<strong>nas</strong> às <strong>empresas</strong> configura um novo<br />

modelo de organização produtiva (contrapondo-se ao modelo fordista) que constitui<br />

a oportunidade de surgimento, crescimento e fortalecimento para peque<strong>nas</strong>, <strong>médias</strong><br />

e grandes <strong>empresas</strong> e para novas formas de interação entre elas. Assim, as<br />

revoluções <strong>tecnológicas</strong> recentes provocam uma transformação do modelo de<br />

produção taylorista-fordista, baseado na produção em massa, para um modelo<br />

alternativo da especialização flexível, que incorpora com mais facilidade e rapidez as<br />

invenções e inovações e que, por ser mais flexível em termos de máqui<strong>nas</strong>, produtos<br />

e trabalhadores, responde com maior eficiência e eficácia as constantes mudanças<br />

das técnicas e processos de produção e as novas exigências dos consumidores. E<br />

isto pressupõe e também facilita uma estratégia de permanente inovação (PIORE e<br />

SABEL, 1984) onde as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> são mais ágeis e competentes.<br />

Piore e Sabel (1984), analisando o modelo de especialização flexível e<br />

contrapondo esse modelo ao de produção em massa, procuram razões para a<br />

persistência e a vitalidade contínuas das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

As condições que explicam a permanência da produção das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> estão na própria lógica do modelo de produção de massa. As<br />

máqui<strong>nas</strong> especializadas que a produção em massa exige não são produzidas em<br />

larga escala. As produções em massa pressupõem também grandes mercados que<br />

estão sujeitos a flutuações de demanda ou com níveis de demanda baixos que não<br />

79


são uma boa alternativa para os produtores em massa, mas são uma boa opção<br />

para peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

Piore e Sabel (1984) observam que, desde o século XIX, havia exemplos,<br />

formas de organização da produção <strong>nas</strong> quais as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

desenvolviam ou exploravam tecnologias sem se tornarem grandes <strong>empresas</strong> e, ao<br />

mesmo tempo, observam que grandes <strong>empresas</strong> usam tecnologias sofisticadas não<br />

só para a produção de bens padronizados (de massa), mas também para peque<strong>nas</strong><br />

quantidades. Desta forma, Piore e Sabel constatam que a visão clássica de<br />

progresso econômico relacionado à produção em massa e a idéias que a pequena<br />

produção deva ser tradicional ou subordinada não é verdadeira. Ao contrário,<br />

peque<strong>nas</strong> e grandes produções são alternativas adequadas para incorporação de<br />

avanços tecnológicos.<br />

No passado (século XIX) os distritos <strong>industriais</strong> apresentavam três características<br />

interdependentes em relação ao seu dinamismo e vitalidade tecnológica:<br />

a) estavam aptos a produzir ampla variedade de produtos para mercados<br />

regionais e altamente diferenciados. Os produtos eram alterados<br />

constantemente como respostas à mudanças dos consumidores;<br />

b) constata-se o uso flexível de tecnologia de produtividade crescente e de<br />

larga aplicação;<br />

c) a atuação do aparato institucional regional visava garantir a cooperação e<br />

competição com o objetivo de estimular a inovação.<br />

Por que as alternativas de produção a partir das tecnologias flexíveis não<br />

sobrevivem no passado? Por que o desenvolvimento das tecnologias de produção<br />

em massa sufoca as tecnologias flexíveis? Pesquisando essas questões, Piore e<br />

Sabel (1984) encontram as seguintes explicações:<br />

a) as firmas locais passam para o controle de grandes <strong>empresas</strong> multinacionais,<br />

integradas verticalmente que adotam estratégias de produção em massa<br />

para mercados mundiais apoiadas pelos governos nacionais com o objetivo<br />

de modernizar a economia;<br />

80


) políticas dos governos nacionais com o objetivo de fortalecer grupos<br />

econômicos locais para enfrentar concorrentes internacionais produtores<br />

de bens de massa.<br />

As formas moder<strong>nas</strong> de especialização flexível re<strong>nas</strong>cem na Itália e no Japão<br />

onde se deram o surgimento e crescimento de uma grande rede de peque<strong>nas</strong><br />

<strong>empresas</strong> especializadas por etapas do processo produtivo e integradas entre si de<br />

forma a potencializar as vantagens derivadas das chamadas "economias de<br />

aglomeração". No conjunto, estas peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> têm capacidade de<br />

desenvolver as mesmas atividades e operações de uma grande empresa de<br />

produção em massa, tanto em indústrias tradicionais quanto em indústrias<br />

dinâmicas. Em geral, a partir da década de 1970, o desenvolvimento desses distritos<br />

<strong>industriais</strong> está associado ao movimento de descentralização, promovido pelas<br />

grandes <strong>empresas</strong> como respostas às conquistas dos seus trabalhadores. Piore e<br />

Sabel interpretam este movimento como resposta ao gargalo da viabilidade da<br />

crescente produção em massa na Itália. Por meio das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

seriam abertas novas alternativas de crescimento em setores onde as grandes<br />

<strong>empresas</strong> já se mostravam inadequadas a manter o dinamismo.<br />

No início, as novas peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> só tinham acesso a<br />

tecnologias ultrapassadas e "exploravam" a mão-de-obra. Num segundo momento<br />

as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> se organizam em "federações", que as tornam<br />

fortes, possibilitando assim a mobilização de suas capacidades coletivas para<br />

projetar novos produtos e processos, o que garante às peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> acesso cada vez mais independente aos mercados superando, assim, a<br />

posição de firmas subcontratadas e dependentes.<br />

Esse processo foi uma forma atípica de concentração de capital na qual a<br />

federação assume as funções e vantagens competitivas próprias das grandes<br />

<strong>empresas</strong>; no entanto, a estrutura de propriedade do capital não é alterada, e cada<br />

produtor continua dono do seu próprio negócio. Com essa estratégia a Itália enfrenta<br />

81


melhor os efeitos da "paralisação" e "cansaço" do modelo de produção em massa e<br />

alcança taxas de crescimento mesmo durante os anos de crise, quando o ajuste e a<br />

redução do tamanho das grandes <strong>empresas</strong>.<br />

A coordenação e interação entre diferentes grupos de atividades num sistema<br />

flexível de produção, com alto grau de cooperação e integração entre <strong>empresas</strong>,<br />

possibilitaram inovação tecnológica, constantes rearranjos e <strong>pesquisas</strong> de novos<br />

produtos que propiciaram a dinâmica da economia regional (PIORE e SABEL, 1984).<br />

Este processo de organização reflete muito mais em um processo de<br />

interdependência e cooperação do que num processo de subordinação.<br />

No caso japonês a estratégia de ajuste resulta da busca de flexibilidade como<br />

forma de aumentar a competitividade internacional de sua indústria e traduz mais um<br />

esforço de modernização crescente das relações inter<strong>empresas</strong> do que um<br />

movimento profundo de reestruturação.<br />

Um dos pontos centrais do processo de reestruturação competitiva da<br />

economia japonesa está no programa de racionalização das peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong><br />

por meio das quais o governo e grandes <strong>empresas</strong> visualizavam uma oportunidade e<br />

competitividade internacionais. Portanto, criar, manter, fortalecer uma extensa e<br />

eficiente rede de fornecedores altamente especializados em diferentes fases do<br />

processo produtivo ou na fabricação de componentes é uma estratégia de<br />

crescimento e desenvolvimento do modelo japonês. As peque<strong>nas</strong> "<strong>empresas</strong><br />

satélites" são mantidas orbitando em torno das <strong>empresas</strong> mães (grandes <strong>empresas</strong>)<br />

mediante vínculos contratuais que garantem às grandes <strong>empresas</strong> a coordenação e<br />

o controle do sistema de produção, mas ao mesmo tempo as peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong><br />

mantêm a flexibilidade e independência necessárias à incorporação de melhorias<br />

<strong>tecnológicas</strong> e organizacionais em produtos e processos.<br />

As "<strong>empresas</strong> mãe" dedicam uma atenção especial à identificação da empresa<br />

inovadora, na orientação para inovação tanto de novas técnicas de produção como<br />

de gerenciamento.<br />

82


A esse processo somam-se a partir dos anos 70 a indústria microeletrônica e<br />

os comandos numéricos, que permitem uma nova estratégia de ação nos mercados<br />

de massa.<br />

Esses processos estão apoiados por uma ativa participação do Estado<br />

japonês, que adota medidas protecionistas à indústria nacional e estimula a<br />

formação de cartéis de pesquisa, e, de outro lado, a iniciativa privada em massa com<br />

as vantagens da diferenciação de produtos (Piore e Sabel, 1984). Por volta de 1980<br />

as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> japonesas controlavam 64% da produção da<br />

indústria de máqui<strong>nas</strong> de controle numérico. A experiência japonesa quanto à<br />

produção e ao uso de máqui<strong>nas</strong> e ferramentas evidencia dois aspectos relevantes:<br />

1. A inversão da tradicional relação entre indústria de máqui<strong>nas</strong> –<br />

ferramentas e seus clientes, que ao invés de utilizar equipamentos de<br />

multiuso (flexível) para produzir equipamentos de uso específico (rígidos)<br />

procede em sentido contrário.<br />

2. O uso de equipamentos específicos para produzir equipamentos flexíveis<br />

de forma a atender às necessidades "artesanais" de seus clientes.<br />

Sintetizando, a especialização flexível em países industrialmente adiantados<br />

se confunde com a estratégia de crescimento e sobrevivência dos oligopólios<br />

e monopólios.<br />

Vários autores concordam em suas análises que ocorre uma grande mudança<br />

na organização industrial <strong>nas</strong> economias capitalistas mais avançadas. Isto é, a<br />

produção em série (produção em massa) está em declínio e está se fortalecendo a<br />

produção baseada em estruturas de produção mais adaptáveis, isto é, flexíveis.<br />

Segundo Schmitz, o trabalho mais importante desta análise é "A segunda Divisão<br />

Industrial", de Piore e Sabel (1984).<br />

Analisando a crise econômica que afetou as economias industrializadas do<br />

ocidente <strong>nas</strong> décadas de 1970 e 1980, Piore e Sabel afirmam: "A presente<br />

deterioração do desempenho da economia resulta dos limites do modelo de<br />

83


desenvolvimento industrial que se apóia na produção em série". A chave da<br />

prosperidade está na especialização flexível, o que significa:<br />

a) fugir da rigidez da produção em série, padronizada, que exige<br />

trabalhadores semi-especializados como agentes co-responsáveis e<br />

criativos do processo produtivo;<br />

b) procurar um sistema de produção criativo, inovador, que envolva o<br />

trabalhador como "ser criador" do produto e, portanto, se sinta parte<br />

integrante e comprometida com o processo de produção, para isto se<br />

especializa mais, reage às mudanças de tecnologias de produção e<br />

contribui criativamente para a incorporação de inovações e novos padrões<br />

tecnológicos no processo de produção. Isto ocorre porque os indivíduos<br />

(trabalhadores) com a venda da sua força de trabalho buscam um ganho<br />

econômico para sua própria sobrevivência. No entanto, isto não é<br />

suficiente, os indivíduos também se auto-realizam com as coisas que<br />

criam e produzem; e, quando se envolvem criativamente na produção, são<br />

criadores e, portanto, se realizam como seres existenciais.<br />

A organização da produção industrial em produção em massa e produção<br />

flexível induz a formas de organização que tenham respostas diferentes e eficientes<br />

a um mesmo problema no padrão da empresa flexível. A concorrência e a<br />

cooperação devem correr ao mesmo tempo; a concorrência como motor da inovação<br />

e a cooperação, para facilitar a coordenação do processo, manter a coesão e evitar<br />

que a concorrência necessária se torne destrutiva.<br />

Nesse sentido, para a sobrevivência e o crescimento adequado da empresa<br />

flexível, é necessário um aparato institucional moderador das interações.<br />

84


3.1.4 Diferenciando Produção em Série da Produção Flexível<br />

Como diferenciar a produção em série da produção flexível? A produção em<br />

série é vista como um sistema de tecnologias, mercados e instituições onde são<br />

realizados grandes investimentos, bem como pressupõe a existência de mercados<br />

grandes e estáveis para absorver a produção padronizada e contínua, capaz de<br />

garantir a estabilidade da reprodução dos recursos envolvidos na produção.<br />

Produção flexível não pode ser vista como sinônimo da produção realizada<br />

pela pequena e média empresa, pois <strong>empresas</strong> geograficamente dispersas e ou<br />

setorialmente dispersas não constituem uma forma de organização industrial. Há<br />

grandes <strong>empresas</strong> que adotam sistemas flexíveis de produção padronizados para<br />

mercados de dimensões reduzidas. Também não pode ser vista como produção<br />

flexível aquela realizada por países em desenvolvimento como alternativa de fazer<br />

frente à produção dos monopólios e oligopólios das <strong>empresas</strong> controladas pelas<br />

nações já industrializadas.<br />

A produção flexível já ocorria no século passado em distintos distritos<br />

<strong>industriais</strong>, mas é superada pela produção em série (em massa), estandartizada,<br />

padronizada, que se fortalece a partir do taylonismo e do fordismo.<br />

A produção flexível ressurge <strong>nas</strong> economias capitalistas moder<strong>nas</strong> como<br />

alternativa à crise de reprodução capitalista das décadas de 1970 e 1980 e se<br />

desenvolve com intensidade <strong>nas</strong> economias Italiana, Alemanha Ocidental e Japão<br />

em contraposição ao modelo de produção dos Estados Unidos, estandartizada e<br />

destinada a mercados grandes.<br />

Para Schmitz, a especialização flexível não se aplica exclusivamente à<br />

produção da indústria em pequena escala. Emerge nos países capitalistas<br />

adiantados e resgata a pequena escala de produção da situação de indústria inferior<br />

e subordinada, colocando a produção flexível como um novo paradigma industrial.<br />

Segundo algumas <strong>pesquisas</strong> realizadas em países industrialmente mais avançados,<br />

pode-se observar uma considerável redução de empregos <strong>nas</strong> grandes <strong>empresas</strong> e<br />

85


um crescimento de número de empregos gerados a partir das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

As principais características que diferenciam a produção em massa e a<br />

especialização flexível podem ser observadas no quadro 2.<br />

QUADRO 2 - PRODUÇÃO EM SÉRIE E ESPECIALIZAÇÃO FLEXÍVEL<br />

DISCRIMINAÇÃO PRODUÇÃO EM SÉRIE ESPECIALIZAÇÃO FLEXÍVEL<br />

Porte da empresa/fábrica Grande corporação Oportunidade para as peque<strong>nas</strong> e grandes<br />

Tecnologia Maquinaria dedicada a<br />

Especialização<br />

Mão-de-obra - com treinamento restrito<br />

- separação da concepção e<br />

da execução<br />

- tarefa fragmentada e<br />

rotineira<br />

- restrita classificação das<br />

funções<br />

Maquinarias com objetivos gerais<br />

Amplamente treinado<br />

Integração entre concepção e execução, tarefas multiespecializadas<br />

e variadas, amplas classificações de<br />

funções.<br />

Administração Hierárquica e formal Pouco hierárquica, informal<br />

Produção Grande volume<br />

Espectro limitado de produtos<br />

padronizados<br />

Comportamento competitivo Estratégia para controlar o<br />

mercado<br />

Quadro institucional Centralizado kevnesianismo<br />

nacional e multinacional.<br />

FONTE: SCHMITZ (1989)<br />

Lotes grandes e pequenos, unidades simples, produtos<br />

variados/feitos sob encomenda<br />

Rápida adaptação a mudança, inovação<br />

Descentraliza instituições locais que fundem competição e<br />

cooperação.<br />

Schmitz define a especialização flexível de duas maneiras.<br />

A primeira centralizada na especialização e no rendimento da tecnologia, em<br />

que a especialização flexível é a manufatura de produtos variados, com<br />

equipamentos de múltiplos usos e utilizando-se de operários multi-especializados.<br />

A especialização flexível adotada pela grande empresa pressupõe formas de<br />

organização industrial descentralizadas em unidades especializadas semi-<br />

autônomas. Por outro lado, a especialização flexível adotada pelas peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> pressupõe uma organização industrial que resulte no<br />

agrupamento de peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> com uma consistente divisão do trabalho<br />

86


inter<strong>empresas</strong> pressupondo-se a cooperação entre <strong>empresas</strong>, o comprometimento<br />

com os resultados finais comuns, a interdependência para o atingimento dos<br />

objetivos desejados para o grupo de <strong>empresas</strong> que atuam interdependentes e<br />

cooperadas. Essa visão da especialização não significa especialização flexível. A<br />

especialização flexível não se refere ao tamanho da empresa, mas sim ao<br />

relacionamento comprometido entre diferentes <strong>empresas</strong> para o atingimento de<br />

objetivos complementares e comuns, visando atender às exigências diferenciadas<br />

do mercado com produtos diferenciados que se tornam competitivos a partir das<br />

inovações e incorporação de tecnologias.<br />

3.1.5 As Peque<strong>nas</strong> e Médias Empresas como Alternativa para o Crescimento<br />

Econômico dos Países em Desenvolvimento<br />

Segundo Schmitz, a especialização flexível pode ser um paradigma de grande<br />

importância para o processo de industrialização dos países em fase de crescimento,<br />

porém, esta análise precisa ser aprofundada com novos trabalhos teóricos e<br />

empíricos sobre a realidade das transformações produtivas e da organização<br />

industrial destes países. O que se pode afirmar com segurança e que parte<br />

significativa dos empregos <strong>industriais</strong> nos países em desenvolvimento é gerada<br />

pelas peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>. No caso do Brasil, segundo <strong>pesquisas</strong> do<br />

Sebrae (Sistema Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa), este percentual<br />

é de 59% dos empregos, 48% da produção, 42% dos salários. As opiniões sobre a<br />

viabilidade da produção em pequena escala indicam duas alternativas na visão dos<br />

empresários, segundo pesquisa desenvolvida por Schmitz.<br />

a) O crescimento dos pequenos produtores não tem barreiras, nem de<br />

número de <strong>empresas</strong> nem de tamanho das <strong>empresas</strong>.<br />

b) Os pequenos produtores são marginalizados devido à exploração e aos<br />

bloqueios impostos pelos detentores do poder econômico e político.<br />

87


Schmitz afirma:<br />

A revisão da pesquisa empírica sugere que não se pode sustentar generalizações<br />

sobre as perspectivas de crescimento de pequenos produtores. O desenvolvimento<br />

da produção em pequena escala não é ape<strong>nas</strong> o resultado da pressão e das<br />

coerções, mas também das oportunidades e iniciativas. Os perigos das<br />

marginalizações são reais, mas as condições que determinam sua difusão variam, e<br />

portanto, devem ser estudadas e especificadas. Não se trata de saber se as<br />

peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> têm um potencial de crescimento e de emprego, mas sob que<br />

condições este potencial irá se desenvolver.<br />

Os diferentes autores que estudam o potencial das peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong><br />

constatam que elas são viáveis e são uma alternativa melhor do que os produtores<br />

em série (SCHMITZ, 1988). Sobre esta questão Piore e Sabel (1984) afirmam:<br />

É concebível que a especialização flexível e a produção em série possam cambiar-se,<br />

numa economia internacional unificada. As velhas indústrias de produção em série<br />

podem emigrar para o mundo já industrializado, as indústrias de alta tecnologia e os<br />

conglomerados tradicionais dispersos em máqui<strong>nas</strong> operatrizes, roupas, têxteis etc.<br />

Todos eles revitalizados mediante a fusão de especializações tradicionais com alta<br />

tecnologias.<br />

A origem da especialização flexível é anterior à crise de reprodução capitalista<br />

das nações industrializadas <strong>nas</strong> décadas de 1970 e 1980. Porém, o paradigma da<br />

especialização flexível é o núcleo central da reação à crise, especialmente na Itália,<br />

Japão e Alemanha, e mesmo nos EUA e França. As economias em desenvolvimento<br />

com a crise agravada por desequilíbrios internos, dívida externa, deterioração dos<br />

termos de trocas do comércio internacional e desemprego reagem à crise, buscando<br />

oportunidades de investimento por meio do fomento às peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

3.2 A Inovação Tecnológica e a Pequena e Média Empresa Local<br />

O objetivo deste tópico é analisar as oportunidades de sobrevivência das<br />

peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> diante do processo de reestruturação industrial em<br />

88


nível mundial. Procura demonstrar que a estratégia de inovação via agregação de<br />

novos processos e padrões tecnológicos e a busca de maior flexibilidade constituem<br />

caminho estratégico adotado para a pequena e média empresa se inserir<br />

competitivamente num processo de demandas mutantes, instáveis e diferenciadas.<br />

Neste quadro a revolução tecnológica, longe de significar a falência das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>, irá significar a oportunidade de sobrevivência, crescimento e<br />

transformação destas organizações.<br />

3.2.1 Compreendendo Inovação Tecnológica<br />

Esta parte do trabalho analisa a questão da inovação tecnológica e as<br />

invenções <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> e suas contribuições para o<br />

desenvolvimento do local. O que se procura nesta fase é ampliar a base teórica para<br />

entender o comportamento dos empresários das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

<strong>industriais</strong> do Paraná diante do processo de inovação tecnológica. Busca-se<br />

compreender como os empresários das peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> locais definem<br />

estratégias de incorporação, geração e irradiação de tecnologias a partir de suas<br />

bases de produção localizadas no local, no municipal.<br />

O Manual Frascati (OCDE, 1993) considera inovação como "...a transformação<br />

de uma idéia em produto novo ou melhorado que se introduz no mercado, ou em<br />

novos sistemas de produção, e em sua difusão, comercialização e utilização.<br />

Entende-se também por inovação tecnológica, a melhoria substancial de produtos ou<br />

processos já existentes". Considerando que a empresa é o centro de gravidade da<br />

inovação, é apropriada a definição "inovação tecnológica é o processo pelo qual as<br />

<strong>empresas</strong> dominam e implementam o desenho e a produção de bens e serviços que<br />

são novos para elas, independentemente de serem novos para seus competidores,<br />

nacionais ou estrangeiros". (SAENZ e GARCIA CAPOTE, 2002, p.69-70).<br />

O Manual de Oslo (1996, p.35), também da OCDE, entende inovação e<br />

atividade inovativa conforme as definições a seguir apresentadas:<br />

89


Inovação<br />

Inovação tecnológica de produto ou processo compreende a introdução de produtos<br />

ou processos tecnologicamente novos e melhorias significativas em produtos e<br />

processos existentes. Considera-se que uma inovação tecnológica de produto ou<br />

processo tenha sido implementada se tirver sido introduzida no mercado (inovação de<br />

produto) ou utilizada no processo de produção (inovação de processo). As inovações<br />

<strong>tecnológicas</strong> de produto ou processo envolvem uma série de atividades científicas,<br />

<strong>tecnológicas</strong>, organizacionais, financeiras e comerciais. A firma inovadora é aquela<br />

que introduziu produtos ou processos tecnologicamente novos ou significativamente<br />

melhorados num período de referência.<br />

(...)<br />

Atividades inovativas<br />

Atividades inovativas compreendem todos os passos científicos, tecnológicos,<br />

organizacionais, financeiros e comerciais, inclusive o investimento em novos<br />

conhecimentos, que, efetiva ou potencialmente, levem à introdução de produtos ou<br />

processos tecnologicamente novos ou substancialmente melhorados. As atividades<br />

inovativas mais destacas: aquisição e geração de novos conhecimentos relevantes<br />

para a firma; preparações para a produção; marketing dos produtos novos ou<br />

melhorados. (OCDE, 1996, p.35 e 44).<br />

A inovação é uma combinação de necessidades sociais e de demandas do<br />

mercado com os meios científicos e tecnológicos para resolvê-las. A inovação<br />

tecnológica é entendida aqui como a transformação do conhecimento em produtos,<br />

processos e serviços que possam ser colocados no mercado.<br />

Quais são as tecnologias adequadas para o desenvolvimento local? Quais os<br />

espaços estratégicos para as peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> em tempos de globalização diante<br />

de inovações <strong>tecnológicas</strong> intensas? Como os empresários das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> locais identificam, incorporam, desenvolvem e irradiam tecnologias a partir<br />

de seus espaços locais?<br />

O fator mais relevante na nova economia mundial é o desafio da empresa em<br />

inovar constantemente (PORTER, 1985). O constante é a mudança intensa e rápida.<br />

Ao se tratar de inovação tecnológica os diferentes autores são unânimes em<br />

destacar a importância da contribuição de Schumpeter sobre o assunto. É citado<br />

90


como o pioneiro em estudar a inovação tecnológica como fonte principal do<br />

dinamismo do sistema capitalista. E Schumpeter, ao analisar a importância da<br />

inovação na dinâmica capitalista, afirma:<br />

O capitalismo, então é, pela própria natureza, uma forma ou método de mudança<br />

econômica, e não ape<strong>nas</strong> nunca está, mas nunca pode estar estacionário. E tal<br />

caráter evolutivo do processo capitalista não se deve meramente ao fato de a vida<br />

econômica acontecer num ambiente social que muda e, por sua mudança, altera os<br />

dados da ação econômica; isso é importante e tais mudanças (guerra, revoluções e<br />

assim por diante) freqüentemente condicionam a mudança industrial, mas não são<br />

seus motores principais. Tampouco se deve esse caráter evolutivo a um aumento<br />

quase automático da população e do capital ou dos caprichos dos sistemas<br />

monetários, para os quais são verdadeiras exatamente as mesmas coisas. O impulso<br />

fundamental que inicia e mantém o movimento da máquina capitalista decorre de<br />

novos bens de consumo, dos novos métodos de produção ou transporte, dos novos<br />

mercados, das novas formas de organização industrial que a empresa capitalista cia<br />

(...). A abertura de novos mercados – estrangeiros ou domésticos – e o<br />

desenvolvimento organizacional, da oficina artesanal aos conglomerados (...), ilustram<br />

o mesmo processo de mutação industrial (...) que incessantemente revoluciona a<br />

estrutura econômica a partir de dentro, incessantemente destruindo a velha,<br />

incessantemente criando uma nova. Esse processo de Destruição Criativa é o fato<br />

essencial do capitalismo. É nisso que consiste o capitalismo e é aí que têm de viver<br />

todas as <strong>empresas</strong> capitalistas. (SCHUMPETER, 1984, p.112-113).<br />

Para Schumpeter, a inovação é um conjunto de novas funções evolutivas que<br />

alteram os métodos de produção, criando novas formas de organização do trabalho e,<br />

ao produzir novas mercadorias, possibilita a abertura de novos mercados mediante a<br />

criação de novos usos e consumos. As limitações do crescimento e desenvolvimento de<br />

uma economia na visão de Schumpeter não está na capacidade de investimento, mas<br />

sim na existência de projetos rentáveis, pelo estoque de conhecimentos e pela<br />

disponibilidade de pessoas capazes de empreender. Dentro desta visão, para que haja<br />

desenvolvimento é indispensável a existência de uma reserva de conhecimento<br />

adequados à geração de inovações e novas tecnologias capazes de transformar as<br />

idéias em produtos rentáveis para as <strong>empresas</strong> <strong>nas</strong>centes.<br />

91


A inovação que dá lugar ao processo de desenvolvimento econômico,<br />

progresso econômico, ou evolução econômica é o "fenômeno fundamental da vida<br />

econômica capitalista. A capacidade de geração de inovações é o resultado do<br />

acúmulo de competências técnicas e econômicas para a sobrevivência e o<br />

crescimento da firma (HIRATUKA, 1997).<br />

Schumpenter tenta explicar como o fluxo circular é rompido pela ativação da<br />

capacidade de transformação da "máquina capitalista", dando oportunidade à<br />

expansão econômica e ao próprio ciclo econômico.<br />

Quando Schumpeter fala de novas combinações de meios produtivos –<br />

INOVAÇÕES – no processo de desenvolvimento, considera as seguintes alternativas:<br />

1. Introdução de um novo bem, ou de uma nova qualidade, com o qual os<br />

consumidores ainda não estão familiarizados.<br />

2. Introdução de um novo método de produção que ainda não tenha sido<br />

testado pela indústria de transformação e que de algum modo precisa<br />

estar baseado numa descoberta científica nova, que pode constituir uma<br />

nova maneira de comercializar uma mercadoria.<br />

3. Abertura de um novo mercado, um mercado em que um ramo particular da<br />

indústria de transformação do país em questão não tenha entrado.<br />

4. Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias primas ou de bens<br />

semifaturados, independentemente do fato de essa fonte já existir ou ter<br />

que ser criada.<br />

5. Estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a<br />

criação de uma posição de monopólio ou a fragmentação de uma posição<br />

de monopólio.<br />

Em síntese, fazer coisas de forma diferentes ou aplicar recursos produtivos<br />

em usos diferentes aos que serviam até o momento. Neste sentido, as inovações<br />

constituem o impulso fundamental que aciona e mantém em movimento a<br />

máquina capitalista.<br />

92


Na medida que este impulso tem raízes sólidas na própria atividade capitalista,<br />

o desenvolvimento, oriundo das inovações, é um fenômeno interno endógeno ao<br />

sistema capitalista. Para Schumpeter, o processo de inovação é um processo de<br />

mutação industrial que revoluciona a estrutura econômica antiga e cria uma nova.<br />

Esse processo de destruição criadora é o fato essencial do capitalismo. O fator<br />

de motivação principal para a inovação é o lucro, porém podem ser considerados<br />

como fator indutor da motivação fatores psicológicos como busca de poder, do êxito,<br />

do reconhecimento e do exercício da energia e criatividade. É oportuno lembrar que<br />

inovar não é o objetivo do empresário. Muitas vezes seria melhor para o empresário<br />

não inovar e se abastar com o lucro. No entanto, há outros fatores indutores da<br />

inovação, tais como: fatores psicológicos, busca de poder, busca de reconhecimento<br />

social, busca de sucesso, exercício da energia e capacidade criativa.<br />

O empresário é o agente que personifica as inovações mediante a criação de<br />

uma empresa. E a empresa é o locus da inovação capitalista. A função do<br />

empresário é a de pôr em prática inovações mesmo que como indivíduo ocupe<br />

outras funções econômicas. O que se espera do empresário é uma capacidade de<br />

ação empreendedora, e ele deve ter qualidades de liderança e não de propriedade;<br />

capacidade de previsão e iniciativa e não de posse de capital. Não é o ter<br />

que identifica o empresário empreendedor, mas sim sua capacidade criativa, sua<br />

cultura empreendedora.<br />

Na visão de Schumpeter, o empresário age como um ente transformador do<br />

pacote de inovações em produtos. A fonte principal de crescimento das economias<br />

capitalistas provém da substituição de antigos produtos por novos. Desta forma o<br />

consumidor seria "educado" pela empresa a consumir novos produtos. Schumpeter<br />

denominou este processo "destruição criadora".<br />

A geração de lucro estimula novos investimentos, dando origem ao surgimento<br />

de novas fontes de lucro (SCHUMPETER, 1982, p.48). A criação de novos produtos<br />

força a morte dos produtos anteriores. Morre o velho e <strong>nas</strong>ce o novo. Morrem o<br />

93


velho produto, a velha tecnologia, a velha organização, e <strong>nas</strong>ce um novo modo de<br />

produzir e de organizar a produção capitalista.<br />

A inovação tecnológica é a introdução de uma tecnologia totalmente nova, não<br />

existente antes. Mas pode ser compreendida como a melhoria de um produto ou<br />

processo já existente no mercado.<br />

A inovação tecnológica pode ser compreendida como a batida do coração de<br />

uma economia. Sem as inovações as <strong>empresas</strong> não podem introduzir novos<br />

produtos, serviços ou processos. Sem a inovação a capacidade de geração de lucro<br />

e acumulação de capital de uma economia tende a se reduzir. Como conseqüência,<br />

as <strong>empresas</strong> tendem a desaparecer do mercado e a região ou país perde a<br />

dinâmica do desenvolvimento econômico.<br />

Em um ambiente competitivo como o que vive a sociedade produtiva moderna,<br />

nenhuma empresa, independente do tamanho, pode sobreviver sem inovar. A<br />

inovação é a estratégia de avanço e progresso para sobreviver. Inovação é a fuga<br />

das ameaças e a força motriz do progresso.<br />

O processo evolutivo do desenvolvimento e da inovação não é um processo de<br />

equilíbrio, mas um círculo que se renova de desequilíbrio-equilíbrio-desequilíbrio. Os<br />

modelos neoschumpeterianos de desenvolvimento assumem o desequilíbrio como<br />

norma e adotam uma análise desagregada (setorial, industrial e tecnológica)<br />

centrada <strong>nas</strong> assimetrias competitivas e na diversidade técnica, econômica e<br />

estratégica da qual emergem a dinâmica evolucionista e a mudança estrutural das<br />

economias capitalistas (POSSAS et al., 1999, p.1).<br />

A proposta de desenvolvimento neo-schumpeteriana se contrapõe aos<br />

pressupostos teórico-metodológicos clássicos do princípio da racionalidade<br />

substantiva (maximizadora de lucro) e do equilíbrio dos agentes de mercado.<br />

Na análise crítica do modelo clássico da racionalidade substantiva<br />

(maximizadora) Simon (1983) desenvolve o conceito de racionalidade limitada e<br />

processual, em que é possível considerar a racionalidade instrumental e a incerteza<br />

94


dos ambientes mutantes. Isto leva à reflexão da análise do ambiente, da adequação<br />

dos meios e instrumentos de desenvolvimento aos fins desejados pelos agentes<br />

econômicos e pela estratégia das <strong>empresas</strong> de inovar para competir na busca do<br />

lucro. Reflexões semelhantes também são conduzidas por Heiner (1983) e Nelson e<br />

Winter (1982).<br />

Esses pesquisadores desenvolvem o pensamento de diferentes padrões de<br />

racionalidades estratégicas em ambientes incertos, complexos e mutantes. Discutem<br />

a questão da tomada de decisões estratégicas, a partir das considerações das<br />

teorias behavioristas, isto é, do comportamento dos agentes econômicos (POSSAS<br />

et al., 1999, p.2).<br />

Em relação ao pressuposto do equilíbrio da teoria neoclássica os neo-<br />

schumpeterianos, assim como os neokeynesianos, contrapõem a argumentação que<br />

o desequilíbrio, os desajustes temporários, as falhas de coordenação e articulação<br />

são partes constantes da economia de mercado. Erros e acertos não decorrem<br />

necessariamente da racionalidade e/ou irracionalidade, mas da interpretação das<br />

incertezas dos ambientes mutantes e de suas variáveis. A interpretação do ambiente<br />

é própria, individual de cada agente, portanto dependente da cultura intrínseca de<br />

cada agente. Esta situação leva as <strong>empresas</strong> do mesmo ramo a formularem<br />

estratégias diferentes ainda que inseridas no mesmo ambiente, pois têm diferentes<br />

percepções e interpretações sobre o mesmo ambiente.<br />

A decisão não é uma variável matemática, cartesiana e linear, mas é<br />

interpretativa, subjetiva (VERCELLI, 1994).<br />

A ocorrência de desequilíbrios é parte integrante e essencial da dinâmica<br />

capitalista (POSSAS, 1983 e 1999). Se a dinâmica capitalista é por sua natureza<br />

desequilibrante, no tempo, no espaço, na indústria, a necessidade de controle, a<br />

articulação, coordenação, os ajustes e reajustes também são dinâmicos e mutáveis.<br />

Portanto, as interpretações e avaliações das variáveis devem ser permanentes e<br />

constantes e os ajustamentos estratégicos também.<br />

95


3.2.2 Decidindo Inovação<br />

A empresa não decide. Quem decide são os administradores, os executivos<br />

que são racionais, mas que também são emocionais e incorporam processos<br />

culturais distintos ao longo da vida. Como cada empresário interpreta e analisa o seu<br />

ambiente mutante e toma decisões de inovar é o que se está procurando estudar<br />

nesta pesquisa a partir da percepção de cada empresário, considerando seu ângulo<br />

de visão, sua cultura e a interpretação dos fatos. A decisão parece não ser linear,<br />

está mais próxima da teoria do caos (complexa) do que da lógica matemática. Há<br />

lógica, linearidade e reglaridade na tomada de decisões (POSSAS, 1993). Porém,<br />

não há uniformidade no uso e na aplicação da mesma lógica para todas as<br />

<strong>empresas</strong> e nem para todas as decisões de uma mesma empresa.<br />

O progresso técnico e as trajetórias <strong>tecnológicas</strong> são parte da dinâmica<br />

capitalista, mutante pela sua natureza, desequilibrante pela sua natureza, mas<br />

buscando o ajuste e um novo patamar de equilíbrio. Assim, a trajetória evolucionista<br />

via progresso tecnológico inovativo é desequilibrante, desigual, mas em busca da<br />

uma meta equilíbrio (Ver DOSI, 1982).<br />

A dinâmica capitalista em Schumpeter significa reconhecer que o capitalismo é<br />

um sistema caracterizado por processos constantes de mudança, e que por isso só<br />

pode ser entendido como um processo evolutivo (POSSAS et al., 1999).<br />

A abordagem evolucionista neo-schumpeteriana tem como eixo a diversidade<br />

comportamental entre os agentes econômicos (empresários) na busca do lucro e<br />

utilizando instrumental de inovação para competir, conquistar a preferência do<br />

consumidor (mercado) e então via atendimento das necessidades do consumidor<br />

obter o lucro pretendido.<br />

A escolha da estratégia de competição visa ao entendimento das necessidades<br />

do consumidor, no entanto a escolha de estratégias alternativas está baseada na ação<br />

e reação das <strong>empresas</strong> concorrentes. É um jogo (ver teoria dos jogos).<br />

96


Na competição schumpeteriana o elemento central é a mudança técnico-<br />

econômica resultante da inovação. A inovação segue caminhos distintos, pode ser<br />

gerada pelo agente econômico diretamente ou em processo de parcerias e alianças.<br />

Ou pode se um processo de incorporação de tecnologia como resultante da difusão<br />

tecnológica de outra empresa (SILVERBERG, 1987).<br />

Trabalho desenvolvido por Nelson e Winter (1982), visando representar a<br />

dinâmica de uma indústria a partir do processo de competição schumpeteriana, tem<br />

como elemento central a busca de novas oportunidades lucrativas a partir da<br />

inovação; e a seleção de estratégias e de tecnologias está baseada na competição,<br />

na mudança contínua, sem preocupação com o equilíbrio; ao contrário considera o<br />

desequilíbrio como parte inerente à evolução capitalista. Para entender e interpretar<br />

a competição, os conceitos mais importante são: (POSSAS et al., 1999, p.3)<br />

a) busca por parte das <strong>empresas</strong> de inovação (novos produtos e métodos de<br />

produção, novos mercados) que lhes permitam obter vantagens competitivas,<br />

caracterizando a noção de concorrência schumpeteriana (DOSI, 1988).<br />

Basicamente essa busca pode ser levada a cabo por meio de inovação em<br />

sentido estrito ou por imitação de produtos ou processos de concorrentes;<br />

b) a seleção dessas inovações no ambiente econômico, devendo ser<br />

esclarecidos os mecanismos que dãos substância à escolha ou exclusão de<br />

uma firma a longo prazo junto com suas escolhas estratégicas e a tecnologia<br />

utilizada. A concorrência opera como um processo de seleção por meio de<br />

três instrumentos fundamentais: a introdução de inovação por parte das<br />

firmas, a eliminação de tecnologias que se revelem insuficientemente<br />

lucrativas e as mudanças <strong>nas</strong> proporções entre as quantidades produzidas<br />

utilizando cada uma das tecnologias sobreviventes.<br />

A partir dessas constatações da busca da mudança e da seleção de uma<br />

inovação, é desenvolvido o raciocínio que a mudança tecnológica pode caracterizar<br />

uma trajetória tecnológica (DOSI, 1982) que resulta numa dinâmica industrial<br />

97


endógena permitindo à empresa obter vantagens do uso dos fatores de produção,<br />

isto é, redução de custos, aumento da participação no mercado, ganhos de<br />

produtividade, crescimento da empresa e lucro (DOSI, 1982).<br />

O trabalho pioneiro na tentativa de modelar a dinâmica da indústria a partir do<br />

processo de competição schumpeteriana é desenvolvido por Nelson e Winter (1982)<br />

tendo como núcleo central a mudança técnica e econômica resultante da busca da<br />

inovação levando-se em consideração o ambiente endógeno da empresa<br />

(competitividade endógena), as exigências do mercado, as necessidades de lucro<br />

das <strong>empresas</strong> e as normas e regulamentações do Estado.<br />

Evoluindo nessa linha de pensamento, Silveberg (1987), Dosi e Orsenigo<br />

(1988) concentram seus trabalhos na questão da difusão do progresso técnico e não<br />

na geração da inovação tecnológica. Em suas análises, consideram os interesses e<br />

a participação média no mercado determinado pelas variáveis de tecnologias de<br />

produção, preços e lucros.<br />

Silverberg (1987) considera que o progresso técnico é incorporado por meio da<br />

adição progressiva de bens de capital mais produtivos e do sucateamento dos<br />

equipamentos antigos. Outros autores seguem a linha de raciocínio adotada por Nelson<br />

e Winer e de Silverberg. A contribuição de Chiaromante e Dosi (1991) propõe a<br />

representação da economia em dois setores conectados verticalmente. O primeiro setor<br />

produzindo bens de capital (NELSON e WINER, 1982) e o segundo setor usando os<br />

bens de capital (SILVERBERG, DOSI e ORSENIGO, 1988).<br />

As decisões de investimentos são decorrências do ambiente macroeconômico<br />

no qual a firma está inserida e da estrutura interna da própria empresa (POSSAS,<br />

1983 e 1984).<br />

Na questão da procura por tecnologias há caminhos alternativos dentre as<br />

quais destacam-se as contribuições de Nelson e Winer (1982) de buscas inovativas<br />

e imitativas. Outra alternativa é o processo de aprendizado utilizando-se as<br />

contribuições de Silverberg, Dosi e Orsenigo (1998) no qual se destaca a idéia<br />

98


central de introdução de novos equipamentos em substituição aos equipamentos<br />

antigos e já sucateados.<br />

A introdução da inovação tecnológica leva em consideração (POSSAS, 1998,<br />

p.11): a) a produtividade média do trabalho em cada firma; b) política de<br />

investimento em capital fixo; c) a intensidade da utilização da capacidade produtiva;<br />

d) a estratégia de pesquisa e desenvolvimento; e) o processo de aprendizagem<br />

eficiência crescente decorrente da aprendizagem (learning by doing).<br />

A produtividade do trabalho depende dos bens de capital utilizados, da<br />

intensidade do seu uso, da habilidade e do treinamento dos trabalhadores. O que a<br />

firma pretende com o aumento da produtividade é a redução do custo unitário de<br />

produção e com isto a conquista de melhores lucros, seja por diferenciação de<br />

preços de venda, seja por conquista e ampliação de mercado, conseguindo o<br />

aumento do volume de venda e aumentando o volume de lucro da empresa, como o<br />

objetivo básico da firma capitalista. O aumento da produtividade, a redução de<br />

custos, o aumento de lucro, os ganhos de competitividade são decorrentes, portanto,<br />

da inovação tecnológica.<br />

O estudo "Um modelo Evolucionário Setorial" (POSSAS et al., 1996, p.17)<br />

constata que a inovação na empresa pode ser introduzida pela aquisição de bens de<br />

capital produzidos por outras firmas e outros setores <strong>industriais</strong>. Mas, também,<br />

podem ser desenvolvidos pela atividade interna da firma. A estratégia interna da<br />

empresa (Cultura inovativa endógena) é fundamental tanto para a introdução de<br />

uma inovação a partir da identificação de uma inovação externa à empresa como<br />

para o desenvolvimento interno de tecnologias, inovações e aprendizagem que<br />

permitam uma evolução constante e permanente. O processo de obtenção de<br />

inovação e imitação utilizado na empresa pode seguir o modelo proposto do Nelson<br />

e Winter (1982, cap. 12). Ou as <strong>empresas</strong> podem obter novas tecnologias por<br />

imitação de equipamentos já instalados por outras firmas, ou pela introdução de<br />

novos equipamentos (inovação).<br />

99


Que estratégias estão sendo seguidas pelas <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de pequeno<br />

e médio porte do Paraná para conquistar e sustentar o processo competitivo?<br />

3.3 A Competitividade Nacional e Competitividade Empresarial<br />

A revisão da questão da competitividade internacional, nacional e das<br />

<strong>empresas</strong> consiste em construí-la em um quadro analítico que facilite o<br />

entendimento e interpretação do comportamento dos empresários de peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> localizados no Estado do Paraná, a partir destas questões: Como<br />

se comportam diante da inovação? Por que se comportam como se comportam?<br />

Como identificam e utilizam estratégias de inovação para competir?<br />

O capitalismo é um processo de mudanças. Neste processo de conflito<br />

intracapitalismo e entre grupos capitalistas é que surge a necessidade da constante<br />

busca de novos padrões tecnológicos de produção e organização. Buscam-se novas<br />

estratégias do prolongamento dos ciclos de vida dos produtos que se manifestam<br />

pela estandardização, pelo espraiamento, da globalização dos processos produtivos,<br />

e o capital migra dos países centrais para países periféricos; às vezes dos<br />

periféricos para os centrais; de uma indústria para outra indústria; de uma atividade<br />

econômica para outra (indústria, comércio, financeiro, serviços).<br />

Esse processo de crise capitalista é sempre uma relação crítica entre as<br />

nações, o que pode significar um salto no caminho do crescimento e do<br />

desenvolvimento das nações, ou um retrocesso no processo da evolução econômica<br />

e sociais entre diferentes nações.<br />

3.3.1 Fatores Determinantes da Competitividade<br />

Estudando a realidade brasileira e apoiados nos referenciais teóricos<br />

disponíveis pode-se classificar os fatores determinantes da competitividade em três<br />

100


categorias. a) fatores internos à empresa; b) de natureza estrutural; c) de natureza<br />

sistêmica (figura 2).<br />

FIGURA 2 - FATORES DETERMINANTES DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA<br />

FATORES<br />

INTERNOS A<br />

EMPRESA<br />

ESTRATÉGIA E<br />

GESTÃO<br />

CAPACITAÇÃO P/<br />

INOVAÇÃO<br />

CAPACITAÇÃO<br />

PRODUTIVA<br />

RECURSOS<br />

HUMANOS<br />

SETORES<br />

FONTE: Competitividade da Indústria Brasileira (1993)<br />

FATORES ESTRUTURAIS (SETORIAIS)<br />

Mercado<br />

Configuação<br />

da Indústria<br />

Concorrência<br />

FATORES<br />

SISTÊMICOS<br />

MACRO-<br />

101<br />

ECONÔMICOS<br />

SOCIAIS<br />

TECNOLÓGICOS<br />

INFRA-<br />

ESTRUTURAIS<br />

FISCAIS E<br />

FINANCEIROS<br />

- Os fatores internos à empresa - são os fatores endógenos da empresa, isto<br />

é, suas características culturais, de capacitação tecnológica e produtiva, da<br />

qualidade e produtividade e aprendizagem, de treinamento, de máqui<strong>nas</strong> e<br />

equipamento, de produtos, da análise e interpretação do mercado, do<br />

relacionamento e articulação com fornecedores, distribuidores, financiadores,<br />

institutos de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, são variáveis cujo<br />

processo decisório está sob o controle da empresa.<br />

- Os fatores estruturais - são variáveis não controladas pela empresa na<br />

sua totalidade, no entanto a empresa influência e é influenciada por elas.<br />

Dentre estas variáveis destacam-se as características dos mercados<br />

consumidores em termos de distribuição geográfica, níveis de renda nível<br />

de informações e exigências, estruturas de distribuição etc. As


características do setor industrial no qual a firma atua em termos de<br />

concentração, escala de produção, qualidades dos insumos, cultura para<br />

alianças e cooperação, nível de integração e complementariedade<br />

econômica do setor. A concorrência também exerce um grande papel no<br />

processo da competitividade estrutural levando-se em consideração as<br />

regras e as estruturas empresariais e suas relações com os consumidores,<br />

o meio ambiente e os competidores, sistemas fiscais e tributários dos<br />

meios de produção.<br />

- Os fatores sistêmicos da competitividade - são as externalidades para a<br />

empresa. São as variáveis sobre as quais a empresa não exerce nenhum<br />

poder de decisão a não ser os de pressão e adequação. São variáveis que<br />

têm uma enorme influência no processo de competição especialmente em<br />

economias abertas e globalizadas. Dentre as diversas variáveis sistêmicas<br />

destacam-se as variáveis macroeconômicas como taxa de juro, câmbio,<br />

crédito. Outro grupo importante de variáveis sistêmicas que interferem no<br />

comportamento e na decisão do empresários são as políticas institucionais<br />

como política tributária e tarifas, poder de compra do estado, sistema de<br />

apoio à inovação tecnológica (C&T ou P&D). Neste mesmo conjunto há o<br />

grupo de normas e regulamentos relativos à proteção da propriedade,<br />

defesa do consumidor, defesa e preservação do meio ambiente, defesa da<br />

concorrência e antitruste. Outros aspectos fundamentais nesta linha são<br />

os relativos à infra-estrutura nos setor de energia, comunicações, serviços<br />

tecnológicos. As variáveis sociais inerentes a treinamento, qualificação e<br />

requalificação da mão-de-obra, políticas de educação formal, formação de<br />

recursos humanos, saúde e previdência social, grau de informação, renda<br />

e exigência dos consumidores. A distribuição espacial da produção e as<br />

políticas nacionais, regionais e locais de estímulo e promoção do<br />

102<br />

desenvolvimento também são variáveis que interferem na competitividade


sistêmica da indústria. As variáveis internacionais, tais como: globalização,<br />

abertura econômica, fluxos de mercadorias, fluxos de capitais, acordos<br />

de cooperação e comércio multilaterais e ou bilaterais, políticas de<br />

comércio internacional.<br />

Levando-se em consideração as condições da competitividade sistêmica, dos<br />

fatores macroeconômicos, dos fatores estruturais e dos fatores da empresa,<br />

pergunta-se como a empresa percebe, analisa, interpreta os ambientes nacionais e<br />

internacionais mutantes? Como a empresa identifica, interpreta e decide uma<br />

estratégia de inovação com as variáveis que controla atuando em um conjunto de<br />

variáveis exter<strong>nas</strong> que não controla? Tenta-se neste trabalho discutir que a decisão<br />

não é orientada só para uma maximização de lucros e resultados. Mas, há outros<br />

fatores que orientam e influenciam o comportamento do empresário das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná na definição e incorpora na sua estratégia<br />

competitiva de inovação.<br />

Surge um novo padrão organizacional do sistema produtivo caracterizado pelo<br />

processo taylorista e fordista e um novo padrão produtivo. Outro momento de crise<br />

capitalista é quando a indústria européia, liderada pela Alemanha, e a indústria<br />

japonesa conquistam um novo patamar tecnológico e forçam um processo de<br />

reconversão produtiva mundial. O advento de novas nações no cenário dos países<br />

industrializados (NICS) e outra realidade do comércio produtivo mundial onde novas<br />

nações de inserem no processo das transformações econômicas mundiais.<br />

Se é possível um salto de um estágio inferior para um estágio produtivo<br />

tecnológico superior; se esse salto não é decorrência de forças místicas<br />

transcendentais, que predeterminam as nações que irão crescer e prosperar; e as<br />

nações que irão se manter subdesenvolvidas, quais serão as condicionantes para o<br />

salto tecnológico e como devem as nações que se habitarem para o salto?<br />

Se é possível o salto de um estágio de desenvolvimento menor para um<br />

estágio de desenvolvimento maior, se esse salto não é decorrência de forças<br />

103


místicas transcendentais, que predeterminam as nações que irão crescer e<br />

prosperar e as nações que irão se manter subdesenvolvidas, quais são as<br />

condicionantes para o salto tecnológico e como devem as nações se preparar para o<br />

salto? Alguns estudiosos do processo de desenvolvimento a partir das nações<br />

periféricas tentam responder a esta questão; entre outros, destacam-se Albert<br />

Hirschman, Fernando Fajnzylber. Carlota Perez, Sérgio Boisier que discutem as<br />

alternativas de desenvolvimento da América Latina.<br />

Carlota Perez considera que as épocas de transição são tempos de<br />

experimentação e criatividade. O paradigma que se difunde gera novas<br />

oportunidades. A diversidade de condições culturais, climáticas, geográficas,<br />

econômicas, recursos naturais abre um amplo leque de possibilidades distintas. As<br />

épocas de transição são épocas de mudança de posição. Alguns países e indústrias<br />

saltam para frente, outros se atrasam. Este resultado depende mais da agilidade e<br />

capacidade de aproveitar a oportunidade do que do tamanho da oportunidade. Em<br />

verdade, os novos avanços tecnológicos são desafios à capacidade de assimilação<br />

de cada nação de gerar conhecimentos e competências para a mudança<br />

Para entender o significado da competitividade derivada das inovações<br />

<strong>tecnológicas</strong> no mundo capitalista, é preciso entender que o desenvolvimento da<br />

ciência e da tecnologia não é neutro, mas depende muito diretamente das pressões<br />

que a economia exerce sobre a Ciência e Tecnologia. Podemos entender que a<br />

Ciência e Tecnologia estão a serviço do processo de reprodução capitalista, são um<br />

instrumento do capitalismo. O capitalismo conseguiu realizar a síntese entre o<br />

desenvolvimento do sistema produtivo e o desenvolvimento do conhecimento<br />

humano sistemático (SANTOS, 1983. p.14).<br />

3.3.2 Competitividade Nacional<br />

A inovação é o motor do desenvolvimento. É um processo de criação do novo<br />

e destruição do velho; do velho produto, da velha tecnologia, da organização velho;<br />

104


do modo antigo de produzir. É um vendaval da destruição criadora (SCHUMPETER,<br />

1984). Este processo de crise capitalista é sempre um processo crítico entre as<br />

nações o que pode significar um salto no caminho do crescimento e do<br />

desenvolvimento das nações; ou um retrocesso no processo da evolução econômica<br />

comparativa entre os diferentes nações.<br />

Considerando que as nações mais avançadas tem o melhor e maior estoque de<br />

conhecimentos úteis (representado pela quantidade e qualidade de seus recursos<br />

humanos, <strong>nas</strong> universidades, institutos de tecnologias, laboratórios públicos e privados)<br />

é provável que as melhores oportunidades de reprodução capitalista (a partir da<br />

identificação de um novo paradigma tecnológico) sejam maiores para aquelas nações<br />

que tenham o melhor background de conhecimentos técnico-científicos.<br />

Mas, esta situação não deverá ser considerada como uma fatalidade pré-<br />

determinística que as nações em crescimento estão fatalmente condenadas ao<br />

subdesenvolvimento, e ao atraso. Significa sim, que essas nações têm maiores<br />

dificuldades, pois seu nível de conhecimentos úteis para o processo de reprodução<br />

capitalista é menor. No entanto, podem e devem aumentar sua competência<br />

aprimorando o nível de formação e conhecimento da população.<br />

Procura-se, neste trabalho, entender que as nações em crescimento não estão<br />

eternamente condenadas ao subdesenvolvimento, mas na crise de mudança de um<br />

modelo técnico e industrial tem uma oportunidade de transformação. Quando a<br />

economia capitalista americana superou a hegemonia inglesa este processo se deu<br />

num período de mudança de paradigma tecnológico produtivo e organizacional. A<br />

supremacia inglesa é vencida graças à capacidade de os EUA de assimilar em mais<br />

cedo as novas tecnologias em siderurgia, química e eletricidade em combinação com<br />

várias inovações decisivas no sistema financeiro, de crédito e no desenvolvimento de<br />

recursos humanos qualificados.<br />

A reestruturação produtiva depende fortemente da incorporação contínua de<br />

conhecimentos em produtos e processos. É impossível a modernização da indústria<br />

105


se não forem ampliadas as bases geradoras do conhecimento. Investimentos em<br />

ciência e tecnologia são caminhos seguros para a capacitação e reestruturação.<br />

(COUTINHO, 1993, p.iii).<br />

A reestruturação industrial levará à inserção das <strong>empresas</strong> no mercado<br />

competitivos aproveitando nichos para os quais apresentem vantagens competitivas.<br />

3.3.2.1 Diferentes considerações sobre a competitividade nacional<br />

As visões econômicas tradicionais definiam a competitividade como uma<br />

questão de preços, custos e taxas de câmbio. (PORTER, 1998, p.3).<br />

O desempenho de economias moder<strong>nas</strong> nos anos 80 e 90 tem demonstrado<br />

que mesmo quando ocorrem incrementos nos custos salariais, mesmo com períodos<br />

de sobrevalorização cambial, os produtos originados dessas economias participam<br />

competitivamente dos mercados nacionais e internacionais. Dentre tais economias<br />

vitoriosas, destacam-se Alemanha, Japão, Coréia do Sul etc.<br />

O que é então a competitividade para uma nação?<br />

Competitividade para uma nação é o grau pelo qual ela pode sob condições livres e<br />

justas de mercado, produzir bens e serviços que se submetam satisfatoriamente aos<br />

teste dos mercados internacionais enquanto, simultaneamente, mantenham e<br />

expandam a renda real de seus cidadãos. Competitividade é a base para o nível de<br />

vida de uma nação. É também fundamental à expansão das oportunidades de<br />

emprego e para a capacidade de uma nação cumprir com suas obrigações<br />

internacionais. (COUTINHO, 1993, p.3).<br />

Os diferentes autores (Porter, Hamel, Ferraz, Coutinho, Prahalad) que<br />

analisam e discutem a competitividade nos tempos de economia globalizada, aberta,<br />

concordam que a competitividade internacional das economias nacionais é<br />

construída, é conquistada, a partir da eficiência das <strong>empresas</strong> que são capazes de<br />

gerar produtos que atendam às exigências e necessidades dos consumidores. A<br />

pergunta que surge é como criar condições nacionais para que as <strong>empresas</strong> gerem<br />

106


produtos que participem dos mercados, estes produtos tornem as <strong>empresas</strong><br />

competitivas e as <strong>empresas</strong> de sucesso permitam entender que as nações são<br />

competitivas? Nações não competem, mas criam condições para que suas<br />

<strong>empresas</strong> possam inovar e gerar produtos que sejam aceitos pelos consumidores,<br />

isto é, participem eficientemente dos mercados (PORTER, 1998).<br />

Surge, então, o conceito de competitividade sistêmica como expressão de que<br />

o desempenho da empresa depende e é resultante dos fatores situados fora do<br />

âmbito da empresa e de sua estrutura industrial. Fazem parte do ambiente sistêmico<br />

a ordenação macroeconômica, a infra-estrutura, o sistema político institucional, as<br />

características socioeconômicas dos mercados nacionais, os sistemas nacionais de<br />

educação e de ciência e tecnologia e a própria empresa.<br />

Historicamente, a questão da competitividade é analisada sob dois ângulos:<br />

a) a competitividade revelada (PORTER, 1998) (market-share), que é medida pela<br />

aceitação do produto no mercado; é quando os clientes comparam ou rejeitam o<br />

produto e ou serviço; b) a competitividade endógena, que é medida pela eficiência<br />

técnica dos processos produtivos adotados pela empresa. Diversos autores<br />

entendem que este é um processo estático de análise da competitividade.<br />

Outro grupo de analistas econômicos parte do princípio que as mudanças são<br />

intensas, rápidas e freqüentes. Elas acontecem no modo de produzir, <strong>nas</strong> ciências e<br />

tecnologias e modo de organizar a sociedade para a produção; <strong>nas</strong>ce daí o conceito<br />

de competitividade dinâmica, sendo a competitividade entendida como a capacidade<br />

de a empresa formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam<br />

conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado. O sucesso<br />

competitivo passa a depender da criação e renovação das vantagens competitivas<br />

para parte das <strong>empresas</strong>, em que cada produtor se esforça por conquistar<br />

características e produtos e de ação da empresa que os distingam sobre os demais<br />

produtos e <strong>empresas</strong>. Como a empresa percebe a mudança, como a empresa se<br />

prepara para a mudança, como a empresa incorpora a mudança na visão do<br />

107


empresário são questões para as quais buscam-se resposta na <strong>pesquisas</strong> sobre o<br />

processo de inovação tecnológica das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do<br />

Paraná, cujos resultados serão apresentados no capítulo 5 deste trabalho.<br />

Nesta fase do estudo, analisam-se as contribuições de Carlota Perez,<br />

Fajnzylber, Porter sobre a questão da criação e manutenção da vantagem<br />

competitiva nacional e local, especialmente <strong>nas</strong> suas contribuições para as nações<br />

em desenvolvimento, nações periféricas.<br />

3.3.2.2 Contribuições de Carlota Perez<br />

Em geral, os países em fase de desenvolvimento assistem às transformações<br />

<strong>tecnológicas</strong> do mundo como assistentes pouco privilegiados; limitam-se a um<br />

lamúrio sadomasoquista de que o progresso acontece com outras nações, porém as<br />

nações do mundo em desenvolvimento ficam marginalizadas, num comportamento<br />

passivo e sentindo-se vítimas das transformações mundiais. Diferentes estudiosos<br />

do desenvolvimento das nações (Porter, Boisier, Freenam, Stamer, Carlota Perez)<br />

entre outros entendem que o desenvolvimento é um processo ativo conquistado e<br />

mantido a partir de um esforço deliberado e continuado no tempo por meio do<br />

planejamento, de criatividade de senso de oportunidade e de muita competência<br />

constantemente em desenvolvimento. Este item do trabalho concentra-se <strong>nas</strong><br />

contribuições trazida por Carlota Perez sobre o desenvolvimento das nações<br />

emergentes. Discutem-se aqui as principais pontos do pensamento de Perez a partir<br />

de dois artigos sobre o assunto (PEREZ, 1984; PEREZ, 1982).<br />

Carlota Perez procura demonstrar que <strong>nas</strong> épocas de crise das<br />

transformações <strong>tecnológicas</strong>, do surgimento de novos paradigmas técnico-<br />

econômicos é possível os países em vias de desenvolvimento darem um salto no<br />

processo de crescimento, desde que sejam ágeis e competentes para perceber a<br />

oportunidade e aproveitá-las.<br />

108


Quais as condicionantes para dar o salto tecnológico e inserir-se<br />

competitivamente nos padrões de produção mundial? Não basta ser um agente<br />

passivo ou ativo da busca e aceitação do capital estrangeiro nos espaços nacionais.<br />

É preciso ser um agente ativo identificado e montado na onda de transformação de<br />

um novo paradigma tecnológico. Identificar as oportunidades e aproveitá-las antes<br />

que as tecnologias se padronizem, estandartizem e se universalizem. Há grandes<br />

negócios para os oligopólios e os monopólios. Mas, há também numerosas<br />

oportunidades de atuação estratégica para as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>, tanto<br />

das nações desenvolvidas como das nações em desenvolvimento.<br />

Em verdade, os novos avanços tecnológicos são desafios à capacidade de<br />

assimilação de novos conhecimentos e de mudanças econômicas tanto <strong>nas</strong> nações<br />

desenvolvidas quando das nações em desenvolvimento. O que diferencia estes dois<br />

grupos de nações é a capacidade de cada grupo gerar conhecimentos e mudanças;<br />

diferentes capacidades para perceber as mudanças; diferentes capacidades para<br />

aproveitar as mudanças. E o que diferencia a capacidade de cada grupo é seu<br />

estoque de recursos humanos mais preparados ou menos preparados para gerar,<br />

perceber e aproveitar as novas oportunidades.<br />

Carlota Perez em seu artigo "Microeletrônica, ondas longas e mudança estrutural<br />

mundial" (1984) defende a idéia de que no processo da crise de mudança de paradigma<br />

tecnológicos aumentam as perspectivas de desenvolvimento para as nações em<br />

crescimento desde que estas nações tenham uma preparação estratégica para<br />

perceber as oportunidades, identificar as ondas de mudança tecnológica e criem<br />

mecanismos técnico-econômicos e uma estrutura socioinstitucional que insira<br />

competitivamente a nação no movimento das mudanças. Isto não é fácil, mas parece<br />

ser possível.<br />

O mundo está vivendo uma crise estrutural, que ao invés de reduzir irá ampliar<br />

a distância entre nações desenvolvidas e nações não desenvolvidas. Na ocorrência<br />

de ciclos de cerca de 50 anos de duração do crescimento econômico, deve<br />

109


ser atribuído um papel central à difusão de sucessivas revoluções <strong>tecnológicas</strong><br />

que representam um salto quantitativo para a produtividade potencial para a maior<br />

parte da economia.<br />

Para atingir seu pleno potencial de crescimento cada ciclo econômico (novos<br />

paradigmas tecno-econômicos) exige também uma reestruturação fundamental da<br />

estrutura sócio-institucional em nível nacional e internacional. A reorganização social<br />

e as transformações econômicas determinam o novo modo do crescimento e<br />

desenvolvimento econômico. O período de criação das condições inter<strong>nas</strong><br />

(nacionais) para preparar a nação para as transformações e percepção das<br />

oportunidades exige o comprometimento sinergético de todos os atores sociais da<br />

nação, que deverão tomar parte ativa no processo das transformações. Quanto mais<br />

permeado em todos os níveis da sociedade nacional for a percepção de um<br />

processo de mudanças, a identificação de um novo paradigma tecnológico, a<br />

preparação nacional para perceber e aproveitar as oportunidades, tanto maiores<br />

serão as possibilidades de ascensão nacional.<br />

A inércia da estrutura institucional é um obstáculo instransponível para o<br />

desenvolvimento do novo paradigma. A difusão de uma nova tecnologia é ela<br />

própria um fator agravante para que o novo padrão de investimentos rompa o tecno-<br />

social e crie fatos não esperados e contra-tendências em todos os mercados. A crise<br />

é social e provoca um redefinição no modo de crescimento.<br />

Na fase recessiva do ciclo anterior é que está sendo gestado e difundido um<br />

novo paradigma tecnológico, que exige e induz mudanças que se caracterizam por:<br />

1. Novas formas de operação e regulação dos mercados (produto, capital,<br />

trabalho, moedas) isto tanto em nível nacional como em nível internacional;<br />

2. Nova organização do sistema bancário e de crédito;<br />

3. Novos acordos sociais e novas responsabilidades públicas e privadas na<br />

geração, distribuição e redistribuição de renda;<br />

110


4. Nova forma de organização dos trabalhadores e grupos de interesse<br />

juntamente com uma nova estrutura legal em que eles operam;<br />

5. Novo sistema e orçamento para educação e treinamento envolvidos no<br />

processo;<br />

6. Intenções sob as quais as intenções são geradas, protegidas e negociadas;<br />

7. Mudança na divisão internacional da produção e os meios para regulação<br />

do comércio e dos investimentos entre países;<br />

8. Mudanças no balanço relativo do poder internacional e nos acordos para<br />

mantê-lo.<br />

A construção de um novo modelo de crescimento surge como resultado de um<br />

processo intensivo de confrontação social, criatividade e compromisso para romper a<br />

inércia e projetar o futuro. O resultado dependerá da força dos vários grupos sociais<br />

e de sua capacidade de desenvolver e implementar respostas viáveis e inovadoras.<br />

O novo modelo não surge de uma única vez, mas de uma rede coerente de<br />

mudanças sucessivas e do poder das forças sociais e da capacidade para<br />

desenvolver e implementar respostas viáveis e inovadoras.<br />

A estratégia alternativa que se apresenta para os países em desenvolvimento é<br />

de um planejamento que considere os problemas e as oportunidades do amanhã e não<br />

aquelas que ficaram para trás. É um tempo de especular e inovar. Embora o futuro seja<br />

construído tendo como base o passado, nos períodos de transição a simples<br />

exploração das tendências é útil e produtiva. A busca de respostas positivas para o<br />

desenvolvimento é uma questão complexa que requer a compreensão do novo<br />

paradigma tecno-econômico, prever as possíveis mudanças dos países industrializados<br />

para definir o clima geral da futura estrutura econômica tecnológica, financeira,<br />

mercadológica, organizacional das economias nacionais dominantes e da estrutura<br />

internacional. Na maioria dos casos, os países em desenvolvimento têm escassez de<br />

recursos humanos e de informações para compreender e identificar as mudanças, bem<br />

como escassez de recursos financeiros para aproveitar as oportunidades de novas vias<br />

111


de desenvolvimento. Porém, dificuldades não são impedimento e sim a oportunidade de<br />

definir uma estratégia de curto, médio e longo prazo para superar cada obstáculo<br />

visando construir novos caminhos de desenvolvimento.<br />

Nos períodos de transições <strong>tecnológicas</strong> o problema das nações desenvolvidas é<br />

como administrar a transição, enquanto para as nações em desenvolvimento a questão<br />

reside em como tirar vantagem da transição.<br />

Um rápido crescimento acontece quando há um entrosamento entre uma<br />

frutífera oportunidade tecnológica e um marco institucional apropriado para estimular<br />

seu aproveitamento (arrancada). Os períodos de transição tecnológica são ótimas<br />

oportunidades para efetuar um salto no desenvolvimento, e a existência de<br />

instituições adequadas é mais decisiva do que nunca nestes períodos. Na onda<br />

atual das mudanças <strong>tecnológicas</strong>, os países em desenvolvimento devem enfrentar<br />

uma enorme e múltipla tarefa:<br />

a) reavaliação e redefinição de uma estratégia de desenvolvimento;<br />

b) reconversão da economia;<br />

c) desmonte e reconstrução dos mecanismos e instituições de desenvolvimento;<br />

d) mudanças <strong>nas</strong> idéias e esquemas de comportamento.<br />

As épocas de transição são tempos de experimentação e criatividade. O<br />

paradigma que se difunde exige e permite adaptabilidade às condições dadas. A<br />

diversidade de condições culturais, climáticas, geográficas, econômicas, recursos<br />

naturais abre um amplo leque de possibilidades distintas. Os períodos de transição<br />

são também de mudanças de posição: alguns países e indústrias saltam para frente;<br />

outros se atrasam, este resultado depende mais da agilidade e capacidade de<br />

aproveitar a oportunidade do que do tamanho da oportunidade.<br />

3.3.2.3 Competitividade nacional na visão de Fajnzylber<br />

Como visto, a acumulação capitalista é dependente das mudanças <strong>tecnológicas</strong> e<br />

obriga as <strong>empresas</strong> a exceder controle, o mais amplo possível, sobre o processo das<br />

112


mudanças <strong>tecnológicas</strong>. Fajnzylber, ao analisar a inserção competitiva na economia<br />

internacional a partir de economias em desenvolvimento, afirma que o processo técnico<br />

se adquire de maneira gradual mediante melhoras sucessivas de processos e produtos<br />

ou de maneira radical mediante a introdução de um novo processo ou produto<br />

(FAJNZYLBER, 1990, p.102). As inovações <strong>tecnológicas</strong> capazes de mudar todo o<br />

aparato produtivo são classificadas como revoluções <strong>tecnológicas</strong> porque mudam o<br />

modo de produzir, viver e também a geografia econômica internacional.<br />

Fajnzylber define a competitividade nacional a partir do seguinte entendimento<br />

Según la primera noción, a nivel de la economia en su conjunto, ésta puede<br />

considerarse competitiva si, en un marco general de aquilibrio macroeconómico tiene<br />

la capacidad de incrementar (o al menos de sostener) su participación en los<br />

mercados internacionales, con un alija simultánea del nivel de vida de la población. La<br />

segunda noción se aplica a un bien o servicio; en este caso, se es competitivo cuando<br />

se consigue, al menos, sostener los patrones de eficiencia vigentes en el resto del<br />

mundo en cuanto a utilización de recursos y calidad del producto o servicio ofrecido.<br />

En general, la primera definición implica la segunda, por lo menos en el mediano<br />

plazo. (FAJNZYLBER, 1990, p.70).<br />

Considere-se que existe uma melhor maneira de produzir um produto em nível<br />

internacional, relativamente à utilização de recursos na sua produção e qualidade<br />

apresentada. Esta melhor forma de fazer define um padrão internacional precisa ser<br />

alcançado ou superado por quem queira ser competitivo. Este estágio só pode ser<br />

alcançado mediante a incorporação de progresso técnico, isto é, inovação que<br />

permita às <strong>empresas</strong> manter ou aumentar sua participação no mercado, gerando<br />

assim uma contínua pressão inovadora sobre os diferentes competidores. Desta<br />

forma dá-se origem a um contínuo processo de inovação, difusão de técnicas e<br />

produtos melhores que provocam um constante deslocamento da fronteira<br />

tecnológica. Assim sendo, a longo prazo, a competitividade que uma economia<br />

precisa alcançar para uma sólida inserção internacional dependerá de sua<br />

capacidade de superar e se manter à frente da melhor prática de produção.<br />

113


A evolução desse conceito de competitividade pressupõe a existência de um<br />

sistema nacional de inovações, que estimule a competitividade sistêmica em um<br />

contexto institucional favorável à inovação.<br />

Segundo Fajnzylber (1990), o sistema nacional de inovações apresentado<br />

como "núcleo endógeno de dinamização tecnológica" necessita da existência de uma<br />

conexão em redes horizontais e verticais de <strong>empresas</strong>, instituições públicas e<br />

privadas na diminuição dos riscos inerentes à imprevisibilidade das trajetórias<br />

<strong>tecnológicas</strong>, na interação entre usuários e fabricantes de produtos e processos de<br />

"aprendizagem incremental" e na institucionalização de um impulso contínuo de<br />

inovações <strong>tecnológicas</strong> no aparelho produtivo. Os fatores decisivos de criação de<br />

competitividade estão na qualidade e características da articulação Estado-sistema<br />

produtivo e educação – sistema produtivo (FAJNZYLBER, 1990). São determinantes<br />

importantes a disponibilidade e qualidade da infra-estrutura tecnológica, da base<br />

empresarial e a qualidade dos recursos humanos.<br />

Segundo Fajnzylber, o objetivo é desenvolver uma competitividade autêntica,<br />

obtida pela incorporação de progresso técnico, em substituição à "competitividade<br />

espúria".<br />

Para Fajnzylber, a " competitividade espúria" se apresenta de três formas<br />

distintas na América Latina:<br />

a) quando o produto de um país se torna competitivo por meio da baixa<br />

remuneração ao trabalhador e conseqüentemente com efeitos negativos<br />

para equidade. Em geral, na América Latina esta forma estimula o<br />

consumo de bens supérfluos por parte dos que tem renda, e portanto não<br />

há investimentos qualitativos no setor. Portanto, a competitividade é<br />

temporária e o ciclo de crescimento não é sustentado;<br />

b) uma segunda forma de competitividade espúria é aquela obtida pela<br />

exportação extensiva, em geral predatória ao meio ambiente e dos<br />

114<br />

recursos naturais disponíveis. Esses recursos, em geral, estão


concentrados <strong>nas</strong> mãos de grupos restritos, ou <strong>empresas</strong> estatais e os<br />

benefícios não se difundem a amplas parcelas da sociedade;<br />

c) a terceira forma de competitividade espúria é a que obtida pela baixa<br />

tributação direta sobre a atividade exportadora, as vantagens fiscais<br />

tendem a se perpetuar e inibem a incorporação de progresso técnico e<br />

inovação, tendo portanto um efeito anticompetitivo na economia geral.<br />

Concluindo, a transformação competitiva com equidade será alcançada num<br />

contexto de maior competitividade internacional. Esta competitividade deve<br />

sustentar-se mais numa deliberada e sistemática incorporação do progresso técnico<br />

no processo produtivo, com conseqüentes aumentos de competitividade. Deve-se<br />

reconhecer que a aprendizagem e difusão dos conhecimentos disponíveis em nível<br />

internacional foram insuficientemente absorvidos pela América Latina.<br />

O progresso técnico desempenha um papel fundamental no objetivo de<br />

crescimento com equidade da América Latina. É também mediante a incorporação de<br />

novas tecnologias – inovações – capacidade de imitar, adaptar e desenvolver<br />

processos de produção, bens e serviços que a economia da América Latina poderá se<br />

manter e inserir competitivamente nos mercados locais, regionais e internacionais.<br />

Para Fajnzylber, um dos eixos do processo de industrialização exitosa está no "círculo<br />

auto-reforçante" – crescimento-competitividade-eqüidade-austeridade – aprendizagem<br />

tecnológica (FAJNZYLBER, 1990).<br />

O crescimento permitirá a incorporar novos equipamentos e produtos,<br />

contribuindo com a elevação da produtividade internacional. O "círculo virtuoso"<br />

entre crescimento e competitividade com equidade – austeridade e aprendizagem<br />

tecnológica é um dos eixos centrais das experiências bem-sucedidas de<br />

industrialização. "Na América Latina por falta de equidade e austeridade e pelo<br />

caráter frívolo do protecionismo o crescimento e a competitividade tem tido um<br />

caráter espasmódico" (FAJNZYLBER, 1990).<br />

115


A competitividade no setor industrial que tem uma demanda mais dinâmica do<br />

que os outros setores produtivos contribui positivamente para o crescimento. A<br />

experiência mostra que o comércio internacional de produtos industrializados cresce<br />

num ritmo mais elevado que o comércio mundial. Esta diferença se agrega aos<br />

setores que têm maior conteúdo tecnológico. Portanto, a capacidade de um país se<br />

inserir solidamente nos mercados internacionais está fortemente dada por sua<br />

capacidade e possibilidade de acompanhar as tendências <strong>tecnológicas</strong> internacionais.<br />

A incorporação de um novo padrão tecnológico, o aumento da produtividade,<br />

o aumento da competitividade internacional e a equidade propiciam também a<br />

elevação do mercado interno e a aceleração do crescimento.<br />

É importante lembrar que o esforço de inovação e do desenvolvimento<br />

tecnológico não de distribui homogeneamente no conjunto da atividade produtiva.<br />

Verifica-se que tal esforço se concentra principalmente no setor industrial, que<br />

apresenta uma densidade de esforço e conteúdo tecnológico que equivale a três ou<br />

quatro vezes a densidade <strong>médias</strong> da atividade econômica. E no setor industrial<br />

há determinados ramos que são intensivos em progresso técnico e têm maior<br />

dinamismo no comércio internacional.<br />

A disponibilidade de uma base empresarial nacional é um fator determinante na<br />

construção de um sistema industrial internacionalmente competitivo. As diferentes<br />

formas de associação da base empresarial nacional com investimentos estrangeiros<br />

são determinantes na agregação de um novo padrão tecnológico, no aproveitamento<br />

dos recursos naturais disponíveis e na ampliação da mão-de-obra. A América Latina em<br />

geral não se preocupou no desenvolvimento de mecanismos internos de integração<br />

econômica e social, e criação de uma sólida base de inserção competitiva internacional.<br />

O insuficiente desempenho da América Latina no âmbito tecnológico e de<br />

competitividade internacional deve-se debitar à natureza das lideranças empresariais<br />

aqui existentes. Enquanto nos países desenvolvidos a motivação capitalista é<br />

a competitividade internacional, na América Latina continua o protecionismo<br />

116


paternalista e inibidor de inovações e progresso técnico. Enquanto em nível mundial<br />

se adotavam padrões de competitividade que implicam a capacidade de manter e<br />

aumentar a participação nos mercados internacionais com elevação do nível de vida<br />

da população o que necessariamente requer aumento de produtividade e<br />

incorporação de progresso técnico, na América Latina, pressionados pela dívida<br />

externa, os países optaram por uma "competitividade espúria", que, como já<br />

apresentado anteriormente, implicava baixa remuneração de mão-de-obra,<br />

protecionismo e incentivos fiscais, exportação de recursos minerais abundantes com<br />

conseqüente deterioração dos termos de troca.<br />

É fundamental uma transformação produtiva que possibilite a elevação da<br />

produtividade da mão-de-obra, a sustentação da competitividade internacional<br />

autêntica apoiada na incorporação de progresso técnico e o fortalecimento da base<br />

empresarial latino-americana. A elevação da qualificação da mão-de-obra e o<br />

estabelecimento de relações de cooperação construtiva entre o governo, o setor<br />

empresarial e trabalhador devem ser sustentados em acordos estratégicos que<br />

dêem constâncias às políticas econômicas.<br />

O fortalecimento da competitividade internacional requer instituições públicas<br />

dotadas de iniciativas e capacidades de organizar, articular e coordenar os distintos<br />

agentes produtivos, educativos, a pesquisa, o financiamento e a comercialização<br />

temporária e comercialmente seletivos visando induzir o aprendizado tecnológico e a<br />

conquista da competitividade internacional (não é mais um fato dado pela natureza,<br />

mas sim conquistado). A cooperação entre <strong>empresas</strong> e instituições públicas e<br />

privadas é questão de sobrevivência, e isto pressupõe confiança recíproca e<br />

comunicação permanente.<br />

Todo esse processo induz mudanças no entendimento das vantagens<br />

comparativas e, portanto, profundas mudanças no padrões de competitividade entre as<br />

nações. A mão-de-obra barata, as matérias primas baratas, a abundância de energia<br />

por si só são mais fatores de aumento de competitividade, mas dependem da aplicação<br />

117


de tecnologias avançadas de produção, organização que combinadas permitem a<br />

geração de produtos que se mantenham no mercado, ampliem mercados e gerem<br />

lucros mais elevados. Estas novas tendências <strong>tecnológicas</strong> geram múltiplas<br />

oportunidades de investimentos para aproveitar as inovações de produtos e processos,<br />

criando-se, assim, boas oportunidades de investimento cujas possibilidades de<br />

aproveitamento dependem da capacidade de produzir com competitividade.<br />

3.3.2.4 A competitividade das Nações em Porter<br />

O trabalho desenvolvido por Michael Porter relativo à competitividade contradiz a<br />

sabedoria convencional que orientava o pensamento do governo e de muitas <strong>empresas</strong><br />

onde predominava a convicção de que as determinantes da competitividade estavam<br />

concentradas a partir dos custos da mão-de-obra, das taxas de juros, das taxas de<br />

câmbio e das economias de escala (PORTER, 1998 p.145).<br />

Desenvolvendo estudos durante quatro anos sobre os padrões de sucesso de<br />

competitividade em dez países, que são líderes comerciais, esse autor conclui que o<br />

papel mais estratégico do governo no estímulo e apoio ao setor produtivo visando à<br />

conquista da competitividade está em promover a competitividade nacional. "A<br />

prosperidade nacional é criada e não herdada". (PORTER, 1998, p.145). "À medida<br />

que a base da competição se voltou mais e mais para a criação e assimilação do<br />

conhecimento o papel da nação cresceu". "A capacidade de uma nação depende de<br />

seus setores <strong>industriais</strong> para inovar e modernizar". (p.145). As <strong>empresas</strong> ganham<br />

vantagem competitiva contra os melhores concorrentes do mundo devido à pressões<br />

e desafios. Rivais domésticos, fornecedores agressivos e clientes locais informados<br />

e exigentes são as grandes pressões positivas para a evolução.<br />

A Vantagem Competitiva Nacional discutido por Porter não é dada pela<br />

natureza como decorrência da abundância de fatores de Produção. Mas, a<br />

Competitividade Nacional é conquistada, é sistêmica e nela estão envolvido<br />

múltiplas instituições e mecanismos, sendo as <strong>empresas</strong> são o núcleo central do<br />

processo produtivo com qualidade produtividade, eficiência e na conquista da<br />

118


vantagem competitiva. As <strong>empresas</strong> adquirem competência e geram produtos que<br />

são capazes de participar do mercado. (PORTER, 1980; PORTER, 1998, p.237-270).<br />

A competitividade nacional conquistada é decorrência de produtividade e de<br />

inovação, ambas determinadas pelo aumento do conhecimento, que leva ao<br />

aumento de produtividade dos fatores de produção e conseqüentemente a um<br />

aumento da capacidade de as <strong>empresas</strong> nacionais produzirem produtos e serviços<br />

com mais eficiência, eficácia e valor agregado para atendimento das necessidades e<br />

exigências dos consumidores.<br />

A produtividade é o determinante básico do padrão de vida; é a causa principal<br />

da renda per capita. Produtividade dos recurso humanos determina os níveis<br />

salariais. A produtividade dos capitais determina o retorno aos proprietários. A<br />

produtividade depende da qualidade dos produtos, da qualificação para produzir e<br />

da eficiência com que os fatores de produção são utilizados para gerar unidades de<br />

produção a custos menores.<br />

O desafio nacional para competir é estimular as <strong>empresas</strong> a inovar e produzir<br />

com mais eficiência. Governo não compete. Empresa não compete. Mas, os produto<br />

das empresa podem competir, isto é, participar dos mercados. Como criar condições<br />

para que as empresa possam gerar produtos que participem com sucesso do mercado?<br />

A vantagem competitiva é criada e sustentada por meio de um processo<br />

altamente localizado (aqui o local é a nação). Diferenças de valores culturais,<br />

estruturais, econômicos, institucionais e históricos entre as nações contribuem para<br />

o sucesso competitivo. “O governo não pode criar setores competitivos somente as<br />

<strong>empresas</strong> podem fazê-lo”. (PORTER, 1998, p.164).<br />

As <strong>empresas</strong> alcançam a vantagem competitiva pelas ações de criação,<br />

inovação e adequação de seus produtos às exigências dos clientes e consumidores<br />

(p.146). Cabe ao governo criar um ambiente econômico e tecnológico e competitivo<br />

que estimule a empresa a inovar e modernizar, sustentando vantagem competitiva<br />

conquistada por meio da atualização permanente de inovações de seus produtos<br />

e serviços.<br />

119


FIGURA 3 - DETERMINANTES DE VANTAGEM COMPETITIVA NACIONAL<br />

Condições de<br />

Fatores<br />

FONTE: PORTER (1998, 151)<br />

Estratégia,<br />

Estrutura e<br />

Rivalidade<br />

Estabelecidas<br />

Setores<br />

Industriais<br />

Relacionados<br />

e de Apoio<br />

Condições de<br />

Demanda<br />

Condições de fatores - a doutrina tradicional da vantagem comparativa dada<br />

pela abundância de fatores (Adam Smith, David Ricardo) não explica as razões da<br />

competitividade dos produtos nos mercados nacionais e internacionais. E Porter<br />

(1998, p.152) afirma "que a vantagem competitiva resulta da presença de<br />

instituições classe mundial que criam fatores especializados e os mantém e renovam<br />

constantemente". A vantagem competitiva é conquistada pela inovação. E inovação<br />

se desenvolve com pessoas habilitadas e competentes.<br />

Condições de demanda - as nações ganham vantagem competitiva em<br />

setores onde a demanda local propicia para as <strong>empresas</strong> inovar a partir das<br />

informações, das exigências e dos níveis de renda (PORTER, 1998, p.154;<br />

KRUGMANN, 2002). As condições de demanda local auxiliam a criação de vantagem<br />

competitiva forçando as <strong>empresas</strong> a produzirem com qualidade, preços e valor<br />

agregado exigidos pelos consumidores.<br />

Setores <strong>industriais</strong> correlatos e de apoio, isto é, a interação e<br />

complementariedade com fornecedores de bens de capital e de insumos,<br />

distribuidores, entidades de consultoria, universidades e centros de pesquisa – a<br />

eficiência destas instituições fortalecem a eficiência da empresa e a capacidade de<br />

120


competição do produto no mercado. "Não basta ser competente, é preciso estar<br />

entre os mais competentes". (MAITAL, 1996, p.220).<br />

Estratégia, estrutura e rivalidade firmes como mecanismo para criação de um<br />

ambiente nacional favorável e estimulador da inovação e da competição. Como o<br />

capitalismo não permanece de braços cruzados diante das ameaças da competição a<br />

reação natural de defesa diante da competição é o avanço o progresso para evoluir e<br />

ser melhor do que seus competidores. Conseqüentemente a exposição à competição<br />

é favorável para o estímulo à inovação e ao progresso. Porém, não basta expor a<br />

empresa à competição, e necessário criar mecanismos de estímulo e apoio à empresa<br />

para inovação, sejam eles oriundos do governo, das universidades, dos centros de<br />

<strong>pesquisas</strong>, das grandes <strong>empresas</strong> ou das <strong>empresas</strong> que se complementam, se aliam<br />

em forma de redes. Como afirma Porter (1998, p.159), "A presença de rivais locais<br />

fortes é um estímulo final e poderoso para a criação de persistência na vantagem<br />

competitiva". A rivalidade doméstica cria pressão constante para a modernização das<br />

fontes de vantagem competitiva (PORTER, 1998, p.161).<br />

O papel do governo é criar condições para melhorar a produtividade, elevar a<br />

qualidade dos produtos, estimular as <strong>empresas</strong> a adicionar valor ao produtos e<br />

serviços, conforme desejos mutantes dos consumidores, incrementar eficiência da<br />

produção, e capacitar para competir com novos produtos, novos setores e novos<br />

mercados. O papel do governo é, em síntese, criar um ambiente nacional favorável<br />

para a produção eficiente. O governo, no entendimento de Porter (1980 e 1998),<br />

exerce um papel estratégico de catalisador, coordenador, estimulador e indutor de<br />

eficiência e eficácia empresarial. Cabe ao governo encorajar as mudanças, estimular<br />

as inovações e promover rivalidades domésticas para estimular o avanço e o<br />

progresso. Porter (1998) propõe o que denominou de "Guia para as nações que<br />

procuram vantagens competitivas": a) Criar fatores especializados (educação,<br />

pesquisa, infra-estrutura); b) fixar regulamentação governamental para competição e<br />

modernidade; c) promover metas que conduzam ao investimento sustentado; d) limitar<br />

121


cooperação entre rivais; e) estimular competição doméstica (protecionismo negativo –<br />

(tarifas e isenções fiscais), versus protecionismo positivo, estímulos à inovação e<br />

modernização antes da produção; f) favorecer a entrada de novos concorrentes,<br />

regulamentar as fusões e aquisições; g) evitar o comércio administrado, o<br />

protecionismo que leve a uma produtividade espúria; h) buscar acesso ao mercado<br />

aberto de todas as nações; i) destruir as barreiras à competição.<br />

O Comércio internacional cresce <strong>nas</strong> diferenças e não <strong>nas</strong> igualdades.<br />

Diferenças de preços, de qualidade, de produtividade, de inovação, de estratégias<br />

no atendimento das necessidades e demandas dos consumidores.<br />

A contribuição de Porter para a estratégia competitiva da empresa será discutida<br />

no item 3.3.3.2 Estratégia competitiva da Empresa – contribuições de Porter.<br />

3.3.3 A Competitividade da Empresa<br />

Neste bloco procura-se analisar a competitividade construída pela empresa a<br />

partir do ambiente nacional existente e a partir da visão e da compreensão do<br />

empresário sobre o ambiente existente e seu comportamento estratégico na tomada<br />

de decisão e gestão da empresa.<br />

3.3.3.1 Competitividade e estratégias em Schumpeter e Possas<br />

A principal contribuição de Schumpeter para a economia é o esforço na<br />

demonstração que a inovação é o núcleo central da atividade econômica. Porém,<br />

nesta fase do trabalho pretende-se resgatar algumas considerações sobre a questão<br />

da concorrência no processo de inovação tecnológica na visão de Schumpeter e<br />

Mário Possas. Conforme já foi demonstrado, o entendimento de Schumpeter sobre o<br />

capitalismo é que, pela própria natureza, capitalismo é uma forma ou um método de<br />

mudança econômica, e não está, e nunca pode estar estacionário (SCHUMPETER,<br />

1984, p.112).<br />

122


Se não está estacionário, está em mudança. Se muda em uma empresa, há a<br />

probabilidade de mudanças em todas as firmas. Sob o risco de se não mudar, morre.<br />

Porque se a tecnologia morre, morre o produto. Se morre o produto e não é<br />

substituído por um produto novo, morre a empresa. Portanto, há um jogo de ação e<br />

reação, de inovação e competição.<br />

Mário Possas, analisando e interpretando a definindo seu modelo de<br />

competição na empresa, afirma que a atividade econômica é voltada para o lucro. A<br />

concorrência é o processo de interação das unidades econômicas (<strong>empresas</strong><br />

principalmente) em busca do lucro (POSSAS, 1996, p.73).<br />

O esforço de inovativo em busca do lucro e como estratégia de competição<br />

acontece via diferenciação dos concorrentes (POSSAS, 1993). A diferenciação tem<br />

uma dimensão ativa, transformadora e uma dimensão passiva, a mais usual, que é<br />

de ajustamento, de renúncia ao lucro extraordinário (POSSAS, 1987 e 1996, p.73).<br />

A concorrência acontece no mercado e sua agentes são as <strong>empresas</strong><br />

mediante a formulação e execução de estratégias competitivas. A estratégia<br />

competitiva pressupõe capacidade inovativa (Schumpeter, Porter, Possas, Freeman,<br />

Dosi, Nelson e Winter). A capacidade inovativa é sistêmica, isto é depende das<br />

condicionantes sistêmicas da competitividade, que é composta por: a) do ambiente<br />

interno da empresa; b) do ambiente tecnológico internacional, nacional e regional; do<br />

nível de renda, informações e exigência do mercado (KRUGMANN, 2002); do<br />

ambiente econômico composto pelas externalidades físicas, sociais, técnico-<br />

científicas; condições institucionais e do aparato regulatório.<br />

Como decorrência desta constatação é importante construir e preservar um<br />

ambiente competitivo, isto é, de pressões competitivas sobre as <strong>empresas</strong> para<br />

estimular a inovação (Schumpeter, Possas, Porter). A ação de estímulo à<br />

competição não se concentra na tentativa de redução da concentração industrial e<br />

sim no estímulo à exploração da potencialidade inovativa da empresa.<br />

Portanto, a competição em Schumpeter é ativa, criativa, estimuladora,<br />

desfiadora, de prospecção, de perscrutar o futuro e construir vantagens<br />

123


conquistadas. De construir pontes entre o passado e o presente para o futuro. É a<br />

busca do novo.<br />

A ação normativo regulatória não é de controle e limitação. E sim de<br />

orientação, coordenação, articulação e estímulo. "A ausência de normas é a norma<br />

da concorrência" na análise da concorrência em Schumpeter (POSSAS, 1996, p.76).<br />

A concorrência schumpeteriana é um processo de criação constante, via<br />

inovação, que gera assimetrias (desequilíbrios entre os agentes da estratégia<br />

competitiva). No entanto, apesar dos desequilíbrios, a concorrência é portadora de<br />

inovação e geradora de mudanças qualitativas de avanço, melhorias contínuas,<br />

progresso e desenvolvimento. Um ambiente competitivo, dinâmico e inovador é mais<br />

eficiente quanto maior for sua capacidade de ampliar a concorrência, induzindo à<br />

maior eficiência produtiva e inovativa (SCHUMPETER, 1984, cap. 8; POSSAS, 1996,<br />

p.83). A promoção da competitividade em sua dimensão sistêmica deve passar pela<br />

conformação de um ambiente competitivo para o qual se requer um conjunto de<br />

regras, instituições e "cultura empresarial" que mantenham os mercados em geral –<br />

e não só os oligopólios – submetidos a constante pressão competitiva. Esta, por sua<br />

vez, "supõe regras de política industrial, tecnológica, tarifária e creditícia que não só<br />

os exponham à concorrência interna e externa mas também os induzam e estimulem<br />

a capacitar-se, num esforço de longo prazo, à maior eficiência produtiva e<br />

inovatividade". (POSSAS, 1996, p.83).<br />

Analisando a questão da competição e da difusão da tecnologia, Dosi (1988)<br />

afirmava que "a difusão de novas tecnologias não se dá por mero ‘contágio’ ou por<br />

difusão de informações, mas por um conjunto de pressões competitivas combinadas<br />

a oportunidades inovativas e de mercado, fortemente atrelada a paradigma e<br />

trajetória <strong>tecnológicas</strong> que surgem no bojo do processo de concorrência e delimitado<br />

pelo respectivo ambiente seletivo de novas tecnologias, produtos e formas<br />

institucionais" (POSSAS, 1996, p.90 e ver DOSI, 1998).<br />

Continuando a análise da compreensão da concorrência em Schumpeter,<br />

Possas (1996, p.94) afirma<br />

124


a 'concorrência' não é uma conduta individual ou uma atitude, que pode ser<br />

eventualmente anulada ou invertida (como parecia acontecer com os cartéis) legal ou<br />

culturalmente, mas um processo objetivo que tem sua força motriz (a inovação), sua<br />

meta (o lucro individual) e seu meio institucional (os mercados, as leis, o Estado)<br />

objetivamente definidos, embora sob formas institucionais historicamente variáveis, e<br />

que acaba por se impor mais ou menos generalizadamente, aí sim, à subjetividade, às<br />

condições particulares e às atitudes dos agentes individuais.<br />

Ainda seguindo as análises de Possas sobre o modelo inovativo de<br />

Schumpeter, e de suas próprias conclusões de <strong>pesquisas</strong> e estudos sobre o<br />

assunto, Possas (1996, p.94/95) afirma que<br />

só liberais extremados suportariam que o mercado 'já vem pronto', ou que 'se constrói'<br />

espontaneamente enquanto ambiente alocativo e seletivo. E, por outro lado, pela<br />

indução à maior capacitação tecnológica e produtiva, provendo os meios públicos<br />

necessários (crédito, financiamento, subsídios e incentivos fiscais) e estimulando ou<br />

mesmo favorecendo a formação de alianças e cooperação, inclusive privada, quando<br />

possível e relevante. Também nesse caso, estratégias empresariais competitivas<br />

estarão sendo objeto, e em certa medida um produto complementar, de estratégias de<br />

política pública.<br />

Conclui-se que a inovação não é obra do acaso, mas é "causa causada"<br />

(Roberto Campos). A partir dos desenvolvimento de Schumpeter, afirma Carlota<br />

Perez e comprova Mário Possas, a inovação decorre de estímulos e condições para<br />

a inovação. De estímulos e coordenação dos mecanismos indutores da<br />

modernidade, do desenvolvimento de um ambiente propício para a inovação. Isto<br />

não é obra de uma empresa, ou de um governo. São causas compartilhada; é<br />

competitividade sistêmica. Desenvolvimento, integrado, articulado, coordenado.<br />

Capitalismo é um processo de mudança em direção à inovação para atender às<br />

demandas e exigências do consumidor. A firma obtém lucro atendendo às<br />

necessidades de serviços e produtos do consumidor. Pode-se, então, concluir que o<br />

processo evolutivo do capitalismo é um processo de competição entre firmas na busca<br />

incessante de novas e melhores maneiras de atender às necessidades e exigências<br />

do consumidor e por meio desta forma garantir lucros para a empresa. O objetivo da<br />

125


empresa não é inovar e sim buscar o lucro. Mas, inovação é a principal estratégia<br />

capitalista para atender às necessidades mutantes dos clientes e obter o lucro.<br />

O que motiva a inovação é a busca de lucro. A estratégia de inovação é por<br />

diferenciação de produtos e serviços diante da concorrência para atender às<br />

necessidades do consumidor. Logo a diferenciação de produtos e serviços é<br />

fundamental no processo de competição capitalista.<br />

FIGURA 4 - ATORES DA COMPETIÇÃO<br />

(035(6$<br />

&(1É5,26 ( $725(6 '$<br />

&203(7,d®2<br />

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FONTE: O autor<br />

A luta competitiva da empresa é pela apropriação do poder de compra do<br />

consumidor e da garantia do espaço de valorização do capital. Este é um processo<br />

de geração de assimetrias, de diferenças e diversidades que são criadas<br />

constantemente na dinâmica capitalista. É na criação de diferenças e diversidades<br />

que acontece a luta competitiva capitalista (POSSAS, S., 1999, p.32 e segs.).<br />

Concorrência na análise evolucionista do capital, no processo de inovação é<br />

entendida como capacidade de diversificação e diferenciação de produtos, serviços,<br />

e modo de organização (POSSAS, S., 1999, p.45). As linhas de produtos se alteram<br />

126


e, portanto, a indústria incorpora um novo padrão de competição. Portanto, a<br />

diferenciação é uma das melhores estratégias de competição. Todo processo de<br />

concorrência conforme desenvolve Mário Possas tem duas dimensões:<br />

a) Dimensão ativa (diferenciadora) caracterizada pela criação e ocupação de<br />

novos espaços econômicos, pela busca de lucros anormais e criação de<br />

novas vantagens competitivas, isto é, inovação (POSSAS, 1996 p, 76).<br />

b) Dimensão passiva (igualadora) que se refere à situação de ajustamento e<br />

acomodação, de cópia e imitação.<br />

A busca de diferenciação entre produtores é o mecanismo central da<br />

concorrência. Os demais instrumentos de concorrência se subordinam à<br />

diferenciação. A concorrência em Schumpeter é via inovação, no entanto inovação<br />

não é só inovação tecnológica, mas é de uma forma geral fazer algo diferente do que<br />

fazem as outras firmas e que, portanto, garante o lucro. O inovar é para ter lucro.<br />

A diferenciação é para conquistar o poder de compra do cliente satisfazendo<br />

suas necessidades e ter lucro com isto.<br />

Logo que as concorrências de qualidade e do esforço de venda são admitidos nos<br />

sagrados recintos da teoria, a variável preço é desalojada de sua posição dominante.<br />

Mas na realidade capitalista, diferentemente de sua descrição de livro-texto, não é<br />

esse tipo de concorrência que conta, mas a concorrência através de novas<br />

mercadorias, novas tecnologias, novas fontes de oferta, novos tipos de organização.<br />

A eficiência desse tipo de concorrência, perto do outro, é assim como um bombardeio<br />

comparado a se forçar uma porta – e é tão importante que passa a ser relativamente<br />

indiferente saber se a concorrência no sentido comum funciona mais ou menos<br />

prontamente; em qualquer dos casos, a poderosa alavanca que, no longo prazo,<br />

expande a produção e reduz os preços é feita de outro material (SCHUMPETER,<br />

1984, p.114).<br />

A abertura de novos mercados nacionais e/ou internacionais e o desenvolvimento<br />

de novas formas de organização da produção capitalista comprovam que o novo destrói<br />

o velho. Esse processo de "destruição criativa" é o fato essencial acerca do capitalismo<br />

127


(SCHUMPETER, 1984, p.112-113). A estrutura econômica do capitalismo é destruída<br />

por dentro, há uma dinâmica incessante, de destruição e criação, esta é a dinâmica<br />

capitalista. A vitalidade criadora, produtiva capitalista.<br />

A diferenciação de produto corresponde a uma introdução de uma nova<br />

mercadoria que é substituída próxima de alguma outra mercadoria previamente<br />

produzida pela firma e, portanto, será vendida nos mercados por elas atendidos. O<br />

que caracteriza um novo produto são as mudanças <strong>nas</strong> especificações dos produtos<br />

ou uma melhoria na qualidade, portanto, um produto diferente é um produto novo.<br />

Deve-se observar que uma nova mercadoria na linha de produtos da firma não é<br />

necessariamente um produto novo no mercado, uma vez que pode estar sendo<br />

produzido por alguma outra firma competidora.<br />

A diversificação das atividades da firma é a segunda maneira de modificar as<br />

linhas de produtos da firma, e corresponde à introdução de uma mercadoria em um<br />

mercado no qual a firma ainda não participa. É o investimento em uma nova indústria.<br />

A entrada em um novo mercado pode envolver a produção de uma mercadoria já<br />

oferecida pelas outras firmas existentes ou implica o surgimento de um novo produto<br />

no mercado. Neste sentido, embora a modificação na linha de produtos da firma não<br />

constituía uma diferenciação de produto do ponto de vista da firma, representa de fato<br />

uma diferenciação de produtos do ponto de vista do mercado.<br />

A partir desse esquema podem ser examinados os fatores que determinam a<br />

vocação de uma indústria para a diferenciação de produtos.<br />

1. O sucesso da diferenciação de produtos depende da habilidade da firma<br />

inovadora em melhorar o produto segundo os critérios de avaliação dos<br />

compradores em potencial; existe maior margem para diferenciação em<br />

indústrias de produtos multidimensionais nos quais é possível melhorar o<br />

produto segundo cada uma das dimensões pela qual é avaliado. O<br />

comprador potencial atribui pesos diferentes aos vários critérios de modo a<br />

128<br />

tornar uma decisão. Portanto, existe margem para que cada firma tente


persuadir o consumidor a dar maior importância aos critérios nos quais o<br />

produto da firma apresente vantagens comparadas com seus<br />

competidores. Existe, então, a possibilidade de que as firmas adotem<br />

políticas distintas de diferenciação de produtos com vistas a atrair<br />

diferentes faixas de consumidores.<br />

2. A natureza de cada um dos critérios pelo qual o produto avaliado é outro<br />

fator que determina a vocação da indústria para a diferenciação. As<br />

oportunidades de diferenciação tendem a ser mais limitadas em relação a<br />

critérios que podem ser traduzidos em termos de uma estimativa precisa e<br />

definida do que em relação àqueles que envolvem avaliações menos<br />

objetivas. Existe maior possibilidade de diferenciação de produto quando o<br />

comprador potencial encontra dificuldade em avaliar a qualidade do novo<br />

produto (exemplo medicamento e sua eficácia para curar uma doença). A<br />

opinião dos compradores potenciais sobre o novo produto dependerá em<br />

grande parte das informações que lhes são oferecidas pela firma<br />

inovadora em seu esforço de venda.<br />

3. Preferências instáveis (mercado de soma) também favorecem a dife-<br />

renciação de produto, se as modificações <strong>nas</strong> preferências podem ser<br />

induzidas e orientadas pelo esforço de venda e pela propaganda da indústria.<br />

4. O ritmo de engajamento de uma indústria em diferenciação de produto é<br />

ofertado pelo ritmo de avanço do conhecimento científico e tecnológico<br />

relativo aos produtos e processos produtivos da indústria.<br />

A questão da diferenciação de produto em uma indústria não é ape<strong>nas</strong> mais<br />

uma alternativa e nem depende unicamente da capacidade inovadora das firmas da<br />

indústria. Algumas características dos produtos e consumidores da indústria<br />

parecem condicionar a vocação da indústria para diferenciação de produto. Estas<br />

características abrangem o número e a natureza dos critérios pelas quais os<br />

produtos são avaliados; a capacidade dos compradores potenciais de julgar as<br />

modificações introduzidas por um novo produto e a estabilidade dos critérios de<br />

129


avaliação. Estes fatores dependem das características <strong>tecnológicas</strong> e das funções<br />

básicas dos produtos da indústria. Mas dependem também dos objetivos dos<br />

produtos para os quais os produtos são adquiridos e da natureza dos compradores<br />

potenciais. O fato de uma indústria não apresentar vocação para diferenciação de<br />

produto não exclui a possibilidade de modificações e melhorias em seus produtos. O<br />

que provavelmente não existe é a possibilidade de geração de fluxo contínuo de<br />

inovações de modo a garantir que a indústria utilize a estratégia de diferenciação de<br />

produto como forma normal de competição.<br />

O desconhecimento das características do produto que orientam a vocação da<br />

indústria para a prática de diferenciação de produto decorre da adequação da<br />

indústria para competição por propaganda ter sido estudada com freqüência, no<br />

entanto, há poucas análises sobre a possibilidade de uma indústria gerar um fluxo<br />

contínuo de inovações de produto.<br />

O processo de diferenciação de produto viabiliza um novo padrão de<br />

competição em determinadas indústrias. Do ponto de vista da classificação dos<br />

padrões de competição em uma indústria, consideram-se as possíveis combinações<br />

entre dois mecanismos de competição: a) preços; b) diferenciação de produtos.<br />

Cabe, portanto, agrupar as indústrias em quatro classes:<br />

1. Indústria competitiva - em que existe a competição por preço.<br />

2. Indústria competitiva diferenciada - em que ambos os mecanismos de<br />

competição estão presentes.<br />

3. Indústria oligopolista diferenciada ou oligopólio diferenciado - em que<br />

existe competição por diferenciação de produto, mas não por preço.<br />

4. A indústria oligopolista pura ou oligopólio homogêneo - em que não ocorre<br />

nem a competição por preço nem por diferenciação de produto.<br />

A partir do conceito de vocação para diferenciação de produto, pode-se separar<br />

as indústrias entre indústrias em que ocorre diferenciação de produto e aquelas em que<br />

esta modalidade de competição não acontece. Considerando que a possibilidade de<br />

130


uma indústria praticar a diferenciação de produto é determinada pelas particularidades<br />

de seus produtos e pela natureza de seus consumidores, mais do que características<br />

de sua estrutura e desempenho, conclui-se pela impossibilidade de competição por<br />

inovação <strong>nas</strong> indústrias que não apresentam tal vocação. No entanto, é preciso<br />

questionar as condições que determinam as inovações <strong>nas</strong> indústrias que adotam a<br />

estratégia de competição por diferenciação de produto.<br />

As indústrias que têm vocação para diferenciação de produto tendem a ter<br />

uma maior lealdade dos consumidores a tipos de produtos e marcas particulares em<br />

decorrência dos próprios fatores determinantes da vocação para diferenciação, da<br />

heterogeneidade de produtos fornecidos ao mercado e a ênfase do esforço de<br />

vendas da firma. As preferências dos consumidores juntamente com as economias<br />

de escala podem constituir importante barreira à entrada nessas indústrias,<br />

lembrando que a lealdade e as preferências dos consumidores podem ser<br />

superadas pelo esforço de vendas das firmas entrantes.<br />

Qual o efeito da concentração industrial sobre o engajamento da indústria em<br />

competição por diferenciação de produto? O grau de concentração elevada tende a<br />

desencorajar a competição via preço. Se isto também acontecer em relação à<br />

competição por diferenciação de produto, não há necessidade de diferenciar<br />

oligopólio homogêneo de oligopólio diferenciado, não existe forma de competição.<br />

Quais são os fatores que induzem a prática de diferenciação de produto e<br />

aqueles que desencorajam a diferenciação? As firmas utilizam a diferenciação de<br />

produtos (inovação tecnológica), tanto como forma de reforçar as barreiras para a<br />

entrada na indústria quanto como mecanismos de competição no interior da indústria<br />

em complementação ou substituição à estratégia de competição por preço.<br />

A tentativa de aumentar a participação de uma firma no mercado via<br />

competição por diferenciação de produto é mais eficaz e duradoura. Nem sempre é<br />

possível imitar uma inovação de uma firma e poucas vezes é possível imitar uma<br />

inovação imediatamente. Portanto, a introdução de um novo produto no mercado por<br />

uma firma inovadora não implica o surgimento de uma ameaça de retaliação ou de<br />

131


neutralização por parte de outras firmas da indústria. De fato, a firma inovadora terá<br />

sobre seus competidores uma vantagem que se não for permanente será pelo<br />

menos temporária.<br />

A alternativa de competição por diferenciação de produto por inovação é,<br />

portanto, mais adequada como estratégia de competição, sempre que as<br />

características da indústria tornem viável esta alternativa (POSSAS, 1986).<br />

A realização do potencial de crescimento das firmas e de indústria não está<br />

necessariamente assegurada dentro da própria indústria. Podem ocorrer situações<br />

em que as firmas dispõem de um excedente de acumulação interna que não<br />

conseguem investir no interior da própria indústria. Em tal situação, a firma<br />

oligopolista busca alternativas de aplicação de excedente acumulado fora das<br />

fronteiras da indústria, podendo não ocorrer uma estratégia de diferenciação de<br />

produto e sim uma estratégia de diversificação de indústria como alternativas para<br />

escoar o capital acumulado, sendo este um dos principais papéis da inovação<br />

tecnológica no padrão de competição, segundo Schumpeter.<br />

Segundo Hall e Hitch, na teoria dos preços e o comportamento empresarial,<br />

"os lucros dependem das inovações".<br />

No entendimento de Possas, as inovações para terem demanda podem<br />

necessariamente necessitar de muita propaganda, ao menos no primeiro momento e<br />

as grandes <strong>empresas</strong> neste particular têm vantagens sobre as peque<strong>nas</strong>. As<br />

grandes <strong>empresas</strong> podem ter inclusive um efeito de "transbordamento" de sua<br />

propaganda básica para novos produtos.<br />

Para Steindl (1990), o progresso técnico pode favorecer as grandes <strong>empresas</strong><br />

aumentando o grau de monopólio.<br />

Conforme Kuznets e Goldsmith, o avanço do progresso técnico tem como<br />

conseqüência a queda nos preços dos produtos tanto em termos de capital quanto<br />

em termos de trabalho.<br />

Finalmente, analisando as contribuições de Christopher Freeman (1982),<br />

encontra-se que a capacidade inovada da firma não é livre e arbitrária, mas histórica<br />

e circunscrita. A sobrevivência da firma depende da capacidade de se adaptar a este<br />

132


ambiente externo em mutação rápida e de sua capacidade de mudar o ambiente<br />

externo. O objetivo da firma é obter lucro e não inovar; no entanto, a inovação é o<br />

caminho a ser trilhado para se manter no mercado com lucro e crescimento. Deixar<br />

de inovar é morrer. O esforço desenvolvido pelas firmas para sobreviver, gerar<br />

lucros, crescer, leva as firmas a adotarem uma ou mais estratégias de inovação. "A<br />

teoria econômica tradicional, para Freemann, ignora em grande medida a<br />

complexidade da ciência e da tecnologia mundial e considera o mercado como o<br />

ambiente central, no entanto, a mudança tecnológica é um aspecto de importância<br />

crítica do ambiente das firmas na inovação das indústrias e dos países".<br />

3.3.3.2 Competitividade empresarial em Porter<br />

A vantagem competitiva é conquistada. Como criar vantagens competitivas<br />

sustentáveis?<br />

Porter, ao discutir estratégias competitivas, afirma que “a estratégia competitiva<br />

é a busca de uma posição competitiva favorável em uma indústria, a arena<br />

fundamental onde ocorre a concorrência. A estratégia competitiva visa estabelecer<br />

uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a concorrência<br />

na indústria”. (PORTER, 1992, p.1).<br />

No entendimento de Porter (1980, 1992,1998), existem duas questões centrais<br />

que orientam a escolha da estratégia competitiva: a) atratividade da indústria em termos<br />

de rentabilidade e os fatores determinantes desta atratividade; b) determinantes da<br />

posição competitiva relativa dentro da indústria. A vantagem competitiva acontece<br />

quando uma empresa apresenta um desempenho acima da média durante um longo<br />

período de tempo, o processo acontece como resultante de baixos custos e de<br />

diferenciação do produto e ou serviço mediante invenções e inovações.<br />

Na escolha de uma estratégia competitiva a empresa deve levar em<br />

consideração tanto a atratividade da indústria em termos de rentabilidade como<br />

também a escolha da estratégia de competição em face dos caminhos seguidos<br />

pelos concorrentes e os objetivos da empresa.<br />

133


Atratividade da indústria e a posição competitiva podem ser modeladas pela<br />

empresa dependendo da escolha da estratégia competitiva. Visando facilitar a<br />

empresa na análise do ambiente competitivo global e na definição de uma estratégia<br />

competitiva, Porter (1985, p.2) apresenta uma metodologia de análise abrangendo<br />

5 (cinco) forças competitivas que determinam a atratividade de uma indústria. São<br />

elas: 1) a relação de poder e influência com os fornecedores; 2) a relação de poder e<br />

influência com os clientes; 3) os entrantes potenciais; 4) os produtos substitutos; 5)<br />

os competidores, os concorrentes na indústria.<br />

Porter considera que essas forças se modificam com o tempo e podem ser<br />

influenciadas pelas estratégias adotadas pela própria empresa, ou pelas estratégias<br />

seguidas pelas <strong>empresas</strong> concorrentes.<br />

Casarotto (1995) analisando as contribuições de Porter e confrontando com a<br />

realidade nacional atual a partir de seus estudos estabelece elos com outras forças<br />

que contribuem para estimular a conquista e manutenção da competitividade dos<br />

produtos das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> nacionais.<br />

A integração das contribuições de Porter com os estudos de Casarotto podem<br />

ser visualizados na figura 5.<br />

Nesta figura somam-se às cinco forças competitivas de Porter fatores<br />

classificados por Casarotto como indiretos e de suporte. Os fatores indiretos<br />

consideram: a) fatores governamentais; bn) fatores culturais; c) fatores tecnológicos<br />

e ecológicos; d) fatores econômicos e de mercados. Os fatores de suporte são<br />

integrados por: a) os vínculos regionais; b) os fatores de infra-estrutura que<br />

contribuem para o aprimoramento e melhoria das determinantes da competitividade<br />

empresarial a partir das condições locais.<br />

A partir do cenário das cinco forças competitivas e das possíveis mudanças na<br />

estratégia de competição dos diferentes agentes envolvidos no processo, Porter<br />

(1985, p.2) afirma que a vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que<br />

uma empresa consegue criar para seus clientes no atendimento de suas<br />

necessidades, e que o valor criado para o comprador deve ser maior do que o custo<br />

de fabricação da empresa.<br />

134


Valor para Porter (1985) é aquilo que os compradores estão dispostos a pagar,<br />

e que o valor superior provém da oferta de preços mais baixos do que os da<br />

concorrência por benefícios semelhantes.<br />

A partir dessa questão da criação de valor para o cliente como estratégia de<br />

competição, Porter desenvolve as reflexões sobre o que classifica como “estratégias<br />

Genéricas de competição”, basicamente sendo: a) liderança de custos; b)<br />

diferenciação de produtos e serviços.<br />

A liderança de custos leva a empresa a buscar inovações para reduzir os<br />

custos de produção, agregando valor ao cliente comprador e garantindo maior<br />

participação no mercado e conseqüentemente aumentando lucros.<br />

FIGURA 5 - ANÁLISE DE COMPETITIVIDADE DE PORTER<br />

Fatores<br />

Governamentais<br />

Relação com<br />

Fornecedores<br />

Fatores<br />

Culturais e<br />

Demográficos<br />

FONTE: Casarotto (1995), adaptado de Porter (1985)<br />

Vínculos Regionais<br />

Entrantes<br />

Potenciais<br />

COMPETIDORES<br />

Produtos<br />

Substitutos<br />

Infra-estrutura<br />

Fatores Diretos Fatores Indiretos Fatores de Suporte<br />

Fatores<br />

Econômicos e de<br />

Mercado<br />

Relação com<br />

Clientes<br />

Fatores<br />

Tecnológicos e<br />

Ecológicos<br />

135


A liderança por diferenciação implica a introdução de inovações com o objetivo<br />

de surpreender e encantar o cliente no atendimento de suas necessidades e assim<br />

aumentar participação no mercado e os lucros para a empresa.<br />

Além da estratégia genérica de custos e de diferenciação, Porter também<br />

apresenta a terceira estratégia genérica de competição denominada enfoque, que<br />

consiste basicamente na seleção de um segmento ou um grupo de segmentos de<br />

clientes e adapta as estratégias de custos e ou diferenciação para atendê-los de<br />

forma diferenciada em relação aos demais concorrentes.<br />

A partir das considerações que redução de custos e diferenciação de produtos<br />

e enfoque são conseqüências de estratégias de inovação para competir, os<br />

principais desafios da empresa para inovar levam em consideração que só a<br />

empresa pode alcançar e sustentar a vantagem competitiva, que a inovação exerce<br />

um papel fundamental no processo da competição e que a inovação <strong>nas</strong>ce da<br />

pressão. O desafio é de promover a inovação e a modernização constantemente.<br />

Porter (1998, p.170-175) apresenta uma agenda para a empresa se manter alerta e<br />

estimulada para inovar e competir, o que poderia ser chamado de políticas<br />

empresariais para inovação e modernidade.<br />

a) criar pressão para a inovação - o entendimento é que a empresa deve<br />

procurar e enfrentar os desafios e não evitá-los. Entre as recomendações<br />

neste item estão a venda para mercados mais sofisticados e exigentes; o<br />

atendimento a consumidores mais exigentes e difíceis; o estabelecimento<br />

de normas acima das exigências da regulação oficial; as alianças com<br />

fornecedores mais avançados; e o estímulo ao aperfeiçoamento das<br />

equipes técnicas inter<strong>nas</strong> para busca de aprimoramento e ganhos de<br />

produtividade da mão-de-obra;<br />

b) motivação com os concorrentes - a competição com bons adversários é<br />

estímulo para aprimoramento interno das mudanças organizacionais; a<br />

136<br />

cultura e o respeito aos bons competidores são fontes de aprendizado;


os concorrentes estimulam a enfrentar desafios, fugir da estabilidade e<br />

do conformismo;<br />

c) definir um sistema de alerta para que a empresa possa detectar os sinais<br />

de mudança e agir sobre elas para surpreender a concorrência. Esta ação<br />

implica buscar interdependências e processos de cooperação com<br />

fornecedores, distribuidores, <strong>empresas</strong> similares visando à montagem de<br />

um sistema de informações que permita identificar e incorporar o processo<br />

de competição global a partir das inovações que acontecem no mundo;<br />

d) a rivalidade doméstica não deve ser combatida e sim respeitada e<br />

valorizada, pois é uma fonte de criação da vantagem competitiva<br />

sustentável, criando-se um ambiente e uma cultura inovativa;<br />

e) a globalização entendida tanto como a ida para mercados externos<br />

(internacionalização) quando a incorporação de modo de produção dos<br />

competidores internacionais permite pensar globalmente, mas produzir<br />

localmente com eficiência. Este processo possibilita buscar vantagens<br />

oriundas de <strong>empresas</strong> de outras nações; estimula o intercâmbio de<br />

informações e o desenvolvimento de processos de parcerias e alianças;<br />

f) alianças e parcerias devem ser usadas seletivamente pois se, de um lado,<br />

trazem benefícios, por outro, também têm custos. Devem ser utilizadas<br />

como estímulo ao avanço e à modernização e não como estratégia de<br />

conformação e fuga da competição.<br />

A agenda empresarial proposta por Porter para inovar e competir conclui que a<br />

estabilidade é risco. A mudança é inerente ao capitalismo. O desafio e a estratégia<br />

da empresa estão na inovação, na criação, na modernização. A vantagem<br />

competitiva conquistada é uma conquista permanente e constante. Sem ela a<br />

empresa não sobrevive. Desaparece. Pergunta-se como as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> nacionais, de economias reflexas, do interior do país, do Estado do<br />

Paraná estão definindo estratégias de crescimento, sobrevivência e lucro em tempos<br />

de economia globalizada e abertura econômica?<br />

137


Esta análise de Porter pode ser sintetizada na figura 6, onde diante das ameaças<br />

e pressões, a saída é a fuga em direção ao novo, ao progresso e inovação.<br />

FIGURA 6 - ALTERNATIVA ESTRATÉGICA DA EMPRESA<br />

$/7(51$7,9$ (675$7e*,&$ '$ (035(6$<br />

$%(5785$<br />

(&21Ñ0,&$<br />

7(&12/2*,$<br />

,19(1d¯(6<br />

,129$d¯(6<br />

352'87,9,'$'(<br />

&86726<br />

(63(&,$/,=$d®2<br />

(6&$/$<br />

FONTE: O autor<br />

(67$%,/,=$d®2<br />

(675$7e*,$<br />

&203(7,7,9,'$'(<br />

)8*$<br />

3$5$<br />

)5(17(<br />

3.3.3.3 Competitividade e desenvolvimento local em Stamer<br />

352*5(662<br />

$9$1d2<br />

02'(51,'$'(<br />

Nesta parte deste trabalho procura-se rever as contribuições de Jörg Meyer<br />

Stamer et al. (1994) sobre o conceito de competitividade sistêmica e suas<br />

contribuições para o desenvolvimento local. O entendimento dos autores é que a<br />

competitividade industrial é o produto da interação complexa e dinâmica entre quatro<br />

níveis econômicos e sociais de um sistema nacional. Os quatro níveis estão<br />

classificados como nível meta, nível macro, nível meso e nível micro.<br />

- Nível Meta é o nível em que estão estruturados os padrões básicos de<br />

organização jurídica, política e econômica, capacidade social de<br />

organização e integração, e capacidade dos atores para a integração<br />

estratégica. O núcleo central da análise está na capacidade de uma<br />

138<br />

sociedade para integração e ação estratégica do desenvolvimento


inovativo para a competição. Os países mais desenvolvidos possuem<br />

neste nível estruturas de organização jurídica, política e econômica,<br />

capacidade social de organização e integração, capacidade dos atores<br />

para a integração estratégica.<br />

- Nível macro exerce pressão sobre as <strong>empresas</strong> mediante exigências de<br />

desempenho. Faz parte deste contexto a existência de um marco<br />

regulatório de exigência de qualidade e normas técnicas de qualidade.<br />

- Nível Meso abrange o Estado e os atores sociais que desenvolvem<br />

políticas de apoio específico, tais como fomento à formação de estruturas,<br />

e articulam os processos de aprendizagem em nível da sociedade. Neste<br />

nível é estudada a capacidade de formação de um entorno (ambiente)<br />

capaz de fomentar, completar e multiplicar os esforços das <strong>empresas</strong>. São<br />

parte do nível meso: a existência na estrutura do Estado e dos diversos<br />

atores sociais, o desenvolvimento de políticas de apoio específico, o<br />

fomento à formação de estruturas.<br />

- Nível Micro é o nível das <strong>empresas</strong> que procuram simultaneamente<br />

eficiência, qualidade, flexibilidade e rapidez de reação, muitas vezes<br />

articuladas em redes de cooperação mútua. O nível micro pressupõe um<br />

grande número de <strong>empresas</strong> que buscam simultaneamente a eficiência, a<br />

qualidade, a flexibilidade, a rapidez de reação, a existência de rede de<br />

cooperação e articulação de complementação produtiva, complementação<br />

de mercado, cooperação financeira, desenvolvimento e intercâmbio<br />

de tecnologias.<br />

As reflexões propostas pelo estudo levam à conclusão que a competitividade<br />

de uma empresa está baseada no padrão organizativo da sociedade em seu<br />

conjunto. Os parâmetros de competição em todos os níveis do sistema e a interação<br />

entre eles é que geram vantagens competitivas, isto é, competitividade sistêmica.<br />

Estudos desenvolvidos pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento<br />

Econômico (OCDE, 1992) têm procurado sistematizar os diferentes enfoques do<br />

139


fenômeno da competitividade e têm tentado sintetizá-los em um conceito de<br />

competitividade estrutural. Os elementos centrais da competitividade estrutural,<br />

segundo o estudo da OCDE (1992), têm a inovação como fator central do<br />

desenvolvimento econômico. Um modelo de organização empresarial capaz de<br />

estimular a potencialidade de aprendizagem e inovação em todas as áreas operacionais<br />

da empresa; e redes de cooperação orientadas para a inovação e apoiadas por<br />

diversas instituições e por um contexto institucional capaz de fomentar a inovação.<br />

Pode-se observar que realçar a importância da inovação como elemento<br />

estratégico, indispensável e fundamental, é comum em muitos dos principais autores<br />

sobre o desenvolvimento econômico atual (Schumpeter, Porter, Hmel, Naisbitt, Perez,<br />

Fanzylrer, Hirschman, Prebisch, Luciano Coutinho, Mário Possas, Casarotto etc.)<br />

O conceito de competitividade sistêmica desenvolvido (STAMER et al., 1994) a<br />

partir do estudo da realidade dos países da OCDE e de comparações com<br />

nações emergentes possui dois elementos que diferenciam o conceito de<br />

competitividade sistêmica de outros preocupados com a identificação dos fatores de<br />

competitividade industrial.<br />

O primeiro ponto de diferenciação está na clara distinção de quatro dimensões<br />

analíticas, isto é, meta, macro, meso e micro níveis de geração de competitividade.<br />

O segundo ponto de diferenciação é a vinculação dos elementos pertencentes<br />

à economia industrial, à teoria da inovação e à sociologia industrial com argumentos<br />

relativos à gestão econômica mediante políticas públicas, desenvolvidos em planos<br />

de ciências políticas em torno de redes de políticas.<br />

O conceito da competitividade sistêmica foi desenvolvido a partir dos debates<br />

recentes sobre desenvolvimento no âmbito da OCDE, e da observação comparativa<br />

do fenômeno entre OCDE e muitos países em desenvolvimento. Nesses países se<br />

constata a inexistência, ou insuficiência do entorno à atividade empresarial para a<br />

criação da competitividade estrutural. A ausência de um entorno eficaz limita a<br />

capacidade das empresa para conquistar uma competitividade duradoura,<br />

sustentável ao longo do tempo. Isto porque as <strong>empresas</strong> não podem concentrar-se<br />

na atividade produtiva central porque são obrigadas a desenvolver por si mesmas<br />

140


produção e serviços internos que outras <strong>empresas</strong> exter<strong>nas</strong> poderiam desenvolver<br />

com qualidade e racionalidade de uso de fatores de produção mais eficientes. Como<br />

conseqüência, não há uma melhoria contínua que promova e sustente a eficiência<br />

evolutiva duradoura na empresa.<br />

A seguir apresenta-se a figura que modela os fatores determinantes da<br />

competitividade sistêmica em análise.<br />

FIGURA 7 - NÍVEIS ANALÍTICOS DO CONCEITO DA COMPETITIVIDADE SISTÊMICA<br />

Nível meta<br />

Padrões da organização política e<br />

econômica orientadas ao desenvolvimento<br />

Disposição a<br />

mudar e aprender<br />

Status social de<br />

Estrutura competitiva<br />

da economia<br />

Capacidade p/<br />

formulação de<br />

visões e estratégias<br />

empreendedores<br />

Nível macro<br />

Memória coletiva<br />

Ambiente econômico, político e legal estável<br />

Coesão social<br />

Política cambial<br />

Nível meso<br />

Política anti-trust<br />

Política m onetária<br />

Políticas específicas p/<br />

criação de uma vantagem competitiva<br />

Política de<br />

comércio exterior<br />

Política<br />

Promoção das<br />

Política industrial<br />

Proteção ao<br />

orçamentária<br />

exportações<br />

consumidor<br />

Nível micro<br />

Política ambiental<br />

Política<br />

Política regional<br />

fiscal<br />

Política de<br />

Política de<br />

Atividades dentro Cooperação<br />

educação<br />

infra-estrutura<br />

de <strong>empresas</strong> para formal e informal,<br />

criar uma vantagem alianças, aprendizagem<br />

Promoção<br />

Política<br />

com petitiva conjunto<br />

econômica<br />

tecnológica<br />

FONTE: STAMER et al. (1994, p.17)<br />

Os países não competem. As <strong>empresas</strong> não competem (PORTER, 1998). A<br />

competição acontece por meio de produtos e serviços que atendam e satisfaçam as<br />

necessidades dos clientes. No entanto, embora países e <strong>empresas</strong> não possam<br />

competir, como o modo de produção interno das <strong>empresas</strong> e como o modo de<br />

organização da economia e da tecnologia de cada país e região criam e dão<br />

condições para que suas <strong>empresas</strong> possam gerar produtos e serviços competitivos? –<br />

produtos que atendam às necessidades e exigências dos consumidores (pessoas<br />

físicas e pessoas jurídicas), e via atendimento ao consumidor participam do mercado,<br />

141


isto é, são competitivas, são aceitas, seus produtos e serviços são comprados e as<br />

<strong>empresas</strong> têm lucro.<br />

A competitividade é sistêmica; é causa compartilhada. É conquista de todos os<br />

segmentos de uma sociedade tanto no desenvolvimento nacional como e<br />

principalmente no desenvolvimento subnacional e local; depende de fatores<br />

determinantes de competitividade, conforme quadro desenvolvido por Stamer.<br />

QUADRO 3 - ALGUNS FATORES DE DETERMINAÇÃO DE COMPETITIVIDADE SISTÊMICA EM NÍVEIS DIFERENTES<br />

DE AGREGAÇÃO DA POLÍTICA<br />

SUPRANACIONAL NACIONAL REGIONAL LOCAL<br />

Meta<br />

Macro<br />

Meso<br />

Concorrência de modelos<br />

diferentes de economia<br />

de mercado<br />

Mercado internacional de<br />

capital<br />

ƒ Política industrial e de<br />

tecnologia da União<br />

Européia<br />

ƒ Protocolo de Montreal<br />

ƒ Empresas<br />

internacionais<br />

ƒ Global commodity<br />

chain<br />

FONTE: STAMER et al. (1994, p.18)<br />

ƒ Modelo nacional de<br />

desenvolvimento<br />

ƒ Sistema nacional de<br />

inovação<br />

ƒ Condições básicas<br />

macroeconômicas<br />

(p. ex.: sistema<br />

tributário, opções de<br />

financiamento<br />

ƒ Promoção de novas<br />

tecnologias<br />

ƒ Promoção da<br />

exportação<br />

ƒ Instituições<br />

específicas de<br />

financiamento<br />

ƒ Empresas de médio e<br />

grande porte<br />

ƒ Redes dispersas<br />

ƒ Identidade regional<br />

ƒ Capacidade<br />

estratégica de atores<br />

regionais<br />

ƒ Política orçamentária<br />

sólida<br />

ƒ Capacidade de<br />

governo para<br />

investimentos<br />

ƒ Promoção econômica<br />

regional<br />

ƒ Centro de<br />

demonstração de<br />

tecnologia<br />

ƒ Institutos de pesquisa<br />

e desenvolvimento<br />

ƒ Institutos de formação<br />

ƒ Política ambiental<br />

ƒ MPEs<br />

ƒ Clusters regionais<br />

142<br />

ƒ Capacidade de<br />

cooperação de atores<br />

locais<br />

ƒ Confiança<br />

ƒ Ambiente criativo<br />

ƒ Política orçamentária<br />

sólida<br />

ƒ Capacidade de<br />

governo para<br />

investimentos<br />

ƒ Ambiente atraente<br />

ƒ Qualidade de vida<br />

ƒ Promoção de<br />

economia local e do<br />

mercado de trabalho<br />

ƒ Instituições de<br />

formação<br />

ƒ Centros de tecnologia<br />

e de novos<br />

empreendedores<br />

ƒ Associações<br />

competentes<br />

ƒ Cluster locais/<br />

Industrial Districts<br />

ƒ Contatos locais com<br />

os fornecedores<br />

O objetivo deste é mostrar a interdependência e interatividade entre os<br />

diversos agentes públicos e privados no estímulo à conquista da competitividade dos<br />

produtos e serviços das <strong>empresas</strong> locais.<br />

O que fazem e podem fazer os diferentes segmentos de uma sociedade para<br />

criar e manter condições de as <strong>empresas</strong> gerarem produtos e serviços que


participem do mercado? O que fazem os diferentes segmentos de governo e de<br />

ciência e tecnologia para que um grande número de <strong>empresas</strong> possa evoluir em<br />

eficiência, eficácia, qualidade e produtividade e então por que geram produtos que<br />

participam do mercado pode-se dizer que as <strong>empresas</strong> são competitivas, e por que<br />

um grande número de <strong>empresas</strong> gera produtos competitivos em um país pode-se<br />

dizer que o país é competitivo?<br />

Segundo os estudos desenvolvidos por Stamer, a partir da OCDE (1992, 1994)<br />

e da comparação com trabalhos semelhantes desenvolvidos nos países em<br />

desenvolvimento a competitividade sistêmica é uma "causa causada" (Roberto<br />

Campos), isto é, é conseqüência de planos, programas, projetos, ações articuladas e<br />

coordenadas entre os diversos segmentos de uma sociedade.<br />

1. Nível Meta<br />

A eficiência dos níveis micro, macro e meso é dependente da capacidade de o<br />

Estado conduzir a economia e da existência de padrões de organização que<br />

permitam mobilizar a capacidade criadora da sociedade. O desenvolvimento da<br />

competitividade sistêmica e a modernização econômica são resultantes da formação<br />

de uma estrutura social interna. As reformas macroeconômicas devem estar<br />

acompanhadas de uma capacidade de regulação e gestão das mudanças, como<br />

também de estruturas sociais para coordenar e articular o esforço de progresso e<br />

modernização. O desenvolvimento da capacidade sistêmica é um projeto de<br />

transformação social que vai muito além do contexto macroeconômico.<br />

Segundo Stamer e sua equipe, para alcançar a capacidade de gestão<br />

necessária em nível meta são necessários os seguintes elementos:<br />

a) consenso acerca do modelo de orientação do mercado nacional e<br />

internacional;<br />

143


) um pacto social capaz de concordar com a imposição dos interesses<br />

nacionais de futuro sobre os interesses do presente e concordando com<br />

um esforço de transformação;<br />

c) uma orientação clara tendendo à separação institucional entre Estado,<br />

empresa privada e organismos para-estadais (ONGs, Entidades de classe,<br />

Credos etc.) para que haja um processo de aprendizagem independente e<br />

de desenvolvimento de uma capacidade de antecipação das mudanças e<br />

respostas necessários aos objetivos desejados;<br />

d) a predisposição ao diálogo, ao intercâmbio de informações e<br />

conhecimentos, a negociação dos interesses contraditórios para a<br />

conquista dos objetivos pretendidos. O diálogo é fundamental para<br />

fortalecer as vantagens nacionais de inovação e competitividade e colocar<br />

em andamento os processos sociais de aprendizagem e comunicação.<br />

Esses mecanismos fundamentam uma disposição e atitude para aplicar uma<br />

estratégia de médio e longo prazo que norteie o desenvolvimento tecnológico<br />

industrial orientado para a competência. A conquista da competitividade exige uma<br />

elevada capacidade de organização, interação e gestão por parte dos diferentes<br />

atores da sociedade nacional.<br />

2. Nível Macro<br />

A estabilização do contexto macroeconômico e a existência de mercados<br />

eficientes de fatores são fundamentais para o comprometimentos dos fatores de<br />

produção. Nesta área, o conceito de gestão é pluridimensional, demanda por<br />

competência, cooperação, diálogo social com o objetivo de canalizar as<br />

potencialidades nacionais e desenvolver a capacidade necessária de atuar com<br />

êxito no mercado mundial.<br />

A instabilidade macroeconômica prejudica a inserção competitiva da economia<br />

nacional no cenário internacional, tanto na incorporação de capitais e tecnologias<br />

144


externos como na criação de uma imagem positiva do país no cenário internacional<br />

e na colocação dos produtos nacionais nos mercados internacionais.<br />

3. Nível Meso<br />

A estabilidade econômica mencionada no nível macro cria confiança para<br />

aumento das poupanças e investimentos internos públicos e privados, assim como<br />

para a segurança do ingresso de poupanças exter<strong>nas</strong> por meio de investimentos<br />

produtivos visando aproveitar as oportunidades econômicas nacionais.<br />

A abertura econômica, ao expor a empresa nacional e confrontar produtos e<br />

serviços nacionais com similares no exterior, estimula um novo processo de<br />

inovação e modernidade para poder competir. Na realidade, cria-se um novo modo<br />

protecionista. Não mais calcado nos protecionismos tributários legais proibitivos da<br />

importação. O novo protecionismo tem uma característica inspirada na competição<br />

schumpeteriana de incorporação da inovações, de estímulo à modernidade de<br />

garantia da produção eficiente antes da produção e não da garantia de redução de<br />

preços por meio da redução de tributos depois dos bens terem sido gerados. O<br />

estímulo à produção eficiente, qualitativa, produtiva é resultado de inovações<br />

produtivas, de financiamentos preferenciais, de mecanismos tributais à produção<br />

eficiente antes de os bens serem fabricados.<br />

4. Nível Micro<br />

O processo de globalização, de abertura econômica constitui na realidade<br />

novas formas de se organizar a produção e as trocas internacionais. Este processo<br />

carrega no seu bojo também uma nova forma de produção capitalista (OMANN,<br />

1992) que se caracteriza por aumento de qualidade, aumento de eficiência, redução<br />

de custos, incorporação de tecnologias visando ganhos de competitividade para<br />

ampliação de lucros e ganhos de competitividade.<br />

145


A economia do conhecimento é portadora de novas características:<br />

a) globalização da concorrência em mais mercados de produtos;<br />

b) aumento dos competidores como decorrência da industrialização tardia<br />

em muitas nações emergentes muitas delas com produções orientadas<br />

para exportação;<br />

c) diferenciação da demanda por preços, qualidade, sazonalidade prazo;<br />

d) redução dos ciclos de vida das tecnologias, dos produtos, dos ciclos<br />

de produção;<br />

e) implementação de inovações radicais, novas técnicas, novos materiais<br />

novos conceitos organizacionais (microeletrônica, biotecnologia, engenharia<br />

genética, novos materiais);<br />

f) avanços radicais nos sistemas tecnológicos que obrigam redefinir<br />

fronteiras entre as discipli<strong>nas</strong>. Como exemplo pode-se constatar a situação<br />

de informática, telecomunicações, mecatrônica etc.<br />

Para enfrentar essas novas exigências as <strong>empresas</strong> e as entidades<br />

empresarias precisam se readequar tanto em nível interno como no seu<br />

relacionamento com o meio ambiente nacional e internacional. Nesta etapa do<br />

capitalismo não bastam as mudanças incrementais como as que aconteciam nos<br />

anos 80 de automação e do uso da informática. Atualmente a estas mudanças é<br />

necessário acrescentar eficiência, flexibilidade, qualidade, velocidade novas<br />

estratégias de ação e reação que implicam:<br />

1. a organização da produção - o objetivo é encurtar o tempo de produção,<br />

visando atender às novas exigências dos clientes e às necessidades de<br />

redução dos custos e das melhorias dos lucros das <strong>empresas</strong>;<br />

2. a organização do desenvolvimento de produtos - é necessária uma clara<br />

separação entre produção e comercialização. A empresa procura se<br />

146<br />

concentrar no core business e abandona os demais procurando os


serviços de que necessita em outras <strong>empresas</strong> que possam produzir com<br />

mais eficiência do que se fossem produzidos internamente;<br />

3. organização das relações de suprimento buscando uma nova relação<br />

jurídico-contratual-organizacional que permita reduzir o custo de produção e o<br />

custo do capital, e possibilite a conquista de um novo patamar de lucros.<br />

Portanto, a geração de produtos e serviços competitivos não está mais dentro<br />

do âmbito da empresa ape<strong>nas</strong>, mas depende da interação e interdependência de<br />

múltiplos mecanismos e entidades, isto é, depende de uma competitividade<br />

sistêmica. Empresas e empresários não estão de lados contrários, ganham e<br />

perdem juntos. A causa é compartilhada.<br />

Como as forças vivas das regiões e dos locais se comprometem como o<br />

desenvolvimento local e regional? Como promover o desenvolvimento local a partir<br />

das bases produtivas de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> que querem lucro, precisam<br />

inovar, pois atendem a clientes que mesmo vivendo localmente têm hábitos, desejos<br />

exigências globais?<br />

Estratégias de desenvolvimento local e regional e a competitividade sistêmica<br />

Stamer (2000) considera que o fato de estimular e promover o<br />

desenvolvimento local e regional em tempos de globalização é uma decisão política<br />

que foi se consolidando <strong>nas</strong> décadas de 1980 e 1990, enquanto nos países em<br />

desenvolvimento a descentralização da promoção econômica, a política de estímulo<br />

local do desenvolvimento de tecnologias, a promoção de micro e peque<strong>nas</strong><br />

<strong>empresas</strong> constituem ainda ape<strong>nas</strong> uma tendência.<br />

Os estudos de Stamer sobre a questão do desenvolvimento regional e<br />

municipal constatam que as cidades e regiões que praticam uma política de<br />

localização ativa de promoção econômica apresentam o seguinte modelo evolutivo:<br />

147


QUADRO 4 - INSTRUMENTOS DE PROMOÇÃO ECONÔMICA LOCAL<br />

Para fatores objetivos de localização<br />

Para fatores subjetivos de localização<br />

ƒ Providências em prol de áreas, disponibilidade de áreas Criação de um ambiente econômico favorável. Indicadores:<br />

adequadas<br />

ƒ Velocidade + qualidade das respostas a questões e<br />

ƒ Disponibilidade de infra-estrutura eficiente<br />

despacho de requerimentos<br />

ƒ Despesas previsíveis com energia e meio ambiente ƒ Concentração de competências administrativas<br />

ƒ Programas de formação<br />

ƒ Empenho da administração local e do setor político pelo<br />

ƒ Incentivos fiscais<br />

bem-estar de investidores em potencial<br />

ƒ Competência econômica, honestidade e hospitalidade de<br />

atores importantes (prefeito, por exemplo)<br />

Estruturas institucionais da promoção econômica<br />

ƒ Promoção econômica como política pública<br />

ƒ Promoção econômica governamental organizada pela<br />

iniciativa privada<br />

ƒ Atores não-governamentais atuando na promoção<br />

econômica: associações e Câmaras, <strong>empresas</strong> de<br />

abastecimento, etc.<br />

ƒ Efetividade do apoio a <strong>empresas</strong> perante órgãos de<br />

fiscalização<br />

ƒ Interação não-polêmica entre política e administração, de<br />

um lado, e <strong>empresas</strong> e suas associações, do outro<br />

ƒ Estímulo a contatos setoriais<br />

ƒ Disponibilidade de universidades eficientes, institutos de<br />

pesquisa e tecnologia<br />

ƒ Estímulo de um ambiente inovador<br />

ƒ Parceria pública-privada<br />

ƒ Papel ativo de associações comerciais/<strong>industriais</strong> e de<br />

Câmaras<br />

ƒ Criação de uma imagem positiva<br />

FONTE: STAMER (2000)<br />

148<br />

Para fatores subjetivos pessoais de localização<br />

ƒ Melhoramento da qualidade residencial e de seu entorno<br />

ƒ Garantia de alta qualidade ambiental<br />

ƒ Garantia de qualidade de escolas e outras instituições de<br />

formação<br />

ƒ Disponibilidade de infra-estrutura social elevada<br />

ƒ Garantia de opções de lazer (esportes, atividades<br />

culturais etc.)<br />

A promoção econômica <strong>nas</strong> análises de Stamer é a promoção da indústria que<br />

está classificada em três tipos de <strong>empresas</strong>: a) <strong>empresas</strong> residentes; b) novos<br />

investidores; c) novos empreendedores. Os três tipos de <strong>empresas</strong> são<br />

demandantes de medidas de apoio direto para promoção do empreendimento e<br />

medidas indiretas para o desenvolvimento de instituições de apoio e suporte.<br />

Stamer analisa os fatores de localização que orientam a tomada de decisão da<br />

empresa e classifica estes fatores de localização em fatores objetivos e subjetivos,<br />

também subdivididos em fatores empresariais e pessoais.<br />

Os fatores objetivos mais importantes são: a) posição geográfica em relação<br />

aos mercados de compra e venda; b) ligação à rede de transportes (em estrada, em<br />

ferrovia, em água, ar); c) oferta e pedidos de empregos (nível salarial,<br />

disponibilidade de mão-de-obra qualificada); d) disponibilidade de terrenos; e) custo


de energia e legislação de meio ambiente; f) encargos municipais; g) ofertas<br />

promocionais (incentivos fiscais, subvenções etc.).<br />

Os fatores subjetivos mais importantes para a localização de empresa são:<br />

a) clima econômico da cidade e da região; b) imagem da cidade e da região, e<br />

mesmo do país; c) articulação setorial; d) universidades, instituições de pesquisa e<br />

tecnologia; e) ambiente inovativo da região; f) desempenho de associações<br />

comerciais, <strong>industriais</strong>, sindicatos etc.<br />

Os fatores subjetivos mais importantes para a localização de <strong>empresas</strong> com<br />

relação às pessoas são: a) a qualidade residencial e seu ambiente; b) qualidade do<br />

meio ambiente; c) qualidade de escolas e outras instituições de formação; d)<br />

qualidade da infra-estrutura; e) valor do lazer e aspectos culturais.<br />

A partir desses fatores de localização Stamer agrupa um conjunto de<br />

instrumentos para a promoção local que tem como objetivo criar condições para<br />

localizar e tornar eficientes as pequenos e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> que se fixam e<br />

desenvolvem no município.<br />

Contrapondo o modelo de Stamer com o diamante de Michael Porte para<br />

análise das vantagens competitivas locais<br />

Um outro conceito que deve ser mencionado neste ponto é o “diamante”<br />

de Michael Porter, quando faz um sumário de suas análises de vantagens<br />

competitivas localizadas, concluindo que são quatro os fatores interligados que<br />

determinam competitividade.<br />

Como pode se observar, tanto Porter como Stamer trazem importantes<br />

contribuições para estimular o desenvolvimento local. As principais considerações estão<br />

na criação de mecanismos e instrumentos públicos de financiamentos, incentivos fiscais<br />

e de inovações <strong>tecnológicas</strong> para apoiar <strong>empresas</strong> nacionais, em sua maioria de<br />

pequeno e médio porte, na conquista de competitividade por meio de produtos e<br />

serviços gerados com criatividade e inovação <strong>nas</strong> bases locais de produção.<br />

149


FIGURA 8 - O DIAMANTE DE MICHAEL PORTER<br />

Instituições<br />

de suporte<br />

Custo, qualidade e<br />

eficiência de fatores de<br />

produção<br />

FONTE: PORTER (1998, 151)<br />

Empresas-chave<br />

Concorrência local<br />

*um ambiente local que<br />

estimula a busca de<br />

vantagens competitivas<br />

*rivalidade local<br />

Empresa<br />

de suporte<br />

*uma massa crítica de fornecedores<br />

tercerizados e prestadores de<br />

serviços<br />

*Clusters em vez de <strong>empresas</strong><br />

isoladas<br />

Demanda<br />

sofisticada<br />

*clientes locais com uma<br />

demanda específica<br />

*uma demanda local<br />

pouco comum<br />

*demanda pioneira na<br />

região<br />

Como as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná localizadas em<br />

municípios do interior do Estado percebem, interpretam, analisam e decidem seu<br />

espaço de competição?; inovam considerando o ambiente externo mutante, as<br />

condicionante nacionais de desenvolvimento, o sistema nacional de inovação, o<br />

sistema estadual de inovação?; quais vantagens locais para inovar?<br />

A resposta a essas perguntas será busca na pesquisa sobre a visão e<br />

percepção do empresário paranaense. Não se pretende entender o que o governo,<br />

as entidades de classe e as universidades e ou centros de pesquisa fazem. O que<br />

se procura compreender é como o empresário entende, interpreta e utiliza o que as<br />

entidades pretendem colocar à sua disposição.<br />

Visando entender a preocupação dos países da OCDE com a inovação e<br />

competição das peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> nos tempos atuais e procurando identificar<br />

mecanismos e instrumentos que possam orientar políticas regionais (Paraná) de<br />

150


inovação e desenvolvimento, passa-se ao conhecimento das principais políticas de<br />

inovação e desenvolvimento apoiadas e utilizadas pelos países da OCDE.<br />

3.4 As Novas Políticas de Inovação e Competição nos Países da OCDE –<br />

Organização dos Países para o Desenvolvimento Econômico<br />

A globalização da economia mundial impulsiona o novo modo capitalista de<br />

organização da produção mundial na busca de alternativas de investimentos com<br />

segurança a lucros melhores, alternativas de suprimentos de insumos portadores de<br />

maior qualidade e menores custos, opções de mercado de compra com lucros<br />

ampliados e crescentes, espaços geográficos de produção, cuja logística facilite a<br />

competitividade sistêmica. A economia mundial está vivendo um novo modo de<br />

produzir e organizar a produção capitalista nos espaços mundiais, regionais e locais.<br />

Esse novo modo de organização da produção mundial estimula a cooperação<br />

entre blocos de países, entre indústrias na busca de complementação da produção,<br />

na intensificação dos processos de inovação e na ampliação dos mercados. Não se<br />

trata de um mundo de cooperação e eliminação da competição. Ao contrário, há um<br />

acirramento do processo de competição na busca e manutenção de mercados para<br />

conquistar lucros e segurança estratégica de crescimento e desenvolvimento para as<br />

<strong>empresas</strong> e os países. O novo processo de competição nacional e internacional que<br />

no passado era sustentado principalmente por diferenciação de custos,<br />

desvalorizações cambiais, diferenciações <strong>nas</strong> taxas de juros hoje está centrado nos<br />

processos de evolução dinâmica da economia via estratégias de competição<br />

mediante a inovação.<br />

Os países membros da OCDE – nos anos 90 e início deste novo século –<br />

centraram suas políticas <strong>industriais</strong> e de comércio internacional que garantem em<br />

seus respectivos países acelerar o crescimento econômico, a geração e criação de<br />

postos de trabalho, bem como a consolidação do processo de desenvolvimento<br />

econômico e social nos seus respectivos países. As novas políticas tendo como<br />

151


objetivo central o aumento de competitividade nacional e internacional dos produtos<br />

e serviços gerados por suas <strong>empresas</strong> estão sintetizadas em políticas ativas de<br />

inovação tecnológica e busca de ganhos de competitividade.<br />

Estudos desenvolvidos por Cláudia Além (2000) analisam as principais<br />

características da política desses países e as mudanças mais importantes ocorridas<br />

recentemente no conjunto de políticas de competitividade dos países da<br />

Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico - OCDE. As políticas<br />

têm como objetivo aumentar a participação desses países no comércio internacional,<br />

acelerar o crescimento econômico e criar novos postos de trabalho. A importância da<br />

pequena e média empresa cresce diante desta política pois, pela sua capilaridade<br />

espacial e grande capacidade na interiorização do desenvolvimento e geração de<br />

empregos, é fundamental para o desenvolvimento nacional.<br />

3.4.1 Características da Políticas de Competitividade Identificadas nos Países da<br />

OCDE<br />

Os países da OCDE têm procurado implementar políticas de competitividade<br />

que podem ser sintetizadas nos itens seguintes:<br />

a) forte articulação entre políticas comercial, <strong>industriais</strong> e <strong>tecnológicas</strong>;<br />

b) tendência progressiva de descentralização e regionalização das políticas<br />

adotadas;<br />

c) importante participação dos governos na promoção dos gastos em<br />

pesquisa e desenvolvimento;<br />

d) combinação de políticas de estímulo à concorrência com políticas de<br />

promoção da cooperação e concentração de <strong>empresas</strong> em determinada<br />

região (Clusters);<br />

e) combinação de políticas de cunho horizontal e vertical/setorial;<br />

f) preocupação com o desenvolvimento de novas tecnologias e com a<br />

difusão rápida em todos os setores da economia de novas tecnologias<br />

capazes de gerar novos produtos que passam participar dos mercados;<br />

152


g) crescente importância do envolvimento e da participação das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> para consolidação do processo de desenvolvimento<br />

regional e local, desenvolvimento de atividades estratégicas para o<br />

crescimento econômico interno mediante incentivo à inovação tecnológica<br />

e ao desenvolvimento de setores de ponta, atividades de pesquisa<br />

tecnológica e a participação nos mercados internacionais.<br />

Constata-se que as políticas adotadas pelos países membros da OCDE visam<br />

estimular as <strong>empresas</strong> a investir em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias<br />

e novos produtos e na difusão e incorporação de novas tecnologias. A atuação<br />

individual das empresa torna o processo da inovação mais lento, então o estímulo à<br />

cooperação, parcerias e aliança é uma estratégia de ação dos governos para garantir a<br />

sustentabilidade de longo prazo dos processos de inovação e competição. A<br />

distribuição espacial do desenvolvimento dentro dos países, isto é, a criação de bases<br />

subnacionais, locais de desenvolvimento pelo estímulo à formação de processos de<br />

aglomeração, clusters de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> é fortalecida.<br />

A ação dos governos dos países da OCDE não é passiva no sentido de<br />

esperar que as livres forças do mercado se ajustem. Mas, é uma política ativa de<br />

promoção de programas, projetos e ações que estimulem a geração, incorporação e<br />

difusão de tecnologias. O principal objetivo da política industrial em busca de<br />

competitividade sustentável é o de criar condições necessárias para que os produtos<br />

das <strong>empresas</strong> e indústrias possam concorrer com sucesso em um mercado global.<br />

3.4.2 Instrumentos das Políticas de Competitividade nos Países da OCDE<br />

Os principais instrumentos das políticas de competitividade nos países da<br />

OCDE podem ser resumidos:<br />

a) uso do poder de compra do Estado como mecanismo de estímulo à<br />

produção e ao financiamento das <strong>empresas</strong> especialmente de pequeno e<br />

médio porte;<br />

153


) intervenção do Estado no estímulo à reestruturação produtiva visando<br />

capacitar as <strong>empresas</strong> para inovação e mudanças constantes, conforme a<br />

dinâmica das novas exigências dos mercados nacionais e internacionais;<br />

c) elaboração e patrocínio de projetos de programas de reestruturação<br />

competitiva de setores selecionados (setores de ponta, informática,<br />

comunicação, mecânica etc.);<br />

d) regulamentação da ação dos capitais estrangeiros para o desenvolvimento<br />

regional e local exigindo compra de insumos e componentes locais, e<br />

exigindo um equilíbrio de contas em relação às trocas intrafirma;<br />

e) subvenção e auxílios fiscais, tributários e financeiros via redução da carga<br />

tributária ou por meio de concessão de subsídios e empréstimos com juros<br />

e prazos preferenciais.<br />

Esses instrumentos são aplicados em duas direções básicas. A primeira na<br />

consolidação de bases regionais (subnacionais) e locais de desenvolvimento, sendo é<br />

estimulada a formação de redes de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> buscando<br />

inovação, complementação empresarial e eficiência e eficácia competitiva. A segunda,<br />

o estímulo à inovação e ao desenvolvimento tecnológico para garantir processos de<br />

desenvolvimento sustentável de longo prazo a partir das bases regionais<br />

especialmente compostas por peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> em processos de<br />

aglomerações empresariais, clusters e outros processo de cooperação que facilitem e<br />

garantam a competição dos produtos nos mercados nacionais e internacionais.<br />

3.4.3 Novas Políticas de Inovação nos Países da OCDE<br />

A principal força de competição do capitalismo é a inovação (PORTER, 1998).<br />

Os países membros da OCDE tendo consciência que inovação é a base da<br />

competição com sucesso têm intensificado políticas de apoio à inovação tecnológica<br />

no desenvolvimento de pesquisa para inovação, na difusão e utilização da inovação<br />

154


tecnológica na economia baseada no conhecimento, especialmente as de<br />

informação e comunicação.<br />

Em síntese, os países membros da OCDE e da União Européia adotam as<br />

seguintes políticas de inovação:<br />

a) ênfase das políticas a blocos agregados de desenvolvimento – sistemas<br />

produtivos e de inovação;<br />

b) reconhecimento de que investir ape<strong>nas</strong> para ter acesso a novas<br />

tecnologias e sistemas avançados não basta, pois, conhecimento e<br />

aprendizado estão amarrados a pessoas; portanto é fundamental o<br />

investimento na capacitação e treinamento de recursos humanos;<br />

c) considerando a natureza sistêmica e interativa dos processos de inovação<br />

e aprendizado, não há sentido em promover políticas que privilegiem<br />

ape<strong>nas</strong> o lado da oferta ou da demanda de tecnologias; daí a promoção de<br />

redes de todos os tipos e em nível local até supranacional, com a<br />

finalidade de criar um sistemas mais interdependente e coerente que torne<br />

as <strong>empresas</strong> mais competitivas;<br />

d) importância conferida à internacionalização do desenvolvimento e utilização<br />

de tecnologias, que têm levado os governos a apoiarem <strong>empresas</strong> em seus<br />

esforços de internacionalizar em suas atividades, como forma de promover a<br />

participação das <strong>empresas</strong> em programas cooperativos mundiais. Isto inclui<br />

sistemas de previsão tecnológica e o estabelecimento de regras para partilhar<br />

e proteger direitos de propriedade intelectual.<br />

A partir dessas políticas estratégicas os países da OCDE e da União Européia<br />

orientam suas <strong>empresas</strong> na definição de estratégias de competição para identificação,<br />

introdução, geração e difusão de tecnologia capazes de gerar produtos que garantam a<br />

competitividade sustentável nos mercados nacionais e internacionais.<br />

155


3.4.4 Importância da Pequena e Média Empresa nos Países da OCDE<br />

A compreensão do papel da pequena e média empresa nos países membros<br />

da OCDE é que este segmento produtivo exerce um papel estratégico na redução e<br />

eliminação dos desequilíbrios regionais, na distribuição da renda e geração de<br />

empregos, na geração de inovações de novos produtos e processos, e no aumento<br />

das exportações e conquistas de mercados nacionais e internacionais. Portanto, o<br />

segmento empresarial de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> recebe uma atenção<br />

especial em todos os países da OCDE.<br />

Os países da OCDE e em especial os países da União Européia consideram<br />

prioritário o desenvolvimento de uma política tecnológica e têm desenvolvido muitos<br />

programas de ajuda aos processos de inovação das <strong>empresas</strong> em geral e<br />

particularmente para as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>. Vale destacar no caso<br />

Europeu o Programa SPRINT (Programa Estratégico para a inovação e transferência<br />

de tecnologia) que facilita o intercâmbio de inovações em todos os assuntos<br />

relacionados com o processo de inovação e estimula o desenvolvimento de sistemas<br />

de assessoramento necessários para a transferência de tecnologias.<br />

A comunidade Econômica européia tem desenvolvido programas especiais de<br />

financiamento para as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> inovadoras visando estimular o<br />

desenvolvimento deste segmento empresarial.<br />

Os programas Europeus de ajuda às inovação tecnológica das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> podem ser agrupados <strong>nas</strong> seguintes modalidades:<br />

a) Programa BRITE-EURAM - tem com objetivo reforçar a base tecnológica de<br />

indústrias de produtos tradicionais Europeus fomentando a cooperação<br />

internacional;<br />

b) COMETT - Programa de intercâmbios em matéria de formação em novas<br />

tecnologias. O programa se desenvolve mediante o apoio a programas<br />

156<br />

conjuntos de formação em novas tecnologias e programas de intercâmbio


entre universidade e indústria de diferentes países com apoio ao intercâmbio<br />

entre pessoal de universidades ou de <strong>empresas</strong> com universidades;<br />

c) ESPRIT - Trata-se de um programa estratégico sobre tecnologias de<br />

informações;<br />

d) SPPRINT - Programa estratégico para a inovação e a transferência de<br />

tecnologias consistindo no financiamento da inovação, na promoção da<br />

cooperação tecnológica internacional entre empresa especialmente as<br />

peque<strong>nas</strong>, promoção e criação de uma infra-estrutura européia de serviços<br />

para a inovação, promoção da difusão de novas tecnologias em<br />

cooperação com organismos multinacionais de pesquisa;<br />

e) Outros programas de apoio à pequena e média empresa estão<br />

concentrados <strong>nas</strong> áreas de cooperação entre <strong>empresas</strong>, na difusão de<br />

tecnologias e na criação de <strong>empresas</strong>;<br />

f) Programas especiais de financiamento às peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

são apoiados pelos Fundo Social Europeu; Fundo Europeu de<br />

Desenvolvimento Regional; Banco Europeu de Investimentos;<br />

g) O projeto EUREKA é um programa de alta tecnologia; é de iniciativa das<br />

indústrias financiado com ajudas públicas nacionais que podem adotar a<br />

modalidade de subvenção ou de um crédito reembolsável sem juros.<br />

3.5 Sistema Nacional de Inovação Tecnológica<br />

O governo brasileiro hoje tem consciência do distanciamento entre os<br />

investimentos nacionais em ciência e tecnologia e o que se investe em outros<br />

países. Há um grande distanciamento entre o volume de recursos investidos e a<br />

freqüência e intensidade das inovações que geram novos produtos, conquistam<br />

mercados e promovem melhoria de trabalho e renda para os cidadãos, isto é, melhor<br />

nível de bem-estar. A partir do conhecimento das desigualdades em investimentos, o<br />

país procura construir um Sistema Nacional de inovações <strong>tecnológicas</strong> que responda<br />

aos novos desafios.<br />

157


3.5.1 Sistemas de <strong>Inovações</strong> Tecnológicas<br />

Há diferentes maneiras de compreender e interpretar o conceito de<br />

globalização no entanto, uma de suas características é comum em todos os<br />

pensadores do novo modo de organização da produção capitalista: a inovação e a<br />

revolução do conhecimento são os principais fatores que definem as novas bases da<br />

competitividade e do desenvolvimento das nações.<br />

O processo de globalização tem acirrado a concorrência. E esta tem como<br />

força principal a inovação, que está baseada em conhecimento, capacitação e<br />

aprendizagem.<br />

A crescente competição internacional e a necessidade de introduzir eficientemente,<br />

nos processos produtivos, os avanços das tecnologias de informação e comunicação<br />

têm levado as <strong>empresas</strong> a centrar suas estratégias o desenvolvimento de capacidade<br />

inovativa. Esta é essencial para permitir às <strong>empresas</strong> a participação nos fluxos de<br />

informação e conhecimento que marcam o presente estágio do capitalismo mundial.<br />

(CASSIOLATO e LASTRES, 2000, p.237).<br />

Cassiolato e Lastres, analisando os fatores que mais contribuíram para o<br />

processo de inovação nos últimos anos, destacam:<br />

a) inovações e conhecimentos são elementos centrais da dinâmica do<br />

crescimento dar nações das regiões, dos setores e das organizações e<br />

das instituições;<br />

b) inovação é um processo de busca e aprendizado dependendo da<br />

interação entre instituições e organizações específicas;<br />

c) existem grandes diferenças entre os agentes e suas capacidades de<br />

aprender, dependendo do estoque de aprendizado anterior;<br />

d) existem importantes diferenças entre sistemas de inovação de países,<br />

regiões, setores, organização etc. em função de cada contexto social,<br />

político e institucional no qual estão inseridos;<br />

158


e) conhecimentos tácitos de caráter localizado e específico continuam tendo<br />

um papel primordial para o sucesso inovativo e continuam difíceis de<br />

serem transferidos.<br />

Continuando as análises sobre as principais mudanças do conhecimento como<br />

força determinante na geração da inovação e da conquista de bases sustentáveis de<br />

competitividade, Cassiolato e Lastres identificam quatro tendências do processo de<br />

inovação extraídas de relatório da União Européia.<br />

1. O tempo necessário para o lançamento de novos produtos tem se<br />

reduzido, os ciclos de vida dos produtos e das tecnologias são menores e<br />

o processo que leva a produção do conhecimento até a comercialização<br />

está se reduzindo.<br />

2. A cooperação entre firmas e a montagem de redes <strong>industriais</strong> é uma<br />

modalidade organizacional que facilita o processo de inovação. A<br />

integração de diferentes tecnologias e <strong>empresas</strong> facilita a geração de<br />

novos produtos.<br />

3. A integração e a interação entre <strong>empresas</strong>, a formação de redes, trazem<br />

vantagens e rapidez para as <strong>empresas</strong> identificarem e introduzirem<br />

processos de inovação, conquistando vantagens na competição.<br />

4. A necessidade crescente de novos processos inovativos e novos produtos<br />

tem induzido o desenvolvimento de novos processos de cooperação com<br />

os centros produtores de conhecimento.<br />

Como se pode concluir a partir das próprias observações e constatações da<br />

União Européia sobre o novo modo de produção capitalista, há um crescente<br />

processo de interação, interdependência, busca de complementação para inovar e<br />

competir diante das reduções dos ciclos de vida dos produtos e das tecnologias e<br />

diante das novas exigências dos consumidores.<br />

A partir dessas conclusões são conduzidas políticas de inovação e geração de<br />

novos instrumentos de competição nos países da União Européia e nos países<br />

159


membros da OCDE. A seguir apresentam-se as recomendações da OCDE com<br />

relação à Política de Ciência, Tecnologia e <strong>Inovações</strong> (SILVA e MELO, 2001, p.42).<br />

1. Aperfeiçoar a gestão da base de pesquisa científica e tecnológica por meio<br />

de maior flexibilidade <strong>nas</strong> estruturas de pesquisa e do incremento da<br />

colaboração universidade-indústria.<br />

2. Assegurar que o progresso tecnológico de longo prazo seja preservado<br />

por meio de financiamento adequado de pesquisa pública e incentivos<br />

para a colaboração entre <strong>empresas</strong> em pesquisa pré-competitiva.<br />

3. Melhorar a eficiência do apoio financeiro público à P&D e eliminar os<br />

obstáculos ao desenvolvimento dos mecanismos de marcado para o<br />

financiamento da inovação, por exemplo, por meio do capital de risco privado.<br />

4. Fortalecer os mecanismos de difusão tecnológica, por meio da promoção<br />

de maior competição nos mercados de produtos e por meio do<br />

aperfeiçoamento dos programas de difusão tecnológica.<br />

5. Adotar medidas que contribuam para reduzir os desencontros entre a<br />

demanda por qualificações e competências e a oferta das mesmas,<br />

bem como melhorar as condições para que as <strong>empresas</strong> adotem novas<br />

práticas organizacionais.<br />

6. Facilitar a criação e o crescimento de <strong>empresas</strong> baseadas em novas<br />

tecnologias, por meio do desenvolvimento de maior capacitação gerencial e<br />

inovativa, da redução de barreiras regulatórias, financeiras e de informação,<br />

além da promoção da capacidade para novos empreendimentos.<br />

7. Promover novas áreas e oportunidades de crescimento, por meio de<br />

reforma legal e regulatória que estimule novos entrantes e respostas<br />

<strong>tecnológicas</strong> flexíveis.<br />

8. Aperfeiçoar técnicas e fortalecer os mecanismos institucionais de avaliação.<br />

9. Introduzir novos mecanismos de apoio à inovação e à difusão tecnológica,<br />

particularmente por meio da maior utilização de parcerias público/privado.<br />

160


10. Eliminar os obstáculos à cooperação tecnológica internacional, por meio<br />

de maior transparência no acesso de <strong>empresas</strong> e instituições estrangeiras<br />

aos programas nacionais e por meio da garantia de um quadro confiável<br />

de direitos de propriedade intelectual.<br />

11. Ampliar a capacidade de coordenação econômica, por meio de reformas<br />

nos mercados financeiros, de produtos e de trabalho e por meio de<br />

reformas na educação e na formação profissional.<br />

12. Incrementar a abertura para os fluxos internacionais de produtos, pessoas e<br />

idéias e aumentar a capacidade de absorção das economias domésticas.<br />

Como pode ser observado, os países da OCDE estão conscientes de que<br />

Ciência e Tecnologia são fundamentais para o crescimento e para o alcance dos<br />

objetivos de desenvolvimento econômico e sociais. Conhecimento é a base da<br />

inovação. Inovação é a principal força do processo capitalista para competir.<br />

Competir e participar com sucesso de mercados ampliados aumenta o lucro das<br />

<strong>empresas</strong> garante o processo de desenvolvimento econômico e social via emprego,<br />

distribuição de renda e melhor qualidade de vida.<br />

3.5.2 O Brasil e o Sistema de Inovação<br />

3.5.2.1 Diagnóstico da situação atual<br />

Dos anos 40 a 70 o Brasil acelera seu processo de transformação econômica<br />

e social, procurando abandonar a inércia, a apatia econômica e buscando<br />

alternativas de desenvolvimento via incorporações de capitais e tecnologias<br />

exter<strong>nas</strong>, via desenvolvimento de um capitalismo nacional e a partir do processo de<br />

substituição de importação, criação de infra-estrutura de comunicações, energia,<br />

estradas que viabilizassem o desenvolvimento econômico e social do país. Ocorre<br />

também uma série de transformações <strong>nas</strong> estruturas organizacionais do governo,<br />

161


ancos de incentivos, novos órgãos e do sistema educacional que visavam preparar<br />

o País para um novo estágio de desenvolvimento.<br />

O País evolui industrialmente, constrói uma infra-estrutura complexa e<br />

relativamente integrado. A economia nacional se integra e o País conquista novos<br />

mercados, principalmente pelo setor industrial que se implantava. Juntamente com a<br />

transformação econômica que se consolidava na década de 1970, também se<br />

consolidavam uma nova estrutura de ciência e tecnologia, que pretendia acelerar as<br />

transformações e inserir o Brasil na onda de mudanças <strong>tecnológicas</strong> mundiais do<br />

período. Alguns resultados são alcançados. No entanto, vale lembrar as<br />

considerações de Carlota Perez, quando analisa o modelo de substituição de<br />

importações voltado para o mercado interno que caracterizou a situação geral da<br />

América Latina e o Brasil:<br />

a maior parte das <strong>empresas</strong> não foi constituída para evoluir. A maioria foi para operar<br />

tecnologias maduras, supostamente já otimizadas. Não se esperava que as <strong>empresas</strong><br />

alcançassem competitividade por elas próprias. A lucratividade era determinada por<br />

fatores exógenos, como proteção tarifária, subsídios à exportação e numerosas<br />

formas de auxílio governamental, ao invés da capacidade da própria empresa<br />

aumentar a produtividade ou qualidade. As <strong>empresas</strong> não são conectadas<br />

(tecnicamente) (...) (e tem sido) difícil a geração de sinergias mas redes e complexos<br />

<strong>industriais</strong>. (PEREZ, 2000, p.32)<br />

Porém, os anos 80 são de crise, de perda do rumo. As poupanças exter<strong>nas</strong> e<br />

inter<strong>nas</strong> escasseiam. As crises econômicas e sociais se aprofundam. Os<br />

investimentos governamentais em ciências e tecnologia cessam. As estruturas<br />

públicas de apoio a inovação (Universidades, institutos, CNPQ, CAPES etc.) entram<br />

em crise. O País perde o rumo do desenvolvimento, e perde parcialmente a<br />

presença no intenso processo das transformações mundiais de muitos setores ou,<br />

na melhor das hipóteses, tomamos o último vagão.<br />

Nos anos 90 a América Latina como um todo e o Brasil como parte do<br />

processo ainda conduzem políticas semelhantes aos períodos anteriores de<br />

162


aquisição de tecnologias nos mercados internacionais, de atração de <strong>empresas</strong><br />

internacionais portadores de processos tecnológicos maduros e apoiadas por<br />

financiamentos e mecanismos fiscais que privilegiam os novos investimentos,<br />

notadamente das grandes <strong>empresas</strong> em especial as transnacionais. Muitas vezes<br />

estes processos estão calcados em guerras fiscais depredatórias entre os estados,<br />

que empobrecem os estados e a população e transferem recursos dos contribuintes<br />

para os oligopólios e monopólios de capital externo em detrimento das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> nacionais.<br />

Apesar de todo o esforço do governo na estabilização da economia nacional,<br />

abertura econômica e construção de um novo modelo do desenvolvimento nacional,<br />

o ajuste das <strong>empresas</strong> brasileiras tem sido basicamente de seguir uma estratégia<br />

defensiva de racionalização da produção visando reduzir custos. Esta estratégia<br />

aconteceu pela introdução de equipamentos de forma parcial e localizada para<br />

automação industrial, de novas técnicas de organização do processo do trabalho<br />

(terceirização, subcontratação), ou pelo enxugamento da produção com redução de<br />

pessoal e eliminação de linhas de produção (CASSIOLATO e LASTRES, 2000, p.245).<br />

Cassiolato e Lastres reconhecem que houve um esforço positivo no ajustamento do<br />

modelo brasileiro, no entanto quando comparado com a estratégia seguida pelos<br />

países da OCDE e da União Européia ou ainda com os países de industrialização<br />

recente da Ásia, os esforços feitos no Brasil são modestos. "O aumento de<br />

produtividade e da qualidade dos produtos, a redução dos prazos de produção e<br />

entrega, e o início de utilização de novas técnicas de organização constituem-se,<br />

realmente em aspectos positivos da reestruturação brasileira". (CASSIOLATO e<br />

LASTRES, 2000, p.245).<br />

As reflexões e análise sobre o sistema latino-americano de inovação e em<br />

especial sobre o sistema brasileiro de inovação induzem Cassiolato e Lastres às<br />

seguintes observações gerais:<br />

163


a) considerada a retração do Estado no financiamento das atividades<br />

científico-tecnológico, esperava-se que os agentes privados passassem a<br />

desempenhar um papel mais importante. No entanto, os fatos têm<br />

mostrado que a diminuição dos gastos públicos em ciência e tecnologia<br />

não induziram um aumento de gastos do setor privado;<br />

b) a política governamental tem promovido a privatização parcial dos<br />

institutos tecnológicos públicos, forçando-os a obter uma crescente parcela<br />

de seus gastos correntes no setor privado;<br />

c) a abertura econômica e a liberalização da economia diminuiu o custo de bens<br />

de capital importados, encorajando, portanto, o seu uso em detrimento das<br />

máqui<strong>nas</strong> e equipamentos localmente produzidos. Tanto no caso da<br />

privatização das <strong>empresas</strong> públicas quanto na expansão dos conglomerados<br />

locais, o estabelecimento de novas capacidades produtivas baseia-se<br />

fortemente no uso de equipamentos e bens intermediários importados. O<br />

resultado final é que a produção tem se tornado menos intensiva no uso de<br />

capacitações técnicas e engenharia locais;<br />

d) o uso crescente de componentes importados teve um impacto negativo<br />

<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> locais, uma vez que destruiu cadeias de produção em um<br />

número grande de firmas locais, especialmente peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> que serviam como fornecedoras de <strong>empresas</strong> estrangeiras;<br />

e) as subsidiárias das <strong>empresas</strong> transnacionais – como passaram a poder<br />

operar com base em partes e componentes importados – reformularam<br />

suas estratégias de "adaptação de tecnologia" e algumas descontinuaram<br />

programas tecnológicos locais que justificavam <strong>nas</strong> economias mais<br />

fechadas do passado;<br />

f) as firmas locais, em sua grande maioria, que desenvolveram capacitações<br />

<strong>tecnológicas</strong> no passado – premidas pelo aumento da concorrência e<br />

164<br />

tendo que operar num ambiente em que, à diferença de suas


competidoras internacionais, o Estado abstém-se de formular e<br />

implementar políticas <strong>industriais</strong> – ou estão sendo absorvidas por<br />

subsidiárias de <strong>empresas</strong> transnacionais ou estão desaparecendo; em<br />

ambos os casos, os esforços tecnológicos estão sendo perdidos;<br />

g) As firmas locais com capacidade tecnológica que sobreviveram, tendem a<br />

apresentar modestas ou nulas taxas de crescimento no últimos anos – até<br />

como estratégia de sobrevivência no cenário "globalmente competitivo" – o<br />

que pode acarretar importantes problemas para a manutenção de suas<br />

capacitações, dada a conhecida associação entre estas e o crescimento<br />

da firma.<br />

As análises conduzidas por Cassiolato e Lastres concluem que o resultado<br />

dessas políticas é que o capital tecnológico, assim como parte importante da<br />

capacidade dos recursos humanos gerados e acumulados desde o início do<br />

processo de substituição de importações, tornou-se obsoleto. Assim, a preocupação<br />

com os ajustes macroeconômicos de curto prazo tem trazido imensos impactos na<br />

acumulação de capacitações que a longo prazo são essenciais para o<br />

desenvolvimento econômico.<br />

Há muitos setores em que o Brasil é competitivo e ainda há os mercados<br />

mundiais. As exportações de 40 bilhões de dólares anuais comprovam isto. As<br />

<strong>empresas</strong> privadas que sobreviveram estão capitalizadas e em muitos casos com<br />

padrões de qualidade e competitividade mundiais. O setor educacional, financeiro, de<br />

ciência e tecnologia está em crise profunda. Porém, a nação tem consciência da crise.<br />

A sociedade quer mudar. A sociedade exige medidas de mudanças. O Brasil atual tem<br />

conhecimento mais profundo dos seus problemas do que tinha há 10 anos. O Brasil<br />

de hoje tem um "estoque" de técnicos, pensadores mais preparados para planejar a<br />

mudança. A consciência dos problemas, a vontade de mudar, os conhecimentos<br />

técnicos para planejar a mudança, as pressões da sociedade por mudanças permitem<br />

crer que a década de 2000 será uma década positiva de mudança.<br />

165


3.5.2.2 A construção de um sistema nacional de inovação tecnológica<br />

Os desafios do século XXI para a inserção competitiva da economia brasileira<br />

nos mercados nacionais e internacionais. O Mundo mudou e desenvolve-se uma<br />

nova economia, baseada no conhecimento. Há um novo modo de produção e de<br />

organização da produção capitalista que se caracteriza por intensas, rápidas e<br />

freqüentes e profundas mudanças <strong>tecnológicas</strong>. Os ciclos de vida dos produtos se<br />

reduzem. Os ciclos de vida das tecnologias se alteram. A nova economia se<br />

caracteriza por redução do ciclo de vida das tecnologias e dos produtos e por<br />

invenções e inovações intensas, por aumento de qualidade e competitividade como<br />

forma de participar dos mercados e ter lucro. Surgem novas formas de organização<br />

da produção caracterizadas por alianças, cooperação, fusões, novos distritos<br />

<strong>industriais</strong>, clusters etc.<br />

Há um novo paradigma técnico-econômico em que a globalização, os<br />

regionalismos econômicos, a abertura econômica impelem o setor produtivo para um<br />

intenso processo de inovação e busca de estratégias de competição. A estratégia de<br />

competição é via inovação. Para competir é preciso inovar. A inovação e a competição<br />

são sistêmicas, isto é, a empresa depende somente dela e de suas competências para<br />

inserir-se neste novo contexto; depende do ambiente nacional macroeconômico e dos<br />

mecanismos regionais e locais que facilitem e estimulem a competição. Logo, como o<br />

sistema nacional de tecnologia e inovação facilita a vida das <strong>empresas</strong> especialmente<br />

as <strong>empresas</strong> de pequeno e médio porte localizadas nos município paranaenses?<br />

Um sistema nacional de inovação pode ser definido como um conjunto de<br />

instituições distintas que individual e conjuntamente contribuem para o desenvolvimento<br />

e difusão de tecnologias (CASSIOLATO e LASTRES, 2000, p.247). Fazem parte do<br />

sistema de inovação as empresa, as instituições de ensino e pesquisa, as entidades de<br />

financiamento, o governo, que agem e interagem de forma complementar e<br />

interdependente (CASSIOLATO e LASTRES, 1999). A compreensão da abrangência do<br />

sistema de inovação é que estão envolvidos processos de aprendizagem, criação de<br />

166


conhecimentos, novas e diferentes competências relacionadas ao desenvolvimento e<br />

implementação de produtos e processos.<br />

A construção de um Sistema Nacional de Inovação moderno, dinâmico e<br />

compatível com as prioridades e necessidades da sociedade brasileira<br />

contemporânea acontece a partir de um esforço continuado de qualificação de<br />

recursos humanos, em todos os níveis. Depende da existência de leis, normas<br />

adequadas que possibilitem mecanismos de gestão modernos, ágeis e eficazes, e<br />

estimulem a inovação. O bom funcionamento das organizações públicas de fomento,<br />

pesquisa e desenvolvimento articuladas entre si e sensíveis às demandas da<br />

sociedade, é elo indispensável na construção do Sistema Nacional de Ciência<br />

Tecnologia e Inovação. O sistema de inovação é garantido e sustentado também<br />

pela existência de um número crescente de <strong>empresas</strong> inovadoras e competitivas,<br />

realizando um esforço consistente de pesquisa e desenvolvimento. A ação do Poder<br />

Executivo e do sistema de pesquisa e ensino na criação de mecanismos<br />

permanentes de prospecção, acompanhamento avaliação dos caminhos e dos<br />

resultados alcançados garantem a construção do moderno Sistema Nacional de<br />

Ciência e Tecnologia (SILVA, 2001, p.5).<br />

A preocupação do Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico,<br />

Tecnológico e de Inovação está centrada no processo de produção do conhecimento<br />

e de informações, no processo de apreender a aprender, para dar condições aos<br />

segmentos da sociedade nacional, notadamente às comprometidas com o ensino, a<br />

ciência e as tecnologias, possibilidades de gerar conhecimento e inovações<br />

<strong>tecnológicas</strong>, incorporar tecnologias e irradiar tecnologias e inovações para garantir<br />

um desenvolvimento sustentável, harmônico e equalizado de toda a sociedade<br />

nacional. (SILVA, 2001, p. 14). Inovação e aumento da produtividade constituem o<br />

principal sustentáculo da prosperidade nacional (PORTER, 1980).<br />

167


Principais conceitos dos organismos internacionais sobre:<br />

- Atividades Cientificais e <strong>tecnológicas</strong><br />

- Atividade de pesquisa e desenvolvimento<br />

- Inovação<br />

- Atividades inovativas<br />

- Sistema Nacional de Inovação<br />

Atividades Científicas e Tecnológicas (C&t)<br />

Atividades científicas e <strong>tecnológicas</strong> correspondem ao esforço sistemático,<br />

diretamente relacionado com a geração, avanço, disseminação e aplicação do<br />

conhecimento científico e técnico em todos os campos da Ciência e da Tecnologia.<br />

Incluem as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) (cuja definição se<br />

encontra adiante), o treinamento e a educação técnica e científica, bem como os<br />

serviços científicos e tecnológicos. Treinamento e educação técnica e científica<br />

correspondem a todas as atividades relativas ao treinamento e ao ensino superior<br />

especializado não-universitário, ao ensino superior e ao treinamento para a<br />

graduação universitária, à pós-graduação e aos treinamentos subseqüentes, além do<br />

treinamento continuado para cientistas e engenheiros. Os serviços científicos e<br />

tecnológicos compreendem as atividades concernentes à pesquisa e ao<br />

desenvolvimento experimental, assim como as que contribuam para a geração,<br />

disseminação e aplicação do conhecimento científico e tecnológico.<br />

Podem ser agrupados em nove subclasses:<br />

- atividades de C&T em bibliotecas e assemelhados;<br />

- atividades de C&T em museus e assemelhados;<br />

- tradução e edição de literatura científica;<br />

- pesquisa geológica, hidrológica e assemelhadas;<br />

- prospecção;<br />

- coleta de dados sobre fenômenos socioeconômicos;<br />

- testes, padronizações, controle de qualidade etc.;<br />

- aconselhamento de clientes, inclusive serviços públicos de consultoria agropecuária<br />

e industrial;<br />

- atividade de patenteamento e licenciamento por instituições públicas (Unesco:<br />

Recommendation Concerning the International Standardisation of Statistics on<br />

Science, 1978, citado em OCDE, Manual Frascati, 1993).<br />

168


Atividade de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)<br />

Pesquisa e desenvolvimento experimental compreendem o trabalho criativo, realizado<br />

em bases sistemáticas, com a finalidade de ampliar o estoque de conhecimento,<br />

inclusive o conhecimento do homem, da cultura e da sociedade, assim como o uso<br />

desse estoque de conhecimento na busca de novas aplicações. Compreende três<br />

atividades: pesquisa básica – trabalho experimental ou teórico realizado<br />

primordialmente para adquirir novos conhecimentos sobre os fundamentos de fatos<br />

ou fenômenos observáveis, sem o propósito de qualquer aplicação ou utilização;<br />

pesquisa aplicada – investigação original, realizada com a finalidade de obter novos<br />

conhecimentos, mais dirigida, primordialmente, a um objetivo prático;<br />

desenvolvimento experimental – trabalho sistemático, apoiado no conhecimento<br />

existente, adquirido por <strong>pesquisas</strong> ou pela experiência prática, dirigido para a<br />

produção de novos materiais, produtos ou equipamentos, para a instalação de novos<br />

processos, sistemas ou serviços, ou para melhorar substancialmente aqueles já<br />

produzidos ou instalados (OCDE, Manual Frascati, 1993, p.29).<br />

Inovação<br />

(...)(citado na página 92)<br />

Atividades inovativas<br />

(...) (citado na página 92)<br />

Sistema Nacional de Inovação<br />

A origem do conceito remete aos trabalhos de Lundvall (1988), Freeman (1987) e<br />

Nelson (1992). Tomando como ponto de partida a visão do processo de inovação<br />

como um fenômeno complexo e sistêmico, o Sistema Nacional de Inovação pode ser<br />

definido como o conjunto de instituições e organizações responsáveis pela criação e<br />

adoção de inovações em um determinado país. Nessa abordagem, as políticas<br />

nacionais passam a enfatizar as interações entre as instituições que participam do<br />

amplo processo de criação do conhecimento e da sua difusão e aplicação (OCDE,<br />

Manual de Oslo, 1996, p.7).<br />

O sistema nacional de inovação envolve basicamente o sistema de interação e<br />

interdependência entre governo-universidade-empresa. A interação entre estes atores<br />

cria uma base sólida e sustentável do desenvolvimento da economia nacional.<br />

O governo é composto pelos seus três esferas Executivo, Legislativo e<br />

Judiciário e seus respectivos níveis de abrangência, federal, estadual e municipal.<br />

169


O setor de ensino e pesquisa abrange as universidades e instituições públicas<br />

e privadas de ensino e pesquisa.<br />

O setor produtivo empresarial envolve as organizações patronais e sindicais,<br />

as associações de classe as entidades ligadas ao setor, dentre as quais merecem<br />

destaque Senai, IEL, Sesi, Sebrae.<br />

Esses diferentes atores, cada qual a seu modo, constituem o sistema nacional<br />

de geração e difusão de tecnologias que incluem atividades como:<br />

1. Desenvolvimento de pesquisa e inovação;<br />

2. Financiamento da pesquisa;<br />

3. Patenteamento da inovação;<br />

4. Transferência de tecnologia via: compra e absorção de tecnologia e<br />

prestação de serviços técnicos e de assistência técnica e científica;<br />

5. Diretrizes e fases para a negociação de tecnologia.<br />

5.1 Prospecção de tecnologia industrial: a) necessidades e perspectivas<br />

das empresa; b) seleção de fontes de tecnologia; c) escolha de<br />

tecnologia; d) absorção e adaptação da tecnologia.<br />

5.2 Negociação e escolha do instrumento mais adequado; a) exploração<br />

de patente; b) uso de marcas; c) fornecimento de tecnologia; d)<br />

prestação de serviços e assistência técnica e científica; d) franquia.<br />

5.3 Aquisição de tecnologia externa: a) Instituto Nacional de Propriedade<br />

Industrial – INPI; b) Banco Central do Brasil; c) Ministério da Fazenda<br />

e Sistema de fiscalização.<br />

6. Apoio Governamental: a) Incentivos Fiscais para capacitação tecnológica; b)<br />

incentivos a investimentos em pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da<br />

informação; c) ambientes institucionais de transferência de tecnologia; c.1)<br />

incubadoras de <strong>empresas</strong>; incubadoras de <strong>empresas</strong> de base tecnológica;<br />

incubadoras de <strong>empresas</strong> dos setores tradicionais; incubadoras mistas; d)<br />

parques tecnológicos; e) aglomerados produtivos – Clusters<br />

170


A Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação realizada em<br />

setembro de 2001, e consolidada no documento denominado Livro Branco, reflete as<br />

principais angústias que afligiram a comunidade científica e tecnológica brasileira <strong>nas</strong><br />

últimas décadas e contém o sonho e as aspirações da sociedade nacional para o<br />

desenvolvimento científico, tecnológico e de inovações. A seguir são apresentados os<br />

principais objetivos e as principais diretrizes extraídas do Livro Branco, que orientam o<br />

desenvolvimento científico, tecnológico e de inovações para a próxima década.<br />

A primeira constatação é que "é necessário rejuvenecer a pesquisa e renová-<br />

la. É preciso apoiar os jovens pesquisadores e oferecer-lhes novas perspectivas.<br />

Conquistá-los para a vocação científica; atrair de volta para o país aqueles que saem<br />

para o exterior e motivá-los a fixar-se em suas regiões de origem" – Presidente da<br />

República, Fernando Henrique Cardoso (BRASIL, 2002, p. v-vi).<br />

O Livro Branco contém as principais preocupações dos diferentes agentes do<br />

Sistema Nacional de Ciência Tecnologia e <strong>Inovações</strong> e propõe as linhas de uma<br />

política de longo prazo de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovações,<br />

diante de um cenário de profundas, rápidas e intensas transformações pelas quais<br />

passam o Brasil e o mundo, e das demandas e desafios que a sociedade brasileira<br />

terá que enfrentar na primeira década do século XXI. Não importa o quanto já se fez.<br />

O que realmente interessa é o quanto terá que ser feito para alavancar o<br />

desenvolvimento econômico e social nacional e inserir a sociedade brasileira no<br />

cenário internacional de desenvolvimento com eqüidade e justiça social.<br />

Alguns números dos desafios a enfrentar. A expectativa da comunidade<br />

científica nacional é que o país esteja investindo em Ciência Tecnologia e Inovação<br />

em torno de 2% do PIB nos próximos 10 anos, isto é, no ano de 2012. Para a<br />

conquista deste resultado é necessário um crescimento médio do PIB em torno de<br />

4% ao ano. Os investimentos em Ciência e Tecnologia necessitam crescer a uma<br />

taxa média de 12% ao ano. Para a obtenção deste resultado, o setor público federal<br />

e o estadual necessitam elevar seus investimentos em C&TI a uma taxa de 7% ao<br />

171


ano, enquanto o setor privado nacional terá que incrementar seus investimentos<br />

para uma taxa de 15%, próxima ao padrão dos países da OCDE. A conquista destes<br />

resultados implica uma política ativa do setor publico nos investimentos diretos e na<br />

articulação, coordenação, estímulo e suporte ao setor privado para investir em<br />

tecnologia e inovação. O objetivo é superar as limitações e omissões do passado e<br />

criar, produzir inovações, avançar <strong>nas</strong> fronteiras do conhecimento, promover a<br />

competitividade das <strong>empresas</strong> brasileiras para garantir o desenvolvimento<br />

econômico e social com equilíbrio regionais e setoriais.<br />

Para que o Brasil concretize seu desiderato estratégico um mundo de mudanças<br />

aceleradas e contínua, é necessário assegurar o fortalecimento das atividades de<br />

Ciência, Tecnologia e Inovação. É imprescindível que participemos, de forma efetiva,<br />

nos notáveis avanços que estão sendo obtidos <strong>nas</strong> fronteiras mundiais do<br />

conhecimento e da tecnologia que, ao mesmo tempo, respondamos plenamente ao<br />

desafio de contribuir, com pesquisa e desenvolvimento tecnológico, para que se<br />

realizem as vocações nacionais e estaduais no plano econômico e social. (BRASIL,<br />

2002, p. xiv).<br />

A estratégia do desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação está<br />

concentrada no conhecimento e nos aspectos de competição; a empresa é o ator<br />

principal, implicando um estreito processo de cooperação e integração empresa-<br />

escola-universidade. "Nesta era marcada pelo impacto das tecnologias de<br />

informação e comunicação, deter e produzir conhecimento – científico e técnico – e<br />

transformá-lo em inovação <strong>nas</strong> esferas econômica e social é, mais do que nunca,<br />

estratégico tanto para o dinamismo e a prosperidade da sociedade quanto para que<br />

a nação se defina de forma soberana". (BRASIL, 2002, p. 23).<br />

O crescimento brasileiro do passado esteve apoiado no desenvolvimento de<br />

atividades extrativistas e da agricultura, e na instalação de setores <strong>industriais</strong> que<br />

importavam tecnologias maduras utilizadas internacionalmente e voltadas à produção<br />

de bens destinados ao mercado nacional. Este fato implicava proteção de mercado e<br />

no surgimento de uma competitividade "espúria" (FAJNZYLBERT, 1990). Em<br />

172


decorrência dos baixos salários, da exploração predatória da natureza e da concessão<br />

contínua de subsídios e da insuficiência do aparelho estatal para sustentar este<br />

modelo, e considerando ainda o processo de abertura econômica, o modelo<br />

econômico do passado não garante a competitividade diante das transformações do<br />

modo de produção e organização da produção capitalista atual mundial.<br />

É indispensável a introdução de novas tecnologias, novos produtos, novos,<br />

serviços, novas formas de organização e a conquista de novos mercados. Os novos<br />

desafios que se apresentam, para o Brasil, são de ampliar o contingente de pessoal<br />

qualificado para criar a massa crítica necessária para um novo processo de<br />

desenvolvimento econômico e social. É necessário importar tecnologias, incorporar<br />

tecnologias, gerar tecnologia e irradiar tecnologias. O caminho é gerar conhecimento,<br />

inovar e competir. As fronteiras do conhecimento são continuamente deslocadas para<br />

diante e as novas tecnologias são portadoras de maior densidade de conhecimento<br />

científico e pessoal qualificado. É preciso transformar conhecimentos em inovação e a<br />

inovação em participação de mercado e lucro. A participação no mercado, o lucro, o<br />

aumento da produção em emprego e renda, em eqüidade social, em desenvolvimento<br />

econômico e social nacional.<br />

O conhecimento é o elemento essencial para consolidar a funcionalidade do<br />

trinômio ciência, tecnologia e inovação. A inovação é um fenômeno complexo,<br />

multidimensional, que pressupõe a presença e articulação de um elevado número de<br />

agentes e instituições de naturezas diversas, com lógica e procedimentos distintos,<br />

com motivações variadas e objetivos diferenciados (BRASIL, 2002, p.26).<br />

A inovação é um fenômeno econômico e social estreitamente ligado à história, à<br />

cultura, à educação, às organizações institucionais e políticas e à base econômica da<br />

sociedade. Mesmo quando se destaca a empresa como o motor da inovação, não se<br />

pode esquecer que o processo de inovação é produto de um conjunto de habilidades<br />

coletivas, amplas, canalizadas para gerar, absorver e difundir o novo. Poder inovar<br />

exige mais que saber produzir: demanda conhecimento para projetar novas<br />

tecnologias de produtos ou de processos; envolve realização de atividades de<br />

pesquisa e desenvolvimento <strong>nas</strong> <strong>empresas</strong>, internamente e ou em cooperação com<br />

173


outros agentes; importação e absorção de tecnologias; a formação de pessoas<br />

qualificadas para inovação e sua fixação <strong>nas</strong> empresa; inovação envolve<br />

disponibilidade de infra-estrutura científica e tecnológica. (BRASIL, 2002, p.27).<br />

Os objetivos da política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação<br />

apresentados no Livro Branco estão orientados pelo desejo nacional de ampliar a<br />

capacidade de gerar e utilizar conhecimentos de modo a contribuir para a melhoria<br />

da qualidade de vida da população, para o avanço sustentado da competitividade do<br />

aparato produtivo e para a redução de desequilíbrios sociais e regionais, como<br />

apresentados a seguir:<br />

1. Criar um ambiente favorável à inovação no País que contribua para a<br />

competitividade das <strong>empresas</strong>, o que pressupõe um conjunto de requisitos<br />

dentre os quais um sistema de instituições, a existência de um ambiente<br />

macroeconômico favorável, a redução do risco e do custo de capital, um<br />

marco legal propício e políticas de incentivo à concorrência e políticas<br />

setoriais ativas de estímulo à conquista de novos padrões de eficiência,<br />

qualidade e produtividade via inovação.<br />

2. Ampliar a capacidade de inovação e expandir a base científica e<br />

tecnológica nacional por meio de investimentos em CT&I, em pessoal<br />

qualificado e infra-estrutura tecnológica. A oportunidade de cooperação e<br />

parceria entre <strong>empresas</strong>, e destas com diferentes agentes de Ciência,<br />

Tecnologia e Inovação tanto nacionais como internacionais, é elo<br />

facilitador da construção do Sistema de Inovação.<br />

3. Consolidar, aperfeiçoar e modernizar o aparato institucional de Ciência,<br />

Tecnologia e Inovação o que implica a existência de instituições eficientes<br />

e eficazes participantes de um processo de construção de competitividade<br />

sistêmica, interagindo e cooperando com outros organismos nacionais<br />

e internacionais.<br />

174


4. Integrar todas as regiões ao esforço nacional de capacitação para Ciência,<br />

Tecnologia e Inovação. Este processo implica a valorização e<br />

potencialização das competências regionais para geração, identificação e<br />

incorporação de tecnologias.<br />

5. Desenvolver uma base ampla de apoio e envolvimento da sociedade na<br />

Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. A preocupação é<br />

criar uma cultura nacional envolvendo os diferentes segmentos na questão<br />

da qualidade, da inovação do empreendimento preparando a sociedade<br />

para a mudança contínua e para a construção de uma base sustentável de<br />

desenvolvimento científico e tecnológico.<br />

6. Transformar Ciência, Tecnologia e Inovação em elemento estratégico da<br />

política de desenvolvimento nacional de modo que todos os segmentos da<br />

economia e da atividade social estejam comprometidos com a inovação e<br />

a modernização.<br />

3.5.2.3 Diretrizes do sistema nacional de inovação<br />

As bases para a construção de um novo Sistema Nacional de Ciência e<br />

Tecnologia estão apoiadas em algumas constatações de como os outros países se<br />

desenvolveram e de como é possível o Brasil conquistar um novo espaço no cenário<br />

internacional, garantindo ao cidadão brasileiro uma melhor qualidade de vida.<br />

Quando se analisam informações da produção científica dos diferentes países do<br />

mudo, observam-se dados comparativos interessantes. Os Estados Unidos são<br />

responsáveis por 34% da produção científica mundial; o Japão ocupa o 2. o lugar,<br />

respondendo por 9,5% da produção científica, no ano de 2001. A Alemanha, Inglaterra,<br />

França estão abaixo de 8,8%. E o Brasil representou 1,4% da produção científica<br />

mundial em 2001, ultrapassando a marca de 10.000 artigos (BRASIL, 2002, p.37).<br />

A produção industrial brasileira em diversos segmentos produtivos já conta<br />

com uma boa capacidade instalada. No entanto, para aumentar a quantidade da<br />

175


inovações brasileiras é necessário ampliar e sustentar a capacidade competitiva do<br />

setor produtivo nacional. A inovação que cumpre esse papel é tanto a inovação<br />

incremental, derivada de aperfeiçoamentos em produtos e processos de produção,<br />

como a inovação radical, que envolve conhecimentos mais consistentes e prazos<br />

mais longos. Visando dar consistência e sustentabilidade no processo da conquista<br />

de novas bases de competitividade nacional e garantir o desenvolvimento de base<br />

de conhecimento sustentável, o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação<br />

propõe as seguintes diretrizes estratégias de atuação:<br />

1. Implantar um efetivo Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação<br />

visando: a) assegurar a disponibilidade de meios materiais e humanos<br />

compatíveis com as necessidades e a dinâmica dos processos de<br />

inovação; b) induzir e ampliar de forma significativa as parcerias entre o<br />

setor público e privado nos esforços de ciência, tecnologia e inovação;<br />

c) fortalecer mecanismos de interação, articulação e cooperação entre os<br />

elementos constituintes do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e<br />

Inovação, em especial a academia e a universidade; d) ampliar e otimizar<br />

a infra-estrutura de pesquisa, serviços e tecnologia industrial básica;<br />

e) estimular o desenvolvimento de atividades de pesquisa <strong>nas</strong> <strong>empresas</strong>;<br />

f) criar novos mecanismos para facilitar a mobilidade dos pesquisadores<br />

entre <strong>empresas</strong> e instituições de pesquisa; g) estimular a adoção de redes<br />

de pesquisa e de serviços tecnológicos de âmbito nacional e regional,<br />

incorporando sempre que possível a dimensão virtual; h) promover<br />

iniciativas e ampliar a oferta de informação e serviços tecnológicos em<br />

apoio às peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>; i) apoiar a criação e o<br />

fortalecimento de entidades <strong>tecnológicas</strong> setoriais; j) aprimorar o marco<br />

regulatório relativo à propriedade intelectual e o que regula as condições e<br />

incentivos à inovação, a exemplo da Lei da Inovação.<br />

176


2. Promover a inovação para aumentar a competitividade e a inserção<br />

internacional das <strong>empresas</strong> brasileiras: a) ampliar o esforço privado em<br />

P&D com o objetivo de elevar a produtividade; b) promover mudança<br />

cultural no sentido de valorizar a inovação; c) apoiar, em todas as áreas, o<br />

esforço de exportação e substituição competitiva das importações;<br />

d) reforçar a infra-estrutura de serviço tecnológico para elevar a<br />

competitividade das <strong>empresas</strong> brasileiras; e) desenvolver ambiente<br />

institucional propício à atividade do capital de risco; f) regulamentar,<br />

ampliar e incentivar a adoção dos novos mecanismos e instrumentos de<br />

promoção da inovação propostos no âmbito da Lei de Inovação; g)<br />

Implantar os novos mecanismos de incentivo às atividades de P&D<br />

empresariais, como os criados pela Lei n. o 10.332/01: subvenção,<br />

equalização de juros e incentivos ao capital de risco; h) estimular e apoiar<br />

a criação de parques tecnológicos; i) incentivar a criação de novas<br />

<strong>empresas</strong> de base tecnológica, especialmente por meio de incubação e do<br />

desenvolvimento de capital de risco; j) apoiar a disseminação da cultura do<br />

empreendedorismo no sistema de ensino.<br />

3. Ampliar de forma sustentada os investimentos em Ciência, Tecnologia e<br />

inovação: a) estabelecer e estimular mecanismos de parceria no<br />

financiamento à CT&I; b) induzir e estimular uma significativa participação<br />

do setor empresarial nos dispêndios de P&D; c) assegurar dotação<br />

orçamentária compatível com as necessidades de investimentos em CT&I;<br />

d) aperfeiçoar o marco legal ao financiamento da CT&I; e) usar as políticas<br />

setoriais como mecanismo de estimular a maior participação do setor<br />

privado no financiamento de P&D; f) estimular a participação dos estados e<br />

municípios no esforço de CT&I.<br />

4. Expandir e modernizar o sistema de formação de pessoal para Ciência,<br />

177<br />

Tecnologia e Inovação: a) identificar critérios para priorizar a expansão de


programas de apoio à formação de mestres e doutores e de estímulo aos<br />

pesquisadores; b) contribuir para a expansão qualificada e diversificada das<br />

oportunidades de oferta de ensino superior, orientada a partir de um<br />

planejamento indicativo de prioridades; c) colaborar com a implantação de<br />

novas diretrizes curriculares, indicando revisões periódicas com vistas a<br />

formar cientistas, engenheiros e demais profissionais com perfis adequados<br />

às novas exigências do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e<br />

Inovação; d) fortalecer os mecanismos e instrumentos de identificação e<br />

atração de jovens talentos para pesquisa e inovação; e) apoiar iniciativas de<br />

treinamento e formação de recursos humanos com habilidades para<br />

atividades de adaptação, aperfeiçoamento e difusão de tecnologias;<br />

f) estimular iniciativas de ensino técnico e tecnológico compatíveis com as<br />

necessidades do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação;<br />

g) assegurar condições de desenvolvimento da carreira de pesquisador <strong>nas</strong><br />

universidades, centro de pesquisa e <strong>empresas</strong>.<br />

5. Ampliar, diversificar e consolidar a capacidade de pesquisa básica no<br />

País: a) estimular a constituição de grupos e redes temáticas e<br />

interdisciplinares de pesquisa; b) criar e consolidar centros de excelência<br />

de padrão mundial <strong>nas</strong> áreas de fronteira do conhecimento e das novas<br />

tecnologias capacitadoras; c) intensificar a formação de pesquisadores;<br />

d) reestruturar as ações de fomento à pesquisa, adequando-as às novas<br />

exigências do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; e)<br />

explorar as oportunidades de pesquisa no âmbito das cadeias do<br />

conhecimento, associadas aos setores intensivos em tecnologia.<br />

6. Modernizar e consolidar instituições e procedimentos de gestão da política<br />

de Ciência, Tecnologia e Inovação e os mecanismos de articulação com as<br />

demais políticas públicas: a) consolidar um quadro institucional que<br />

178<br />

contemple e integre os papéis das diversas entidades do sistema na gestão


da política de CT&I; b) aprimorar os instrumentos de gestão compartilhada<br />

no âmbito de sistema de CT&I; c) fortalecer as capacitações básicas<br />

associadas aos planejamento e à gestão do sistema CT&I, tais como<br />

prospecção, avaliação e informação, incorporando sempre que possível<br />

uma visão de longo prazo; d) diversificar e hierarquizar o conjunto das<br />

instituições públicas de pesquisa, estabelecendo missões e mandatos<br />

diferenciados; e) explorar as oportunidades, no âmbito dos Fundos<br />

Setoriais, para criação e fortalecimento de centros de pesquisa públicos e<br />

privados; f) promover atividades de monitoramento de políticas públicas e<br />

de iniciativas relevantes nos campos econômico e social com repercussão<br />

no sistema de CT&I; g) estimular a parceria entre os diversos níveis de<br />

governo na construção de arranjos institucionais flexíveis para pesquisa e<br />

inovação; h) coordenar os mecanismos de fomento na implantação e<br />

manutenção de infra-estrutura de pesquisa e serviços tecnológicos com<br />

atenção a sua complexidade necessidade de longo prazo; i) implantar novos<br />

mecanismos de gestão da infra-estrutura de pesquisa que estimulem o seu<br />

uso compartilhado; j) aprimorar e incentivar os mecanismos de participação<br />

da sociedade na formulação das políticas de CT&I; k) desenvolver e<br />

implementar mecanismos de comunicação de resultados das ações e<br />

atividades de CT&I para os diversos segmentos da sociedade.<br />

7. Educar para a sociedade do conhecimento a) induzir um ambiente<br />

favorável a um aprendizado permanente; b) difundir a cultura científica e<br />

tecnológica na sociedade; c) ampliar condições de acesso e uso de<br />

Tecnologia de Informação e Comunicação para os distintos segmentos da<br />

sociedade; d) estimular a utilização da Tecnologia de Informação e<br />

Comunicação na universalização do acesso à educação científica e<br />

tecnológica; e) incentivar o envolvimento dos meios de comunicação na<br />

179<br />

cobertura dos assuntos de CT&I; f) contribuir para modernizar e aperfeiçoar


o ensino de ciências; g) promover e apoiar a implantação de museus e<br />

exposições de C&T.<br />

8. Intensificar e explorar novas oportunidades da cooperação internacional<br />

em Ciência, Tecnologia e Inovação: a) intensificar os esforços de reforma<br />

da cooperação internacional; b) melhorar a qualidade da cooperação,<br />

fortalecer sua dimensão institucional e ampliar a participação brasileira em<br />

redes internacionais de pesquisa; c) diversificar o leque de parceiros<br />

internacionais do Brasil e promover a cooperação com países em<br />

desenvolvimento; d) incentivar a participação das <strong>empresas</strong> brasileiras em<br />

alianças <strong>tecnológicas</strong> internacionais; atrair <strong>empresas</strong> estrangeiras para<br />

realizar pesquisa no País<br />

9. Ampliar a dimensão estratégica das atividades de Ciência, Tecnologia e<br />

Inovação: a) desenvolver competências em áreas estratégicas,<br />

assegurando pleno domínio científico e tecnológico para reduzir riscos e<br />

vulnerabilidades e possibilitar o aproveitamento das oportunidades que<br />

elas oferecem para o País; b) formular programas mobilizadores em áreas<br />

estratégicas que contemplem as diversidades regionais e promovam a<br />

agregação de competências individuais e institucionais para a resolução<br />

de problemas sociais; c) articular e agregar competências científicas e<br />

<strong>tecnológicas</strong> em torno de projetos mobilizadores de interesse social e das<br />

políticas públicas; d) promover a aproximação entre os pesquisadores das<br />

áreas das ciências sociais e os formuladores de políticas públicas;<br />

e) ampliar e coordenar as ações de desenvolvimento científico e<br />

tecnológico orientadas para a gestão do patrimônio natural e cultural<br />

brasileiro; f) orientar ações em ciência e tecnologia para o uso sustentado<br />

do patrimônio natural que levem em conta as responsabilidades do País<br />

neste campo; g) fortalecer ações de pesquisa que valorizem a<br />

180<br />

biodiversidade e contribuam perante a sociedade brasileira e a


comunidade internacional para o desenvolvimento sustentável dos<br />

ecossistemas brasileiros, inclusive a exploração dos recursos do mar;<br />

h) promover a utilização das tecnologias de informação e comunicação<br />

como fator estratégico para o desenvolvimento econômico-social<br />

sustentável e para maior eficiência das políticas públicas<br />

3.5.2.4 Programas de apoio à inovação tecnológica e transferência de tecnologia<br />

ALFA/PATME<br />

Executor: SEPTE/MCT - Sebrae<br />

Objetivo: O Programa ALFA tem por objetivo estimular a inovação tecnológica <strong>nas</strong><br />

micro <strong>empresas</strong> e <strong>empresas</strong> de pequeno porte, com enfoque na elaboração de<br />

Estudos de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE) de projetos de desenvolvimento<br />

de inovações <strong>tecnológicas</strong>. O programa é realizado com recursos federais e<br />

estaduais e depende de negociações anuais entre os Estados da Federação e<br />

entidades de âmbito nacional (ex: o Sebrae) e a Secretária de Política Tecnológica<br />

Empresarial - SEPTE do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT.<br />

Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas – PNI<br />

Instituições participantes: MCT/CNPq/Finep, MDIC, Sebrae. Senai, IEL, BN e<br />

Anprotec.<br />

Objetivo: Promover o <strong>nas</strong>cimento e o desenvolvimento de micro e peque<strong>nas</strong><br />

<strong>empresas</strong> inovadoras a fim de gerar e difundir o progresso técnico, visando à<br />

competitividade econômica e à qualidade de vida da população, por meio do apoio<br />

ao surgimento e consolidação de incubadoras de <strong>empresas</strong> no país.<br />

181


Projeto INOVAR<br />

Agência Executora: Finep<br />

Objetivo: O projeto Inovar visa construir um ambiente institucional que favoreça o<br />

desenvolvimento da atividade de Capital de Risco, de forma a estimular o<br />

fortalecimento das <strong>empresas</strong> <strong>nas</strong>centes e emergentes de base tecnológica<br />

brasileiras, contribuindo, em última instância, para o desenvolvimento tecnológico<br />

nacional, bem como para a geração de empregos e renda.<br />

PROGEX NACIONAL<br />

O Programa de Apoio Tecnológico à Exportação - PROGEX Nacional é uma ação do<br />

Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT através da Financiadora de Estudos e<br />

Projetos - Finep. Sua realização far-se-á em parceria com o Ministério do<br />

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. O objetivo principal é<br />

aumentar as exportações brasileiras. Inicialmente, o programa atenderá à demanda<br />

de <strong>empresas</strong> nos estados de Mi<strong>nas</strong> Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e<br />

São Paulo.<br />

Programa de Apoio à Competitividade e Difusão Tecnológica - PCDT<br />

Agência executora: CNPq<br />

Objetivo: O PCDT tem como objetivo geral o apoio à ampliação da capacidade<br />

nacional para o desenvolvimento de tecnologias usadas na produção de bens e<br />

serviços, dentro de padrões modernos de qualidade e produtividade em setores<br />

considerados prioritários na estratégia global da Política Industrial e de Comércio<br />

Exterior (PICE).<br />

Programa de Apoio às Tecnologias Apropriadas - PTA<br />

Agência executora: CNPq<br />

Objetivo: O PTA tem como objetivos gerais desenvolver tecnologias apropriadas a<br />

serem adotadas por pequenos produtores, micro e peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong>, de acordo<br />

182


com as características de sua realidade social, econômica, cultural e ambiental,<br />

visando contribuir para a melhoria da qualidade de vida das populações situadas <strong>nas</strong><br />

periferias urba<strong>nas</strong> e no meio rural. O programa também objetiva garantir que os<br />

processos de captação, seleção, aperfeiçoamento, geração, transferência e difusão<br />

de tecnologias sejam criados e geridos <strong>nas</strong> próprias comunidades e que objetivem,<br />

em última instância, sua autodeterminação tecnológica. Dessa forma, as ações no<br />

âmbito desse programa visam apoiar a capacidade local e regional para gerar e<br />

difundir o progresso técnico, objetivando o aumento da oferta de tecnologias a<br />

serem utilizadas pelo setor produtivo, mediante o apoio a cooperativas de produtores<br />

e em parcerias com os estados.<br />

Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT/TIB<br />

Objetivo: A área de Tecnologia Industrial Básica - TIB, do PADCT, visa estimular a<br />

consolidação da infra-estrutura básica fundamental ao desenvolvimento da indústria<br />

e das <strong>empresas</strong> brasileiras. A TIB reúne um conjunto de funções <strong>tecnológicas</strong> de uso<br />

indiferenciado pelos diversos setores da economia (indústria, comércio, agricultura e<br />

serviços) e compreende, em essência, as funções de metrologia, normalização,<br />

regulamentação técnica e avaliação da conformidade (ensaios, inspeção,<br />

certificação e outros procedimentos tais como autorização, registro e homologação<br />

definidos no ABNT – ISO/IEC – Guia 02). A essas funções básicas agregam-se ainda<br />

a informação tecnológica, as tecnologias de gestão (com ênfase em gestão de<br />

qualidade) e a propriedade intelectual, áreas denominadas genericamente como<br />

serviços de infra-estrutura tecnológica.<br />

A área de TIB compreende um conjunto essencial de atividades de suporte à<br />

competitividade da economia brasileira no mercado internacional, assim como é<br />

condição para o próprio amadurecimento do mercado interno. Atualmente é<br />

amplamente entendido que as funções da TIB dizem respeito às chamadas barreiras<br />

técnicas ao comércio, possuindo papel estruturante na organização das funções<br />

183


presentes na produção de bens e serviços e com impacto direto no fluxo<br />

internacional de comércio.<br />

Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT/CDT<br />

Agências executoras: CNPq e Finep<br />

Objetivo: O Componente de Desenvolvimento Tecnológico/CDT do PADCT, objetiva<br />

promover o desenvolvimento tecnológico das <strong>empresas</strong> e aumentar os investimentos<br />

privados em C&T, mediante o estímulo à formação de parcerias entre os setores<br />

acadêmico e produtivo visando a melhoria do desempenho global do sistema<br />

brasileiro de inovação e difusão de tecnologias.<br />

Entidades Tecnológicas Setoriais - ETS<br />

Executor: SEPTE/MCT<br />

Objetivo: Denomina-se Entidade Tecnológica Setorial - ETS, uma organização civil,<br />

sem fins lucrativos, que em nome de um determinado setor da indústria, de âmbito<br />

nacional ou regional, ou ainda desenvolvendo atividades <strong>tecnológicas</strong><br />

especializadas de abrangência setorial, venha a exercer a gestão das ações<br />

direcionadas para a Inovação Tecnológica; para o aumento da Competitividade<br />

Industrial; para as questões da Qualidade Total em toda a sua abrangência e<br />

atentando para as questões inerentes à ampliação das alternativas de Mercado de<br />

Trabalho e as de preservação da Qualidade de Vida. As atividades de uma ETS,<br />

dependendo do estágio tecnológico que se encontre o setor industrial enfocado,<br />

deverão abranger a gestão de ações voltadas para o apoio à pesquisa e<br />

desenvolvimento de novos processos e produtos; organização da prestação de<br />

serviços tecnológicos e laboratoriais; a implantação de programas de normalização,<br />

certificação e metrologia; programas de gestão Empresarial e Qualidade Total;<br />

desenvolvimento de recursos humanos; e a organização de sistemas de Informação<br />

Tecnológica para a tomada de decisão, entre outras.<br />

184


Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas -<br />

RHAE<br />

Agência executora: CNPq<br />

Objetivo: O RHAE tem por objetivo melhorar as condições de competitividade do<br />

País no ambiente internacional, mediante elevação da capacidade tecnológica em<br />

temas selecionados por sua relevância estratégica, de acordo com as diretrizes do<br />

Ministério da Ciência e Tecnologia MCT.<br />

O Brasil se reencontrará. E pensando o futuro irá retornar o desenvolvimento<br />

econômico, tecnológico e social. É preciso crer, planejar e trabalhar.<br />

3.5.3 Sistema Estadual de Inovação Tecnológica e Estímulo ao Desenvolvimento<br />

de Produtos Competitivos <strong>nas</strong> Bases Locais<br />

3.5.3.1 Mudanças na economia e demandas de tecnologias adequadas<br />

O objetivo deste item é o de analisar sucintamente o Sistema Paranaense de<br />

inovação tecnológica, seus instrumentos e mecanismos para o apoio ao<br />

desenvolvimento de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> localizadas nos<br />

municípios do Paraná, especialmente municípios do interior do Estado. E, a partir da<br />

identificação do sistema paranaense de inovação tecnológica sua política, seus<br />

mecanismos e seus instrumentos institucionais, discutir as alternativas de uso destes<br />

instrumentos e mecanismo como elos facilitadores da inovação das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong>.<br />

A análise do desenvolvimento da economia do Paraná e as tecnologias<br />

adequadas para cada época se desenvolve a partir do ciclo do ouro, passando pelo<br />

tropeirismo e chegando ao ciclo da madeira e da erva-mate ainda no século<br />

dezenove. Ao final do século XIX e com dinâmica crescente durante os primeiros 50<br />

anos do século XX se consolida o ciclo do café como parte da expansão da<br />

185


economia cafeeira de São Paulo, Mi<strong>nas</strong> Gerais e Rio de Janeiro. Nos últimos 50<br />

anos, dois ciclos se materializam no Paraná. O primeiro representado pela ascensão<br />

vigorosa da economia cafeeira entre os anos 1930 a 1975 e declínio desta mesma<br />

economia após crises climática no ano de 1975. O segundo ciclo se dará a partir do<br />

surgimento de uma agricultura moderna e intensiva de capital nos meados da<br />

década de 1970 e se consolida nos anos 80, caracterizada por uma agricultura<br />

diversificada com a substituição de muitos plantios de café pela adição da cultura do<br />

trigo, do soja e da cana-de-açúcar (CASTOR, 1982 cap. IV). No ciclo de uma<br />

agricultura moderna e diversificada são gestadas tecnologias adequadas ao<br />

momento econômico e social que o Estado vive. E emergem ainda nos anos de 70<br />

uma base industrial moderna integrada na economia nacional e na economia<br />

internacional a partir da criação da cidade industrial de Curitiba. E nesta época são<br />

criadas as universidades estaduais do Paraná localizadas em Ponta Grossa,<br />

Londrina e Maringá, somando-se à Universidade Federal do Paraná já implantada<br />

em Curitiba a partir de 1912. Também são criados o Instituto de Tecnologia do<br />

Paraná, criado em 1942 com o nome de Instituto de Biologia e Pesquisas<br />

Tecnológicas IBPT (atual Tecpar), e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná<br />

que se consolida em Curitiba a partir da década de 1970, formando os centros de<br />

informações e conhecimento que irão fomentar o desenvolvimento da ciência e<br />

tecnologia que irão dar sustentação ao desenvolvimento econômico e social dos<br />

anos subseqüentes.<br />

O advento de um intenso processo de globalização e rearranjo do modo de<br />

organização da produção capitalista com um rigoroso processo de invenções e<br />

inovações também interferem na economia do Estado impulsionando a partir dos<br />

anos 90 para um novo ciclo de industrialização e a busca incansável de informações<br />

e conhecimentos capazes de gerar tecnologias de produção e serviços adequadas<br />

aos novos tempos. Assim, a partir de meados dos anos 90 em decorrência da<br />

estabilização da economia nacional, de um ciclo favorável de migrações<br />

186


internacionais de capitais especialmente do setor metal-mecânico e da existência no<br />

de condições favoráveis para a fixação e reprodução do capital no Estado, o Paraná<br />

vive um novo ciclo de desenvolvimento. Não se trata do abandono da agricultura,<br />

mas da adição a uma agricultura diversificada e moderna um ciclo de<br />

industrialização que se consolida com a criação de um pólo metalmecânico na<br />

região polarizada por Curitiba e Região Metropolitana e na busca do<br />

desenvolvimento e fortalecimento de um ciclo moderno de agroindustrialização no<br />

interior do Estado do Paraná.<br />

Esse novo ciclo é demandante de novas bases de informações e<br />

conhecimentos capazes de gerar ciência e tecnologia adequadas para incorporar e<br />

participar ativamente dos novos investimentos que estão se implantando no Estado<br />

do Paraná. Este movimento necessita identificar, incorporar, gerar e difundir<br />

tecnologias adequadas aos novos tempos do desenvolvimento internacional,<br />

nacional e regional (estadual). Surge então uma nova economia no Paraná,<br />

industrial, diversificada e concomitante ao rápido movimento de modernização<br />

agroindustrial de base mais avançada.<br />

A pergunta que orienta esta fase do trabalho é como as organizações públicas<br />

e privadas ofertam inovações <strong>tecnológicas</strong> para o setor industrial das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>? Posteriormente no capítulo 5 desta pesquisa pretende-se<br />

confrontar com a questão: como os empresários <strong>industriais</strong> paranaense se apóiam<br />

nos organismos públicos e privados para a inovação tecnológica?<br />

3.5.3.2 O Desenvolvimento Científico e Tecnológico Paranaense na Atualidade<br />

A Constituição do Estado do Paraná de 1989, em seu artigo 205, determina<br />

que 2% da receita tributária do Estado seja aplicada em pesquisa científica e<br />

tecnológica. A regulamentação deste artigo e aprovação pela Assembléia Legislativa<br />

do Estado em dezembro de 1997, mediante a Lei n. o 12.020/98, possibilitaram a<br />

destinação financeira para ciência e tecnologia no Estado do Paraná em cinco linhas<br />

187


estratégicas: a) Financeira – criando e implantando órgãos de fomento e<br />

financiamento em ciência e tecnologia, como o Fundo Paraná, a Fundação<br />

Araucária e o Paraná Tecnologia; b) Estabilização do Sistema Universitário público<br />

paranaense, com a regularização da autonomia das universidades e o crescimento<br />

dos investimentos no ensino superior; c) Consolidação dos institutos de pesquisa,<br />

especialmente o Sistema de Metrologia do Paraná - Simepar e o Instituto de<br />

Tecnologia do Paraná - Tecpar; d) Estímulo à criação de diversos órgãos não-<br />

governamentais e agências, como decorrência do surgimento de novos atores no<br />

panorama científico e tecnológico no Estado; e) Interação produtiva segundo os<br />

interesses do desenvolvimento nacional e do Estado com as Agências Federais e<br />

com o Ministério da Ciência e Tecnologia.<br />

A Lei n. o 12.020/98, decorrente da regulamentação do Artigo 205 da<br />

constituição de 1989 e de estudos realizados pela Secretaria de Ciência e<br />

Tecnologia e Ensino Superior, em articulação com a comunidade científica e<br />

tecnológica do Paraná, possibilita o atendimento de anseios acalentados pela<br />

comunidade científica e tecnológica durante muitos anos.<br />

Com esses instrumentos legais, da Secretaria de Estado de Ciência e<br />

Tecnologia e com a aprovação do Conselho de Ciência e Tecnologia do Paraná,<br />

foram definidos os principais eixos da política estadual de Ciência e Tecnologia,<br />

tendo como diretrizes fundamentais:<br />

a) Ciência e Tecnologia da Saúde - promoção de desenvolvimento em áreas<br />

das ciências da vida, como a biotecnologia molecular, fármacos e seus<br />

derivados, imunobiológicos e outros, visando à autosuficiência científica e<br />

de produção;<br />

b) Ciências agrárias e Tecnologias Agro<strong>industriais</strong> - apoio a iniciativas do<br />

setor agropecuário na agregação de valor aos produtos e insumos básicos<br />

produzidos na região;<br />

188


c) Ciências e Tecnologias Ambientais - prioridade na concepção e imple-<br />

mentação de projetos de desenvolvimento fundamentados numa filosofia<br />

de crescimento sustentável e ecologicamente consistente;<br />

d) Ciências e Tecnologia de Informação - apoio a instituições públicas e<br />

privadas aglutinadas em torno de iniciativas no segmento de software, que<br />

já possuem reconhecimento nacional e internacional;<br />

e) Ciências da Educação e Gestão do Conhecimento - busca do retorno dos<br />

"ativos de conhecimento" e de capital intelectual disponível e mobilizável<br />

para a promoção do desenvolvimento econômico e social;<br />

f) Gestão e Tecnologias Urba<strong>nas</strong> - estímulo ao desenvolvimento harmônico<br />

e sustentável dos núcleos urbanos do Estado;<br />

g) Tecnologias de Materiais - atendimento aos programas e projetos de<br />

novos materiais necessários ao novo estágio do desenvolvimento<br />

industrial do Estado;<br />

h) Estabilização do Sistema Universitário Público Paranaense - visando<br />

desenvolver ações que possibilitem o desenvolvimento científico e<br />

tecnológico de pólos regionais capazes de dar sustentação às<br />

necessidades das indústrias instaladas no Estado do Paraná.<br />

3.5.3.3 Organização do sistema público estadual de ciência e tecnologia<br />

A coordenação das atividades de Ciência e Tecnologia no Estado do Paraná é<br />

a função principal da Secretaria de Estado de Ciência Tecnologia e Ensino Superior.<br />

A maioria dos Estados brasileiros possui uma Fundação de Apoio à Pesquisa.<br />

O Estado do Paraná não possuía uma fundação, mas o Sistema Estadual de Ciência<br />

e Tecnologia estava organizado no Conselho Paranaense de Ciência e Tecnologia -<br />

Concitec; do Paraná Tecnologia que é o gestor do Fundo Paraná de apoio ao<br />

financiamento de programas e projetos de pesquisa para desenvolvimento em<br />

Ciência e Tecnologia, e a Fundação Araucária que tem por finalidade amparar a<br />

189


pesquisa e a formação de recursos humanos. Nos anos de 2001/02 a gestão do<br />

Fundo Paraná esteve a cargo da entidade Paraná Tecnologia, que atua com o<br />

objetivo de formar recursos humanos, fomento a <strong>pesquisas</strong> e a concessão de bolsa<br />

de estudos e auxílio. Os recurso de 2% do orçamento do Estado, originados a partir<br />

do artigo 205 da Constituição Estadual e da Lei n. o 12.020/98 foram distribuídos da<br />

seguinte forma: a) Fundação Araucária, com 30% dos recursos do Fundo para<br />

fomento à pesquisa científica e tecnológica no Estado; b) Tecpar, 20% dos recursos<br />

do Fundo para aplicação em projetos de desenvolvimento tecnológico; c) Outros<br />

Programas e Projetos Estratégicos para o desenvolvimento científico e tecnológico<br />

estadual receberam 50% dos recursos do Fundo Paraná.<br />

A Fundação Araucária utiliza seus recursos para o desenvolvimento de<br />

programas de disseminação científica (Apoio à organização de eventos e Apoio a<br />

publicações Técnico-científicas e culturais), programas especiais de extensão<br />

universitária dando condições às instituições diversas desenvolverem ações<br />

de soluções de problemas sociais no Estado do Paraná; Programas de apoio<br />

ao intercâmbio internacional; Programas de apoio a projetos temáticos de<br />

pesquisa; Programas de apoio ao recém-doutor; Programas de apoio aos<br />

mestrados interinstitucionais.<br />

O Paraná Tecnologia no ano de 2000 financiou múltiplos projetos, dentre os<br />

quais se destacam: o Programa Paraná Classe Mundial, que visa incrementar a<br />

exportação, a comercialização, o número de empreendimentos e empregos no setor<br />

de Software; o Programa Agroindustrial, que visa incrementar a competitividade do<br />

complexo agroindustrial paranaense; o centro de Design do Paraná, que tem como<br />

objetivo a disseminação de moder<strong>nas</strong> técnicas de design para garantir a excelência<br />

da indústria paranaense; o Instituto de Biologia Molecular que, em parceria com<br />

Fundação Osvaldo Cruz, fortalece a área de biotecnologia no Estado do Paraná.<br />

190


O setor público paranaense, além de aplicar seus próprios recursos, procurou<br />

parcerias com órgãos federais visando atrair novos recurso de financiamento ao<br />

desenvolvimento tecnológico no Estado, destacam-se os projetos:<br />

a) Inspeção Técnica Veicular;<br />

b) Instituto de Biologia Molecular do Paraná - IBMP;<br />

c) Programa Paraná Classe Mundial em Tecnologia da Informação e<br />

Comunicação - W.Class;<br />

d) Fundo BRDE/Tecpar /W. CLASS - Financiamento de Empresas de Software<br />

com o objetivo de financiar <strong>empresas</strong> paranaenses de tecnologia da<br />

informação e comunicação;<br />

e) Parque da Ciência - Este parque vai reunir e expor à população as<br />

interfaces da ciência e da tecnologia, do meio ambiente, do lazer, da<br />

história e da cultura;<br />

f) Centro de Design do Paraná - tem como objetivo o apoio às indústrias<br />

paranaenses comprometidas com o desenvolvimento de novos produtos;<br />

g) Prêmio Paranaense de Ciência e Tecnologia - o prêmio é atribuído<br />

anualmente a pesquisadores e alunos visando estimular o desenvolvimento<br />

científico e tecnológico;<br />

h) Programa de apoio ao aperfeiçoamento de Professores do segundo grau<br />

em matemática e ciências - Pró-ciências;<br />

i) Programa de apoio ao Plano Sul de Pós-Graduação - visa aumentar a<br />

quantidade e qualidade de docentes com titulação de Mestre <strong>nas</strong> instituições<br />

de ensino superior, visando melhorar o padrão de ensino e pesquisa;<br />

j) Produção de vaci<strong>nas</strong> virais e antígenos por intermédio do Tecpar;<br />

k) Produção de Serviços Tecnológicos através do Tecpar <strong>nas</strong> áreas de<br />

química e petroquímica, papel e celulose, madeira, alimentos,<br />

medicamentos, cosméticos, materiais metálicos, materiais cerâmicos,<br />

insumos agrícolas, química e biologia ambiental, sistemas e equipamentos<br />

elétricos e eletrônicos, sistemas e equipamentos metalmecânicos.<br />

191


O Estado do Paraná conta também conta com as seguintes instituições:<br />

a) Instituto de Tecnologia do Paraná - Tecpar; b) Minerais do Paraná S.A. -<br />

Mineropar: c) Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Paraná - Ipem-PR;<br />

d) Instituto Agronômico do Paraná - Iapar; e) Empresa Brasileira de Pesquisa<br />

Agropecuária -Embrapa – Centro Nacional de Pesquisa da SOJA e Centro Nacional<br />

de Pesquisa Florestal; f) Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão<br />

Rural – Emater-PR; g) Instituto ambiental do Paraná; h) Instituto de Pesos e Medidas<br />

do Paraná - Ipem; i) Instituto de Saúde do Paraná; j) Companhia de Informática do<br />

Paraná; k) Laboratório Central de Eletrotécnica e Eletrônica - LAC-Copel; l) Centro<br />

Hidráulico e Hidrologia Parigot de Souza - CEHPAR/Copel; m) Incubadora<br />

Tecnológica de Curitiba - Intec/Tecpar; n) Incubadora Tecnológica de São Mateus do<br />

Sul - Petrobrás; o) Superintendência de Industrialização do Xisto – Petrobrás;<br />

p) Sistema Meteorológico do Paraná - Simepar; q) Instituto Paranaense de<br />

Desenvolvimento Econômico e Social - Ipardes<br />

O ensino Superior no Estado do Paraná é composto por: a) duas (2) entidades<br />

Federais; b) seis (6) Universidades Estaduais; c) oitenta (80) instituições privadas.<br />

Este conjunto somam oitenta e nove (89) instituições de ensino superior existentes<br />

no Estado do Paraná e distribuídas em diferentes áreas geoeducacionais no Estado.<br />

(Dados extraídos do relatório 2002 da Secretaria de Estado de Ciência Tecnologia e<br />

Ensino Superior do Paraná).<br />

O Ensino Superior público no Estado do Paraná é composto: a) Universidade<br />

Federal do Paraná - UFPR; b) Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná –<br />

Cefet-PR; c) Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG; d) Universidade<br />

Estadual de Londrina - UEL; e) Universidade Estadual de Maringá - UEM;<br />

f) Universidade Estadual do Centro Oeste - Unicentro; g) Universidade Estadual do<br />

Paraná - Unespar h) Universidade Eletrônica do Brasil - mantém curso regulares de<br />

graduação e especialização com o uso de mídias interativas vídeo conferências,<br />

Internet e teleconferências para estudantes em qualquer ponto do Estado e do País.<br />

192


Gerencia uma rede logística de serviços educacionais, que propiciam um amplo<br />

acesso ao ensino superior com qualidade e custos reduzidos utilizando-se de<br />

moder<strong>nas</strong> tecnologias e projetos pedagógicos para disseminação de conhecimentos.<br />

Além das Universidades e das entidades públicas de ensino e pesquisa, é<br />

oportuno registrar a importância da Secretaria de Estado de Educação na promoção<br />

e organização do sistema secundário e do ensino fundamental de educação formal<br />

no Estado do Paraná. A este trabalho de educação formal adiciona-se o trabalho da<br />

Secretaria de Estado do Emprego e das Relações de trabalho que está presente em<br />

praticamente todos os municípios paranaenses e que têm exercido um papel<br />

estratégico no agenciamento de identificação e colocação profissional por meio das<br />

Agências de Empregos nos municípios. Igualmente por meio desta Secretaria<br />

desenvolve-se um projetos de criação e fomento ao <strong>nas</strong>cimento de <strong>empresas</strong> e no<br />

treinamento e qualificação de mão-de-obra em cursos de curta duração.<br />

O Estado (representado pelos governos federal, estadual e municipal) tem um<br />

papel fundamental no processo de facilitação das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

dentro do paradigma de especialização flexível, que pode ser subdividido em cinco<br />

pontos básicos – infra-estrutura, financiamento educação tecnológica, articulação<br />

institucional, regulamentação legal e macroeconômica.<br />

a) Infra-estrutura<br />

À medida que os governos nacionais, estaduais e municipais contribuem para a<br />

existência de estradas, comunicações, zo<strong>nas</strong> <strong>industriais</strong>, distritos <strong>industriais</strong> regionais e<br />

ou setoriais, centros de pesquisa etc. estão construindo uma estrutura básica para a<br />

criação de um ambiente propício ao desenvolvimento de <strong>empresas</strong> inovadoras e<br />

competitivas nos mercados locais, regionais, nacionais e internacionais.<br />

b) Financiamento<br />

Todo o processo de inovação, transformação e mudança produtiva<br />

organizacional tem um custo, tanto no processo da pesquisa, desenvolvimento como<br />

193


na comercialização e distribuição. Normalmente o empresário inovador precisa<br />

recorrer a financiamentos para fazer frente aos desafios que quer enfrentar<br />

acreditando no sucesso de suas idéias e conhecimentos tecnológicos. Neste sentido<br />

o inovador é em geral o típico empresário schumpeteriano e precisa de apoio<br />

financeiro. Muitas vezes o inovador atual, tanto nos países já desenvolvidos quanto<br />

<strong>nas</strong> nações em desenvolvimento, não é um capitalista tradicional e nem tem<br />

poupanças para se autofinanciar, então a presença de linhas de financiamentos é<br />

fundamental para o surgimento e desenvolvimento de uma nova empresa ou de um<br />

completo distrito industrial.<br />

c) Educação tecnológica<br />

Os governos nacionais, regionais e locais são indispensáveis na criação de<br />

condições especiais ao desenvolvimento do paradigma de especialização flexível.<br />

Além de assegurarem a existência de legislação que regulem os novos<br />

relacionamentos entre produtores (<strong>empresas</strong>) e entre capital e trabalho, é necessária<br />

a existência de uma infra-estrutura educacional e de pesquisa para a inovação e o<br />

desenvolvimento de tecnologias de produtos e processos competitivos.<br />

Nesse sentido é indispensável a existência de escolas de educação técnica<br />

que preparem, treinem e reciclem trabalhadores. E é necessária a existência de<br />

centros de <strong>pesquisas</strong> e laboratórios tecnológicos capazes de fomentarem e gerarem<br />

as inovações e as tecnologias demandadas pelo setor produtivo.<br />

d) Coordenação e articulação institucional<br />

Esta alternativa de apoio governamental envolve os processos de governos<br />

locais e regionais, principalmente aqueles que, utilizando-se das facilidades<br />

institucionais, conduzem processos de articulação entre <strong>empresas</strong> de mesmos<br />

ramos de atividades, ou entre <strong>empresas</strong> de indústrias complementares a se unirem<br />

em acordos de cooperação, complementaridade e interdependência para alcançar<br />

194


com eficiência objetivos comuns. Este processo pode envolver cooperação<br />

tecnológica, de suprimentos, financeiro mercados entre <strong>empresas</strong> de pequeno porte,<br />

bom como a articulação entre grandes <strong>empresas</strong> e peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> no<br />

desenvolvimento de fornecedores, indústrias complementares, prestações de<br />

serviço, como <strong>empresas</strong> subcontratadas, terceirizadas, cooperadas etc. ou outras<br />

modalidades assemelhadas.<br />

e) Regulamentação legal e macroeconômica<br />

Outro papel fundamental exercido pelo governo é de regulador das relações de<br />

troca entre <strong>empresas</strong> de uma mesmo porte ou entre as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> e os monopólios e oligopólios, e estes segmentos e os trabalhadores.<br />

O relacionamento entre as <strong>empresas</strong> cooperadas ou entre estas e os grandes<br />

grupos é sempre uma oportunidade de ocorrência de desequilíbrio que favoreçam<br />

uns em detrimento de outros. Da mesma forma os trabalhadores ficam expostos a<br />

um novo tipo de organização, produtiva e relações entre capital e trabalho. Em<br />

ambos os casos, a harmonia do relacionamento irá depender da ação preventiva e<br />

normativa do Estado e dos Governos.<br />

Outro aspecto importante é em relação aos setores estratégicos e prioritários<br />

nos quais os governos querem induzir os investimentos privados. Cabe ao governo,<br />

por meio de instrumentos financeiros, fiscais, de mercado, estimular a concentração<br />

de investimentos da regiões e setores considerados fundamentais para a estratégia<br />

do desenvolvimento nacional. Nesse sentido, podem se destacar no caso brasileiro<br />

inúmeros programas desenvolvidos em nível nacional e em nível regional pelos<br />

estados e municípios. Em nível nacional, destacam-se as ações desenvolvidas pelo<br />

Sistema Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa - Sebrae, Financiador de<br />

Estudos e Projetos - Finep, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social -<br />

BNDES, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil.<br />

195


No caso do Paraná, destacam-se os seguintes programas desenvolvidos ao<br />

longo das décadas de 1970 e 1980. Ao nível do Estado do Paraná, podem ser<br />

destacados vários esforços no sentido de estimular o surgimento de peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> como alternativas de aceleração do processo de crescimento<br />

econômico de uma economia regional em desenvolvimento.<br />

1. A Codepar - Companhia de Desenvolvimento Econômico do Paraná –<br />

criada em 1962 e transformada no Badep em 1968 – Banco Estadual de<br />

Desenvolvimento Econômico - durante muito tempo foi a principal<br />

instituição financeira do país no financiamento de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> que incorporassem tecnologias inovadoras e competitivas<br />

(AUGUSTO, 1978).<br />

2. Criação do Instituto de Tecnologia do Paraná - Tecpar, 1978, em<br />

continuidade ao antigo IBPT - Instituto de Biologia e Pesquisa do Paraná.<br />

3. Criação das Universidades federal, estaduais, privadas como instrumento<br />

para o desenvolvimento de capacidades técnico- científicas.<br />

4. Criação do Cefet – Centro Federal de Ensino Tecnológico do Paraná.<br />

5. Criação de Escola Técnica em Curitiba e Região Metropolitana, bem como<br />

em outras localidades do Estado.<br />

6. Apoio à instalação regional do antigo IPAG - Instituto Paranaense de Apoio<br />

Gerencial em 1974 que foi transformado em Centro Brasileiro de Apoio a<br />

Micro e Pequena Empresa do Paraná e, finalmente mudou novamente do<br />

nome em 1990 - Sebrae - Serviço de Apoio as Micro e Peque<strong>nas</strong><br />

Empresas Regional Paraná.<br />

7. Desregulamentação fiscal e tributária para as micro<strong>empresas</strong> em nível<br />

nacional, estadual e municipal.<br />

8. Programas de identificação e divulgação de oportunidades de investimentos<br />

em nível estadual, regional e municipal.<br />

196


9. Criação de "incubadoras Tecnológica" com o objetivo de apoiar o<br />

desenvolvimento de pesquisa de caráter inovador.<br />

10. Recriação de programas de financiamento para peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> via Banestado, agora com o nome de "Bom Emprego Fiscal" e<br />

"Bom Emprego Urbano".<br />

11 Apoio à comercialização de produtos das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

12. Apoio à formação de centrais de compra e distribuição.<br />

Dentre as muitas atividades desenvolvidas e ou em desenvolvimento no<br />

Paraná, foram relatadas ape<strong>nas</strong> algumas iniciativas que, de alguma forma,<br />

estimulam o surgimento de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>, especialmente com<br />

agregação de tecnologias inovadoras.<br />

3.5.3.4 Organização do sistema privado de ciência e tecnologia<br />

O sistema privado de ensino superior no Estado do Paraná está composto por<br />

um grupo de Universidades e Faculdades dentre as quais destacam-se: a) Pontifícia<br />

Universidade Católica do Paraná - PUC-PR; b) Unicenp; c) Unibrasil; d) Faculdade<br />

Pitágoras e)Uniandrade f) Faculdade Paranaense - Facar; g) Universidade do<br />

Paraná - Unipar.<br />

Entidades privadas, para-estatais, ONGs de apoio ao desenvolvimento de<br />

<strong>pesquisas</strong>, assistência e extensão tecnológica: a) Serviço Brasileiro de Apoio à<br />

Pequena e Média Empresa do Paraná - Sebrae-PR; b) Serviço Nacional de<br />

Aprendizado Industrial - Senai-PR c) Instituto Euvaldo Lodi - IEL-PR; d) Centro de<br />

Integração de Tecnologia do Paraná - Citpar; e) Instituto Brasileiro de Qualidade e<br />

Produtividade - IBQP/PR; f) Centro Internacional de Tecnologia de Software - CITS;<br />

g) Associação dos Produtores de Informática - Assespro; h) Associação Paranaense<br />

das Empresas de Biotecnologia - Apebi; i) associação de Desenvolvimento<br />

Tecnológico de Londrina - Adetec; j) Fundação de Pesquisa, Planejamento e<br />

197


Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Toledo - Fundação Toledo;<br />

k) Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Fundetec/Cascavel<br />

Cascavel: l) Cooperativa Central Agropecuária de Desenvolvimento Tecnológico e<br />

Econômico Ltda. - Coodetec - Centro de Pesquissa Eloy Gomes; m) Fundação ABC<br />

para Assistência e Divulgação Técnica Agropecuária – Castro; n) Incubadora Tecno-<br />

lógica de Curitiba - o Tecpar Curitiba; o) Incubadora do Cefet Curitiba; p) Incubadora<br />

da FGV/FIEPR - Curitiba; q) Incubadora Tecnológica de São Mateus do Sul; r) Pólo<br />

Tecnológico de Londrina.<br />

O sistema de Financiamento para o desenvolvimento científico e tecnológico e<br />

para a inovação Estado do Paraná conta como principais entidades: a) Banco Nacional<br />

de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES; b) Financiadora de Estudos e<br />

Projetos - Finep; c) Banco Regional de Desenvolvimento Econômico - BRDE; d) Banco<br />

do Brasil; e) Agência de Fomento do Estado do Paraná; f) Fundo Paraná; g) Fundação<br />

Araucária; h) Paraná Tecnologia; i) Instituto de Tecnologia do Paraná.<br />

Esses diversos arranjos institucionais ainda que em sua grande maioria<br />

tenham base na capital do Estado (Curitiba), muitos em outras situações estão<br />

situados em cidades cuja localização exerce algum tipo de polarização de demanda<br />

e oferta de tecnologias adequadas para o setor produtivo.<br />

Como já mencionado, as Universidades Estaduais estão todas localizadas no<br />

interior do Estado. Os órgãos do Estado de apoio à ciência e tecnologia têm como área<br />

de abrangência todos os municípios do Paraná e em vários casos contam com<br />

escritórios localizados no interior do Estado, como é o caso do Tecpar em Maringá,<br />

Cefet em Medianeira e Pato Branco, Cornélio Procópio e Ponta Grossa. As entidades<br />

para estatais como Sebrae; Senai atuam no interior do Estado por intermédio de<br />

escritórios regionais, gerências regionais e centros tecnológicos regionais.<br />

Os municípios do interior do Estado vêm se organizando mediante a criação<br />

de Secretarias municipais de Indústria e Comércio, Secretarias de Planejamento e<br />

Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Essas estruturas têm como objetivo de<br />

coordenar, articular e ser elo facilitador no apoio às negociações das <strong>empresas</strong> no<br />

198


seu relacionamento com as entidades públicas, privadas e institutos de tecnologias e<br />

mesmo <strong>nas</strong> negociações com organismos e <strong>empresas</strong> internacionais. Em muitos<br />

casos, os municípios estão organizados em distritos <strong>industriais</strong>, áreas <strong>industriais</strong>,<br />

pólos <strong>industriais</strong>, vilas <strong>industriais</strong> e outras denominações semelhantes.<br />

São espaços físicos onde as <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong>, de comércio e de prestação<br />

de serviços para a indústria são orientada para localização preferencial visando criar<br />

facilidades na troca de experiências, no desenvolvimento de serviços comuns e na<br />

cooperação empresarial. Em vários municípios (cinco municípios) estão sendo<br />

desenvolvidas experiências de incubadoras <strong>tecnológicas</strong>. E outras deze<strong>nas</strong> de<br />

municípios mais de 40 já experimentaram a experiência de incubadoras empresarias<br />

e ou de barracões <strong>industriais</strong> onde se localizam várias <strong>empresas</strong> de diferentes<br />

ramos, diferentes tamanho e com bases tecnológica distintas; em geral, nestes<br />

casos não há a preocupação do desenvolvimento tecnológico e sim do <strong>nas</strong>cimento e<br />

crescimento de uma empresa independentemente das condições de tecnologia que<br />

utilize, salvaguardado a preservação do meio ambiente.<br />

3.5.3.5 As <strong>empresas</strong> privadas produtoras de bens e serviços e a inovação<br />

Como as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná percebem a<br />

necessidade de inovar? Como estas <strong>empresas</strong> identificam suas alternativas de<br />

inovação? Como estas <strong>empresas</strong> introduzem a inovação sem suas <strong>empresas</strong>, se<br />

capacitam para inovar, geram e irradiam inovações?<br />

A pesquisa sobre inovação <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do<br />

Paraná busca encontrar estas respostas a partir das percepções, interpretações do<br />

empresário. O que se busca não é o que deve ser e sim como o empresário de<br />

pequeno e médio porte localizado em municípios do interior do Estado percebe sua<br />

oportunidade de negócio, sua alternativa de inovação. Não se está procurando<br />

validar os objetivos dos órgãos e entidades de pesquisa e extensão tecnológica.<br />

Está se procurando entender o comportamento do empresário diante da<br />

199


necessidade de inovar, isto é, como o empresário de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> indústrias<br />

vê, interpreta, age e reage diante da inovação.<br />

As formas clássicas de inovação, conforme trabalho de Passos, Inovação<br />

Tecnológica Localizada – O Caso do Paraná, são: (PASSOS, 1998 p.10)<br />

a) aquisição de novos equipamentos que incorporam tecnologias mais<br />

avançadas;<br />

b) aquisição de patentes e outros direitos de uso referentes à tecnologia de<br />

processo e de produto;<br />

c) pesquisa e desenvolvimento de processos e produtos inovadores, radicais<br />

ou incrementais;<br />

d) pesquisa e desenvolvimento de inovação de gestão;<br />

e) outras formas de atuação inovativa.<br />

Feita a recuperação das principais reflexões sobre a importância da pequena e<br />

média empresa para o desenvolvimento nacional e local, a importância da inovação<br />

para competir em cenários de economia globalizada, aberta e competitiva, e revistas<br />

as diretrizes e preocupações do sistema nacional de inovação, do sistema estadual<br />

de inovação e do sistema privado de inovações, passa-se <strong>nas</strong> fases seguintes às<br />

questões da pesquisa de campo e levantamento de dados para conhecer e analisar<br />

a visão e o comportamento dos empresários das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

diante da inovação.<br />

Concluída a revisão teórica do papel da inovação e da pequena e média<br />

empresa para o desenvolvimento nacional e local em tempos de globalização,<br />

abertura econômica e acirramento da competição, no capítulo quarto será<br />

apresentada a metodologia da pesquisa de campo, a análise de estudos similares,<br />

as considerações sobre comportamento empresarial e mudanças de comportamento<br />

organizacional, bem como o detalhamento das informações a serem levantadas para<br />

alcançar os objetivos pretendidos por este trabalho.<br />

200


CAPÍTULO 4<br />

METODOLOGIA DA PESQUISA DE CAMPO<br />

Este capítulo tem como finalidade explicitar a metodologia utilizada na<br />

pesquisa de campo, discutir a questão do comportamento empresarial na tomada de<br />

decisões para inovar. Apresentam-se as principais informações levantadas junto aos<br />

empresários das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de capital nacional<br />

sediadas em municípios paranaenses para compreender seu comportamento diante<br />

do fenômeno da inovação. Recuperam-se alguns estudos desenvolvidos em nível de<br />

Brasil e Paraná sobre a problemática das inovações <strong>tecnológicas</strong> <strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> e<br />

considerações teóricas sobre a questão do comportamento empresarial para<br />

entender suas estratégias em faces das mudanças.<br />

Trata-se de um trabalho predominantemente qualitativo pretendendo responder<br />

perguntas do tipo “como” e “por quê”. Analisa as visões, os entendimentos, as<br />

motivações e o comportamento decisório estratégico de empresários no processo de<br />

inovação em um ambiente de organização da produção capitalista de intensas rápidas,<br />

freqüentes mudanças, que impactam em ambientes econômicos locais, que é composto<br />

basicamente por peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

4.1 Problema da Pesquisa de Campo<br />

Os empresários querem lucro e ou reconhecimento social. Para conquistar o lucro<br />

da empresa a principal força capitalista é a inovação. Por que alguns empresários<br />

inovam e outros não, se todos querem lucro, crescimento, reconhecimento e<br />

sobrevivência e atuam em ambientes similares?<br />

A pesquisa pretende responder como os empresários e as <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong><br />

de pequeno e médio porte localizadas em diferentes municípios do Estado do Paraná e<br />

atuando em ramos <strong>industriais</strong> diversos percebem a mudança e a necessidade de<br />

inovação. Por que decidem como decidem e se comportam como se comportam para<br />

201


inovar e competir? Como os empresários analisam e interpretam o ambiente político,<br />

econômico e tecnológico, de abertura econômica e de competição para definir<br />

estratégias competitivas de inovação em suas <strong>empresas</strong>? Quais as principais fontes de<br />

informações de que dispõem e utilizam para resolver suas dificuldades no esforço de<br />

incorporar, gerar e irradiar inovações a partir de seus espaços locais (município).<br />

Como o empresário, a partir de sua visão do ambiente mutante identifica<br />

oportunidades de inovação tecnológica, introduz a inovação tecnológica no<br />

processo produtivo organizacional, gera inovações, irradia inovações e participa<br />

competitivamente do mercado em tempos de globalização, abertura econômica,<br />

aumento de incertezas e insegurança, mas também de oportunidades, de crescimento<br />

e de lucros?<br />

Procuram-se informações sobre as principais dificuldades, problemas e a<br />

facilidades encontradas pelos empresários para decidir uma estratégia de inovação<br />

na empresa. Procura-se obter informações para analisar o grau de conhecimento e<br />

utilização dos mecanismos e instrumentos disponibilizados pelos governos nos<br />

diferentes níveis federal, estadual e municipal para estimular as inovações <strong>nas</strong><br />

peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

Qual o papel das bases locais, facilitadores (stakesholders) para promover e<br />

estimular o <strong>nas</strong>cimento, desenvolvimento e o processo de invenções e inovações<br />

tecnológica <strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> locais?<br />

O ambiente político e econômico e de abertura econômica, de globalização,<br />

isto é, de um novo modo de organização e de produção capitalista, com aumento de<br />

incertezas e inseguranças, facilita ou dificulta a ação estratégica das PMEI, na visão<br />

do empresário?<br />

202


O ambiente nacional, estadual e local de políticas de governo econômicas,<br />

<strong>tecnológicas</strong> sociais e educacionais são elos facilitadores que podem ou não utilizados<br />

e percebidos pelo empresário. Como define suas estratégias de inovação, interação<br />

com as forças competitivas locais e regionais visando aos ganhos de competitividade?<br />

Qual a cultura pessoal do empresário para inovar? O fator determinante é ser<br />

empresário? É sua formação em termos de formação metódico-formal do sistema de<br />

educação? É o meio ambiente? É a questão de personalidade de busca e de<br />

evolução. É seu estado de ânimo pessoal e comportamental?<br />

O estudo pretende responder questões qualitativas sobre: Como os<br />

empresários se comportam diante da inovação tecnológica? Como percebem a<br />

necessidade de inovar? Como identificam suas fontes de informações para a<br />

inovação? Como introduzem as inovações na empresa? Por que alguns empresários<br />

inovam e outros não? Por que os empresários que inovam quando inovam e não<br />

antes e nem depois.<br />

4.2 Objetivo da Pesquisa<br />

O objetivo do estudo é compreender o fenômeno da inovação tecnológica<br />

vivenciado pelos empresários <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> a partir da própria<br />

visão e percepção do empresário sobre o ambiente econômico, sua visão de<br />

inovação e do uso dos instrumentos disponíveis para inovar. Um segundo objetivo<br />

da tese é recomendar ações que estimulem a prática da inovação e incorporação de<br />

tecnologias <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

O trabalho da pesquisa de campo será desenvolvido tendo como objetivos<br />

complementares ao objetivo geral deste estudo:<br />

1. Conhecer e analisar os principais problemas e facilidades identificados pelos<br />

empresários para inovar e competir a partir das bases locais de produção.<br />

203


2. Analisar o grau de conhecimento e utilização por parte dos empresários<br />

dos mecanismos e instrumentos da política nacional, estadual e municipal<br />

e os elos facilitadores locais que os auxiliam na definição de estratégias de<br />

inovação, para tornar suas <strong>empresas</strong> inovadoras, com crescimento<br />

sustentável, com prestígio e geradoras de produtos e serviços<br />

competitivos nos mercados nacional e internacional.<br />

3. Analisar os elos facilitadores de políticas de governo, de cooperação e<br />

alianças, de vantagens localizacionais que estimulam e facilitam as<br />

estratégias das <strong>empresas</strong> locais para inovação, crescimento e participação<br />

competitiva nos mercados nacional e internacional.<br />

4. Conhecer as fontes de informações e as motivações dos empresários para<br />

decidir estratégias de inovação e competição.<br />

O estudo tem como preocupação básica entender a visão do empresário sobre<br />

inovação. Compreender suas atitudes, motivações, comportamentos e estratégias<br />

de inovações adotadas, a partir das informações acumuladas, da “cultura” histórica<br />

pessoal, dos elos facilitadores locais, regionais e nacionais, da percepção do<br />

ambiente, da interpretação dos riscos e das oportunidades para mudança, inovação<br />

e competição.<br />

O estudo parte da hipótese de que os empresários das <strong>empresas</strong> de pequeno<br />

e médio porte dos municípios do interior do Paraná acreditam que a inovação é uma<br />

determinante da participação com sucesso no mercado. No entanto, algumas<br />

<strong>empresas</strong> têm uma ação passiva, reativa à inovação; outras têm uma estratégia<br />

proativa para inovar.<br />

Os empresários querem mudar, estão dispostos a mudar, entendem que a<br />

mudança é necessária; têm dificuldades e facilidades para gerir as mudanças por<br />

serem suas <strong>empresas</strong> peque<strong>nas</strong> e locais. Os empresários agem, reagem e decidem<br />

estratégias de adequação inovativa e de competição de acordo com os estímulos<br />

204


que percebem, e os interpretam conforme seus conhecimentos, experiências e<br />

cultura pessoal acumulada.<br />

Os empresários das PME desconhecem os instrumentos e mecanismos do<br />

governo, das universidades e dos centros de pesquisa para inovar e competir.<br />

Se todo o empresário por definição quer lucro, se para obter o lucro a principal<br />

força capitalista é a inovação, por que alguns empresários inovam e outros não? O<br />

que determina comportamentos e atitudes diferentes diante dos mesmos cenários e<br />

diante dos mesmos objetivos de lucro e crescimento?<br />

Para responder às questões levantadas, entender a visão e o comportamento<br />

do empresário na interpretação e definição de estratégias empresariais genéricas e<br />

estratégica competitivas de negócios desenvolve-se este estudo denominado<br />

“<strong>Inovações</strong> Tecnológicas <strong>nas</strong> Peque<strong>nas</strong> e Médias Empresas Industriais Locais<br />

(PMEI) – Em tempos de Globalização – O Caso do Paraná” utilizando-se do<br />

instrumental de pesquisa de campo para levantamento de informações sobre a visão<br />

do empresário de inovação e seu comportamento estratégico para inovar.<br />

4.3 Fontes de Informações para o Desenvolvimento da Pesquisa<br />

4.3.1 Principais Fontes de Informações<br />

Para obtenção dos dados que orientam as análise desta pesquisa foram<br />

utilizadas diversas fontes de informações.<br />

a) Levantamento e análise comparativa de estudos similares realizados no<br />

Brasil e no Paraná relativos à inovação tecnológica na PMEI.<br />

b) Pesquisa de campo junto a um grupo de <strong>empresas</strong> de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do interior do Estado do Paraná que colaboraram<br />

espontaneamente no fornecimento das informações desta pesquisa por<br />

meio de questionários dirigidos diretamente aos empresários e dirigentes<br />

de <strong>empresas</strong> de pequeno e médio porte.<br />

205


c) Experiência do próprio autor no contato direto com as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> do Estado do Paraná, em diferentes programas de estímulo e<br />

apoio ao desenvolvimento local e das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

mediante programas do Governo do Estado, de atuação conjunta com as<br />

Universidades e Faculdades locais, com as entidades de classe,<br />

Federação das Indústrias, Associações Comerciais, e ou Serviço Nacional<br />

de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná Sebrae/PR.<br />

d) Experiência do próprio autor como professor, consultor e orientação<br />

acadêmica de trabalhos com empresários, profissionais da atividade<br />

produtiva e estudantes.<br />

e) Discussões e análise com empresários e técnico selecionados especi-<br />

ficamente para troca de idéias e percepções sobre o problema das<br />

inovações <strong>tecnológicas</strong> vivenciado pelas <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de pequeno<br />

e médio porte no Estado do Paraná.<br />

4.3.2 Pesquisa de Campo com Empresas Industriais<br />

O estudo é realizado a partir de uma amostra composta por 94 <strong>empresas</strong><br />

<strong>industriais</strong> de pequeno e médio porte, de capital nacional, localizadas em cidades do<br />

Estado do Paraná de municípios selecionados a partir da existência de uma base<br />

industrial, mas não da capital do Estado.<br />

Os dados foram levantados de quatro formas distintas: a) por meio de<br />

questionários estruturados enviados pelo correio ao universo de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná de 20 das principais cidades paranaenses; b) por<br />

meio de entrevistas com empresários que haviam preenchido os questionários da<br />

pesquisa, mas cujas contribuições mereciam um atendimento particular; c) por meio<br />

de entrevistas com empresários não participantes da pesquisa, mas considerados<br />

lideranças empresariais representativas na economia do Paraná, ou na região do<br />

206


Estado do Paraná (município) onde atua; d) por confrontação com informações<br />

fornecidas por alunos dos cursos de pós-graduação obtidas a partir de debates em<br />

sala de aula ou de trabalhos acadêmicos desenvolvidos pelos alunos por solicitação<br />

do autor desta pesquisa no período de 1995/2002.<br />

A escolha das 20 cidades levou em consideração dois critérios básicos: a) a<br />

existência de uma base industrial representativa em relação à base industrial do<br />

Estado; b) a existência de algum tipo de aglomeração industrial com características<br />

de distrito industrial, área industrial, parque industrial.<br />

A base do universo empresarial foi identificada pelo cadastro da Federação<br />

das Indústrias, Centro Internacional de Negócios, que utiliza informações fornecidas<br />

pela Secretaria de Estado da Fazenda. A classificação de atividades é a Nova<br />

Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), elaborada e mantida pela<br />

Comissão Nacional de Classificação – Concla, presidida pelo IBGE. Esta<br />

classificação de atividade permite agrupar as <strong>empresas</strong> pela natureza dos seus<br />

produtos. Este fato irá possibilitar comparações de competitividade com outros<br />

estudos realizados no País e exterior a partir da constatação que são os produtos<br />

que competem e não os países, nem as <strong>empresas</strong> (PORTER, 1998). “A vantagem<br />

competitiva é criada e sustentada por meio de um processo altamente localizado”<br />

(PORTER, 1998, p.145).<br />

4.3.3 Construção da Amostra da Pesquisa de Campo<br />

O presente estudo parte da constatação inicial do universos de <strong>empresas</strong><br />

<strong>industriais</strong> ativas no Estado do Paraná no ano de 2002, conforme o CNAE –<br />

Cadastro Nacional de Atividades Econômicas da Secretaria de Estado da Fazenda<br />

do Paraná.<br />

207


Constatou-se mediante o CNAE a existência de 29.789 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> no<br />

Estado do Paraná, classificadas por gênero de atividade, município de localização e<br />

número de empregados.<br />

A partir dos dados disponíveis, o primeiro passo consistiu em classificar as<br />

<strong>empresas</strong> por tamanho a partir do número de empregados e seguindo critérios de<br />

classificação utilizados pelo BNDES, BRDE, e Sebrae. Com isso, as <strong>empresas</strong> foram<br />

classificadas <strong>nas</strong> seguintes categorias:<br />

a) Grande empresa, as que tinham 500 ou mais empregados;<br />

b) Média empresa, aquelas que tinham entre 100 e 499 empregados;<br />

c) Pequena empresa, aquelas que tinham entre 20 a 99 empregados;<br />

d) Micro<strong>empresas</strong>, as que tinham entre 0 a 19 empregados;<br />

- Micro<strong>empresas</strong> com 10 a 19 empregados;<br />

- Micro<strong>empresas</strong> com 0 a 9 empregados.<br />

Seguindo-se esses critérios, contatou-se que as <strong>empresas</strong> classificadas por<br />

gênero de atividade e número de empregados estão distribuídas no Estado do<br />

Paraná conforme as tabelas 1 e 2.<br />

208


TABELA 1 - NÚMERO DE EMPRESAS LOCALIZADAS NO ESTADO DO PARANÁ EXTRATIFICADAS POR GÊNERO DE ATIVIDADE/TAMANHO (N. o DE EMPREGADOS) - TOTAL<br />

DO ESTADO, EM ORDEM DECRESCENTE DE NÚMERO DE EMPRESA<br />

NÚMERO DE EMPRESAS POR TAMANHO<br />

CNAE<br />

TOTAL DE<br />

DESCRIÇÃO<br />

Grande Média Pequena Microempresa<br />

DIVISÃO<br />

EMPRESAS<br />

500 ou + 100 a 499 20 a 99 10 a 19 0 a 9<br />

15 Fabricação de produtos alimentícios e bebidas 4.651 30 109 290 320 3.902<br />

18 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 4.163 2 44 251 214 3.652<br />

36 Fabricação de móveis e indústrias diversas 3.338 2 49 237 239 2.811<br />

20 Fabricação de produtos de madeira 2.943 9 65 374 339 2.156<br />

28 Fabricação de produtos de metal - exclusive máqui<strong>nas</strong> e equipamentos 2.486 2 21 134 179 2.150<br />

26 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 2.126 5 12 185 265 1.659<br />

45 Construção 2.061 3 50 230 155 1.623<br />

22 Edição, impressão e reprodução de gravações 1.363 1 10 69 100 1.183<br />

29 Fabricação de máqui<strong>nas</strong> e equipamentos 1.098 5 29 114 100 850<br />

24 Fabricação de produtos químicos 882 4 25 96 63 694<br />

25 Fabricação de artigos de borracha e plástico 833 3 21 112 84 613<br />

17 Fabricação de produtos têxteis 657 3 23 50 39 542<br />

14 Extração de minerais não-metálicos 563 0 4 43 78 438<br />

19 Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados 522 0 7 38 29 448<br />

31 Fabricação de máqui<strong>nas</strong>, aparelhos e materiais elétricos 414 5 12 41 25 331<br />

34 Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias 408 5 12 47 49 295<br />

21 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 393 6 22 70 34 261<br />

27 Metalurgia básica 328 2 9 28 36 253<br />

33 Fabricação de equipamentos de instrumentação médico - hospitalares, instrumentos de<br />

precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios 156 0 2 13 16 125<br />

32 Fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações 130 2 5 15 4 104<br />

35 Fabricação de outros equipamentos de transporte 83 0 1 7 8 67<br />

16 Fabricação de produtos do fumo 73 0 3 4 9 57<br />

30 Fabricação de máqui<strong>nas</strong> para escritório e equipamentos de informática 46 0 1 6 2 37<br />

23 Fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e<br />

produção de álcool 29 6 11 5 0 7<br />

13 Extração de minerais metálicos 20 0 1 4 1 14<br />

11 Extração de petróleo e serviços correlatos 8 0 0 0 1 7<br />

37 Reciclagem 6 0 0 1 2 3<br />

10 Extração de carvão mineral 3 0 1 0 0 2<br />

41 Captação, tratamento e distribuição de água 2 0 0 0 2 0<br />

0 Classe do CNAE não disponível 1 0 0 0 0 1<br />

12 Classe do CNAE não disponível 1 0 0 0 0 1<br />

40 Eletricidade, gás e água quente 1 0 0 0 0 1<br />

51 Comércio por atacado e intermediários do comércio 1 0 0 1 0 0<br />

TOTAL DE EMPRESAS NO ESTADO DO PARANÁ 29.789 95 549 2.465 2.393 24.287<br />

FONTE: FIEP - Cadastro das Indústrias do Estado do Paraná<br />

ELABORAÇÃO: FIEP - Centro Internacional de Negócios do Paraná.


210<br />

TABELA 2 - NÚMERO DE EMPRESAS LOCALIZADAS NO ESTADO DO PARANÁ EXTRATIFICADAS POR GÊNERO DE ATIVIDADE/TAMANHO (N. o DE EMPREGADOS) - TOTAL<br />

DO ESTADO<br />

NÚMERO DE EMPRESAS POR TAMANHO<br />

CNAE<br />

TOTAL DE<br />

DESCRIÇÃO<br />

Grande Média Pequena Microempresa<br />

DIVISÃO<br />

EMPRESAS<br />

500 ou + 100 a 499 20 a 99 10 a 19 0 a 9<br />

0 Classe do CNAE não disponível 1 0 0 0 0 1<br />

10 Extração de carvão mineral 3 0 1 0 0 2<br />

11 Extração de petróleo e serviços correlatos 8 0 0 0 1 7<br />

12 Classe do CNAE não disponível 1 0 0 0 0 1<br />

13 Extração de minerais metálicos 20 0 1 4 1 14<br />

14 Extração de minerais não-metálicos 563 0 4 43 78 438<br />

15 Fabricação de produtos alimentícios e bebidas 4.651 30 109 290 320 3.902<br />

16 Fabricação de produtos do fumo 73 0 3 4 9 57<br />

17 Fabricação de produtos têxteis 657 3 23 50 39 542<br />

18 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 4.163 2 44 251 214 3.652<br />

19 Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados 522 0 7 38 29 448<br />

20 Fabricação de produtos de madeira 2.943 9 65 374 339 2.156<br />

21 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 393 6 22 70 34 261<br />

22 Edição, impressão e reprodução de gravações 1.363 1 10 69 100 1.183<br />

23 Fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e<br />

produção de álcool 29 6 11 5 0 7<br />

24 Fabricação de produtos químicos 882 4 25 96 63 694<br />

25 Fabricação de artigos de borracha e plástico 833 3 21 112 84 613<br />

26 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 2.126 5 12 185 265 1.659<br />

27 Metalurgia básica 328 2 9 28 36 253<br />

28 Fabricação de produtos de metal - exclusive máqui<strong>nas</strong> e equipamentos 2.486 2 21 134 179 2.150<br />

29 Fabricação de máqui<strong>nas</strong> e equipamentos 1.098 5 29 114 100 850<br />

30 Fabricação de máqui<strong>nas</strong> para escritório e equipamentos de informática 46 0 1 6 2 37<br />

31 Fabricação de máqui<strong>nas</strong>, aparelhos e materiais elétricos 414 5 12 41 25 331<br />

32 Fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações 130 2 5 15 4 104<br />

33 Fabricação de equipamentos de instrumentação médico - hospitalares, instrumentos de<br />

precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios 156 0 2 13 16 125<br />

34 Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias 408 5 12 47 49 295<br />

35 Fabricação de outros equipamentos de transporte 83 0 1 7 8 67<br />

36 Fabricação de móveis e indústrias diversas 3.338 2 49 237 239 2.811<br />

37 Reciclagem 6 0 0 1 2 3<br />

40 Eletricidade, gás e água quente 1 0 0 0 0 1<br />

41 Captação, tratamento e distribuição de água 2 0 0 0 2 0<br />

45 Construção 2.061 3 50 230 155 1.623<br />

51 Comércio por atacado e intermediários do comércio 1 0 0 1 0 0<br />

TOTAL DE EMPRESAS NO ESTADO DO PARANÁ 29.789 95 549 2.465 2.393 24.287<br />

FONTE: FIEP - Cadastro das Indústrias do Estado do Paraná<br />

ELABORAÇÃO: FIEP - Centro Internacional de Negócios do Paraná.


Analisando os dados das tabelas 1 e 2, constata-se que 81,53% do número de<br />

<strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná tem entre 0 a 9 empregados. Igualmente pode ser<br />

observado que 8,03% das <strong>empresas</strong> têm entre 10 e 19 empregados. O universo das<br />

peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> em termos de percentual corresponde a 8,28% e é composto<br />

por 2.465 <strong>empresas</strong> que têm entre 20 a 99 empregados. O grupo de <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong>, isto é, que têm entre 100 a 499 empregados, corresponde a 1,84% do<br />

total das <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> existentes no Paraná. E finalmente constata-se que o<br />

grupo com mais de 500 empregados é de ape<strong>nas</strong> 0,32% do universo das <strong>empresas</strong><br />

<strong>industriais</strong> do Estado do Paraná.<br />

A partir dos dados supramencionados procurou-se identificar cidades que pela<br />

dinâmica industrial recente podiam ter algum tipo de aglomeração industrial. Esta<br />

escolha foi uma opção do pesquisador com o objetivo de estudar o comportamento<br />

do empresário de pequeno e médio porte diante da inovação.<br />

Selecionamos cidades preferenciais para pesquisa de <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong>,<br />

destacando-se 20 cidades, que compõem um universo de 7.699 <strong>empresas</strong><br />

<strong>industriais</strong>, classificadas por tamanho segundo o número de pessoas empregadas.<br />

Chega-se à constatação que <strong>nas</strong> cidades selecionadas há 26 grandes <strong>empresas</strong><br />

com mais de 500 empregados, e que por esta característica não seriam objeto inicial<br />

de pesquisa. Igualmente constata-se que há um número de 6.181 <strong>empresas</strong> que têm<br />

entre 0 a 9 empregados e um conjunto de 627 <strong>empresas</strong> que têm entre 10 a 19<br />

empregados, constituindo um conjunto de 6.808 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> classificadas<br />

como micro<strong>empresas</strong>. E finalmente os dados mostram que há <strong>nas</strong> cidades<br />

selecionadas um universo de 157 <strong>empresas</strong> classificadas como <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> e<br />

um conjunto de 708 <strong>empresas</strong> classificadas como peque<strong>nas</strong> empresa. De acordo<br />

com o objetivo inicial deste estudo, que é de analisar o processo de inovação<br />

tecnológica <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>, tem-se agora a opção de um<br />

universo composto por 865 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de pequeno e médio porte de<br />

cidades selecionadas no Estado do Paraná.<br />

Feita essa primeira classificação, selecionou-se o grupo de fabricação de<br />

produtos de alimentos e bebidas por ser um dos grupos a ser estudado,<br />

211


considerando-se as características da economia paranaense de produtor de<br />

alimentos e o fato de esta economia ser baseada na produção de alimentos em<br />

peque<strong>nas</strong> propriedades e no interior do Estado.<br />

Um segundo corte que se procurou fazer no estudo foi identificar as <strong>empresas</strong><br />

do gênero de alimentos de pequeno e médio porte atuantes no Estado do Paraná<br />

independentemente do município que estejam localizados. Assim encontramos os<br />

dados constantes da tabela 3.<br />

Essa segmentação conta com 4.651 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do gênero de<br />

alimentos no Estado do Paraná. Este universo é composto por 30 <strong>empresas</strong> com<br />

mais de 500 empregados e, portanto, classificadas como grandes <strong>empresas</strong>. No<br />

outro extremo, há 3.902 <strong>empresas</strong> que têm entre 0 a 9 empregados e 320 <strong>empresas</strong><br />

que têm entre 10 a 19 empregados, portanto há um conjunto de 4.222 <strong>empresas</strong><br />

<strong>industriais</strong> do gênero de alimentos no Estado do Paraná classificadas como<br />

micro<strong>empresas</strong>. No grupo de peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> identifica-se um número de 290<br />

<strong>empresas</strong> e 109 <strong>empresas</strong> classificadas como <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

A partir deste número fez-se uma nova filtragem de dados seguindo um critério<br />

de gêneros, grupo e subgrupo já estudados ou não. E constata-se que o grupo CNAE<br />

151 – Abate e preparação de Produtos de Carnes e pescados; o grupo 153 –<br />

Preparação de óleos e gorduras vegetais e animais; o grupo 154 laticínios; o grupo<br />

156 – Refino de açúcar; o grupo 157 – Torrefação e moagem de café; o grupo 159 –<br />

Fabricação de bebidas, foram contemplados com algum tipo de estudo realizados<br />

recentemente pelo Ipardes, pelo IBQPR, ou pelas Universidades, então retirou-se da<br />

amostra ou pela existência de estudo para esses grupos, ou por se constituírem de<br />

empresa de porte superior ou menor do que o desejado.<br />

Constata-se que o grupo 152 – Processamento, preservação de produtos de<br />

conserva, o grupo 155 – Moagem e fabricação de produtos amiláceos e de ração;<br />

158 – Fabricação de outros produtos alimentícios estão esparsos no território<br />

paranaense e também receberam pouca atenção como objeto de estudos até a<br />

presente data. Então encontramos os dados constantes da tabela 4.<br />

212


213<br />

TABELA 3 - NÚMERO DE EMPRESAS NO ESTADO DO PARANÁ EXTRATIFICADA POR GÊNERO DE ATIVIDADE - GRUPOS 15 TAMANHO<br />

NÚMERO DE EMPRESAS POR TAMANHO<br />

CNAE<br />

TOTAL DE<br />

DESCRIÇÃO<br />

Grande Média Pequena<br />

Microempresa<br />

GRUPOS<br />

EMPRESAS<br />

500 ou + 100 a 499 20 a 99 10 a 19 0 a 9<br />

15.0 #N/D 4 0 1 1 0 2<br />

151 Abate e preparação de produtos de carne e de pescado 361 13 23 44 25 256<br />

152 Processamento, preservação e produção de conservas de frutas, legumes e<br />

outros vegetais 202 0 2 6 10 184<br />

153 Produção de óleos e gorduras vegetais e animais 48 1 13 6 4 24<br />

154 Laticínios 528 2 7 38 45 436<br />

155 Moagem, fabricação de produtos amiláceos e de rações balanceadas para animais 865 1 29 73 69 693<br />

156 Fabricação e refino de açúcar 23 5 4 3 1 10<br />

157 Torrefação e moagem de café 224 2 3 15 10 194<br />

158 Fabricação de outros produtos alimentícios 2.275 5 17 85 148 2.020<br />

159 Fabricação de bebidas 121 1 10 19 8 83<br />

TOTAL GRUPO 4.651 30 109 290 320 3.902<br />

FONTE: FIEP - Cadastro das Indústrias do Estado do Paraná<br />

ELABORAÇÃO: FIEP - Centro Internacional de Negócios do Paraná<br />

TABELA 4 - NÚMERO DE EMPRESAS NO ESTADO DO PARANÁ EXTRATIFICADA POR GÊNERO ALIMENTOS, CONSERVAS, MOAGEM E FABRICAÇÃO - GRUPOS 15 TAMANHO<br />

NÚMERO DE EMPRESAS POR TAMANHO<br />

Média Pequena<br />

Microempresa<br />

100 a 499 20 a 99 10 a 19 0 a 9<br />

Grande<br />

500 ou +<br />

TOTAL DE<br />

EMPRESAS<br />

DESCRIÇÃO<br />

CNAE<br />

GRUPOS<br />

152 Processamento, preservação e produção de conservas de frutas, legumes e<br />

outros vegetais 202 0 2 6 10 184<br />

155 Moagem, fabricação de produtos amiláceos e de rações balanceadas para animais 865 1 29 73 69 693<br />

158 Fabricação de outros produtos alimentícios 2.275 5 17 85 148 2.020<br />

TOTAL GRUPO 3.342 6 48 164 227 2.897<br />

FONTE: FIEP - Cadastro das Indústrias do Estado do Paraná<br />

ELABORAÇÃO: FIEP - Centro Internacional de Negócios do Paraná


Analisando-se os dados dos grupos selecionados, têm-se os seguintes<br />

números: há no Setor industrial do Estado do Paraná um conjunto de 3.342<br />

<strong>empresas</strong> nos setores <strong>industriais</strong> de alimentos selecionados (Gênero 152 –<br />

Processamento, preservação de produtos de alimentos e conservas – 202<br />

<strong>empresas</strong>; Gênero 155 – Moagem, fabricação de produtos amiláceos e de ração<br />

com 865 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong>; Gênero 158 - fabricação de outros produtos<br />

alimentícios, com 2.275 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> no Estado do Paraná.<br />

Os grupos de <strong>empresas</strong> selecionadas mencionadas no parágrafo anterior<br />

estão compostos por seis <strong>empresas</strong> classificadas como grandes, com mais de 500<br />

empregados; 227 <strong>empresas</strong> entre 10 e 19 empregados e 2.897 <strong>empresas</strong> com 0 a 9<br />

empregados classificadas como micro<strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong>; identificou-se, ainda, um<br />

número de 48 <strong>empresas</strong> classificadas como <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> (entre 100 a 499<br />

empregados) e um número de 164 <strong>empresas</strong> classificadas como peque<strong>nas</strong><br />

<strong>empresas</strong> (entre 20 a 99 empregados). Portanto, o universo de <strong>empresas</strong> que se<br />

quer pesquisar agora está composto por 48 + 164 = 212 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de<br />

pequeno e médio porte dos gêneros selecionados.<br />

Somando-se agora o universo de <strong>empresas</strong> selecionadas a partir da<br />

localização em cidades do interior do Estado escolhidas como campo de pesquisa e<br />

adicionando-se a opção de <strong>empresas</strong> do gênero de alimentos selecionados,<br />

identifica-se um universo de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> composto por:<br />

Cidades selecionadas:<br />

- 157 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de médio porte;<br />

- 708 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de pequeno porte.<br />

Setor de alimentos:<br />

- 48 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de médio porte;<br />

- 164 empresa de pequeno porte.<br />

214


Total do universo de <strong>empresas</strong> selecionadas:<br />

- 205 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de médio porte<br />

- 872 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de pequeno porte<br />

- 1.077 <strong>empresas</strong> passíveis de pesquisa<br />

A partir dessa identificação buscou-se o apoio da Presidência da Federação das<br />

Indústrias e uma carta de estímulo ao setor empresarial selecionado para participar do<br />

projeto de pesquisa, tanto como contribuição para o a tese de Doutorado como<br />

contribuição para futuros programas de ação específicas dos órgãos da Federação das<br />

Industriais do Estado do Paraná, especialmente Senai (ver carta em Anexo).<br />

Igualmente, foi preparada uma carta por este pesquisador informando dos objetivos da<br />

pesquisa e do uso das informações a serem levantadas.<br />

Foram enviados via correio para as <strong>empresas</strong> selecionadas o questionário da<br />

pesquisa, a carta do presidente da Federação das Indústrias, a carta do pesquisador e<br />

envelope de resposta da pesquisa na data de 16 e 17 de setembro de 2002,<br />

estabelecendo inicialmente um prazo de 60 dias, isto é, 15 de novembro, para<br />

preenchimento do questionário e devolução. Posteriormente, esse prazo foi<br />

aumentado para mais 15 dias. Portanto, esta pesquisa foi desenvolvida considerando-<br />

se o envio dos questionários, o gerenciamento da cobrança via e-mail e a recepção<br />

dos dados o período de 16 de setembro de 2002 a 30 de novembro de 2002.<br />

Dos 1.077 questionários enviados, 105 foram devolvidos pelo correio por não<br />

identificação do endereço da empresa pesquisada. Resta, portanto, a crença que<br />

972 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de pequeno e médio porte tenham recebido o questionário.<br />

Deste universo efetivamente participaram da pesquisa por escolha e deliberação<br />

espontânea da própria empresa 94 <strong>empresas</strong> de pequeno e médio porte,<br />

classificadas por cidade e por gênero de atividade, conforme o resumo dos<br />

questionários enviados, o que corresponde aproximadamente a 10% do universo da<br />

pesquisa.<br />

215


4.3.4 Retorno dos Questionários Enviados<br />

Municípios pesquisados com o objetivo de identificar facilidades locais e<br />

processos de aglomerações <strong>industriais</strong>:<br />

TABELA 5 - CIDADES E EMPRESAS PARTICIPANTES DA PESQUISA<br />

PEQUENAS E MÉDIAS<br />

MUNICÍPIO<br />

EMPRESAS IDENTIFICADAS<br />

Questionários enviados Questionários recebidos<br />

Apucarana 82 09<br />

Arapongas 80 04<br />

Astorga 15 03<br />

Cambe 42 04<br />

Campo Mourão 17 03<br />

Campo Largo 52 03<br />

Cascavel 85 10<br />

Francisco Beltrão 35 03<br />

Guarapuava 51 03<br />

Maringá 167 19<br />

Mandaguari 19 01<br />

Mal. Cândido Rondon 11 ---<br />

Medianeira 15 02<br />

Paranavaí 31 02<br />

Pato Branco 29 03<br />

Rio Negro 23 04<br />

Rolândia 28 02<br />

Telêmaco Borba 14 ---<br />

Toledo 38 05<br />

Umuarama 32 02<br />

Total Município selec. 786<br />

Total do Estado 3.014<br />

% Municípios selec. 26,08%<br />

FONTE: O autor<br />

216


TABELA 6 - CIDADES SÓ DA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS<br />

CIDADES<br />

N. o DE QUESTIONÁRIOS<br />

RECEBIDOS<br />

Araruna 01<br />

Balsa Nova 01<br />

Capitão Leônidas Marques 01<br />

Colombo 01<br />

Curitiba 03<br />

Céu Azul 01<br />

Goioerê 01<br />

Londrina 03<br />

Marilena 01<br />

Nova Santa Rosa 01<br />

Palotina 01<br />

São Mateus<br />

FONTE: O autor<br />

01<br />

4.3.5 Classificação das Empresas Pesquisadas por Gênero de Atividade<br />

A pesquisa contou com a participação de 94 <strong>empresas</strong> que estão assim<br />

classificadas:<br />

TABELA 7 - NÚMERO DE EMPRESAS POR RAMO DE ATIVIDADE PARTICIPANTES DA PESQUISA<br />

RAMO DE ATIVIDADE - CNAE N. O EMP. FREQÜÊNCIA (%)<br />

15 - Fabricação de produtos alimentícios, conservas e bebidas 28 29,8<br />

17 - Fabricação de produtos têxteis – fiação 01 1,10<br />

18 - Confecção de artigos do vestuário e acessórios 09 9,50<br />

19 - Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro 01 1,10<br />

20 - Fabricação de produtos da madeira 03 3,20<br />

21 - Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 03 3,20<br />

22 - Edição, impressão e reprodução gráfica 01 1,10<br />

24 - Fabricação de produtos químicos 01 1,10<br />

25 - Fabricação de artigos de borracha e plásticos 10 10,6<br />

26 - Fabricação de produtos de minerais não metálicos e cerâmicos 04 4,20<br />

28 - Fabricação de produtos diversos de metal (excl. máq. e eq.) 11 11,70<br />

29 - Fabricação de equip. e aparelhos elétricos de refrig. Industrial 02 2,10<br />

32 - Fabricação de aparelhos de reprodução e amplif. de som 01 1,10<br />

36 - Fabricação de móveis e industrias diversas 12 12,70<br />

45 - Construção e indústria da construção civil 07 7,50<br />

TOTAL 94 100<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

217


QUADRO 5 - EMPRESAS PARTICIPANTES DA PESQUISA, POR RAMO DE ATIVIDADE E CIDADE<br />

N. o<br />

RAMO DE ATIVIDADE CIDADE<br />

15 Fabricação de Produtos Alimentícios e Conservas – 28 <strong>empresas</strong><br />

2 Fábrica de laticínios – doces de leite Bona Mesa Balsa Nova<br />

3 Indústria Alimentícia – Pinduca amido de mandioca Araruna<br />

5 Fabricação de erva-mate cancheada São Mateus Sul<br />

6 Alimentos Mil Ltda. Paranavaí<br />

13 Indústria e comércio de amido Goioere<br />

14 Produção de polpas e sucos de frutas Marilena<br />

15 Agroindustrialização – Coopavel Cascavel<br />

19 Alimentos – pipoca – snacks Curitiba<br />

20 Usina de extração de adoçante Stevia Maringá<br />

26 Biscoitos Pato Branco<br />

27 Alimentos – condimentos e cereais Cascavel<br />

32 Alimentos: biscoitos, wafer, chocolates – Barion Colombo<br />

33 Industrialização de carne suína e leite – Cooperativa Medianeira<br />

34 Padaria, confeitaria Londrina<br />

35 Beneficiamento e padronização cereais Apucarana<br />

37 Moagem de cereais Guarapuava<br />

38 Acondicionamento de temperos (condimentos) Curitiba<br />

44 Indústria de derivados de mandioca – Fecularia Nova Sta. Rosa<br />

58 Alimentos – Refrigerantes – Spaipa Curitiba<br />

61 Moinho de trigo Palotina<br />

64 Indústria e benef. de erva-mate para chimarrão e tererê Cascavel<br />

66 Alimentício/farmacêutico – Gelatina Maringá<br />

69 Ind. de Méd. Fitoterápicos, xarope, digestivos, fortificantes Cascavel<br />

70 Massas alimentícias, macarrão, farinha, bolo Londrina<br />

79 Produtos alimentícios, derivados leite, abóbora e amend. Londrina<br />

81 Fabricação de conservas e doces e geléias Cap. L. Marques<br />

88 Agroindústria – Cocamar – cooperativa Maringá<br />

91 Panificação Céu Azul<br />

17 Fabricação de produtos têxteis – Fiação<br />

43 Fiação – Cooperfios Maringá<br />

18 Confecção de artigos do vestuário e acessórios – 9 <strong>empresas</strong><br />

24 Ind. e comércio de confecção DE BONÉS Apucarana<br />

36 Produção de fios têxteis Toledo<br />

50 Ind. folheados – anéis, brincos, pingentes, braceletes Apucarana<br />

52 Confecções – Lingerie linha noite Maringá<br />

57 Confecções – Lingerie linha dia Astorga<br />

59 Cintos, artigos de couro e fivelas Umuarama<br />

60 Confecção – Bonés, camisetas, bolsas e uniformes Apucarana<br />

83 Confecção – Bonés Apucarana<br />

84 Indústria e comércio de confecções – jeans Maringá<br />

19 Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro<br />

90 Curtume – Beneficiamento de couros acabados Arapongas<br />

20 Fabricação de produtos da madeira<br />

22 Pelets de madeira Guarapuava<br />

76 Desdobramento da madeira Rio Negro<br />

82 Beneficiamento de pinus e madeira Cascavel<br />

21 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel<br />

63 Embalagens – Caixas de papelão Maringá<br />

94 Indústria de papel – papel toalha Apucarana<br />

62 Indústria gráfica, Caixas de papelão, sacolas, impressos Pato Branco<br />

22 Edição, impressão e reprodução gráfica<br />

29 Indústria gráfica Cascavel<br />

218<br />

Continua


QUADRO 5 - EMPRESAS PARTICIPANTES DA PESQUISA, POR RAMO DE ATIVIDADE E CIDADE<br />

RAMO DE ATIVIDADE CIDADE<br />

24 Fabricação de produtos químicos<br />

55 Produtos químicos – Orgânicos Guarapuava<br />

25 Fabricação de artigos de borracha e plásticos - 10 <strong>empresas</strong><br />

4 Indústria de Embalagens Plásticas Maringá<br />

10 Ind. de embalagens e tripas artificiais para alimentos Cambe<br />

16 Injeção de plástico F. Beltrão<br />

17 Ind. de embalagens plásticas Maringá<br />

18 Tubos plásticos reciclados e novos Maringá<br />

25 Fabricante de artefatos de borracha – Retentores Maringá<br />

31 Ind. de embalagens plásticas – Pet garrafas Maringá<br />

40 Recapagem de pneus em geral Pato Branco<br />

75 Indústria e comércio de capotas, acessórios automotivos Cascavel<br />

87 Ind. transf. Plásticos acessórios para móveis Rolândia<br />

26 Fabricação de produtos de minerais não metálicos e cerâmicos – 4 emp.<br />

41 Pedras – mármores e granitos Medianeira<br />

42 Ind. com. de mármores e granitos, pedras decorativas Umuarama<br />

77 Mineração de não-metálicos – cimento Itambé Campo Largo<br />

49 Peças <strong>industriais</strong> e porcelana utilitária e decorativa Campo Largo<br />

28 Fabricação de produtos diversos de metal (exclusive máqui<strong>nas</strong> e equipamentos)<br />

9 Ind. metalúrgica de autopeças auto molas Cambe<br />

21 Metalúrgico- silos e secadores Cascavel<br />

30 Ind. metalúrgica – esquadrias Rio Negro<br />

45 Indústria metalúrgica – etiquetas metálicas Cambe<br />

46 Ind. Com. de Correia Transportadoras Toledo<br />

67 Transformação e reciclagem de chumbo Baterias Aut. Apucarana<br />

73 Ind. Com. Equipamentos para avicultura Toledo<br />

74 Artefatos de arame Astorga<br />

78 Ind. Máqui<strong>nas</strong> agrícolas e implementos. Suinocultura Toledo<br />

92 Metalúrgica - Mecânica - silos e correias transportadoras Rolândia<br />

93 Semi-eixo, carcaças de transmissão (pesado) Maringá<br />

29 Fabricação de equipamentos e aparelhos elétricos de refrigeração industrial<br />

53 Fabricação balcões frigoríficos Maringá<br />

80 Fabricação de furgões e câmaras frigoríficas Cascavel<br />

32 Fabricação de aparelhos de reprodução e amplificação de som<br />

7 Indústria de aparelhos de som, caixas acústicas e amplificadores Apucarana<br />

36 Fabricação de móveis e indústrias diversas – 12 <strong>empresas</strong><br />

1 Móveis – Bertioga Mandaguari<br />

8 Estofados e poltro<strong>nas</strong> Paranavai<br />

12 Indústria de móveis Cambe<br />

39 Móveis para escritório Rio Negro<br />

47 Indústria moveleira Arapongas<br />

48 Indústria moveleira F. Beltrão<br />

51 Indústria e comércio de móveis para cozinhas e banheiros Arapongas<br />

54 Móveis tubulares, colchões Maringá<br />

71 Indústria e comércio de móveis para escritório Maringá<br />

85 Móveis para escritório Maringá<br />

86 Fábrica de móveis Rio Negro<br />

89 Fabricação de móveis Arapongas<br />

45 Construção e indústria da construção civil – 7 <strong>empresas</strong><br />

11 Artefatos de cimento e pavimentação asfáltica Toledo<br />

23 Construção civil, saneamento básico Astorga<br />

28 Construção civil e incorporação Cascavel<br />

56 Serviços de pavimentação asfáltica Maringá<br />

65 Construção civil Maringá<br />

68 Manutenção elétrica industrial – Peq. Centrais hidroelétirca F. Beltrão<br />

72 Indústria da construção civil- casas e prédios Campo Largo<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

N. o<br />

219<br />

Conclusão


4.3.6 Classificação das Empresas da Pesquisa por Cidade<br />

QUADRO 6 - IDENTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS DA PESQUISA POR CIDADE E RAMO DE ATIVIDADE<br />

N. o<br />

1 Apucarana<br />

CIDADE POR RAMO DE ATIVIDADE<br />

7 Indústria de aparelhos de som Caixas acústicas e amplificadores<br />

24 Indústria e comércio de confecções de bonés<br />

35 Beneficiamento e padronização de cereais<br />

50 Ind. Folheados – anéis, brincos, pingentes, braceletes<br />

60 Confecções bonés, camisetas, bolsas, uniformes<br />

67 Transformação e reciclagem de chumbo – baterias de autom.<br />

83 Confecções e bonés<br />

94 Indústria de papel – papel toalha<br />

2 Arapongas<br />

47 Indústria moveleira<br />

51 Ind. E Com. De móveis de cozinha e banheiros<br />

89 Fábrica de móveis<br />

90 Curtume – beneficiamento de couros acabados<br />

3 Araruna<br />

03 Indústria alimentícia Pinduca amido de mandioca<br />

4 Astorga<br />

23 Construção civil saneamento básico<br />

57 Confecções – lingerie linha dia<br />

74 Artefatos de arame<br />

5 Balsa Nova<br />

6 Cambé<br />

Fábrica de laticínios – doce de leite Bona Mesa<br />

09 Indústria metalúrgica de autopeças automolas<br />

10 Indústria de embalagens e tripas artificiais para alimentos<br />

12 Indústria de móveis<br />

45 Indústria metalúrgica – etiquetas metálica<br />

7 Campo Largo<br />

49 Peças indústria e porcelana utilitária e decorativa<br />

72 Indústria da construção civil – Casas e prédios<br />

77 Mineração de não metálicos – Cimento Itambé<br />

8 Cascavel<br />

15 Coopavel – Agroindustrialização<br />

21 Metalúrgica – silos e secadores<br />

27 Alimentos – condimentos e cereais<br />

28 Construção civil e incorporação<br />

29 Indústria gráfica<br />

64 Indústria de beneficiamento de erva mate para chimarão e terere<br />

69 Ind. de Méd. Filoterápicos, xarope, digestivos, fortificantes<br />

75 Indústria e comércio de capotas e acessório para autom.<br />

80 Fábrica de furgões e câmeras frigoríficas<br />

82 Beneficiamento de pinus e madeira<br />

9 Capitão Leônidas Marques (Projeto Caxias)<br />

81 Fabricação de conservas, doces e geléias<br />

10 Colombo<br />

32 Barion: Alimentos biscoitos, wafer, chocolates<br />

11 Curitiba<br />

19 Alimentos – pipoca – snacks<br />

38 Acondicionamento de temperos – condimentos<br />

58 Refrigerantes Spipa<br />

220<br />

Continua


QUADRO 6 - IDENTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS DA PESQUISA POR CIDADE E RAMO DE ATIVIDADE<br />

N. o<br />

12 Céu Azul<br />

91 Panificação<br />

13 Francisco Beltrão<br />

16 Injeção de plástico<br />

48 Indústria moveleira<br />

68 Peq. Centrais hidroelétricas<br />

14 Goioere<br />

13 Indústria e comércio de amido<br />

15 Guarapuava<br />

22 Pelets de madeira<br />

37 Moagem de cereais<br />

55 Produtos químicos – carvão ativado<br />

16 Londrina<br />

34 Padaria e confeitaria<br />

70 Massas alimentícias, macarrão, farinha e bolo<br />

CIDADE POR RAMO DE ATIVIDADE<br />

79 Produtos alimentícios, derivados leite, abóbora e amendoim<br />

17 Mandaguari<br />

01 Móveis Bertioga<br />

18 Marilena<br />

14 Produtos de polpas e sucos de frutas<br />

19 Maringá<br />

04 Indústria de embalagens plásticas<br />

17 Indústria de embalagens plásticas<br />

18 Tubos plásticos reciclados e novos<br />

20 Usina de extração e adoçante ´Stevia<br />

25 Fabricante de artefatos de borracha – retentores<br />

31 Ind. De embalagens plásticas Pet garrafas<br />

43 COOperfios – Fiação<br />

52 Confecção – lingerie linha noite<br />

54 Fabricação de balcões frigoríficos<br />

54 Móveis tubulares, colchões<br />

56 Serviços de pavimentação asfáltica<br />

63 Embalagens – caixas de papelão<br />

65 Construção civil<br />

66 Alimentício/Farmacêutico – gelatina<br />

71 Indústria e comércio de móveis para escritório<br />

84 Indústria e comércio de confecções jeans<br />

85 Móveis para escritório<br />

88 Cocamar – Cooperativa Agroindústria<br />

93 Autopeças semi-eixos, carcaças de transmissão (pesado)<br />

20 Medianeira<br />

33 Cooperativa – Indústria de carne suína e leite<br />

41 Pedras Mármores e granitos<br />

21 Nova Santa Rosa<br />

44 Indústria de derivados da mandioca - fecularia<br />

22 Palotina<br />

61 Moinho de trigo<br />

23 Paranavai<br />

06 Alimentos mil Ltda.<br />

08 Estofados e poltro<strong>nas</strong><br />

24 Pato Branco<br />

26 Biscoitos<br />

40 Recapagem de pneus em gera<br />

221<br />

Continua


QUADRO 6 - IDENTIFICAÇÃO DAS EMPRESAS DA PESQUISA POR CIDADE E RAMO DE ATIVIDADE<br />

N. o<br />

CIDADE POR RAMO DE ATIVIDADE<br />

62 Indústria gráfica – Caixas de papelão, sacolas, impressos<br />

25 Rio Negro<br />

30 Indústria metalúrgica<br />

39 Móveis para escritório<br />

76 Desdobramentos para madeira<br />

86 Fábrica de móveis<br />

26 Rolândia<br />

87 Ind. Transformação – Plásticos para móveis<br />

92 Metalúrgica – Mecânica – silos e correias transportadoras<br />

27 São Mateus<br />

5 Fabricação de erva mate cancheada<br />

28 Toledo<br />

11 Artefatos de cimento e pavimentação asfáltica<br />

36 Produção de fios têxteis<br />

46 Indústria e comércio de correia Transportadora<br />

73 Ind. e Com. Equipamentos para avicultura<br />

78 Ind. e Com. Máqui<strong>nas</strong> e implementos agrícolas para Suinocultura<br />

29 Umuarama<br />

42 Ind. Com. de Mármores e granitos, pedras decorativas<br />

59 Cintos, artigos<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

4.4 Limitações da Pesquisa<br />

222<br />

Conclusão<br />

1. Universo de <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná composto por 29.789<br />

<strong>empresas</strong> distribuídos segundo tamanho a partir do número de<br />

empregados da seguinte forma:<br />

Grandes<br />

95 <strong>empresas</strong> (500 ou mais empregados)<br />

Médias<br />

549 <strong>empresas</strong> (100 a 499 empregados)<br />

Peque<strong>nas</strong><br />

2.465 <strong>empresas</strong> (20 a 99 empregados)<br />

Micro<strong>empresas</strong> 26.680 <strong>empresas</strong><br />

(0 a 19 empregados)<br />

2.393 <strong>empresas</strong> (10 a 19 empregados)<br />

24.287 <strong>empresas</strong> (0 a 9 empregados)<br />

9.827 <strong>empresas</strong> (0 empregados)<br />

2. Dificuldade para contactar diretamente cada uma das <strong>empresas</strong> pesquisadas,<br />

então a opção foi usar questionário dirigido com o objetivo de captar e<br />

registrar freqüência de tendências de percepção e comportamento.


3. Insegurança deste segmento empresarial no fornecimento da informação, em<br />

face do temor de revelar informação de interesse estratégico da empresa.<br />

4. A heterogeneidade de processos de inovação vivenciados pelas peque<strong>nas</strong><br />

e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> e a falta de hábito no fornecimento da informação.<br />

5. Dificuldade no preenchimento do questionário decorrente da ausência de<br />

uma estratégia inovativa expressa em documentos escritos e na maioria<br />

dos casos estar ape<strong>nas</strong> concentrada na mente dos principais dirigentes<br />

da empresa.<br />

6. Falta de tempo do empresário para preencher o questionário que a<br />

princípio é extenso e demanda tempo de reflexão.<br />

7. Desinteresse na pesquisa uma vez que o processo inovativo é um ato<br />

isolado e da estratégia particular da empresa.<br />

8. A não compreensão do empresário da abrangência do processo de<br />

inovação e o temor de ser julgado e avaliado relativamente a seus<br />

posicionamento setorial e social perante a inovação. Portanto julga melhor<br />

a omissão, do que o fornecimento de qualquer tipo de informação que<br />

permite comparações e julgamento.<br />

9. Necessidade de optar por um segmento e regional e setorial e a não<br />

abrangência do universo das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

4.5 Estudos Similares sobre <strong>Inovações</strong> <strong>nas</strong> Empresas<br />

4.5.1 A Indústria e a Questão Tecnológica<br />

A pesquisa "A Indústria e a questão Tecnológica" foi realizado pela<br />

Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Financiadora de Estudos e Projetos<br />

(Finep), para conhecer melhor os caminhos, as dificuldades e os desafios que as<br />

<strong>empresas</strong> têm encontrado em suas estratégias de desenvolvimento tecnológico.<br />

(Apresentação, p.9).<br />

223


Esta pesquisa teve por objetivo captar a percepção do setor industrial sobre<br />

sua estratégia de desenvolvimento tecnológico. Participaram do estudo uma amostra<br />

probabilística de 531 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do país inteiro, de diferentes tamanhos e<br />

diferentes setores. O cadastro base utilizado para seleção da amostra foi o Cadastro<br />

de Estabelecimentos Empregadores (CEE), ano-base 1998 mantido pelo Ministério<br />

do Trabalho e Emprego. Foi adotada a nova Classificação Nacional de Atividades<br />

Econômicas (CNAE), elaborada e mantida pela Comissão Nacional de Classificação<br />

(Concla), presidida pelo IBGE.<br />

A coleta de dados ocorreu durante os meses de outubro a dezembro de 2001 por<br />

meio de questionários enviados por correio convencional e eletrônico às <strong>empresas</strong><br />

selecionadas. As informações levantadas foram de caráter qualitativo tendo como<br />

preocupação diferenciar as informações tanto por porte da empresa como por setor de<br />

atividade a que pertencia. A amostra efetiva contou com a participação de 531<br />

<strong>empresas</strong>, sendo mais que o suficiente para garantir a geração de resultados para o<br />

Brasil como um todo, bem como para porte observando-se, nesses casos, os<br />

parâmetros de confiança e precisão definidos a priori (Ver anexo II p. 57-59).<br />

Os principais resultados apresentado pelo estudo indicam que as grandes<br />

<strong>empresas</strong> reconhecem a importância da inovação para competir. A principal<br />

estratégia de inovação identificada é a compra de máqui<strong>nas</strong> e equipamentos e a<br />

segunda é a capacitação de recursos humanos para operar as novas tecnologias<br />

(máqui<strong>nas</strong>). Como estratégias importantes, mas não as mais indicadas, estão as<br />

inovações de produtos, as mudanças organizacionais e a adoção de novas práticas<br />

gerenciais. As principais estratégias de negócios foram as inovações de produtos e<br />

processos e a expansão da capacidade produtiva para novos produtos e a conquista<br />

de novos mercados.<br />

224


4.5.2 O Estudo da Oferta e da Demanda Nacional por Serviços Tecnológicos<br />

O Estudo da Oferta e da Demanda Nacional por Serviços Tecnológicos foi<br />

realizado por iniciativa do Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT, tendo o apoio do<br />

PADCT III/TIB e executado pelo Instituto de Tecnologia do Paraná - Tecpar e pela<br />

Confederação Nacional da Indústria - CNI.<br />

Trata-se de um estudo quantitativo, de caráter exploratório tendo como<br />

objetivo uma visão geral sobre a demanda atual da indústria brasileira por serviços<br />

tecnológicos e sobre os fatores que estimulam, dificultam ou reprimem a demanda<br />

por tecnologia, na visão do setor empresarial. O estudo pretendeu avaliar a<br />

capacidade existente no país para atender às exigências básicas da Indústria <strong>nas</strong><br />

funções da Tecnologia Industrial Básica - TIB (TECPAR, MCT, 2001, Apresentação).<br />

Segundo a afirmação dos autores do Estudo, Carlos O. Quandt e Luiz Márcio<br />

Spinosa, é necessário conhecer as demandas e as necessidades por diferentes<br />

tipos de serviços tecnológicos para que as <strong>empresas</strong> possam competir em<br />

condições de igualdades nos mercados. O trabalho realizado visou detectar as<br />

possíveis deficiências, identificar os serviços existentes e não existentes no país,<br />

promover o seu uso, e proporcionar subsídios para a definição de políticas de apoio<br />

ao desenvolvimento de uma infra-estrutura nacional para Serviços Tecnológicos.<br />

(TECPAR, MCT, 2001, Introdução p.1).<br />

O Estudo da Oferta de Serviços Tecnológicos no Brasil (Graça Maria Simões<br />

Luz, Sônia Maria Marques de Oliveira e Rosângela Visoni Azanha de Ornelas –<br />

Instituto de Tecnologia do Paraná) é uma análise quantitativa de caráter exploratório<br />

cujos resultados permitem uma visão global sobre a capacidade existente no país<br />

para atender às exigências básicas <strong>nas</strong> funções da Tecnologia Industrial Básica -<br />

TIB (p.31). Participaram do estudo 253, as quais ofertam cerca de 6.000 diferentes<br />

tipos de serviços tecnológicos.<br />

O Estudo da Demanda de Serviços Tecnológicos no Brasil contou com uma<br />

amostra de 476 <strong>empresas</strong> de diferentes portes, localizadas <strong>nas</strong> várias regiões do<br />

225


país e pertencentes aos diversos setores da indústria de transformação, construção<br />

civil e serviços <strong>industriais</strong> (TECPAR, MCT, 2001, p.83). As <strong>empresas</strong> foram<br />

classificadas em 15 segmentos <strong>industriais</strong>, a partir da Classificação Nacional de<br />

Atividades Econômicas (CNAE).<br />

As informações sobre a demanda nacional por serviços tecnológicos foram<br />

obtidas a partir da coleta de informações junto a uma amostra de 476 <strong>empresas</strong><br />

pertencentes a 16 setores, das cinco regiões geográficas brasileira, e considerando-<br />

se o porte das <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de pequeno, médio e grande porte (Anexo 3).<br />

TABELA 8 - SETOR DE ATIVIDADE E TAMANHO DAS EMPRESAS INFORMANTES<br />

PEQUENO MÉDIO GRANDE<br />

NÃO<br />

INFORMADO<br />

TOTAL<br />

Alimentos e bebidas 35 19 16 4 74<br />

Têxteis, vestuário e acessórios 16 10 24 6 56<br />

Madeira 12 5 3 0 20<br />

Celulose e papel 0 6 6 0 12<br />

Químicos, petróleo e álcool 17 20 12 0 49<br />

Borracha e plástico 9 8 1 0 18<br />

Minerais não-metálicos 14 7 5 0 26<br />

Metalurgia básica 3 11 12 0 26<br />

Produtos de metal 15 6 5 0 26<br />

Máqui<strong>nas</strong> e equipamentos 11 11 8 1 31<br />

Informática, eletroeletrônicos e<br />

comunicações<br />

Veículos automotores e outros de<br />

7 13 10 1 31<br />

transporte 5 8 11 2 26<br />

Móveis 11 6 2 0 19<br />

Construção civil 10 8 1 1 20<br />

Serviços <strong>industriais</strong> 2 1 11 2 16<br />

Outros 9 9 7 1 26<br />

TOTAL 176 148 134 18 476<br />

FONTE: Estudo da Demanda de Serviços Tecnológicos no Brasil, 2001<br />

4.5.3 Pesquisa Industrial sobre Inovação Tecnológica (PINTEC)<br />

A Pesquisa Industrial sobre Inovação Tecnológica - PINTEC foi realizada pela<br />

primeira vez pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria<br />

com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e<br />

Tecnologia. A pesquisa foi realizada nos anos de 1998, 1999, e 2000 mediante a<br />

226


investigação de 72 mil <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> extrativas e de transformação com mais<br />

de 10 pessoas empregadas.<br />

A pesquisa será realizada a cada três anos e adota metodologia aceita e<br />

aplicada internacionalmente de modo que permita a comparação entre países.<br />

Principais constatações extraídas da pesquisa são: a) os altos custos e a<br />

escassez de financiamento são os maiores obstáculos para que as indústrias<br />

brasileiras invistam em inovação tecnológica; b) a falta de pessoal qualificado e de<br />

informação sobre tecnologia e mercado; c) riscos econômicos excessivos e<br />

dificuldade de adequação a padrões, normas e regulamentações; d) a taxa de<br />

inovação é proporcional ao porte das <strong>empresas</strong>: a menor taxa, de 27% foi<br />

apresentada pelas <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> que empregam entre 10 a 49 pessoas; e a<br />

maior, 76%, foi registrada <strong>nas</strong> indústrias com mais de 500 empregados; e) em<br />

termos internacionais, as <strong>empresas</strong> brasileiras apresentam taxa de inovação<br />

semelhante às da Espanha, onde 34,8% das <strong>empresas</strong> que inovam gastam 1,86%<br />

de suas receitas para esse fim. A comparação entre os dois países também pode<br />

ser feita em relação à estrutura de gastos, que se concentram, principalmente, nos<br />

itens aquisição de máqui<strong>nas</strong> e equipamentos (41,28% na Espanha e 52,22% no<br />

Brasil); enquanto os gastos em pesquisa e desenvolvimento <strong>nas</strong> atividades inter<strong>nas</strong><br />

de pesquisa e desenvolvimento na Espanha absorvem 30,81% e 16,75% no Brasil.<br />

(IBGE, 2003).<br />

4.5.4 O Impacto do Uso Estratégico da Tecnologia no Desempenho da Empresa<br />

(CUNHA, 1994)<br />

O trabalho de pesquisa "O Impacto do Uso Estratégico da Tecnologia no<br />

Desempenho da Empresa" teve como objetivo investigar a relação entre o uso<br />

estratégico da tecnologia e o desempenho estratégico da empresa. O uso<br />

estratégico da tecnologia foi avaliado por meio de três aspectos: a existência da<br />

consciência tecnológica, a capacitação tecnológica e a existência de estratégias<br />

227


<strong>tecnológicas</strong> inovadoras na empresa. O estudo teve uma abordagem metodológica<br />

quantitativa, mas sempre acompanhado por procedimentos qualitativos para<br />

controlar as diversas etapas da construção do estudo (CUNHA, 1994, p.69).<br />

A amostra das <strong>empresas</strong> pesquisadas contou com a participação de 59 <strong>empresas</strong><br />

indústrias dos ramos Metalúrgico, Mecânico e de Material Elétrico e de Comunicações<br />

de pequeno, médio e grande porte do Paraná identificadas a partir do cadastro da<br />

Federação das Indústrias do Estado do Paraná, mediante escolha aleatória da amostra<br />

considerando-se os objetivos da pesquisa pretendidos pelo autor.<br />

O autor conclui que a análise dos dados obtidos confirma fortemente a<br />

proposição de que as <strong>empresas</strong> que fazem uso estratégico da tecnologia obtêm<br />

melhor desempenho. As <strong>empresas</strong> de maior porte têm uma relação significativa<br />

entre o uso estratégico da tecnologia e o desempenho estratégico. Para as<br />

<strong>empresas</strong> de menor porte, esta relação mostrou-se fraca ou inexistente, não sendo<br />

possível uma afirmação conclusiva (CUNHA, 1994, p.xii e 135). Aparentemente a<br />

pequena empresa têm benefícios com a renovação mais constante de sua<br />

tecnologia, mas não necessariamente com o investimento próprio em tecnologia<br />

(p.139). Somente um estudo mais profundo, que se julga muito necessário, poderia<br />

averiguar as relações causais entre estes fatores (p.139). O prosseguimento dos<br />

estudos nesta área requereriam a investigação de maiores detalhes dos fenômenos<br />

constatados que explicassem como se processam as relações significativas<br />

encontradas, ou a ausência de relações em alguns casos (p.139).<br />

4.5.5 Política Científica e Tecnológica: Novas Trajetórias Institucionais para o<br />

Estado do Paraná (CUNHA, 1995)<br />

A tese teve como objetivo analisar o papel da Política Científica e Tecnológica<br />

e das instituições na estrutura de um Sistema de Inovação no Estado do Paraná. A<br />

hipótese inicial da pesquisa era de que a formação de núcleos de inovação em<br />

segmentos de novas tecnologias é direcionada por estratégias de Política Industrial,<br />

228


Científica e Tecnológica, que visam desenvolver a capacidade endógena de<br />

inovação, sustentada por novos arranjos institucionais definidos a partir da<br />

cooperação dos agentes governo, universidade e <strong>empresas</strong> (CUNHA, 1995, p.xix).<br />

A pesquisa conclui que as estruturas de apoio ao desenvolvimento industrial<br />

paranaense, montadas ao longo das décadas de 1960 e 1970, não respondiam às<br />

necessidades da nova estratégia de desenvolvimento científico e tecnológico para<br />

sustentar a formação de sistema de inovação em nível local. Como conseqüência,<br />

acontece um operação desmonte das instituições de apoio à industrialização e a<br />

remontagem de uma nova estrutura institucional cujo principal objetivo é desenvolver<br />

um padrão de industrialização direcionada para os segmentos de novas tecnologias.<br />

(CUNHA, 1995, p.xix e p.240-255). Sobre o assunto operação desmonte do aparato<br />

institucional tradicional de apoio ao desenvolvimento do setor produtivo paranaense<br />

recomenda-se consultar tese de doutoramento de Francisco de Borja Baptista de<br />

Magalhães Filho (1999).<br />

4.5.6 Pesquisa Sondagem Conjuntural da Federação das Indústrias do Estado do<br />

Paraná dos Anos 1998-2002<br />

A pesquisa de Sondagem Conjuntural é um trabalho realizado pelo<br />

Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná. O<br />

projeto teve seu início no ano de 1996, e já está em sua sétima edição anual. Tem<br />

como objetivo captar as expectativas dos líderes empresariais do Estado do Paraná<br />

com relação ao desenvolvimento de suas atividades no futuro próximo (1 ano) e<br />

identificar as ações concretas que estão sendo desenvolvidas para adequações e<br />

ajustes perante os desafios das mudanças da economia internacional e da<br />

conjuntura nacional.<br />

A metodologia da Sondagem Conjuntural no ano de 2002 (7. a edição) contou<br />

com a participação de 490 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> paranaenses de todas as regiões<br />

229


que espontaneamente se dispuseram a responder ao questionário, que foi enviado<br />

para 2.900 <strong>empresas</strong> constantes do Cadastro Industrial da FIEPR na ocasião.<br />

O questionário enviado e respondido pelas <strong>empresas</strong> engloba 5 (cindo) áreas:<br />

Produtividade; Competitividade; Estratégias de maior importância de Venda e de<br />

Compra; Qualidade e Infra-estrutura; sendo que a maioria das 34 questões são<br />

perguntas fechadas.<br />

A tabulação dos resultados da pesquisa no ano de 2002 (490 <strong>empresas</strong>),<br />

relativamente a estratégias a serem implementadas no ano de 2003 resultou <strong>nas</strong><br />

informações a seguir apresentadas.<br />

Com relação à pergunta "Qual a estratégia de maior importância para a empresa<br />

em 2003 as respostas foram: a) como a mais importante estratégias 72,50% das<br />

<strong>empresas</strong> respondentes indicam a satisfação do cliente; b) a segunda estratégia mais<br />

votada com 51,67% das <strong>empresas</strong> respondentes foi que a indicação como estratégia<br />

principal a inovação e desenvolvimento de produtos; c) em terceiro lugar, com<br />

44,58% de indicações, aparece a estratégia de desenvolvimento de negócios; d) a<br />

quarta estratégia principal votada foi a flexibilidade para incorporar novos produtos<br />

à linha de produção com 36,04% de indicações; e) satisfação dos funcionários com<br />

35,21% está em 5. o lugar; f) desenvolvimento de funcionários com 33,33% está em<br />

6. o lugar; g) responsabilidade social 17,71% está em 7. o lugar; h) impacto ambiental<br />

12,71% 8. a colocação; i) engenharia/design com 10,21% aparece em 9. o lugar; j) serviço<br />

ao usuário com 6,88% das preferências está em 10. o lugar.<br />

Com relação à pergunta para onde irão os investimentos no exercício de 2003,<br />

as respostas tiveram a seguinte indicação: a) qualidade, 59,08%; b) produtividade<br />

57,62%; c) desenvolvimento de produtos, 52,61%; d) modernização tecnológica,<br />

52,61%; e) aumento da capacidade produtiva, 48,23%; f) melhoria de processo,<br />

48,02%; g) recursos humanos, 29,44%; h) propaganda e marketing, 21,50%;<br />

i) racionalização administrativa, 14,20%; j) comércio eletrônico, 5,85%<br />

230


Com relação a pergunta à quem se deve o aumento da produtividade na<br />

empresa, os resultados da pesquisa sondagem conjuntural indicam: a) melhor<br />

gerenciamento de pessoal, 44,47%; b)modernização tecnológica, 42.38%; c) melhor<br />

tratamento e administração das informações, 34,665; d) utilização de técnicas<br />

gerenciais moder<strong>nas</strong>, 30,06%; e) não registrou aumento de produtividade, 11,69%;<br />

f) terceirização, 10,65%. Quando a empresa respondeu sobre a situação da empresa<br />

na questão qualidade, as principais respostas foram: a) houve melhora significativa<br />

da qualidade do produto nos últimos anos, 71,82% dos respondentes; b) os<br />

funcionários estão engajados em algum processo de melhoria contínua, 53,86%;<br />

c) existem esforços para melhora da qualidade dos fornecedores, 34,45%; d) não<br />

houve melhora da qualidade do produto, 4,38%.<br />

Em relação aos métodos utilizados para a modernização tecnológica na área<br />

produtiva da empresa, os resultados da pesquisa da FIEP Sondagem Conjuntural<br />

foram: a) utilização de máqui<strong>nas</strong> e/ou equipamentos automáticos, 78,08%; b) CAD -<br />

projeto assistido por computador, 15,66%; c) CAM – manufatura assistida por<br />

computador, 8,35%.<br />

A pergunta "Qual a forma utilizada pela empresa para que os funcionários<br />

absorvam a modernização tecnológica", teve as respostas: a) treinamento<br />

de funcionários, 71,61%; b) contratação de funcionários já treinados, 20,04%;<br />

c) outros, 4,38%.<br />

Em relação à competitividade, os resultados obtidos pela pesquisa<br />

Sondagem conjuntural 2002 indicam que: a) 46,32% das <strong>empresas</strong> respondentes<br />

têm mantido sua competitividade; b) vêm ganhando competitividade 50,53% das<br />

<strong>empresas</strong>; c) vêm perdendo competitividade 3,16% das <strong>empresas</strong> respondentes.<br />

Perguntada sobre que estratégia a empresa adota para enfrentar a crescente<br />

concorrência nacional e internacional, as respostas foram: a) enxugamento de<br />

custos, 58,66%; b) qualificação de pessoal, 57,83%; c) novos produtos, 53,24%;<br />

231


d) novos mercados, 49,06%; e) novas tecnologias, 46,76%; f) terceirização, 13,36%;<br />

g) outras, 2,09%; h) nenhuma, 1,,67%.<br />

Quando à empresa foi perguntada sobre como julga seu estágio tecnológico<br />

em relação às <strong>empresas</strong> nacionais, as respostas foram: a) em dia 60,80%;<br />

b) defasada 21,38%; c) adiantada 12,37%; d) desconhece 5.45%. A mesma<br />

pergunta em relação às <strong>empresas</strong> internacionais: a) em dia 33,97%; b) defasada<br />

58,65%; c) adiantada 2,74%; d) desconhece 4,64%. Perguntada "qual a política<br />

tecnológica da empresa", as respostas foram: a) P&D - pesquisa e desenvolvimento<br />

próprio 45,12% dos respondentes; b) falta de apoio governamental para incentivar e<br />

facilitar a absorção de tecnologia pelas <strong>empresas</strong> 27,00%; c) a empresa<br />

constantemente absorve tecnologia do exterior 16,34%; d) a empresa recorre à<br />

universidade em busca de conhecimentos, de parcerias; e) novas tecnologias ou<br />

inovações 11,55%.<br />

Quanto à estratégia da empresa com relação aos fornecedores, as principais<br />

indicações foram: a) pretendem estabelecer parcerias com os fornecedores 61,67%;<br />

b) qualificar fornecedores 48,75%; c) diversificar fornecedores 43.96%; d) comparar<br />

o fornecedor mais vantajoso no ato da compra 22,92%; e) adquire de um único<br />

fornecedor 2,29%.<br />

O objetivo de incorporar nesta pesquisa as informações levantadas pela<br />

pesquisa Sondagem Conjuntural da FIEPR 2002 é de estabelecer informações<br />

comparativas com os dados obtidos por esta pesquisa "<strong>Inovações</strong> Tecnologias <strong>nas</strong><br />

Peque<strong>nas</strong> e Médias Empresas Industriais do Paraná", cujos resultados serão<br />

apresentados no próximo capítulo.<br />

4.5.7 Estudo da Cadeia Produtiva do Paraná do Produto Carne e seus Derivados,<br />

realizado pelo Ipardes e IBQPR<br />

São três estudos, um para cada cadeia produtiva frango, suíno e bovino,<br />

realizados em convênio de cooperação entre o Instituto Paranaense de<br />

232


Desenvolvimento Econômico e Social - Ipardes; o Instituto Brasileiro de Qualidade e<br />

Produtividade - IBQP; Grupo de Estudos e Pesquisas Agro<strong>industriais</strong> do<br />

Departamento de Engenharia da Produção da Universidade Federal de São Carlos.<br />

Os três estudos foram desenvolvidos durante o ano de 2002 com o objetivo principal<br />

de analisar a competitividade da cadeia agroindustrial da carne de frango, suíno e<br />

bovino no Estado do Paraná. Os estudos levaram em consideração as<br />

transformações ocorridas nos anos 80 e 90 no cenário internacional e nacional <strong>nas</strong><br />

questões econômicas, institucionais e de tecnologia que condicionam a condução<br />

dos negócios e arranjos estruturais das respectivas cadeias produtivas.<br />

A metodologia seguida para os três estudos adota uma visão sistêmica do<br />

agronegócio e utiliza conceitos dos enfoques conhecidos como commodity systems<br />

approach (enfoque sistêmico de produto) e supply chain management (gestão das<br />

cadeias de suprimentos) que orientam os procedimentos e referenciais de análise dos<br />

setores envolvidos. Os estudos procuram demonstrar o grau de competitividade da<br />

cadeia por meio de análise qualitativa sobre as questões identificadas na elaboração<br />

de um pré-diagnóstico resultado de pesquisa em fontes secundárias e no<br />

desenvolvimento do diagnóstico junto aos diferentes atores de cada cadeia produtiva<br />

mediante pesquisa de campo via questionários e entrevista diretas com <strong>empresas</strong> e<br />

instituições envolvidas em cada cadeia produtiva. As análises utilizam direcionadores<br />

de competitividade que são empregados para uma avaliação qualitativa e como meio<br />

de embasar as proposições de medidas corretivas.<br />

Os resultados das análise levam à proposição de um conjunto de<br />

recomendações de políticas públicas gerais e setoriais e a indicações de ações a<br />

serem desenvolvidas entre governo, universidades e centros de pesquisa e as<br />

próprias <strong>empresas</strong> para garantir o processo de inovações e incorporações<br />

<strong>tecnológicas</strong> para conquista de competitividade sustentável <strong>nas</strong> cadeias produtivas<br />

de carnes e derivados do frango, suíno e bovino.<br />

233


4.5.8 Arranjos Produtivos e Desenvolvimento Regional: O Caso do Paraná<br />

Este trabalho de Pesquisa foi desenvolvido pelo Prof. Dr. Fábio Dória Scatolini,<br />

mediante o Projeto de Pesquisa Ipea/BRA 97013 e contando com o apoio do CNPq,<br />

Dieese, Cesit/IE/Unicamp (publicado em TIRONI, 2001). Este relatório foi elaborado<br />

visando identificar e analisar os principais arranjos produtivos existentes no Estado<br />

do Paraná. A metodologia seguida foi a da análise de insumo-produto e estudo de<br />

caso. O trabalho identifica e relata os casos de quatro arranjos produtivos. O<br />

primeiro é o automobilístico localizado na Região Metropolitana de Curitiba. O<br />

segundo é o de papel e celulose, localizado na região Central do Estado. O terceiro<br />

é o de confecções, localizado no Norte do Estado. E o quarto arranjo produtivo é o<br />

de piscicultura localizado no Extremo-Oeste do Estado. O trabalho de campo<br />

procurou caracterizar o estágio de desenvolvimento e as características específicas<br />

de cada arranjo. Foi possível analisar a presença de arranjos que apresentam um<br />

potencial competitivo e inovativo que permitam ocupar espaços importantes tanto no<br />

mercado local quanto no mercado nacional. O trabalho visou fornecer subsídios ao<br />

setor público e setor de ensino e pesquisa na definição de políticas científica e<br />

tecnológica regional.<br />

Genericamente, o relatório conclui que há esforço no desenvolvimento e<br />

aprimoramento tecnológicos tanto por parte das empresa como por parte do governo<br />

e das universidades. No entanto, considerando-se o acirramento da competição<br />

mundial, a intensidade de invenções e de inovações tecnológica, é fundamental<br />

consolidar um sistema dinâmico e sustentável de inovação tecnológica regional.<br />

4.5.9 Tecnologia Apropriada e Planejamento de Sistemas Sociais (CASTOR, 1982)<br />

Este projeto é uma referência sobre a questão do desenvolvimento e<br />

incorporação de tecnologias adequadas no Estado do Paraná. É um trabalho<br />

pioneiro e que orienta outros trabalhos que se sucedem relativamente ao<br />

234


desenvolvimento econômico e social do Paraná e a incorporação de tecnologias<br />

para nações e áreas subnacionais em vias de desenvolvimento. O trabalho discute o<br />

poder mítico da tecnologia sobre o homem, como uma das maiores fontes de<br />

transformação da vida dos indivíduos e da sociedade, desde os primórdios da<br />

humanidade passando pela tecnologia do cultivo da terra, do desenvolvimento da<br />

produção agrícola, da revolução industrial, que esteve baseada na introdução de<br />

técnicas de produção e formas de organização social e produtivas diferentes das<br />

existentes até então. E este trabalho traz uma grande contribuição para o<br />

entendimento das mudanças que ocorrem no sistema produtivo e da organização<br />

mundial dos últimos 50 anos, especialmente na análise e considerações sobre o<br />

espaço e as oportunidades das nações em desenvolvimento.<br />

Tem como objetivo principal discutir a questão do impacto de diferentes<br />

tecnologias e dos processos de mudança tecnológica sobre a qualidade de vida dos<br />

indivíduos e das nações, particularmente dos países em desenvolvimento. Para os<br />

objetivos do trabalho, o entendimento de tecnologia é como um conjunto de meios<br />

materiais e abstratos criados, desenvolvidos e utilizados pelo homem com o fim de<br />

resolver problemas em todos os domínios de sua vida, tanto individual como a<br />

associada. Tecnologia é definida, então, como um conjunto de instrumentos,<br />

máqui<strong>nas</strong>, utensílios, produtos em geral, isto é, o conjunto de meios materiais que os<br />

indivíduos lançam mão para satisfazer suas necessidades ou seus desejos; e como<br />

o conjunto de concepções abstratas, formas de organização social e processos por<br />

eles utilizados para o mesmo fim. Tais necessidades e desejos, por sua vez, podem<br />

ser de natureza individual ou deriva da vida associada dos indivíduos em grupo,<br />

comunidades ou sociedade (CASTOR, 1982, p.1-2). O entendimento é que há certas<br />

tecnologias que são mais apropriadas do que outras, isto é, algumas tecnologias são<br />

apropriadas enquanto outras não o são (CASTOR, 1982, p.9).<br />

O estudo se concentrou na discussão do conceito de adequação ou<br />

inadequação de tecnologias, considerando a teoria administrativa e a formulação de<br />

235


políticas públicas, analisando as vinculações entre o conceito de tecnologia<br />

apropriada e as chamadas teorias de desenvolvimento, e o conceito de tecnologia<br />

apropriada e a Teoria de Delimitação dos Sistemas Sociais. Propõe critérios para<br />

avaliação do grau de adequação de uma determinada tecnologia e um determinado<br />

sistema social. Analisa como exemplo de mudança socioeconômica e tecnológica o<br />

que ocorreu no Estado do Paraná no período de 20 anos (1960 a 1980),<br />

demonstrando o impacto exercido pelas mudanças <strong>tecnológicas</strong> <strong>nas</strong> vida das<br />

pessoas e da comunidade como um todo (CASTOR, 1982, p.1-10).<br />

Em síntese, o trabalho procurou demonstrar a utilidade da avaliação<br />

tecnológica para orientar a definição e execução de políticas e estratégias de<br />

desenvolvimento. O estudo parte do pensamento de Landon Winner (1982),<br />

"tecnologias nunca são neutras. Elas são formas de vida". Neste sentido, elas<br />

são também políticas, na medida em que legislam e governam os padrões<br />

fundamentais adotados por grande parte da vida moderna. É certo que comumente<br />

se faz uma distinção incrítica entre "tecnologia" de um lado e "sociedade" de outro.<br />

Em alguns aspectos, tal distinção ainda é útil, mas em outros não o é. Uma fábrica é<br />

uma instituição tecnológica ou social? Um sistema de transporte de massas é,<br />

principalmente, um fenômeno social ou tecnológico? A televisão é um sistema de<br />

aparelhos ou uma modalidade de relacionamento social? (WINNER, 1979 in:<br />

CASTOR, 1982, p.1-14).<br />

As diferenças entre as nações desenvolvidas e as nações em desenvolvimento, a<br />

qualidade de vida dos cidadãos destas nações, as desigualdades nos estágios de<br />

desenvolvimento e a falta de eqüidade social entre nações e dentro de uma nação<br />

mostram que não há neutralidade das tecnologias, bem como ajudam a compreender<br />

seus verdadeiros impactos culturais, políticos, sociais e organizacionais no<br />

desenvolvimento de uma sociedade nacional e mundial.<br />

Analisando o caso da incorporação de tecnologia adequada no Estado do<br />

Paraná, o estudo conclui que há uma grande transformação da economia e da<br />

236


sociedade paranaense, passando por uma agricultura que se mecaniza e<br />

moderniza, mas que desestabiliza o trabalhador da atividade agrícola e o transfere<br />

para a cidade. Esta mudança implica a reorganização da atividade da cidade, no re-<br />

planejamento da cidade, na necessidade de encontrar novas ocupações econômicas<br />

para os trabalhadores e novas bases produtivas que possam garantir o<br />

desenvolvimento econômico e social sustentável com tecnologias adequadas aos<br />

desafios da nova economia, do novo modo de organização da produção capitalista,<br />

das novas necessidades de qualidade de vida dos cidadãos.<br />

4.5.10 Crescimento, Reestruturação e Competitividade Industrial no Paraná –<br />

1985-2000 (IPARDES, 2002)<br />

Este trabalho têm como cenário as grandes transformações ocorridas na<br />

economia mundial e na economia nacional nos últimos anos e analisa as<br />

transformações ocorridas na economia do Paraná tanto nos seus aspectos<br />

quantitativos de aumento dos investimentos <strong>industriais</strong>, especialmente no setor da<br />

indústria automobilística, siderurgia, madeira e agroindústria, como também<br />

considera as mudanças qualitativas ocorridas nos diferentes setores <strong>industriais</strong><br />

relativas à incorporação de tecnologias, aumento de produtividade e incorporação de<br />

ganhos de competitividade.<br />

O trabalho busca reavaliar os componentes dinamizadores do crescimento do<br />

setor industrial futuro no Estado do Paraná procurando compreender a intensidade das<br />

mudanças e a reestruturação da capacidade instalada e das bases <strong>tecnológicas</strong>; a<br />

reorganização do tecido industrial e seus efeitos sobre a competitividade; os impactos<br />

da política de abertura comercial sobre as relações de comércio exterior. O trabalho tem<br />

dois eixos principais: o primeiro, o crescimento da base produtiva estadual e o segundo,<br />

as mudanças na configuração estrutural e sua capacitação competitiva.<br />

A metodologia da pesquisa utiliza-se dos dados cadastrais sobre a indústria do<br />

Paraná classificados pelo Código de Atividades Econômica da Secretaria de Estado<br />

237


da Fazenda levando em consideração o valor de saídas, o valor de entradas, o valor<br />

adicionado e o pessoal ocupado para cada estabelecimento industrial da indústria<br />

extrativa mineral e de transformação referente aos anos de 1985, 1990, 1995 e<br />

2000. Os ramos <strong>industriais</strong> foram classificados em três níveis de intensidade<br />

tecnológica de acordo com Hatzichronoglou (1997): alta e média alta; média baixa e<br />

baixa com o objetivo de orientar a análise baseada nos seguintes critérios: a)<br />

intensidade de uso dos fatores; b) escala e modo de produção; c) conformação de<br />

mercado; d) tipo de produto. Com estes instrumentos forma trabalhados sessenta<br />

(60) agrupamentos <strong>industriais</strong>, formados a partir da ótica da demanda.<br />

O desenvolvimento de indicadores a partir da classificação apresentada foi de<br />

avaliar o crescimento e a reestruturação da indústria paranaense e observar a<br />

dinâmica de alguns condicionantes competitivos da base industrial do Estado. Visando<br />

mensurar a capacidade instalada da indústria e seus agrupamentos <strong>industriais</strong>,<br />

estudou-se a malha produtiva composta pelo número de estabelecimentos existentes<br />

num determinado ano. Com relação à capacidade instalada, estudou-se a escala de<br />

produção de cada estabelecimento considerado nos agrupamentos <strong>industriais</strong>.<br />

Os resultados das análises levam à conclusão que nos últimos anos (após<br />

1995) a indústria paranaense retoma o crescimento e o seu processo de<br />

reestruturação competitiva que fora interrompido e/ou desacelerado durante a<br />

primeira metade dos anos 90. Observa-se o declínio nos investimentos <strong>nas</strong><br />

atividades tradicionais, como desdobramento de madeira, e o surgimento de um<br />

novo perfil industrial com maior conteúdo tecnológico, tanto em novos segmentos<br />

<strong>industriais</strong> como também em indústrias tradicionais que incorporam uma nova base<br />

<strong>tecnológicas</strong>, com inovações de produtos, de formas organizacionais e busca de<br />

novos mercados. Embora possam ser constatadas diferentes trajetórias <strong>tecnológicas</strong><br />

entre diferentes segmentos <strong>industriais</strong>, pode-se identificar a preocupação com a<br />

manutenção de mercado, a reconquista de mercados perdidos, a conquista de<br />

novos mercados e a incorporação de novas bases de competição pela incorporação<br />

238


de inovações <strong>tecnológicas</strong> que possibilitem ganhos de qualidade, produtividade e<br />

competitividade para garantir crescimento, sobrevivência e lucros sustentáveis ao<br />

longo do tempo. Observa-se claramente a substituição de setores tecnologicamente<br />

defasado por setores que incorporam novas bases <strong>tecnológicas</strong>. Volta-se à pergunta<br />

fundamental: se todo capitalista quer lucro, se a força determinante do lucro é<br />

inovação, por que alguns inovam e outros não?<br />

4.5.11 Outros Estudos Relativos à Economia Paranaense e <strong>Inovações</strong><br />

Tese de Doutoramento de Jaime Graciano Trintin com o título A Economia<br />

Paranaense: 1985-1998 apresentada ao Instituto de Economia da Unicamp, 2001<br />

sob a orientação do Prof. Dr. Rinaldo Barcia Fonseca.<br />

Dissertação de Mestrado de Roberto Gregório da Silva Junior – Alianças<br />

Estratégicas em Tecnologia: Um Estudo de Caso <strong>nas</strong> Relações Universidade/<br />

Empresa apresentada no Curso de Pós-Graduação em Administração, Setor de<br />

Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Paraná Sob orientação do Prof.<br />

Dr. Belmiro Valverde Jobim Castor, 1993<br />

Dissertação de Mestrado de Camila Barreto Rodrigues Cochia – Contexto<br />

Ambiental, Esquemas interpretativos e Posicionamento Estratégico: um estudo em<br />

peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> paranaenses – apresentado ao Curso de Mestrado em<br />

Administração do Setor de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do<br />

Paraná, sob a orientação do Prof. PhD Clóvis L. Machado-da-Silva, 2002<br />

Dissertação de Mestrado de Gilmar Mendes Lourenço – A Inserção do Paraná<br />

na Reorganização Inter-regional da Economia Brasileira nos anos 90 - Apresentada<br />

à Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em<br />

Engenharia de Produção, 2002<br />

239


4.6 Aspectos Teóricos da Questão Metodológica<br />

A pesquisa pretende compreender como e por que os empresários<br />

paranaenses das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> inovam. Entender como<br />

percebem as necessidades e oportunidades de uma inovação tecnológica, quais as<br />

dificuldades que encontram para identificar e introduzir uma inovação tecnológica.<br />

Entender como os empresários da peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong><br />

percebem a mudança e como se ajustam às estratégias das <strong>empresas</strong> diante das<br />

intensas, rápidas e freqüentes transformações decorrentes do novo processo de<br />

organização da produção capitalista mundial e da abertura da economia brasileira<br />

com conseqüente acirramento da competitividade, trazendo riscos, incertezas, mas<br />

também oportunidades. Entender como decidem e se comportam na condução das<br />

estratégias de inovação de suas <strong>empresas</strong> para refletir sobre novos instrumentos e<br />

mecanismos indutores de inovação.<br />

A administração clássica pensava as organizações como sistemas<br />

relativamente fechados, pois defendia que a eficácia e o sucesso dependiam da<br />

eficiência das operações inter<strong>nas</strong>. Acreditava-se que as organizações e políticas<br />

administrativas eram criadas para realizar um conjunto estável de tarefas e metas<br />

organizacionais. (BOWDITCH, 1992, p.142).<br />

A teoria organizacional contemporânea considera as organizações como<br />

sistemas abertos, que precisam se adaptar a condições exter<strong>nas</strong> mutantes para<br />

sobreviver, crescer e ter sucesso (BOWDITCH, 1992, p.142). Portanto, as<br />

organizações estão inseridas em um ambiente externo mutante que influencia o<br />

ambiente interno da organização para produzir e competir com lucro sustentável. Isto<br />

é, as mudanças do ambiente externo implicam mudanças e ajustamento no<br />

ambiente interno da organização.<br />

Sendo as organizações sistemas abertos à medida que os ambientes externos<br />

mudam, o ambiente interno da organização também muda para ajustar-se às<br />

mudanças exter<strong>nas</strong> para assegurar a estratégia de sucesso da empresa. As<br />

240


mudanças freqüentes, e rápidas do ambiente externo trazem instabilidade e<br />

incertezas ao ambiente interno da organização e impulsionam para as mudanças de<br />

produto, de processo e de formas organizacionais.<br />

Na sociedade brasileira atual e no processo produtivo das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> em particular com a advento da globalização como tratado no capítulo 1 e<br />

seus impactos na empresa como visto também no capítulo 2 desta tese indicam<br />

fortes estímulos às mudanças das organizações. Ainda que se creia que estas<br />

mudanças tragam fortes alterações na cultura organizacional das <strong>empresas</strong> de<br />

pequeno e médio porte, não será aprofundado este assunto nesta tese. Mas,<br />

procura-se avaliar as mudanças provocadas no processo de incorporação, geração<br />

e irradiação de produtos e processo <strong>nas</strong> organizações para participar eficientemente<br />

do mercado nacional e internacional.<br />

Este trabalho não pretende desenvolver uma análise da mudança cultural na<br />

organização provocado pelo ambiente externo. No entanto, reconhece que as<br />

mudanças do ambiente externo da organização interferem <strong>nas</strong> mudanças do<br />

ambiente interno e da própria estratégia de ação da empresa.<br />

A partir desta crença a pesquisa que se desenvolve procura entender como o<br />

empresário e executivo das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> percebem a mudança<br />

como ameaça ou oportunidade, como superam as dificuldades e utilizam os elos<br />

facilitadores nacionais e locais para conduzirem estratégias de inovação e<br />

competição <strong>nas</strong> organizações que administram.<br />

Com o objetivo de compreender a inovação tecnológica e suas implicações para<br />

a estrutura organizacional analisa-se o contexto organizacional da inovação. Pesquisas<br />

desenvovlidas por J.R. Kimbeerly (1986, p.23-43) identifica cinco tipos de inovação<br />

organizacional, sendo que para cada tipo surgem desafios gerenciais e organizacionais<br />

específicos: a) organização como usuária da tecnologia inovadora; b) organização<br />

como inventora da inovação; c) organização como usuária e inventora; d) organização<br />

como veículo da inovação e) organização como uma inovação.<br />

241


a) Usuários da inovação – exige o desenvolvimento de habilidades e<br />

flexibilidade para identificar, adotar e usar inovações promissoras.<br />

b) Organizações inventoras da inovação demandam a criação de estruturas<br />

que fomentem a criatividade e produtividade especialmente pesquisa e<br />

desenvolvimento de produtos e de ciência e tecnologia.<br />

c) Usuários e inventoras da inovação – criam soluções para problemas<br />

próprios e comercializam inovações próprias ou de outros. Ex. Indústria<br />

automobilística.<br />

d) Veículos para inovação – Exemplo organizações de assitência médica,<br />

<strong>empresas</strong> de consultoria.<br />

e) Organizações como uma inovação são criadas para fomentar alianças<br />

entre a indústria e a universidade para gerar fundos e desenvolver<br />

avanços tecnológicos. O desafio básico neste tipo de organização é<br />

assegurar estabilidade interna suficiente sem desestimular a criatividade e<br />

a inovação, de maneira tal que as pessoas possam realizar seus trabalhos<br />

com eficácia enquanto estão sendo criadas as articulações e elos<br />

facilitadores entre entidades de pesquisa, universidades, entidades de<br />

governo e público externo. Estas novas organizações também são<br />

chamadas de estruturas organizacionais paralelas.<br />

Alfred Chandler em suas <strong>pesquisas</strong> constatou que em geral as <strong>empresas</strong><br />

iniciam suas atividades com um produto ou serviço, mas à medida que a empresa<br />

cresce e se desenvolve as organizações das <strong>empresas</strong> passam de estruturas<br />

simples e centralizadas para estruturas organizacionais mais complexas. Chandler<br />

constatou que à medida que as <strong>empresas</strong> crescem e se desenvolvem vão adaptanto<br />

suas estruturas organizacionais mais descentralizadas e com maior grau de<br />

complexidade e formalização (BOWDITCH, 1992, p.175).<br />

242


Há diversas maneiras de estruturar as organizações. O importante é assegurar<br />

que a estruutura seja adequada ao tipo de ambiente e assegurem o ajustamento da<br />

organização às exigências, limitações e incertezas do ambiente.<br />

As influências do ambiente externo da organização, as contribuições<br />

decorrentes da experiência e do conhecimento de cada indivíduo que compõe a<br />

organização e os objetivos, as metas e a estrutura organizacional influenciam a<br />

cultura o clima e a identidade organizacional interna.<br />

Cultura organizacional se refere ao padrão compartilhado de crenças,<br />

suposições e expectativas dos membros da organização e sua maneira de perceber<br />

as oportunidades e as ameaças do ambiente externo e do ambiente interno<br />

definindo uma estratégia de organização e atuação com sucesso. Cultura da<br />

organização é o reflexo da personalidade da organização, influenciando a forma<br />

como as pessoas agem e interagem dentro de uma sociedade.<br />

As culturas organizacionais mudam. Sendo a cultura organizacional parte do<br />

processo de aprendizado e experiência de um grupo à medida que as pessoas se<br />

defrontam com mudanças no ambiente externo e problemas no ambiente interno o<br />

processo de aprender a aprender e reaprender vai processando mudança da cultura<br />

organizacional. Este processo não é revolucionário, mas na maioria absoluta dos<br />

casos é um processo incremental e evolutivo, portanto demanda tempo e recursos e<br />

envolvimentos emocionais muitas vezes desgastantes.<br />

Basicamente há dois modos de efetuar uma mudança cultural numa<br />

organização:<br />

1) Fazendo os integrantes da organização “comprarem a idéia” de uma nova<br />

configuração de crenças e valores.<br />

2) Recrutando e socializando novas pessoas para dentro da organização,<br />

dando ênfase às novas crenças e valores e removendo os membros<br />

antigos conforme necessário.<br />

243


As organizações estão cada vez mais tentando mudar suas culturas como<br />

parte das estratégias de inovação, de estímulos à produtividade e revitalizar suas<br />

ações.<br />

Analisando o pensamento de Minayo (1994, p.13) considera-se que as<br />

sociedades huma<strong>nas</strong> existem num determinado espaço onde a formação social e<br />

configuração são específicas. As sociedades vivem o presente marcado pelo<br />

passado e se projetam para o futuro. Há uma luta constante entre o que foi o<br />

passado, o que se quer ser no futuro e o que se constrói no presente. Isto nos leva a<br />

considerar que a mudança é permanente. O passado só é passado, não é presente<br />

e nem será futuro. A experiência e a cultura de análise, interpretação do ambiente<br />

passado facilita a compreensão e o entendimento do presente e do futuro. No<br />

entanto, o futuro é uma obra de prospecção, de incerteza, de insegurança e de<br />

oportunidades. É a descoberta de um mundo novo. Das novas tecnologias, dos<br />

novos produtos, das novas oportunidades, dos novos negócios. A maneira de<br />

perceber as oportunidades não é igual. A desigualdade é o espaço da oportunidade.<br />

As desigualdades das inovações e dos tempos da inovação é a oportunidade de<br />

sucesso na luta da competição.<br />

Nesta fase do entendimento da metodologia da pesquisa, é necessário<br />

esclarecer o conceito da cultura empresarial, uma vez que o termo será utilizado<br />

com freqüência. Trabalho desenvolvido por Sanday (1979) e mencionado por Godoy<br />

(1995) afirma que é válido identificar a cultura como o conjunto de conhecimentos,<br />

crenças e idéias adquiridos e utilizados por um grupo particular de pessoas para<br />

interpretar experiências e gerar comportamentos (SANDAY, 1995 p.28).<br />

Segundo Edgar Schein (2000, p.29), “cultura organizacional é um conjunto de<br />

suposições, princípios básicos, formas de estar e pensar, sentir e perceber a realidade<br />

que os indivíduos assumem na tentativa de comunicar e se adaptar ao meio”.<br />

244


É um conjunto de crenças, valores, e normas que são compartilhados pelos<br />

funcionários de uma organização que afetam seu comportamento e atitudes<br />

permitindo aos membros de uma organização interpretar e agir sobre seu ambiente.<br />

Trata-se de um conjunto de valores e crenças inventados, descobertos e<br />

apreendidos na busca de caminhos alternativos para ajustar a estratégia interna da<br />

organização na adaptação ao ambiente externo em transformação.<br />

Estudando as questões relativas à etnografia, isto é, o significado que têm as<br />

ações e os eventos para as pessoas ou grupos estudados Spradley (1979) afirma<br />

que em toda sociedade as pessoas usam sistemas complexos de significados para<br />

organizar o seu comportamento, para entender sua própria pessoa e os outros e<br />

para dar sentido ao mundo que vivem. Segundo Spradley, esses sistemas de<br />

significados constituem sua cultura "o conhecimento já adquirido que as pessoas<br />

usam para interpretar experiências e gerar comportamento". (SPRADLEY, 1979, in:<br />

ANDRÉ, 1995 p.19).<br />

Portanto, podemos entender a abrangência do conceito de cultura como sendo<br />

o que as pessoas fazem, por que fazem o que fazem, o que as pessoas sabem,<br />

como sabem o que sabem, as coisas que as pessoas constroem, utilizam, as<br />

maneiras como explicam e interpretam os fenômenos que o cercam.<br />

Os empresários fazem o que fazem, agem como agem, interpretam o mundo<br />

que o cerca não só porque são empresários, mas, em decorrência da cultura<br />

acumulada, isto é, de sua formação formal, de suas informações, de sua escala de<br />

valores, de sua percepção do ambiente que o cerca, portanto, cada empresário tem<br />

seu mundo próprio. Ainda que os fatos e fenômenos que o cercam sejam<br />

aparentemente iguais, a maneira de percebê-los e interpretá-los é própria, individual.<br />

"O vento é o mesmo mas provoca reações diferentes em cada folha" (Cecília<br />

Meireles). Isto implica estratégias diferentes em indústrias do mesmo ramo, do<br />

mesmo lugar e do mundo externo semelhante. O decisor é diferente e sua<br />

estratégias, atitudes, comportamento são diferentes. As <strong>empresas</strong> são a resultante<br />

245


das estratégias de seus executivos, proprietários ou não. E cada qual vive seu<br />

mundo ainda que o vivam em um mesmo ambiente.<br />

Nessa mesma linha de pensamento, discutindo etnografia e cultura Fetterman<br />

define etnografia como sendo "a arte e a ciência de descrever cultura ou grupo"<br />

(FETTERMAN, 1989, in: GODOY, 1995, p.28).<br />

Considerando-se a problemática envolvida e os objetivos da presente estudo<br />

optou-se por uma pesquisa qualitativa, de cunho descritivo e exploratório visando<br />

compreender o sentido e a interpretação que os empresários dão às mudanças<br />

econômicas, sociais, <strong>tecnológicas</strong>, políticas e sociais do mundo no âmbito mundial,<br />

nacional, regional e local. Como entendem, interpretam e se ajustam às mudanças<br />

intensas, rápidas e freqüentes. Como cada empresário constrói seu mundo e toma<br />

suas decisões considerando os ambientes mutantes? Como agem, reagem e<br />

participam, jogam definem sua estratégia de ação seu jogo no ambiente mutante?<br />

Analisando o que diferencia a ciência social da física, Weber afirmava que o<br />

foco da investigação deve se centrar na compreensão dos significados atribuídos<br />

pelos sujeitos às suas ações e para compreender esses significados é necessário<br />

analisá-los dentro do seu próprio contexto (in: ANDRÉ, 1995, p.16).<br />

Através da abordagem qualitativa o que se está buscando mais é a compreensão,<br />

a interpretação, o comportamento alternativo do empresário, mais do que a mensuração<br />

de quantos fazem ou agem desta ou daquela forma. O que se busca compreender é<br />

como agem e por que agem no processo de inovação. O que se busca é a visão<br />

holística, sistêmica do fenômeno da inovação (in: ANDRÉ, 1995, p.17).<br />

As origens teóricas da abordagem qualitativa de pesquisa social estão na<br />

fenomenologia que dá origem às idéias do interacionismo simbólico, da<br />

etnometodologia e da etnografia. Todas estas formas de compreender o<br />

comportamento dos indivíduos em seu ambiente social. Quais são as principais<br />

características destas correntes e como elas auxiliam na compreensão do<br />

comportamento dos empresários de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> paranaenses?<br />

246


A fenomenologia afirma que é preciso penetrar no universo conceitual dos<br />

sujeitos para poder entender como e que sentido eles dão aos acontecimentos e às<br />

interações sociais que ocorrem em sua vida e então compreender o comportamento<br />

dos indivíduos nesta pesquisa dos empresários. O mundo do sujeito (empresário),<br />

as suas experiências cotidia<strong>nas</strong> e os significados atribuídos às mesmas são o núcleo<br />

de atenção na fenomenologia. É o sentido dado a essas experiências que constitui a<br />

realidade. Portanto, a realidade é "socialmente construída" (BERGER e LUCKMANN,<br />

1985, in: ANDRÉ, 1995, p.18).<br />

O interacionismos simbólico parte do pressuposto que a experiência humana é<br />

medida pela interpretação. A interpretação não acontece de forma autônoma, mas à<br />

medida que o indivíduo interage com outro. É por meio das interações sociais do<br />

indivíduo no seu ambiente de trabalho, de lazer, na família que vão sendo<br />

conduzidas as interpretações, os significados, a visão própria, pessoal da realidade.<br />

Como se desenvolve esta visão é o objeto da pesquisa do interacionismo simbólico.<br />

A visão de si mesmo que cada indivíduo vai criando a partir da interação com<br />

outros é uma construção social, pois o conceito criado de si próprio depende de<br />

como cada qual interpreta as ações e os gestos que lhe são dirigidos pelos outros.<br />

Portanto, a forma como cada qual se percebe é em parte decorrente de como os<br />

outros o percebem. Ver George Mead, Herbert Blumer (1969) – criador do termo<br />

'interacionismo simbólico' em 1937 - Howard Becker, Everett Hughes, Blancher Geer<br />

e A. Strauss (1961) Sobre este tema também podem ser encontrados autores<br />

brasileiros como Goulart e Bregunci 1990; Haguete 1987 (ANDRÉ, 1995).<br />

A etnometodologia é uma corrente da sociologia que vai influenciar a<br />

abordagem qualitativa da pesquisa. A etnometodologia não se refere ao método<br />

utilizado, mas ao campo da investigação. Etnometodologia é o estudo de como os<br />

indivíduos compreendem e estruturam o seu dia-a-dia para entender e construir a<br />

realidade que as cerca. Os principais focos de interesse são os conhecimentos<br />

247


tácitos, as formas de entendimento do senso comum, as práticas cotidia<strong>nas</strong> e as<br />

atividades rotineiras que forjam condutas dos atores sociais.<br />

A etnografia é muito similar ao interacionismo simbólico, é desenvolvido na<br />

antropologia. A preocupação principal da etnografia é com o significado que as<br />

ações e os eventos têm para as pessoas ou grupos estudados. Segundo os<br />

trabalhos desenvolvidos por Spradley (1979), a principal preocupação na etnografia<br />

é com o significado que têm as ações e os eventos para as pessoas ou grupos<br />

estudados, em toda sociedade as pessoas usam sistemas complexos de significado<br />

para organizar seu comportamento, para entender sua própria pessoa e os outros,<br />

para dar sentido ao mundo que vivem. Esses sistemas de significados constituem<br />

sua cultura. A definição de cultura para Spradley é "o conhecimento já adquirido que<br />

as pessoas usam para interpretar experiências e gerar comportamentos" (p.5).<br />

Portanto, cultura abrange o que as pessoas fazem, o que elas sabem e as coisas<br />

que elas constroem e usam, conforme explica Spradley (1979).<br />

Os empresários não são iguais. Têm visões do mundo diferentes. Não basta<br />

ser empresário (dono de capital) para pensar igual. Cada empresário<br />

independentemente do tamanho, do local, do ramo de negócios, tem seu mundo,<br />

sua percepção e seu modo próprio de avaliar seu ambiente e tomar decisões de<br />

acordo com os valores e variáveis que percebe, interpreta e acredita. Portanto, a<br />

afirmação de que todo empresário por princípio inova, não parece ser verdadeira.<br />

Inovação não é uma decisão matemática, estatística. Inovação é uma decisão<br />

comportamental decorrente da visão, percepção e interpretação do mundo de cada<br />

empresário. Este processo parece não ser linear, mas sim encontra respostas num<br />

ambiente complexo de múltiplas variáveis, portanto caótico.<br />

Uma da hipóteses com que trabalha esta pesquisa é que o lucro é uma<br />

variável capitalista determinante na busca da inovação. No entanto, a decisão de<br />

inovar não é decorrente sempre da variável capitalista de lucro. Muitas vezes a<br />

248


decisão de inovar ou não inovar está mais calcada na questão cultural, social,<br />

comportamental (SILVA, 2001 e BRASIL, 2002).<br />

A questão desta pesquisa não está em saber quantos empresários se<br />

comportam desta ou daquela forma no processo de inovação. Mas, está em<br />

compreender por que fazem o que fazem? Como fazem o que fazem? Por que<br />

fazem agora e não fizeram antes? Se fazem hoje também farão no futuro?<br />

Utilizam-se, para tanto, as observações e os ensinamentos de Minayo (1994,<br />

p.21), para quem: "a pesquisa qualitativa trabalha com universo de significados,<br />

motivos, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das<br />

relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos a<br />

operacionalização de variáveis". (MYNAYO, 1997).<br />

Godoy (1995, p.58), analisando a questão da pesquisa social, defende que a<br />

pesquisa qualitativa "envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas,<br />

lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação<br />

estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos<br />

participantes da situação em estudo".<br />

O que se está buscando compreender na pesquisa sobre as <strong>Inovações</strong><br />

Tecnológicas <strong>nas</strong> Peque<strong>nas</strong> e Médias Empresas Industriais de base local no interior<br />

do Paraná são as múltiplas e complexas relações sociais, culturais de interesses<br />

contraditórios e conflitantes, mas que também têm pontos de convergências. A<br />

preocupação é com o comportamento na escolha de caminhos alternativos e com a<br />

tomada de decisões em ambientes externos a organização e internos a organização<br />

com múltiplas variáveis de caráter comportamental, nestes casos segundo Godoy a<br />

pesquisa qualitativa pode oferecer interessantes e relevantes dados (GODOY, 1995).<br />

A fonte de informação para esta pesquisa é a visão, a percepção e o conseqüente<br />

comportamento do empresário. Como vê, como percebe, como decide, como age.<br />

Analisando o desenvolvimento da metodologia da pesquisa qualitativa<br />

encontra-se a contribuição de Herbert Blumer, 1937 que cria o termo<br />

249


"intervencionismo simbólico". Neste processo, segundo Blumer, o indivíduo e a<br />

sociedade mantêm constante e estreita inter-relação e que o aspecto subjetivo do<br />

comportamento humano é necessário na formação e na manutenção dinâmica da<br />

identidade social do indivíduo e do grupo social. É dada importância fundamental<br />

para o sentido que as coisas têm para o indivíduo e como elas influenciam seu<br />

comportamento dentro da sociedade. Como as pessoas percebem, interpretam e<br />

agem e interagem com o mundo de sua vida cotidiana?<br />

Outra contribuição importante para a compreensão da metodologia qualitativa<br />

visando captar a realidade pelo pesquisador a partir do cotidiano do objeto do<br />

pesquisado é o surgimento da etnometodologia de Harold Garfinkel, da Universidade<br />

da Califórnia. A etnometodologia estuda e analisa as atividades da vida cotidiana dos<br />

membros de uma comunidade ou organização com o objetivo de identificar processos<br />

metodológicos que as pessoas utilizam na construção diária de sua realidade social. A<br />

etnometodologia procura compreender a natureza da realidade social e como ela é<br />

constantemente construída pelos membros da sociedade, os quais nunca cessam de<br />

tentar interpretar o mundo que percebem e explicar o que nele acontece, identificando<br />

assim suas próprias oportunidades de ação e sobrevivência.<br />

Do ponto de vista metodológico, é possível observar ainda a aceitação da<br />

entrevista como uma estratégia fundamental da investigação qualitativa (GODOY,<br />

1995, p.61).<br />

O uso da abordagem qualitativa na administração de <strong>empresas</strong> começa a<br />

partir de 1970, segundo constatações de Godoy (1995, p.61). O fato marcante da<br />

utilização da abordagem qualitativa na administração de <strong>empresas</strong> pode ser<br />

comprovado com a publicação, em 1979, de um número da revista Administração<br />

Science Quarterly, totalmente dedicado à metodologia qualitativa. No estudo da<br />

administração, o enfoque qualitativo foi se tornando útil e apropriado com trabalhos<br />

desenvolvidos por Lawrence e Lorsch (1967), Hirsch (1975), Sebring (1977).<br />

250


A preocupação central do estudo qualitativo é com o processo de identificação<br />

da informação para a inovação tecnológica, da introdução da inovação e da geração<br />

de uma inovação dentro da empresa e não tanto com a resultado ou com o produto<br />

da inovação em si. Segundo Godoy (1995, p.63), "os pesquisadores qualitativos<br />

estão preocupados com o processo e não simplesmente com os resultados do<br />

produto". Este estudo está procurando responder como o fenômeno da inovação<br />

tecnológica de identificação, introdução, geração e/ ou irradiação de uma inovação<br />

tecnológica se manifesta na atividade produtiva das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

de bases locais no Estado do Paraná.<br />

Este estudo procura compreender o processo da inovação tecnológica a partir<br />

da visão, cultura, percepção, interpretação e comportamento do empresário no seu<br />

espaço geográfico estratégico de atuação e não fora dela. “Os pesquisadores<br />

qualitativos tentam compreender os fenômenos que estão sendo estudados a partir<br />

da perspectiva dos participantes”. (GODOY, 1995, p.63).<br />

Portanto, a visão do fato é do empresário, cabendo ao pesquisador a<br />

interpretação do fato, a compreensão do processo, o entendimento da cultura do<br />

empresário e do ambiente em que ele vive. O que se está buscando é o<br />

entendimento do fenômeno como um todo, na sua complexidade, no inter-<br />

relacionamento, na interdependência, na sua complexidade na compreensão<br />

sistêmica, holística do processo (GODOY, 1995, p.25).<br />

Para evitar a subjetividade e voluntariedade do pesquisador, seguem-se<br />

diferentes métodos de coleta, análise e interpretação dos dados comportamentais e<br />

das atitudes dos empresários, visando consolidar o caráter metódico, científico e de<br />

confiabilidade do processo. Muitos dos dados coletados seguem um processo<br />

quantitativo, porém a análise e interpretação dos dados são dadas por um processo<br />

qualitativo dos fatos e fenômenos observados.<br />

251


4.7 Principais Informações Levantadas na Pesquisa<br />

4.7.1 Cenários Considerados<br />

O desenvolvimento local é parte integrante do modo de organização da<br />

produção capitalista mundial. As <strong>empresas</strong> de qualquer tamanho, mas<br />

especialmente as <strong>empresas</strong> de pequeno e médio porte de capital nacional, têm<br />

nichos próprios de mercado. Participam e competem nos mercados locais, regionais,<br />

nacionais e internacionais com produtos e serviços gerados em conformidade com<br />

os padrões mundiais de produção. Isto é, com qualidade, tecnologia, racionalidade<br />

de custos e preços, diversificações que atendam e satisfaçam as novas exigências<br />

dos consumidores independentemente do local do consumo. O entendimento deste<br />

trabalho é que o consumidor pessoa física é exigente e informado. No entanto, o<br />

consumidor pessoa jurídica compra com maior freqüência, em maiores volumes e é<br />

muito mais exigente em termos de preço, qualidade e prazos.<br />

A ação do governo e das comunidades organizadas, facilitadores sociais<br />

locais, forças vivas da comunidade, são determinantes para a inserção da economia<br />

local no processo competitivo dos mercados nacionais e internacionais.<br />

As <strong>empresas</strong> de sucesso não decidem suas estratégias de crescimento e<br />

desenvolvimento olhando a empresa da porta para dentro. Ao contrário, as decisões<br />

estratégicas das <strong>empresas</strong> de sucesso estudadas estão sendo tomadas a partir da<br />

análise das transformações mundiais que estão ocorrendo no modo capitalista de<br />

produção e das oportunidades da empresa numa conjuntura mundial, nacional e<br />

local em transformação.<br />

A empresa é cada vez menos uma unidade independente e autônoma, é cada<br />

vez mais uma unidade de reprodução de capital interdependente. É uma unidade do<br />

sistema econômico regional, nacional e internacional. E, neste processo de<br />

interdependências econômicas e <strong>tecnológicas</strong>, as <strong>empresas</strong> agem e reagem aos<br />

252


impulsos inovadores e transformadores das novas oportunidades de reprodução<br />

lucrativa do capital.<br />

A análise das transformações da economia mundial e especialmente das<br />

economias em desenvolvimento possibilita entender como o novo modo de<br />

organização da produção capitalista está mudando e como as nações em<br />

desenvolvimento incorporam e participam das transformações mundiais.<br />

4.7.2 As Principais Informações Levantadas<br />

Bloco 1 - Mudanças na economia: estímulos ou obstáculos?<br />

As mudanças na economia mundial e os estímulos ou obstáculos para as<br />

estratégias de inovação <strong>tecnológicas</strong> <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> locais. A<br />

análise está concentrada na percepção do empresário do processo de mudanças do<br />

novo modo de produção capitalista levando-se em consideração as questões da<br />

produtividade, qualidade, inovação e a cooperação empresarial para aumentar a<br />

oportunidade de lucro e participação de mercado, isto é, como o empresário percebe<br />

a mudança, adequa a estratégia interna da empresa de produção e organização<br />

para participar com sucesso do mercado nacional e internacional. Como ser<br />

competitivo diante das mudanças intensas rápidas e freqüentes da nova economia,<br />

do novo modo de organização da produção capitalista?<br />

Bloco 2 - Políticas nacionais, estaduais e locais: elos facilitadores da inovação?<br />

Este bloco está concentrado na avaliação de como as políticas<br />

macroeconômicas e da ciência e tecnologia favorecem e/ou dificultam a estratégia<br />

de atuação do empresário. O ângulo da análise não é o enfoque geralmente dado<br />

pelos ofertantes de tecnologias e serviços, mas sim de interpretar e entender como o<br />

empresário percebe e utiliza os serviços ofertados. Aqui a questão está em<br />

compreender a distância entre o que é oferecido pelos órgãos públicos e as<br />

entidades de classe, e a real utilização por parte dos empresários. Se o empresário<br />

253


precisa inovar para participar do mercado, competir e ter lucro. Se a inovação é a<br />

principal força da competição capitalista. Por que então há distância entre a oferta<br />

dos serviços tecnológicos e a utilização dos mesmos por parte do empresário? Por<br />

que estes serviços não são imediatamente e intensivamente utilizados pelos<br />

empresários? Por que a resistência à mudança? Os métodos de divulgação e<br />

comunicação por parte do governo, das entidades públicas e das entidades de<br />

classe não alcançam o seu público-alvo? O empresário não consegue perceber os<br />

serviços que estão sendo ofertado por questões de cultura empresarial, por questão<br />

de falhas no sistema de comunicação, por deficiências da estratégia da empresa no<br />

rastreamento das oportunidades de negócios? Por descrença no governo, nos<br />

mecanismos públicos, estatais e para estatais? Por medo, insegurança? Por<br />

estratégia de atuação solo? Por quê?<br />

Bloco 3 - Proximidade geográfica: facilita inovação?<br />

Neste bloco estão sendo analisadas as questões relativas à proximidade<br />

geográfica, à proximidade física, à aglomeração industrial, aos distritos <strong>industriais</strong>,<br />

se estes processos na visão do empresário é um elemento facilitador de sua<br />

estratégia de inovação, é eunuco, é estrategicamente fundamental. Constou-se na<br />

pesquisa que existem 39 diferentes denominações nos diferentes municípios do<br />

Paraná sobre esta questão dentre as quais destacamos alguns nomes, distrito<br />

industrial, área industrial, zona industrial, vila industrial, parque industrial etc. A<br />

questão levantada não é a da compreensão do termo em si, mas sim de como a<br />

proximidade física, geográfica, territorial, espacial facilita ou não a ação estratégica<br />

de intercâmbio de experiências, de compartilhamento de problemas e soluções, de<br />

busca conjunta de alternativas de alianças, cooperações par inovar e competir.<br />

Novamente a questão levantada não é como os ofertantes dos serviços, como os<br />

organizadores imaginaram ofertar o serviços e sim como os usuários destes serviços<br />

254


percebem, interpretam e utilizam as facilitações que a contigüidade física poderia<br />

facilitar a atuação estratégica.<br />

Bloco 4 - Processos de cooperação empresarial e a inovação<br />

Este bloco pretende analisar o fenômeno das parcerias e alianças como elos<br />

facilitadores das estratégias empresariais. A busca neste bloco é do entendimento<br />

de como este processo está internalizado na cultura cooperativa, de<br />

interdependências, de interatividade na estratégia empresarial. As análises visam<br />

compreender como o empresário coopera com os organismos públicos estatais,<br />

para-estatais, ou das entidades de classe. Como os empresários cooperam e se<br />

aliam com as universidades, os centros de pesquisa, as <strong>empresas</strong> de consultoria na<br />

busca e intensificação das tecnologias adequadas de competição. Como o processo<br />

de cooperação e alianças com fornecedores, com distribuidores, com consumidores<br />

(outras <strong>empresas</strong>) é visto e interpretado pelo empresário no processo de<br />

identificação, incorporação e irradiação de uma inovação tecnológica de produto, de<br />

mercado e de forma organizacional?<br />

Bloco 5 - Tamanho da empresa: ambiente propício para inovação!<br />

Sempre se ouviu a afirmação de que a pequena empresa é fundamental para<br />

o desenvolvimento nacional. Que a média empresa é estratégica para a segurança,<br />

consolidação do tecido produtivo nacional. Estas afirmações em geral brotam da<br />

classe política, das executivos governamentais, dos líderes de classe. Igualmente<br />

essas afirmações são feitas pelos estudiosos acadêmicos e repetidas com<br />

freqüência em quase todos os estudos e trabalhos relativos ao desenvolvimento<br />

nacional, a capilaridade espacial do desenvolvimento, a importância do<br />

desenvolvimento regional e local, a importância da pequena e média empresa para o<br />

desenvolvimento das comunidades locais dos municípios.<br />

255


Como esse cenário construído pelos políticos, pelas entidades de classe, pela<br />

academia é visto, sentido, interpretado pelo empresário? "Small is beautiful" – "O<br />

negócio é ser pequeno" (SCHUMACHER, 1983) A aceitação da pequena empresa é<br />

uma conveniência política, uma aceitação da realidade, uma necessidade<br />

estratégica do desenvolvimento? Como o empresário se sente, se percebe sendo<br />

pequeno? O tamanho é uma opção estratégica, é um estágio do caminho para ser<br />

médio ou grande, é uma realidade capitalista, é uma incapacidade de ser grande? É<br />

um complexo de inferioridade? É uma opção estratégica confortável, segura,<br />

confiante? Como o empresário se percebe, se vê, se sente? Como o empresário<br />

sente, se vê, se percebe, que os outros o percebem? Outros neste caso é a<br />

sociedade que o cerca, no seu ambiente municipal, mas é também o governo, a<br />

universidade, o centro de pesquisa, os centros de extensão <strong>tecnológicas</strong>, os<br />

fornecedores, os distribuidores, os financiadores. Como o tamanho da empresa é<br />

visto pelo empresário de pequeno porte, de médio porte, de grande porte. Qual a<br />

efetividade entre o reconhecimento dos governantes, da classe política e da<br />

efetividade dos programas, projetos e ações de apoio e ajuda à inovação<br />

tecnológica da pequena e média empresa?<br />

Bloco 6 - Ambiente interno da empresa: favorável para inovação?<br />

Considerando-se os cenários externos mutantes, de globalização da<br />

economia, de abertura econômica de políticas nacionais de desenvolvimento de<br />

ajustamentos competitivos para o mercado nacional e internacional, como o<br />

empresário está definindo e adequado seu ambiente interno para a competição.<br />

Como a direção da empresa percebe, interpreta, internaliza e externaliza mudanças<br />

produtivas, organizacionais e comportamentais para atuação com sucesso em<br />

cenários de intensas mudanças, de incertezas e inseguranças? Como os<br />

mecanismos facilitadores são utilizados e potencializados pelos empresários para o<br />

desenvolvimento de uma estratégia empresarial de sucesso. Qual o comportamento<br />

256


empresarial diante da inovação, de cópia, de imitação, de incorporação adequada da<br />

tecnologia, de parcerias e cooperações par a inovação, de desenvolvimento solo?<br />

Como a empresa define sua estratégia a partir de suas percepções?<br />

Os cenários externos são dados pela conjuntura internacional, nacional e<br />

regional a percepção destes cenários, a interpretação destes cenários, a análise<br />

destes cenários e a definição de uma estratégia de atuação é única individual e<br />

própria de cada empresa. Por que <strong>empresas</strong> do mesmo ramo, do mesmo negócio do<br />

mesmo local tem resultados operacionais diferentes? Se o cenário é o mesmo, os<br />

fatos são os mesmos, os objetivos capitalistas de lucro são os mesmos por que os<br />

resultados são diferentes? Como o empresários industrial de pequeno e médio porte<br />

vê, interpreta, internaliza e irradia sua estratégia empresarial que quer seja de<br />

sucesso? Quais as dificuldades, quais os obstáculos, quais as oportunidades não<br />

dos ofertantes dos serviços, das tecnologias, das políticas públicas das ações de<br />

apoio por parte das entidades de classe? Como o empresário, vê, sente e age?<br />

Visando encontrar respostas a esse conjunto de questões, passamos no<br />

capítulo seguinte à análise dos resultados da pesquisa realizada com <strong>empresas</strong><br />

<strong>industriais</strong> de pequeno e médio porte localizadas em municípios do Estado do Paraná.<br />

257


CAPÍTULO 5<br />

ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPO<br />

O objetivo deste capítulo é analisar os dados obtidos no levantamento de<br />

campo e estabelecer relações com as bases teóricas apresentadas nos capítulos<br />

anteriores e comparações com estudos de caso semelhantes realizados em outras<br />

regiões do Brasil e/ou outros países.<br />

Os resultados desta pesquisa são extraídos de opiniões, comentários,<br />

ponderações de 94 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de pequeno e médio porte localizadas em<br />

município do Estado do Paraná. A análise está organizada em conformidade com o<br />

roteiro da pesquisa realizada e uma análise de interdependência, interação das<br />

ponderações e opiniões pesquisadas.<br />

A introdução ocupa-se da identificação das <strong>empresas</strong> respondentes da<br />

pesquisa. O primeiro bloco de respostas analisa as mudanças da economia mundial,<br />

o processo de abertura econômica e os estímulos e obstáculos para a inovação<br />

tecnológica <strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> locais. O segundo bloco de respostas considera a<br />

percepção do empresário sobre as políticas nacionais, estaduais e locais como elos<br />

facilitadores da inovação tecnológica. A terceira parte considera as questões<br />

decorrentes da localização, (distrito, parque, pólo vila aglomerações <strong>industriais</strong>) a<br />

proximidade geográfica como ambiente facilitador de inovações. A quarta parte<br />

analisa as percepções dos empresários sobre o processo de parceria e aliança como<br />

facilitadores de inovações <strong>tecnológicas</strong> <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong><br />

do Paraná. O quinto conjunto de análise de resultados da pesquisa considera o<br />

tamanho da empresa e seu grupo de relacionamento como ambiente propício para a<br />

inovação. O sexto conjunto de respostas e opiniões dos empresários analisa o<br />

ambiente interno da organização como espaço para o surgimento e incorporação de<br />

inovações. E finalmente a última parte analisa as interações e interdependências dos<br />

diversos blocos de respostas e conclui este capítulo.<br />

258


5.1 Identificação das Empresas<br />

As 94 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná de pequeno e médio porte que<br />

espontaneamente concordaram em participar da pesquisa preenchendo o<br />

questionário enviado pelo correio e fornecendo informações adicionais em contatos<br />

pessoais estão agrupadas conforme a Classificação Nacional de Atividade<br />

Econômica – CNAE elaborada e mantida pela Comissão Nacional de Classificação<br />

(Concla) presidida pelo IBGE, utilizada pela Secretaria da Fazenda do Estado do<br />

Paraná e pelo Cadastro industrial da Federação das Indústrias do Estado do Paraná.<br />

O parque industrial do Paraná em dezembro de 2001, conforme os cadastros<br />

disponíveis, era composto por 29.789 <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong>, sendo que 95 <strong>empresas</strong><br />

eram consideradas de grande porte com mais de 500 empregados. As <strong>empresas</strong><br />

classificadas como <strong>médias</strong> indústrias somavam 549 que possuíam entre 100 a 499<br />

empregados. O grupo de <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> peque<strong>nas</strong> (20 a 99 empregados)<br />

estava composto por 2.465 <strong>empresas</strong>. As <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de microporte eram<br />

compostas por 26.680 <strong>empresas</strong> (entre 0 a 19 empregados). O grupo de<br />

microempresa contava com 2.393 <strong>empresas</strong> entre 10 a 19 empregados; um<br />

subgrupo de 24.287 <strong>empresas</strong> entre 0 a 9 empregados; e curiosamente mais de<br />

9.000 <strong>empresas</strong> que estavam cadastradas com 0 (zero) empregados, provavelmente<br />

por se tratar de atividade familiar em que os proprietários não estavam registrados<br />

como empregados, mas ape<strong>nas</strong> como proprietários.<br />

Esta pesquisa buscou informações junto a <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> que se<br />

enquadravam em um ou mais dos seguintes critérios iniciais: a) ser empresa<br />

industrial; b) ser empresa originalmente de pequeno e médio porte; b) ser empresa<br />

originalmente de capital nacional; c) ser empresa industrial localizada em um dos<br />

município selecionados no interior do Paraná; d) ser empresa industrial de pequeno<br />

e médio porte do setor de fabricação de conserva de alimentos de municípios não<br />

selecionados previamente.<br />

259


5.1.1 Classificação das Empresas Pesquisadas - CNAE<br />

A pesquisa contou com a participação de 94 <strong>empresas</strong> que estão assim<br />

classificadas:<br />

TABELA 9 - RAMO DE ATIVIDADE DAS EMPRESAS INFORMATNTES DA PESQUISA<br />

RAMO DE ATIVIDADE - CNAE N. o EMP. FREQÜÊNCIA<br />

15. Fabricação de produtos alimentícios, conservas e bebidas 28 29,8<br />

17. Fabricação de produtos têxteis – fiação 01 1,10<br />

18. Confecção de artigos do vestuário e acessórios 09 9,50<br />

19. Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro 01 1,10<br />

20. Fabricação de produtos da madeira 03 3,20<br />

21. Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 03 3,20<br />

22. Edição, impressão e reprodução gráfica 01 1,10<br />

24. Fabricação de produtos químicos 01 1,10<br />

25. Fabricação de artigos de borracha e plásticos 10 0,6<br />

26. Fabricação de produtos de minerais não-metálicos e cerâmicos 04 4,20<br />

28. Fabricação de produtos diversos de metal (excl. máq. e eq.) 11 11,70<br />

29. Fabricação de equip. e aparelhos elétricos de refrig. Industrial 02 2,10<br />

32. Fabricação de aparelhos de reprodução e amplif. de som 01 1,10<br />

36. Fabricação de móveis e indústrias diversas 12 12,70<br />

45. Construção e indústria da construção civil 07 7,50<br />

TOTAL 94 100,00<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

5.1.2 Tempo de Atividade Empresarial<br />

Em relação ao tempo de atividade empresarial, constata-se que 23,40% das<br />

<strong>empresas</strong> têm entre 5 a 10 anos de atividade no ramo; com vida ativa entre 10 a 20<br />

anos estão 31,90% das <strong>empresas</strong> pesquisadas, enquanto 38,30% das <strong>empresas</strong><br />

pesquisadas têm mais de 20 anos de existência, isto é, foram criadas antes de 1980.<br />

Estas informações podem ser observadas no gráfico 4, a seguir.<br />

260


5.1.3 Número de Empregados no 1. o Ano de Vida da Empresa<br />

Com relação ao número de empregados, as <strong>empresas</strong> informaram que ao final<br />

do primeiro ano de vida 73,50% tinham menos de 49 empregados; 77,80% tinham<br />

menos de 100 empregados ao final do 1. o ano de atividade; e do grupo pesquisado<br />

4,3% ape<strong>nas</strong> tinham mais de 100 empregados ao final do 1. o ano de vida (gráfico 5).<br />

GRÁFICO 5 - NÚMERO DE EMPREGADOS AO FINAL DO 1º ANO DE VIDA DA<br />

EMPRESA<br />

261


5.1.4 Tamanho da Empresa por Número de Empregados 2002<br />

Estas mesmas <strong>empresas</strong> na data da pesquisa, setembro a novembro de 2002,<br />

em relação ao número de empregados estavam assim distribuídas: 67% tinham<br />

menos de 100 empregados; 24,5% tinham entre 100 e 499 empregados e 5,3%, isto<br />

é, 5 <strong>empresas</strong> informantes estavam na ocasião com mais de 500 empregados.<br />

5.1.5 Tamanho da Empresa por Faixa de Faturamento<br />

Em relação ao tamanho medido pelo faturamento, as <strong>empresas</strong> pesquisadas<br />

informaram que no exercício de 2001 estavam assim distribuídas: 29,8% tiveram um<br />

faturamento em reais inferior a R$ 1.000.000,00 (um milhão); 34% das <strong>empresas</strong><br />

faturaram entre um milhão a cinco milhões de reais no exercício; 14,9% das <strong>empresas</strong><br />

faturaram ente cinco a vinte milhões de reais; 5,3% tiveram um faturamento entre 50 a<br />

100 milhões de reais; 5,4% das <strong>empresas</strong> faturaram entre 100 a 500 milhões de reais;<br />

8,5% das <strong>empresas</strong> faturaram mais de 500 milhões de reais.<br />

262


Com relação à origem do capital na data da pesquisa, as informações<br />

coletadas indicam que 2,1% das <strong>empresas</strong> tinham participação de capitais<br />

estrangeiros; 92,6% contavam exclusivamente com capitais nacionais e 5,3% das<br />

<strong>empresas</strong> não informaram.<br />

5.2 As Mudanças da Economia Mundial e o Estímulo e/ou Obstáculos para as<br />

<strong>Inovações</strong> Tecnológicas na Pequena e Média Empresa Local<br />

Este conjunto de levantamento de informações se preocupa em compreender<br />

a percepção do empresário sobre as transformações que estão ocorrendo na<br />

economia internacional, na economia nacional e suas implicações sobre a atividade<br />

empresarial, especialmente nos aspectos de inovação e ajustamento das estratégias<br />

263


de produção, competição e busca do lucro a partir do espaço local de produção.<br />

(município). As perguntas visavam encontrar respostas para:<br />

1. O processo de globalização da economia é para a empresa uma ameaça<br />

ou uma oportunidade para a inovação tecnológica na PME local?<br />

2. O processo de abertura econômica é visto pela empresa como uma<br />

ameaça ou uma oportunidade para inovação tecnológica na PME local?<br />

3. A abertura econômica facilitou as importações da empresa e o processo<br />

de inovações tecnológica na empresa?<br />

4. Com a abertura econômica, o desempenho da empresa em termos de<br />

participação de mercado nacional e internacional passou por que tipo de<br />

alterações?<br />

5. A abertura econômica, a globalização como influenciou o processo de<br />

inovação na empresa?<br />

6. Que tipo de cooperação a empresa tem com parceiros internacionais para<br />

desenvolvimento e incorporação de tecnologias e abertura de mercado?<br />

5.2.1 Como a Globalização é Percebida pelo Empresário da PMEI<br />

O empresário das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> indústrias locais percebem a globalização<br />

da economia para o seu negócio a partir de dois extremos: ameaça ou oportunidade.<br />

As respostas obtidas indicam que para 70,2% dos empresários globalização é uma<br />

oportunidade e para 24,5% é uma ameaça. As observações feitas sobre esta mesma<br />

questão quando perguntado para executivos de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>,<br />

participantes dos cursos de pós-graduação lato sensu, ministrado pelo autor deste<br />

trabalho, constatam que mais de 90% das respostas indicam que a globalização é<br />

uma grande oportunidade, enquanto para menos de 10% representa uma ameaça,<br />

mas que pode ser superada com estratégias adequadas.<br />

264


As justificativas dos empresários para entender a globalização como ameaça<br />

são: (21 <strong>empresas</strong> percebem como ameaça) falta de apoio governamental;<br />

instabilidade econômica; falta de poder de compra da pequena e média empresa;<br />

globalização fortalece grandes <strong>empresas</strong> e fragiliza os pequenos empresários; o<br />

nível tecnológico da PME nacional é baixo; investimento em tecnologia é pequeno;<br />

não há competitividade no mercado interno; é um processo falso, pois ape<strong>nas</strong> os<br />

blocos econômicos querem vender seus produtos aqui, sem importar os produtos<br />

brasileiros; não temos capacidade para atingir novos mercados, nossos produtos<br />

são importados e não exportados (vendidos); processo de importação e exportação<br />

nacional é muito burocrático; globalização visa primeiramente ao desemprego; a<br />

confecção é o forte dos países asiáticos, principalmente China; alguns insumos são<br />

cotados em dólar e com a redução do número de fornecedores devido às fusões a<br />

concorrência é reduzida e pode haver monopólio; é uma ameaça ou oportunidade<br />

dependendo do pensamento empresarial (cultura); é uma ameaça causada pelo<br />

sistema econômico imposto pela autoridade nacional; a globalização traz novos<br />

mercados, novos concorrentes e novos produtos pondo em risco o mercado da<br />

empresa nacional; muitos países têm tecnologias muitos avançada, máqui<strong>nas</strong><br />

muitos produtivas; nossa empresa não utiliza tecnologia alta, nem avançada; existe<br />

uma desvantagem entre países do Terceiro Mundo igual ao nosso, em relação aos<br />

países do Primeiro Mundo; as peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> não têm oportunidades como as<br />

grandes; diversos fatores, juros altos, falta de linhas de crédito etc.<br />

265


Os empresários que interpretam a globalização como uma oportunidade fazem<br />

os seguintes comentários: (57 respostas como oportunidade) temos clientes<br />

globalizados; para poder expandir a empresa; abriu o mercado externo para nossa<br />

empresa; novas oportunidades poderão surgir; incentivo à competição; pela rapidez<br />

e facilidade de acesso à informação; no nosso ramo de negócio não nos afeta<br />

(empresa 11); aparentemente oferece facilidade para exportação; nossos custos de<br />

produção de produtos da agropecuária são competitivos e de boa qualidade: novas<br />

oportunidades de mercado; facilita desenvolvimento; utilizamos produtos importados;<br />

aumenta a disponibilidade de tecnologia e mercado para incorporar na empresa;<br />

desperta a empresa para a inovação; temos maior contato com o mundo; abre as<br />

portas para futuras exportações; porque abre mercado, e a empresa têm que<br />

procurar inovação; talvez apareçam novos clientes; facilidade para novos processos<br />

e tendências; surgem novos hábitos de consumo; abertura de novos mercados;<br />

melhor visão do que acontece no mundo; oportunidade de novos mercados;<br />

oportunidade para explorar e atingir novos mercados; custo de produção baixa;<br />

novas perspectivas de mercado; é uma oportunidade para futuramente exportar;<br />

pode abrir caminhos para criação de novos produtos e serviços; aos que se<br />

adaptarem as regras, terão condições múltiplas de crescimento; cria novas<br />

oportunidades de mercado; força a empresa a ter produtos competitivos; sem ele<br />

seriamos desconhecidos; adquirir novos conhecimentos e mercado; abertura de<br />

mercado; porque mudamos para melhor; se tiver dinheiro para investir; facilidade e<br />

intercâmbio de tecnologias; nova visão de negócio; por trazer capital para transporte;<br />

facilidade para exportar produtos e importar matéria prima; acredito ser benéfico aos<br />

desenvolvimento; novos mercados e novas tecnologias; só três países são<br />

produtores de erva-mate: Brasil, Argentina e Paraguai, há bastante chances para<br />

exportação; se inicia uma grande mudança; estão sempre surgindo novas<br />

oportunidades de mercado e/ou de conhecimento; crescimento e evolução;<br />

efetuamos parcerias com <strong>empresas</strong> estrangeiras; novos mercados; porque<br />

apresenta a opção de um novo mercado; novos mercados e novas tecnologias;<br />

266


incorporação de novos conhecimentos mais rápido; lançar produtos para exportação;<br />

estimular a modernização de processos de produção; abertura de novos mercados;<br />

aumento de exportações; abertura de novos mercados para fornecimento.<br />

5.2.2 Abertura Econômica e o Processo de Inovação na PMEI<br />

As interpretações dos empresários sobre os efeitos da abertura econômica<br />

para o processo de inovação são semelhante às respostas sobre globalização. Isto<br />

é, 83% dos empresários pesquisados entendem que a abertura econômica é uma<br />

oportunidade para melhoria e ampliação dos negócios, enquanto ape<strong>nas</strong> 9,6%<br />

interpretaram a abertura econômica como uma ameaça.<br />

Um grupo de 09 <strong>empresas</strong> interpretam a abertura econômica como ameaça e<br />

apresentam as seguintes razões: não foram criadas condições para que a indústria<br />

nacional tenha força competitiva; nossa legislação, sob todos os aspectos, dificulta a<br />

concorrência (fiscal, trabalhista etc.); nunca foi tão necessário o planejamento<br />

estratégico como agora e as <strong>empresas</strong> brasileiras não estão acostumadas a fazê-lo;<br />

<strong>empresas</strong> america<strong>nas</strong> produzem muito em pouco tempo, enquanto nós não temos<br />

isso (eficiência, eficácia, efetividade, produtividade); a empresa não gera lucros<br />

avançados (volume de lucro) para competição internacional; surgem novos produtos<br />

no mercado que inviabilizam os produtos nacionais; aumento da concorrência no<br />

mercado nacional; só beneficia a grande empresa; as tecnologias dos produtos<br />

externos são melhores do que a dos produtos brasileiros.<br />

267


Um grupo de 69 empresa interpreta a abertura econômica como uma<br />

oportunidade para a empresa e dão as seguintes justificativas: aumenta as vendas e<br />

gera empregos; viabiliza o estabelecimento de parcerias estratégicas com <strong>empresas</strong><br />

de outros países e força a empresa a atingir padrões mais elevados de qualidade;<br />

precisamos importar produtos; bons produtos são competitivos em qualquer lugar;<br />

incentiva a criatividade; facilita a exportação; as <strong>empresas</strong> podem ter a real situação<br />

para projetar novos alimentos; é uma chance de explorar novos mercados; facilita as<br />

exportações e assegura melhoria do preço interno; porque o Brasil terá maior<br />

facilidade em escoar sua produção; só os mais preparados sobrevivem; aumenta o<br />

leque de vendas; também usaremos a abertura para crescimento; a maioria de nossos<br />

produtos é para o mercado externo; maior abrangência do negócio; aumenta o<br />

profissionalismo dos colaboradores; maior competitividade; aumenta a possibilidade<br />

de novos investimentos; com a abertura do mercado temos uma ampliação de<br />

mercado; busca da qualidade como diferencial; há possibilidade de novos negócios;<br />

ingresso de capital para geração de riqueza; concorrência; renovação e novos<br />

desafios; inserção no mercado competitivo e de modernização tecnológica; pode<br />

desenvolver parcerias com grandes <strong>empresas</strong>; novos horizontes para quem têm<br />

visão; acesso a melhores máqui<strong>nas</strong> se o governo não atrapalhar; pode haver troca de<br />

informação e além do mais quando a concorrência começa a perturbar é que criamos<br />

novos produtos; em caso negativo de expansão, poderá aliar-se com empresa maior;<br />

oportunidade de absorção de novas tecnologias; maior facilidade e opções de matéria<br />

prima; novos mercados; é positiva se for conduzida com restrições (critérios de<br />

proteção da empresa nacional); traz melhores condições para exportar; para se<br />

consolidar no mercado; maior opção; facilita as exportações; entrada no mercado<br />

externo; novas tecnologias; em nosso ramo (lingerie) o produto do Brasil compete com<br />

empresa de fora; aumenta o tamanho do mercado; dá a oportunidade para que o<br />

pequeno venda para as grandes <strong>empresas</strong>; maiores facilidades para importação de<br />

máqui<strong>nas</strong>, equipamentos e matérias primas; melhorou as condições para importar;<br />

pode-se ter acesso a novas tecnologias e produtos; se a empresa está preparada<br />

268


técnica e economicamente, não deve temer o mercado; é uma oportunidade de<br />

buscar novos mercados e parcerias; maior diversatilidade de produção e de<br />

inovações; pode-se fortalecer as exportações; com a vinda de novas indústrias<br />

surgem novos clientes; porque podemos colocar nosso produto nos mercados dos<br />

outros países; para adoção de novas tecnologias e possibilidade de novos negócios;<br />

modernização da produção e novos horizontes de negócios; adquirir um novo espaço<br />

no panorama mundial; exportações no futuro; possibilita a conquista de novos<br />

mercados; surgem novas alternativas de mercado; acesso a inovações <strong>tecnológicas</strong><br />

mundiais; é preciso importar tecnologias e se atualizar.<br />

5.2.3 Abertura Econômica e Importações para Inovar<br />

As respostas sobre as facilidades trazidas pela abertura econômica em relação às<br />

importações indicam que 48,9% tiveram melhores condições para importar máqui<strong>nas</strong> e<br />

equipamentos; 46,8% das <strong>empresas</strong> tiveram maiores facilidades para importação de<br />

matérias primas e insumos <strong>industriais</strong>; para 25,5% das <strong>empresas</strong> as facilidades foram<br />

na importação de tecnologias; e para 6,4% a abertura econômica facilitou a formação<br />

de associação com capital externo; 13,8% das <strong>empresas</strong> informam que tiveram<br />

facilidades para outras importações ferramentas, produtos prontos etc.<br />

GRÁFICO 10 - ABERTURA ECONÔMICA E AUMENTO DAS IMPORTAÇÕES DA EMPRESA<br />

269


Como pode ser observado, para a grande maioria das <strong>empresas</strong> pesquisadas a<br />

abertura econômica cria condições para a modernização e busca de novas<br />

alternativas de inovação visando a ganhos de competitividade de mercado, indicando,<br />

portanto, um novo processo de modernização da produção da pequena e média<br />

empresa industrial do Paraná. Este fato também pode ser comprovado mediante o<br />

aumento da participação no mercado, conforme mostra o gráfico 11, a seguir.<br />

5.2.4 Abertura Econômica e as <strong>Inovações</strong> das PMEI<br />

A relação da abertura econômica com as exportações das <strong>empresas</strong><br />

pesquisadas indica que 16% das <strong>empresas</strong> ampliaram as exportações; um grupo de<br />

24,5% das <strong>empresas</strong> começam a exportar; 38,3% das <strong>empresas</strong> aumentaram<br />

vendas para o mercado interno; perderam mercado 6,4% das <strong>empresas</strong>; 27,7% das<br />

<strong>empresas</strong> informa que pretendem permanecer só no mercado interno; esta questão<br />

não foi respondida por 8,5% das <strong>empresas</strong>.<br />

5.2.5 Globalização Abertura Econômica e Ritmo de <strong>Inovações</strong><br />

Globalização e abertura econômica como elemento de facilitação para as<br />

inovações <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> indicam que para 54,3%<br />

270


das <strong>empresas</strong> o processo possibilitou o aumento da freqüência das inovações na<br />

empresa; 11,7% da <strong>empresas</strong> indicam que manteve o mesmo ritmo de inovações;<br />

para 18,1% das <strong>empresas</strong> a abertura e globalização não tiveram influência no<br />

processo de inovação. Houve crescimento da produção e vendas para 39,4% das<br />

<strong>empresas</strong> após a intensificação do processo de abertura e globalização e 6,4%<br />

ape<strong>nas</strong> informa que reduzem atividades. Não informaram 3,2%.<br />

GRÁFICO 12 - GLOBALIZAÇÃO, ABERTURA ECONÔMICA E RITMO DE INOVAÇÃO<br />

5.2.6 Cooperação e Parcerias Internacionais para Inovação<br />

Com relação à existência de algum tipo de parceria para o desenvolvimento de<br />

produto, incorporação de tecnologia e ou abertura de mercado internacional, as<br />

respostas obtidas indicam que 18,1% têm alianças para abertura de mercados;<br />

14,9% têm parcerias para desenvolvimento de tecnologias; 10,6% cooperam por<br />

meio da compra de tecnologias; 9,6% têm acordo para capacitação de pessoal;<br />

6,4% têm acordos de investimentos conjuntos para o desenvolvimento de<br />

tecnologias; 2,1% têm participação externa no capital; 1,1% acordo de cessão de<br />

tecnologia; 20 <strong>empresas</strong> deixaram de responder à questão e 33,00% das empresa<br />

indicaram outras modalidades, neste caso conforme as observações registradas nos<br />

questionários não possuem nenhum acordo internacional para inovação nem de<br />

importação de máqui<strong>nas</strong>, matérias primas.<br />

271


5.3 Percepções do Empresário sobre as Políticas Nacionais, Estaduais e<br />

Municipais (Locais) como Elos Facilitadores da Inovação<br />

Este bloco analisa as opiniões e percepções dos empresários das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> em relação às políticas nacionais, estaduais e<br />

municipais (locais) como elos facilitadores da inovação. Está composto pelas<br />

perguntas básicas:<br />

1. A política econômica nacional interfere na produção de sua empresa?<br />

2. A política nacional de ciência e tecnologia e as contribuições para as<br />

inovações na empresa na visão do empresário.<br />

3. O ambiente competitivo nacional e os estímulos e as ameaças para<br />

inovação na empresa em tempos de globalização e abertura econômica.<br />

4. Como o governo do Estado tem apoiado a inovação tecnológica na<br />

empresa?<br />

5. Como a universidade, os centros de pesquisa, as entidades de classe, a<br />

272<br />

política municipal e as grandes <strong>empresas</strong> contribuem para o processo de


inovação da pequena e média empresa industrial do Paraná na percepção<br />

de sua empresa?<br />

5.3.1 Interferência da Política Econômica Nacional na Produção da Empresa<br />

A visão dos empresários das PMEI sobre a influência da política econômica<br />

nacional no processo produtivo mostra que para 53,20% das <strong>empresas</strong> a política<br />

econômica nacional desestimula a atividade empresarial e para 37,20% impede o<br />

aumento da produção, portanto para 90,40% das PMEI a política nacional não<br />

favorece inovação e produção. Um grupo de 10,60% das empresa informa que a<br />

política econômica nacional estimula o aumento da produção; para 22,30%, há um<br />

estímulo para a melhoria da qualidade e produtividade e para 7,40%, melhora os<br />

padrões de competição. Não responderam a esta questão quatro <strong>empresas</strong>, isto é,<br />

4,3% das <strong>empresas</strong> informantes. A quantidade de citações é superior à quantidade<br />

de informantes devido às respostas múltiplas.<br />

GRÁFICO 14 - INTERFERÊNCIA DA POLÍTICA ECONÔMICA NACIONAL NA PRODUÇÃO DA<br />

EMPRESA<br />

273


5.3.2 Política Nacional de Ciência e Tecnologia para a Inovação<br />

As respostas obtidas com relação a esta problemática das facilitações da<br />

política nacional de ciência e tecnologia para o processo de inovação na empresa<br />

trazem os seguintes dados; desconhecem a política nacional de ciência e tecnologia<br />

60,60% das <strong>empresas</strong>; 8,50% informam que a política nacional facilita a geração de<br />

novas tecnologias; para 10,60% das <strong>empresas</strong> facilita a incorporação de<br />

tecnologias; para 11,70% possibilita o desenvolvimento de parcerias e cooperação<br />

para novas tecnologias; em 5,30% dos casos estimula a compra de tecnologias. Oito<br />

<strong>empresas</strong> deixaram de responder. Os percentuais superam 100% porque a empresa<br />

poderia assinalar mais de uma alternativa.<br />

GRÁFICO 15 - POLÍTICA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA COMO PROCESSO FACILITADOR DE<br />

INOVAÇÃO NA EMPRESA<br />

Empresa desconhece a política<br />

nacional de Ciência e Tecnologia (C&T)<br />

Parcerias e cooperações para o<br />

desenvolvimento de novas tecnologias<br />

Incorporação de tecnologias<br />

Geração de novas tecnologias<br />

5.3.3 Ambiente Competitivo Nacional Estímulos e Obstáculos para a Inovação<br />

A aceleração do processo de globalização e de abertura econômica cria um<br />

ambiente competitivo de estímulo ou desestímulo para o processo de inovação na<br />

pequena e média empresa industrial. Sobre esta questão os empresários se<br />

manifestaram informando que para 52,10% das <strong>empresas</strong> há estímulos para as<br />

inovações <strong>tecnológicas</strong>; para ape<strong>nas</strong> 1,10% houve um desestímulo aos<br />

274


investimentos em inovação e para 5,30% destruiu a capacidade criativa e de<br />

inovação; para 34,00% o processo só beneficia a grande empresa nacional; e para<br />

24,50% o processo só trouxe vantagens para as <strong>empresas</strong> multinacionais.<br />

GRÁFICO 16 - AMBIENTE COMPETITIVO NACIONAL PARA INOVAÇÃO APÓS ABERTURA ECONÔMICA<br />

Estimula as inovações<br />

<strong>tecnológicas</strong><br />

Beneficia grandes<br />

<strong>empresas</strong> nacionais<br />

Traz vantagens para as<br />

<strong>empresas</strong> multinacionais<br />

Destrói a capacidade criativa<br />

e inovadora da pequena e<br />

média empresa nacional<br />

Desestimula a empresa a investir<br />

em Ciência e Tecnologia (C&T)<br />

5.3.4 Governo do Estado e Mecanismos de Apoio para a Inovação <strong>nas</strong> PMEI<br />

Mecanismos utilizados pelo Governo do Estado do Paraná para apoiar as<br />

peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná na introdução de inovação tecnológica na<br />

empresa. Nesta questão o que se procura entender é se os mecanismos que o governo<br />

diz estar à disposição do setor empresarial são conhecidos e utilizados pelos<br />

empresários do setor industrial. As respostas obtidas nos dão as seguintes informações:<br />

TABELA 10 - GOVERNO DO ESTADO E O APOIO A INTRODUÇÃO DE INOVAÇÕES TECNOLÓGICA NA EMPRESA.<br />

QUAIS MECANISMOS QUE SÃO CONHECIDOS E/OU UTILIZADOS PELA SUA EMPRESA<br />

MECANISMOS DE APOIO<br />

PARA INOVAÇÃO<br />

NÃO<br />

RESPOSTA (%)<br />

CONHECIDO<br />

(%)<br />

UTILIZADO (%)<br />

TOTAL<br />

(%)<br />

Financiamento 50,0 40,4 9,6 100,0<br />

Incentivos fiscais 56,4 33,0 10,6 100,0<br />

Isenção de tributos 72,3 21,3 6,4 100,0<br />

Transferência tecnologias 86,2 11,7 2,1 100,0<br />

Compras governamentais 85,1 12,8 2,1 100,0<br />

Outros 100,0 0,0 0,0 100,0<br />

Conjunto<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

75,0 19,9 5,1 100,0<br />

275


Em relação ao apoio financeiro, 50% das <strong>empresas</strong> preferiram não responder<br />

esta questão; 40,4% informaram que conhecem os mecanismos de apoio financeiro,<br />

mas não utilizam, e 9,6% delas informam que conhecem e utilizam<br />

Com relação a incentivos fiscais, 56,4% das <strong>empresas</strong> preferiram não se<br />

manifestar nesta questão; 33% informaram que conhecem a modalidade de<br />

incentivos fiscais para a inovação, mas não utilizam; e 10,6% informaram que<br />

utilizam incentivos fiscais para introdução de inovações <strong>tecnológicas</strong> na empresa.<br />

Em relação à isenção de tributos, 72,3% dos empresários preferiram não<br />

responder a esta questão; ape<strong>nas</strong> 21,3% informaram que conhecem os mecanismos<br />

de isenções tributárias do Governo do Estado; no entanto ape<strong>nas</strong> 6,4% utilizam<br />

deste mecanismo.<br />

As informações relativas aos meios de apoio do Governo do Estado para<br />

transferência de tecnologia dão a informação que 86,2% não responderam à<br />

questão; 11,7% conhecem a alternativa de apoio do Governo do Estado; mas a<br />

absoluta minoria utiliza, isto é, 2,1% das <strong>empresas</strong> que responderam à questão.<br />

Para as compras governamentais como instrumento de apoio do Governo do<br />

Estado para as inovações da pequena e média empresa, os dados indicam que<br />

85,1% das <strong>empresas</strong> preferiram não responder à questão; 12,8% informaram que<br />

conhecem o mecanismo e 2,1%, que utilizam esta alternativa.<br />

Quando os empresários foram convidados a informar o uso de outras<br />

alternativas de apoio recebido do Governo do Estado, a informação da quase<br />

absoluta maioria dos empresários é que o Governo só se preocupa com as grandes<br />

<strong>empresas</strong> e que a pequena empresa tem que se virar sozinha. Perguntados por que<br />

não quiseram se manifestar sobre esta pergunta, os empresários informaram que o<br />

Governo só espera que paguem impostos e não lhes dá apoio.<br />

276


5.3.5 Participação da Universidade no Processo de Inovação das PMEI<br />

A visão que o empresário das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> têm sobre o apoio<br />

que podem obter da universidade para a inovação tecnológica pode ser assim<br />

sintetizada: para 29,8% das <strong>empresas</strong> pesquisadas a universidade nunca se envolve<br />

com o processo de inovação na empresa; 46,8% das <strong>empresas</strong> informaram que<br />

nunca a empresa procurou a universidade para qualquer tipo de inovação; 20,2%<br />

das empresa informaram que a universidade participa do processo de inovação<br />

quando procurada pela empresa; 9,6% das empresa informaram que a universidade<br />

participa do processo de inovação da empresa oferecendo profissionais e<br />

pesquisadores para desenvolver projetos com a empresa; 6,4% informaram que a<br />

universidade participa desenvolvendo tecnologias em conjunto com a empresa;<br />

3,2% informam que a universidade participa no processo de inovação da <strong>empresas</strong><br />

oferecendo equipamentos e laboratórios para serem utilizados pela empresa; para<br />

4,3% das <strong>empresas</strong> a universidade participa oferecendo tecnologias e serviços para<br />

a inovação.<br />

GRÁFICO 18 - PARTICIPAÇÃO DA UNIVERSIDADE NO PROCESSO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DA<br />

EMPRESA<br />

278


Parece que há um grande espaço para ação conjunta entre a universidade e a<br />

empresa. Especialmente quando se constata que as todas as universidades<br />

estaduais e a maioria das faculdades privadas estão localizadas no interior do<br />

Estado, isto é, próximo da base de localização da empresa. Ainda há muito por fazer<br />

para a integração e complementação no cenário atual de intensas, freqüentes e<br />

rápidas inovações <strong>tecnológicas</strong> e de acirramento da competição nacional e<br />

internacional via inovação.<br />

5.3.6 Contribuição dos Centros de Pesquisa para a Inovação na PMEI<br />

As informações prestadas pelos empresários sobre os centros de pesquisa<br />

como apoio ao processo de inovação na pequena e média indústria indicam que:<br />

46,8% das <strong>empresas</strong> nunca procuraram um centro de pesquisa para inovação;<br />

47,9% das <strong>empresas</strong> nunca foram procuradas por um centro de pesquisa e<br />

inovação; 19,1% informaram que os centros de pesquisa e inovação participam<br />

quando são procurados pela empresa; 7,4%, que os centros de pesquisa oferecem<br />

serviços e pessoal técnico para a empresa inovar; 3,2%, que a empresa não confia<br />

nos centros de pesquisa; ape<strong>nas</strong> uma empresa deixou de responder a esta questão.<br />

GRÁFICO 19 - CONTRIBUIÇÃO DOS CENTROS DE PESQUISA PARA A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DA<br />

EMPRESA<br />

Oferece serviços e pessoal técnico<br />

para a empresa inovar<br />

Empresa não confia em<br />

centros de pesquisa e inovação<br />

279


5.3.7 Contribuição das Entidades de Classe para a Inovação<br />

A questão levantada foi "como as entidades de classe (Fiep/Senai) têm<br />

contribuído para o processo de inovação tecnológica da empresa" e as respostas<br />

obtidas trazem os seguintes resultados: 34% informaram que as entidades participam<br />

quando procuradas pela empresa: 29,8% das empresa informaram que as entidades<br />

de classe participam capacitando e treinando pessoal da empresa para a inovação e<br />

uso de equipamentos; para 20,2%, as entidades de classe participam oferecendo<br />

serviços e profissionais capacitados para a empresa inovar; 1,1% informou que as<br />

entidades de classe participam oferecendo equipamentos e laboratórios para a<br />

empresa desenvolver pesquisa; para 1,1% a participação da entidade de classe se dá<br />

desenvolvendo produtos para a empresa; 9,6% das empresa não responderam a esta<br />

questão e 22,3% indicaram outras modalidades de cooperação: como participação em<br />

eventos em conjunto com All-Invest para o estabelecimento de parcerias<br />

internacionais; oferecendo cursos; treinando pessoal quando solicitado; na<br />

implantação de programa de qualidade na empresa; cursos profissionalizantes;<br />

fornecendo informações e oportunidades de negócios; tecnologicamente a nossa<br />

empresa é mais bem preparada que o Senai local; não vemos empenho algum por<br />

parte desses órgãos, quando se trata de peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

GRÁFICO 20 - CONTRIBUIÇÃO DAS ENTIDADES DE CLASSE FIEP-SENAI PARA O PROCESSO DE<br />

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA DA EMPRESA<br />

Capacita e treina pessoal da empresa<br />

p/ a inovação e uso de equipamentos<br />

Oferece serviços de profissionais<br />

capacitados para a empresa inovar<br />

Oferece equipamentos e laboratórios<br />

p/ a empresa desenvolver <strong>pesquisas</strong><br />

280


5.3.8 Política Municipal de Apoio ao Crescimento Empresarial<br />

"Política municipal de apoio à inovação tecnológica da empresa e ao<br />

crescimento empresarial" obteve as seguintes informações: para 55,3%, a empresa<br />

atua completamente independente de qualquer apoio municipal; 42,6%<br />

desconheciam qualquer mecanismo de ajuda do governo municipal para a inovação;<br />

para 39,4% das <strong>empresas</strong> o município não têm nenhum mecanismo de apoio à<br />

empresa para inovação; 9,6% informam que o governo municipal tem muito<br />

interesse na melhoria da produção da empresa; para outros 9,6% o apoio municipal<br />

estimula a empresa para a inovação.<br />

GRÁFICO 21 - POLÍTICA MUNICIPAL DE APOIO AO CRESCIMENTO EMPRESARIAL DA EMPRESA<br />

Empresa desconheçe mecanismo de ajuda<br />

do governo municipal para a inovação<br />

Município não tem nenhum mecanismo<br />

de apoio à empresa para inovação<br />

Município estimula a<br />

empresa para a inovação<br />

5.3.9 Formas de Ajuda do Governo do Município para Inovação<br />

As diversas formas de ajuda do governo municipal para a inovação tecnológica,<br />

para identificação e incorporação de uma nova tecnologias, segundo as ponderações<br />

das <strong>empresas</strong> informantes, estão consolidadas <strong>nas</strong> seguintes informações: 18,1%<br />

indicaram que o governo municipal ajuda a empresa organizando a participação em<br />

feiras e exposições; para 10,6% das empresa a ajuda do município acontece por meio<br />

da organização de conferências e palestras técnicas; para 5,3%, abrindo canais de<br />

comunicação com as universidades e os centros de pesquisa; para 4,3% participando<br />

281


em processos de financiamento; para 4,3% a ajuda do município acontece atraindo<br />

investimentos inovadores; para 3,2% abrindo mercado para novos produtos; para 1,1%<br />

ajudando negociações com as grandes <strong>empresas</strong>; pesquisando fontes de tecnologias<br />

para a empresa zero respostas e 30,9% das <strong>empresas</strong> não se manifestaram nesta<br />

questão. Outras informações indicadas pelos empresários dizem que “governo<br />

municipal não dá nenhum tipo de incentivo e apoio”; “governo municipal não atua na<br />

área tecnológica”; “oferecendo espaço físico”; “eventualmente ajuda com material de<br />

construção”; “município não faz nenhuma questão de ajudar”; “estimulando organização<br />

de centro de formação profissional”; “nunca vi o governo ajudar alguém que não seja ele<br />

mesmo”; “quando se houve falar que saiu uma determinada verba para um setor da<br />

pequena empresa nunca se encontra, pois o mesmo fica somente com as <strong>empresas</strong><br />

que não necessitam da ajuda”; “município é alheio à inovação tecnológica”; “facilitando<br />

aquisição de terrenos para instalação da indústria em parques <strong>industriais</strong>”; “desconheço<br />

qualquer ajuda”. De um modo geral, constata-se que a maioria dos empresários se<br />

sente só e vem o Estado, neste caso município, unicamente como fiscal e cobrador de<br />

imposto, não como alavanca de apoio e estímulo.<br />

GRÁFICO 22 - FORMA DE AJUDA DO GOVERNO MUNICIPAL PARA INOVAÇÃO<br />

Organizando participação<br />

em feiras e exposições<br />

Organizando conferências<br />

e palestras técnicas<br />

Ajudando negociações com<br />

as grandes <strong>empresas</strong><br />

282


5.3.10 Contribuição das Grandes Empresas para Inovação das PMEI<br />

A pergunta "como as grandes <strong>empresas</strong> contribuem para a inovação tecnológica<br />

de sua empresa" encontrou as seguintes respostas: para 42,6% é exigindo produtos<br />

com qualidade; para 37,2% sugerindo novos produtos; para 23,4% é vendendo<br />

máqui<strong>nas</strong> e equipamentos; para 18,1% desenvolvendo novos produtos em conjunto<br />

com a empresa; para 18,1% é forçando a redução dos preços das mercadorias<br />

compradas pela grande empresa; para 12,8% transferindo tecnologias; para 7,4%<br />

indicando novos mercados; e para outros 7,4% dando preferência de compra; para<br />

3,2% é premiando fornecedores; 5,3% não responderam esta questão e 7,4%<br />

indicaram alternativas como “não vejo contribuição, as peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> estão sendo<br />

atropeladas pelas grandes <strong>empresas</strong>, por falta de dinheiro para investimento em<br />

inovação tecnológica”; “criticando nossos produtos e nossos processos produtivos<br />

provocando melhorias contínuas”; “de forma nenhuma, impõe preços corrigidos pela<br />

variação do dólar na maior “cara dura” alegando que compram matérias primas impor-<br />

tada etc. tudo “Balela””; “grande empresa não ajuda a pequena de nenhuma forma”.<br />

GRÁFICO 23 - CONTRIBUIÇÃO DAS GRANDES EMPRESAS PARA A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA<br />

DA PME<br />

Exigindo produtos com qualidade<br />

Sugerindo novos produtos<br />

Vendendo máqui<strong>nas</strong> e<br />

equipamentos novos<br />

Forçando redução dos preços<br />

das mercadorias compradas<br />

pela empresa grande<br />

Desenvolvendo novos produtos<br />

em conjunto com a empresa<br />

Transferindo tecnologias<br />

Dando preferência de compra<br />

Indicando novos mercados<br />

Outras<br />

Premiando fornecedores<br />

3,20<br />

5,30<br />

7,40<br />

7,40<br />

7,40<br />

12,80<br />

18,10<br />

18,10<br />

23,40<br />

37,20<br />

42,60<br />

283


5.4 A Localização – Distrito, Parque, Pólo, Área, Vila Zona Industrial, isto é, a<br />

Proximidade Geográfica como um Facilitador para Identificar e Inovar<br />

Este bloco procura obter informações para entender se na interpretação dos<br />

empresário os arranjos produtivos, como aglomeração industrial, distrito industrial,<br />

pólo industrial, vila industrial, zona industrial, isto é, a proximidade geográfica, é um<br />

elo facilitador local para a inovação tecnológica na pequena e média empresa. O<br />

bloco está composto pelas questões:<br />

1. A localização próxima de outras <strong>empresas</strong> é um elemento importante para<br />

a inovação tecnológica na pequena e média indústria?<br />

2. Como as <strong>empresas</strong> vizinhas contribuem para a inovação tecnológica de<br />

sua empresa?<br />

3. Indique o grau de importância das instituições existentes no município que<br />

auxiliam a geração, introdução, transferência e identificação de uma<br />

inovação tecnológica na empresa?<br />

4. Indique o grau de importância dos serviços comuns de apoio às <strong>empresas</strong><br />

para inovação que estão disponíveis no distrito industrial, no município ou<br />

em municípios vizinhos?<br />

5. Indique o grau de contribuição para a identificação e a introdução de uma<br />

inovação tecnológica na empresa ou facilitação do desenvolvimento de<br />

mercado de diferentes instituições.<br />

6. Com que freqüência e por que acontecem as trocas de informações entre<br />

as <strong>empresas</strong> locais, visando ao apoio e à cooperação com outras<br />

<strong>empresas</strong> locais?<br />

284


5.4.1 Importância da Localização Próxima de outras Empresas<br />

As informações dadas pelos empresários indicam que: para 26,6% das PMEs<br />

<strong>industriais</strong> a proximidade geográfica é um elemento importante, porque facilita a<br />

troca de experiências; para 31,9% a proximidade facilita a troca de informações<br />

entre as <strong>empresas</strong>; para 20,2% proximidade é um elemento sem importância para a<br />

inovação na empresa; 14,9% informaram que a empresa não troca informações com<br />

outras <strong>empresas</strong>; 11,7% informaram que não há confiança para troca de<br />

informações com outras <strong>empresas</strong> vizinhas; 27,7% informaram que não existe<br />

nenhum tipo de serviço comum no distrito industrial, parque, vila etc.; para 4,3%<br />

existe um processo sistemático para troca de informações no município e 4,3% não<br />

responderam a esta questão.<br />

GRÁFICO 24 - IMPORTÂNCIA DA LOCALIZAÇÃO PRÓXIMA DE OUTRAS EMPRESAS<br />

Proximidade facilita a troca de<br />

informações entre as <strong>empresas</strong><br />

Não existe nenhum tipo de serviço comum<br />

no distrito industrial, parque, vila, etc.<br />

Proximidade é um elemento importante<br />

pois facilita a troca de experiência<br />

Proximidade é um elemento sem<br />

importância p/ a inovação na empresa<br />

A empresa não troca informações e<br />

experiências com outras <strong>empresas</strong><br />

Não há confiança para troca de<br />

informações de negócios com vizinhos<br />

Existe um processo sistemático<br />

para troca de informações<br />

5.4.2 Contribuição das Empresas Vizinhas para a Inovação<br />

Os empresários informam que: 22,3% das <strong>empresas</strong> vizinhas apoiam,<br />

indicando a existência de novas máqui<strong>nas</strong> e equipamentos; 16%, indicando fontes<br />

285


de inovações <strong>tecnológicas</strong>; 14,9%, informando sobre inovações dos concorrentes;<br />

14,9% das <strong>empresas</strong> vizinhas contribuem para a inovação da empresa transferindo<br />

informações de novas tecnologias existentes em outros estado ou países; 8,5%,<br />

indicando uma nova oportunidade de negócio; 4,3%, desenvolvendo tecnologia em<br />

conjunto com a empresa; 2,1%, pesquisando fontes de novas tecnologias e<br />

negócios; 2,1%, dividindo riscos e oportunidades de participação em feiras e<br />

exposições; 1,1%, dividindo riscos de pesquisa, desenvolvimento de produto; outras<br />

informações coletadas sobre este item: “ter vizinho, não acrescenta nada, pois<br />

trocamos informação independente de estar perto”; “as <strong>empresas</strong> vizinhas não<br />

contribuem, pois estamos melhor preparados do que elas”; “ter vizinhos não contribui<br />

em nada”.<br />

GRÁFICO 25 - CONTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS VIZINHAS PARA INOVAÇÃO DA PME<br />

Indicando a existência de novas<br />

máqui<strong>nas</strong> e equipamentos<br />

Outras<br />

Indicando fontes de<br />

inovações <strong>tecnológicas</strong><br />

Informando sobre<br />

inovações dos concorrentes<br />

Transferindo informações de novas<br />

tecnologias em outros estados, países<br />

Indicando uma nova<br />

oportunidade de negócio<br />

Desenvolvendo tecnologias em<br />

conjunto com sua empresa<br />

Dividindo riscos e oportunidade de<br />

participação em feiras e exposições<br />

Pesquisando fontes de novas<br />

tecnologias e negócios<br />

Dividindo riscos de pesquisa,<br />

desenvolvimento de produto<br />

2,10<br />

2,10<br />

1,10<br />

4,30<br />

8,50<br />

16,00<br />

14,90<br />

14,90<br />

22,30<br />

22,30<br />

30,90<br />

286


5.4.3 Importância das Entidades Existentes no Município para a Inovação<br />

Esta questão pretende analisar a importância dada pelo empresário para as<br />

entidades municipais que auxiliam na geração, introdução, transferência e<br />

identificação de uma inovação tecnológica na empresa; são as facilidades locais<br />

para a inovação na pequena e média empresa e sua importância na visão do<br />

empresário que quer inovar.<br />

TABELA 11 - ELEMENTOS EXISTENTE NO MUNICÍPIO QUE AUXILIAM NA GERAÇÃO, INTRODUÇÃO, TRANSFERÊNCIA<br />

E IDENTIFICAÇÃO DE UMA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA EMPRESA<br />

ENTIDADES EXISTENTES NO<br />

MUNICÍPIO PARA INOVAÇÃO<br />

NÃO<br />

RESPOSTA<br />

(%)<br />

GRANDE<br />

(%)<br />

MÉDIA<br />

(%)<br />

POUCA<br />

(%)<br />

NADA<br />

(%)<br />

TOTAL<br />

(%)<br />

Universidade-Faculdade 16,0 12,8 13,8 29,8 27,7 100,0<br />

Centro de Pesquisa 27,7 8,5 6,4 19,1 38,3 100,0<br />

Prefeitura Municipal 19,1 2,1 7,4 20,2 51,1 100,0<br />

Senai 18,1 8,5 30,9 27,7 14,9 100,0<br />

Sebrae 18,1 9,6 29,8 28,7 13,8 100,0<br />

Faciap-Faep-Fiep 26,6 4,3 13,8 33,0 22,3 100,0<br />

Assoc. Comercial e Industrial 11,7 5,3 21,3 40,4 21,3 100,0<br />

Empresa de consultoria 24,5 6,4 18,1 29,8 21,3 100,0<br />

Outras 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0<br />

Conjunto<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

29,1 6,4 15,7 25,4 23,4 100,0<br />

A Universidade e a Faculdade exercem um papel de grande e média<br />

importância no processo de inovação para 26,6% das <strong>empresas</strong> participantes da<br />

pesquisa, e tem pouca ou nenhuma importância para inovação das PMEI em 57,5%<br />

das <strong>empresas</strong>, sendo que 16% das <strong>empresas</strong> deixaram de responder a esta questão<br />

por falta de interesse na universidade como alternativa de fonte de inovação.<br />

Os centros de pesquisa na visão do empresário participante da pesquisa têm<br />

uma influência positiva para a inovação na PMEI em ape<strong>nas</strong> 14,9% dos casos. Para<br />

57,4% têm pouca ou nenhuma importância, e 27,7% deixaram de responder a esta<br />

questão por entender que não recebem influência alguma dos centros de pesquisa.<br />

A Prefeitura Municipal tem alguma importância para a inovação em ape<strong>nas</strong> 9,5%<br />

das <strong>empresas</strong> informantes. Para 71,3% o papel do governo municipal para inovação<br />

287


tem pouca ou nenhuma importância, e 19,1% das <strong>empresas</strong> entenderam que esta<br />

questão não influencia o processo de inovação na empresa de forma nenhuma.<br />

O Serviço Nacional de Aprendizado Industrial – Senai para 39,4% das<br />

<strong>empresas</strong> é importante para a inovação. Para 42,6% a ação do Senai na inovação é<br />

de pouca ou nenhuma importância e 18,1% deixaram de responder por falta de<br />

interesse na entidade.<br />

O Serviço Nacional de Apoio à Pequena e Média Empresa – Sebrae tem a<br />

mesma importância que o Senai para a Inovação, isto é, 39,4% das <strong>empresas</strong><br />

entendem que sua ação na inovação é positiva. Para 42,5% o Sebrae não tem<br />

importância no processo de inovação e 18,1% deixaram de responder.<br />

As entidades de classe patronal como Federação das Indústrias, Federação<br />

das Associações Industriais e Comerciais e Federação da Agricultura têm<br />

importância positiva no processo de inovação para 18,1% das <strong>empresas</strong>. A maioria<br />

de 55,3% das <strong>empresas</strong> entende que estas entidades têm pouca ou nenhuma<br />

importância para a inovação e 26,6% deixaram de fornecer a informação.<br />

A Associação Comercial e Industrial com sede no município para o processo<br />

de inovação da PMEI é importante para 26,6% das <strong>empresas</strong>. Já, 61,7% das<br />

<strong>empresas</strong> entenderam que não tem importância ou que é de pouca importância para<br />

a inovação e 11,7% deixaram de fornecer a informação.<br />

As <strong>empresas</strong> de consultoria são importantes para o processo de inovação de<br />

24,5% das <strong>empresas</strong> informantes. Para 51,1% não representam importância<br />

significativa no processo inovativo e 24,5% deixaram de informar.<br />

No conjunto, 22,1% das entidades locais em geral são importantes para a<br />

inovação das PMEI locais, 48,8% exercem pouca ou nenhuma importância no processo<br />

de inovação. Portanto, a empresa quanto inova o faz por conta e risco próprio, como<br />

pode ser observado em outra questão na qual mais de 70% das <strong>empresas</strong> afirmaram<br />

que inovam por iniciativa própria e por seus próprios meios.<br />

288


5.4.4 Serviços Comuns de Apoio às PMEI Locais para Inovação<br />

A avaliação feita pelas <strong>empresas</strong> da importância dos diversos serviços comuns<br />

que estão disponíveis no município para a inovação na pequena e média empresa<br />

industrial, apresenta a seguinte freqüência de considerações sobre a contribuição<br />

percebida pelas <strong>empresas</strong> locais, isto é, municipais.<br />

TABELA 12 - SERVIÇOS COMUNS DE APOIO ÀS EMPRESAS QUE ESTÃO DISPONÍVEIS NO DISTRITO INDUSTRIAL,<br />

NO MUNICÍPIO, EM MUNICÍPIOS VIZINHOS - GRAU DE IMPORTÂNCIA<br />

SERVIÇOS COMUNS DE APOIO ÀS<br />

PMEI LOCAIS<br />

NÃO<br />

RESPOSTA<br />

(%)<br />

GRANDE<br />

(%)<br />

MÉDIA<br />

(%)<br />

POUCA<br />

(%)<br />

NADA<br />

(%)<br />

TOTAL<br />

(%)<br />

Assessoria jurídica 21,3 11,7 20,2 17,0 29,8 100,0<br />

Apoio de contabilidade<br />

Pesquisa e desenvolvimento<br />

23,4 14,9 21,3 13,8 26,6 100,0<br />

tecnológico 22,3 7,4 11,7 24,5 34,0 100,0<br />

Informações fontes tecnologia 22,3 5,3 11,7 23,4 37,2 100,0<br />

Informações sobre negócios 22,3 9,6 18,1 23,4 26,6 100,0<br />

Treinamento e capacit. profissional 21,3 12,8 21,3 27,7 17,0 100,0<br />

Equip. pesquisa 26,6 5,3 4,3 25,5 38,3 100,0<br />

Outros 1 93,6 0,0 0,0 1,1 5,3 100,0<br />

Conjunto<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

31,6 8,4 13,6 19,5 26,9 100,0<br />

O que se procura nesta questão é entender como o empresário avalia a<br />

contribuição recebidas de serviços comuns disponíveis para as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> municipais dentro de um distrito (bairro) industrial, no próprio município,<br />

ou em municípios vizinhos. As informações fornecidas pelas <strong>empresas</strong> indicam que<br />

os serviços comuns de assessoria jurídica são importantes para 31,9% das<br />

<strong>empresas</strong>. Para 46,8% das <strong>empresas</strong> não têm importância significativa e 21,3% das<br />

<strong>empresas</strong> deixaram de informar.<br />

O apoio de serviços comuns de contabilidade é de importância positiva para<br />

36,2% das <strong>empresas</strong> e para 50,4% não representam importância significativa, e<br />

deixaram de informar 23,4% das <strong>empresas</strong>.<br />

Pesquisa e desenvolvimento tecnológico comum é importante para 19,1% das<br />

<strong>empresas</strong>; para 58,5% não tem importância no processo de inovação da empresa, e<br />

22,3% das <strong>empresas</strong> não forneceram informação.<br />

290


Serviços comuns municipais sobre informações de fontes de tecnologia que<br />

possam facilitar o processo de inovação da pequena e média indústria municipal são<br />

importantes para 17% das empresa. Para 60,6% têm pouca ou nenhuma<br />

importância estes serviços e 22,30% das <strong>empresas</strong> não informaram.<br />

Serviços comuns locais de informação sobre oportunidades de negócios são<br />

importantes para 27,7% das <strong>empresas</strong> e não têm nenhuma importância para 50%<br />

das <strong>empresas</strong> de pequeno e médio porte industrial participantes da pesquisa.<br />

Serviços comuns de treinamento e capacitação profissional são importantes<br />

para 34,1% das PMEI locais. Para 44,7% têm pouca ou nenhuma importância, e<br />

21,3% das <strong>empresas</strong> deixaram de informar.<br />

Serviços comuns de equipamentos de pesquisa disponíveis para facilitar as<br />

inovações <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> locais são importantes para<br />

ape<strong>nas</strong> 9,6% das <strong>empresas</strong>. Para 63,8% representam pouco ou importância nula e<br />

26,6% deixaram de informar.<br />

Na média, os serviços comuns que favorecem as inovações das PMEI locais<br />

nos municípios pesquisados são de grande importância para 8,4% das <strong>empresas</strong>, de<br />

média importância para 13,6% das <strong>empresas</strong>, de pouca importância para 19,50%<br />

das <strong>empresas</strong> e não têm nenhuma importância para 26,9% das <strong>empresas</strong>.<br />

Outras informações, ou observações dos empresários de serviços comuns<br />

locais para o processo de inovação <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>: “todos os<br />

elementos citados estão instalados em nosso município, mas nenhum deles<br />

procuram fazer trabalho que busca aperfeiçoar a tecnologia das peque<strong>nas</strong><br />

<strong>empresas</strong>. Talvez quando surgir algum programa de desenvolvimento, os custos<br />

ficam bem acima do que a pequena empresa possa assumir”.<br />

291


5.4.5 Facilitadores Locais para Inovação<br />

Indique o grau de contribuição para a identificação e introdução de uma<br />

inovação tecnológica na empresa ou facilitação do desenvolvimento de mercado. Os<br />

principais facilitadores locais (municipais) para a identificação e a introdução de uma<br />

inovação tecnológica na empresa ou uma facilitação no desenvolvimento de<br />

mercado para os produtos das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> indústrias locais apresentam as<br />

preferências dos empresários conforme tabela 13.<br />

TABELA 13 - CONTRIBUIÇÃO PARA A IDENTIFICAÇÃO E A INTRODUÇÃO DE UMA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA<br />

EMPRESA OU FACILITAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DE MERCADO<br />

FACILITADORES LOCAIS<br />

PARA INOVAÇÃO<br />

NÃO<br />

RESPOSTA<br />

(%)<br />

ALTA<br />

(%)<br />

MÉDIA<br />

(%)<br />

POUCA<br />

(%)<br />

NULA<br />

(%)<br />

TOTAL<br />

(%)<br />

Fornecedores 10,6 36,2 29,8 19,1 4,3 100,0<br />

Distribuidores 14,9 13,8 24,5 33,0 13,8 100,0<br />

Concorrentes 13,8 18,1 31,9 23,4 12,8 100,0<br />

Empresas vizinhas 1 16,0 4,3 26,6 26,6 26,6 100,0<br />

Empresas do mesmo ramo 12,8 16,0 31,9 19,1 20,2 100,0<br />

Empresas de outros ramos 17,0 4,3 19,1 34,0 25,5 100,0<br />

Universidade próxima 13,8 8,5 13,8 34,0 29,8 100,0<br />

Senai 1 14,9 9,6 29,8 30,9 14,9 100,0<br />

Sebrae 1 14,9 12,8 26,6 30,9 14,9 100,0<br />

Empresa de consultoria local 17,0 7,4 14,9 31,9 28,7 100,0<br />

Governo municipal 11,7 4,3 8,5 27,7 47,9 100,0<br />

Governo do Paraná 11,7 3,2 9,6 38,3 37,2 100,0<br />

Conjunto<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

14,1 11,5 22,3 29,1 23,0 100,0<br />

A contribuição dada pelos fornecedores para a identificação e introdução de<br />

uma inovação tecnológica na pequena e média empresa industrial é alta ou média<br />

para 66% das <strong>empresas</strong> participantes da pesquisa. É pequena ou nula para 23,4%<br />

das <strong>empresas</strong> e deixaram de informar 10,6% das <strong>empresas</strong>.<br />

A contribuição dada pelos distribuidores para as inovações <strong>nas</strong> PMEI é alta<br />

para 38,3% das <strong>empresas</strong> e pouca ou nula para 46,8% das <strong>empresas</strong>, sendo que<br />

14,9% das <strong>empresas</strong> deixaram de informar.<br />

Os concorrentes têm uma contribuição de média para alta para a inovação em<br />

50% das <strong>empresas</strong> participantes da pesquisa. A contribuição dos concorrentes é pouca<br />

ou nula para 36,2% das <strong>empresas</strong> e deixaram de informar 13,8% das <strong>empresas</strong>.<br />

293


As <strong>empresas</strong> vizinhas contribuem muito para a inovação em 30,9% das <strong>empresas</strong><br />

e pouco em 53,2% das <strong>empresas</strong>, sendo que 16% não forneceram a informação.<br />

As <strong>empresas</strong> do mesmo ramo têm uma contribuição alta ou média para a<br />

inovação em 47,9% das <strong>empresas</strong>, enquanto 39,3% entendem que a contribuição é<br />

pouca ou nula e 12,8% preferiram não informar.<br />

As <strong>empresas</strong> de outros ramos contribuem positivamente para a inovação em<br />

23,4% dos casos e têm pouca ou nenhuma contribuição para 59,5% das <strong>empresas</strong><br />

<strong>industriais</strong>, sendo que 17% deixaram de informar.<br />

A contribuição da existência de uma universidade próxima é alta para 22,3%<br />

dos casos participantes da pesquisa. Pequena ou nula em 63,8% dos casos, e<br />

deixaram de informar 13,8% das <strong>empresas</strong>.<br />

O Senai e o Sebrae têm contribuições idênticas no processo de inovação,<br />

segundo a percepção dos empresários das PMEI. Entre alta e média contribuição<br />

para 39,4% das <strong>empresas</strong> e pequena ou nula para 45,8% das <strong>empresas</strong>, sendo que<br />

14,9% deixaram de informar.<br />

As <strong>empresas</strong> de consultoria local representam uma contribuição positiva para<br />

22,3% das <strong>empresas</strong> e têm uma contribuição pequena ou nula em 60,6% dos casos,<br />

sendo que 17% deixaram de informar.<br />

A contribuição do governo municipal no processo de identificação e introdução de<br />

uma inovação tem contribuição alta e média para 12,8% das <strong>empresas</strong>. A contribuição<br />

é pouca ou nula para 75,6% dos casos, e 11,7% preferiram não se manifestar.<br />

A contribuição do Governo do Estado no entender dos empresários participantes<br />

da pesquisa e sua contribuição para o processo de identificação e introdução de uma<br />

inovação na empresa é média ou alta em ape<strong>nas</strong> 12,8% dos casos. É pouca ou nula<br />

para 75,2% dos casos, e preferiram não informar 11,7% dos casos.<br />

No conjunto as entidades locais supracitadas têm uma alta ou média<br />

contribuição em 33,80% dos casos. A contribuição é pequena ou nula no processo<br />

de inovação em 52,10% dos casos, e 14,10% preferiram não se manifestar.<br />

294


5.4.6 Troca de Informações Freqüência e Objetivos entre Empresas Locais<br />

Freqüência e fator motivador da troca de informações entre <strong>empresas</strong> locais<br />

visando ao apoio e à cooperação com outras <strong>empresas</strong> locais no processo de<br />

identificação, introdução de inovação e irradiação de inovação.<br />

TABELA 14 - FREQÜÊNCIA E POR QUE ACONTECEM AS TROCAS DE INFORMAÇÕES ENTRE AS EMPRESAS LOCAIS,<br />

VISANDO AO APOIO E À COOPERAÇÃO COM OUTRAS EMPRESAS LOCAIS<br />

INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÕES<br />

LOCAIS PARA INOVAÇÃO<br />

NÃO<br />

RESPOSTA<br />

(%)<br />

ALTA<br />

(%)<br />

MÉDIA<br />

(%)<br />

BAIXA<br />

(%)<br />

NUNCA<br />

(%)<br />

TOTAL<br />

(%)<br />

Novas tecnologias 17,0 5,3 18,1 34,0 25,5 100,0<br />

Novos negócios 11,7 8,5 23,4 37,2 19,1 100,0<br />

Linhas de financiamento 14,9 3,2 21,3 37,2 23,4 100,0<br />

Incentivos e isenções fiscais 16,0 1,1 18,1 31,9 33,0 100,0<br />

Compradores e fornecedores novos 13,8 7,4 28,7 33,0 17,0 100,0<br />

Entre <strong>empresas</strong> do próprio município<br />

Troca de informações via entidade de<br />

16,0 3,2 16,0 31,9 33,0 100,0<br />

classe 16,0 8,5 19,1 34,0 22,3 100,0<br />

Empresas de consultoria 19,1 4,3 13,8 33,0 29,8 100,0<br />

Entidades governamentais 20,2 0,0 5,3 37,2 37,2 100,0<br />

Seminários, encontros etc. 16,0 7,4 31,9 27,7 17,0 100,0<br />

Conjunto<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

16,1 4,9 19,6 33,7 25,7 100,0<br />

O objetivo aqui é identificar a predisposição para cooperação e apoio recíproco<br />

entre <strong>empresas</strong> locais. Há uma cultura de apoio, aliança e cooperação entre <strong>empresas</strong>,<br />

ou a atuação solo é predominante e com que finalidade as <strong>empresas</strong> cooperam?<br />

O intercâmbio de informações entre <strong>empresas</strong> locais visando ao apoio e à<br />

cooperação para identificação e desenvolvimento de novas tecnologias é utilizado<br />

com freqüência alta e média em 23,4% das <strong>empresas</strong>. É pouco ou nunca utilizado<br />

em 59,5% dos casos e 17% das <strong>empresas</strong> deixaram de informar.<br />

A cooperação e o apoio mediante troca de informações sobre novos negócios<br />

acontecem entre as <strong>empresas</strong> locais com freqüência alta e média em 31,9% dos<br />

casos. São pouco ou nunca utilizados em 56,3% das <strong>empresas</strong> e deixaram de<br />

informar 11,7% das <strong>empresas</strong>.<br />

O apoio e a cooperação entre <strong>empresas</strong> locais mediante troca de informações<br />

sobre linhas de financiamento são utilizados com freqüência alta e média em 24,5%<br />

dos casos e são pouco ou nunca utilizados por 60,6% das <strong>empresas</strong>, sendo que<br />

14,9% deixaram de responder.<br />

296


Quanto às trocas de informações em relação aos incentivos fiscais e isenções<br />

fiscais acontece com intensidade em 19,2% das <strong>empresas</strong>, e é pouco utilizado ou<br />

nunca em 64,90 dos casos pesquisados. Deixaram de responder 16% das <strong>empresas</strong>.<br />

O apoio e a cooperação entre compradores e fornecedores visando a novos<br />

mercados ou novas tecnologias são freqüentemente utilizados por 36,1%<br />

das <strong>empresas</strong>. Para 50% é baixa ou nunca utilizada a troca de informações<br />

com compradores e fornecedores para inovação. E 13,8% das <strong>empresas</strong> deixaram<br />

de informar.<br />

A cooperação e o apoio entre <strong>empresas</strong> do próprio município independente de<br />

setor, tamanho ou ramo de atividade só são utilizados com média freqüência por<br />

19,2% das <strong>empresas</strong>, sendo que para 64,9% dos casos este processo é pouco ou<br />

nunca utilizado.<br />

A troca de informações entre <strong>empresas</strong> locais feitas por meio de facilitações<br />

criadas pelas entidades de classe é utilizada com intensidade média ou alta em<br />

27,6% dos casos e com baixa intensidade em 56,3% dos casos. E 16% das<br />

<strong>empresas</strong> não informaram.<br />

A cooperação via intercâmbio de informações de interesse para inovação com<br />

<strong>empresas</strong> de consultoria é utilizado com alguma freqüência 18,1% das <strong>empresas</strong> e<br />

62,8% utilizam raramente ou nunca esta alternativa.<br />

A cooperação e o apoio com entidades governamentais para identificar<br />

informações de inovação são utilizados eventualmente para 5,3% das <strong>empresas</strong>,<br />

e raramente ou nunca em 74,20 dos casos, sendo que 20,2% preferiram não<br />

se manifestar.<br />

A troca de informações por meio de seminários e encontros sociais é a<br />

alternativa mais utilizada para 39,3% das <strong>empresas</strong>, 44,7% utilizam pouco ou nunca<br />

esta alternativa e 16% das <strong>empresas</strong> não informaram.<br />

Observa-se que as <strong>empresas</strong> em sua grande maioria não cooperam entre si;<br />

quando o fazem é com fornecedores e distribuidores. E a alternativa de cooperação<br />

com governo é extremamente baixa nos casos pesquisados.<br />

297


5.5 Os Processos de Cooperação Empresarial, Parcerias, Alianças como<br />

Processos Organizacionais que Facilitam a Inovação<br />

Este bloco analisa as diferentes formas de cooperação, parceria e alianças<br />

que as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> empresa <strong>industriais</strong> do Paraná estão utilizando para<br />

facilitar o processo de inovação tecnológica na empresa. O roteiro de levantamento<br />

de informações segue as questões básicas:<br />

1. Indique se há algum processo formal no município que estimule o<br />

processo de cooperação, parceria ou aliança entre as <strong>empresas</strong> locais.<br />

2. Indique se a empresa participa de algum processo de formação de rede,<br />

parceria ou aliança para as diferentes atividades da empresa.<br />

3. Com que tipo de entidade sua empresa tem acordo para inovação<br />

tecnológica?<br />

4. Como as outras <strong>empresas</strong> do seu município se comportam em relação aos<br />

processos de cooperação e alianças para o desenvolvimento de novas<br />

tecnologias, ou para a cooperação e aliança visando à introdução de uma<br />

nova tecnologia.<br />

5. Como a empresa interage com outras <strong>empresas</strong>?<br />

5.5.1 Processo Formal de Cooperação no Município<br />

A tentativa de identificar a existência de processos formais metódicos de<br />

cooperação, parceria ou alianças entre as <strong>empresas</strong> locais os empresários<br />

participantes da pesquisa foi manifestada com os seguintes dados: 38,3% afirmam<br />

que o processo de cooperação acontece por vontade e iniciativa da própria<br />

empresa; 22,3% afirmam que a cooperação acontece por vontade e interesse de um<br />

grupo de <strong>empresas</strong>; 18,1% informam que o processo de cooperação acontece por<br />

intermédio das entidades de classe e sindicatos que promovem encontros para<br />

facilitar a cooperação; 2,1% das <strong>empresas</strong> indicam que o município estimula o<br />

299


processo de cooperação, parcerias e alianças entre <strong>empresas</strong> locais por intermédio<br />

de mecanismo formal para facilitar a cooperação; 2,1% afirmam que a cooperação<br />

acontece mediante mecanismos de apoio do Governo do Estado ou do Município;<br />

27,7% não se manifestaram neste item.<br />

GRÁFICO 30 - PROCESSO FORMAL DE COOPERAÇÃO NO MUNICÍPIO<br />

Vontade e iniciativa<br />

da própria empresa<br />

Através das entidades de classe e<br />

sindicato que promovem encontros<br />

p/ troca de experiências e cooperação<br />

Através de mecanismos de apoio<br />

do governo do Estado ou do Município<br />

Através de mecanismo formal<br />

para facilitar a cooperação<br />

5.5.2 Formação de Rede<br />

A participação da empresa de algum processo de formação de rede, parceria<br />

ou aliança que facilitam a inovação obteve as seguintes informações: 22,3% das<br />

<strong>empresas</strong> têm cooperação para identificação e abertura de novos mercados; 11,7%<br />

participam de rede, aliança ou têm parceria para pesquisa e desenvolvimento de<br />

algum processo de tecnologia; 10,6% das <strong>empresas</strong> participam em rede para<br />

compra de matérias primas: 5,3% participam em aliança para busca de crédito e<br />

financiamento; 3,2% participam de processo de cooperação para compra de<br />

tecnologia; 57,4% deixaram de responder a esta questão.<br />

300


GRÁFICO 31 - FORMAÇÃO DE REDE, PARCERIA OU ALIANÇA<br />

Identificação e abertura<br />

de novos mercados<br />

Pesquisa e desenvolvimento<br />

de um processo de tecnologia<br />

Compra de matéria prima<br />

Busca de crédito<br />

e financiamento<br />

Compra de tecnologia<br />

5.5.3 Acordo para Inovação<br />

O objetivo desta pergunta foi conhecer com que agente da rede de valores a<br />

empresa tem preferência para manter acordo de cooperação para inovação<br />

tecnológica. As informações coletadas mostram que 21,3% têm acordos para<br />

inovação tecnológica com <strong>empresas</strong> compradoras; 21,3% das <strong>empresas</strong> têm<br />

acordos de cooperação com <strong>empresas</strong> do mesmo ramo de negócios; 11,7% têm<br />

acordos para inovação tecnológica com <strong>empresas</strong> distribuidoras; 11,7% das<br />

<strong>empresas</strong> têm acordo de inovação tecnológica com <strong>empresas</strong> de consultoria; 9,6%<br />

têm acordo de cooperação para inovação com universidades e faculdades; 7,4%<br />

têm acordo de cooperação com Senai; 6,40% têm acordo de cooperação para<br />

inovação com Sebrae; 24,5% deixaram de responder e 20,2% têm outras<br />

modalidades de acordos de cooperação como: APEX – Agência de Promoção de<br />

Exportação; Fornecedores de máqui<strong>nas</strong> e equipamentos; fornecedores de matérias<br />

primas; ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos) em Campi<strong>nas</strong>; Fundetec –<br />

Fundação para o desenvolvimento de Tecnologia de Cascavel.<br />

301


GRÁFICO 32 - ACORDOS DE INOVAÇÃO<br />

5.5.4 Cooperação e Alianças das outras Empresas do Município<br />

Como as outras <strong>empresas</strong> do município se comportam em relação aos<br />

processos de cooperação e alianças para o desenvolvimento de novas tecnologias<br />

ou para a introdução de uma nova tecnologia. As informações dos empresários<br />

indicam que 47,9% das outras empresa do município cooperam em busca de<br />

inovação por iniciativa própria; 38,3% das empresa preferem atuar sozinhas e de<br />

forma completamente independente para inovação; 20,2% das <strong>empresas</strong> têm medo<br />

de fazer parcerias e aliança para inovação; 12,8% cooperam formando grupo de<br />

<strong>empresas</strong> que fazem acordo de interesse comum; 11,7% quando cooperam só o<br />

fazem com <strong>empresas</strong> de tamanho semelhante; 6,4% cooperam mediante uma ação<br />

do Governo; 5,3% cooperam mediante ação do sindicato patronal; 5,3% das<br />

<strong>empresas</strong> nunca cooperam com outras <strong>empresas</strong> para o desenvolvimento de novas<br />

tecnologias; 4,3% cooperam mediante ação dos órgãos de fomento; e 12,8%<br />

deixaram de responder.<br />

302


GRÁFICO 33 - COOPERAÇÃO E ALIANÇAS DAS OUTRAS EMPRESAS DO MUNICÍPIO<br />

Tomando iniciativa própria<br />

Tendo medo de fazer<br />

parcerias e alianças<br />

Cooperando só com <strong>empresas</strong><br />

de tamanho semelhante<br />

Esperando ações do Governo<br />

Esperando ações do Sindicato<br />

Esperando ação de órgãos de fomento<br />

5.5.5 Interação da Empresa com outras Empresas<br />

O processo de interação da empresa com outras <strong>empresas</strong> para inovação<br />

tecnológica acontece por meio das seguintes modalidades: 71,3% produzem dentro<br />

da empresa todas as fases da produção, portanto não há cooperação com outras<br />

<strong>empresas</strong> para produzir; 24,5% das <strong>empresas</strong> trabalham para terceiros por contrato<br />

e encomenda; 18,1% produzem em acordo com outras <strong>empresas</strong> para completar<br />

produção; 11,7% das <strong>empresas</strong> completam fases de produção de outras <strong>empresas</strong>;<br />

2,1% participam de uma rede de <strong>empresas</strong> que completam produtos; 5,3% das<br />

<strong>empresas</strong> não deram informação.<br />

303


GRÁFICO 34 - INTERAÇÃO DA EMPRESA COM OUTRAS EMPRESAS<br />

5.6 O Tamanho da Empresa e a Inovação<br />

Este bloco se dedica à análise e compreensão da percepção do próprio empresário<br />

sobre o tamanho da empresa como ambiente propício para a inovação. Procura obter<br />

informações sobre vantagens e desvantagens para inovar vivenciadas pelo empresário<br />

decorrentes do fato de ser pequena e média empresa. As questões principais são:<br />

1. Grau de importância do tamanho da empresa para a inovação tecnológica.<br />

2. Como a grande empresa percebe sua empresa sendo pequena ou média?<br />

3. Como as outras <strong>empresas</strong> concorrentes percebem sua empresa?<br />

4. Como o governo percebe sua empresa sendo ela pequena ou média?<br />

5. Na percepção da sua empresa, o fato de ser pequena ou média empresa<br />

garante maior apoio e facilidades de atuação para a inovação?<br />

6. Qual é a estratégia da sua empresa?<br />

5.6.1 Tamanho da Empresa e a Inovação<br />

Indique o grau de importância do tamanho da empresa para a inovação tecnológica<br />

na avaliação de sua empresa; considerando que o fato de ser empresa pequena e média<br />

tem muita importância para introduzir uma inovação; tamanho tem importância média<br />

para inovar; tamanho tem pouca ou nenhuma importância para inovar.<br />

304


TABELA 15 - TAMANHO DA EMPRESA PARA A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA AVALIAÇÃO DE SUA EMPRESA - GRAU<br />

DE IMPORTÂNCIA<br />

TAMANHO DE EMPRESA E<br />

INOVAÇÕES<br />

NÃO<br />

RESPOSTA<br />

(%)<br />

1<br />

(%)<br />

2<br />

(%)<br />

3<br />

(%)<br />

4<br />

(%)<br />

TOTAL<br />

(%)<br />

Tamanho de empresa 31,9 24,5 13,8 17,0 12,8 100,0<br />

Incorporar tecnologias 43,6 8,5 20,2 19,1 8,5 100,0<br />

Inovar peq. <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> 39,4 13,8 13,8 12,8 20,2 100,0<br />

Peq. média emp. -mais ágeis 42,6 19,1 11,7 14,9 11,7 100,0<br />

P&M - vantagens nichos 50,0 17,0 12,8 7,4 12,8 100,0<br />

Outras 1 97,9 1,1 0,0 0,0 1,1 100,0<br />

Conjunto<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

50,9 14,0 12,1 11,9 11,2 100,0<br />

NOTA: 1 - Muito Importante.; 2 - Import. Média; 3 - Pouca Import.; 4 - Nenhuma Import.<br />

Tamanho da empresa parece não ser uma variável muito importante para<br />

inovar: 24,5% afirmaram que tamanho é muito importante para a inovação; 13,8%,<br />

que tem importância média; 17% afirmaram que tamanho tem pouca importância<br />

para a inovação; 12,8%, que tamanho da empresa não tem nenhuma importância<br />

para a inovação; 31,9% não responderam.<br />

A questão de desenvolver e incorporar tecnologia na PMEI é mais fácil sendo<br />

pequena ou média empresa: para 28,7% tem importância média e alta; para 27,6%<br />

as facilidades para inovar decorrentes de tamanho são poucas ou nulas. E 43,6%<br />

não se interessaram pela questão.<br />

Os empresários afirmam que sentem que é mais difícil inovar sendo pequena e<br />

média empresa para 27,6%; para 33% as dificuldades de inovar sendo pequena e<br />

média empresa tem pouca ou nenhuma importância e 39,4% não se manifestaram.<br />

A importância de ser ágil para a inovação da pequena e média empresa é vista<br />

como importância alta ou média para 30,8% das PMEI e agilidade na inovação<br />

decorrente do fato de ser pequena ou média tem baixa ou nenhuma importância<br />

para 26,6% das <strong>empresas</strong>, sendo que 42,6% não responderam.<br />

Os empresários consultados sobre as facilidades na identificação e<br />

aproveitamento de um nicho de mercado decorrente do fato de ser pequena e média<br />

empresa informam que é de grande ou média importância para 29,8% das<br />

<strong>empresas</strong>, têm pouca ou nenhuma importância para 20,2% das <strong>empresas</strong>, e<br />

deixaram de informar 50% das <strong>empresas</strong>.<br />

305


5.6.2 Grande Empresa Percebe a sua Empresa<br />

Como a grande empresa percebe a sua empresa? Para 37,2% das <strong>empresas</strong><br />

participantes da pesquisa a grande empresa percebe sua empresa como<br />

concorrente; 34% entendem que são vistas pela grande empresa como competente<br />

no que faz; 18,1% entendem que são vistas pela grande empresa como fornecedor<br />

isolado; para 17% entendem que são vistas pela grande empresa como parceiros<br />

para alianças estratégicas; 11,7% acham que são vistas pela grande empresa como<br />

empresa inovadora, e 6,4% não deram informações.<br />

GRÁFICO 36 - GRANDE EMPRESA PERCEBE A PME COMO:<br />

Parceira para<br />

alianças estratégicas<br />

5.6.3 Empresas Concorrentes Percebem sua Empresa<br />

Como as <strong>empresas</strong> concorrentes percebem sua empresa na sua opinião<br />

como empresário: 42,6% afirmam que são percebidos pelas <strong>empresas</strong> concorrentes<br />

com respeito e admiração; 26,6% das <strong>empresas</strong> entendem que são vistas como uma<br />

ameaça pelas <strong>empresas</strong> concorrentes; 25,5% afirmam que são vistas pelos<br />

concorrentes como empresa inovadora e criativa; 14,9% entendem que são vistas<br />

como parceiras para possíveis alianças; 13,8% acham que são vistos como um<br />

concorrente a ser eliminado, e 6,4% deixaram de informar.<br />

307


GRÁFICO 37 - CONCORRENTES PERCEBEM A PME COMO:<br />

Parceiro para possíveis<br />

alianças/cooperação<br />

5.6.4 Governo e sua Empresa<br />

Como na sua interpretação o Governo percebe sua empresa? Segundo os<br />

empresários participantes da pesquisa, 41,5% das <strong>empresas</strong> entendem que o<br />

Governo as vê como importantes pela geração de impostos; 38,3% entendem que<br />

são sem importância para o Governo porque são peque<strong>nas</strong>; 36,2% acham que são<br />

importantes para o Governo pela contribuição com a geração de empregos; 7,4%<br />

entendem que são vistas pelo Governo como importantes pelos produtos que geram;<br />

7,4% acham que são importantes para o Governo porque são <strong>empresas</strong><br />

competentes, inovadoras e criativas, e 5,3% deixaram de responder.<br />

GRÁFICO 38 - GOVERNO PERCEBE A PME COMO:<br />

Importante para<br />

geração de impostos<br />

Sem importância por ser<br />

pequena ou média empresa<br />

Importante pela<br />

geração de emprego<br />

308


5.6.5 Quem mais Apóia a PMEI<br />

O fato de ser uma pequena e média empresa garante maior apoio e facilidades<br />

por parte das diversas entidades públicas, privadas ou <strong>empresas</strong>? As informações<br />

coletadas indicam como os empresários relacionam o fato de ser pequeno e médio<br />

porte com o apoio e a facilidade recebidos das diversas entidades e <strong>empresas</strong>;<br />

29,8% das <strong>empresas</strong> afirmaram que o Sebrae é a entidade que mais as apóia;<br />

26,6% entendem que recebem o maior apoio das <strong>empresas</strong> do mesmo porte; 18,1%<br />

afirmaram que o apoio maior que recebem vem da Fiep e Senai; 8,5% afirmam que<br />

recebem apoio do Governo; 8,5%, que recebem apoio dos órgãos de fomento; 8,5%,<br />

que recebem apoio do sindicato patronal; 2,1% recebem apoio dos concorrentes;<br />

16% indicaram outras entidades de apoio como Associação Comercial e Industrial;<br />

do governo municipal; “nunca procuramos apoio de órgãos, sempre procuramos<br />

superar nossas necessidades por méritos próprios, visto que o apoio de alguns<br />

órgãos requer muita paciência e é muito burocrático”.<br />

GRÁFICO 39 - QUEM MAIS APOIA A PME<br />

309


5.6.6 Estratégia da Empresa<br />

Com relação ao futuro desejado para a empresa, a estratégia genérica seguida<br />

pelos empresários é: crescer por meio de melhorias constantes para 76,6% das<br />

<strong>empresas</strong>; inovar sempre para 41,5% das <strong>empresas</strong>; ser ágil e rápido em perceber<br />

oportunidades de negócios para 33% das <strong>empresas</strong>; ser uma grande empresa para<br />

24,5% das <strong>empresas</strong>; é melhor permanecer no tamanho atual para 4,3% das<br />

<strong>empresas</strong>; 3,2% deixaram de fornecer esta informação.<br />

GRÁFICO 40 - ESTRATÉGIA DA EMPRESA<br />

Crescer através de<br />

melhorias constantes<br />

Inovar sempre<br />

Ser ágil e rápido em<br />

perceber negócios<br />

Ser grande empresa<br />

Permanecer no<br />

tamanho atual<br />

5.7 A Organização e o Ambiente Interno da Empresa como Ambiente<br />

Favorável para a Geração, Incorporação e Irradiação da Inovação<br />

Este bloco analisa a organização e o ambiente interno da empresa como<br />

ambiente favorável à geração, incorporação e irradiação da inovação. Como nos<br />

blocos anteriores o enfoque da análise é compreender como o empresário se vê, se<br />

percebe, se comporta, coordena e articula a inovação na empresa a partir do seu<br />

estoque de informações de sua cultura e do seu ambiente. As principais variáveis a<br />

analisar são:<br />

1. Como a direção da empresa se posiciona estrategicamente diante do<br />

processo de inovação tecnológica para a empresa?<br />

310


2. O que determina uma inovação tecnológica na visão da sua empresa?<br />

3. A empresa participa de um “círculo de inovação” tecnológica que facilite a<br />

percepção das mudanças e a incorporação de mudanças <strong>tecnológicas</strong>?<br />

4. Indique a freqüência na escolha das alternativas utilizadas para a<br />

introdução de uma inovação na sua empresa.<br />

5. Indique o grau de importância das principais razões que determinam o<br />

desenvolvimento e a introdução de inovações <strong>tecnológicas</strong> na sua<br />

empresa.<br />

6. Como a empresa identifica a oportunidade ou necessidade de introdução<br />

ou desenvolvimento de uma nova tecnologia na empresa?<br />

7. Onde a empresa procura informações sobre novas tecnologias possíveis<br />

de serem utilizadas pela empresa?<br />

8. Indique quais processos de ação conjunta para a inovação tecnológica sua<br />

empresa participa?<br />

9. Quanto à localização dos principais concorrentes, indique de onde são?<br />

10. Quais os principais destinos da produção em termos de localização dos<br />

mercados?<br />

11. Que alternativas orientam a decisão da empresa para produzir?<br />

12. Quais as principais dificuldades enfrentadas pela empresa para inovar?<br />

5.7.1 Direção da Empresa e Inovação<br />

A questão em análise é como a direção da empresa se posiciona<br />

estrategicamente diante do processo de inovação tecnológica para a empresa, e as<br />

respostas encontradas na pesquisa com os empresários de peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

indústrias indicam as principais diretrizes estratégicas das PMEI para geração,<br />

incorporação e irradiação de inovação: para 74,5% dos empresários participantes da<br />

pesquisa, inovar é uma variável determinante para competir; 37,2% dos empresários<br />

afirmaram que as equipes de funcionários são estimuladas a sugerir inovações na<br />

311


empresa; para 29,8% a empresa inova para surpreender os concorrentes; 16% dos<br />

empresários se posicionam estrategicamente como empresa “caçadora” de<br />

inovações; para 11,7% a empresa só inova como estratégia de reação aos<br />

concorrentes. Ape<strong>nas</strong> 1,1% (uma empresa) deixou de responder.<br />

GRÁFICO 41 - DIREÇÃO DA EMPRESA E A INOVAÇÃO<br />

Inovar é uma variável<br />

determinante para competir<br />

As equipes de funcionários<br />

são estimuladas a sugerir<br />

inovações na empresa<br />

A empresa é uma<br />

“caçadora" de inovações<br />

A empresa só inova para<br />

reagir aos concorrentes<br />

5.7.2 Determinantes da Inovação<br />

A compreensão do empresário da pequena e média indústria do Paraná sobre<br />

o que determina a inovação em sua empresa está assim orientada: para 83% dos<br />

empresários, a atitude ativa do empresário para inovar é a principal determinante da<br />

inovação na empresa; 7,4% informaram que a inovação na PMEI depende da atitude<br />

dos órgãos de Governo para inovar; 5,3% afirmaram que a inovação na empresa<br />

depende do apoio das entidades de classe; 3,2%, que a política nacional de Ciência<br />

e Tecnologia é a determinante da inovação na empresa; para 5,3% a inovação<br />

depende das entidades de classe; 9,6% indicaram alternativas para enfrentar<br />

os concorrentes, cultura de inovação “apetite de melhorar sempre”. Duas <strong>empresas</strong><br />

não informaram.<br />

312


GRÁFICO 42 - DETERMINANTES DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA EMPRESA<br />

Atitude ativa do<br />

empresário para inovar<br />

Atitude dos órgãos<br />

governamentais<br />

Política Nacional de<br />

Ciência e Tecnologia<br />

5.7.3 Participação de um “Círculo de Inovação”<br />

A opção estratégica de participar de um “círculo de inovação” tecnológica que<br />

facilite a percepção das mudanças e a incorporação de mudanças <strong>tecnológicas</strong> na<br />

empresa é utilizada pelas PMEI por meio das seguintes alternativas: 35,1% das<br />

empresa estão articuladas com fornecedores para inovar; 23,4% das <strong>empresas</strong> têm<br />

parcerias ou alianças com compradores ou distribuidores para inovar; 9,6% têm<br />

acordos de inovação com universidade ou faculdade; 6,4% têm acordos e alianças<br />

com outras <strong>empresas</strong> do mesmo ramo de atividade; 2,1% têm acordos com<br />

<strong>empresas</strong> vizinhas; e 34% deixaram de informar.<br />

GRÁFICO 43 - CÍRCULO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA<br />

313


5.7.4 Alternativas Utilizadas para Introdução de Inovação na Empresa<br />

As <strong>empresas</strong> de pequeno e médio porte do setor industrial afirmam que as<br />

principais alternativas utilizadas para a introdução de uma inovação na sua empresa<br />

seguem as alternativas conforme resultados da pesquisa apresentados na seguinte<br />

tabela.<br />

TABELA 16 - ALTERNATIVAS UTILIZADAS PARA A INTRODUÇÃO DE UMA INOVAÇÃO NA SUA EMPRESA<br />

MECANISMOS ESTRATÉGICOS PARA<br />

INTRODUÇÃO DE INOVAÇÕES<br />

NÃO<br />

RESPOSTA<br />

(%)<br />

SEMPRE<br />

(%)<br />

EVENTUAL<br />

(%)<br />

NUNCA<br />

(%)<br />

TOTAL<br />

(%)<br />

Tecnologia internamente 12,8 51,1 33,0 3,2 100,0<br />

Acordos com outras entidades 26,6 7,4 51,1 14,9 100,0<br />

Tecnologias de outras <strong>empresas</strong> 25,5 12,8 38,3 23,4 100,0<br />

Tecnol. desenvolvidas por outros 19,1 20,2 50,0 10,6 100,0<br />

Universidade e/ou centro pesquisa 28,7 8,5 31,9 30,9 100,0<br />

Acordos de cooperação 30,9 5,3 22,3 41,5 100,0<br />

Tecnol. contrato de licença 30,9 5,3 17,0 46,8 100,0<br />

Copia tecnologia e produtos 23,4 7,4 43,6 25,5 100,0<br />

Introduz novos produtos 12,8 47,9 35,1 4,3 100,0<br />

Amplia capacidade de produção 12,8 50,0 36,2 1,1 100,0<br />

Adequa produtos 17,0 40,4 37,2 5,3 100,0<br />

Outras alternativas 97,9 2,1 0,0 0,0 100,0<br />

Conjunto<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

28,2 21,5 33,0 17,3 100,0<br />

A estratégia de desenvolver tecnologia internamente é utilizada sempre por<br />

51,1% das <strong>empresas</strong> e eventualmente por 33%, indicando que 84,1% preferem<br />

desenvolver tecnologias dentro da própria empresa, e ape<strong>nas</strong> 3,2% das <strong>empresas</strong><br />

nunca desenvolvem tecnologias internamente; 12,8% deixaram de informar.<br />

A estratégia de fazer acordos com outras entidades é utilizada sempre por<br />

7,4% das <strong>empresas</strong> e eventualmente por 51,1%, e não é utilizada nunca por 14,9%<br />

das <strong>empresas</strong>; deixaram de informar 26,6% das <strong>empresas</strong>.<br />

A compra de tecnologias de outras <strong>empresas</strong> é uma opção estratégica sempre<br />

utilizada para 12,8% das <strong>empresas</strong>; utilizam eventualmente 38,3% e nunca utilizam<br />

esta alternativa 23,4% das <strong>empresas</strong>, e outras 25,5% deixaram de informar.<br />

314


A opção estratégica de adaptar tecnologias desenvolvidas por outras<br />

<strong>empresas</strong> ou entidades é utilizada sempre por 20,2% das <strong>empresas</strong>; eventualmente<br />

por 50% das <strong>empresas</strong> e nunca é utilizada por 10,6% das <strong>empresas</strong>; 19,1%<br />

deixaram de informar.<br />

A alternativa de procurar a universidade e ou centro de pesquisa para<br />

introdução de uma inovação na empresa é utilizada sempre em 8,5% das <strong>empresas</strong><br />

da pesquisa; é utilizada eventualmente para 31,9% das <strong>empresas</strong> e nunca utilizam<br />

30,9% das <strong>empresas</strong>. Deixaram de informar 28,7% das <strong>empresas</strong>.<br />

As <strong>empresas</strong> mantêm acordos de cooperação para introdução de inovação<br />

tecnológica na empresa sempre em ape<strong>nas</strong> 5,3% das <strong>empresas</strong>; têm acordos<br />

eventuais 22,3% das <strong>empresas</strong>, e nunca utilizam acordos de cooperação para inovar<br />

41,5% das <strong>empresas</strong>.<br />

O uso de tecnologias com contrato de licença é a opção estratégica sempre<br />

para 5,3% das <strong>empresas</strong>, sendo que 17% utilizam esta alternativa eventualmente e<br />

46,8% nunca utilizam esta opção. Deixaram de informar 30,9% das <strong>empresas</strong>.<br />

Copiam tecnologias e produtos sempre em 7,4% dos casos da pesquisa;<br />

eventualmente copiam tecnologias e produtos em 43,6% dos casos e nunca<br />

copiam tecnologias e produtos em 25,5% dos casos. Deixaram de informar 23,4%<br />

das <strong>empresas</strong>.<br />

A opção de inovar com a introdução de novos produtos é utilizada sempre em<br />

47,9% das <strong>empresas</strong>, e eventualmente em 35,1% das <strong>empresas</strong>. Nunca utilizam<br />

esta opção 4,3% das <strong>empresas</strong> e deixaram de informar 12,8% das <strong>empresas</strong>.<br />

A alternativa de inovar por meio da ampliação da capacidade de produção<br />

é utilizada sempre para 50% das <strong>empresas</strong> e eventualmente por 36,2% das<br />

<strong>empresas</strong>. Nunca é utilizada por 1,1% (uma empresa) e deixaram de informar 12,8%<br />

das <strong>empresas</strong>.<br />

A estratégia de adequar produtos que já estão no mercado é utilizada sempre<br />

por 40,40% das <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> participantes da pesquisa; utilizam<br />

eventualmente 37,2% das <strong>empresas</strong> e nunca utilizam esta opção 5,3% das<br />

<strong>empresas</strong>. Deixaram de informar 17%.<br />

315


5.7.5 Razões Determinantes da Introdução da Inovação na Empresa<br />

Este conjunto de informações procura analisar as principais razões que<br />

determinam o desenvolvimento e a introdução de uma inovação tecnológica na<br />

empresa e a importância atribuída pelos empresários participantes da pesquisa para<br />

o caso particular de sua empresa.<br />

TABELA 17 - RAZÕES QUE DETERMINAM O DESENVOLVIMENTO E A INTRODUÇÃO DE INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS<br />

NA SUA EMPRESA - GRAU DE IMPORTÂNCIA<br />

DETERMINANTES DA INTRODUÇÃO<br />

DE INOVAÇÕES NA EMPRESA<br />

NÃO<br />

RESPOSTA<br />

(%)<br />

MUITO<br />

(%)<br />

MÉDIA<br />

(%)<br />

POUCO<br />

(%)<br />

NULA<br />

(%)<br />

TOTAL<br />

(%)<br />

Concorrentes internos 7,4 52,1 31,9 6,4 2,1 100,0<br />

Concorrentes externos 18,1 29,8 10,6 20,2 21,3 100,0<br />

Cultura de inovação da empresa 17,0 26,6 38,3 18,1 0,0 100,0<br />

Estratégia de qualidade da empresa 10,6 57,4 24,5 7,4 0,0 100,0<br />

Política da empresa para crescer 14,9 44,7 27,7 12,8 0,0 100,0<br />

Qualidade dos produtos 10,6 70,2 18,1 1,1 0,0 100,0<br />

Reduzir custos de produção 8,5 68,1 23,4 0,0 0,0 100,0<br />

Normas e regulamentos legais 23,4 22,3 26,6 20,2 7,4 100,0<br />

Adequar aos padrões técnicos 14,9 41,5 24,5 17,0 2,1 100,0<br />

Conquista de novos mercados 11,7 60,6 19,1 7,4 1,1 100,0<br />

Participação no mercado 11,7 60,6 23,4 3,2 1,1 100,0<br />

Exigência dos consumidores 11,7 55,3 22,3 8,5 2,1 100,0<br />

Produtividade e lucro 13,8 59,6 23,4 2,1 1,1 100,0<br />

Reação à perda do mercado 18,1 28,7 31,9 19,1 2,1 100,0<br />

Outras 2 97,9 0,0 0,0 0,0 2,1 100,0<br />

Conjunto<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

19,4 45,2 23,0 9,6 2,8 100,0<br />

Enfrentar concorrentes internos é a razão determinante de uma inovação de<br />

muita ou média importância para 84% das <strong>empresas</strong>, enquanto tem pouca ou<br />

nenhuma importância ape<strong>nas</strong> para 8,5% das <strong>empresas</strong>, e deixaram de informar<br />

7,40% das <strong>empresas</strong> da pesquisa.<br />

Enfrentar concorrentes externos por meio da inovação é importante para<br />

40,4% das empresa e tem pouca ou nenhuma importância para 41,5% das<br />

<strong>empresas</strong>. Deixaram de informar 18,1% das <strong>empresas</strong>. A diferença entre a<br />

estratégia de inovação neste item e no item anterior é que a maioria das <strong>empresas</strong><br />

tem concorrentes internos e não externos.<br />

A cultura de inovação da empresa é importante para 64,9% das empresa e<br />

tem pouca importância para 18,1% das <strong>empresas</strong>. Não informaram 17%.<br />

317


A inovação determinada pela estratégia de qualidade da empresa é importante<br />

para 81,9% das <strong>empresas</strong> e tem pouca importância para 7,4% das <strong>empresas</strong>. Não<br />

informaram 10,6%.<br />

A inovação determinada pela política de inovação da empresa é importante<br />

para 72,4% das <strong>empresas</strong> e pouco importante para 12,8% das <strong>empresas</strong>. Não<br />

responderam 14,9%.<br />

A qualidade do produto é uma determinante de inovação importante para<br />

88,3% das <strong>empresas</strong> e tem pouca importância para 1,1%, isto é, só uma empresa.<br />

A estratégia de redução de custos é uma determinante importante para 91,5%<br />

das <strong>empresas</strong>. E 8,5% das <strong>empresas</strong> deixaram de responder.<br />

O cumprimento das normas e regulamentos legais é uma determinante de<br />

inovação importante para 48,9% das <strong>empresas</strong> e tem pouca importância para<br />

27,60% das <strong>empresas</strong>. Deixaram de responder 23,4% das <strong>empresas</strong>.<br />

A necessidade de adequar produtos às exigências técnicas é importante para<br />

o processo de inovação de 66% das <strong>empresas</strong> e tem pouca importância para 19,1%<br />

das <strong>empresas</strong>. Deixaram de responder 14,9% das <strong>empresas</strong>.<br />

A estratégia de inovação para conquistar novos mercados é importante para<br />

79,7% das <strong>empresas</strong> e tem pouca importância para 8,5% das <strong>empresas</strong>. Não<br />

responderam 11,7%.<br />

Aumentar a participação no mercado é uma determinante estratégica de<br />

inovação importante para 84% das <strong>empresas</strong>, tem pouca importância para 3,3% das<br />

<strong>empresas</strong>, e deixaram de responder 11,70 das <strong>empresas</strong>.<br />

Atender às exigências do consumidor é uma determinante de inovação para<br />

77,6% das <strong>empresas</strong> e tem pouca importância para 10,6% das <strong>empresas</strong>. Não<br />

responderam 11,7%.<br />

Aumentar produtividade e lucro é a estratégia determinante da inovação<br />

importante para 83% das <strong>empresas</strong> e tem pouca importância para 3,3% das<br />

<strong>empresas</strong>. Não responderam 13,8% das <strong>empresas</strong>.<br />

A estratégia de reação à perda de mercado é importante para 60,6% das<br />

<strong>empresas</strong> da pesquisa, tem pouca importância para 21,2% das <strong>empresas</strong> e<br />

deixaram de responder 18,1% das <strong>empresas</strong>.<br />

318


5.7.6 Identificação da Necessidade de Inovar<br />

Como a pequena e média empresa industrial paranaense percebe a<br />

necessidade de introdução ou desenvolvimento de uma nova tecnologia na<br />

empresa? A meta desta questão é compreender como o empresário percebe e<br />

analisa as pressões para inovar. As informações fornecidas pelos empresários<br />

indicam os caminhos, conforme tabela a seguir:<br />

TABELA 18 - MOTIVAÇÕES PARA INOVAR<br />

IDENTIFICAÇÃO DA<br />

NECESSIDADE DE INOVAR<br />

NÃO<br />

RESPOSTA<br />

(%)<br />

SEMPRE<br />

(%)<br />

EVENTUAL<br />

(%)<br />

NUNCA<br />

(%)<br />

TOTAL<br />

(%)<br />

Exigências do mercado consumidor 7,4 77,7 14,9 0,0 100,0<br />

Descoberta de um novo produto 14,9 47,9 36,2 1,1 100,0<br />

Participação em feiras e exposições 13,8 26,6 50,0 9,6 100,0<br />

Avaliação desempenho concorrentes 17,0 31,9 42,6 8,5 100,0<br />

Sugestão de distribuidores e vendedores 21,3 33,0 41,5 4,3 100,0<br />

Proposta dos fornecedores 24,5 22,3 45,7 7,4 100,0<br />

Outros 2 94,7 3,2 1,1 1,1 100,0<br />

Conjunto<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

27,7 34,7 33,1 4,6 100,0<br />

A necessidade de atender às exigências do mercado consumidor é sempre<br />

uma forte pressão para a mudança para 77,7% das <strong>empresas</strong> e eventualmente para<br />

14,9%. Isto é, as exigências do mercado são sempre importantes para a inovação.<br />

Não responderam 7,4% das <strong>empresas</strong>.<br />

A descoberta de um novo produto é a oportunidade de introdução de uma<br />

inovação sempre para 47,9% das <strong>empresas</strong> e eventualmente para 36,2%, nunca<br />

para 1,1%. Não responderam 14,9% das <strong>empresas</strong> participantes da pesquisa.<br />

A identificação de uma oportunidade de inovação observada em feiras e<br />

exposições sempre é utilizada por 26,6% das <strong>empresas</strong> e eventualmente utilizada<br />

por 50%, sendo que 9,6% não utilizam esta alternativa e 13,8% das <strong>empresas</strong><br />

deixaram de fornecer esta informação.<br />

320


Avaliar o desempenho do concorrente é uma estratégia de inovação utilizada<br />

sempre por 31,9% das <strong>empresas</strong> e eventualmente por 42,6% das <strong>empresas</strong>. Sendo<br />

que 8,5% não utilizam esta alternativa e 17% não informaram.<br />

As sugestões dos distribuidores e dos vendedores indicam oportunidades ou<br />

necessidades de inovação para 74,5% das <strong>empresas</strong> e nunca são utilizadas por<br />

4,3%. Deixaram de informar 21,3% das <strong>empresas</strong>.<br />

As propostas dos fornecedores sempre são utilizadas para 22,3% das<br />

<strong>empresas</strong>; são eventualmente utilizadas por 45,7% das <strong>empresas</strong> e nunca são<br />

utilizadas por 7,4% das <strong>empresas</strong>. Deixaram de responder 24,5% das <strong>empresas</strong>.<br />

321


5.7.7 Fontes de Informações da Empresa para Inovação<br />

"Onde a empresa procura informações sobre novas tecnologias possíveis de<br />

serem utilizadas pela empresa" é questão que analisa as principais fontes de<br />

informações utilizadas pela empresa para deliberadamente e com uma atitude<br />

proativa procurar informações sobre novas tecnologias que podem ser utilizadas<br />

pela empresa. A tabela a seguir indica as principais alternativas utilizadas pela PMEI<br />

do Paraná.<br />

TABELA 19 - FONTES DE INFORMAÇÕES SOBRE NOVAS TECNOLOGIAS POSSÍVEIS DE SEREM UTILIZADAS PELA<br />

EMPRESA<br />

FONTES DE INFORMAÇÕES DE NOVAS<br />

TECNOLOGIAS<br />

NÃO<br />

RESPOSTA<br />

(%)<br />

SEMPRE<br />

(%)<br />

EVENTUAL<br />

(%)<br />

NUNCA<br />

(%)<br />

TOTAL<br />

(%)<br />

Dentro da própria empresa 23,4 33,0 37,2 6,4 100,0<br />

Fornecedores 9,6 36,2 52,1 2,1 100,0<br />

Consumidores e distribuidores 20,2 30,9 47,9 1,1 100,0<br />

Concorrentes 20,2 13,8 59,6 6,4 100,0<br />

Universidade 26,6 6,4 20,2 46,8 100,0<br />

Empresas consultoras 23,4 14,9 31,9 29,8 100,0<br />

Entidades como SENAI - SEBRAE 20,2 9,6 46,8 23,4 100,0<br />

Federação, sindicato e associação 24,5 8,5 28,7 38,3 100,0<br />

Revistas e jornais 13,8 33,0 46,8 6,4 100,0<br />

Feiras e exposições 8,5 44,7 42,6 4,3 100,0<br />

Outros 11 97,9 1,1 0,0 1,1 100,0<br />

Conjunto<br />

FONTE: Pesquisa de campo, PMEI 2002<br />

26,2 21,1 37,6 15,1 100,0<br />

As <strong>empresas</strong> procuram informações sobre informações de novas tecnologias<br />

possíveis de serem utilizadas pela empresa dentro da própria empresa sempre ou<br />

eventualmente em 70,2% dos casos e 6,4% nunca procuram dentro da empresa.<br />

Não responderam 23,4% dos casos.<br />

Das <strong>empresas</strong> pesquisadas, 88,3% se utilizam de informações dadas por<br />

fornecedores e 2,1% nunca utilizam informações de fornecedores. Não responderam<br />

9,6% das <strong>empresas</strong>.<br />

323


Os consumidores e distribuidores contribuem com informações para as<br />

inovações das <strong>empresas</strong> em 78,8% dos casos. Uma <strong>empresas</strong> nunca de utiliza de<br />

consumidores e 20,2% das <strong>empresas</strong> deixaram de informar.<br />

Informações tiradas de concorrentes são utilizadas por 73,40 das <strong>empresas</strong>,<br />

sendo que 6,4% nunca utilizam e 20,2% deixaram de informar.<br />

Informações dadas por universidades são utilizadas sempre em ape<strong>nas</strong> 6,4%<br />

dos casos, 20,2% utilizam a universidade como fonte de informação eventual para<br />

inovação e 26,6% não informaram.<br />

As <strong>empresas</strong> de consultoria são utilizadas como fonte de informações para<br />

inovação para 46,80% das <strong>empresas</strong>, sendo que 29,8% nunca utilizam esta<br />

alternativa e 23,4% não informaram.<br />

As entidades Sebrae e Senai são utilizadas como fontes de informações para<br />

inovação no caso de 56,4% das <strong>empresas</strong>. Nunca utilizam esta alternativa 23,4%<br />

das <strong>empresas</strong> e deixaram de informar 20,2% das <strong>empresas</strong>.<br />

Federações, sindicatos e associação de classe são utilizadas sempre em 8,5%<br />

das <strong>empresas</strong>; são eventualmente utilizadas para 28,7% das <strong>empresas</strong> e nunca são<br />

utilizadas em 38,3% das <strong>empresas</strong>. Não informaram 24,5% dos casos.<br />

Revistas e jornais são fonte de informações par inovação tecnológica para<br />

79,8% das <strong>empresas</strong>. Nunca se utilizam desta alternativa 6,4% das <strong>empresas</strong> e<br />

deixaram de informar 13,8% das <strong>empresas</strong>.<br />

Feiras e exposições são a oportunidade de fonte de informações para 87,3%<br />

das <strong>empresas</strong>, sendo que 4,3% nunca utilizam esta alternativa, e 8,5% deixaram<br />

de informar.<br />

324


5.7.8 Utilização de Processos de Ação Conjunta para Inovação<br />

As informações obtidas permitem observar com que colaboradores as peque<strong>nas</strong><br />

e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná estão mais propensas a cooperar e<br />

desenvolver algum tipo de ação conjunta para inovação na empresa. Esta questão<br />

pretende confirmar quem são os parceiros preferenciais com os quais as pequena e<br />

média empresa têm mais relações de confiança e cooperação recíproca para inovação<br />

tecnológica em parcerias, alianças e causas compartilhadas.<br />

As informações fornecidas pelas <strong>empresas</strong> sobre esta variável indicam que:<br />

55,3% das <strong>empresas</strong> desenvolvem ações conjuntas para inovação com<br />

fornecedores e ou distribuidores; 17% desenvolvem ações conjuntas para inovação<br />

com Senai; 16% das <strong>empresas</strong> desenvolvem ações conjuntas para inovação com<br />

<strong>empresas</strong> similares; 16% desenvolvem ações conjuntas para inovação com<br />

universidades e ou centros de pesquisa; 14,9% desenvolvem ações conjuntas para<br />

inovação com Sebrae; 9,6% desenvolvem ações conjuntas para inovação com<br />

sindicatos patronais ou com <strong>empresas</strong> do mesmo ramo; 8,5% desenvolvem ações<br />

conjuntas para inovação com entidades de classe; 6,4% desenvolvem ações<br />

conjuntas para inovação com <strong>empresas</strong> concorrentes; 6,4% desenvolvem ações<br />

conjuntas para inovação com órgãos de Governo.<br />

326


GRÁFICO 48 - COOPERAÇÃO PARA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA<br />

Com fornecedores<br />

e/ou distribuidores<br />

Com Senai<br />

Com <strong>empresas</strong> similares<br />

Com universidades e/ou<br />

centros de pesquisa<br />

Com Sebrae<br />

Com entidades de classe<br />

Com órgãos do governo<br />

Com concorrentes<br />

Outros 9,60<br />

6,40<br />

6,40<br />

9,60<br />

8,50<br />

17,00<br />

16,00<br />

16,00<br />

14,90<br />

5.7.9 Localização dos Principais Concorrentes<br />

O levantamento da localização dos principais concorrente visa entender como<br />

a concorrência estimula a inovação tecnológica, a melhoria da qualidade e da<br />

produtividade e o grau de integração da produção da empresa com os mercados.<br />

Concorrentes do mercado nacional em 64,9% dos casos; concorrentes do Estado do<br />

Paraná em 36,2% dos casos; concorrentes do próprio município em 36,2% dos<br />

casos; dos municípios vizinhos em 31,9% dos casos; concorrentes do mercado<br />

internacional 13,8% dos casos; para 3,2% dos casos a empresa não se preocupa<br />

com os concorrentes; 1,1% afirma que a empresa não tem concorrentes.<br />

55,30<br />

327


GRÁFICO 49 - LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS CONCORRENTES<br />

Mercado nacional<br />

Mercado estado do Paraná<br />

Próprio município<br />

Municípios vizinhos<br />

Mercado internacional<br />

Empresa não se preocupa com<br />

a origem dos concorrentes<br />

Empresa não tem concorrentes<br />

5.7.10 Destinos da Produção<br />

Esta questão levanta informações dos principais destinos da produção<br />

visando compreender o grau de inserção e competição nos diferentes mercados,<br />

locais, regionais, nacionais e internacionais, e a questão do acirramento da<br />

competitividade.<br />

As empresa participantes da pesquisa informaram que sua produção é vendida<br />

para outros estados brasileiros em 79,8% das <strong>empresas</strong>; a produção é vendida para<br />

muitos clientes dentro do Paraná para 47,9% das <strong>empresas</strong>; a produção é vendida<br />

em municípios vizinhos em 30,9% para das <strong>empresas</strong>; a produção é vendida dentro<br />

do próprio município para 28,7% das <strong>empresas</strong>; a produção se destina para o<br />

mercado externo em 17% das <strong>empresas</strong> participantes da pesquisa.<br />

328


GRÁFICO 50 - DESTINOS DA PRODUÇÃO<br />

Vendida para outros<br />

estados brasileiros<br />

Vendida para muitos<br />

clientes dentro do<br />

estado do Paraná<br />

Vendida em<br />

municípios vizinhos<br />

Vendida dentro do<br />

próprio município<br />

Mercado internacional<br />

5.7.11 Estratégias que Orientam a Decisão de Produzir<br />

Alternativas que orientam as decisões da empresa para produzir. A procura é<br />

entender se a empresa tem uma estratégia de atendimento a encomendas ou se é<br />

uma caçadora de mercado. As informações obtidas junto aos empresários das<br />

peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná podem ser assim agrupadas:<br />

53,2% produzem para muitos compradores diversificados; 36,2% para atender<br />

encomendas de outras peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>; 28,7% para atender mercado<br />

por conta e risco da própria empresa; 20,2% das empresa produzem para atender<br />

encomendas das grandes <strong>empresas</strong>; 4,3% produzem para poucos compradores e<br />

1,10% não informaram.<br />

329


GRÁFICO 51 - ESTRATÉGIAS QUE ORIENTAM A DECISÃO DE PRODUZIR<br />

Atender compradores<br />

diversificados<br />

Atender encomenda de outras<br />

peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

Atender mercado por conta<br />

e risco da própria empresa<br />

Atender encomenda de<br />

uma grande empresa<br />

Atender poucos compradores<br />

Outros<br />

1,10<br />

4,30<br />

5.7.12 Dificuldades para Inovar<br />

20,20<br />

Quais as principais dificuldades enfrentadas pela empresa para inovar? Esta<br />

questão tem como objetivo conhecer as dificuldades vivenciadas pelas peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná para a identificação e introdução de uma<br />

inovação tecnológica na empresa.<br />

Os resultados indicam que para 57,4% o problema mais grave para a inovação<br />

é a falta de recursos para investir em inovação na empresa; para 50% das <strong>empresas</strong><br />

a dificuldade principal é a falta de acesso a financiamento para inovação; para<br />

37,2% o principal problema é a falta de informações sobre entidades de apoio à<br />

inovação tecnológica; a falta de pessoal capacitado é a maior dificuldade para 34%<br />

das <strong>empresas</strong>; para 30,9% das <strong>empresas</strong> a falta de máqui<strong>nas</strong> e equipamentos é a<br />

principal dificuldade; falta de informações sobre mudanças <strong>tecnológicas</strong> é o principal<br />

dificuldade para 28,7% das <strong>empresas</strong>; 16% das <strong>empresas</strong> indicam como principal<br />

problema para a inovação a falta de confiança em parcerias e alianças para<br />

inovação tecnológica; a falta de informações sobre mercados é o problema principal<br />

para 11,7% das <strong>empresas</strong>.<br />

28,70<br />

36,20<br />

53,20<br />

330


GRÁFICO 52 - DIFICULDADES PARA INOVAR NA PMEI<br />

Falta de recursos para investir<br />

em inovação na empresa<br />

Falta de informações sobre entidades<br />

de apoio à inovação tecnológica<br />

Falta de máqui<strong>nas</strong> e equipamentos<br />

Falta de informações sobre<br />

mudanças <strong>tecnológicas</strong><br />

Falta de confiança em parcerias<br />

e alianças para inovação tecnológica<br />

Falta de informações sobre mercados<br />

5.8 Resultados da Pesquisa de Campo<br />

5.8.1 Globalização e Abertura Econômica para Inovação e Competição<br />

A partir das considerações mencionadas e dos dados da pesquisa levantados<br />

junto a empresários de 94 peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de diferentes<br />

setores da indústria do Paraná e de diferentes localidades do Estado do Paraná,<br />

pode-se deduzir que globalização para 70,20 % dos empresários consultados é uma<br />

oportunidade de melhoria tecnológica, aumento das inovações, ampliação de mercado<br />

e ganhos de competitividade. Os empresários que entendem a globalização como<br />

uma ameaça (24,5 %) justificam o problema mais por falta de uma mecanismos e<br />

instrumentos do Governo para apoiar as estratégias de capacitação e inovação das<br />

PMEIs do que por falta de oportunidades capitalista de lucro.<br />

Em relação à abertura econômica, os empresários interpretam a abertura<br />

econômica como uma oportunidade para modernização em termos de máqui<strong>nas</strong> e<br />

equipamentos, tecnologias para inovação e competição e ampliação de mercados.<br />

331


Estes fatos podem ser comprovados com o aumento das importações de máqui<strong>nas</strong><br />

e equipamentos para 48,9% das <strong>empresas</strong>; para 13,8% houve aumento de<br />

importações de ferramentas e insumos <strong>industriais</strong> e 46,8% tiveram maiores<br />

facilidades para importar matérias primas. Com relação à ampliação de comércio<br />

estas mesmas <strong>empresas</strong> informam que 16% ampliaram exportações; 24,5%<br />

começaram a exportar e 38,3% aumentaram vendas no mercado interno, isto é, para<br />

78,8% houve melhoria na performance de participação do mercado. A freqüência<br />

das inovações aumentou para 54,3% das <strong>empresas</strong>.<br />

5.8.2 Compreensão das Políticas Nacional, Estadual e Local para Inovação<br />

A contribuição da política econômica nacional para a produção no<br />

entendimento de 53,2% dos empresários participantes da pesquisa é negativa, isto<br />

é, desestimula a atividade empresarial e para 37,2% impede o aumento da<br />

produção, indicando que para 90,4% das PMEIs da pesquisa a política nacional não<br />

favorece a inovação e produção.<br />

Em relação ao conhecimento da política nacional de ciência e tecnologia, 60,6%<br />

das PMEIs desconhecem a política de C&T, enquanto ape<strong>nas</strong> 19,1% das <strong>empresas</strong><br />

entendem que a política de C&T facilita a geração e ou incorporação de tecnologias.<br />

Para 52,1% das <strong>empresas</strong> da pesquisa, o ambiente competitivo nacional estimula as<br />

inovações <strong>tecnológicas</strong>, no entanto 34% afirmam que só beneficiou as grandes<br />

<strong>empresas</strong> nacionais e 24,5% entendem que só beneficiou as multinacionais.<br />

Os mecanismos estaduais de apoio à inovação tecnológica são desconhecidos<br />

para a maioria das <strong>empresas</strong>. Só 9,6% conhecem e utilizam mecanismos financeiros<br />

para inovação; 17% conhecem e utilizam mecanismos fiscais e tributários; 2,10 %<br />

utilizam o poder das compras do governo para inovar; 2,10 % utilizam do apoio do<br />

governo para transferência de tecnologia visando à inovação.<br />

A relação das PMEIs com as universidades: 46,8% das <strong>empresas</strong> da pesquisa<br />

nunca procurou a universidade; 29,8% afirmam que a universidade nunca se<br />

332


envolve com processos de inovação; e para 20,2% a universidade participa quando<br />

procurada; em 9,6% a universidade oferece profissionais e pesquisadores para<br />

desenvolver projetos; em 6,4% a universidade desenvolve tecnologias em conjunto<br />

com a empresa; e em 4,3% dos casos a universidade oferece tecnologia e serviços<br />

para a inovação. Pergunta semelhante para os centros de tecnologia obteve a<br />

informação que 47,9% a empresa nunca foi procurada por um centro de pesquisa e<br />

inovação, e em 46,8% a empresa nunca procurou um centro de pesquisa e<br />

inovação. Portanto, a inovação na pequena e média empresa é um ato solo na<br />

maioria absoluta dos casos.<br />

A relação das <strong>empresas</strong> das PMEI com as entidades de classe para inovação<br />

é mais positiva e produtiva do que com as universidades e centros de pesquisa. Em<br />

29,8% cooperam mediante capacitação, treinamento e uso de equipamentos; 20,2%<br />

recebem serviços de profissionais capacitados dentro da empresa para desenvolver<br />

inovações, e em 34 % dos casos participam quando procurados.<br />

A política municipal para apoio à inovação é desconhecida em 42,6% das<br />

<strong>empresas</strong> informantes; em 39,4% dos casos afirmam que o município não tem<br />

nenhum mecanismo de apoio à inovação e 55,3% afirmam que atuam<br />

completamente independente do município; só em 9,6% dos casos a relação<br />

empresa município é positiva para a inovação, sendo que a forma mais utilizada é<br />

pela organização de feiras e exposições, ou conferências e palestras técnicas.<br />

A relação das PMEIs com as grandes <strong>empresas</strong> para inovação é positiva<br />

quando a grande estimula a inovação via redução de preço em 18,1% dos casos;<br />

exigindo produtos de qualidade em 42,6% das <strong>empresas</strong>; vendendo máqui<strong>nas</strong> e<br />

equipamentos para 23,4% dos casos; desenvolvendo produtos em conjunto em 18,1%<br />

dos casos; transferindo tecnologias em 12,8% dos casos; indicando novos mercados<br />

para 7,4% das <strong>empresas</strong>; e sugerindo novos produtos em 37,2% das <strong>empresas</strong>.<br />

333


Conclui-se que a cadeia de valor realmente acontece entre <strong>empresas</strong>, conforme<br />

as cinco forças competitivas de Porter, e no caso das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> a<br />

presença da ação do Governo é pouco significativa para inovação e competição.<br />

5.8.3 Localização Próxima como Elo Facilitador para Inovação<br />

As questões do grupo procurou levantar informações específicas sobre a<br />

vizinhança física, contigüidade geográfica como elo facilitador de intercâmbio de<br />

informações para melhoria e inovações.<br />

Esta questão procurava avaliar a questão da proximidade física, geográfica, a<br />

vizinhança com outras empresa para cooperação e inovação. Nos casos<br />

pesquisados esta informação não demonstrou relevância significativa para o estudo.<br />

Não maioria dos casos a proximidade física não tem importância para a inovação. A<br />

importância da contigüidade física está na troca de experiências e informações<br />

eventuais de correntes mais de iniciativas circunstanciais entre empresa individuais<br />

do que de um processo sistemático de cooperação e intercâmbio metódico ou por<br />

iniciativa dos órgãos públicos ou das própria iniciativa das entidades de classe.<br />

A importância para a inovação decorre mais das relações com outras empresa<br />

fornecedores, distribuidores do que da vontade dos órgãos públicos ou das<br />

entidades de classe no apoio na inovação. As articulações com fornecedores,<br />

distribuidores e competidores são mais importantes para o processo de inovação e<br />

evolução das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> participantes da pesquisa. O<br />

intercâmbio é de informações eventuais e não organizadas como informações<br />

direcionadas diretamente para a inovação ou por meio de um método organizado<br />

para gerar uma cultura e um ambiente inovativo local. A grande maioria das<br />

<strong>empresas</strong> deixou de responder estas questões e, quando respondeu, informou que o<br />

sua importância é nula ou pequena.<br />

334


5.8.4 A Cooperação Empresarial como Elo Facilitador de Inovação<br />

A cooperação empresarial entre <strong>empresas</strong> visando ao aumento da inovação e<br />

ganhos de competitividade acontece por vontade e iniciativa da própria empresa em<br />

38,3% dos casos; por vontade e interesse de um grupo de <strong>empresas</strong> em 22,3% dos<br />

casos; por meio das entidades de classe em 18,1% dos casos, raramente (2,1%)<br />

acontece por alguma iniciativa de governo, seja estadual, seja municipal. A<br />

cooperação e parceria quando acontecem é para abertura de mercado em 22,3%<br />

dos casos, compra de matérias primas em 10,6% dos casos, e ape<strong>nas</strong> em 11,7%<br />

acontece cooperação empresarial para pesquisa e desenvolvimento de um processo<br />

de tecnologia.<br />

Constata-se que as <strong>empresas</strong> que têm acordo de cooperação e alianças<br />

preferem relacionar-se com <strong>empresas</strong> do mesmo ramo de negócio e raramente as<br />

<strong>empresas</strong> cooperam para inovar com grandes <strong>empresas</strong> e com o governo. A maioria<br />

absoluta das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> pesquisadas prefere inovar<br />

sozinhas, com esforço próprio e independente em 38,3% dos casos, e elas buscam<br />

informação para algum tipo de aliança de inovação por iniciativa própria em 47,9%.<br />

Em 71,3% dos casos todas as fases da produção são desenvolvidas dentro da<br />

empresa e ape<strong>nas</strong> 18,1% produzem para outras <strong>empresas</strong> completarem a produção.<br />

5.8.5 O Tamanho da Empresa e a Inovação<br />

As <strong>empresas</strong> pesquisadas sentem que o tamanho da empresa traz mais<br />

dificuldades do que facilidades para inovar. O tamanho em geral não é um fator<br />

determinante para a inovação e nem para ter maiores facilidades por parte dos<br />

órgãos de governo; ao contrário, em geral, as <strong>empresas</strong> têm maiores dificuldades<br />

por serem peque<strong>nas</strong>. Isto confirma o que Porter já afirmou “não importa ser grande<br />

ou pequeno o que importa é ser ágil”. (PORTER, 1980). As <strong>empresas</strong> sentem que<br />

são vistas pela grande empresa como concorrentes em 37,2% dos casos; como<br />

335


competentes no que fazem em 34% dos casos; como parceiras para alianças<br />

estratégicas em 17% dos casos. Portanto, sentem-se em geral valorizadas pela<br />

grande empresa. As <strong>empresas</strong> sentem que os seus concorrentes as vêem com<br />

respeito e admiração em 42,6% dos casos; como <strong>empresas</strong> inovadoras e criativas<br />

em 25,5% dos casos; como uma ameaça em 26,6% dos casos; como parceiras para<br />

aliança e cooperação em 14,9% dos casos. As <strong>empresas</strong> confiam no que fazem e se<br />

sentem valorizadas.<br />

O sentimento das <strong>empresas</strong> pesquisadas com relação à visão que o Governo<br />

tem delas é que as <strong>empresas</strong> são importantes para geração de impostos em 41,5%<br />

dos casos; importantes para na geração de emprego 36,2% dos casos; sem<br />

importância por serem peque<strong>nas</strong> empresa em 38,3% dos casos. As <strong>empresas</strong><br />

entendem que só são úteis para o Governo como pagadoras de impostos e<br />

geradoras de emprego e não pela sua competência ou pela capilaridade espacial<br />

com que atuam. As <strong>empresas</strong> entendem que recebem maior apoio do Sebrae em<br />

29,8% dos caso; das <strong>empresas</strong> do mesmo porte em 26,6% dos casos; do Senai em<br />

18,1% dos casos e do Governo em ape<strong>nas</strong> 8,5% dos casos.<br />

Com relação às estratégicas de futuro (genéricas) das <strong>empresas</strong>: 76,6%<br />

querem crescer com melhorias e inovações constantes, inovar sempre em 41,5%<br />

das <strong>empresas</strong>, ser ágeis e rápidas na percepção de novos negócios para 33% das<br />

<strong>empresas</strong>. Querem tornar-se grande empresa 24,5% dos casos. E para 4,3% é<br />

melhor permanecer do tamanho atual.<br />

Conclui-se que as <strong>empresas</strong> se sentem valorizadas pelos outros empresários<br />

grandes, concorrentes ou do mesmo porte. Dependem do seu esforço e trabalho<br />

para resultados positivos e que os programas de Governo e das entidades de classe<br />

têm pouca efetividade no processo de inovação das <strong>empresas</strong>.<br />

336


5.8.6 O Ambiente Interno da Empresa e a Cultura para a Inovação<br />

A análise das razões estratégicas e da cultura organizacional das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do Paraná que orientam e determinam a inovações <strong>nas</strong><br />

<strong>empresas</strong> pesquisadas permitem concluir que para 74,5% dos empresários inovar é<br />

uma variável determinante para competir, e para 37,2% das <strong>empresas</strong> estimulam as<br />

equipes dos funcionários para sugerir inovações <strong>nas</strong> <strong>empresas</strong>. A razão principal das<br />

inovações é para reagir e surpreender os concorrentes. A principal força determinante<br />

da inovação é a atitude ativa do empresário para inovar em 83% dos casos.<br />

A participação de um “círculo de inovação” com outras <strong>empresas</strong> (fornecedores<br />

35,1%, distribuidores 23,4%, mesmo ramo 6,4%, vizinhas 2,1%) como alternativa<br />

utilizada para identificar e introduzir uma inovação é utilizada por 67% das <strong>empresas</strong> e<br />

ape<strong>nas</strong> 9,6% têm acordos de cooperação com universidade ou faculdade.<br />

A escolha de alternativa para desenvolvimento e introdução de tecnologias <strong>nas</strong><br />

<strong>empresas</strong>, considerando-se as respostas positivas de utilização sempre ou com<br />

freqüência e contrapondo-se com a afirmação de que nunca é escolhida, é a opção<br />

preferida e utilizada pela empresa por meio da ampliação da capacidade de<br />

produção (86,2%), desenvolvendo tecnologia internamente (84,1%), introduzindo<br />

novos produtos na linha de produção da empresa (83,0%), adequando produtos às<br />

exigências do mercado (77,6%), utilizando tecnologias desenvolvidas por outras<br />

<strong>empresas</strong> (70,2%), acordos com outras entidades (58,5%), tecnologias de outras<br />

<strong>empresas</strong> (51,1%), cópias tecnologias e produtos de outras <strong>empresas</strong> (51,0%),<br />

conta com apoio da universidade e ou centro de pesquisa (40,4%), mantém acordos<br />

de cooperação com outras entidades e ou <strong>empresas</strong> para inovação (27,6%), utiliza<br />

tecnologia com contrato de licença (22,3%). A incidência de respostas de que nunca<br />

utilizam contrato de licença (46,8%), nunca utilizam acordos de cooperação (41,5%),<br />

nunca utilizam a universidade ou centro de pesquisa (30,9%), nunca copiam<br />

tecnologias (25,5%), nunca utilizam tecnologias de outras <strong>empresas</strong> (23,4%), nunca<br />

337


utilizam acordos com entidades de pesquisa (14,9%); as demais alternativas têm<br />

opções menores de 5%.<br />

A grande alternativa utilizada pelas peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> empresa <strong>industriais</strong> para<br />

inovar é na maioria absoluta dos casos pelo desenvolvimento de tecnologias e produtos<br />

dentro da empresa e raramente acontece pelo desenvolvimento de tecnologias fora da<br />

empresa. Em geral, a empresa não tem confiança e nem segurança estratégica no<br />

desenvolvimento de tecnologia em parcerias e cooperação.<br />

As razões de maior importância para o empresário inovar são de reduzir<br />

custos de produção (91,5%), melhorar a qualidade dos produtos (88,3%), enfrentar<br />

concorrentes internos (84,0%), melhorar participação no mercado (84%), aumentar<br />

produtividade e lucro (83,0%), estratégia de qualidade da empresa (81,9%),<br />

conquistar novos mercados (79,7%), exigência dos consumidores (77,6%), política<br />

da empresa para crescer (72,4%), adequar produto aos padrões técnicos (66,0%),<br />

cultura de inovação da empresa (64,9%), reação à perda de mercado (60,6%),<br />

normas e regulamentos legais (48,9%) e enfrentar concorrentes internos (40,4%).<br />

A análise das motivações para introduzir uma inovação ou de desenvolver uma<br />

nova tecnologia é percebida pela empresa por exigências do mercado consumidor<br />

(92,6%), mediante a participação em feiras e exposições (76,6%), avaliando<br />

desempenho dos concorrentes (74,5%), assimilando sugestões dos distribuidores e<br />

vendedores (74,5%), por descoberta de um novo produto (74,1%), por proposta dos<br />

fornecedores (68%). A descoberta decorrente de pesquisa propositadamente<br />

desenvolvida para este fim dentro da empresa quando ocorre é eventual e não como<br />

conseqüência de pesquisa desenvolvida para este fim.<br />

As principais fontes de informações sobre novas tecnologias procuradas<br />

diretamente pelas <strong>empresas</strong> são obtidas principalmente junto aos fornecedores<br />

(88,3%), feiras e exposições (87,3%), revistas e jornais (79,8%), consumidores e<br />

distribuidores (78,8%), informações tiradas dos concorrentes (73,4%), dentro da<br />

própria empresa (70,2%), junto ao Sebrae e ou Senai (56,4%), com <strong>empresas</strong> de<br />

338


consultoria (46,8%), Federações, sindicatos e associações patronais (37,2%),<br />

informações junto às universidades (26,6%). Estão no extremo oposto que as<br />

<strong>empresas</strong> afirmam que nunca procuram: universidade (46,8%), federações,<br />

sindicatos e associações patronais (38,3%), <strong>empresas</strong> consultoras (29,8%), Sebrae<br />

e Senai (23,4%), outras citações com menos de 5% de freqüência.<br />

Quando as <strong>empresas</strong> participantes da pesquisa desenvolvem ações conjuntas<br />

para inovação tecnológica na empresa têm preferência na utilização de processos<br />

de cooperação com fornecedores e distribuidores (55,3%) como primeira alternativa,<br />

a segunda opção são as <strong>empresas</strong> similares (16%).<br />

A localização dos principais concorrentes das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> empresa<br />

<strong>industriais</strong> participantes da pesquisa estão no mercado nacional (64,9%), no mercado<br />

paranaense (36,2%), e no próprio município ou municípios vizinhos (38,1%).<br />

A produção das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> do paranaense está<br />

sendo destinada para o mercado dos outros estados (79,8%), vendida para dentro<br />

do Estado do Paraná (47,9%), municípios vizinhos e o próprio município (59,1%).<br />

As decisões de produção das <strong>empresas</strong> são tomadas visando atender<br />

compradores diversificados (53,2%), atender encomendas de outras peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> (36,2%), atender grande empresa (20,2%).<br />

As principais dificuldades enfrentadas pelas peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> são<br />

representadas pela falta de recursos financeiros para investir (57,4%), falta de<br />

acesso a financiamentos (50%), falta de informações sobre entidades à inovação<br />

tecnológica, (37,2%), falta de pessoal capacitado (34%), falta de máqui<strong>nas</strong> e<br />

equipamentos (30,9%), falta de informações sobre mudanças <strong>tecnológicas</strong> (28,7%),<br />

falta de confiança em parcerias e alianças para inovação (16%), falta de informações<br />

sobre mercado (11,7%).<br />

339


5.9 Conclusões da Pesquisa de Campo Face aos Objetivos Complementares<br />

Propostos<br />

5.9.1 Objetivo 1<br />

- Conhecer e analisar os principais problemas e facilidades identificadas<br />

pelos empresários para inovar e competir a partir das bases locais de<br />

produção.<br />

5.9.1.1 Principais dificuldades para inovar<br />

O empresário nacional pesquisados apresentaram diferentes categorias de<br />

problemas para inovações <strong>tecnológicas</strong> em suas <strong>empresas</strong>. Visando facilitar a<br />

análise e interpretação classificamos em grupos como sendo: variáveis da empresa;<br />

variáveis do ambiente competitivo nacional; variáveis de políticas econômicas<br />

nacionais e variáveis internacionais:<br />

Os principais problemas vivenciados pelos empresários dentro da empresa<br />

para inovação são:<br />

a) Falta de confiança do empresário <strong>nas</strong> políticas do governo para enfrentar<br />

os riscos de inovação e melhorias de produtos e processos dentro da<br />

empresa.<br />

b) Falta de recursos financeiros da empresa para desenvolver <strong>pesquisas</strong>, de<br />

produto, de processo, de compra de máqui<strong>nas</strong> e equipamentos e falta de<br />

acesso a financiamentos para inovação.<br />

c) Falta de pessoal técnico capacitado para identificar oportunidades,<br />

gerenciar <strong>pesquisas</strong> e administrar a introdução de inovações na empresa.<br />

d) Baixo processo de interação entre as <strong>empresas</strong> e as universidades e/ou<br />

centros de pesquisa para inovação.<br />

340


e) Falta de cultura, experiência e confiança para processos de cooperação,<br />

alianças e parcerias entre <strong>empresas</strong> em processos de inovação tecnológica.<br />

f) Pouco uso de processos de interação, atuação conjunta, parcerias e<br />

alianças por falta de confiança recíproca entre empresários e por falta de<br />

confiança nos mecanismos e instrumentos do governo decorrentes do<br />

desconhecimento e/ou da descontinuidade de sua vigência, ou ainda da<br />

pouca importância que o governo dá para os empresários da pequena e<br />

média empresa.<br />

g) Pouca capacidade de competição dos produtos das <strong>empresas</strong> de pequeno<br />

e médio porte nos mercados nacionais e internacionais por falta de<br />

qualidade e custos altos decorrentes de baixos investimentos em<br />

tecnologias de produção.<br />

h) Pequenos investimentos em inovação por falta de recursos próprios e<br />

ausência de financiamentos dos bancos privados e dos sistemas públicos<br />

de apoio ao setor produtivo nacional de pequeno e médio porte.<br />

i) Baixo nível tecnológico dos produtos das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> e<br />

desconhecimento de fontes de informações para inovação.<br />

Variáveis da política econômica nacional e do ambiente competitivo nacional:<br />

a) Política econômica nacional de juros altos e descontinuidade de<br />

instrumentos de apoio às peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> criam dificuldades<br />

para a produção e inviabilizam <strong>pesquisas</strong> e investimentos para inovação.<br />

b) Governo só dá importância para pequena e média empresa para cobrar<br />

impostos e quanto discute politicamente a geração de emprego. O<br />

empresário sente-se abandonado pelo governo e sente não valorizada sua<br />

importância estratégica para o desenvolvimento nacional e local.<br />

c) A política governamental de financiamentos, incentivos segundo os<br />

empresários consultados só se aplica para as <strong>empresas</strong> multinacionais e<br />

341<br />

as grandes <strong>empresas</strong> nacionais. Quando a informação chega ao


empresário de pequeno e médio porte os recursos já estão esgotados, a<br />

burocracia não possibilita o enquadramento, as exigências são tantas que<br />

o empresários das PMEI desistem.<br />

d) Os empresários das PMEI desconhecem a política nacional de Ciência e<br />

Tecnologia, desconhecem os mecanismos de apoio à inovação de produtos e<br />

processos <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>. E mesmo quando conhecidos<br />

não usam por desconfiança, descrédito nos mecanismos do governo, medo<br />

da burocracia e acreditar que estão perdendo tempo, pois nunca irão tirar<br />

proveito dos mecanismos do governo. O acesso aos mecanismos e<br />

instrumentos do governo é difícil para as PMEI. Só as grandes <strong>empresas</strong><br />

tiram proveito dos benefícios da política de governo.<br />

e) Os municípios não têm mecanismos e instrumentos de apoio ao forta-<br />

lecimento das inovações das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

f) Os empresários desconhecem os mecanismos de estímulo e instrumentos<br />

do poder local e estadual para inovação de produtos e processos. E<br />

quando conhecem entendem como muito difícil de utilizá-los pelo excesso<br />

de burocracia<br />

g) Ausência de processos sistemáticos de intercâmbio de informações e<br />

divulgação de fontes de informações para inovação para serem utilizados<br />

ou consultados pelas peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

h) Falta uma ação proativa das Universidades, dos Centros de Pesquisa, das<br />

Entidades públicas no apoio e extensão tecnológica para as peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>. Os beneficiados são só as grandes <strong>empresas</strong> e<br />

raramente as peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong>.<br />

i) As peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> estão expostas ao risco da competição<br />

com os produtos estrangeiros, mas não têm as facilidades que os<br />

produtores estrangeiros têm para aprimoramento da qualidade de seus<br />

342<br />

produtos e investimentos. O empresário nacional da pequena e média


empresa é um inovador solitário, que age por conta própria e raramente<br />

conta com o apoio do governo e de suas instituições.<br />

As variáveis do ambiente internacional e sua interferência no ambiente da<br />

pequena e média empresa.<br />

a) A abertura econômica traz produtos oriundos do exterior mais baratos e<br />

com mais tecnologias aumentando o risco de perda de mercado tanto<br />

nacional quanto internacional para os produtos das <strong>empresas</strong> nacionais.<br />

b) As <strong>empresas</strong> estrangeiras são grandes, fortes e influenciam os governos<br />

para que facilitem suas vidas empresariais, enquanto as peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> nacionais não são ouvidas pelo governo, e o empresário<br />

sente que ele não é importante para o governo, então atua por conta e<br />

risco próprio.<br />

c) A globalização e abertura econômica é uma oportunidade, mas é também<br />

uma grande ameaça para a pequena e média empresa porque estas têm<br />

que atuar sozinhas, enquanto as grandes empresa contam com o apoio<br />

dos seus governos de origem, de uma eficiência maior e ainda do apoio do<br />

governo nacional, enquanto as PMEI estão enfrentado todos os problemas<br />

por sua conta e risco.<br />

5.9.1.2 Principais facilidades para inovar segundo as <strong>empresas</strong> pesquisadas<br />

Tecnologia:<br />

Facilidades trazidas pela política nacional de abertura econômica e Ciência e<br />

a) Possibilidade de importar, máqui<strong>nas</strong>, equipamentos, tecnologias e<br />

matérias primas com mais facilidades do que quando a economia era mais<br />

fechada. Conseqüentemente, há aumento da qualidade e competitividade<br />

dos produtos das PMEI.<br />

b) Ampliação dos mercados, aumento da produção e aumento dos lucros.<br />

343


d) Diversidficação da produção e novos nichos de mercado.<br />

c) Oportunidade de acesso e absorção de novas tecnologias em cooperação<br />

com <strong>empresas</strong> de grande porte nacional e internacional a partir da<br />

abertura econômica.<br />

d) Novas oportunidades de negócios e de exportação.<br />

Facilidades da própria empresa:<br />

a) Garra e determinação do empresário.<br />

b) Vontade e necessidade de inovar pressionado pelos concorrentes e<br />

consumidores, distribuidores e fornecedores.<br />

c) Capacidade criativa e empreendedora do pequeno e médio empresário.<br />

d) Oportunidade de comprar máqui<strong>nas</strong> e equipamentos novos, mais<br />

modernos que possibilitam a produção de produtos mais competitivos.<br />

e) Cuidados do empresário para aprimorar produção.<br />

f) Relação de cooperação e articulação com fornecedores, distribuidores e<br />

5.9.2 Objetivo 2<br />

mesmo com competidores encorajam mudanças e inovações.<br />

- Analisar o grau de conhecimento e utilização por parte dos empresários<br />

dos mecanismos e instrumentos da política nacional, estadual e municipal<br />

e dos elos facilitadores locais que os auxiliam na definição de estratégias<br />

de inovação tecnológica, para tornar suas <strong>empresas</strong> inovadoras, com<br />

crescimento sustentável, com prestígio e geradoras de produtos e serviços<br />

competitivos nos mercados nacional e internacional<br />

Conhecimento e utilização pelos empresários dos mecanismos e instrumentos<br />

de política nacional, estadual e municipal para definição de estratégias inovadoras:<br />

a) A política econômica nacional desestimula e impede o aumento da<br />

344<br />

produção para a maioria absoluta dos empresários das PMEI, isto é, para


mais de 90% das opiniões, pois não favorece a inovação e o aumento da<br />

produção.<br />

b) As peque<strong>nas</strong> e média <strong>empresas</strong> pesquisadas entendem que o ambiente<br />

competitivo nacional estimula a introdução de inovações <strong>tecnológicas</strong> <strong>nas</strong><br />

<strong>empresas</strong>, embora afirmem que “só traz vantagem para as grandes<br />

<strong>empresas</strong> nacionais e para as <strong>empresas</strong> multinacionais”.<br />

c) As <strong>empresas</strong> desconhecem a política nacional de Ciência e Tecnologia em<br />

mais de 61% dos caos pesquisados.<br />

d) Quanto ao grau de conhecimento e utilização dos mecanismos de<br />

financiamento, dos incentivos fiscais, das compras governamentais, a<br />

grande maioria dos empresários não quis se manifestar sobre este<br />

assunto. No entanto, 40% deles afirmam conhecer mecanismos<br />

financeiros do governo, mas ape<strong>nas</strong> 10% utilizam. Já em relação aos<br />

mecanismos fiscais, 33% afirmam conhecê-los, mas ape<strong>nas</strong> 11% os<br />

utilizam; compras governamentais, 13% as conhecem, mas ape<strong>nas</strong> 2%<br />

dos entrevistados as utilizam.<br />

e) Com relação às universidades como instrumento de apoio à inovação das<br />

PMEI, 47% dos empresários informam que sua empresa nunca procurou a<br />

universidade, enquanto 30% afirma que a universidade nunca se envolve<br />

com processo de inovação na empresa, e para 20% dos entrevistados as<br />

universidades participam de processo de inovação quando procuradas<br />

pelas <strong>empresas</strong>.<br />

f) Em relação aos centros de pesquisa para inovação tecnológica, as<br />

<strong>empresas</strong> informam que em 47% dos casos a empresa nunca procurou<br />

um centro de pesquisa, e outros 48% informam que a empresa nunca foi<br />

procurada por um centro de pesquisa para inovação.<br />

g) As entidades de classe quando procuradas apóiam a empresa para<br />

345<br />

inovação principalmente por meio de capacitação e treinamento, ou


oferecendo serviços profissionais para a empresa. A menção é<br />

principalmente ao Senai, vinculado à Fiep.<br />

h) Com relação ao apoio municipal para o crescimento empresarial, os<br />

empresários informam que em 55% dos casos a empresa atua<br />

independente da ajuda do município. Desconhecem a política municipal de<br />

apoio à inovação em 43% dos casos e 40% afirmam que o município não<br />

dá nenhum apoio para inovação tecnológica. Para 83% dos empresários<br />

os mecanismos municipais de apoio à empresa são desconhecidos ou<br />

inexistentes. Quando o município apóia os empresários o faz por meio de<br />

palestras técnicas (11% dos casos) ou organização da participação em<br />

feiras (18% dos casos)<br />

i) O maior apoio que a pequena e média empresa recebe é da grande<br />

5.9.3 Objetivo 3<br />

empresa quando sugere a produção de novos produtos, desenvolvendo<br />

produtos em conjunto, transferindo tecnologias ou exigindo qualidade de<br />

produtos. No entanto, para 18% dos empresários da PMEI a ação das<br />

grandes <strong>empresas</strong> está direcionada a forçar os pequenos a reduzir preços,<br />

o que de certa forma é um estímulo à busca da eficiência.<br />

- Analisar os elos facilitadores de políticas de governo, de cooperação e<br />

alianças, de vantagens localizacionais que estimulem e facilitem as<br />

estratégias das <strong>empresas</strong> locais para inovação tecnológica, crescimento e<br />

participação competitiva nos mercados nacional e internacional<br />

Elos facilitadores locais que facilitem cooperação, alianças e definição de<br />

estratégias de inovação, crescimento e participação nos mercados:<br />

Proximidade Geográfica de outras <strong>empresas</strong> e a inovação:<br />

a) A proximidade geográfica facilita a troca de informações entre as<br />

346<br />

peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> para mais de 52% do empresários. Outros


empresários (20%) afirmam que a proximidade é um elemento sem<br />

importância para inovação, e 15% dizem que não têm confiança nos<br />

vizinhos para trocar informações de negócios.<br />

b) Os empresários que entendem a proximidade como elemento importante<br />

para inovar justificam suas posições afirmando que a colaboração<br />

acontece mediante a indicação de novas máqui<strong>nas</strong> e equipamentos em<br />

22% dos casos; indicando fontes de inovação tecnológica e, ou,<br />

transferindo informações sobre novas tecnologias em outros estados em<br />

31% dos casos; informando sobre inovações dos concorrentes, em 15%<br />

dois casos.<br />

c) Serviços comuns locais de apoio à pequena e média empresa são de<br />

grande importância para assistência jurídica em 12% dos casos; apoio<br />

contábil em 15% dos casos; treinamento e capacitação em 21% dos<br />

casos. Nos demais casos as opiniões se distribuem em importância média,<br />

pouca ou nada. O que mostra a baixa, ou não existência de serviços<br />

comuns efetivos locais de apoio às PMEI.<br />

Quem apóia localmente a inovação tecnológica:<br />

d) As entidades que mais apóiam a Pequena e Média empresa na geração,<br />

identificação, transferência e introdução de novas tecnologias são Senai,<br />

Sebrae, Federações e Associação Comercial e Industrial, mas mesmo<br />

assim têm importância média ou pouca. As universidades e faculdades<br />

são indicadas como de grande importância em 13% dos casos, de<br />

importância média em 14% dos casos e de pouca importância para 30%<br />

dos casos.<br />

e) Os principais facilitadores locais para inovação indicados pelos<br />

empresários como de alta ou média contribuição são fornecedores (57%);<br />

concorrentes (49%); distribuidores (38%), <strong>empresas</strong> do mesmo ramo com<br />

347<br />

29% das indicações. As entidades Sebrae e Senai são destacadas como


de média importância para inovação. Já as universidades têm uma<br />

importância alta em ape<strong>nas</strong> 8% dos casos e média em 14% dos caso. O<br />

governo do Estado e o governo do município são indicados pelos<br />

empresários como de importância pequena ou nula para a inovação das<br />

PMEI locais.<br />

f) As políticas, os mecanismos e os instrumentos do governo não são<br />

conhecidos e utilizados pela grande maioria dos empresários locais. O<br />

governo federal e estadual não têm visibilidade no município.<br />

Cooperação, parceria e aliança locais como processo facilitador de inovação:<br />

g) Troca de informações entre os empresários das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> visando ao apoio e à cooperação entre <strong>empresas</strong> locais é muito<br />

pouco utilizada. Os empresários atribuíram importância alta em menos de<br />

8% dos casos; importância média em menos de 20% dos casos e baixa<br />

utilização ou que nunca utilizam em mais de 60% dos casos.<br />

h) Com relação aos processos de cooperação empresarial e alianças<br />

estratégicas que estimulem ou facilitem a inovação próximo, 58%<br />

informam que a cooperação quando acontece é por iniciativa da empresa<br />

ou de um grupo de <strong>empresas</strong>. Em 18% dos caso a cooperação acontece a<br />

partir de iniciativas das entidades de classe o ou sindicatos em ape<strong>nas</strong> 2%<br />

dos caso é decorrência de apoio do governo do estado ou do município.<br />

i) Em relação à estratégia de parceria e aliança as <strong>empresas</strong> informa que<br />

quando cooperam é com <strong>empresas</strong> do mesmo ramo de negócio em 21% dos<br />

casos; ou com empresa compradoras também em 21% dos casos. A cultura<br />

e confiança de cooperação e aliança não é encontrada com freqüência. Há<br />

uma enorme lacuna para atuação por parte dos governos e entidades de<br />

classe no estímulo para adoção desta estratégia. As <strong>empresas</strong> pesquisadas<br />

informaram que em mais de 78% dos casos preferem atuar tomando<br />

iniciativa própria, atuando sozinhas e de forma independente.<br />

348


j) Em relação à complementação da produção 71% do empresários<br />

informaram que produzem dentro da empresa todas as fases da produção.<br />

Em 24% dos casos há trabalho para terceiros por contrato e ou<br />

encomenda. A produção é completada por outras <strong>empresas</strong> em 18% dos<br />

casos, enquanto 12% completam produção de outras <strong>empresas</strong>.<br />

Como as <strong>empresas</strong> são percebidas e se autopercebem:<br />

k) Tamanho da empresa não é uma variável muito importante para a<br />

empresa inovar. No entanto, o apoio do mercado especialmente de<br />

compradores é fundamental para a criação e geração de um novo produto.<br />

Então o apoio do fornecedor e do comprador é indispensável.<br />

l) As <strong>empresas</strong> pesquisadas sentem-se competentes no que fazem e<br />

valorizadas principalmente pelos concorrentes e acreditam que são vistas<br />

pelos concorrentes com respeito e admiração.<br />

m) As PMEI acreditam que são vista pelo governo como importantes pelos<br />

impostos que pagam (42%), importantes pela geração de empregos<br />

(36%), sem importância por ser pequena ou média (38%) e ape<strong>nas</strong> 8%<br />

acreditam que são vistas pelo governo como importantes por sua<br />

capacidade de inovar e competir. Parece que há um enorme<br />

desconhecimento da capacidade e do potencial criativo e inovador da<br />

pequena e média empresa por parte do governo. O que parece ser uma<br />

grave distorção da importância estratégica das PMEI. A pequena e média<br />

empresa não se sente valorizada pelo governo.<br />

n) As <strong>empresas</strong> de pequeno e médio porte temem as grandes <strong>empresas</strong>,<br />

pelo medo de serem dominadas e chantageadas por elas. Mas também<br />

acreditam que são vistas pelas grandes <strong>empresas</strong> como competentes,<br />

inovadoras e como fornecedores confiáveis<br />

349


5.9.4 Objetivo 4<br />

- Conhecer as fontes de informações e as motivações dos empresários para<br />

decidir estratégias de inovação tecnológica e competição.<br />

Fontes de informações para conhecer e escolher estratégias de inovação:<br />

a) As principais fontes de informações para a inovação são por ordem de<br />

importância: indicação dos fornecedores (88%); feiras e exposições (87%);<br />

revistas e jornais (80%); indicação e exigências dos consumidores e<br />

distribuidores (79%); concorrentes (73%); dentro da própria empresa<br />

(70%); entidades como Senai e ou Sebrae (56%); <strong>empresas</strong> consultoras<br />

(47%); Federações, Sindicatos e Associações (37%); informações junto às<br />

universidades (27%). A pergunta que fica é por quê a universidade não é<br />

utilizada como fonte de informação para inovação na pequena e média<br />

empresa?<br />

Fatores motivadores para decidir estratégias de inovação e competição:<br />

b) As principais motivações para inovar são originadas das exigências dos<br />

consumidores (93%); participação em feiras e exposições (77%); avaliação<br />

e desempenho de concorrentes (75%); sugestões de distribuidores e<br />

vendedores (75%); descoberta de um novo produto (74%); proposta dos<br />

fornecedores (68%) dos casos. A motivação para inovação é para<br />

surpreender e superar os concorrentes em 30% dos casos. A pesquisa<br />

deliberadamente desenvolvida pela empresa com a finalidade de descobrir<br />

uma novo produto acontece eventualmente em algumas <strong>empresas</strong>. Não é<br />

um processo sistemático utilizado pelas peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>.<br />

c) A principal determinante para a inovação é a atitude ativa do empresário<br />

em 83% dos casos. A contribuição do órgãos de governo, das entidades<br />

350<br />

de classe e da política nacional de Ciência e Tecnologia juntos


epresentam em torno de 15% das forças determinantes da inovação na<br />

pequena e média empresa industrial.<br />

d) As principais razões que determinam o desenvolvimento e a introdução de<br />

uma inovação tecnológica na empresa são: redução do custo de produção<br />

(92%); melhorar a qualidade dos produtos (88%) dos casos; a conquista e<br />

participação de mercados em 84% dos casos; enfrentar concorrentes<br />

nacionais (84%); aumento de produtividade e lucro em 83% dos casos;<br />

estratégia de qualidade da empresa 82% dos casos; exigências dos<br />

consumidores em 78% dos casos; política da empresa para crescer em<br />

72% dos casos; cultura da empresa de inovação em 65% dos casos;<br />

reação à perda de mercado 61% dos casos; atendimento às normas e<br />

regulamentos legais 49% dos casos.<br />

Estratégia da empresa diante da inovação:<br />

e) A estratégia das <strong>empresas</strong> em 76% dos caso é crescer a partir de<br />

melhorias constantes, para 42% é de inovar sempre; sendo que 24%<br />

querem tornar-se uma grande empresa, e ape<strong>nas</strong> 4% querem ficar do<br />

tamanho atual.<br />

f) A direção da empresa acredita que inovar é uma estratégia importante<br />

para competir em 75% dos casos pesquisados, sendo que para 37% as<br />

equipes inter<strong>nas</strong> são estimuladas a sugerir inovações na empresa.<br />

g) A estratégia de parceria para inovação quando existe está atrelada a<br />

fornecedores em 35% dos casos; a compradores e distribuidores em 23%<br />

dos casos; a <strong>empresas</strong> do mesmo ramo e ou <strong>empresas</strong> vizinhas em 8%<br />

dos casos.<br />

h) A alternativa mais utilizada pelas <strong>empresas</strong> para inovar é compra de<br />

máqui<strong>nas</strong> e equipamentos para ampliação da capacidade de produção em<br />

86% dos casos; desenvolvendo tecnologias internamente à empresa em<br />

351<br />

mais de 84% dos casos; introduzindo novos produtos na linha de produção


da empresa em 83% dos casos; adequando produtos às exigências dos<br />

mercado em 78% dos casos; utilizando tecnologias desenvolvidas por<br />

outras <strong>empresas</strong> em 70% dos casos; acordos com outras entidades em<br />

58% dos casos; cópias de produtos e tecnologias de outras <strong>empresas</strong> em<br />

51% dos casos; apoio das universidades e ou centros de pesquisa em<br />

40% dos casos; mantendo acordos de cooperação com outras entidades e<br />

ou <strong>empresas</strong> para inovação em 28% dos caso; utilizando tecnologia com<br />

contrato de licença em 22% dos casos.<br />

i) A estratégia de introdução de uma nova tecnologia é indicada como sendo<br />

sempre de ampliação da capacidade de produção em mais de 50% dos<br />

casos; sempre mediante a introdução de novos produtos em 48% dos<br />

casos; e adequação de produtos em mais de 40% dos casos<br />

j) A estratégia que orienta a decisão da empresa para produzir conforme<br />

prioridades indicadas pelos empresários são: atender compradores<br />

diversificados (53%); atender encomendas de outras peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> (36% dos casos); atender mercado por conta e risco da própria<br />

empresa (29% dos casos); atender encomenda de uma única grande<br />

empresa (20% dos casos); atender poucos compradores (4% dos casos).<br />

Considerando os resultados obtidos pela pesquisa de campo que retratam a<br />

visão e compreensão do empresário sobre o processo de inovação, mecanismos e<br />

instrumentos, dificuldades e facilidades, e considerando-se os objetivos iniciais<br />

propostos; considerando as contribuições de diferentes pensadores e estudiosos<br />

sobre a questão da globalização do desenvolvimento regional e local; considerando<br />

a importância da inovação e da pequena e média empresa para o desenvolvimento<br />

nacional e local sustentável e o papel estratégico da pequena e média empresa para<br />

o desenvolvimento das comunidades locais, conclui-se este estudo com um conjunto<br />

de recomendações e proposições que, acredita-se, possam orientar ações futuras<br />

de pesquisadores, empresários, estratégias de governos, de centros de pesquisa, de<br />

entidades de assistência e apoio ao setor empresarial e das universidades.<br />

352


CAPÍTULO 6<br />

CONCLUSÃO<br />

Este capítulo sintetiza as principais contribuições teóricas que facilitam a<br />

compreensão do processo de inovação tecnológica e competição <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong>. Apresenta a conclusão do estudo em atenção às hipóteses<br />

formuladas e aos objetivos principais propostos no início do estudo, tanto em relação<br />

à visão do empresário sobre a problemática da inovação tecnológica como em<br />

relação às recomendações de ações do governo e dos empresários para incentivar e<br />

estimular a prática da inovação tecnológica na pequena e média empresa.<br />

Finalizando o estudo, apresentam-se sugestões de novas <strong>pesquisas</strong> sobre a<br />

temática da inovação tecnológica na pequena e média empresa.<br />

6.1 Síntese das Contribuições Teóricas para Inovação e Competição na PMEI<br />

O cenário de globalização e abertura econômica pode estimular o empresário e<br />

a empresa à exposição ao risco e à busca de novas alternativas de competir via<br />

inovação, aprimoramento da qualidade, produtividade e redução de custos <strong>nas</strong> bases<br />

locais de produção. Porque ainda que os produtores sejam locais e os consumidores<br />

também o sejam, seus hábitos de consumo e o nível de exigência seguem padrões de<br />

informação e consumo mundiais. Neste contexto as <strong>empresas</strong> locais podem adequar-<br />

se para competir a partir da produção local, porém procurando ajustar-se a padrões<br />

nacionais e internacionais de qualidade, produtividade e racionalidade no uso dos<br />

fatores de produção, eficiência, eficácia e competitividade.<br />

O pensamento e as contribuições de Schumpeter, Possas, Dosi, Nelson e<br />

Winter, Freemann, Porter, entre outros, indicam que a inovação é a principal força do<br />

capitalismo para participar eficientemente do mercado e conquistar lucros<br />

sustentáveis no longo prazo.<br />

353


Os países desenvolvidos, notadamente os da OCDE, União Européia, Estados<br />

Unidos e Japão têm estimulado a introdução e o uso de novas bases <strong>tecnológicas</strong><br />

de produção e do uso de inovações de produtos e processos de organização <strong>nas</strong><br />

grandes e peque<strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> para conquista, manutenção e participação<br />

competitiva nos mercados nacionais e internacionais, via criação de novos produtos<br />

e processos de produção, gestão e cooperação. O objetivo desta estratégia é o de<br />

gerar aumento de produção, trabalho, emprego, renda e melhoria na qualidade de<br />

vida de seus cidadãos, conquistando um processo de desenvolvimento sustentável<br />

mediante renovações contínuas, intensas e constantes.<br />

Esses países geram um conjunto de políticas macroeconômicas, setoriais,<br />

nacionais e regionais, definindo instrumentos e mecanismos para facilitar a<br />

ação estratégica das <strong>empresas</strong> no sentido de desenvolver Ciência e Tecnologia<br />

(C&T, P&D), inovações, tecnologias adequadas aos respectivos estágios e desafios<br />

de desenvolvimento.<br />

As nações, os estados e municípios dos países periféricos aos grandes<br />

centros da economia mundial, entre as quais o Brasil está inserido, têm procurado<br />

ajustar no seu espaço nacional e nos espaços subnacionais (estados e municípios),<br />

políticas e instrumentos financeiros, fiscais e econômicos que criem oportunidades<br />

de aprendizado e capacitação para internalizar na nação, no estado e no município a<br />

oportunidade da produção inovativa, eficiente e competitiva.<br />

Autores, estudiosos e pensadores das estratégias de desenvolvimento nacional<br />

e empresarial como Fajnzylber, Freeman, Perez, Porter, entre outros, ao pesquisarem<br />

e refletirem sobre a importância da conquista da competitividade nacional e do<br />

desenvolvimento dos espaços subnacionais e locais, desenvolvem um conjunto de<br />

conhecimentos. Estes podem vir a apoiar e incentivar os governos nacionais,<br />

estaduais e municipais, como também as forças vivas das comunidades regionais e<br />

locais na valorização e no fortalecimento das capacidades empreendedora e<br />

empresarial local para o desenvolvimento continuado e sustentável em longo prazo.<br />

354


Trata-se de causa compartilhada entre governo, empresários e facilitadores locais<br />

para o desenvolvimento, capaz de gerar o crescimento das <strong>empresas</strong>, das ocupações<br />

econômicas, dos postos de trabalho, da renda e da qualidade de vida dos cidadãos<br />

que vivem no município, no estado e no país.<br />

Schumpeter, Possas, Freeman, Porter, Stamer, entre outros, também discutem<br />

a competitividade da empresa a partir de seus produtos e serviços em constante<br />

evolução, portanto inovadores em suas capacidades de atender às demandas e<br />

necessidades dos clientes consumidores, pessoas físicas ou pessoas jurídicas. A<br />

capacidade de a empresa inovar e competir é facilitada e estimulada pela criação de<br />

uma ambiente local e nacional de estímulo e valorização da inovação, da eficiência e<br />

da competitividade. Para estes autores, governos, universidades, centros de<br />

pesquisa, <strong>empresas</strong> de consultoria, entidades de classe, sindicatos e lideranças<br />

locais apóiam-se reciprocamente, na conquista e desenvolvimento de <strong>empresas</strong><br />

capazes de gerar e aprimorar seus produtos e serviços para competir eficientemente<br />

nos mercados em que atuam e em novos mercados.<br />

A habilidade do empresário de encontrar respostas e superar o desafio da<br />

inovação é uma conquista autônoma, própria, individual e única. No entanto, pode e<br />

deve ser apoiada pelos mecanismos institucionais públicos e privados para facilitar o<br />

processo criativo do empreendedor e da empresa.<br />

O caminho novo que se procura é o de aumentar a capacidade do empresário<br />

para aprendera aprender, inovar, correr risco calculado, crescer e prosperar, ter<br />

lucro e contribuir com o processo do desenvolvimento local sustentável em tempos<br />

de globalização, de abertura econômica e do acirramento da competição. Está é<br />

uma causa compartilhada.<br />

6.2 Conclusões em Relação ao Primeiro Objetivo deste Estudo<br />

O primeiro objetivo deste estudo foi compreender o fenômeno da inovação<br />

tecnológica vivenciado pelos empresários <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> a partir<br />

355


da própria visão e percepção do empresário sobre o ambiente econômico, sua visão<br />

da inovação tecnológica e dos uso dos instrumentos disponíveis para inovar.<br />

O estudo analisou as diferentes visões e interpretações do ambiente competitivo<br />

internacional e nacional, das políticas e dos instrumentos conhecidos e utilizados<br />

pelos empresários para enfrentar as dificuldades e aproveitar as oportunidades para<br />

inovar e competir com sucesso.<br />

A estratégia da pesquisa foi de criar um processo de empatia com os<br />

empresários para se entender como compreendem, analisam e interpretam os<br />

cenários de negócios e decidem estratégias de inovação para garantir lucro,<br />

crescimento, prestígio e aumento da capacidade de competição. Constataram-se<br />

diferentes modos de pensar e agir dos empresários das peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> no processo de inovação.<br />

A contribuição específica deste estudo foi de observar o fenômeno da<br />

inovação tecnológica na pequena e média empresa a partir da visão e percepção do<br />

empresário sobre o ambiente econômico competitivo que o cerca e conhecer o<br />

comportamento e a atitudes do empresários e dirigentes das <strong>empresas</strong> que querem<br />

e precisam inovar para competir.<br />

Constatou-se por meio da pesquisa de campo e das entrevistas com os<br />

empresários que o conceito de inovação tecnológica que orienta as ação<br />

empresarial pode ser sintetizado como: ...”inovação tecnológica é a ampliação da<br />

produção (mais máqui<strong>nas</strong>), a introdução de novos produtos, isto é, passar a produzir<br />

produtos que a empresa não fabricava, mas que poderiam estar sendo produzidos<br />

por outros fabricantes ou concorrentes. Neste sentido inovar é copiar produtos ou<br />

processo que estão dando certo ou que podem dar um bom lucro. Inovar é produzir<br />

o que a empresa não produzia. É fazer na empresa o que ainda não se fazia na<br />

empresa, mas poderiam estar sendo feito por outras <strong>empresas</strong>. Inovar é ampliar<br />

barracões <strong>industriais</strong>, é instalar mais máqui<strong>nas</strong>, é instalar máqui<strong>nas</strong> mais moder<strong>nas</strong><br />

e que produzam mais quantidade de produtos. Muitas vezes é aumentar<br />

356


produtividade e reduzir custos, mas na maioria dos casos observados é<br />

simplesmente produzir mais.<br />

6.2.1 Hipóteses do estudo<br />

Hipótese 1: O estudo parte da hipótese de que os empresários das <strong>empresas</strong> de<br />

pequeno e médio porte dos municípios do interior do Paraná acreditam que a inovação<br />

é uma determinante da participação com sucesso no mercado. No entanto algumas<br />

<strong>empresas</strong> têm uma ação passiva, reativa à inovação; outras têm uma estratégia<br />

proativa para inovar.<br />

Constatações: O empresário da PMEI crê na mudança como fundamental para<br />

competir e ter lucro. Mas, seu comportamento é de reação à pressão dos concorrentes,<br />

dos compradores, dos fornecedores, e não como um criador de novos produtos. Mas,<br />

sim de adequação e ajustamentos de produtos e serviços já existentes, mas ainda não<br />

fabricados pela empresa. Raramente o empresário da PMEI é um criador inventivo de<br />

algo completamente novo, inexistente. Na maioria absoluta dos casos é um adaptador<br />

criativo de invenções e inovações já existentes, com possibilidades de mercado, mas<br />

ainda não produzidos pela empresa.<br />

Hipótese 2: Os empresários querem mudar, estão dispostos a mudar,<br />

entendem que a mudança é necessária; têm dificuldades e facilidades para gerir as<br />

mudanças por serem suas <strong>empresas</strong> peque<strong>nas</strong> e locais. Os empresários agem,<br />

reagem e decidem estratégias de adequação inovativa e de competição de acordo<br />

com os estímulos que percebem, e os interpretam conforme seus conhecimentos,<br />

experiências e cultura pessoal acumulada.<br />

Constatações: Os empresários inovam por conta e risco próprio estimulados<br />

pelos concorrentes e fornecedores e confiantes na esperança de maiores lucros.<br />

Estão quase sempre dispostos a mudar, desde que confiem nos lucros e tenham<br />

recursos financeiros para investir. No entanto, agem sozinhos porque não encontram<br />

357


e não conhecem os instrumentos e mecanismos do governo que os apóiem, nem<br />

mecanismos fiscais, nem mecanismos financeiros, nem de crédito, nem de poder de<br />

compra. Sentem-se como navegadores solitários. Confiantes no seu próprio tirocínio,<br />

capacidade e competência, e no apoio eventual de outros empresários, têm pouca<br />

ou nenhuma confiança e esperança no governo e <strong>nas</strong> suas instituições, mas<br />

gostaria de ter o apoio do governo, das universidades e dos centros de pesquisa.<br />

Estão propensos a confiar em quem lhes estender a mão.<br />

Hipótese 3: Os empresários das PME desconhecem os instrumentos e<br />

mecanismos do governo, das universidades e dos centros de pesquisa para inovar e<br />

competir.<br />

Constatações: De fato os empresários das PMEI não conhecem os<br />

mecanismos do governo, das universidades, dos centros de pesquisa como<br />

instrumentos determinantes do sucesso da atividade empresarial. Mas, o empresário<br />

da pequena e média empresa sonha, almeja e quer o governo e suas instituições<br />

como parceiros para apoiá-lo e fortalecê-lo no processo de competição com<br />

produtos das <strong>empresas</strong> concorrentes. No entanto, sente-se só e desprotegido. Como<br />

um conquistador solitário.<br />

A inovação é a principal força do capitalismo para obtenção de lucro. E todo<br />

empresário quer lucro. Portanto, para ter lucro sustentável é preciso inovar sempre.<br />

Constata-se que o empresário tem consciência da necessidade de inovar. No entanto,<br />

cada qual interpreta o cenário de oportunidades de um modo próprio. Percebe-se que a<br />

diferente compreensão e interpretação do ambiente, bem como as desigualdades das<br />

experiências, das culturas, é o espaço das oportunidades. A desigualdade das<br />

inovações e dos tempos da inovação é a oportunidade na luta da competição. A cultura<br />

adquirida, o conjunto de conhecimentos e crenças são as determinantes das diferentes<br />

maneiras de interpretar fatos e situações e gerar conhecimentos.<br />

358


Os empresários fazem o que fazem, agem como agem, interpretam o<br />

mundo que o cerca não só porque são empresários, mas em decorrência da cultura<br />

acumulada. Isto é, de sua formação, de suas informações, de sua escala de valores,<br />

de sua capacidade e habilidade de perceber o ambiente mutante que o cerca. Não é<br />

só o lucro que determina a estratégia da inovação, mas é a capacidade de<br />

empreender, de criar, o modo de pensar do empresário e da empresa que estimula a<br />

capacidade de perceber oportunidade, de correr o risco, de empreender e inovar.<br />

6.3 Conclusões relativas ao segundo objetivo deste Estudo. Proposições e<br />

Recomendações<br />

O segundo objetivo deste estudo era recomendar ações que estimulem a<br />

prática da incorporação e inovação tecnológica <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong> <strong>empresas</strong><br />

em tempos de globalização, acirramento da competição e de mudanças intensas e<br />

rápidas no modo capitalista de produção e competição.<br />

A elaboração deste estudo considera a pequena e média empresa industrial<br />

como locus da inovação e analisa sua contribuição para o desenvolvimento local e<br />

regional a partir do seus <strong>nas</strong>cimento, crescimento e fortalecimento, da geração de<br />

trabalho e renda e contribuição com a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.<br />

Entende-se o crescimento da pequena e média empresa e o desenvolvimento<br />

local como sendo uma causa compartilhada entre as “forças vivas” da comunidade<br />

local que se articulam, cooperam e se comprometem na formação de capital<br />

humano, capital social, no aproveitamento dos recursos naturais locais, na atração e<br />

formação de capital empresarial para o desenvolvimento econômico e social.<br />

O estudo do processo de inovação tecnológica <strong>nas</strong> peque<strong>nas</strong> e <strong>médias</strong><br />

<strong>empresas</strong> <strong>industriais</strong> de base local contribui com a reflexão e revisão das estratégias<br />

adotadas pelas entidades públicas e privadas na condução de planos, programas,<br />

projetos e ações em favor do desenvolvimento e da capacitação das peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> de base local, visando facilitar a definição e implementação de<br />

359


políticas de desenvolvimento econômico nos municípios e regiões de diferentes<br />

espaços geográficos nacionais.<br />

A análise da forma como o empresário utiliza os mecanismos e instrumentos que<br />

o governo e as universidades querem e imaginam colocar à sua disposição permite<br />

conhecer a efetividade destes instrumentos sob o ponto de vista do empresário das<br />

PMEI para melhorar e aumentar seus resultados estratégicos empresariais.<br />

A oportunidade de orientar <strong>empresas</strong> nacionais sediadas em municípios, na<br />

definição de estratégias de modernidade em busca de qualidade, produtividade e<br />

competitividade reforça a necessidade de aperfeiçoamento contínuo. Não<br />

basta acumular conhecimentos, é preciso multiplicar e dividir saber acumulado para<br />

a construção de um novo tempo de progresso e desenvolvimento dos indivíduos e<br />

da sociedade.<br />

Considerando-se os objetivos desta pesquisa, considerando as recomendações<br />

das bases teóricas deste estudo, os processos similares desenvolvidos em outros<br />

países, especialmente da OCDE, e lembrando a importância da pequena e média<br />

empresa para o desenvolvimento econômico e social, recomendam-se algumas ações<br />

que possam vir a ser implementadas e apoiadas por políticas, planos, programas,<br />

projetos e ações voltadas às PMEIS.<br />

6.3.1 Ações propostas para o governo e entidades públicas de estímulo à inovação<br />

tecnológica e competição da PMEI local<br />

1. Avaliar o alcance e a efetividade das políticas e dos mecanismos em<br />

desenvolvimento existentes como garantidores das melhorias de<br />

competitividade empresarial.<br />

2. Propor uma nova estratégia de comunicação das entidades públicas e dos<br />

organismos de Ciência e Tecnologia para com o setor empresarial. O<br />

Governo acredita ter programas de apoio e estímulo ao processo de<br />

360<br />

produção e inovação para aumentar capacitação para competir. O


empresário quer, precisa e busca mecanismos de apoio oriundos do<br />

Estado ou das entidades paraestatais, no entanto, o empresário<br />

desconhece a existência dos mecanismos, e, quando os conhece,<br />

interpreta como muito difícil o acesso e ou com burocracias complexas e<br />

de difícil superação.<br />

3. Estimular o desenvolvimento de processo de parcerias e alianças que<br />

facilitem a cooperação e a capacitação para inovar, ampliar mercados<br />

e competir.<br />

4. Ampliar mecanismos de capacitação e estímulo à aprendizagem<br />

organizacional para inovação e competição.<br />

5. Ampliar o alcance do universo das <strong>empresas</strong> informadas e envolvidas em<br />

programas e projetos, para que estas participem, não somente como<br />

beneficiárias diretas, mas como propagadoras, irradiadoras e parceiras de<br />

oportunidades de novos planos, programas, projetos e ações que<br />

favoreçam a competitividade nacional e internacional.<br />

6. Criar mecanismos permanentes de acompanhamento para diagnosticar as<br />

necessidades, auscultar as ansiedades, identificar e avaliar as dificuldades<br />

e os obstáculos do setor produtivo para inovar, desenvolver competências<br />

e conquistar competitividade.<br />

6.3.2 Propostas de ações para a empresa em relação ao seu ambiente interno e<br />

de competição no mercado<br />

1. Acompanhar as invenções e inovações que acontecem nos outros países<br />

e empresa similares especialmente <strong>nas</strong> <strong>empresas</strong> dos países mais<br />

desenvolvidos.<br />

2. Desenvolver estratégia proativa de ação a inovações <strong>tecnológicas</strong> e de<br />

participação de uma “circulo de inovações” que facilite o entendimento e a<br />

361<br />

interpretação das tendências, bem como as adequações de produtos


e processo que facilitem aprender e inovar antes e melhor do que<br />

seus concorrentes.<br />

3. Entender os desafios do surgimento de novos produtos e novas<br />

tecnologias como oportunidades de inovação para a organização e não<br />

com o temor da ameaça.<br />

4. A partir do desafio da competição buscar parcerias e alianças para<br />

participação de um círculo de inovação e identificação de oportunidades<br />

de inovação e negócios.<br />

5. Estimular o processo de interação com as universidades, centros de<br />

pesquisa, feiras e exposições para uma operação de “agiornamento”<br />

contínuo em favor da busca de fontes de informações para inovação,<br />

competição e lucro.<br />

6. Buscar alianças estratégicas para melhoria da produção, ganhos de<br />

eficiência, ampliação e abertura de mercado e conquista de vantagens<br />

competitivas.<br />

7. Participar de mecanismos formais, para cooperação, análise e discussão<br />

de problemas do interesse comum visando a soluções comuns e melhorias<br />

sistêmicas do processo de competição.<br />

8. Informar ao Governo sobre suas ansiedades, seus problemas e<br />

necessidades para aumentar competição e participação do mercado tanto<br />

setorial como regionalmente.<br />

9. Conhecer e estudar os mecanismos e instrumentos do govermo como elos<br />

facilitiadores da estratégia da empresa para inovar e competir.<br />

6.4 Proposições para Pesquisas e Novos Trabalhos Futuros<br />

A sociedade do conhecimento é uma sociedade em constante renovação. É<br />

como uma obra em constante efervecência, inovação e renovação. Neste sentido, o<br />

presente estudo oferece uma contribuição na direção de reforçar a importância da<br />

362


pequena e média empresa para o desenvolvimento local e regional. Contribui no<br />

esforço de compreender a importância estratégica do empresário empreendedor e<br />

no entendimento do comportamento e motivação do empresário para decidir<br />

estratégias de inovação e competição.<br />

Uma nação não é forte quando tem algumas grandes <strong>empresas</strong>, mas entende-<br />

se que uma nação é forte quando pode criar constantemente novas soluções para<br />

os problemas de seus cidadãos. E um dos mais graves problemas da sociedade<br />

moderna é a oportunidade de gerar ocupação econômica que garanta uma vida<br />

melhor aos seus cidadãos. Esta conquista da sobrevivência se dá mediante o<br />

exercício das habilidades, capacidades e competências em constante processo de<br />

aprimoramento e evolução.<br />

Considerando a importância da pequena e média empresa na geração de<br />

ocupações econômicas e sua relevância para o desenvolvimento de regiões<br />

capilarizadas em muitos municípios e comunidades locais, propõe-se o<br />

desenvolvimento de novos estudos e projetos.<br />

a) Continuidade e aprofundamento de estudos que estimulem o afloramento<br />

de uma intensidade de novos empreendedores <strong>nas</strong> comunidades<br />

locais para que sejam os geradores dos postos de trabalho e da<br />

distribuição da renda necessárias à realização dos indivíduos e a<br />

segurança da sociedade nacional.<br />

b) Novos trabalhos devem ser desenvolvidos para identificação de processos<br />

de cooperação, parcerias e alianças entre as <strong>empresas</strong> locais e as<br />

<strong>empresas</strong> internacionais no desenvolvimento de novos produtos e novas<br />

tecnologias para mercados que se universalizam.<br />

c) Nessa mesma linha há espaço de prospecção das oportunidades de<br />

crescimento e desenvolvimento local e do fortalecimento das peque<strong>nas</strong> e<br />

363<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> por meio do fomento, da formação de aglomerações


empresariais, dos arranjos produtivos, clusters e outros processos que<br />

impliquem interdependência, interatividade e complementação produtiva.<br />

d) Outro desafio a ser enfrentado é a construção de uma nova estratégia das<br />

universidades e centros de pesquisa na extensão do conhecimento, no<br />

estímulo à introdução de inovações no processo produtivo e organizacional<br />

das <strong>empresas</strong>.<br />

e) A conquista da competitividade é um processo contínuo e não isolado. É<br />

uma causa compartilhada de empoderamento local, de alavancagem das<br />

capacidades locais, de conquista da governança local para alcançar um<br />

desenvolvimento sustentável. A estratégia de fortalecer o local para<br />

conquista de mercados nacionais e internacionais é um campo desafiador<br />

para novos estudiosos e estrategistas.<br />

f) Outra carência a exigir novos estudos e <strong>pesquisas</strong> é a oportunidade da<br />

criação de um “Banco de <strong>Inovações</strong>” criadas e geradas pelas peque<strong>nas</strong> e<br />

<strong>médias</strong> <strong>empresas</strong> visando conhecer invenções e inovações geradas<br />

pelas <strong>empresas</strong> que possam ser irradiadas para contribuir com o esforços<br />

do desenvolvimento e fortalecimento de outras <strong>empresas</strong> e outros<br />

espaços locais.<br />

Considera-se aqui que o desenvolvimento que temos é o desenvolvimento<br />

possível. É o desenvolvimento do nosso tempo. É a solução dos problemas dos<br />

cidadãos e dos consumidores que são locais e dentro do seu tempo. Para cada<br />

tempo e para cada local há uma solução. Que pode ser conhecida, analisada e<br />

adequada para cada novo local. E então a criação, a solução local se torna<br />

universal. Como são universais a música, a arte, o sonho e a esperança de um<br />

tempo novo. O nosso tempo!<br />

A sociedade do conhecimento em transformações implica uma estratégia de<br />

aprender a aprender, de criar e inovar, de sonhar, ousar e empreender.<br />

364


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(Doutorado) – Universidade da Califórnia do Sul. p.1-14.<br />

YOGEL, G. Algu<strong>nas</strong> reflexiones acerca da la importancia de los processos de aprendizaje<br />

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Chile, 1999.<br />

YOGUEL, Gabriel. Cooperación empresarial entre PYMES–Pequeñas y Medias Empresas y<br />

Firmas Brasileñas. Proyecto INTAL/CEPAL – Programa Bolivar sobre Acuerdos Empresariales<br />

en el Mercosur, mar. 1994.<br />

YOSHINO, Michael; Srinivasa Rangan. Alianças estratégicas uma abordagem<br />

<strong>empresas</strong>arial à globalização. São Paulo: Makron Books, 1996.<br />

390


ANEXO 1 - ROTEIRO DAS PESQUISAS REALIZADAS<br />

E DOCUMENTÁRIOS LEVANTADOS<br />

391

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