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Artigo Análise espectroscópica por RMN <strong>de</strong> H 1 e C 13 Sen<strong>do</strong> o <strong>óleo</strong> <strong>de</strong> <strong>girassol</strong> altamente insatura<strong>do</strong>, sua constituição o torna altamente polimerizável (11) O índice <strong>de</strong> io<strong>do</strong> confirma a alta insaturação, uma vez que para o <strong>óleo</strong> in natura o índice <strong>de</strong> io<strong>do</strong> é 139,75 (17). Analisan<strong>do</strong> o peso molecular médio <strong>do</strong> composto forma<strong>do</strong>, observa-se que houve uma redução <strong>do</strong> seu PM com a progressão <strong>do</strong> aquecimento. Passou <strong>de</strong> 836,7g (17) para 743,23g (Esquema I, pg 10). Isso po<strong>de</strong> ser o resulta<strong>do</strong> da contínua formação <strong>de</strong> monômeros cíclicos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à presença <strong>de</strong> áci<strong>do</strong>s graxos poliinsatura<strong>do</strong>s que sofrem ciclização por meio da reação <strong>de</strong> Diels–Al<strong>de</strong>r (9) e da formação e quebra <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias poliméricas, que vão se forman<strong>do</strong> com o tempo <strong>de</strong> aquecimento, com perda sucessiva <strong>de</strong> massa, resultan<strong>do</strong> na diminuição <strong>do</strong> PM médio (17). De outro la<strong>do</strong>, aparentemente através da reação Diels-Al<strong>de</strong>r há a formação <strong>de</strong> pontes intermoleculares, pela reação com as ligações π da ca<strong>de</strong>ia carbônica, o que resulta em produtos oleosos viscosos (10). A termopolimerização ocorre em função das múltiplas ligações duplas existentes na molécula <strong>de</strong> triacilglicerol que compõe o <strong>óleo</strong> <strong>de</strong> <strong>girassol</strong>, resultan<strong>do</strong> em <strong>polímero</strong>s com característica tridimensional <strong>de</strong> uma malha com ligações cruzadas (13). Pelo espectro <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> H 1 <strong>do</strong> <strong>óleo</strong> <strong>de</strong> <strong>girassol</strong> in natura (Figura 2), po<strong>de</strong>-se verificar a existência <strong>do</strong>s prótons alílicos externos em δ 2,10 ppm (Figura 2, sinal em e) e <strong>do</strong>s prótons alílicos internos em δ 2,80 ppm (Figura 2, sinal em g), característicos das ligações duplas <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> linoléico que constitui o <strong>óleo</strong>. Na Tabela 2, analisan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> perfil <strong>de</strong> hidrogênios <strong>do</strong> espectro integra<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>óleo</strong> in natura e polimeriza<strong>do</strong> (56h <strong>de</strong> aquecimento), observa-se uma clara diminuição <strong>do</strong>s sinais, principalmente em relação aos prótons olefínicos, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à quebra das ligações duplas. Na Tabela 3 é possível ver uma sensível diminuição <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> carbonos olefínicos (δ 132-127 ppm) com o aumento progressivo da termo-polimerização; o mesmo efeito po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> em δ 22-23 ppm. A diminuição <strong>do</strong>s sinais em δ ~ 27 ppm, a região <strong>do</strong>s carbonos alílicos externos às ligações duplas da ca<strong>de</strong>ia carbônica, indica uma redução no teor <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> linoléico, on<strong>de</strong> o aumento da saturação <strong>do</strong>s <strong>óleo</strong>s po<strong>de</strong> ser visto em δ ~34 ppm, região <strong>do</strong>s carbonos alifáticos satura<strong>do</strong>s. Cálculo <strong>do</strong> peso molecular médio, <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> io<strong>do</strong> e <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> saponificação Pelo perfil <strong>de</strong> hidrogênios obti<strong>do</strong> <strong>do</strong> espectro integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> RMN H 1 (Tabela 2) é possível calcular o peso molecular médio (PM) <strong>do</strong> composto final forma<strong>do</strong> e o índice <strong>de</strong> io<strong>do</strong> (I.I), conforme as Equações I, II (8) e o índice <strong>de</strong> saponificação (IS) conforme a equação III (16), uma vez que pelos méto<strong>do</strong>s analíticos tradicionais não seria possível esses cálculos para o tempo final <strong>de</strong> aquecimento. Tempo em horas 0 56 173,405 173,481 172,993 173,054 130,390 130,436 130,176 130,222 130,146 129,917 129,886 128,284 129,860 128,100 128,253 128,085 69,074 69,089 62,261 62,296 34,363 34,393 34,195 34,225 32,104 32,134 31,722 32,104 31,722 29,951 29,967 29,890 29,906 29,799 29,860 29,722 29,829 29,677 29,722 29,539 29,690 29,509 29,554 29,463 29,524 29,371 29,478 29,310 29,387 29,264 29,326 29,234 29,310 29,280 27,420 27,387 27,402 25,815 25,830 25,052 25,067 25,021 25,036 22,869 22,884 22,762 22,777 14,290 14,321 14,260 14,275 Tabela 3. Deslocamentos químicos <strong>de</strong> RMN 13 <strong>do</strong> <strong>óleo</strong> <strong>de</strong> <strong>girassol</strong> in natura e polimeriza<strong>do</strong> 48 <strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong>•Outubro/Novembro 2006•Nº25 Ed 25 Girassol.indd 6 9/11/2006 11:40:04