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Bairro do Comércio Folha Cidade Baixa - Março de 2011 Região carece de serv Um dos maiores cartões-postais da Bahia, a Cidade Baixa vive um crônico processo de degradação e esquecimento, causado principalmente pela falta de planejamento nos serviços públicos e de infraestrutura, além de um olhar mais sensível às necessidades básicas de sua população. A região, que foi construída no século XVI a partir de várias ampliações da área de praia original, foi durante muitos anos o principal núcleo das atividades portuárias e o grande centro comercial do estado. Formada por 23 bairros, a região da Cidade Baixa é reduto de belezas naturais, consideradas singulares em todo mundo. Contudo, essas belezas correm sérios riscos de desaparecerem, caso não sejam implementadas políticas de reestruturação e preservação desse patrimônio histórico-cultural. A degradação dessa região, dentre outras causas, foi resultado da fuga dos grandes empreendimentos comerciais para outras regiões da cidade e na potencialização de outros pontos comerciais como a Região do Iguatemi e a criação do Centro Administrativo da Bahia (CAB). Esses acontecimentos foram fundamentais para que o bairro do Comércio, assim denominado por ter sido durante anos o maior centro comercial do país, ter perdido este posto e caído no esquecimento. Esquecimento Basta uma simples caminhada nas ruas desse reduto cultural para perceber alguns de seus muitos problemas. As pessoas são obrigadas a conviverem com esgotos a céu aberto enquanto esperam a condução. Problema este, que pode ser notado em vários pontos do bairro. Outro “retrato” que transmite a sensação de abandono é a grande concentração de lixo nas ruas. A população reclama que a coleta de lixo não tem sido frequente, o que ocasiona o acúmulo e acaba desenvol- A habitação é uma situação muito grave. Alguns casarões se encontram em estado de calamidade ou ocupados por sem-teto que correm sérios riscos de vida nesses locais. 08 vendo muitos outros transtornos, a exemplo da obstrução dos canais de esgoto, além do mau-cheiro nas ruas e a proliferação de insetos e animais causadores das chamadas doenças urbanas, como cólera, leishmaniose, dengue, entre outras. Patrimônio ameaçado Casarões que constantemente desabam ou pegam fogo, esse é o cenário do antigo centro comercial da capital baiana, o que um dia foi referência de beleza arquitetônica e financeira para o mundo, hoje vive em constante vigilância. O abandono é um problema secular para os moradores, que sofreram com a migração de empresas, e que ocasiona a redução do número de empregos criados. A deterioração do bairro do Comércio e de seu conjunto arquitetônico, não é o único problema enfrentado nas diversas ruas da Cidade Baixa, berço do nascimento de Salvador. Outra insatisfação registrada pelos comerciantes e até turistas, são as adversas condições de transitar, trabalhar e contemplar a região. Eles criticam a falta de instalação de banheiros químicos em alguns pontos com maior fluxo de pessoas; outra queixa diz respeito à falta de segurança, que devia ser uma preocupação primordial de qualquer governo, pois cuidar da segurança da população é dar subsídios para o desenvolvimento da própria cidade. “O bairro do Comércio está acabando. O Governo precisa se pronunciar, do jeito que está, daqui há cinco ou dez anos não existirá mais. É lamentável! As pessoas vão ao shopping porque não existe segurança nas ruas, e a marginalidade está imperando. Depois das 17 horas, é impossível transitar por aqui... tudo fica entregue ao crack e à violência, por este motivo as lojas fecham cedo.” AROUVEL ANDRADE, 75 anos, comerciante.
iços de infraestrutura Há dois anos uma ação do Ministério Público Federal determinou a paralisação da construção do Hotel Hilton. Segundo o diretor de construção e incorporação do Grupo Imocom, Duarte Sanganha, o cinco estrelas da Cidade Baixa tem previsão de ser inaugurado em dezembro de 2012. A chegada do grupo em Salvador representa um investimento de R$ 100 milhões e a criação de 500 empregos diretos. Para viabilizar o projeto, o Imocom adquiriu seis casarões, inclusive a casa de azulejo, uma das referências da região e que será a principal fachada do hotel. 09 “Todo dia no fi m da tarde esse boeiro transborda fezes e água suja, ninguém aguenta. Já chamamos a Embasa várias vezes e ...nada! Lá no Caminho de Areia, onde eu moro, passo pelo mesmo problema. JUVENAL LEAL DA CRUZ, guardador de automóveis no bairro do Comércio. Morador do bairro Caminho de Areia, na Cidade Baixa.
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