Revista da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras
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n. 7 – março <strong>de</strong> 2005<br />
Pérolas <strong>da</strong> Poesia Brasileira<br />
I*<br />
Só a leve esperança, em to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>,<br />
Disfarça a pena <strong>de</strong> viver, mais na<strong>da</strong>;<br />
Nem é mais a existência, resumi<strong>da</strong>,<br />
Que uma gran<strong>de</strong> esperança malogra<strong>da</strong>.<br />
O eterno sonho <strong>da</strong> alma <strong>de</strong>sterra<strong>da</strong>,<br />
Sonho que a traz ansiosa e embeveci<strong>da</strong>,<br />
É uma hora feliz, sempre adia<strong>da</strong><br />
E que não chega nunca em to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>.<br />
Essa felici<strong>da</strong><strong>de</strong> que supomos,<br />
Árvore milagrosa, que sonhamos<br />
To<strong>da</strong> arrea<strong>da</strong> <strong>de</strong> dourados pomos,<br />
Existe, sim; mas nós não a alcançamos<br />
Porque está sempre apenas on<strong>de</strong> a pomos<br />
E nunca a pomos on<strong>de</strong> nós estamos.<br />
II<br />
II<br />
Eu cantarei <strong>de</strong> amor tão fortemente<br />
Com tal celeuma e com tamanhos brados<br />
Que afinal teus ouvidos, dominados,<br />
Hão <strong>de</strong> à força escutar quanto eu sustente.<br />
Quero que meu amor se te apresente<br />
– Não andrajoso e mendigando agrados,<br />
Mas tal como é: – risonho e sem cui<strong>da</strong>dos<br />
Muito <strong>de</strong> altivo, um tanto <strong>de</strong> insolente.<br />
Nem ele mais a <strong>de</strong>sejar se atreve<br />
Do que merece: eu te amo, e o meu <strong>de</strong>sejo<br />
Apenas cobra um bem que se me <strong>de</strong>ve.<br />
Clamo, e não gemo; avanço, e não rastejo;<br />
E vou <strong>de</strong> olhos enxutos e alma leve<br />
À galhar<strong>da</strong> conquista do teu beijo.<br />
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