12.04.2013 Views

Ministério cristão - Juerp

Ministério cristão - Juerp

Ministério cristão - Juerp

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Encontro<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>cristão</strong><br />

a serviço das pessoas<br />

<strong>Ministério</strong> diz respeito a um cargo ou incumbência, exercido sempre em favor de<br />

outras pessoas, isto é, para o bem do próximo (não particularmente do próprio ministro).<br />

No Brasil e em outros países existe a gura do Ministro de Estado, que é a pessoa<br />

designada pelo chefe de governo (presidente da República) para cumprir uma responsabilidade<br />

em prol do bem comum, como o Ministro da Saúde, o Ministro da Educação,<br />

o Ministro do Meio Ambiente e muitos outros.<br />

No contexto bíblico, principalmente no Novo Testamento, ministro diz respeito a todo<br />

aquele que segue e serve a Deus, o que signi ca, portanto, trabalhar para o seu reino, seguindo<br />

o exemplo de Cristo, que é o supremo ministro da parte de Deus. Ele veio ao mundo para<br />

cumprir o ministério designado pelo Pai, conforme vemos especialmente nos Evangelhos.<br />

Ao voltar para o céu, Jesus responsabiliza seus seguidores a serem ministros, cumprindo a<br />

mesma missão con ada a ele por Deus: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio<br />

a vós” (Jo 20.21b). Quanta responsabilidade! Que tamanho privilégio!<br />

O apóstolo Paulo, em suas cartas, bem como outros autores em diversos ensinos<br />

bíblicos, principalmente nas chamadas Epístolas Gerais, falam e testemunham sobre<br />

essa tarefa dada pelo Senhor Jesus. <strong>Ministério</strong> <strong>cristão</strong> é, portanto, cumprir a mesma<br />

responsabilidade desenvolvida por Cristo para o bem das demais pessoas.<br />

Entretanto, muito <strong>cristão</strong>s hoje reduziram essa compreensão bíblica de ministro para<br />

uma tarefa que se resume basicamente ao culto <strong>cristão</strong>, na condição de adorador. E dizem<br />

que ministram ao Senhor por meio do louvor, do ensino, da pregação. Isso é também ministério,<br />

mas as funções do ministro de Deus vai muito além disso e é bem mais complexa<br />

e completa, como nos dá testemunho exemplar o próprio Jesus.<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>cristão</strong> é, pois, o tema geral da presente edição da revista COMPROMIS-<br />

SO. Os estudos, escritos de maneira bastante didática e com ampla fundamentação bíblica,<br />

certamente serão um diferencial signi cativo em sua formação ou atualização neste<br />

importante assunto da teologia cristã. No decorrer das 13 lições você terá oportunidade<br />

de, mais que estudar ou aprofundar, se comprometer para ser melhor e mais e caz ministro<br />

de Deus a partir do contexto em que você vive.<br />

Que o Senhor mesmo, de quem emana nosso ministério, nos ajude nesta caminhada<br />

tanto de aprendizado como de prática de sua missão.<br />

Clemir Fernandes<br />

Redator<br />

3T11 • COMPROMISSO • 1


COMPROMISSO destina-se a adultos (36<br />

a 64 anos), contendo lições para a Escola<br />

Bíblica Dominical. Os adultos de 65 anos<br />

em diante podem, obviamente, usar esta<br />

revista, mas a JUERP destina a eles a revista<br />

REALIZAÇÃO, cuidadosamente preparada<br />

para a faixa etária da terceira idade<br />

Publicação trimestral da JUERP<br />

Junta de Educação Religiosa<br />

e Publicações da Convenção<br />

Batista Brasileira<br />

CGC (MF): 33.531.732/0001-67<br />

Registro nº 816.243.760 no INPI<br />

Endereço<br />

Caixa Postal 320<br />

20001-970 – Rio de Janeiro, RJ<br />

Tel.: (21) 2298-0960 e 2298-0966<br />

Telegráfi co – BATISTAS<br />

Eletrônico – editora@juerp.org.br<br />

Site – www.juerp.org.br<br />

Direção Geral<br />

Almir dos Santos Gonçalves Júnior<br />

QUEM ESCREVEU – André Luiz Holanda de Oliveira, é graduado, mestre e doutor<br />

em fi losofi a (Universidade Federal de Pernambuco), além de também mestre e<br />

bacharel em Teologia (Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil – STBNB). Atua<br />

como professor e coordenador de Teologia no STBNB, como professor na Universidade<br />

Católica de Pernambuco e como pastor da Igreja Batista em Jardim Brasil, Olinda,<br />

PE. Casado com Rita de Cássia, é pai de Guilherme e Rebecca.<br />

2 • COMPROMISSO• 3T11<br />

COMPROMISSO<br />

ISSN 1984-7475<br />

3º trimestre 2011 • Ano CV – Nº 419<br />

Conselho Editorial<br />

Carrie Lemos Gonçalves, Celso Aloísio<br />

Santos Barbosa, Ebenézer Soares Ferreira,<br />

Francisco Mancebo Reis, João Reinaldo Purim,<br />

José A. S. Bittencourt, Lael d'Almeida,<br />

Gilton Medeiros Vieira, Ivone Boechat de<br />

Oliveira, Margarida Lemos Gonçalves, Pedro<br />

Moura, Roberto Alves de Souza e Silvino<br />

Carlos Figueira Netto<br />

Coordenação Editorial<br />

Solange Cardoso de Abreu d’Almeida<br />

(RP/16897)<br />

Redação<br />

Clemir Fernandes Silva<br />

Conselho Geral da CBB<br />

Sócrates Oliveira de Souza<br />

Produção Editorial<br />

Studio Anunciar<br />

Distribuição<br />

EBD-1 Marketing e Consultoria Editorial Ltda.<br />

Tels. (21) 2104-0044 – DDG para pedidos:<br />

0800 216768 – E-mail: distribuidora@<br />

ebd-1.com.br ou pedidos@ebd-1.com.br<br />

Nossa missão: “Viabilizar a cooperação entre as igrejas batistas<br />

no cumprimento de sua missão como comunidade local”


Estudos da Escola Bíblica Dominical<br />

EBD 1 – Um instrumento escolhido por Deus<br />

EBD 2 – “Há diversidade nos serviços”<br />

EBD 3 – “Que vos ameis uns aos outros”<br />

EBD 4 – “Tive fome e me destes de comer”<br />

EBD 5 – “Anunciando a Palavra”<br />

EBD 6 – “Entrai em seus átrios com louvor”<br />

EBD 7 – “Haja dedicação ao ensino”<br />

EBD 8 – “Mostra integridade e sobriedade”<br />

EBD 9 – “O dever de orar sempre”<br />

EBD 10 – “Cristo vive em mim”<br />

EBD 11 – “Sejais sábios para o bem”<br />

EBD 12 – “Para apascentardes a igreja de Deus”<br />

EBD 13 – “Em nada tenho a minha vida como preciosa”<br />

Variedades<br />

Ênfase do ano – Mordomia ambiental<br />

Hino do trimestre – “Toda natureza”<br />

Introdução aos estudos – O ministério inistério <strong>cristão</strong><br />

Palavra fi nal – “Barnabé, um levita natural de Chipre”<br />

Sumário<br />

10<br />

14<br />

18<br />

22<br />

26<br />

30<br />

34<br />

38<br />

42<br />

46<br />

50<br />

54<br />

58<br />

4<br />

6<br />

8<br />

62<br />

3T11 • COMPROMISSO • 3


Nos versículos acima temos terra,<br />

água, ar, plantas, animais e o ser humano.<br />

Todos componentes da criação, cujo<br />

domínio Deus entregou ao último. Deus<br />

regula o uso desses bens, deixa claro que<br />

os atos de criação resultam em coisas que<br />

pertencem a ele mesmo. Fomos criados e<br />

responsabilizados por lavrar e cuidar do<br />

jardim (Gn 2.15). Temos o direito de satisfazer<br />

as nossas necessidades e devemos<br />

fazê-lo respeitando as necessidades das<br />

próximas gerações. Não podemos usar<br />

os recursos naturais até o esgotamento,<br />

pois não só o mundo, mas também a<br />

sua plenitude são propriedades do Cria-<br />

4 • COMPROMISSO• 3T11<br />

Ênfase do ano<br />

Mordomia ambiental<br />

“Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é<br />

minha” (Lv 25.23).<br />

“Minhas são todas as feras do campo. Se tivesse fome não to diria, pois<br />

meu é o mundo e a sua plenitude” (Sl 50.11,12).<br />

“Não destruirás o seu arvoredo (...) porque dele comerás, pelo que não<br />

cortarás para que sirva de tranqueira para si” (Dt 20.19).<br />

“No Éden nascia um rio que irrigava o jardim, e depois se dividia em<br />

quatro” (Gn 1.10).<br />

“Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas<br />

narinas o fôlego da vida, e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2.7).<br />

dor. No Brasil, a esperança do Criador<br />

em nós se manifesta na forma de muitas<br />

riquezas. Somos detentores de cerca de<br />

11% da água doce disponível no mundo<br />

e 22% das espécies vivas da terra. Somos<br />

ricos também em diversidade social. Temos<br />

povos indígenas que falam mais de<br />

220 línguas e comunidades tradicionais<br />

como seringueiros, faxinalenses, pescadores,<br />

caiçaras, pantaneiros etc. Temos<br />

ainda o Cerrado, abrigo de 5% da biodiversidade<br />

da terra e uma das maiores<br />

áreas de captação de água para a América<br />

do Sul: abastece as bacias dos rios Amazonas,<br />

Tocantins, Paranaíba, São Francis-


co, Paraná e Paraguai, além do Aquífero<br />

Guarani, maior manancial subterrâneo<br />

de água doce transfronteiriço do mundo.<br />

O Pantanal, declarado patrimônio da<br />

humanidade pela UNESCO, é a maior<br />

área úmida continental do globo. Podemos<br />

citar também a mata Atlântica. Sua<br />

riqueza biológica a faz destaque mundial<br />

e, pela nossa Constituição, é patrimônio<br />

nacional. Para encerrar esta pequena lista,<br />

citamos a Amazônia, importante para o<br />

equilíbrio do planeta. Ali estão xadas<br />

mais de uma centena de trilhões de toneladas<br />

de carbono. Sua vegetação libera<br />

sete trilhões de toneladas de água para a<br />

atmosfera a cada ano, responsáveis inclusive<br />

pelas chuvas no Sudeste. O bioma<br />

abriga um terço da biodiversidade global<br />

e 30% das orestas tropicais ainda existentes<br />

no mundo. Diante dessas magnitudes,<br />

o que podem fazer os <strong>cristão</strong>s individualmente<br />

ou em suas igrejas? Primeiramente,<br />

reconhecer o mandado cultural<br />

do Senhor para cuidarmos da criação.<br />

Somos mordomos. Somos parceiros de<br />

Deus, pois Adão foi chamado para nomear<br />

todas as coisas criadas (Gn 2.19).<br />

Para bem exercer a mordomia é<br />

preciso conhecer o ambiente em que<br />

vivemos e desenvolver atitudes que<br />

evitem o desperdício ou a saturação<br />

por resíduos de nosso consumo. Essas<br />

atitudes podem ser postas em prática<br />

com o cuidado de não desperdiçar<br />

água e energia elétrica, a escolha de<br />

produtos industriais que não poluam<br />

as águas, o solo ou o ar nem tenham<br />

sido produzidos por trabalho escravo<br />

ou em condições indignas ou ilegais.<br />

Além das atitudes no plano pessoal, há<br />

também o plano coletivo e a dinâmica<br />

das instituições que tratam do tema<br />

meio ambiente, que também devem ser<br />

objeto de preocupação e atuação de todos<br />

como cidadãos. En m, há dezenas<br />

de formas de expressar amor ao Senhor<br />

e gratidão pela criação. Tudo é uma<br />

questão de consciência da mordomia.<br />

Marina Silva é professora de história,<br />

ex-senadora pelo Acre e ex-ministra<br />

de Meio Ambiente. É membro da<br />

Igreja Assembleia de Deus. Jane Vilas<br />

Bôas é antropóloga e assessora de Marina<br />

Silva. É membro da Igreja Batista<br />

Central de Brasília.<br />

(Publicado originalmente em Ultimato,<br />

edição 312, maio-junho 2008.)<br />

Tema<br />

Vida plena e meio ambiente<br />

Divisa<br />

“Na esperança de que a própria<br />

criação será redimida do cativeiro<br />

da corrupção, para a liberdade da<br />

glória dos fi lhos de Deus. Porque sabemos<br />

que toda a criação, a um só<br />

tempo, geme e suporta angústias<br />

até agora” (Rm 8.21, 22)<br />

Hino do trimestre:<br />

“Toda natureza”, 54, do Hinário<br />

para o culto <strong>cristão</strong><br />

Clemir Fernandes<br />

3T11 • COMPROMISSO • 5


Hino do trimestre<br />

6 • COMPROMISSO• 3T11


3T11 • COMPROMISSO • 7


Introdução aos estudos<br />

O ministério <strong>cristão</strong><br />

O tema das lições da EBD neste trimestre<br />

enfoca o ministério <strong>cristão</strong> sob<br />

diversos aspectos. Falar do ministério<br />

<strong>cristão</strong> é falar daquilo que caracteriza e<br />

possibilita a dinâmica do reino de Deus,<br />

ou seja, é falar das possibilidades de ser<br />

igreja no mundo. Ministrar é servir, é estar<br />

sob a orientação do Espírito Santo a<br />

m de ser útil ao reino de Deus. As palavras<br />

“ministério” e “serviço” são traduções<br />

possíveis da palavra grega diakonia,<br />

de onde vem o termo “servo” ou “aquele<br />

que serve”, termo este aplicado abrangentemente<br />

a todos os crentes em Cristo.<br />

8 • COMPROMISSO• 3T11<br />

Vida e obra dos servos de Deus<br />

André Holanda<br />

Enfoques do trimestre<br />

Cada uma das 13 lições deste trimestre<br />

abordará um aspecto do ministério<br />

<strong>cristão</strong>. Inicialmente, falaremos da natureza<br />

e do exercício do ministério <strong>cristão</strong>,<br />

enfocando nas duas lições seguintes a<br />

sua multiplicidade e a sua base, que é o<br />

amor. A partir da lição quatro até a doze,<br />

abordaremos alguns possíveis desdobramentos<br />

práticos do ministério <strong>cristão</strong>: o<br />

cuidado com os necessitados, a evangelização,<br />

o louvor, o ensino, o aconselhamento,<br />

a intercessão, a mordomia, a li-


derança e o pastoreio. Em último lugar,<br />

mas não menos importante, falaremos<br />

acerca do preço envolvido em ser um<br />

ministro/servo de Jesus Cristo.<br />

Desafi os para a igreja<br />

contemporânea<br />

Ser igreja é fazer parte da comunidade<br />

dos “chamados para fora” (do grego,<br />

ekklesia), comunidade dos que foram<br />

convocados a abandonar o estilo de vida<br />

centrado no eu e nas coisas efêmeras da<br />

vida, a m de “lançarem mão do arado”<br />

na construção do projeto de Deus, começando<br />

neles mesmos e se estendendo<br />

aos outros. Ser <strong>cristão</strong> é ser agente de<br />

mudança num mundo em crise.<br />

A Palavra de Deus nos ensina que<br />

somos salvos unicamente pela graça de<br />

Deus (Ef 2.8,9), mas as nossas obras se<br />

constituem na prova última da nossa<br />

conversão (Ef 2.10). No Sermão da<br />

Montanha, Jesus falou que é pelos<br />

frutos que conhecemos as árvores, ou<br />

seja, são as obras que evidenciam a veracidade<br />

da nossa fé (Mt 7.16-18; Lc<br />

6.44). Os “bons frutos” representam a<br />

demonstração prática da in uência da<br />

vontade Deus em nossa vida.<br />

Falando disso Jesus ensinou: “Nem<br />

todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará<br />

no reino dos céus, mas aquele que<br />

faz a vontade de meu Pai, que está nos<br />

céus” (Mt 7.21). Segundo Jesus, é preciso<br />

ouvir e praticar os seus ensinos<br />

para que estejamos “construindo” a<br />

nossa vida sabiamente (Mt 7.24-27).<br />

Desta forma, os seus discípulos deveriam<br />

ser conhecidos pelo engajamento<br />

prático, isto é, cada crente deve<br />

estar engajado num cristianismo ativo<br />

e não meramente teórico. Portanto, o<br />

ministério <strong>cristão</strong> é a própria prática<br />

do cristianismo na vida dos crentes,<br />

enquanto são igreja no mundo.<br />

Algumas observações<br />

Nestes estudos adotaremos as siglas<br />

AT e NT para designar Antigo Testamento<br />

e Novo Testamento. As abreviaturas<br />

dos livros da Bíblia seguem o<br />

modelo convencional de abreviaturas<br />

(descrito, por exemplo, na Bíblia de<br />

Estudo Almeida, da SBB, p.xi).<br />

Um convite<br />

Espero que estes estudos sejam um<br />

grande incentivo a todos os nossos queridos<br />

irmãos e irmãs em Cristo, espalhados<br />

pelos estados do nosso Brasil. Oro,<br />

sinceramente, para que Deus nos desperte,<br />

a m de que todos nos engajemos<br />

no serviço do reino e que neste aspecto<br />

sejamos achados éis. Então, convidoos<br />

a se juntarem a mim, a m de descobrirmos<br />

ou redescobrirmos aquilo para<br />

o qual cada um de nós foi chamado. Um<br />

grande abraço a todos vocês.<br />

Servindo a Cristo,<br />

Pr. André Holanda<br />

3T11 • COMPROMISSO • 9


EBD 1<br />

Segunda<br />

Gênesis<br />

12.1-9<br />

10 • COMPROMISSO• 3T11<br />

Um instrumento<br />

escolhido por Deus<br />

A natureza e o exercício do ministério <strong>cristão</strong><br />

Texto bíblico – Gn 12 e 18; Ex 3; 1Sm 2, 3; Mt 4; At 1 e 9; Ef 4.11,12<br />

Texto áureo – Atos 9.15<br />

Terça<br />

Gênesis<br />

18.23-33<br />

DIA A DIA COM A BÍBLIA<br />

Quarta Quinta Sexta<br />

Êxodo<br />

3.1-25<br />

Quando mencionamos a palavra<br />

“ministério”, provavelmente o que vem<br />

de imediato às nossas mentes é a gura<br />

de um pastor ordenado liderando uma<br />

igreja. Isso é o resultado da nossa visão<br />

clerical, que enxerga como capacitados<br />

e responsáveis para o ministério apenas<br />

as pessoas que tiveram formação o cial<br />

em algum seminário ou instituto bíblico.<br />

É claro que não estamos a rmando<br />

que todos os crentes têm as mesmas<br />

funções que os pastores, pois, obviamente,<br />

é bíblico o fato de que Deus<br />

chama pessoas especi camente para o<br />

ministério pastoral. Mas, precisamos<br />

entender que o termo “ministro” não<br />

se aplica apenas aos pastores. Biblicamente<br />

falando, todos os crentes são<br />

1Samuel<br />

2.18-26; 3.1-14<br />

Mateus<br />

4.18-20<br />

Sábado<br />

Atos<br />

1.1-12<br />

3 de julho<br />

Domingo<br />

Atos<br />

9.1-19<br />

ministros, pois são servos de Deus. Vejamos<br />

em que consistem a natureza e o<br />

exercício do ministério <strong>cristão</strong>.<br />

A NATUREZA DO<br />

MINISTÉRIO CRISTÃO<br />

Em nosso país, o termo “ministro”<br />

designa uma posição de destaque e<br />

autoridade pública nas mais diversas<br />

áreas de interesse nacional. Entretanto,<br />

biblicamente falando, o termo “ministro”<br />

não designa uma posição de destaque<br />

pessoal ou comunitário dentro do<br />

reino de Deus. A palavra “ministério”,<br />

conforme aparece no Novo Testamento<br />

1 , deriva-se do termo grego diakonia,<br />

que é traduzido como: “serviço, admi-<br />

1 Nas lições deste trimestre usaremos as siglas: AT para Antigo Testamento e NT para Novo Testamento.


nistração ou ministração”. O uso originário<br />

da palavra ministrar, no NT, está<br />

ligado à tarefa de “servir à mesa” (At<br />

6.2), que nas casas das pessoas ricas era<br />

efetuada pelos escravos ou servos (doulos<br />

ou diakonos). No NT, os termos<br />

“ministro” ou “servo” foram aplicados<br />

a pessoas diferentes e até mesmo foram<br />

usados por Jesus para falar de sua missão<br />

(Mc 10.45). Portanto, num sentido<br />

abrangente, todos os <strong>cristão</strong>s são<br />

ministros ou diáconos, porque todos são<br />

chamados ao serviço e ao ministério do<br />

reino de Deus e todos temos áreas especí<br />

cas de atuação, conforme os dons<br />

espirituais que Deus nos deu.<br />

O EXERCÍCIO DO<br />

MINISTÉRIO A PARTIR<br />

DO EXEMPLO DE CRISTO<br />

Para cada crente, Jesus Cristo é o<br />

maior referencial a ser seguido. Sabemos<br />

que existem certas qualidades de Jesus<br />

"Jesus, enquanto ministro/<br />

servo, veio em atendimento<br />

às necessidades do mundo,<br />

e o seu ministério teve<br />

como característica maior<br />

a compaixão pelos homens<br />

e mulheres errantes e<br />

necessitados de alguém que<br />

se importasse com eles"<br />

que são impossíveis de ser imitadas (p.ex.,<br />

aquelas que dizem respeito aos seus atributos<br />

divinos); mas, nos outros aspectos,<br />

Jesus é o modelo de servo e ministro a ser<br />

seguido por todos nós. Assim pensavam<br />

os apóstolos Paulo e Pedro (1Co 11.1; Fp<br />

2.5-8; 1Pe 2.21). Podemos, portanto, ter<br />

a certeza de que, no que diz respeito ao<br />

ministério, temos muito a aprender com<br />

o exemplo de Jesus.<br />

1 Com Jesus aprendemos a necessidade<br />

do ministério <strong>cristão</strong><br />

O ministério de Jesus era parte do<br />

desígnio eterno de Deus (1Pe 1.18-20).<br />

Foi motivado por seu amor à humanidade<br />

(Jo 3.16,17). A vinda de Jesus a<br />

este mundo se propunha ao resgate existencial<br />

e espiritual dos seres humanos,<br />

por isso, Jesus viu a si mesmo como um<br />

servo (Mc 10.45). O fato de Jesus encarar<br />

a si mesmo como servo aponta para<br />

a imagem messiânica do “Servo do Senhor”,<br />

presente nas profecias do Antigo<br />

Testamento (AT), especialmente no livro<br />

de Isaías. Jesus, enquanto ministro/<br />

servo, veio em atendimento às necessidades<br />

do mundo, e o seu ministério teve<br />

como característica maior a compaixão<br />

pelos homens e mulheres errantes e necessitados<br />

de alguém que se importasse<br />

com eles (Mt 9.35-38). Ser ministro/<br />

servo de Cristo é ser igualmente tocado<br />

pelas necessidades humanas e, à semelhança<br />

de Jesus, envolver-se ativamente<br />

neste trabalho resgatador e solidário.<br />

3T11 • COMPROMISSO • 11


Nada mais distante de Jesus do que uma<br />

fé alheia ao sofrimento existencial e espiritual<br />

daqueles que estão ao nosso redor.<br />

Ministrar é se importar com a dor<br />

do mundo, é sentir o coração doer com<br />

a dor que machuca o coração de Deus.<br />

2 Com Jesus aprendemos a importância<br />

de ministrar não apenas “ao”<br />

mundo, mas também “no” mundo<br />

A palavra “mundo” (kosmos, em grego)<br />

aparece no NT basicamente com<br />

três diferentes signi cados: (1) o universo<br />

das coisas criadas ( Jo 17.24; Hb<br />

1.2); (2) a humanidade ( Jo 3.16,17;<br />

1Jo 2.2); (3) o mundanismo, ou seja,<br />

a presente ordem pecaminosa que se<br />

opõe a Deus (1Jo 2.15,16).<br />

O crente deve cuidar do mundo<br />

enquanto natureza criada por Deus<br />

(ecologia engajada), deve ministrar às<br />

pessoas que estão no mundo (evangelismo,<br />

hospitalidade, socorro etc.), mas<br />

deve evitar o comprometimento com o<br />

mundanismo (marcado pela tríade: soberba,<br />

ganância e imoralidade). A igreja<br />

de Cristo, que somos nós, está no mundo<br />

(natureza), convive com o mundo<br />

(pessoas) e se opõe ao mundo (sistema<br />

pecaminoso). Quando pensamos na<br />

palavra “igreja” (ekklesia, no grego) devemos<br />

lembrar que ela designa aqueles<br />

que foram chamados a renunciar uma<br />

vida meramente materialista e desinteressada<br />

a m de, pelo poder capacitador<br />

do Espírito Santo, serem enviados a um<br />

12 • COMPROMISSO• 3T11<br />

"O <strong>cristão</strong> não deve fugir<br />

daqueles que precisam dele.<br />

Deve fugir do pecado, mas não<br />

do pecador. No cristianismo de<br />

Jesus não há lugar para a fuga<br />

ascética como nos mosteiros a<br />

partir do século 3º d.C., pois<br />

o ministério <strong>cristão</strong><br />

é “no” mundo"<br />

mundo em crise (Jo 17.18). Conforme<br />

lemos nos Evangelhos, Jesus nunca ensinou<br />

o ascetismo ou a fuga do mundo.<br />

O <strong>cristão</strong> é “sal da terra e luz do mundo”,<br />

por estar “no” mundo (Mt 5.13-16). É<br />

um cristianismo in loco (no local onde<br />

vivemos). Uma compreensão equivocada<br />

dessa questão tem levado muitos<br />

crentes a se afastarem dos não-crentes<br />

para não se “contaminarem”. Mas, não<br />

foi assim que Jesus procedeu nem ensinou.<br />

O <strong>cristão</strong> não deve fugir daqueles<br />

que precisam dele. Deve fugir do pecado,<br />

mas não do pecador. No cristianismo<br />

de Jesus não há lugar para a fuga<br />

ascética como nos mosteiros a partir do<br />

século 3º d.C., pois o ministério <strong>cristão</strong><br />

é “no” mundo. Cristãos insensíveis para<br />

com o próximo e esquecidos da dor do<br />

outro não se constituem em bons representantes<br />

daquele que “não veio para ser<br />

servido, mas para servir e dar a sua vida<br />

em resgate de muitos” (Mc 10.45).


3 Com Jesus aprendemos sobre<br />

as qualidades fundamentais para o<br />

exercício do ministério <strong>cristão</strong><br />

Ministrar no mundo em crise requer<br />

algumas qualidades por parte do ministro/servo<br />

de Cristo, pois, sem elas, o ministério<br />

<strong>cristão</strong> torna-se uma mera expressão<br />

religiosa vazia e sem vida:<br />

(1) Disponibilidade. Na vida do<br />

<strong>cristão</strong> deve haver aquela mesma prontidão<br />

para o serviço que houve no profeta<br />

Isaías. “Eis-me aqui, Senhor; envia-me a<br />

mim” (Is 6.8). Por amor a Deus, o crente<br />

deve estar pronto para servir. É o amor a<br />

Cristo que nos faz priorizar os interesses<br />

do seu reino (Mt 6.33). Agradar ao<br />

Senhor passa a ser o nosso alvo de vida e<br />

nossa razão de viver. Existem tantas pessoas<br />

ocupadas com brigas, mexericos e<br />

opiniões pessoais dentro das igrejas, mas<br />

no verdadeiro trabalho do reino os trabalhadores<br />

ainda são poucos. Devemos<br />

estar dispostos para ministrar, porque<br />

um dia haveremos de apresentar a Deus<br />

os frutos daquilo que zemos para ele<br />

(1Co 3.10-15; 2Co 5.8-10).<br />

(2) Humildade. Jesus poderia ter ministrado<br />

de forma arrogante e soberba<br />

por ser o Filho de Deus, mas ele não o fez.<br />

Pelo contrário, foi humilde até mesmo<br />

na hora da morte (Fp 2.5-8). Assim deve<br />

ser o <strong>cristão</strong>. Ele é servo de Deus devido à<br />

graça de Deus. Na igreja existem diferentes<br />

papéis a serem desempenhados (pastores,<br />

educadores, musicistas, diáconos, líderes,<br />

professores etc.), mas não deve haver qualquer<br />

vestígio de soberba ou superioridade<br />

entre nós (Rm 12.3). Todos fomos salvos e<br />

incorporados no ministério do reino unicamente<br />

por causa da graça de Deus (Ef<br />

2.8-10). Portanto, desçamos do “pedestal”<br />

e afastemos de nosso coração o orgulho.<br />

Mantenhamos a humildade.<br />

(3) Altruísmo. A vida de Jesus foi<br />

caracterizada pelo altruísmo (oposto ao<br />

egoísmo). Da mesma forma, como <strong>cristão</strong>s,<br />

devemos viver uma vida marcada<br />

pelo cuidado com aqueles com quem<br />

convivemos. Somos, como Abraão, chamados<br />

a ser bênção para aqueles que nos<br />

cercam (Gn 12.1-3). Vivemos numa<br />

época em que muitos enfatizam o TER<br />

e esquecem de SER. Querem bênçãos,<br />

mas poucos estão preocupados em ser<br />

bênçãos para os outros e para o mundo.<br />

CONCLUSÃO<br />

Ministrar/servir em nome de Deus<br />

é o enorme privilégio que nos foi con-<br />

ado. Muitos sonham no que aconteceria<br />

se fossem missionários, evangelistas<br />

ou pastores, vivendo, às vezes, um<br />

cristianismo de hipóteses. Não abdiquemos<br />

dos nossos sonhos, mas não<br />

nos esqueçamos de orescer onde estivermos<br />

plantados. Ministrar em nome<br />

de Deus àqueles que nos cercam é privilégio<br />

e responsabilidade con ados<br />

por Deus a cada um de nós. Sejamos<br />

éis à missão que ele nos deu.<br />

3T11 • COMPROMISSO • 13


EBD 2 10 de julho<br />

"Há diversidade nos serviços"<br />

Segunda<br />

Romanos<br />

12.1-3<br />

O ministério <strong>cristão</strong> e a sua multiplicidade<br />

Quando pensamos na multiplicidade<br />

do ministério <strong>cristão</strong>, precisamos<br />

ressaltar dois aspectos importantes: 1)<br />

o corpo de Cristo é um só (unidade); 2)<br />

o corpo de Cristo abriga internamente<br />

uma multiplicidade de membros e<br />

funções (diversidade). Assim, a igreja<br />

de Cristo convive permanentemente na<br />

tensão entre manter a unidade sem prejudicar<br />

a diversidade e vice-versa. Então,<br />

falar da multiplicidade de membros é<br />

falar da multiplicidade de ministérios,<br />

funções e papéis dentro da igreja e, portanto,<br />

da diversidade de dons outorgados<br />

pelo Espírito Santo para a edificação<br />

mútua do corpo de Cristo (Rm 12.4,5).<br />

Nesta lição, procuraremos expor aquilo<br />

que fundamenta a multiplicidade do<br />

ministério <strong>cristão</strong>, ou seja, a diversidade<br />

dos dons espirituais e sua relevância para<br />

a vida da igreja hoje.<br />

14 • Compromisso• 3T11<br />

Texto bíblico – Romanos 12; 1Coríntios 12; Efésios 4<br />

Texto áureo – 1Coríntios 12.5<br />

Terça<br />

Romanos<br />

12.4-8<br />

DIA A DIA COM A BÍBLIA<br />

Quarta Quinta Sexta<br />

1Coríntios 1Coríntios 1Coríntios<br />

12.1-4 12.5-11 12.28-31<br />

Sábado<br />

Efésios<br />

4.11-13<br />

O DOM DO ESPÍRITO<br />

Domingo<br />

Efésios<br />

4.14-16<br />

A fim de entendermos a questão dos<br />

dons espirituais a partir da perspectiva<br />

bíblica, precisaremos fazer uma distinção<br />

necessária entre o “dom do Espírito” e<br />

“dons do Espírito”. Nos Evangelhos encontraremos<br />

a referência ao fato de que,<br />

antes do Pentecostes, o Espírito Santo,<br />

embora estivesse atuando desde o Antigo<br />

Testamento, ainda não havia sido dado<br />

de forma definitiva ao povo de Deus (Jo<br />

7.37-39). No próprio Evangelho de João<br />

encontramos afirmações mais completas<br />

quanto ao futuro recebimento do Espírito<br />

Santo por parte dos crentes. Em João<br />

14.16, Jesus anuncia sua partida dentro<br />

em breve, afirmando que não deixaria os<br />

discípulos órfãos e que o Consolador, o<br />

Espírito que habitava com os discípulos,<br />

estaria com eles para sempre. Este rece-


imento do Espírito foi concretizado na<br />

vida da igreja a partir da experiência do<br />

Pentecostes (At 2). Nesta passagem, Pedro<br />

se refere ao recebimento do Espírito<br />

como o “dom do Espírito” (At 2.38). Este<br />

mesmo “dom”, segundo Pedro, era uma<br />

promessa não só para aquelas pessoas,<br />

mas para todos os que o Senhor ainda haveria<br />

de chamar (v. 39). Portanto, há uma<br />

estreita ligação entre o dom do Espírito<br />

e os dons espirituais. Quando falamos<br />

a respeito dos dons espirituais, estamos<br />

nos referindo a um dos muitos aspectos<br />

da obra do Espírito Santo: o convencimento<br />

do pecador antes da conversão<br />

(Jo 16.7-11), a regeneração ou novo<br />

nascimento (Jo 3.3-5; Tt 3.5), o selo do<br />

Espírito como garantia eterna (Ef 1.13;<br />

4.30), o batismo no Espírito Santo (1Co<br />

12.13), a habitação do Espírito (Rm 8.9)<br />

e o enchimento ou plenitude do Espírito<br />

(Ef 5.18). Assim, a chegada do Espírito<br />

de Deus à nossa vida é o “dom do Espírito”.<br />

Este “dom” do Espírito é que possibilita<br />

o recebimento dos “dons” para a obra<br />

do ministério.<br />

OS DONS DO ESPÍRITO<br />

APONTAM PARA A<br />

MULTIPLICIDADE DE<br />

MINISTÉRIOS<br />

Há várias palavras gregas no NT<br />

usadas como referência aos dons espirituais.<br />

O uso mais comum é a tradução<br />

do grego charismata, que tem o sentido<br />

de “mostrar favor, dar gratuitamente”<br />

e que está relacionado ao substantivo<br />

charis (graça). O NT apresenta quatro<br />

listas de dons: Romanos 12.3-8;<br />

1Coríntios 12; Efésios 4.7-12 e 1Pedro<br />

4.10,11. Formulando, portanto, uma<br />

definição geral, podemos dizer que:<br />

“Dons espirituais são capacitações específicas,<br />

unicamente possíveis pela<br />

graça de Deus e concedidas soberanamente<br />

pelo Espírito Santo aos <strong>cristão</strong>s,<br />

para a edificação e crescimento do corpo<br />

de Cristo”. Na verdade, é o apóstolo<br />

Paulo quem mais discorre sobre a questão<br />

dos dons espirituais e, numa maneira<br />

mais extensa e específica, na sua<br />

primeira carta à igreja de Corinto.<br />

A DISTRIBUIÇÃO E A<br />

FUNÇÃO DOS DONS<br />

ESPIRITUAIS NA IGREJA<br />

1 Deus é soberano em seu modo<br />

de agir. Não cabe a nós determinar a<br />

Deus que dons devemos ou queremos<br />

receber. Precisamos entender que os<br />

dons espirituais são distribuídos segundo<br />

a vontade soberana do Espírito<br />

Santo, e não conforme a busca, o querer<br />

ou a oração do crente: “Mas, um só e<br />

mesmo Espírito realiza todas estas coisas,<br />

distribuindo-as, como lhe apraz, a cada<br />

um, individualmente” (1Co 12.11).<br />

2 Precisamos entender que nenhum<br />

crente tem todos os dons e que<br />

nenhum dom está presente em todos<br />

os crentes (1Co 12.29,30). Por isso,<br />

3T11 • CompRomisso • 15


não é bíblica, por exemplo, a ideia de<br />

que todos os crentes devem falar em<br />

línguas.<br />

3 Além disso, nem todos os dons<br />

mencionados no NT possuíam aspectos<br />

miraculosos ou sobrenaturais.<br />

Vários dons parecem, à primeira vista,<br />

muito mais aptidões naturais do que<br />

necessariamente carismas do Espírito.<br />

Por exemplo: ensino, exortação, liderança,<br />

serviço, administração, contribuição,<br />

hospitalidade, misericórdia.<br />

Com isso, não devemos negar que sejam<br />

carismas, mas precisamos contradizer<br />

a ideia generalizada de que dom<br />

espiritual é necessariamente o conjunto:<br />

línguas, profecia, milagres e curas.<br />

4 Nenhum dom espiritual é dado<br />

para causar divisão na igreja (1Co<br />

14.33). Se algum crente, por causa de<br />

um dom que diz possuir, está dividindo<br />

a sua igreja, então ele não está a serviço<br />

de Cristo, mas do Diabo, porque<br />

as inimizades, contendas, divisões, dissensões<br />

e partidos dentro da igreja são<br />

obras da carne e não frutos do Espírito<br />

(Gl 5.19-21). Paulo afirma que quem<br />

faz isso não herdará o reino de Deus.<br />

5 Os dons são distribuídos por<br />

Deus de acordo com os seus planos<br />

para cada época e lugar. Os dons de<br />

apóstolo e profeta, por exemplo, não<br />

mais se repetem hoje porque pertenceram<br />

ao período inicial do cristianismo.<br />

16 • Compromisso• 3T11<br />

Foram dons concedidos pelo Espírito<br />

enquanto ainda estavam sendo lançados<br />

os fundamentos do cristianismo<br />

(Ef 2.20; Lc 6.12-16; Ap 21.14). Ninguém<br />

hoje tem a autorização divina<br />

para se autointitular “apóstolo”.<br />

6 Devemos destacar que os dons<br />

foram dados “visando a um fim proveitoso”<br />

(1Co 12.7), ou, em outras traduções,<br />

“para o que for útil”. Este fim<br />

proveitoso não deve ser entendido<br />

como algo útil para o indivíduo, mas<br />

como útil para o funcionamento e a<br />

edificação do corpo de Cristo (Rm<br />

12.3-5; 1Co 12.12,14,18,27,28; Ef<br />

4.12). Em Corinto, os dons espirituais<br />

em vez de edificarem a igreja, estavam<br />

destruindo a união entre os irmãos.<br />

Estas são algumas instruções de<br />

Paulo quanto ao exercício do dom de<br />

línguas na igreja em Corinto, que resolveriam<br />

muitos dos problemas que,<br />

frequentemente, estão atrelados às<br />

manifestações carismáticas nos nossos<br />

dias. Tais instruções também deveriam<br />

ser seguidas hoje por todos aqueles que<br />

desejam ser coerentes com aquilo que o<br />

Novo Testamento preceitua.<br />

CONCLUSÃO<br />

É necessário afirmar que todos os<br />

dons espirituais só se entendem como<br />

carismas (presentes da graça de Deus)<br />

a partir da perspectiva do amor <strong>cristão</strong>,


que é o maior de todos os dons, sendo<br />

também o único atemporal (1Co 13).<br />

Cada um dos dons é uma forma variada<br />

de expressar este amor de Deus. Como<br />

Nota doutrinária<br />

afirma Russell Champlin: “Não devemos<br />

ter necessidade de escolher entre o<br />

amor e os dons, porque Deus quis que<br />

eles andassem juntos”.<br />

Gostaria de expor algumas instruções bíblicas acerca do dom mais polêmico<br />

da lista: o dom de línguas que, não raramente, tem sido motivo de<br />

rachas e divisões em muitas igrejas batistas. Vejamos o que paulo pensava<br />

a respeito do dom de línguas na primeira carta à igreja de Corinto:<br />

1) Não era um dom exercido por todos os crentes, pois o Espírito distribuía<br />

a cada um de acordo com a sua vontade soberana (12.11,28-30).<br />

2) Não era sinal de espiritualidade ou consagração, pois a igreja em Corinto<br />

era bastante carnal (3.1), mas mesmo assim cheia de carismas (1.7).<br />

3) Não era sinal do batismo no Espírito santo, pois, embora só alguns<br />

crentes em Corinto falassem em línguas (12.30), todos eram considerados<br />

por paulo como tendo sido batizados no Espírito (12.13).<br />

4) Não deveria levar à gritaria ou ao descontrole emocional durante os<br />

cultos (14.23, 33, 40).<br />

5) De preferência, não deveria ser usado no culto (14.19).<br />

6) Nas orações em voz alta, nos cultos da igreja, deixaria os demais irmãos<br />

impossibilitados até mesmo de dizerem “amém”, além do que eles<br />

não seriam edificados (14.14-17).<br />

7) Na oração individual do crente, só teria valor edificador se a pessoa<br />

tivesse o dom da interpretação (14.13,14).<br />

8) se ocorresse nos cultos, deveria ser exercido por no máximo dois ou<br />

três crentes (14.26,27).<br />

9) Não deveria ser exercido sem interpretação (14.27,28).<br />

10) Era um sinal para os judeus incrédulos (14.20-22; is 28.11,12).<br />

11) Aparentemente, não era utilizado por paulo nos cultos da igreja (14.19).<br />

3T11 • CompRomisso • 17


EBD 3<br />

Segunda<br />

João<br />

2.1-12<br />

18 • Compromisso• 3T11<br />

"Que vos ameis<br />

uns aos outros"<br />

O amor é a base do ministério <strong>cristão</strong><br />

Texto bíblico – João 2; Efésios 5 e 6; Colossenses 3; João 13<br />

Texto áureo – João 13.34,35<br />

Terça<br />

Efésos<br />

5.22-33<br />

DIA A DIA COM A BÍBLIA<br />

Quarta Quinta Sexta<br />

Efésios<br />

6.1-9<br />

O amor é um tema bastante presente<br />

nas Escrituras. Ao falar de Deus,<br />

a apóstolo João o definiu como sendo<br />

amor (1Jo 4.8). Neste estudo procuraremos<br />

desenvolver o tema do amor<br />

como a base do ministério <strong>cristão</strong>. Isto<br />

por que entendemos que servir a Deus<br />

e ao próximo são ações que encontram<br />

no amor a sua fundamentação necessária.<br />

A necessidade de tal reflexão existe<br />

em função da nossa experiência no<br />

mundo em que vivemos, que é marcado<br />

pelo egoísmo, individualismo e pela<br />

indiferença.<br />

A igreja de Cristo pode apresentar<br />

ao mundo a proposta radical de Jesus,<br />

que está no amor a Deus e ao próximo.<br />

Este antigo conselho é um novo<br />

mandamento ainda não colocado em<br />

Colossenses<br />

3.18-4.1<br />

Tito<br />

2.1-10<br />

Sábado<br />

Filemom<br />

8-20<br />

17 de julho<br />

Domingo<br />

1Pedro<br />

3.8-17<br />

prática pelo ser humano em geral.<br />

A injustiça social, a má distribuição<br />

de renda, a ganância do mercado, a<br />

insensibilidade para com os milhões e<br />

milhões de famintos, a miséria, o analfabetismo,<br />

a violência, as guerras e a<br />

impunidade são fatos que comprovam<br />

que o ser humano ainda não aprendeu a<br />

amar. Mas, estas coisas são o resultado<br />

de uma ausência de amor a Deus que,<br />

em Cristo Jesus, demonstrou o seu<br />

amor eterno por nós.<br />

O ENSINO DE JESUS SOBRE O<br />

AMOR A DEUS E AO PRÓXIMO<br />

Em Mateus 22.34-40, Jesus foi indagado<br />

acerca do maior mandamento<br />

da lei. A resposta de Jesus foi “Amarás


o Senhor teu Deus de todo coração (...)<br />

alma (...) e entendimento (...) e ao próximo<br />

como a ti mesmo”. Existem alguns<br />

elementos importantes nesta resposta:<br />

1 “Amar a Deus” é o maior mandamento.<br />

O mandamento que nos ordena<br />

amar a Deus é ao mesmo tempo o primeiro<br />

na lista dos “Dez Mandamentos”<br />

e o grande mandamento, porquanto<br />

a lei mosaica está indissociavelmente<br />

ligada à fidelidade a Deus e ao atendimento<br />

de sua vontade. O amor a Deus<br />

é a motivação da existência humana.<br />

2 O segundo mandamento semelhante<br />

ao primeiro seria: “Amarás o<br />

teu próximo como a ti mesmo”. O nosso<br />

amor deve começar por aqueles com os<br />

quais convivemos. Nesta resposta, Jesus<br />

citou dois trechos do AT: Deuteronômio<br />

6.4,5 e Levítico 19.18.<br />

3 O verbo “amar” usado aqui<br />

por Jesus vem do grego agapao, denotando<br />

um amor especial e devotado;<br />

assim, Jesus atrelou o amor a Deus<br />

com o amor ao outro e com isso<br />

mostrou que nenhum tipo de religiosidade<br />

é aceitável se não mantiver um<br />

relacionamento correto com Deus e<br />

com o próximo. Os fariseus diziam<br />

amar a Deus, mas não hesitavam em<br />

perseguir a Jesus querendo destruí-lo.<br />

Demonstravam, portanto, que eles<br />

estavam em falta com relação aos<br />

mandamentos da lei.<br />

4 De acordo com Jesus, destes<br />

dois mandamentos dependem a Lei<br />

e os Profetas. A palavra “dependem”<br />

vem do grego krematai e significa literalmente<br />

“penduram-se”, como algo<br />

fica pendurado em um prego na parede.<br />

Isso indicava uma relação de dependência<br />

fundamental. Jesus estava dizendo<br />

que todo o conteúdo do AT está resumido<br />

nestes dois mandamentos.<br />

5 Jesus resumiu toda a responsabilidade<br />

moral humana em duas<br />

categorias: amor a Deus e amor ao próximo.<br />

Estas mesmas categorias podem<br />

ser distinguidas nos mandamentos do<br />

Decálogo, onde os quatro primeiros<br />

dizem respeito ao nosso amor a Deus, e<br />

os seis últimos falam do nosso amor ao<br />

próximo. O amor deveria ser o grande<br />

elemento alimentador da religião ( Jo<br />

13.35).<br />

O ensino de Jesus vai mais além do<br />

mero amor descomprometido com o<br />

próximo. Para Jesus, quem ama está disposto<br />

a servir (Mc 10.45; At 10.38). E<br />

Jesus demonstrou em sua vida e morte<br />

como ele amou o mundo, amando até<br />

mesmo quem o rejeitou e o maltratou.<br />

Um dos exemplos de serviço abnegado,<br />

amoroso e sacrificial pelo próximo foi<br />

demonstrado na atitude de Jesus ao<br />

lavar os pés dos seus discípulos, inclusive<br />

de Judas Iscariotes, que haveria de<br />

traí-lo ( Jo 13.1-15). Jesus procurou<br />

ensinar que existe grande virtude no<br />

amor sacrificial.<br />

3T11 • ComPromisso • 19


O AMOR COMO MOTIVAÇÃO<br />

DO MINISTÉRIO CRISTÃO<br />

O ministério <strong>cristão</strong> encontra sua<br />

razão de ser no fato de experimentarmos<br />

uma relação diária com Deus fundamentada<br />

no amor recíproco entre ele<br />

e nós. Esta relação afetiva traz consigo<br />

alguns elementos que merecem ser<br />

destacados:<br />

1 A origem do nosso amor a Deus<br />

não está em nós mesmos, mas fundamenta-se<br />

no fato de que ele nos amou primeiro<br />

de forma misericordiosa e compassiva<br />

(Jo 15.13; Rm 5.8; 1Jo 4.16). Em 1João<br />

4.10 lemos: “Nisto está o amor: não em<br />

que nós tenhamos amado a Deus, mas em<br />

que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho<br />

como propiciação pelos nossos pecados”, e em<br />

4.19: “Nós o amamos, porque ele nos amou<br />

primeiro”. Esse “amor primeiro” gera em<br />

nós uma eterna gratidão que se traduz em<br />

louvor e ações de graças (Sl 100).<br />

2 A presença do Espírito Santo<br />

em nós faz com que esse amor seja<br />

ainda mais alimentado e transforme a<br />

nossa vida como um todo (Rm 5.5; Gl<br />

5.22,23). O amor desponta como um<br />

dos frutos do Espírito Santo em nós.<br />

E, assim, o amor é o fundamento para<br />

os demais frutos do Espírito.<br />

3 O amor a Deus revela-se de duas<br />

maneiras: interiormente e exteriormente:<br />

(1) Interiormente, mediante a<br />

20 • Compromisso• 3T11<br />

nossa devoção a ele (Sl 40.8). O espírito<br />

voltado para Deus deleita-se na Palavra<br />

do Senhor (Sl 1.2); busca a sua presença<br />

na intimidade da oração ( Jr 29.12-14);<br />

mantém um coração humilde, quebrantado<br />

e contrito perante a sua face<br />

(Sl 34.18; 51.17). (2) Exteriormente,<br />

por meio de uma vida de serviço e<br />

dedicação a ele (1Co 15.58; Gl 2.20;<br />

Hb 6.10).<br />

O AMOR AO PRÓXIMO É A<br />

PROVA DA VERACIDADE DO<br />

MINISTÉRIO CRISTÃO<br />

O ministério <strong>cristão</strong> só fará jus<br />

ao que afirma ser se o seu agir estiver<br />

fundamentado no amor. Se não, será<br />

apenas o exercício de ações vazias de<br />

conteúdo e erroneamente motivadas.<br />

Paulo afirmou que, sem amor, mesmo<br />

os maiores sacrifícios, em nome do cristianismo,<br />

perdem o seu valor para Deus<br />

(1Co 13). De nada adiantará a aparência<br />

de espiritualidade (13.1). Serão<br />

inúteis os profundos conhecimentos<br />

sobre Deus ou mesmo a operação de<br />

milagres (13.2). Perderão o sentido as<br />

obras de caridade e a disposição para o<br />

sacrifício (13.3). Sem amor, o cristianismo<br />

transforma-se em uma religiosidade<br />

vazia e impessoal e distante do<br />

exemplo de Jesus. Eis alguns destaques,<br />

com relação ao amor ao próximo:<br />

1 Amar ao próximo é um mandamento<br />

de Deus; não é um mero acessório opcio-


nal à nossa união com Cristo. 1João 4.7,8,<br />

20 diz: “Amados, amemo-nos uns aos outros,<br />

porque o amor é de Deus; e todo o que ama é<br />

nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que<br />

não ama não conhece a Deus; porque Deus<br />

é amor (...) Se alguém diz: Eu amo a Deus,<br />

e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem<br />

não ama a seu irmão, ao qual viu, não pode<br />

amar a Deus, a quem não viu”.<br />

2 O amor não surge em nós como<br />

um milagre instantâneo. Ele precisa ser<br />

colocado em prática em atos de amor.<br />

Amar é um aprendizado diário e pessoal.<br />

Somos chamados a pedir em oração que<br />

Deus nos dê mais amor e, ao mesmo<br />

tempo, a também agirmos procurando<br />

fazer o bem àqueles que estiverem ao<br />

nosso redor, demonstrando bondade,<br />

boa vontade, gentileza, perdão e disposição<br />

para servir (1Co 13.4-8).<br />

3 As atitudes que caracterizam<br />

o amor estão exemplificadas nestas<br />

expressões mencionadas por Billy<br />

Graham em um de seus livros:<br />

Eu respeito você. Eu vejo você como<br />

você é. Eu aceito você. Eu não usarei<br />

você em meu próprio proveito. Você é<br />

importante para mim.<br />

Joio<br />

Eu cuido de você. O que lhe acontece<br />

é importante para mim. Eu me<br />

importo com a sua vida e com o seu<br />

sucesso. Farei tudo que eu puder para<br />

ser uma bênção em sua vida.<br />

Eu sou responsável por você. Suas<br />

necessidades espirituais me motivarão<br />

a orar sempre por você. Eu corrigirei<br />

você em amor. Não sentirei prazer em<br />

suas falhas e fracassos. Eu não manterei<br />

um registro emocional dos seus erros.<br />

Eu serei paciente. Conte comigo.<br />

CONCLUSÃO<br />

Como ministros/servos de Cristo<br />

precisamos amar nas dimensões vertical<br />

e horizontal. As duas são importantes e<br />

estão unidas entre si. Amar a Deus e ao<br />

próximo resume não apenas o conteúdo<br />

da Lei e dos Profetas; resume a própria<br />

mensagem do cristianismo: “Porque<br />

Deus amou o mundo de tal maneira que<br />

deu o seu Filho unigênito, para que todo<br />

aquele que nele crê não pereça, mas tenha<br />

a vida eterna. (...) Nisto conhecemos o<br />

amor: que Cristo deu a sua vida por nós;<br />

e nós devemos dar a vida pelos irmãos”<br />

(Jo 3.16 e 1Jo 3.16).<br />

"O amor não surge em<br />

nós como um milagre<br />

instantâneo. Ele precisa<br />

ser colocado em prática<br />

em atos de amor. Amar é<br />

um aprendizado diário<br />

e pessoal"<br />

3T11 • ComPromisso • 21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!