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Corrente nº 34 – ago/2012 - WIZO Brasil

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32 corrente<br />

Novos personagens emergem da clandestinidade<br />

significativo o número de en-<br />

É<br />

genhos que tiveram o controle<br />

de cristãos-novos e judeus e o<br />

funcionamento disfarçado de sin<strong>ago</strong>gas<br />

espalhadas pelas ruas da<br />

vila do Recife e seus arredores. Ribemboim, em um<br />

levantamento feito em 1995 lembra que, de preferência,<br />

as sin<strong>ago</strong>gas eram erguidas nos engenhos¹.<br />

Recentemente, achados arqueológicos, numa área<br />

da mata sul, mostraram indícios da existência de<br />

um local de purificação espiritual (micvê) nas ruínas<br />

de uma antiga casa de engenho.<br />

Embora os vínculos religiosos e sócio-comunitários<br />

da população ibérica daquela época estivessem<br />

desfeitos com a passagem dos séculos,<br />

a teia cultural mostra-se, até hoje, resistente e<br />

unifica os sobreviventes através de novos personagens<br />

que emergem da clandestinidade se auto-<br />

-identificando como descendentes dos antigos<br />

cristãos-novos. É possível haver uma relação com<br />

costumes e tradições de uma cultura e de uma<br />

língua herdada dos judeus ibéricos.<br />

No nordeste do <strong>Brasil</strong>, eles foram gradativamente<br />

se incorporando como parte do patrimônio<br />

material e imaterial brasileiro. O professor Marcos<br />

Albuquerque, importante arqueólogo da Universidade<br />

Federal de Pernambuco relata que em suas<br />

viagens pelo interior do nordeste e norte do <strong>Brasil</strong><br />

é muito comum ver túmulos nas margens das<br />

estradas, sem cruzes e com pedrinhas em cima,<br />

como é o costume judaico.<br />

Há também inúmeros relatos de pessoas que<br />

vivem no sertão mencionando, entre outros costumes,<br />

a forma de sepultamento de origem judaica,<br />

ou seja, o falecido é enterrado apenas envolto em<br />

mortalha sem caixão e sem símbolos (cruzes, por<br />

exemplo). Muitas vezes, estas pessoas enfatizam<br />

que foi um desejo exposto à família quando se percebiam<br />

próximos ao passamento.<br />

Ainda existem os vestígios de antigas edificações<br />

que guardam parte dessa história. A Sin<strong>ago</strong>ga<br />

Kahal Zur Israel, na antiga Rua dos Judeus no Bairro<br />

do Recife, o engenho Camaragibe no município<br />

do mesmo nome, a casa de Branca Dias em Olinda<br />

e tantos outros espaços físicos. O apego às tradições<br />

da kashrut (leis dietéticas judaicas) identificadas<br />

em denúncias contra os cristãos-novos do século<br />

XVI<strong>–</strong>XVII permaneceram, em muitos casos, de<br />

forma inconsciente nos costumes alimentares da<br />

população em Pernambuco e em outros estados do<br />

nordeste do <strong>Brasil</strong>.<br />

Muitas informações foram reveladas nas histórias<br />

contadas às autoridades religiosas da época.<br />

Nelas, o quadro figurativo do judaísmo aparece

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