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O Espírito da Verdade - GE Fabiano de Cristo

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Começaram para mim os recados escusos, os telefonemas<br />

inesperados, as cartas anônimas e os conselhos <strong>de</strong> família, reunindo<br />

várias acusações.<br />

– “Marina <strong>de</strong>sertara dos compromissos ao lar.”<br />

– “Marina era ingrata e infiel.”<br />

– “Marina respirava numa poça <strong>de</strong> lama.”<br />

– “Marina tornara-se irregular.”<br />

Muitas vezes, minha própria mãe, zelosa <strong>de</strong> nosso nome,<br />

chamava-me a brios, indicando-me providências.<br />

Amigos segre<strong>da</strong>vam-me anedotas irreverentes com sentido<br />

indireto.<br />

Lutas enormes do sentimento ditavam-me <strong>de</strong>sesperados conflitos.<br />

Acabou-se em casa a alegria espontânea.<br />

Debal<strong>de</strong>, a companheira se inocentava, alertando-me o coração;<br />

entretanto, <strong>de</strong>nsas trevas possuíam-me o raciocínio, induzindo-me<br />

a criar assombrosos quadros em torno <strong>de</strong> faltas inexistentes.<br />

Como se eu fora puro, exigia pureza em minha mulher. Qual<br />

se fosse santo, reclamava-lhe santi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Deplorável cegueira humana!<br />

Foi assim que, numa tar<strong>de</strong> inesquecível para o remorso que<br />

me vergasta, tilintou o telefone, buscando-me para aviso.<br />

Três horas <strong>da</strong> tar<strong>de</strong>...<br />

Anuncia-me alguém ao cérebro atormentado que um estranho<br />

se achava em meu aposento íntimo.<br />

Desvairado, tomei <strong>de</strong> um revólver e busquei minha casa.<br />

Sem barulho, penetrei nossa câmara e, <strong>de</strong> olhos embaciados<br />

no <strong>de</strong>sespero, vi Marina curva<strong>da</strong>, ao lado <strong>de</strong> um homem que se<br />

curvava igualmente a dois passos <strong>de</strong> nosso leito.<br />

Não tive dúvi<strong>da</strong> e alvejei-os, agoniado... Vi-lhes o sangue a<br />

misturar-se, enquanto me <strong>de</strong>itavam olhares <strong>de</strong> imensa angústia, e<br />

porque não pu<strong>de</strong>sse, eu mesmo, resistir a tamanha <strong>de</strong>sdita,<br />

estilhacei meu crânio, com bala certa, caindo, logo após, para

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