Entre uma carta e outra.pmd - Teia Notícias
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máxima, pois a cada entrevista realizada a sensação de euforia aumentava. Porém<br />
- sempre há um “porém” - acordei atrasado e <strong>uma</strong> série de empecilhos começaram<br />
a surgir e o atraso começava a aumentar. Será que a entrevista ocorreu? Será que<br />
foi adiada? Quem sabe cancelada? A resposta, é claro, você encontra no livro.<br />
No final de semana a barraca montada pelos carteiros foi desarmada e todos<br />
os grevistas ferrenhos foram para suas casas descansar, tendo em vista que segundafeira<br />
bem cedinho o piquete deveria estar montado novamente. E foi isso que<br />
ocorreu no início da semana. Antes mesmo de começar o expediente do pessoal<br />
da administração dos Correios, os carteiros já haviam se estabelecido na calçada<br />
em frente ao edifício administrativo.<br />
Durante a semana que passou e essa que se iniciava agora, os trabalhadores<br />
em greve conseguiram companhia de muitas pessoas que não faziam parte do<br />
quadro trabalhista da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. A grande<br />
maioria desses “estrangeiros” era formada por repórteres de rádio e televisão,<br />
jornalistas de jornais impressos e online e repórteres fotográficos e<br />
cinematográficos. Assumo que também ataquei de fotógrafo em alguns<br />
momentos. Humildade à parte, as fotografias ficaram com boa qualidade e podem<br />
ser conferidas no livro.<br />
Apesar de muitos colegas de profissão estarem presentes em alternados dias<br />
de greve, inclusive com telejornais pautando protestos e panelaços para que eles<br />
aconteçam no horário determinado para que possa ser mostrado ao vivo, pouco<br />
foi falado sobre os carteiros, peça chave da greve.<br />
A mídia, de <strong>uma</strong> maneira geral, acabou realizando <strong>uma</strong> cobertura jornalística<br />
padrão, utilizando sempre as mesmas fontes, como o secretário geral do Sindicato<br />
dos Carteiros, mesmas imagens - panelaço dentro e fora das agências, caminhada<br />
até o calçadão da Rua XV de Novembro, lavagem da calçada da sede dos Correios,<br />
carro de som com o volume altíssimo entre <strong>outra</strong>s figuras já saturadas.<br />
<strong>Entre</strong> os dias que ocorreram as greves pude observar bem o vai-e-vem dos<br />
jornalistas encarregados de cobrir as manifestações. A maioria chegou durante o<br />
período do almoço, fez <strong>uma</strong> entrevista e foi embora. Os fotógrafos tiraram meia<br />
dúzia de retratos e voltaram correndo para a redação para poder passar as fotos<br />
para o computador.<br />
Todos os trabalhadores, inclusive meus colegas de redação do Jornal do Estado,<br />
vivem sempre na correria para fechar a edição do jornal de amanhã ou para<br />
manter o portal de notícias online do veículo sempre atualizado. A falta de tempo<br />
para aprofundar determinados temas caminha junto sempre do estresse cotidiano<br />
causado por tudo que está em nossa volta (ônibus lotado, trânsito, dia chuvoso,<br />
discussões com amigos, etc.), trazendo então um desinteresse forçado do jornalista<br />
por <strong>uma</strong> reportagem mais aprofundada e dinâmica.<br />
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