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Entre uma carta e outra.pmd - Teia Notícias

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que está conhecendo sua nova rota. Hoje, Oswaldo já sabe de cor e salteado<br />

todas as residências que abrigam os animais, mas há três meses, quando iniciou<br />

o seu novo roteiro, era <strong>uma</strong> casa, um perigo. Nesse trimestre inicial não houve<br />

mordidas, só alg<strong>uma</strong>s fugas de cachorros que odeiam carteiros e muitas<br />

chuvas. “Nós não podemos parar na chuva, o serviço continua. Eles [Correios]<br />

fornecem <strong>uma</strong> espécie de capa que não protege, só molha e por dentro sua.<br />

Prefiro não usar”, conta ele enquanto toca o interfone de um sobrado em busca<br />

de <strong>uma</strong> sonhada assinatura do morador, coisa muito difícil de acontecer,<br />

conforme relata Wadão. Depois dos cachorros e mudanças climáticas durante<br />

o dia, a não entrega de correspondências por falta de alguém assinar um pacote<br />

é outro problema. São três dias de tentativas, ou seja, três dias com peso extra.<br />

Depois desse tempo, a pessoa que receberia a encomenda terá que ir ao CDD<br />

da sua região para retirá-la.<br />

Quadras são andadas, ruas atravessadas e <strong>carta</strong>s são entregues. A conversa<br />

continua e um novo problema é relatado: as caixinhas. Existem de tudo que é<br />

tipo: de ferro, plástico, coloridas, grandes, pequenas, muito altas ou muito<br />

baixas – facilitando para os cachorros. Apesar de muitos problemas<br />

enfrentados, Wadão leva tudo muito na esportiva, não há tempo ruim com<br />

ele. Para um problema citado, há <strong>uma</strong> história cômica e trágica a ser contada,<br />

como no dia em que ele estava se dirigindo a <strong>uma</strong> rua sem saída e quando se<br />

aproximava da última casa percebeu que a caixinha de <strong>carta</strong>s estava diferente,<br />

parecia maior a cada passo dado. Quando estava a menos de um metro da<br />

suspeita caixa, mais correria, era <strong>uma</strong> colméia, cheia de abelhas que o<br />

perseguiram por <strong>uma</strong> interminável quadra.<br />

Depois de milhares de quilômetros já andados e alg<strong>uma</strong>s centenas corridos,<br />

Oswaldo finalmente anda sossegado. Uma semana antes do feriado de 7 de<br />

setembro ele teve <strong>uma</strong> surpresa ao descer do ônibus que o deixa na sua área de<br />

atuação. Havia um cachorro, de porte grande, deitado na calçada, como quem<br />

não quer nada, só observando a sua movimentação na quadra. Quando dobrou<br />

a esquina, ele ouviu uns latidos, olhou para trás e lá estava o cão. Andou um<br />

pouco, o animal foi atrás. Atravessou a rua, mesma coisa. Tentou dar um<br />

“chispa” no cachorro. Não adiantou. Então pensou: <strong>uma</strong> hora ele cansa. Ainda<br />

não cansou. E desde então, aonde o Wadão vai o cachorro vai atrás.<br />

N<strong>uma</strong> espécie de Dom Quixote e Sancho Pancho, os dois caminham<br />

diariamente pelas ruas calmas do bairro. Quando chegam à Rua Via Vêneto,<br />

que dispõe de maior tráfego de automóveis, Wadão não espera a primeira<br />

oportunidade e sai correndo para atravessá-la. Com muita calma e paciência,<br />

ele aguarda o momento certo para que ele e seu fiel escudeiro consigam<br />

atravessar a rua sem perigo. Essa não é sua única preocupação com seu novo<br />

companheiro. Oswaldo mostra a pata esquerda dianteira do cachorro, onde<br />

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