A história da Fundação Banco do Brasil: realizar
A história da Fundação Banco do Brasil: realizar
A história da Fundação Banco do Brasil: realizar
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
64<br />
“<br />
Meu nome é Luiz Ferreira <strong>da</strong> Silva. Eu nasci no<br />
dia 26 de março de 1955, em Patos de Minas, em<br />
Minas Gerais. Meu pai era pedreiro, e a minha mãe sempre<br />
tomou conta <strong>da</strong> casa e <strong>do</strong>s filhos. Eu resolvi vir para<br />
Brasília, depois <strong>do</strong> ensino médio, para ingressar na UnB.<br />
Surgiu, então, a oportuni<strong>da</strong>de de fazer o concurso para<br />
o <strong>Banco</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. Naquele momento, o <strong>Banco</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong><br />
significava tanto a sobrevivência quanto a certeza de ter<br />
um futuro. Tive a honra de trabalhar com contabili<strong>da</strong>de na<br />
COGER, onde fiquei 19 anos.<br />
Em 1996, fui convi<strong>da</strong><strong>do</strong> para trabalhar na Contabili<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção <strong>Banco</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>. Vislumbrei um trabalho<br />
contábil, mas com enfoque social. Os números <strong>da</strong> nossa<br />
contabili<strong>da</strong>de traduzem e mensuram ganhos sociais. To<strong>do</strong><br />
funcionário deveria vir, conhecer, construir um pe<strong>da</strong>cinho<br />
<strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção e retornar aos quadros <strong>do</strong> <strong>Banco</strong>.<br />
Quan<strong>do</strong> eu cheguei, a Fun<strong>da</strong>ção tinha um montante<br />
de dinheiro que não podia usar inteiramente em seus<br />
programas sociais, porque ele se extinguiria também.<br />
O <strong>Banco</strong>, por sua vez, não podia repassar recursos para a<br />
Fun<strong>da</strong>ção, porque estava ten<strong>do</strong> prejuízo. A saí<strong>da</strong> foi buscar,<br />
junto a outros órgãos <strong>da</strong> área priva<strong>da</strong> e governamental,<br />
recursos para aplicar no social. Passou-se, também, a se<br />
fazer convênios com o Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego, a<br />
partir de 1997. De lá para cá, esses convênios cresceram,<br />
devi<strong>do</strong> ao grande profissionalismo <strong>do</strong>s colegas <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />
no trato de recursos públicos. Na Fun<strong>da</strong>ção <strong>Banco</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong>,<br />
eu aprendi que o ser humano, se instiga<strong>do</strong> a trabalhar, cria<br />
um potencial muito grande de aju<strong>da</strong> ao seu semelhante .<br />
“<br />
A maioria vinha <strong>da</strong> roça para ficar na casa de algum<br />
parente e virava menino de rua. Criamos uma escola,<br />
nos arre<strong>do</strong>res de Paracatu, onde a criança passava o<br />
dia: estu<strong>da</strong>va, <strong>do</strong>rmia e aprendia ofícios para aju<strong>da</strong>r<br />
o seu pai. Paracatu zerou menino de rua, zerou velhinho<br />
pedin<strong>do</strong> esmola.<br />
A partir dessa experiência, criamos o Programa<br />
Homem <strong>do</strong> Campo. Selecionamos três ci<strong>da</strong>des, três<br />
municípios por Esta<strong>do</strong>, e fizemos uma reunião aqui<br />
em Brasília com os gerentes e os prefeitos. Eu<br />
disse: “Eu não quero funcionário no meu gabinete<br />
só len<strong>do</strong> friamente o papel. Vai ver a reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />
<strong>Brasil</strong>.” Teve gente que an<strong>do</strong>u em cima de caminhão,<br />
senta<strong>do</strong> num saco de farinha, gente que<br />
<strong>do</strong>rmiu em rede, gente que chegou num lugar sem<br />
sanitário...<br />
ÁGUA DE OLIVEIRA<br />
A ci<strong>da</strong>de de Oliveira, na Paraíba, estava nessa<br />
pobreza louca de fome, <strong>da</strong> seca, e a ci<strong>da</strong>de tem<br />
40% de pessoas com cólera. A ca<strong>da</strong> 100 crianças<br />
nos primeiros <strong>do</strong>is meses, 25% morrem. Nós fizemos<br />
um convênio com a universi<strong>da</strong>de, que desenvolvia<br />
um aparelhinho que os navios <strong>da</strong> marinha<br />
usam no alto-mar para tirar o sal <strong>da</strong> água, o dessaliniza<strong>do</strong>r,<br />
uma coisinha pequena, que custava R$ 10<br />
mil na época. Implantamos lá em Oliveira. Tira to<strong>do</strong><br />
o sal, além de tirar aqueles microrganismos inconvenientes.<br />
Seis meses depois, a mortali<strong>da</strong>de infantil,<br />
que era de 25%, abaixou para <strong>do</strong>is ou menos de<br />
<strong>do</strong>is e zerou a cólera. Esse projeto foi difundi<strong>do</strong> em<br />
muitas ci<strong>da</strong>des <strong>do</strong> Nordeste. Uma velhinha, numa<br />
comuni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Norte, depois de ter<br />
experimenta<strong>do</strong> a água, disse: “Meu Deus, eu não<br />
sabia, a água é uma coisa tão gostosa!” Essa experiência<br />
foi muito forte.<br />
A marca <strong>da</strong> minha gestão foi redirecionar a<br />
Fun<strong>da</strong>ção para os grandes projetos e focos, essa grandeza<br />
no pensar. A Fun<strong>da</strong>ção e o <strong>Banco</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> têm<br />
um compromisso com a socie<strong>da</strong>de brasileira de aju<strong>da</strong>r<br />
o país a ser melhor. Eu penso assim: dê asas para que<br />
a Fun<strong>da</strong>ção <strong>Banco</strong> <strong>do</strong> <strong>Brasil</strong> voe e ajude a construir o<br />
<strong>Brasil</strong> que nós teremos no futuro. Certamente tenho<br />
muito orgulho de ter participa<strong>do</strong> de tu<strong>do</strong> isso.