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Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão ... - UFG

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10032 - 10036<br />

Efeitos <strong>do</strong> 4-fluorbenzal<strong>de</strong>i<strong>do</strong>tiossemicabazona sobre a progressão <strong>do</strong> ciclo<br />

celular, indução <strong>de</strong> apoptose e autofagia em células <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nocarcinoma<br />

prostático PC-3<br />

1 Bruna <strong>do</strong>s Santos RODRIGUES, 1 Marize Campos VALADARES, 1 Polyana Lopes<br />

BENFICA, 2 Cecília Maria Alves <strong>de</strong> OLIVEIRA.<br />

1 Laboratório <strong>de</strong> Farmacologia e Toxicologia Celular- FARMATEC, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Farmácia, <strong>UFG</strong>, Goiânia-GO. 2 Laboratório <strong>de</strong> Bioativida<strong>de</strong> Molecular- Instituto <strong>de</strong><br />

Química, <strong>UFG</strong>, Goiânia-GO.<br />

brunarodrigues04@hotmail.com<br />

Palavras-chave: tiossemicarbazona, câncer <strong>de</strong> próstata, PC-3, autofagia<br />

1. Introdução<br />

O câncer <strong>de</strong> próstata, segun<strong>do</strong> a última estimativa mundial (FERLAY et al,<br />

2008) é o segun<strong>do</strong> câncer mais diagnostica<strong>do</strong> em homens e o quinto tipo com maior<br />

incidência no mun<strong>do</strong>. Essa estimativa também se repete no Brasil (BRASIL, 2011). É<br />

notadamente reconheci<strong>do</strong> como um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à gran<strong>de</strong>za<br />

no quadro <strong>de</strong> morbimortalida<strong>de</strong> masculina e ao consenso nos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> controle e<br />

prevenção (GOMES et al., 2008).<br />

Sua incidência tem aumenta<strong>do</strong> progressivamente ao longo <strong>do</strong>s anos<br />

(GUERRA; GALLO; MENDONÇA, 2005). As condutas terapêuticas <strong>do</strong> câncer <strong>de</strong><br />

próstata ainda são limitadas. Com o aumento da incidência novas abordagens são<br />

necessárias, uma opção é a quimioprevenção, que po<strong>de</strong> prevenir, diminuir ou<br />

reverter sua ocorrência pela administração <strong>de</strong> compostos naturais ou sintéticos<br />

(ADHAMI et al., 2007).<br />

A molécula 4-fluorbenzal<strong>de</strong>i<strong>do</strong>tiossemicarbazona (4-FTC) é bastante<br />

promissora como uma candidata a novo fármaco para o tratamento ou prevenção <strong>do</strong><br />

câncer <strong>de</strong> próstata. Devi<strong>do</strong> a esse potencial, investigamos seus efeitos na indução<br />

da apoptose, autofagia e progressão <strong>do</strong> ciclo celular nas células <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nocarcinoma<br />

prostático PC-3.<br />

Capa Índice 10032


2. Material e méto<strong>do</strong>s<br />

O 4-fluorbenzal<strong>de</strong>i<strong>do</strong>tiossemicarbazona (4-FTC) foi sintetiza<strong>do</strong> pelo<br />

Laboratório <strong>de</strong> Bioativida<strong>de</strong> Molecular <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Química, <strong>UFG</strong>, coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong><br />

pela professora Drª Cecília Maria Alves <strong>de</strong> Oliveira, para objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

A linhagem celular <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nocarcinoma <strong>de</strong> próstata PC-3 foi mantida em meio<br />

<strong>de</strong> cultura HAM-F12, suplementa<strong>do</strong> com 10% <strong>de</strong> soro fetal bovino e antibióticos, em<br />

atmosfera conten<strong>do</strong> 5 % <strong>de</strong> CO2 a 37ºC. Para avaliar o potencial indutor <strong>de</strong><br />

apoptose, as células (1x10 6 ) foram cultivadas em placa <strong>de</strong> Petri <strong>de</strong> 35x10 mm estéril<br />

e expostas ao 4-FTC (0,02 µM) por 48 h. Foram lavadas com PBS e coradas com o<br />

corante Giemsa. As alterações morfológicas foram observadas em microscopia<br />

óptica <strong>de</strong> campo claro.<br />

A externalização da fosfatidilserina foi analisada através da marcação com<br />

Anexina V-FITC/IP. Na <strong>de</strong>terminação das fases <strong>do</strong> ciclo celular as células PC-3<br />

foram fixadas com solução fixa<strong>do</strong>ra (etanol a 70% gela<strong>do</strong>), e incubadas a 4 °C, 24 h;<br />

lavadas em PBS gela<strong>do</strong> e ressuspendidas com solução conten<strong>do</strong> 200 µg/mL <strong>de</strong><br />

RNAse A e 50 µg/mL <strong>de</strong> IP (io<strong>de</strong>to <strong>de</strong> propídio), incubadas a 4 °C, protegidas <strong>de</strong> luz<br />

por 1 h. Para a análise da indução <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> vesículas ácidas autofágicas, as<br />

células foram marcadas com o corante laranja <strong>de</strong> acridina. As amostras foram<br />

analisadas por citometria <strong>de</strong> fluxo (FACSCanto II, Becton Dickinson).<br />

Os resulta<strong>do</strong>s das avaliações foram expressos em média e <strong>de</strong>svio padrão. A<br />

diferença entre controle e células tratadas com 4-FTC foi avaliada usan<strong>do</strong> teste t não<br />

parea<strong>do</strong>, a diferença entre grupos por análise <strong>de</strong> variância (ANOVA) e o teste <strong>de</strong><br />

Tukey para múltiplas comparações. A significância estatística foi consi<strong>de</strong>rada<br />

quan<strong>do</strong> p < 0.05. As análises estatísticas foram realizadas usan<strong>do</strong> o software<br />

GraphPad Prism (versão 5.0).<br />

3. Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />

Os mecanismos <strong>de</strong> morte celular, principalmente as vias indutoras <strong>de</strong><br />

apoptose, são alvos importantes para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos agentes<br />

quimioterápicos. A ativida<strong>de</strong> indutora <strong>de</strong> apoptose na linhagem celular PC-3 não foi<br />

observada através da análise morfológica, pois apenas alterações discretas não<br />

características <strong>de</strong> apoptose foram observadas, compara<strong>do</strong> ao controle (Figura 1),<br />

Capa Índice 10033


A<br />

apesar <strong>do</strong> efeito antiproliferativo <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>. Os sinais <strong>de</strong> morte foram analisa<strong>do</strong>s<br />

pela dupla marcação com anexina V e io<strong>de</strong>to <strong>de</strong> propídio. A figura 3d mostra que as<br />

pequenas modificações observadas não foram estatisticamente significativas. Assim<br />

sen<strong>do</strong>, a morte por apoptose não foi induzida pelo 4-FTC na concentração e tempo<br />

<strong>de</strong> exposição a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s. SOARES, GUILLO, OLIVEIRA, 2008, <strong>de</strong>monstraram que<br />

alguns <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> tiossemicarbazona tiveram ativida<strong>de</strong> antiproliferativa e indutora<br />

<strong>de</strong> apoptose em células <strong>de</strong> melanoma humano SK-MEL-37; uma investigação com<br />

outras concentrações <strong>de</strong> 4-FTC po<strong>de</strong>rá indicar se também possui essa proprieda<strong>de</strong>.<br />

A<br />

Figura 1: Células PC-3 coradas com Giemsa após 48 h <strong>de</strong> exposição a 4-FTC, incubadas a<br />

37ºC, 5% <strong>de</strong> CO2. A- Células controle-não tratadas, B- células tratadas com 4-<br />

FTC (0,02 µM), apresentan<strong>do</strong> alterações morfológicas discretas e efeito<br />

antiproliferativo.<br />

Para investigar outro tipo <strong>de</strong> morte possivelmente induzi<strong>do</strong> pelo 4-FTC<br />

avaliamos a indução da formação <strong>de</strong> vesículas ácidas autofágicas, características <strong>de</strong><br />

autofagia. O 4-FTC foi capaz <strong>de</strong> aumentar o número <strong>de</strong> vesículas autofágicas ácidas<br />

formadas (15,8%) (figura 2), comparadas ao controle (6,3%), <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong>, assim,<br />

que induziu a morte por autofagia.<br />

Fluorescência PercP<br />

PC-3 controle PC-3 0,013 µM<br />

Fluorescência FITC<br />

Figura 2: a) Histogramas representan<strong>do</strong> a indução da formação <strong>de</strong> vesículas autofágicas<br />

ácidas (VAAs) em células PC-3 controle e tratadas com 4-FTC. b) Porcentagem<br />

<strong>de</strong> vesículas autofágicas ácidas induzidas após tratamento com 4-FTC. Os<br />

B<br />

B<br />

VAAs (%)<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

*<br />

Controle 0,013mM<br />

Capa Índice 10034


esulta<strong>do</strong>s representam a média ± <strong>de</strong>svio padrão. Os da<strong>do</strong>s são representativos<br />

<strong>de</strong> três experimentos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (*p


células viáveis, A-/IP+=% <strong>de</strong> apoptose recente, A+/IP+=% <strong>de</strong> apoptose tardia,<br />

A+/PI-=% <strong>de</strong> necrose (*p< 0.05).<br />

4. Conclusões<br />

Os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstraram que o 4-FTC possui ativida<strong>de</strong> antiproliferativa<br />

nas células PC-3, induzin<strong>do</strong> a morte por autofagia. Não induziu a morte por<br />

apoptose e aumentou o número <strong>de</strong> células na fase sub-G1 na progressão <strong>do</strong> seu<br />

ciclo celular, indican<strong>do</strong> sua citotoxicida<strong>de</strong>.<br />

5. Referências bibliográficas<br />

ADHAMI, V.M.; MALIK, A.; ZAMAN, N.; SARFARAZ, S.; SIDDIQUI. A.; SYED, D.N.;<br />

AFAQ, F.; PASHA, F.S.; SALEEM, M.. MUKHTAR, H. Combinated inhibitory effects<br />

of green tea of polyphenols and selective cyclooxygenase-2 inhibitors on the growth<br />

of human prostate cancer cells both in vitro and in vivo. Clin Cancer Res; 13(5)<br />

March1, 2007<br />

BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Instituto Nacional <strong>de</strong> Câncer. Estimativa 2012:<br />

incidência <strong>de</strong> câncer no Brasil / Instituto Nacional <strong>de</strong> Câncer. – Rio <strong>de</strong> Janeiro: INCA,<br />

2011.<br />

FERLAY, J.; SHIN, H.R.; BRAY, F.; FORMAN, D.; MATHERS, C. e PARKIN, D.M.<br />

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<strong>do</strong> câncer <strong>de</strong> próstata: uma revisão da literatura. Ciência & Saú<strong>de</strong> Coletiva, 13(1):<br />

235-246, 2008.<br />

GUERRA, M.R.; GALLO, C.V.M.; MENDONÇA, G.A.S. Risco <strong>de</strong> câncer no Brasil:<br />

tendências e estu<strong>do</strong>s epi<strong>de</strong>miológicos mais recentes. Revista Brasileira <strong>de</strong><br />

Cancerologia, 51(3): 227-234, 2005.<br />

SOARES, P.R.O.; GUILLO, L.A.; OLIVEIRA, C.M.A. Ativida<strong>de</strong> antiproliferativa <strong>de</strong><br />

benzal<strong>de</strong>í<strong>do</strong> canfeno tiossemicarbazonas em células <strong>de</strong> melanoma humano<br />

(SK-MEL-37). Dissertação (Mestra<strong>do</strong> em Biologia). Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás,<br />

2008.<br />

Apoio financeiro: Capes, CNPq, FINEP, FUNAPE.<br />

Capa Índice 10036


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10037 - 10041<br />

UTILIZAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES DE PROFILAXIA DE TERAPIA<br />

ANTIRRETROVIRAL E DEMAIS CONDUTAS RELACIONADAS À TRANSMISSÃO<br />

VERTICAL DO HIV EM GESTANTES DURANTE O PRÉ-NATAL, PARTO E<br />

PUÉRPERIO EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DE GOIÁS<br />

Bruna Lígia Ferreira ALMEIDA; Janaína Valadares GUIMARÃES.<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Enfermagem – WWW.fen.ufg.br<br />

Palavras – chave: Transmissão Vertical, HIV, Gestante.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Há mais <strong>de</strong> duas décadas o mun<strong>do</strong> convive com a epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> aids. Des<strong>de</strong><br />

então muito se <strong>de</strong>scobriu sobre formas <strong>de</strong> transmissão, terapias medicamentosas<br />

mais eficazes, marca<strong>do</strong>res laboratoriais mais precisos, imunogenicida<strong>de</strong>, entretanto,<br />

ainda é evi<strong>de</strong>nte o preconceito que as pessoas sofrem após a realização <strong>do</strong><br />

diagnóstico (CARVALHO; GALVÃO, 2008).<br />

Nos últimos anos houve uma mudança <strong>do</strong> perfil da epi<strong>de</strong>mia, chama<strong>do</strong> por<br />

feminização da epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> HIV, um número crescente <strong>de</strong> mulheres em to<strong>do</strong> o<br />

mun<strong>do</strong> estão infectadas, sen<strong>do</strong> que mulheres e meninas constituem quase meta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> todas as pessoas que vivem com HIV/aids, as mulheres jovens entre 15 e 24<br />

anos são duas vezes mais propensas a viver com a <strong>do</strong>ença na população (QUINN,<br />

2005; REMIEN, 2009). A feminização da epi<strong>de</strong>mia têm numerosas consequências,<br />

<strong>de</strong>ntre elas, o aumento <strong>do</strong> número <strong>de</strong> crianças infectadas pelo HIV ten<strong>do</strong> a<br />

transmissão vertical como principal via <strong>de</strong> infecção (SILVA et al., 2010).<br />

Os principais fatores que contribuem para a vulnerabilida<strong>de</strong> das mulheres à<br />

aids são: menor escolarida<strong>de</strong>, condição socioeconômica menos privilegiada,<br />

relaciona<strong>do</strong> à raça, etnia, vida extraconjugal <strong>do</strong>s parceiros, violência sexual, entre<br />

outros (SANTOS et al., 2002; DECKER, 2009). De acor<strong>do</strong> com o Centers For<br />

Disease Control and Prevention (CDC) o uso <strong>de</strong> drogas injetáveis se tornou um fator<br />

fundamental da feminização da epi<strong>de</strong>mia em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> (CDC, 2009).<br />

Dentro <strong>de</strong>sse contexto, e vislumbran<strong>do</strong> a problemática <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong><br />

número <strong>de</strong> mulheres em ida<strong>de</strong> reprodutiva porta<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> HIV, torna-se necessária a<br />

utilização <strong>de</strong> medidas que controle a crescente transmissão vertical <strong>de</strong>sse vírus.<br />

A transmissão vertical po<strong>de</strong> ocorrer no perío<strong>do</strong> intrauterino, intraparto e após<br />

o parto através <strong>do</strong> aleitamento materno. A maioria <strong>do</strong>s casos ocorre durante o<br />

Capa Índice 10037


trabalho <strong>de</strong> parto e durante o parto (60% - 65%) e o restante (35% - 40%) no perío<strong>do</strong><br />

intrauterino, principalmente nas últimas semanas <strong>de</strong> gestação, em estu<strong>do</strong>s<br />

realiza<strong>do</strong>s em locais on<strong>de</strong> as mães não amamentaram seus bebês (NISHIMOTO et<br />

al., 2005). A amamentação eleva o risco <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> 7% até 22% por<br />

exposição (mamada) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).<br />

A taxa <strong>de</strong> transmissão vertical <strong>do</strong> HIV, sem intervenção situa-se em torno <strong>de</strong><br />

20% e com o uso combina<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas intervenções po<strong>de</strong> ser reduzida para<br />

menos que 1% (LANA, LIMA; 2010).<br />

Em 2006, o Ministério da Saú<strong>de</strong>, por meio <strong>do</strong> Programa Nacional <strong>de</strong><br />

Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e aids reuniu o Comitê Assessor para<br />

Recomendações <strong>de</strong> profilaxia da transmissão vertical <strong>do</strong> HIV e terapia antirretroviral<br />

em gestantes, que revisou as Recomendações <strong>de</strong> Terapia Antirretroviral (TARV) e<br />

as <strong>de</strong>mais condutas relacionadas a profilaxia da transmissão vertical <strong>do</strong> HIV<br />

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Em 2010 houve uma reformulação <strong>de</strong>ste Manual<br />

<strong>de</strong> Recomendações <strong>de</strong> profilaxia da transmissão vertical <strong>do</strong> HIV e terapia<br />

antirretroviral em gestantes, on<strong>de</strong> algumas informações foram mantidas e outras<br />

acrescentadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).<br />

Embora a TARV seja <strong>de</strong> oferta universal no Brasil, ainda é gran<strong>de</strong> a<br />

proporção <strong>de</strong> gestantes infectadas pelo HIV que não são sujeitas às ações<br />

profiláticas recomendadas pelo Plano Nacional – DST/aids. Gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>stas<br />

mulheres não tem acesso ao teste <strong>de</strong> HIV, seja pela sua condição social, seja por<br />

falhas no sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (SOUZA JR et al., 2004).).<br />

Basea<strong>do</strong> no contexto acima é <strong>de</strong> fundamental importância investigar se<br />

estão sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s os cuida<strong>do</strong>s preconiza<strong>do</strong>s pelo Ministério da Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com as Recomendações para Profilaxia da Transmissão Vertical <strong>do</strong> HIV e<br />

Terapia Antirretroviral em gestantes, durante o pré-natal, parto e puerpério das<br />

gestantes HIV positivas atendidas no Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) em Goiânia, o<br />

que torna relevante a execução <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

Através <strong>de</strong>ssas ações irá se tornar possível e real, a queda <strong>do</strong>s índices <strong>de</strong><br />

transmissão vertical <strong>do</strong> HIV na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia.<br />

É <strong>de</strong> extrema importância a atuação <strong>do</strong> enfermeiro no cuida<strong>do</strong> a gestante<br />

HIV positivo e ao recém – nasci<strong>do</strong> (RN) exposto, pois esse profissional é<br />

responsável pelo acompanhamento e cuida<strong>do</strong> presta<strong>do</strong> a esse público durante o<br />

Capa Índice 10038


pré-natal, parto e puerpério, sen<strong>do</strong> assim o profissional <strong>de</strong> enfermagem assiste a<br />

to<strong>do</strong> o ciclo passível <strong>de</strong> ocorrer a transmissão vertical <strong>de</strong>ssa e <strong>de</strong> <strong>de</strong>mais infecções.<br />

Enfim, através <strong>de</strong>sse estu<strong>do</strong> torna-se possível o acompanhamento próximo<br />

para análise <strong>do</strong> perfil sócioeconômico e <strong>de</strong>mográfico das gestantes HIV positivas, a<br />

avaliação <strong>do</strong>s aspectos fisiológicos e clínicos <strong>de</strong>ssas gestantes atendidas em<br />

Goiânia, além da análise <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>s profissionais que lidam com as<br />

gestantes HIV positivo acerca <strong>do</strong> tema em estu<strong>do</strong>.<br />

Este estu<strong>do</strong> tem como objetivos: verificar se as medidas recomendadas pelo<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong> como controle da transmissão vertical <strong>do</strong> HIV estão sen<strong>do</strong><br />

a<strong>do</strong>tadas pelas gestantes e profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maternida<strong>de</strong> pública <strong>de</strong><br />

Goiânia; Traçar o perfil sócio-<strong>de</strong>mográfico das mulheres e relacioná-los à<br />

transmissão vertical <strong>do</strong> HIV; I<strong>de</strong>ntificar os principais fatores <strong>de</strong> risco relaciona<strong>do</strong>s à<br />

transmissão vertical <strong>do</strong> HIV durante o pré-natal, parto e puerpério; Verificar quais as<br />

medidas a<strong>do</strong>tadas pelos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para reduzir a transmissão vertical<br />

<strong>do</strong> HIV e analisar o conhecimento <strong>do</strong>s profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que lidam com<br />

gestantes HIV positivos, sobre as medidas profiláticas da transmissão vertical <strong>do</strong><br />

HIV.<br />

MATERIAL E MÉTODO<br />

O estu<strong>do</strong> foi dividi<strong>do</strong> em três etapas que correspon<strong>de</strong>m a: Revisão da literatura;<br />

Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritivo, retrospectivo, transversal, <strong>de</strong> abordagem quantitativa para traçar o<br />

perfil sócio-<strong>de</strong>mográfico das mulheres e relacioná-los à transmissão vertical <strong>do</strong> HIV;<br />

estimar os principais fatores <strong>de</strong> risco e quais as medidas a<strong>do</strong>tadas pelos<br />

profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para reduzir a transmissão vertical <strong>do</strong> HIV nos perío<strong>do</strong>s prénatal,<br />

parto e puerpério Será estuda<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> entre janeiro <strong>de</strong> 2006 a <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 2011; Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritivo, prospectivo, transversal, <strong>de</strong> abordagem quantitativa para<br />

traçar o conhecimento <strong>do</strong>s profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da Instituição em estu<strong>do</strong>, em<br />

como lidar com gestantes HIV positivo no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> parto e puerpério.<br />

A fonte <strong>de</strong> informação para esse estu<strong>do</strong> foi composta pelo prontuário médico <strong>de</strong><br />

cada gestante, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> foram coleta<strong>do</strong>s e transcritos em formulário próprio, da<strong>do</strong>s sócio<strong>de</strong>mográficos<br />

(ida<strong>de</strong>, cor, esta<strong>do</strong> civil, escolarida<strong>de</strong>, ocupação, renda familiar); as<br />

<strong>do</strong>enças <strong>de</strong> base maternas e a história obstétrica. Além disso, foram aplica<strong>do</strong>s aos<br />

Capa Índice 10039


profissionais questionários próprios que visavam analisar o conhecimento <strong>do</strong>s mesmos<br />

sobre o tema em estu<strong>do</strong>.<br />

Para a análise estatística será elaborada uma planilha eletrônica. As informações<br />

serão analisadas através <strong>do</strong> programa eletrônico Sigma Start versão 4.0. Os da<strong>do</strong>s<br />

quantitativos serão analisa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>scritivamente através <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> freqüências,<br />

médias e <strong>de</strong>svio padrão. Em seguida, as variáveis normais, homocedásticas, serão<br />

analisadas utilizan<strong>do</strong>-se testes paramétricos, na comparação entre <strong>do</strong>is grupos, o teste "t"<br />

<strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt; e na comparação entre três ou mais grupos a análise <strong>de</strong> variância (ANOVA),<br />

segui<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teste <strong>de</strong> Dunn. Para a distribuição não normal, será utiliza<strong>do</strong> os testes não<br />

paramétricos, na comparação entre <strong>do</strong>is grupos, o teste <strong>de</strong> Mann-Whitney, e na<br />

comparação entre três ou mais grupos o teste <strong>de</strong> Kruskal-Wallis, segui<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teste <strong>de</strong><br />

Tukey. As proporções serão comparadas pelo teste <strong>do</strong> 2 , acompanha<strong>do</strong> <strong>do</strong> teste exato<br />

<strong>de</strong> Fisher. Serão consi<strong>de</strong>radas estatisticamente significantes as diferenças em que p foi<br />

menor que 5% (p


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Ministério da Saú<strong>de</strong>. Recomendações para profilaxia da transmissão vertical <strong>do</strong> HIV<br />

e terapia antiretroviral em gestantes. Brasília (Brasil): Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2010.<br />

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Capa Índice 10041


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10042 - 10047<br />

AGRICULTURA FAMILIAR E POLÍTICAS PÚBLICAS<br />

Bruna Nogueira Almeida RATKE e Rabah BELAIDI 1<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da <strong>UFG</strong>. Mestra<strong>do</strong> em Direito Agrário.<br />

bruna_bna@hotmail.com; rbelaidi@gmail.com<br />

Órgão Financia<strong>do</strong>r: FAPEG<br />

PALAVRAS-CHAVE: políticas públicas, direito agrário e agricultura familiar.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O reconhecimento legal da agricultura familiar e a sua <strong>de</strong>finição oficial se<br />

estabeleceram recentemente com a Lei da Agricultura Familiar (Lei 11.326/06). O<br />

primeiro e principal programa <strong>de</strong> fortalecimento da categoria, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong><br />

PRONAF 2 , foi instituí<strong>do</strong> pelo Decreto n. 1.946/96, através <strong>de</strong> mobilizações unificadas<br />

<strong>do</strong> sindicalismo rural e <strong>do</strong>s movimentos sociais.<br />

A atual discussão sobre a agricultura familiar foi impulsionada pelos <strong>de</strong>bates que<br />

envolvem as temáticas <strong>de</strong> segurança alimentar, pobreza rural, <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável, impelida por pesquisas e discussões políticas sobre o<br />

reconhecimento e importância da agricultura familiar como uma forma social <strong>de</strong><br />

trabalho e produção.<br />

Insurge <strong>de</strong>sses elementos a importância jurídica <strong>de</strong> analisar o processo histórico<br />

<strong>de</strong> reconhecimento <strong>do</strong> agricultor familiar como sujeito <strong>de</strong> direitos e objeto <strong>de</strong> políticas<br />

públicas, sen<strong>do</strong> a temática <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância ao direito agrário, o qual tem como<br />

base o estu<strong>do</strong> da ativida<strong>de</strong> agrária e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticas públicas, elaboradas com<br />

respeito e observâncias aos princípios agrários, <strong>de</strong>stinadas a fomentar essas<br />

ativida<strong>de</strong>s.<br />

A política agrária (CF, art. 184 a 191) está constitucionalizada com o objetivo <strong>de</strong><br />

efetivar os fundamentos da República (CF, art. 3º, inc. II), pois abrange institutos que<br />

são capazes <strong>de</strong> promover transformações econômicas e sociais a garantir o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento nacional, o bem estar da socieda<strong>de</strong>, a redução das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s<br />

1 Bruna Nogueira Almeida Ratke é mestranda em <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> em Direito Agrário da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da<br />

<strong>UFG</strong>, bolsista da FAPEG. Prof. Rabah Belaidi (Orienta<strong>do</strong>r da <strong>Pesquisa</strong>) é professor efetivo da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás – <strong>UFG</strong> e atual Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> em Direito Agrário. O presente resumo<br />

insere-se na pesquisa realizada para fins <strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong> dissertação junto ao Programa <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> em Direito Agrário<br />

da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (<strong>UFG</strong>).<br />

2 Pronaf – Programa Nacional <strong>de</strong> Fortalecimento da Agricultura Familiar<br />

Capa Índice 10042<br />

1


sociais e a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Assim, o direito agrário tem um papel<br />

importante na promoção da dignida<strong>de</strong> da pessoa humana 3 .<br />

As políticas públicas constituem temática da ciência política e da ciência da<br />

administração pública, portanto, não são <strong>de</strong>finidas e instituídas pelo direito, todavia,<br />

o direito <strong>de</strong>ve estar apto a <strong>de</strong>screver, compreen<strong>de</strong>r e analisar <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a integrar à<br />

ativida<strong>de</strong> política os valores e méto<strong>do</strong>s próprios <strong>do</strong> universo jurídico, nos termos <strong>de</strong><br />

Bucci (2006).<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Utiliza-se o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> abordagem hipotético-<strong>de</strong>dutivo e a investigação <strong>do</strong> tipo<br />

histórico-jurídico 4 . Trata-se <strong>de</strong> pesquisa teórica, mediante catalogação e compilação<br />

<strong>de</strong> da<strong>do</strong>s primários, extraí<strong>do</strong>s da legislação vigente e revogada, e da<strong>do</strong>s<br />

secundários, consistentes em artigos, <strong>do</strong>utrinas e etc., sen<strong>do</strong> que esses não se<br />

restringem as fontes imediatas jurídico-formais <strong>de</strong> pesquisa (BITTAR, 2012), em<br />

razão <strong>do</strong> seu aspecto interdisciplinar 5 .<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A história brasileira é marcada por lutas pela terra, <strong>de</strong> acesso à proprieda<strong>de</strong> rural<br />

e pelo trabalho. Os militares (1964-1985) trouxeram a questão fundiária e a reforma<br />

agrária para o controle <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> através da aprovação <strong>do</strong> Estatuto da Terra (ET),<br />

para administrar institucionalmente as reivindicações e a inquietação <strong>do</strong>s<br />

movimentos surgi<strong>do</strong>s no final <strong>do</strong>s anos 1950 e início <strong>do</strong>s anos 1960, e eliminar to<strong>do</strong>s<br />

os fatores que pu<strong>de</strong>ssem interferir no pleno controle. Esses movimentos<br />

contestavam a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social e a concentração fundiária existentes no Brasil e<br />

protestavam pela realização <strong>de</strong> uma Reforma Agrária.<br />

O Estatuto da Terra – Lei n. 4.504, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1964 – constituía uma<br />

lei <strong>de</strong> “Reforma Agrária” (Título II) e “Política Agrícola” (Título III) visan<strong>do</strong> a<br />

mo<strong>de</strong>rnização através da execução <strong>de</strong> uma Política <strong>de</strong> Desenvolvimento Rural. O<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa política foi a reprodução <strong>do</strong> latifúndio mo<strong>de</strong>rno e <strong>do</strong> aumento da<br />

3 Essa concepção po<strong>de</strong> ser observada na afirmação <strong>de</strong> Borges (1995, p. 24): a consolidação <strong>de</strong> políticas agrícolas gera uma<br />

“harmonia social”, “uma socieda<strong>de</strong> justa”, “aquela que oferece a cada homem condições <strong>de</strong> vida digna”.<br />

4 Segun<strong>do</strong> Gustin e Dias (2006) e Lakatos e Marconi (1991), esse méto<strong>do</strong> analisa a evolução <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> instituto jurídico<br />

pela compatibilização <strong>de</strong> “espaço/tempo”, partin<strong>do</strong> da importância <strong>de</strong> investigar acontecimentos, processos e instituições <strong>do</strong><br />

passa<strong>do</strong> para compreen<strong>de</strong>r o surgimento <strong>do</strong> termo agricultor familiar, além <strong>de</strong> sua concepção histórica e atual.<br />

5 A interdisciplinarida<strong>de</strong>, nos termos <strong>de</strong> Bittar (2012), amplia a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação e melhora a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reflexão<br />

jurídica, por promover um movimento <strong>de</strong> compreensão mais aberto, dilata<strong>do</strong> e qualifica<strong>do</strong> sobre os múltiplos aspectos<br />

envolvi<strong>do</strong>s nas discussões <strong>do</strong> direito.<br />

Capa Índice 10043<br />

2


concentração fundiária, agravan<strong>do</strong> a exclusão social e a violência no campo. A<br />

gran<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>, pre<strong>do</strong>minante em toda a história brasileira, se impôs como um<br />

mo<strong>de</strong>lo socialmente reconheci<strong>do</strong>, receben<strong>do</strong> estímulos <strong>de</strong> uma política agrária<br />

(crédito rural, seguros agrícolas, políticas <strong>de</strong> preços mínimos, etc.) centrada na<br />

concretização da mo<strong>de</strong>rnização, para a<strong>do</strong>tar a lógica empresarial mo<strong>de</strong>rna,<br />

amplian<strong>do</strong> as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais, <strong>de</strong>struin<strong>do</strong> a pequena proprieda<strong>de</strong> e a<br />

proprieda<strong>de</strong> familiar em prol da consolidação <strong>do</strong> latifúndio.<br />

A partir <strong>de</strong> 1994, ocorreram inúmeras mobilizações no campo que ganharam<br />

gran<strong>de</strong> repercussão política, sen<strong>do</strong> articula<strong>do</strong> em torno <strong>de</strong> sete eixos temáticos:<br />

reforma agrária, política agrícola, direitos sociais e trabalhistas, previdência social,<br />

saú<strong>de</strong> e segurança no trabalho, política energética, meio ambiente e importância da<br />

agricultura familiar (PICOLOTTO, 2009).<br />

Ao longo das reivindicações e mobilizações sociais, aliadas as pesquisas<br />

acadêmicas, introduziu-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

basea<strong>do</strong> na agricultura familiar, termo que passou a ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como uma nova<br />

categoria sócio-profissional. Destaca-se <strong>do</strong>is 6 fatores <strong>de</strong>cisivos para o<br />

reconhecimento da agricultura familiar, como objeto <strong>de</strong> políticas públicas, e alteração<br />

<strong>do</strong>s rumos <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rural: o movimento sindical <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res rurais;<br />

e os estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s pela FAO/INCRA 7 .<br />

Perante essas <strong>de</strong>mandas, insurgem iniciativas governamentais, inserin<strong>do</strong> no<br />

centro <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates os temas <strong>de</strong> reforma agrária e agricultura familiar, com a criação<br />

<strong>do</strong> Pronaf, através <strong>do</strong> Decreto Presi<strong>de</strong>ncial nº 1.946, data<strong>do</strong> <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1996,<br />

consi<strong>de</strong>rada a principal política pública para apoiar essa classe social com a<br />

“finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável <strong>do</strong> segmento rural<br />

constituí<strong>do</strong> pelos agricultores familiares, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a propiciar-lhes o aumento da<br />

capacida<strong>de</strong> produtiva, a geração <strong>de</strong> empregos e a melhoria <strong>de</strong> renda” (D. 1.946/96,<br />

art. 1º).<br />

Com a institucionalização <strong>do</strong> Pronaf os agricultores familiares foram reconheci<strong>do</strong>s<br />

6 Alguns autores incluem um terceiro fator relaciona<strong>do</strong> ao reconhecimento da agricultura familiar vincula<strong>do</strong> ao Banco Mundial<br />

que, através <strong>do</strong> relatório n. 11738-BR, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1993, elaborou recomendações ao governo brasileiro visan<strong>do</strong><br />

alterações profundas nos objetivos e consolidação <strong>de</strong> uma agricultura com “um perfil diferente”. As propostas <strong>do</strong> Banco<br />

Mundial foram divulgadas no <strong>do</strong>cumento “Brasil: o gerenciamento da agricultura, <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rural e <strong>do</strong>s recursos<br />

naturais”, publica<strong>do</strong> em 1993 (GÓMEZ e THOMAZ JÚNIOR, 2009, p. 80). A expressão agricultura familiar aparece no relatório<br />

<strong>do</strong> Banco Mundial como protagonista <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social, que se propõe a reduzir os níveis <strong>de</strong><br />

pobreza, alterar os paradigmas <strong>de</strong> produção tecnológicos diante da sustentabilida<strong>de</strong> ambiental e melhorar as condições <strong>de</strong><br />

vida.<br />

7 FAO -Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação; INCRA - Instituto Nacional <strong>de</strong> Colonização e Reforma<br />

Agrária<br />

Capa Índice 10044<br />

3


como atores políticos,sujeitos <strong>de</strong> direitos e objeto <strong>de</strong> políticas públicas. A intervenção<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> nas ativida<strong>de</strong>s agrárias, por meio <strong>de</strong> políticas públicas, insurge como um<br />

instrumento <strong>de</strong> mudança social para garantir a sobrevivência <strong>do</strong>s agricultores<br />

familiares, resultan<strong>do</strong> no reconhecimento <strong>de</strong>ssa categoria como sujeito <strong>de</strong> direito 8 .<br />

A concepção <strong>de</strong> sujeito <strong>de</strong> direito elaborada por Ricoeur (2007) po<strong>de</strong> ser utilizada<br />

na discussão <strong>de</strong>ssa temática para visualizar os agricultores familiares como sujeitos<br />

<strong>de</strong> direitos construí<strong>do</strong>s em um contexto histórico e político. O indivíduo inseri<strong>do</strong> na<br />

socieda<strong>de</strong> que se reconhece como capaz <strong>de</strong> seus atos e <strong>de</strong>mandam estruturas<br />

institucionais que o reconheça e concretize seus direitos. Os agricultores familiares<br />

emergem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contexto histórico e político reconhecen<strong>do</strong> sua capacida<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong>mandan<strong>do</strong> o seu reconhecimento como sujeitos <strong>de</strong> direitos.<br />

Apesar da importância <strong>do</strong> Pronaf, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um marco histórico na intervenção<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> perante a agricultura, havia necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um estatuto que conceituasse<br />

a agricultura familiar para o or<strong>de</strong>namento jurídico e <strong>de</strong>limitasse as diretrizes <strong>de</strong> uma<br />

política pública que tenha como público alvo essa categoria 9 . Esses elementos<br />

sustentaram a criação <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Lei da Câmara n. 32 <strong>de</strong> 2006 (Projeto <strong>de</strong> Lei n.<br />

3952/2004), ten<strong>do</strong> como justificativa a contribuição <strong>do</strong>s agricultores familiares para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico e social, com produções <strong>de</strong>stinada a alimentação da<br />

população brasileira e para a exportação.<br />

Diante <strong>de</strong>ssas justificativas, sobreveio a Lei n. 11.326 <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2006 que<br />

estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura<br />

Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais, ten<strong>do</strong> como eixo central <strong>de</strong>limitar os<br />

conceitos, princípios e instrumentos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à formulação das políticas públicas<br />

direcionadas à Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.<br />

A Lei n. 11.326/06 consolida o conceito <strong>de</strong> “agricultor familiar” e “empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r<br />

familiar rural” como aquele que pratica ativida<strong>de</strong>s no meio rural, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>,<br />

simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - não <strong>de</strong>tenha, a qualquer título, área<br />

maior <strong>do</strong> que 4 módulos fiscais; II - utilize pre<strong>do</strong>minantemente mão-<strong>de</strong>-obra da<br />

própria família nas ativida<strong>de</strong>s econômicas <strong>do</strong> seu estabelecimento ou<br />

empreendimento; III - tenha renda familiar pre<strong>do</strong>minantemente originada <strong>de</strong><br />

8 Segun<strong>do</strong> Grau (2008, p. 22): “A expressão políticas públicas <strong>de</strong>signa todas as atuações <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, cobrin<strong>do</strong> todas as formas<br />

<strong>de</strong> intervenção <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público na vida social. E <strong>de</strong> tal forma isso se institucionaliza que o próprio direito, nesse quadro, passa<br />

a manifestar-se como uma política pública – o direito é também, ele próprio, uma política pública”.<br />

9 Em a<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, o Pronaf, restrito a uma política <strong>de</strong> crédito rural, não conceitua a agricultura familiar, apenas enumera os seus<br />

beneficiários relacionan<strong>do</strong>-os aos fatores estruturais como renda e integração ao merca<strong>do</strong>, com caráter <strong>de</strong> seletivo e<br />

exclu<strong>de</strong>nte. A<strong>de</strong>mais, o Pronaf, atualmente, está regulamenta<strong>do</strong> apenas pelas resoluções <strong>do</strong> BC e <strong>do</strong> CNM.<br />

Capa Índice 10045<br />

4


ativida<strong>de</strong>s econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento;<br />

III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s econômicas<br />

<strong>do</strong> seu estabelecimento ou empreendimento, na forma <strong>de</strong>finida pelo Po<strong>de</strong>r<br />

Executivo; IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família (art.<br />

3º). Apenas em 2011 foram incluí<strong>do</strong>s pela Lei n. 12.512 como beneficiários da Lei da<br />

Agricultura Familiar os silvicultores, aqüicultores, extrativistas, pesca<strong>do</strong>res, povos<br />

indígenas (art. 3º, §2º)<br />

CONCLUSÕES<br />

A a<strong>do</strong>ção da terminologia agricultura familiar <strong>de</strong>ve-se a uma conjunção <strong>de</strong> fatores<br />

que contribuíram para a intensificação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates sobre a importância econômica e<br />

social <strong>de</strong>ssa categoria. A agricultura familiar foi reconhecida como objeto <strong>de</strong> políticas<br />

púbicas através <strong>do</strong> PRONAF no Brasil, fruto <strong>de</strong> reivindicações <strong>do</strong>s representantes<br />

da agricultura familiar 10 . Destarte, a forma <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong>ssa política <strong>de</strong><br />

fomento po<strong>de</strong> estar <strong>de</strong>scaracterizan<strong>do</strong> os princípios <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> e segurança<br />

alimentar atreladas a agricultura familiar por promover o uso <strong>de</strong> pacotes tecnológicos<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo empresarial nesse tipo <strong>de</strong> agricultura.<br />

A Lei 11.326/06 reconheceu juridicamente a classe da agricultura familiar trazen<strong>do</strong><br />

benefícios para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> agricultura. Não há dúvidas<br />

sobre a capacida<strong>de</strong> produtiva da agricultura familiar em ser responsável por um<br />

projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, porém essa categoria social ainda precisa <strong>de</strong> políticas<br />

públicas <strong>de</strong> fortalecimento e não apenas <strong>de</strong> política <strong>de</strong> crédito, mas <strong>de</strong> medidas que<br />

melhorem a vida no campo, envolven<strong>do</strong> saú<strong>de</strong>, educação, saneamento e<br />

previdência, além da assistência técnica.<br />

REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS<br />

BITTAR, Eduar<strong>do</strong> C. B. Meto<strong>do</strong>logia da pesquisa jurídica: teoria e prática da<br />

monografia para os cursos <strong>de</strong> direito. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.<br />

BORGES, Paulo Torminn. Institutos básicos <strong>do</strong> direito agrário. 9. ed. São Paulo:<br />

Saraiva, 1995.<br />

BUCCI, Maria Paula Dallari. O conceito <strong>de</strong> política pública em direito. In: Bucci,<br />

10 Outras políticas também foram construídas para incentivar a agricultura familiar diante da proposta <strong>de</strong> um projeto alternativo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento rural que integre a reforma agrária e o fortalecimento da agricultura familiar (MDA, 2011): Alimentação<br />

Escolar, Agroindústrias, Assistência Técnica, Biodiesel, Garantia-Safra, Mais Alimentos, Aquisição <strong>de</strong> Alimentos, Garantia <strong>de</strong><br />

Preços para a Agricultura Familiar, Re<strong>de</strong>s Temáticas <strong>de</strong> Ater, Seguro da Agricultura Familiar, Sistema Único da Atenção à<br />

Sanida<strong>de</strong> Agropecuária e Talentos <strong>do</strong> Brasil.<br />

Capa Índice 10046<br />

5


Maria Paula Dallari (Ed.). Políticas Públicas. Reflexões sobre o conceito jurídico.<br />

São Paulo: Ed. Saraiva, 2006.<br />

GÓMEZ, Jorge R. Montenegro; THOMAZ JÚNIOR, Antonio. Novo senti<strong>do</strong> da luta <strong>de</strong><br />

classes e <strong>do</strong> controle social no meio rural. Uma contribuição à geografia <strong>do</strong> conflito<br />

capital x trabalho. In: Júnior, Antonio Thomaz (Ed.). Dinâmica geográfica <strong>do</strong><br />

trabalho no século XXI: Limites Explicativos, Autocrítica e Desafios Teóricos. São<br />

Paulo: UNESP, 2009. v. 11, apêndice 3, p. 77-92.<br />

GRAU, Eros Roberto. A or<strong>de</strong>m econômica na Constituição <strong>de</strong> 1988. 3. ed. São<br />

Paulo: Malheiros, 1997.<br />

GUSTIN, Miracy Barbosa De Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca. (Re)pensan<strong>do</strong> a<br />

pesquisa jurídica: teoria e prática. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.<br />

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina De Andra<strong>de</strong>. Meto<strong>do</strong>logia científica. 2.<br />

ed. São Paulo: Atlas, 1991.<br />

MDA, Ministério <strong>de</strong> Desenvolvimento Agrário. Secretaria da Agricultura Familiar.<br />

Crédito Rural. Disponível em .<br />

Acesso em 24 <strong>de</strong> nov. 2011.<br />

PICOLOTTO, Everton Lazzaretti. A emergência <strong>do</strong>s "agricultores familiares" como<br />

sujeitos <strong>de</strong> direitos na trajetória <strong>do</strong> sindicalismo rural brasileiro. Mun<strong>do</strong> Agrário, v. 9,<br />

n. 18. Centro <strong>de</strong> Estudios Histórico Rurales. Facultad <strong>de</strong> Humanida<strong>de</strong>s y Ciencias<br />

<strong>de</strong> la Educación. Universidad Nacional <strong>de</strong> La Plata, p., primer semestre <strong>de</strong> 2009.<br />

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Editora<br />

Unicamp, 2007.<br />

Capa Índice 10047<br />

6


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10048 - 10052<br />

ESTRUTURAÇÃO GENEALÓGICA, IMPLANTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DE<br />

PROGRAMAS DE ACASALAMENTOS EM REBANHOS CURRALEIROS 1<br />

Bruna Paula Alves da SILVA 2* ; José Robson Bezerra SERENO 3 ; Emmanuel<br />

ARNHOLD 4 ; Raquel Soares JULIANO 5 ; Maria Clorinda Soares FIORAVANTI 4 ,Diogo<br />

Alves da Costa FERRO 2,6 ; Rafael Alves da Costa FERRO 2,6<br />

1 Dissertação que compõe a re<strong>de</strong> “Caracterização, conservação e uso das raças<br />

bovinas locais brasileiras: Curraleiro e Pantaneiro”. Financia<strong>do</strong> pelo CNPq, CAPES<br />

e FAPEG.<br />

²Mestranda(o) <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciência Animal–EVZ-<strong>UFG</strong>.<br />

* brunaalveszoo@hotmail.com<br />

³<strong>Pesquisa</strong><strong>do</strong>r Dr. da Embrapa Cerra<strong>do</strong>s<br />

4<br />

Professor(a) Dr.(a) da EVZ/<strong>UFG</strong><br />

5<br />

<strong>Pesquisa</strong><strong>do</strong>ra Dra. da Embrapa Pantanal<br />

6<br />

Professor <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Zootecnia da UEG<br />

Palavras-chave: Pé Duro, marca<strong>do</strong>res microssatélites, en<strong>do</strong>gamia, seleção <strong>de</strong><br />

INTRODUÇÃO<br />

reprodutores, variabilida<strong>de</strong> genética.<br />

Muitas raças locais brasileiras encontram-se em processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva genética<br />

e po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>saparecer sem que o seu potencial zootécnico seja revela<strong>do</strong>. A causa<br />

mais frequente <strong>de</strong>ste processo <strong>de</strong> extinção são os cruzamentos absorventes<br />

ocorri<strong>do</strong>s com as raças exóticas. Para reverter essa situação faz-se necessário a<br />

realização <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> caracterização genética e racial, envolven<strong>do</strong> matriz <strong>de</strong><br />

parentesco e diversida<strong>de</strong> genética, possibilitan<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong>stes animais em<br />

programas <strong>de</strong> multiplicação <strong>de</strong> germoplasma, seleção e melhoramento genético,<br />

proporcionan<strong>do</strong> finalmente alternativas <strong>de</strong> produção animal para o meio rural.<br />

O rebanho Curraleiro ou Pé Duro encontra-se adapta<strong>do</strong> às condições <strong>do</strong><br />

Cerra<strong>do</strong> e está ameaça<strong>do</strong> <strong>de</strong> extinção. Esses animais têm sua origem na Península<br />

Ibérica e foram trazi<strong>do</strong>s ao Brasil pelos portugueses. Passaram por seleção natural<br />

ao longo <strong>do</strong>s anos e tornaram-se muito adapta<strong>do</strong>s (MARIANTE & EGITO, 2002). É<br />

um rebanho rústico, <strong>de</strong> baixo custo <strong>de</strong> produção e possui carne saborosa. Os<br />

Capa Índice 10048


animais estão concentra<strong>do</strong>s no Piauí, Pará, Tocantins e Goiás. Estima-se que<br />

existam cerca <strong>de</strong> 5.000 animais <strong>de</strong>ssa raça (FIORAVANTI et al., 2008).<br />

As avaliações genéticas das raças estabelecem informações a respeito <strong>do</strong><br />

parentesco <strong>do</strong>s animais sujeitos aos testes <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong> (CURI & LOPES, 2001).<br />

O conhecimento genético das populações é importante para a implantação <strong>de</strong><br />

programas <strong>de</strong> melhoramento e conservação <strong>do</strong> patrimônio genético (RANGEL et al.,<br />

2004). A caracterização genética promove a avaliação da distância entre<br />

populações, possibilitan<strong>do</strong> a estimação <strong>do</strong>s índices <strong>de</strong> similarida<strong>de</strong> entre os animais<br />

e a recomendação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> acasalamento (EGITO et al., 2001).<br />

Os marca<strong>do</strong>res moleculares têm si<strong>do</strong> muito utiliza<strong>do</strong>s na caracterização <strong>de</strong><br />

populações bovinas brasileiras, em relação ao monitoramento <strong>de</strong> regiões <strong>do</strong><br />

genoma, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se os marca<strong>do</strong>res <strong>do</strong> tipo microssatélites que são altamente<br />

polimórficos e obti<strong>do</strong>s pela técnica <strong>de</strong> PCR (TAMBASCO, 2000).<br />

Objetiva-se com este trabalho realizar a estruturação genealógica <strong>de</strong><br />

rebanhos Curraleiros com vista a estimativas <strong>de</strong> índices produtivos e zootécnicos<br />

<strong>de</strong>stas populações em seu habitat natural e elaborar programas <strong>de</strong> acasalamentos<br />

para manutenção da variabilida<strong>de</strong> genética <strong>do</strong> rebanho.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Para a realização das provas genéticas <strong>de</strong> atribuição <strong>de</strong> parentesco e<br />

diversida<strong>de</strong> genética estão sen<strong>do</strong> analisadas amostras <strong>de</strong> pelos <strong>de</strong> 745 animais<br />

pertencentes a cinco rebanhos da raça bovina Curraleiro, colhidas em proprieda<strong>de</strong>s<br />

nos municípios <strong>de</strong> Cavalcante-GO (150 animais), Campestre-GO (350 animais),<br />

Monte Alegre <strong>de</strong> Goiás-GO (110 animais), Planaltina-DF (50 animais) e Mimoso <strong>de</strong><br />

Goiás-GO (85 animais). To<strong>do</strong>s os animais foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s e suas amostras<br />

enviadas ao laboratório.<br />

Foram colhidas amostras <strong>de</strong> pelos em envelopes <strong>de</strong> papel, armazenadas em<br />

temperatura ambiente e enviadas para análises genéticas e moleculares no<br />

Laboratório <strong>de</strong> Genética Molecular Aplicada da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cór<strong>do</strong>ba, Espanha.<br />

Para a extração <strong>de</strong> DNA <strong>do</strong> pelo <strong>do</strong>s animais está sen<strong>do</strong> segui<strong>do</strong> o protocolo<br />

proposto por ALJANABI & MARTINEZ (1997).<br />

Está sen<strong>do</strong> realizada a amplificação <strong>de</strong> 28 microssatélites recomenda<strong>do</strong>s<br />

pela FAO, mediante a técnica <strong>de</strong> reação em ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> polimerase (PCR). A<br />

separação <strong>do</strong>s fragmentos está sen<strong>do</strong> realizada por eletroforese em gel <strong>de</strong> agarose<br />

Capa Índice 10049


em sequencia<strong>do</strong>r automático ABI 3130. A tipificação alélica e análise <strong>do</strong>s fragmentos<br />

estão sen<strong>do</strong> realizadas com o auxílio <strong>do</strong>s programas GENESCAN ANALYSIS 3.1.2<br />

e GENOTYPER 2.5.2 respectivamente.<br />

As freqüências alélicas e heterozigosida<strong>de</strong> (observada e esperada) estão<br />

sen<strong>do</strong> calculadas pelo programa informático GENETIX v. 4.02 (BELKHIR, 1999). A<br />

prova <strong>de</strong> equilíbrio Hardy-Weinberg (HW) está sen<strong>do</strong> realizada pelo programa<br />

GENEPOP v. 3.1c (RAYMOND & ROUSSET, 1995), que aplica o teste exato <strong>de</strong><br />

Fisher usan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> em ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Monte Carlo Harkov (GUO & THOMPSON,<br />

1992). O conteú<strong>do</strong> da informação polimórfica (PIC) <strong>de</strong> cada microssatélite está<br />

sen<strong>do</strong> calcula<strong>do</strong> pela aplicação da fórmula proposta por BOTSTEIN et al. (1980).<br />

A probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exclusão por marca<strong>do</strong>r (PE) e para o conjunto <strong>de</strong><br />

marca<strong>do</strong>res (PEC) está sen<strong>do</strong> calculada pelo programa informático CERVUS 2.0<br />

(MARSHALL et al., 1998) e a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> por marca<strong>do</strong>r (PI), além <strong>do</strong><br />

conjunto <strong>de</strong> marca<strong>do</strong>res (PI acumulada) pelo programa informático API-CALC<br />

(AYRES & OVERALI, 2004).<br />

A distância genética-DA (NEI, 1987) está sen<strong>do</strong> calculada pelo programa<br />

computacional POPULATIONS. Com os valores <strong>de</strong> distância obti<strong>do</strong>s está sen<strong>do</strong><br />

realiza<strong>do</strong> um <strong>de</strong>ndrograma utilizan<strong>do</strong> o algarítimo Neighbor-Joining (SAITOU & NEI,<br />

1987). A acurácia da árvore obtida está sen<strong>do</strong> examinada com um teste <strong>de</strong><br />

replicação (bootstraping) com 1.000 reamostragens com substituição <strong>do</strong>s loci<br />

utilizan<strong>do</strong> o programa POPULATIONS (LANGELLA, 1999).<br />

Estão sen<strong>do</strong> realizadas análises <strong>de</strong> atribuição <strong>do</strong>s indivíduos a sua<br />

população e da subestrutura das populações bovinas <strong>de</strong> Curraleiro utilizan<strong>do</strong> um<br />

algoritmo bayesiano <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> análise STRUCTURE v. 2. (PRITCHARD et al,.<br />

2000), que emprega um mo<strong>de</strong>lo basea<strong>do</strong> no méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias Markov <strong>de</strong> Monte<br />

Carlo, que estima a distribuição a posteriori <strong>de</strong> cada coeficiente <strong>de</strong> mistura <strong>de</strong> cada<br />

indivíduo (q). As representações gráficas <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> programa STRUCTURE<br />

estão sen<strong>do</strong> obtidas com o programa DISTRUCT 1.1 (ROSENBERG, 2004).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sta pesquisa estão sen<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>s pelo Laboratório <strong>de</strong><br />

Genética Molecular Aplicada da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cór<strong>do</strong>ba, Espanha, portanto ainda<br />

não foram obti<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. Mas espera-se com estas análises obter o grau <strong>de</strong><br />

parentesco entre animais e entre rebanhos Curraleiros para estruturação <strong>do</strong> rebanho<br />

Capa Índice 10050


em famílias com vistas a proporcionar maior controle da en<strong>do</strong>gamia <strong>de</strong>stas<br />

populações e possibilitar a ampliação <strong>do</strong> número <strong>de</strong> animais da raça por meio <strong>de</strong><br />

programas <strong>de</strong> acasalamentos específicos para cada rebanho, possibilitan<strong>do</strong> maior<br />

controle genealógico, além <strong>de</strong> intercâmbio <strong>de</strong> material genético entre rebanhos<br />

en<strong>do</strong>gâmicos.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Capa Índice 10052


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10053 - 10057<br />

Brasiguaio: uma metáfora nativa para i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s performadas<br />

Bruna PENHA; Gabriel Omar ALVAREZ.<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Antropologia Social – PPGAS/ <strong>UFG</strong><br />

Palavras–chave: brasiguaio, metáfora, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, performances.<br />

Introdução:<br />

brunapenha@gmail.com<br />

Em regiões <strong>de</strong> fronteiras como Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, estão<br />

abriga<strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> interação entre variadas nacionalida<strong>de</strong>s e etnias. Diferentes<br />

tipos <strong>de</strong> migrantes invocam e mimetizam suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s (ALVAREZ, 2010).<br />

Segun<strong>do</strong> Car<strong>do</strong>so <strong>de</strong> Oliveira (1976), as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s tem um duplo caráter, o <strong>de</strong><br />

construção i<strong>de</strong>ológica e o <strong>de</strong> posição na estrutura social, que orienta as relações<br />

sociais, direcionan<strong>do</strong>-as, como bússolas.<br />

Ser Terena na al<strong>de</strong>ia e bugre no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s brancos (CARDOSO DE<br />

OLIVEIRA, 1976); a contradição <strong>de</strong> ser e não ser, como em Macunaima (RIBEIRO,<br />

2000); estar entre os locais, como parte <strong>de</strong> jogos i<strong>de</strong>ntitários (ALVARES, 2010;<br />

JARDIM, 2003). As i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s se manifestam por contraste e são manipuláveis.<br />

Denotam e <strong>de</strong>monstram situações sócio-políticas <strong>de</strong> um mun<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong>, em que<br />

as fronteiras nacionais não <strong>de</strong>limitam fronteiras i<strong>de</strong>ntitárias e on<strong>de</strong> a complexida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> “ser” se mostra com evidência. Neste artigo, trabalharemos o termo “brasiguaio”<br />

como uma metáfora nativa, tal como nos foi apresenta<strong>do</strong>s por mulheres paraguaias<br />

que moram em Ponta Porã/MS, fronteira seca com Pedro Juan Caballero, Paraguai,<br />

traçada pela Avenida Internacional como linha imaginária.<br />

Materiais e Méto<strong>do</strong>s:<br />

Minha busca em campo é pelas histórias <strong>de</strong> vida e pela memória <strong>de</strong> mulheres<br />

i<strong>do</strong>sas, assim como suas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relações sociais e <strong>de</strong> gênero. Para tanto, serão<br />

trabalha<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s intersticiais. Como aponta Homi Bhabha (1998), é nos interstícios<br />

que as experiências intersubjetivas e coletivas <strong>de</strong> nação são negociadas. O estu<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s “interstícios sociais” nos serve como estratégia para pensar o cenário <strong>de</strong><br />

mudança social na contemporaneida<strong>de</strong>, dan<strong>do</strong> conta <strong>de</strong> sua complexida<strong>de</strong>,<br />

varieda<strong>de</strong> e da dinâmica <strong>do</strong>s fluxos sociais (FELDMAN-BIANCO, 2010).<br />

Compreen<strong>de</strong>mos que pensar um espaço fronteiriço implicaria em pensá-lo em<br />

sua ambiguida<strong>de</strong>, enquanto limite entre Esta<strong>do</strong>s-nação que é, ao mesmo tempo, um<br />

Capa Índice 10053


entre lugares <strong>de</strong> fluxos étnicos, econômicos, culturais e sociais; um espaço <strong>de</strong><br />

movimento (BHABHA, 1998; APPADURAI, 1996). Além disso, as fronteiras não são<br />

apenas territoriais, enquanto abrigam em si, analiticamente e metaforicamente,<br />

outras fronteiras, <strong>de</strong>ntre as quais po<strong>de</strong>mos citar as fronteiras econômicas, etárias,<br />

<strong>de</strong> gênero, assim como as fronteiras i<strong>de</strong>ntitárias (ALVAREZ, 2010).<br />

Estudar essas mulheres implica em buscar compreen<strong>de</strong>r suas estratégias<br />

i<strong>de</strong>ntitárias enquanto performance, pela observação etnográfica <strong>de</strong> suas práticas e<br />

narrativas . Tais estratégias se dão nas relações entre Pedro Juan Caballero e Ponta<br />

Porã, nos espaços intersticiais <strong>do</strong> constante fluxo <strong>de</strong> pessoas, que movimenta as<br />

trocas comerciais e as relações interpessoais. Como afirma Bhabha (1998), os entre<br />

lugares são bons para pensar i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> no mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno, pois encontramos<br />

neles o terreno para a elaboração <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> subjetivação que dão início a<br />

novos signos <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>.<br />

Resulta<strong>do</strong>s e discussões:<br />

Fronteiras étnicas e sociais não apenas separam, mas também<br />

interconectam. Para Car<strong>do</strong>so <strong>de</strong> Oliveira (1976), o que se encontra no sistema<br />

interétnico é a cultura <strong>de</strong> contato, a fricção interétnica, em lugar <strong>de</strong> um sistema<br />

intercultural. Esta permite perceber como coexistem diferentes valores, assim como<br />

os mecanismos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação. Mais <strong>do</strong> que um sistema dinâmico <strong>de</strong> valores, é um<br />

conjunto <strong>de</strong> representações da situação <strong>de</strong> contato. Neste senti<strong>do</strong>, uma etnia <strong>de</strong>ve<br />

ser reconhecida pelos outros e isso envolve o auto-reconhecimento, assim como<br />

argumentos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política e moral. A formação e a consolidação <strong>de</strong> uma<br />

dinâmica das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s é possibilitada pelas relações internas e interações <strong>de</strong> um<br />

grupo com outros.<br />

As i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s contrastivas, por sua vez, se constituem pela i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong><br />

nós e <strong>do</strong>s outros. Não se afirmam <strong>de</strong> forma isolada, mas por oposição. O contraste<br />

pelo contato atualiza a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica, como construção i<strong>de</strong>ológica e como<br />

posição na estrutura social. I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é uma representação <strong>de</strong> si, inclusa a um<br />

corpo mais ou menos coerente <strong>de</strong> imagens e i<strong>de</strong>ias que po<strong>de</strong>m ser ou não<br />

compartilhadas (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1976).<br />

Ao consi<strong>de</strong>rarmos as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s como parte da organização social, po<strong>de</strong>mos<br />

relacioná-las com a performance social, instrumento comunicacional que permite<br />

uma certa manipulação das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s. O caráter social das performances resi<strong>de</strong><br />

Capa Índice 10054


em sua eficácia. Para serem eficientes, estas <strong>de</strong>vem ser aceitas, reconhecidas,<br />

publicamente. Desta forma, enquanto um fator que organiza a vida social, as<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s são performadas, na medida que precisam ser comunicadas e eficazes.<br />

Nossa proposta para esta pesquisa é investigar como as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s se atualizam<br />

enquanto performance, ao consi<strong>de</strong>rá-la uma forma <strong>de</strong> complexa <strong>de</strong> comunicação<br />

que existe enquanto ação, interação, mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fala e como um principio organiza<strong>do</strong>r<br />

da vida e das relações sociais.<br />

Muitos autores que trabalham o tema da globalização, estão <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> que a<br />

chamada compressão <strong>do</strong> tempo-espaço, primeiramente sistematizada pelo geógrafo<br />

David Harvey (1992),é uma das mais importantes transformações associadas à<br />

globalização (RIBEIRO, 2000; ALVAREZ, 2010). O fenômeno da compressão <strong>do</strong><br />

tempo-espaço, segun<strong>do</strong> Harvey (1992) é oriun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas<br />

tecnologias <strong>de</strong> transporte e comunicação e acarreta em mudanças no estilo <strong>de</strong> vida,<br />

como a ênfase na instantaneida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>scartabilida<strong>de</strong>, a aceleração <strong>do</strong> ritmo <strong>de</strong><br />

consumo, assim como a maior interação entre diferentes segmentos étnicos.<br />

Este tema se relaciona com o nosso contexto <strong>de</strong> pesquisa e diz respeito à<br />

contemporaneida<strong>de</strong>, em si. Com a formação <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> trabalho etnicamente<br />

segmenta<strong>do</strong>s, como o que temos em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero,<br />

encontramos sistemas interétnicos com alterida<strong>de</strong>s múltiplas. Ambiguida<strong>de</strong>s<br />

assumidas surgem, junto a cosmopolitismos quase que unicamente existentes em<br />

um plano simbólico. Em contextos como esse, as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s passam por processos<br />

<strong>de</strong> fragmentação e reconstrução. (RIBEIRO, 2000)<br />

Para Ribeiro (ibid.), a reconstrução da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> leva um indivíduo a ser<br />

"nem carne, nem peixe", a viver uma ambigüida<strong>de</strong> permanente <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>sta<br />

fragmentação provocada pela compressão <strong>do</strong> tempo e <strong>do</strong> espaço e seus efeitos.<br />

Entretanto, no caso <strong>de</strong>sta pesquisa, o que encontramos em campo foram mulheres<br />

que se disseram ser um e, também, o outro.<br />

Como nos contou Dona Cecília: “Tenho 5 filhas mulher. Elas já são brasiguaia.<br />

Brasiguaia é brasileira com paraguaio, né? Nasceram no Paraguai e outros já<br />

nasceram aqui no Brasil”. Já Dona Negra, contou nasceu no Paraguai e foi<br />

registrada em Amambay, no Brasil. Cada vez que eu fazia mais perguntas para<br />

enten<strong>de</strong>r on<strong>de</strong> ela foi criada, on<strong>de</strong> ela havia cresci<strong>do</strong>, se os lugares aos quais ela se<br />

referia eram no Brasil ou no Paraguai, Dona Negra me respondia “é daqui mesmo,<br />

Brasil, Paraguai, por aqui tu<strong>do</strong>” fazen<strong>do</strong> um movimento circular com a mão que fazia<br />

Capa Índice 10055


das cida<strong>de</strong>s um lugar só. Quan<strong>do</strong> pedi a ela que me explicasse o que ela enten<strong>de</strong><br />

como brasiguaio, respo<strong>de</strong>u-me: “Aqui to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> fala o português mistura<strong>do</strong> com o<br />

guarany, castellano também, enten<strong>de</strong>u? Por exemplo, aqui minha vizinha também é<br />

paraguaia, então a gente vai conversan<strong>do</strong> em português e sai guarany e pá,<br />

português <strong>de</strong> novo e assim por diante.”<br />

Conclusões:<br />

Nossa proposta é perceber a fragmentação e reconstrução das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>ssas migrantes paraguaias como performadas. As performances são<br />

comportamentos restaura<strong>do</strong>s que acontecem no entre <strong>de</strong> interações. Elas<br />

acontecem <strong>de</strong> maneira diferente uma da outra e, ainda assim, são comportamentos<br />

experiencia<strong>do</strong>s repetidas vezes, que nos revelam os princípios e ambiguida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s<br />

rocessos culturais, enquanto sequencia <strong>de</strong> atos simbólicos (SCHECHNER, 2006;<br />

BAUMAN, 1975, TURNER, 1988).<br />

O estu<strong>do</strong> das performances nas relações interpessoais cotidianas nos revela<br />

suas estratégias performáticas i<strong>de</strong>ntitárias, uma forma subjetiva <strong>de</strong> reprodução da<br />

tradição cultural. Seguin<strong>do</strong> com as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Turner (2002), embasa<strong>do</strong> em Goffman,<br />

a cotidianida<strong>de</strong> seria um teatro e o drama social, um metateatro. Neste, há um jogo<br />

<strong>de</strong> papéis ordinários e mantenimento <strong>de</strong> status, o qual constitui a comunicação no<br />

processo cotidiano. A análise da performance individual po<strong>de</strong> ser inferida por meio<br />

<strong>de</strong> sua competência cultural, pela qual as ações simbólicas <strong>de</strong> um indivíduo<br />

adquirem senti<strong>do</strong>.<br />

Nos interstícios das relações estreitas entre brasileiros e paraguaios na região<br />

<strong>de</strong> fronteira, consi<strong>de</strong>remos o caráter performático e, logo, simbólico e<br />

comunicacional <strong>de</strong>stas. Esta performance se da como forma <strong>de</strong> comunicação<br />

intercultural nos interstícios das relações observadas. Este aspecto performático<br />

<strong>de</strong>ssas relações <strong>de</strong>nota mudança. Entretanto, vai além, pois <strong>de</strong>nota também<br />

permanência (SCHECHNER, 2006; RIBEIRO, 2000). Quan<strong>do</strong> elas se <strong>de</strong>finem como<br />

"brasiguaias”, utilizam este termo como uma metáfora para <strong>de</strong>finir a condição<br />

ambígua <strong>de</strong> serem brasileiras e serem paraguaias, pois assim performam<br />

cotidianamente, no contexto simbiótico das cida<strong>de</strong>s gêmeas.<br />

REFERENCIAS<br />

Capa Índice 10056


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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10058 - 10062<br />

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10063 - 10067<br />

APLICAÇÃO DE QSAR-2D NO PLANEJAMENTO DE NOVOS INIBIDORES DA<br />

ENOIL-ACP REDUTASE DE Plasmodiumfalciparum.<br />

Bruno Junior NEVES (PG) 1 *; Ro<strong>do</strong>lpho Campos BRAGA (PG) 2 ; Carolina Horta<br />

ANDRADE (PQ) 1<br />

1 Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Farmácia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Goiânia-GO, Brasil.<br />

2 Instituto <strong>de</strong> Química, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Goiânia-GO, Brasil.<br />

*e-mail: bruno.labmol@gmail.com<br />

Palavras-chave:tioxotiazolidinonas, HQSAR, druglike, <strong>do</strong>cking, malaria<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

A malária é uma <strong>do</strong>ença endêmica grave, causada principalmente pelo<br />

Plasmodiumfalciparume transmitida ao homem pela picada <strong>do</strong> mosquito Anopheles sp.<br />

Distribuída por países da América Latina, África e Ásia, em 2010 cerca <strong>de</strong> 216 milhões<br />

<strong>de</strong> pessoas contraíram malária, resultan<strong>do</strong> em 655 mil mortes (WHO 2012). Alia<strong>do</strong> a<br />

estes números, muitos <strong>do</strong>s fármacos antimaláricos disponíveis não são apropria<strong>do</strong>s,<br />

sen<strong>do</strong> muitas vezes tóxicos e ineficazes <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao amplo quadro <strong>de</strong> resistência<br />

(PETERSEN, EASTMAN, LANZER, 2011).<br />

Face ao exposto, é premente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>novos antimaláricos mais<br />

eficazes e seguros. A enzima enoil-ACP redutase <strong>de</strong> P. falciparum (PfENR) constitui um<br />

alvo potencial para o planejamento <strong>de</strong> novos candidatos a antimaláricos, uma vez que é<br />

envolvida na reação mais lenta <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> biossíntese <strong>de</strong> áci<strong>do</strong>s graxos tipo II (FAS<br />

II), principais precursores para a formação da membrana e reserva <strong>de</strong> energia <strong>do</strong><br />

parasito (WHITE et al., 2005). No presente trabalho, as relações quantitativas entre<br />

estrutura e ativida<strong>de</strong> (QSAR) <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> tioxotiazolidinonas com ativida<strong>de</strong><br />

inibitória contra a PfENR foram investigadas através da técnica <strong>de</strong> Holograma QSAR<br />

(HQSAR), a fim <strong>de</strong> gerar mo<strong>de</strong>los preditivos e planejar novos inibi<strong>do</strong>res mais potentes.<br />

2. MATERIAL E MÉTODOS<br />

O conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s seleciona<strong>do</strong> para estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> HQSAR consiste em 45<br />

tioxotiazolidinonas com ativida<strong>de</strong> inibitória frente à PfENR (KUMAR et al., 2007;<br />

KUMAR et al., 2010). A ativida<strong>de</strong> biológica foi expressas em IC50 (varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> 0,25<br />

Capa Índice 10063


a150 µM, fator <strong>de</strong> potência <strong>de</strong> 600 vezes), que foi convertida em pIC50 (-logIC50) e<br />

utilizada na construção <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> HQSAR. Todas as etapas <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

HQSAR foram realizadas na plataforma SYBYL-X 1.2 (Tripos Inc., USA). Diversos<br />

parâmetros como distinções <strong>de</strong> fragmento: átomos (A), ligações (B), conectivida<strong>de</strong> (C),<br />

hidrogênios (H) e <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res e aceptores <strong>de</strong> ligação <strong>de</strong> hidrogênio (DA); tamanho <strong>do</strong>s<br />

fragmentos (2-5, 3-6, 4-7, 5-8, 6-9 e 7-10) e comprimentos <strong>de</strong> holograma (53-401, 601,<br />

809 e 997) foram testa<strong>do</strong>s para construir os hologramas moleculares (<strong>de</strong>scritores<br />

moleculares), utilizan<strong>do</strong> um conjunto <strong>de</strong> treinamento forma<strong>do</strong> por 36 compostos. Os<br />

<strong>de</strong>scritores moleculares construí<strong>do</strong>s foram então correlaciona<strong>do</strong>s com as variáveis<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes utilizan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> regressão <strong>de</strong> mínimos quadra<strong>do</strong>s parciais (PLS),<br />

e a validação interna <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los realizada pelo méto<strong>do</strong> LOO (leave-one-out). O<br />

processo <strong>de</strong> validação externa <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los foi realiza<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> 9 compostos<br />

pertencentes ao conjunto teste. Ao final, os mapas <strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong> HQSAR foram<br />

analisa<strong>do</strong>s e utiliza<strong>do</strong>s no planejamento <strong>de</strong> novos compostos com base nas<br />

substituições moleculares propostas no programa BROOD 2.0.0 (OpenEye, Santa Fe,<br />

USA).Os compostos planeja<strong>do</strong>s tiveram suas ativida<strong>de</strong>s previstas pelo melhor mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> HQSAR, seus mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ligação propostos pelo acoplamento molecular utilizan<strong>do</strong> o<br />

programa HYBRID (OpenEye, Santa Fe, USA) e proprieda<strong>de</strong>s farmacocinéticas<br />

calculadas pelo programa QikProp 3.4 (Schrödinger, LLC).<br />

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Em razão <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> combinações <strong>de</strong><br />

distinção <strong>de</strong> fragmento, comprimentos <strong>de</strong> holograma e tamanho <strong>de</strong> fragmento, apenas<br />

os mo<strong>de</strong>los com coeficiente <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> validação cruzada (q 2 LOO) superior a 0,70<br />

foram escolhi<strong>do</strong>s. O mo<strong>de</strong>lo mais robusto(q 2 LOO = 0,807, r 2 = 0,963) foi gera<strong>do</strong><br />

utilizan<strong>do</strong> as distinções átomos e conectivida<strong>de</strong> (A/C), com tamanho <strong>de</strong> fragmento <strong>de</strong><br />

5-8 e comprimento <strong>do</strong> holograma 53 (Tabela 1). Em seguida a capacida<strong>de</strong> preditiva<br />

<strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los foi investigada utilizan<strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> correlação preditivo (r 2 pred) para 9<br />

compostos pertencentes ao conjunto teste. Com isso, observou-se que o mo<strong>de</strong>lo<br />

forma<strong>do</strong> pelas distinções C/DA (q 2 LOO = 0,725, r 2 = 0,953 e tamanho <strong>de</strong> fragmento = 5-8<br />

átomos) que apresentou maior capacida<strong>de</strong> preditiva (r 2 pred = 0,752).<br />

Capa Índice 10064


Tabela 1 – Análises <strong>de</strong> HQSAR para a influência <strong>de</strong> tamanhos <strong>do</strong>s fragmentos nos<br />

parâmetros estatísticos para os melhores mo<strong>de</strong>los.<br />

Distinção Tam. <strong>do</strong> Frag. q 2 LOO r 2 SEE HL N<br />

A/C 5-8 0,807 0,963 0,116 59 6<br />

C/DA 5-8 0,725 0,953 0,130 83 6<br />

A/C/DA 4-7 0,743 0,916 0,171 59 5<br />

B/C/DA 3-6 0,754 0,916 0,174 71 6<br />

q 2<br />

(LOO): coeficiente <strong>de</strong> correlação da validaçãocruzada (LOO); r 2 : coeficiente <strong>de</strong> correlação linear; SEE:<br />

erropadrãoestima<strong>do</strong>; HL: comprimento <strong>do</strong> holograma; N: número <strong>de</strong> variáveis latentes ou componentes<br />

PLS. Distinção <strong>de</strong> fragmentos: A, átomo; B, ligação; C, conectivida<strong>de</strong>; DA, <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r e aceptor.<br />

Além <strong>de</strong> prever a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compostos, o HQSAR é capaz <strong>de</strong> gerar mapas<br />

<strong>de</strong> contribuição e i<strong>de</strong>ntificar osfragmentosque contribuem <strong>de</strong> forma positiva e<br />

negativapara ativida<strong>de</strong> biológica.<br />

Figura 2 – Mapas <strong>de</strong> contribuição e menos potente <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, utilizan<strong>do</strong> o<br />

melhor mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> HQSAR para os compostos mais.<br />

Os mapas indicam que a ponte metilênica no composto mais potente (Cpd.<br />

1), os átomos nas posições 1 e 2 <strong>do</strong> anel R1, o nitrogênio <strong>do</strong> anel tioxotiazolidinona e o<br />

carbono na posição 2 <strong>do</strong> anel R2 contribuem <strong>de</strong> forma positiva para a ativida<strong>de</strong><br />

biológica. Em contraste, a análise <strong>do</strong> composto <strong>de</strong> baixa potência (cpd. 36) indicou que<br />

os átomos nas posições 5 e 6 e a metoxila <strong>do</strong> anel R1, bem como os átomos <strong>de</strong><br />

carbono nas posições 3 e 6 <strong>do</strong> anel R2 contribuem <strong>de</strong> forma negativa para a ativida<strong>de</strong><br />

biológica (Figura 1).<br />

Ten<strong>do</strong> como base as informações <strong>do</strong>s mapas <strong>de</strong> contribuição, quatro novos<br />

análogos foram planeja<strong>do</strong>s e apresentaram valores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> calcula<strong>do</strong>s superior a<br />

<strong>do</strong> composto protótipo (pIC50 = 6,602) (Tabela 3), sen<strong>do</strong> portanto, promissores. Os<br />

compostos planeja<strong>do</strong>s apresentaram características druglike, não violan<strong>do</strong> a regra <strong>do</strong>s<br />

Capa Índice 10065


5 <strong>de</strong> Lipinski, com LogP entre 4,665 a 4,078, percentual <strong>de</strong> absorção oral igual a 100%,<br />

número <strong>de</strong> prováveis reações metabólicas inferior a 5, permeabilida<strong>de</strong> em células<br />

Caco-2 entre 493,7 a 685 nm/seg e energia <strong>de</strong> pontuação <strong>de</strong> <strong>do</strong>cking próximas a <strong>do</strong><br />

composto protótipo (cpd. 1).<br />

Tabela 3 –Valores <strong>de</strong> pIC50 calcula<strong>do</strong>s pelo melhor mol<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> HQSAR e proprieda<strong>de</strong>s<br />

farmacocinéticas para o protótipo 1 e para os análogos planeja<strong>do</strong>s.<br />

Cpd. HQSAR a Score Sint. Sol. Log P Lipinski Metab. Abs. Caco-2<br />

Hit-1 7,386 -10,4 0,31 -6,5 4,603 0 5 100% 571,0<br />

Hit-2 7,140 -9,2 0,29 -6,2 4,273 0 5 100% 493,7<br />

Hit-3 7,130 -9,7 0,33 -6 4,078 0 5 100% 685,7<br />

Hit-4 7,050 -9,2 0,33 -6,4 4,665 0 4 100% 501,3<br />

Cpd. 1 6,602 b -10,9 0,39 -5,6 3,654 0 4 94% 380,6<br />

a Consenso: media <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> pIC50 preditos <strong>de</strong> HQSAR; b ativida<strong>de</strong> biológica experimental; Score:<br />

energia <strong>de</strong> pontuação <strong>do</strong> <strong>do</strong>cking; Sint.: acessibilida<strong>de</strong> sintética; Sol.: solubilida<strong>de</strong> (-6,5/0,5 é aceitavel);<br />

Metab.: número <strong>de</strong> prováveis reações metabólicas (≤ 5 é aceitavel);Lipinski: número <strong>de</strong> violações na<br />

regra <strong>do</strong>s 5 <strong>de</strong> Lipinski (máximo <strong>de</strong> 4 violações); Abs.: percentual <strong>de</strong> absorção oral (≥ 25% é aceitavel);<br />

Caco-2: Permeabilida<strong>de</strong> (nm/seg.) em celulas Caco-2(≥ 500 é aceitavel).<br />

Ao final, verificou-se que os análogos planeja<strong>do</strong>s apresentaram mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

ligação similar ao <strong>do</strong> composto protótipo (cpd. 1), realizan<strong>do</strong> ligações <strong>de</strong> hidrogênio<br />

com os resíduos Tyr277, Asn218, Ala219 e interações hidrofóbicas com o bolso<br />

hidrofóbico composto pelos resíduos <strong>de</strong> Tyr267, Phe368, Ala372, Pro314 e Ile369<br />

(Fígura 3).<br />

Figura 3 –Posicionamento <strong>do</strong> Cpd. 1 (A) e <strong>do</strong> Hit-1 (B) no interior da cavida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

interação da PfENR.<br />

Capa Índice 10066


4. CONCLUSÕES<br />

Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> HQSAR construí<strong>do</strong>s apresentaram bons coeficientes <strong>de</strong><br />

correlação e boa capacida<strong>de</strong> preditiva, com elevada consistência interna e<br />

externa.<br />

As novas moléculas propostas apresentaram resulta<strong>do</strong>s promissores quanto a<br />

potência e proprieda<strong>de</strong>s farmacocinéticas, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser úteis em futuros<br />

trabalhos <strong>de</strong> síntese e avaliação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> antimalárica.<br />

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

KUMAR, G.; BANERJEE, T.; KAPOOR, N.; SUROLIA, N.; SUROLIA, A. SAR and<br />

Pharmacophore Mo<strong>de</strong>ls for the Rhodanine Inhibitors of Plasmodium Falciparum Enoyl-acyl<br />

Carrier Protein Reductase. IUBMB Life, v. 62, n. 3, p. 204-213, 2010.<br />

KUMAR, G.; PARASURAMAN, P.; SHARMA, S. K.; BANERJEE, T.; KARMODIYA, K.;<br />

SUROLIA, N.; SUROLIA, A. Discovery of a Rhodanine Class of Compounds as Inhibitors of<br />

Plasmodium Falciparum Enoyl-acyl Carrier Protein Reductase. Journal of Medicinal<br />

Chemistry, v. 50, n. 11, p. 2665-2675, 2007.<br />

PETERSEN, I.; EASTMAN, R.; LANZER, M. Drug-resistant Malaria: Molecular Mechanisms and<br />

Implications for Public Health. FEBS Letters, v. 585, n. 11, p. 1551-1562, 2011.<br />

WHITE, S. W.; ZHENG, J.; ZHANG, Y.-M.; ROCK. The Structural Biology of Type II Fatty Acid<br />

Biosynthesis. Annual Review of Biochemistry, v. 74, p. 791-831, 2005.<br />

WORLD HEALTH ORGANIZATION.Malaria indicators, 2012 Disponível em:<br />

. Acessoem: 15 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2012.<br />

Capa Índice 10067


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10068 - 10072<br />

PARA UMA FILOSOFIA DA TECNOLOGIA: EM BUSCA DA<br />

PAIDEIA FILOSÓFICA NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO<br />

Bruno Pedroso Lima SILVA<br />

Mestran<strong>do</strong> em Educação<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação/<strong>UFG</strong><br />

brunoplsilva@yahoo.com.br<br />

Prof. Ged GUIMARÃES<br />

Orienta<strong>do</strong>r<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação/<strong>UFG</strong><br />

gedh@bol.com.br<br />

Palavras-chave: filosofia, tecnologia, educação, pai<strong>de</strong>ia, socieda<strong>de</strong> da informação.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Entre o final <strong>do</strong> século VII a.C. e o início <strong>do</strong> século VI a.C., surge, na Grécia<br />

Antiga, uma nova maneira <strong>de</strong> apreensão <strong>do</strong> real, <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e da natureza. Devi<strong>do</strong> a<br />

to<strong>do</strong> um processo histórico <strong>de</strong> transformação intelectual, perceptiva e mental, esse<br />

novo mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensamento aban<strong>do</strong>na – não completamente, mas <strong>de</strong>ixa bastante <strong>de</strong><br />

la<strong>do</strong> – os mitos, os mistérios, a acomodação com a incompreensão e passa a se<br />

focar no homem, no mun<strong>do</strong>, na realida<strong>de</strong> e na natureza, buscan<strong>do</strong> não<br />

especificamente explicá-los, <strong>de</strong>cifrá-los e <strong>de</strong>screver-lhes, mas sim pensá-los,<br />

compreendê-los, interpretá-los. A atitu<strong>de</strong> espiritual se transforma, é questiona<strong>do</strong>ra,<br />

inquiri<strong>do</strong>ra, curiosa. As respostas que os elementos míticos e tradicionais oferecem<br />

não são mais aceitos como verda<strong>de</strong>s absolutas e são postas em discussão. O<br />

pensamento começa a se organizar a partir <strong>de</strong> elementos lógicos e intelectuais, na<br />

busca <strong>de</strong> explicações e reflexões que consi<strong>de</strong>rem a mutabilida<strong>de</strong>, a multiplicida<strong>de</strong> e<br />

a transcendência <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, da realida<strong>de</strong> e da natureza.<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se então que, neste momento, nasce a ativida<strong>de</strong> filosófica. A<br />

explicação das coisas passa a ser buscada a partir da admiração, da contemplação,<br />

<strong>do</strong> espanto, da surpresa. A filosofia nasce buscan<strong>do</strong> a “laicização e a secularização<br />

<strong>do</strong> mito e da religião, <strong>de</strong> racionalização das formas <strong>de</strong> compreensão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e da<br />

existência humana” 1 . Busca a origem, o princípio, a essência, o i<strong>de</strong>al. Admirar e<br />

1 COELHO, 2001, p. 20.<br />

Capa Índice 10068<br />

1


contemplar <strong>de</strong>sinteressadamente leva a filosofia a caminhar rumo à I<strong>de</strong>ia, à<br />

essência <strong>do</strong> ser e <strong>do</strong> existente, ao senti<strong>do</strong> das coisas, aos “por quês”.<br />

A filosofia que nasce, nesse contexto, é inseparável e inalienável em relação<br />

ao coletivo, à comunida<strong>de</strong>, à cida<strong>de</strong>, à pólis. E, sen<strong>do</strong> inseparável da cida<strong>de</strong>, é<br />

também, automaticamente, inseparável <strong>do</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> formação humana, cultural,<br />

coletiva e pensante, a pai<strong>de</strong>ia. O termo pai<strong>de</strong>ia significava para os gregos a<br />

formação <strong>do</strong> homem, com o olhar volta<strong>do</strong> para o to<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong> assim, pai<strong>de</strong>ia<br />

significava também, ao mesmo tempo, civilização, cultura, literatura, sen<strong>do</strong> o termo<br />

eleva<strong>do</strong> a algo quase divino, um tipo diferente <strong>de</strong> divinda<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>pendia apenas<br />

<strong>do</strong> homem. Eram os homens, então, os responsáveis por construir o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> mun<strong>do</strong><br />

harmonioso, pacífico e <strong>de</strong>mocrático. Sem o coletivo, então, não po<strong>de</strong>ria existir<br />

pai<strong>de</strong>ia. A filosofia, com isso, já nasce com uma função primordialmente educativa.<br />

Enfatizar na educação a interrogação, a inquisição, o questionamento, o<br />

pensamento, leva o homem a buscar o real como objeto <strong>de</strong> sua reflexão. A<br />

educação na pai<strong>de</strong>ia grega não pergunta “como isso é?”, mas sim “o que é?”. Ela<br />

persegue a essência, o to<strong>do</strong>, o original, o imutável. A filosofia nasce para substituir<br />

as crenças divinas e míticas, que explicavam o mun<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> <strong>do</strong>utrinas, <strong>de</strong><br />

concretu<strong>de</strong>s. A educação grega tem então por objetivo a conversão, o giro <strong>do</strong> olhar,<br />

o abrir abstrato <strong>do</strong>s olhos, a admiração <strong>do</strong> que não se conhecia, enfim, a real<br />

formação humana.<br />

O que procuro neste trabalho é suscitar a inquietação que busca os caminhos<br />

que po<strong>de</strong>mos seguir para buscar uma filosofia e uma educação que tenham os<br />

princípios conti<strong>do</strong>s no pensamento grego. Na minha reflexão, a tecnologia,<br />

principalmente as novas tecnologias <strong>de</strong> comunicação, são uma categoria primordial<br />

para iniciarmos esse pensamento. Entendê-la como obra cultural, perceben<strong>do</strong> sua<br />

amplitu<strong>de</strong> e suas possibilida<strong>de</strong>s formativas, e refletir e perceber o quanto sua função<br />

foi subjugada e apropriada pelos interesses <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e <strong>do</strong> capital, é essencial<br />

para que possamos fazer uma análise crítica da socieda<strong>de</strong> contemporânea,<br />

trazen<strong>do</strong> a reflexão <strong>do</strong> específico para o to<strong>do</strong> e, ao mesmo tempo, pensan<strong>do</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>s, crian<strong>do</strong> esperanças, buscan<strong>do</strong> utopias.<br />

Discuto então os i<strong>de</strong>ais e o pensamento gregos sobre a existência humana,<br />

focan<strong>do</strong>-me no i<strong>de</strong>al político – a <strong>de</strong>mocracia também surge neste momento, na<br />

Capa Índice 10069<br />

2


Grécia Antiga – e no i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> formação humana que os gregos pensavam para a<br />

convivência social harmoniosa e a paz <strong>de</strong>ntro da polis. Com isso, preten<strong>do</strong><br />

estabelecer uma relação com a nossa realida<strong>de</strong> contemporânea, pensan<strong>do</strong><br />

especificamente a tecnologia e a formação da chamada “socieda<strong>de</strong> da informação”,<br />

a organização social que surge a partir da Revolução Industrial, buscan<strong>do</strong> enten<strong>de</strong>r<br />

a origem <strong>do</strong>s processos tecnológicos, seu senti<strong>do</strong> e seus efeitos na<br />

contemporaneida<strong>de</strong>. Após isso, reflito as possibilida<strong>de</strong>s e as utopias que a<br />

tecnologia po<strong>de</strong> ajudar a compreen<strong>de</strong>r e a trazer para uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática,<br />

harmoniosa, crítica, política e pacífica.<br />

Sen<strong>do</strong> assim, o trabalho consta <strong>de</strong> 3 capítulos: o primeiro, pensan<strong>do</strong> e<br />

afirman<strong>do</strong> o i<strong>de</strong>al grego <strong>de</strong> formação cultural e política, buscan<strong>do</strong> pensar como esse<br />

i<strong>de</strong>al po<strong>de</strong> contribuir na chamada “socieda<strong>de</strong> da informação e <strong>do</strong> conhecimento”. No<br />

segun<strong>do</strong>, buscarei <strong>de</strong>screver o que é a tecnologia hoje, como foi reduzida a um<br />

simples instrumento <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, como passou a ser tratada como mera merca<strong>do</strong>ria,<br />

fetichizada, <strong>de</strong>sfigurada e apropriada pelo capital para trabalhar pelos seus<br />

interesses. No terceiro e último, faço a reflexão da amplitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> da<br />

tecnologia, o que ela po<strong>de</strong>ria ser, no que po<strong>de</strong>ria contribuir e como po<strong>de</strong>ria ser um<br />

elemento primordial na formação cultural e política na socieda<strong>de</strong> contemporânea,<br />

ten<strong>do</strong> sempre como referência o i<strong>de</strong>al grego e enfatizan<strong>do</strong> as tecnologias <strong>de</strong><br />

comunicação e informação.<br />

MÉTODOS<br />

Minha pesquisa é um estu<strong>do</strong> teórico-filosófico, monográfico e <strong>de</strong> cunho<br />

bibliográfico, que preten<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a tecnologia filosoficamente, ou seja,<br />

buscan<strong>do</strong> enten<strong>de</strong>r as origens, os senti<strong>do</strong>s e os <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos que a tecnologia e<br />

principalmente as novas tecnologias <strong>de</strong> comunicação trazem para a compreensão<br />

da realida<strong>de</strong> política e educacional contemporânea.<br />

Dito isso, meus méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pesquisa se basearão em pesquisa bibliográfica e<br />

na reflexão filosófica, nos vários campos a serem discuti<strong>do</strong>s: educação grega;<br />

formação política e cultural na Grécia Antiga; a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, a Revolução Industrial<br />

e a transformação <strong>do</strong> paradigma tecnológico; filosofia da tecnologia; tecnologias <strong>de</strong><br />

comunicação; formação contemporânea. A partir da pesquisa, buscarei relacionar os<br />

Capa Índice 10070<br />

3


temas estuda<strong>do</strong>s e refletir sobre um novo paradigma para a educação e para a<br />

formação da chamada “socieda<strong>de</strong> da informação”, que seja filosófica, crítica, e que<br />

pense e atribua à tecnologia a função <strong>de</strong> ser elemento estruturante <strong>de</strong>ssa formação.<br />

DISCUSSÃO<br />

Como o trabalho ainda não se encontra pronto, não tenho resulta<strong>do</strong>s<br />

conclusivos a discutir. Também não é função <strong>do</strong> trabalho filosófico oferecer<br />

resulta<strong>do</strong>s conclusivos, verda<strong>de</strong>s prontas, <strong>de</strong>finições conceituais acabadas e<br />

<strong>de</strong>terminadas. Estou, no momento, no final da redação <strong>do</strong> primeiro capítulo. O que<br />

farei aqui então, nesse item, é discutir as diretrizes básicas da minha reflexão que,<br />

creio – não posso afirmar <strong>de</strong>finitivamente que será assim –, permearão toda a<br />

redação <strong>do</strong> trabalho.<br />

Os conceitos <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia da filosofia da Grécia Antiga nos<br />

levam a buscar a compreensão e a interpretação <strong>do</strong> que os gregos entendiam como<br />

formação, cultura e política. A característica principal <strong>do</strong> pensamento grego era estar<br />

sempre com um objetivo muito bem <strong>de</strong>linea<strong>do</strong>: buscar o elemento essencial, o que<br />

realmente <strong>de</strong>finia educação e política como tais, o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s em si<br />

mesmas. É a partir <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> reflexão que busco iniciar um pensamento <strong>de</strong> um<br />

i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> como a que pensaram os gregos e como esse i<strong>de</strong>al, o grego,<br />

po<strong>de</strong> ainda contribuir para reflexões e ações no nosso tempo atual, principalmente<br />

no que se refere à tecnologia.<br />

Ofusca<strong>do</strong>s pelo brilho das tecnologias, pelo espetáculo que trazem, pelo seu<br />

caráter facilita<strong>do</strong>r e muitas vezes <strong>de</strong>sumaniza<strong>do</strong>r, acabamos por nos <strong>de</strong>scuidar da<br />

reflexão sobre suas origens, senti<strong>do</strong>s e efeitos na educação e na socieda<strong>de</strong>.<br />

Per<strong>de</strong>mos <strong>de</strong> vista o elemento essencial da tecnologia, que, afinal, é também cultura<br />

humana. Como gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s elementos culturais <strong>de</strong> nosso tempo, só o que<br />

conseguimos ver e pensar é o imediato, o contingente, o aparente. Esse é o meu<br />

objeto <strong>de</strong> reflexão: pensar a tecnologia, a comunicação, a educação e a política em<br />

suas interrelações e com profundida<strong>de</strong>, com rigor e crítica, buscan<strong>do</strong> <strong>de</strong>screver seus<br />

senti<strong>do</strong>s, efeitos e sua função em uma socieda<strong>de</strong> que se tornou tecnocrata e<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> espetáculo social, buscan<strong>do</strong> assim novas formas <strong>de</strong> compreendê-la,<br />

pensan<strong>do</strong> as suas amplitu<strong>de</strong>s, utopias e possibilida<strong>de</strong>s formativas e politiza<strong>do</strong>ras.<br />

Capa Índice 10071<br />

4


Afirmo, então, o pensamento grego sobre a natureza, a vida, a realida<strong>de</strong>, o<br />

mun<strong>do</strong>, a política, a <strong>de</strong>mocracia, a razão, o conhecimento, a comunida<strong>de</strong>, até<br />

mesmo a tecnologia – mesmo naquela época, o pensamento grego sobre a técnica<br />

e as “máquinas” <strong>de</strong> seu tempo já existia -, enfim, sobre o mun<strong>do</strong> humano, como um<br />

mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensamento que não po<strong>de</strong>ria ter si<strong>do</strong> aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> pela organização social<br />

humana, e que ainda cabe no nosso mun<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong> atuais, mesmo com todas<br />

as diferenças <strong>de</strong>correntes da passagem <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 2.500 anos. O pensamento<br />

grego, a meu ver, é essencial, no senti<strong>do</strong> mesmo da palavra, tem uma essência<br />

atemporal, um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> reflexão que po<strong>de</strong> guiar a socieda<strong>de</strong> e as mentes humanas<br />

para uma melhor compreensão da política, da convivência, das associações, da<br />

<strong>de</strong>mocracia, da harmonia, da paz, da educação e da formação.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (PRINCIPAIS)<br />

COELHO, Il<strong>de</strong>u Moreira (Org.). Educação, cultura e formação: o olhar da<br />

filosofia. 1ªed. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2009.<br />

COELHO, Il<strong>de</strong>u Moreira. Filosofia e educação. In: PEIXOTO, José Adão.<br />

(Org.). Filosofia, educação e cidadania. (Org.) Campinas: Alínea, 2001, p.17-70.<br />

DUSEK, Val. Filosofia da tecnologia. São Paulo: Loyola, 2009.<br />

FEENBERG, Andrew. O que é a Filosofia da Tecnologia? In: NEDER, Ricar<strong>do</strong><br />

Tole<strong>do</strong>. A Teoria Crítica <strong>de</strong> Andrew Feenberg: racionalização <strong>de</strong>mocrática, po<strong>de</strong>r e<br />

tecnologia. Brasília: UnB / Capes, 2010.<br />

GUIMARÃES, Ged. A recusa da socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> espetáculo no processo <strong>de</strong><br />

formação <strong>do</strong> homem autônomo: um estu<strong>do</strong> da abordagem <strong>de</strong> Rousseau. 2004.<br />

216 f. Tese (Doutora<strong>do</strong> em Educação) – UFMG, Belo Horizonte, 2004.<br />

HOBSBAWN, Eric. A Era das Revoluções. Paz e Terra. Rio <strong>de</strong> Janeiro. 2004.<br />

LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência o futuro <strong>do</strong> pensamento na era da<br />

informática. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ed. 34, 2001.<br />

MARROU, Henri Ireneé. História da Educação na Antiguida<strong>de</strong>. São Paulo: E.P.U.,<br />

Ed. Da USP, 1973.<br />

PLATÃO. A República. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. 2. ed. Lisboa:<br />

Caloustre Gulbenkian, 1993.<br />

PLATÃO. Defesa <strong>de</strong> Sócrates. Trad. Jayme Bruna, Líbero Rangel <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>,<br />

Gilda Maria Reale Strzynsky. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996.<br />

SANTOS, Laymert Garcia <strong>do</strong>s. Politizar as novas tecnologias: o impacto sóciotécnico<br />

da informação digital e genética. São Paulo: Editora 34; 2003.<br />

VERNANT, Jean-Pierre. As origens <strong>do</strong> pensamento grego. Trad. Ísis Borges B. da<br />

Fonseca. 3. ed. São Paulo: Difel, 1981.<br />

Capa Índice 10072<br />

5


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10073 - 10077<br />

Equalização <strong>de</strong> Sistemas <strong>de</strong> Comunicação Sem Fio<br />

Baseada na Função <strong>de</strong> Autocorrelação <strong>de</strong> um Mo<strong>de</strong>lo<br />

Multifractal<br />

Autores<br />

Bruno Vinícius Lopes <strong>de</strong> SOUZA<br />

Flávio Henrique Teles VIEIRA<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

Escola <strong>de</strong> Engenharia Elétrica, Mecânica e <strong>de</strong> Computação (EMC)<br />

eng.brunolopes@hotmail.com.br<br />

flavio@eeec.ufg.br<br />

Palavra Chave - Equalização, Sistemas <strong>de</strong> Comunicação, Mo<strong>de</strong>lagem<br />

Multifractal, Filtro <strong>de</strong> Wiener.<br />

1. Introdução<br />

O avanço nas aplicações envolven<strong>do</strong> múltiplas mídias, como áudio e ví<strong>de</strong>o<br />

digital criou uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por sistemas <strong>de</strong> comunicação sem fio que<br />

transmitam altas taxas <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s. Este cenário levou ao <strong>de</strong>senvolvimento e aplicação<br />

<strong>de</strong> várias tecnologias nas últimas duas décadas. Uma proposta que se <strong>de</strong>stacou foi<br />

a técnica <strong>de</strong> modulação OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing). Este<br />

esquema <strong>de</strong> modulação apresentou-se como uma alternativa eficiente e robusta<br />

para a transmissão <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s com altas taxas em ambientes com múltiplos<br />

percursos.<br />

O processo <strong>de</strong> equalização é utiliza<strong>do</strong> para compensar a maior parte das<br />

<strong>de</strong>gradações e perdas introduzidas pelo conjunto transmissor, canal, receptor, tais<br />

como, reatâncias <strong>do</strong> transmissor, atrasos por múltiplos percursos no canal,<br />

condições <strong>de</strong> variações temporais <strong>do</strong> canal, ruí<strong>do</strong> e imperfeições generalizadas na<br />

resposta impulsiva <strong>do</strong> cana, e no presente trabalho aplicamos um algoritmo <strong>de</strong><br />

Equalização em um sistema <strong>de</strong> transmissão OFDM, que juntamente com sistemas<br />

que utilizam múltiplas antenas, é consi<strong>de</strong>rada elemento essencial para a próxima<br />

Capa Índice 10073


geração (4G) <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> comunicação sem fio [1], uma vez que são esperadas<br />

elevadas taxas <strong>de</strong> transmissão até mesmo para usuários <strong>de</strong> alta mobilida<strong>de</strong>.<br />

O Equaliza<strong>do</strong>r proposto é basea<strong>do</strong> no filtro <strong>de</strong> Wiener, e utiliza a função <strong>de</strong><br />

autocorrelação <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo Multifractal <strong>de</strong> tráfego <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s, que é capaz <strong>de</strong><br />

representar não apenas a autossimilarida<strong>de</strong>, mas também as características<br />

multifractais <strong>de</strong> comportamento em escala, impossíveis <strong>de</strong> serem reproduzi<strong>do</strong>s pelos<br />

clássicos mo<strong>de</strong>los estocásticos markovianos utiliza<strong>do</strong>s [4].<br />

Ainda, como teste, o filtro utiliza<strong>do</strong> no algoritmo <strong>de</strong> equalização foi aplica<strong>do</strong> na<br />

predição <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> tráfego <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação. Assim, nas seções<br />

seguintes são apresenta<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> predição <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> tráfego e<br />

equalização <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> comunicação OFDM compara<strong>do</strong>s com outras algoritmos<br />

tradicionais. Por fim, são expostos as discussões sobre os resulta<strong>do</strong>s e conclusões.<br />

2. Material e Méto<strong>do</strong><br />

No artigo [3] é proposto um mo<strong>de</strong>lo multifractal para tráfego <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, que<br />

consiste na combinação <strong>de</strong> uma cascata multiplicativa com um processo<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte lognormal. Este mo<strong>de</strong>lo multifractal é flexível o suficiente para capturar<br />

as características multifractais <strong>do</strong> tráfego <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong> tanto a função <strong>de</strong><br />

escala e o fator <strong>de</strong> momento [3]. Por outro la<strong>do</strong>, o mo<strong>de</strong>lo é simples por possuir<br />

apenas três parâmetros <strong>de</strong> entrada , sen<strong>do</strong> e a média e variância da<br />

amostra, e um parâmetro multifractal, <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pela equação <strong>de</strong> atualização <strong>do</strong><br />

algoritmo <strong>de</strong> Levenberg-Marquardt [4]. Em resumo, as seguintes proprieda<strong>de</strong>s<br />

estatísticas <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo foram usadas no algoritmos Equaliza<strong>do</strong>r proposto,<br />

retiradas <strong>de</strong> [4]:<br />

. (2)<br />

. (3)<br />

. (4)<br />

As equações (2) e (3) correspon<strong>de</strong>m à média e à variância <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo, e a<br />

equação (4) correspon<strong>de</strong> à covariância, que quantifica a correlação entre as<br />

amostras <strong>de</strong> um processo e que foi utilizada no filtro proposto.<br />

Capa Índice 10074


A abordagem <strong>de</strong> predição proposta é baseada na teoria <strong>de</strong> Wiener e na<br />

estrutura <strong>de</strong> correlação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo, utilizada para obter os coeficientes <strong>do</strong> filtro<br />

preditor.<br />

Sen<strong>do</strong> o coeficiente <strong>do</strong> filtro preditor, a k-<br />

amostra anterior e <strong>de</strong>nota a saída <strong>de</strong>sejada. Assim, tem-se as<br />

seguintes equações para o cálculo <strong>de</strong> rx:<br />

on<strong>de</strong> rx representa a autocorrelação da seqüência <strong>de</strong> entrada <strong>do</strong> filtro e rdx <strong>de</strong>nota é<br />

a correlação entre o valor <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> e <strong>do</strong> filtro <strong>de</strong> entrada, no algoritmo <strong>de</strong> predição<br />

proposto essa autocorrelação é calculada pela equação (4).<br />

O preditor foi avalia<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong>-se duas medidas relativas <strong>de</strong> erro,<br />

conhecidas como erros quadráticos médios normaliza<strong>do</strong>s (EQMN1 e EQMN2), a<br />

primeira medida consiste em normalizar o EQM em relação à variância da série<br />

predita, enquanto a segunda medida consiste em normalizar o EQM em relação ao<br />

erro quadrático médio <strong>do</strong> preditor ótimo para o processo passeio aleatório (ran<strong>do</strong>m<br />

walk) [5] . A fim <strong>de</strong> avaliar o preditor <strong>de</strong> tráfego e o equaliza<strong>do</strong>r OFDM proposto, são<br />

realizadas comparações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho entre e <strong>do</strong>is outros algoritmos lineares: os<br />

filtros adaptativos RLS e LMS [4].<br />

3. Resulta<strong>do</strong>s e Discussão<br />

Na presente seção são apresenta<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong><br />

preditor proposto em comparação ao <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> <strong>do</strong>is algoritmos RLS e LMS,<br />

quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>s aos traços DEC_PKT_1_100.TCP e DEC_PKT_1_512.TCP em<br />

um conjunto <strong>de</strong> 2048 amostras. Sen<strong>do</strong> que o 100 no nome da<strong>do</strong> à primeira série<br />

(DEC_PKT_1_100.TCP), representa um intervalo <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> 100ms e na<br />

segunda série é <strong>de</strong> 512ms.<br />

Capa Índice 10075<br />

(5)<br />

(6)<br />

(7)<br />

(8)


Tabela 1 - Comparação <strong>do</strong>s erros <strong>de</strong> predição<br />

Em seguida os algoritmos <strong>de</strong> predição são aplica<strong>do</strong>s na equalização <strong>de</strong> canal<br />

<strong>de</strong> um sistema OFDM basea<strong>do</strong> no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>scrito em [2] representa<strong>do</strong> na Figura 1,<br />

submeti<strong>do</strong> a <strong>de</strong>svanecimento e um ruí<strong>do</strong> gaussiano (AWGN) no canal. A Figura 2<br />

representa o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> equalização utiliza<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> são aplica<strong>do</strong>s os algoritmos <strong>de</strong><br />

predição (proposto, LMS e RLS) no canal <strong>do</strong> sistema OFDM. Uma vez <strong>de</strong> posse da<br />

estimativa <strong>do</strong> canal, os algoritmos equaliza<strong>do</strong>res atuam corrigin<strong>do</strong> o efeito<br />

provoca<strong>do</strong> pelo ruí<strong>do</strong> gaussiano (AWGN).<br />

Figura 1. Sistema <strong>de</strong> transmissão OFDM<br />

proposto em [2]: (a) transmissor e (b) receptor.<br />

Figura 2. Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> equalização<br />

utiliza<strong>do</strong>.<br />

Figura 3. Relação BER por SNR para o sistema OFDM comparan<strong>do</strong> os<br />

equaliza<strong>do</strong>res com o sistema sem equalização<br />

Na tabela 1 po<strong>de</strong>mos observar que<br />

.<br />

das medidas realizadas <strong>de</strong> comparação<br />

entre os algoritmos <strong>de</strong> predição, o preditor proposto apresentou melhores resulta<strong>do</strong>s<br />

Capa Índice 10076


em todas elas, mostran<strong>do</strong> assim eficiência em relação aos <strong>de</strong>mais. O tráfego <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>s possui características que são <strong>de</strong>scritas mais a<strong>de</strong>quadamente por mo<strong>de</strong>los<br />

multifractais. Assim, acreditamos que méto<strong>do</strong>s mais eficientes <strong>de</strong> alocação <strong>de</strong><br />

recursos po<strong>de</strong>m ser obti<strong>do</strong>s ao se consi<strong>de</strong>rar tais mo<strong>de</strong>los.<br />

A Figura 9 apresentada os resulta<strong>do</strong>s BER versus SNR da equalização <strong>do</strong><br />

canal <strong>de</strong> transmissão OFDM comparan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> algoritmo <strong>de</strong><br />

equalização multifractal proposto e outros <strong>do</strong>is equaliza<strong>do</strong>res adaptativos lineares:<br />

LMS e RLS. Assim como na predição <strong>de</strong> das séries <strong>de</strong> tráfego <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

comunicações, o algoritmo proposto apresentou resulta<strong>do</strong>s menores <strong>de</strong> BER na<br />

maioria <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> SNR quan<strong>do</strong> atuan<strong>do</strong> na equalização <strong>do</strong> sistema OFDM.<br />

4. Conclusões<br />

O <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> algoritmo proposto compara<strong>do</strong> com os algoritmos RLS e<br />

LMS apresentou melhores resulta<strong>do</strong>s em todas as simulações <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> sua<br />

superiorida<strong>de</strong> na predição <strong>de</strong> séries <strong>de</strong> tráfego <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicações e na<br />

equalização <strong>de</strong> sistemas OFDM. Esses resulta<strong>do</strong>s confirmam que o mo<strong>de</strong>los<br />

estatísticos <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> processos multifractais são capazes <strong>de</strong> representar <strong>de</strong><br />

forma mais completa e precisa o real comportamento <strong>do</strong> tráfego <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s<br />

comunicações.<br />

5. Referências Bibliográficas<br />

[1] ITU-R Draft New Recommendation, “Vision, framework and overall<br />

objectives of the future <strong>de</strong>velopment of IMT-2000 and systems beyond IMT-2000” .<br />

[2] H. Hadara, T. Yamamura, "Simulation and Software Radio for Mobile<br />

Communication", 2002.<br />

[3] Trang Dinh Dang,Sán<strong>do</strong>r Molnár, Istc,an Maricza,"Capturing the Multifractal<br />

Characteristics of Network Traffic", GLOBECOM 2002.<br />

[4] Vieira, F. H. T.; Contribuições ao cálculo <strong>de</strong> banda e <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

perda <strong>de</strong> tráfego multifractal <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s. Tese <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> - UNICAMP. Campinas, SP:<br />

[s.n], 2006.<br />

Capa Índice 10077


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10078 - 10083<br />

Trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> urgência e emergência colonizadas por micro-<br />

organismos multirresistentes.<br />

Cácia Régia <strong>de</strong> Paula 1 , Juliana Freitas Silva 2 , Michelle Christine Carlos<br />

Rodrigues 3 , Flávio Henrique Alves <strong>de</strong> Lima 4 , Marinésia Aparecida Pra<strong>do</strong>- Palos 5 .<br />

Unida<strong>de</strong> Acadêmica: Núcleo Saú<strong>de</strong> Coletiva – <strong>UFG</strong><br />

Mestra<strong>do</strong> Profissional em Saú<strong>de</strong> Coletiva da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

*E-mail: caciaregia@gmail.com<br />

Palavras-chave: colonização, micro-organismos, resistência bacteriana,<br />

trabalha<strong>do</strong>r <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

1- Mestranda <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> Profissional em Saú<strong>de</strong> Coletiva. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás.<br />

Goiânia-GO.<br />

2- Bióloga <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Vigilância Epi<strong>de</strong>miológica. Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Jataí-GO.<br />

3- Biomédica <strong>do</strong> Centro Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Dr. Serafim <strong>de</strong> Carvalho. Secretaria Municipal <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong>. Jataí-GO.<br />

4- Mestran<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> Profissional em Saú<strong>de</strong> Coletiva. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás.<br />

Goiânia-GO.<br />

5- Professora Doutora <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> Profissional em Saú<strong>de</strong> Coletiva. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Goiás. Goiânia-GO.<br />

Introdução: O fenômeno da colonização <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> por microorganismos<br />

ocorre, geralmente, a partir <strong>do</strong> contato das mãos <strong>do</strong>s profissionais<br />

com pacientes e pelo contato direto <strong>do</strong> paciente com material ou ambiente<br />

contamina<strong>do</strong> (ANVISA, 2010). Em consequência das especificida<strong>de</strong>s envolvidas<br />

ao ato laboral como, multiplicida<strong>de</strong> e complexida<strong>de</strong> das ações terapêutica<br />

direcionada aos pacientes e executadas pelos trabalha<strong>do</strong>res, condiciona-os a<br />

riscos <strong>de</strong> exposição a esses agentes, entre eles, bactérias, fungos e vírus. Apesar<br />

das recomendações das diretrizes, sobre a importância <strong>de</strong> <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />

a<strong>de</strong>rirem às medidas preventivas, a fim <strong>de</strong> minimizar o risco <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong><br />

micro-organismo, entre elas, as precauções-padrão, as baseadas nas vias <strong>de</strong><br />

transmissão: gotícula, aerossóis e contato aliadas à higienização das mãos (HM)<br />

(SIEGEL et al, 2007). A observância <strong>de</strong>ssas medidas pelos trabalha<strong>do</strong>res durante<br />

a jornada laboral ainda não ocorre <strong>de</strong> forma efetiva. Atitu<strong>de</strong>s inseguranças os<br />

colocam em situação <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> colonizar-se por agentes virulentos, assumin<strong>do</strong><br />

assim a condição <strong>de</strong> dissemina<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sses agentes na instituição, na<br />

Capa Índice 10078


comunida<strong>de</strong> e na família. A disseminação <strong>de</strong>sses micro-organismos compromete<br />

a segurança <strong>do</strong> paciente e <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, haja vista, a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mecanismos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s por esses micro-organismos no tocante a resistência<br />

aos antimicrobianos. Nesta perspectiva os <strong>de</strong>safios para a vigilância ativa <strong>de</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>res coloniza<strong>do</strong>s nos estabelecimentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em especial os que<br />

atuam nos serviços <strong>de</strong> urgência e emergência e ou Serviço Móvel <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />

contribuirá para a quebra da ca<strong>de</strong>ia epi<strong>de</strong>miológica das infecções por esses<br />

agentes. Mas para o controle eficaz <strong>de</strong>ssa problemática, <strong>de</strong>verá ocorrer a<br />

articulação entre a estrutura organizacional que envolve políticas governamentais,<br />

institucionais e administrativas, relações interpessoais e intersetoriais no trabalho<br />

e normatização <strong>do</strong> serviço. Logo, a criação <strong>de</strong> uma comissão <strong>de</strong> educação<br />

continuada será necessária para elaborar estratégias capazes <strong>de</strong> abarcar as reais<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada trabalha<strong>do</strong>r, no contexto da colonização <strong>de</strong>sses<br />

trabalha<strong>do</strong>res a micro-organismos virulentos durante a jornada laboral. Essa<br />

preocupação conduziu o Ministério <strong>do</strong> Trabalho na elaboração <strong>de</strong> uma resolução<br />

que dispõe da obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r a<strong>de</strong>rir integralmente às medidas <strong>de</strong><br />

segurança e o trabalha<strong>do</strong>r <strong>de</strong> disponibilizar os Equipamentos <strong>de</strong> Proteção<br />

Individual e quantida<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r (Ministério <strong>do</strong><br />

Trabalho, 2005). É coerente enfatizar que a equipe multiprofissional, muitas<br />

vezes, tem o conhecimento da importância <strong>do</strong> uso <strong>de</strong>sses equipamentos e da<br />

prática da HM na técnica correta, mas não são capazes <strong>de</strong> mudar a prática. Essa<br />

atitu<strong>de</strong> favorece à colonização e agravos a sua saú<strong>de</strong> (PRADO-PALOS et al.,<br />

2009). Tal negligência é justificada por eles, como esquecimento, falta <strong>de</strong><br />

conhecimento da sua importância, atrapalha o manuseio <strong>do</strong>s materiais, perda da<br />

sensibilida<strong>de</strong> tátil, prejudicam a autoimagem, entre outras (Oliveira et al, 2010). A<br />

permanência prolongada no ambiente <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, contato assistencial direto com<br />

clientes, a<strong>de</strong>são incipiente às medidas <strong>de</strong> precaução-padrão HM, são fatores<br />

predisponentes à colonização <strong>de</strong> profissionais que atuam em cenários <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

A cavida<strong>de</strong> bucal representa um importante sítio <strong>de</strong> colonização e,<br />

consequentemente, um reservatório potencial <strong>de</strong> micro-organismos virulentos<br />

para indivíduos suscetíveis. Os porta<strong>do</strong>res orais assintomáticos <strong>de</strong> bactérias,<br />

fungos, etc. assumem papel fundamental na epi<strong>de</strong>miologia e patogênese das<br />

infecções, com <strong>de</strong>staque principal as relacionadas a assistência em saú<strong>de</strong> (IrAS).<br />

Estu<strong>do</strong>s sobre a colonização orofaríngea <strong>de</strong> profissionais da saú<strong>de</strong> por micro-<br />

Capa Índice 10079


organismos são escassos e a prevalência precisa ser esclarecida e receber<br />

melhor abordagem (LIMA et al, 2012). As espécies que compõem o grupo <strong>de</strong><br />

Staphylococcus coagulase-negativos (SCN), como S. epi<strong>de</strong>rmidis e S.<br />

haemolyticus, também têm emergi<strong>do</strong> como notórios patógenos humanos.<br />

Principalmente, como agentes <strong>de</strong> (IrAS), pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> biofilme<br />

e resistência aos antimicrobianos, como à meticilina (SOUSA JUNIOR et al.,<br />

2009; MULANOVICH et al., 2010; RIGATTI et al., 2010). Além disso, po<strong>de</strong>m atuar<br />

como reservatórios <strong>de</strong> genes <strong>de</strong> resistência (HANSSEN; SOLLID, 2006). A<br />

resistência <strong>do</strong>s Staphylococcus sp. à meticilina confere resistência cruzada aos<br />

<strong>de</strong>mais antimicrobianos da classe beta-lactâmicos, entre outros amplamente<br />

emprega<strong>do</strong>s na prática terapêutica das infecções estafilocócicas (ROSSI;<br />

ANDREAZZI, 2005; TAVARES, 2009; Clinical and Laboratory Standars,2009). A<br />

colonização por esses agentes infecciosos po<strong>de</strong> comprometer a saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> próprio<br />

trabalha<strong>do</strong>r, pois, em condições oportunas, eles po<strong>de</strong>m causar infecções<br />

redicivantes (LU et al., 2008; SILVA et al., 2009; AKTAS et al., 2010). Essa<br />

inquietu<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertou-me para busca <strong>de</strong> conhecimento para melhor compreen<strong>de</strong>r<br />

as interfaces envolvidas na colonização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> urgência e<br />

emergência e os aspectos relaciona<strong>do</strong>s a segurança <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r durante a<br />

jornada laboral. Do mesmo mo<strong>do</strong>, realizar a coleta espécimes da cavida<strong>de</strong><br />

nasofaringe e orofaringe <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> setor, permitirá estabelecer<br />

critérios para minimizar os riscos da colonização e igualmente intervir na ca<strong>de</strong>ia<br />

epi<strong>de</strong>miológica <strong>do</strong>s micro-organismos <strong>de</strong> interesse para as IrAS.<br />

Objetivo: Estimar a prevalência <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s setores <strong>de</strong> urgência e<br />

emergência e, <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Atendimento Móvel <strong>de</strong> Urgência, coloniza<strong>do</strong>s por<br />

micro-organismos multirresistentes <strong>de</strong> Jataí – Goiás.<br />

Material e Méto<strong>do</strong>: Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> tipo transversal, <strong>de</strong> natureza epi<strong>de</strong>miológica<br />

realiza<strong>do</strong> no setor <strong>de</strong> urgência e emergência e, Serviço Móvel <strong>de</strong> Urgência da<br />

Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jataí - Goiás (Brasil). Utilizou-se questionário e<br />

coleta <strong>de</strong> swab nasal. O inócuo foi semea<strong>do</strong> em ágar MacConkey, ágar manitol<br />

salga<strong>do</strong> e ágar sangue. O perfil <strong>de</strong> suscetibilida<strong>de</strong> seguiu o Clinical and<br />

Laboratory Standards Institute. Realizou-se a leitura espectofotométrica<br />

simultânea <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o painel, i<strong>de</strong>ntificação bacteriana. Os Gram-negativos e Gram-<br />

Capa Índice 10080


positivos, foram submeti<strong>do</strong>s às provas bioquímicas específicas. Os da<strong>do</strong>s foram<br />

digita<strong>do</strong>s em banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>scritivamente.<br />

Resulta<strong>do</strong>s: Participaram 47 trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stes, 53,2% <strong>do</strong> sexo<br />

masculino e 47,8% <strong>do</strong> sexo feminino. Houve pre<strong>do</strong>mínio da faixa etária entre 30 a<br />

39 anos que compreen<strong>de</strong>u, sen<strong>do</strong> a ida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> 23 anos e a máxima <strong>de</strong> 64.<br />

O uso <strong>de</strong> antimicrobianos sem recomendação médica foi referida por 13% <strong>do</strong>s<br />

participantes para fins terapêuticos recentemente e 15% os utilizaram por<br />

automedicação, nos últimos 60 dias. Foram utiliza<strong>do</strong>s com fim terapêutico,<br />

Ciprofloxacino e Azitromicina, durante 03 a 14 dias, com média <strong>de</strong> 7,4 dias. Por<br />

automedicação a Amoxilina, Azitromicina, Ciprofloxacino e Eritromicina. Com<br />

relação aos micro-organismos isola<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s participantes, os Staphylococcus<br />

epi<strong>de</strong>rmidis, correspon<strong>de</strong>ram a 62% <strong>do</strong>s isola<strong>do</strong>s figura 1.<br />

Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> micro-organismos isola<strong>do</strong>s<br />

10<br />

9<br />

8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Categoria Profissional<br />

Figura 1: Perfil <strong>do</strong>s os isola<strong>do</strong>s <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s setores <strong>de</strong> urgência e<br />

emergência e, <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Atendimento Móvel <strong>de</strong> Urgência <strong>do</strong> SUS. Jataí - GO,<br />

2012.<br />

Para o medicamento tetraciclina, nas duas ocorrencias <strong>de</strong>ste micro-organismo, foi<br />

apresenta<strong>do</strong> resistência (Figura 2).<br />

Staphylococcus aureus<br />

Staphylococcus auricularis<br />

Staphylococcus capitis<br />

subespécie ureolyticus<br />

Staphylococcus capitis<br />

subs.capitis<br />

Staphylococcus<br />

epi<strong>de</strong>rmidis<br />

Staphylococcus<br />

haemolyticus<br />

Staphylococcus hominis<br />

subsp. novobiosepcticus<br />

Staphylococcus hyicus<br />

Staphylococcus<br />

intermedius<br />

Proteus mirabilis<br />

Capa Índice 10081


Ocorrência<br />

0,8<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0<br />

1<br />

1,8<br />

1,6<br />

1,4<br />

1,2<br />

2<br />

Antimicrobianos<br />

Figura 2: Perfil <strong>de</strong> Suscetibilida<strong>de</strong> (S), Resistência (R) e ação Intermediária (I) aos<br />

antimicrobianos <strong>de</strong> Proteus mirabilis isola<strong>do</strong>s da cavida<strong>de</strong> nasal trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s<br />

setores <strong>de</strong> urgência e emergência e, <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> Atendimento Móvel <strong>de</strong> Urgência<br />

<strong>do</strong> SUS. Jataí – GO, 2012.<br />

O perfil <strong>de</strong> susceptibilida<strong>de</strong> das bactérias Gram-positivas isoladas <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res participantes <strong>de</strong>sse estu<strong>do</strong>. Staphylococcus epi<strong>de</strong>rmidis apresentou<br />

maior resistência para Ampicilina (91,2%) e Eritromicina (82,3%), o<br />

Staphylococcus aureus, o micro-organismos apresentou resistência a Eritromicina<br />

(90,9%) e Ampicilina (72,7%). Staphylococcus hyicus, Ampicilina (100%),<br />

Ceftriaxona (50%) e Eritromicina (50%). Sobre a prática <strong>de</strong> higienização das mãos<br />

(HM) teve-se que, 32% <strong>do</strong>s técnicos em enfermagem, 21,3% eram médicos, 17%<br />

condutores e enfermeiros e 4,2 % outros, referiram conhecê-la e apenas 2,1%<br />

<strong>de</strong>sconheciam. Porém, quan<strong>do</strong> pergunta<strong>do</strong>s sobre a prática <strong>de</strong> higienização das<br />

mãos antes da realização <strong>de</strong> procedimentos ao usuário, (27,6%), técnicos em<br />

enfermagem médicos, (21,39%) enfermeiros (14,9%) e condutores (12,8%),<br />

afirmaram praticá-la e 6,3%% não a praticavam. A segurança <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r da<br />

área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e em particular <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> urgência e emergência e SAMU,<br />

relacionada a colonização micro-organismos resistentes é <strong>de</strong> suma relevância<br />

para a prevenção e controle <strong>de</strong>sse evento, 63,8% <strong>do</strong>s participantes referiram ter<br />

conhecimento sobre a temática. Sobre o risco que o trabalha<strong>do</strong>r coloniza<strong>do</strong> por<br />

estes agentes, representa para a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e para o cliente, obteve-se que<br />

93,6% referiram a existência <strong>do</strong> risco, 2,1% não acreditam e 4,3% não<br />

Capa Índice 10082<br />

S<br />

R<br />

I


informaram. Dos que referiram ao risco, justificaram serem estes, fonte <strong>de</strong><br />

contaminação cruzada e transferência um maior número <strong>de</strong> bactérias resistentes.<br />

Conclusão: A colonização <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> urgência/emergência e<br />

serviço Móvel <strong>de</strong> Urgência <strong>do</strong> SUS <strong>do</strong> Município pesquisa<strong>do</strong> é uma realida<strong>de</strong>.<br />

Esse da<strong>do</strong> sugere a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vigilância <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, além <strong>de</strong><br />

elaboração <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> educação continuada, ten<strong>do</strong> em vista a<br />

capacitação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res às medidas preventivas, conforme recomendações<br />

<strong>de</strong> segurança e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida no trabalho em saú<strong>de</strong>. Propõe-se um programa<br />

<strong>de</strong> educação continuada agregan<strong>do</strong> valores a to<strong>do</strong>s os níveis profissionais,<br />

instigan<strong>do</strong> a busca <strong>de</strong> conhecimentos e a valorização da segurança como parte<br />

da cultura organizacional.<br />

Referências<br />

BRASIL. Ministério <strong>do</strong> Trabalho. NR 32 – Segurança e saú<strong>de</strong> no trabalho em<br />

serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. 2005. Portaria nº 485, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2005. Norma<br />

Regulamenta<strong>do</strong>ra 32. Brasilia (DF): Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego; 2005.<br />

CLSI - Clinical and Laboratory Standards Institute. Performance Standards<br />

for Antimicrobial Disk Susceptibility Tests; Approved Standards- Tenth Edition,<br />

USA 2009.<br />

PRADO-PALOS, M. A. et al. Atuação <strong>de</strong> enfermagem em Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Terapia<br />

Intensiva: implicações para disseminação <strong>de</strong> microrganismo multirresistente.<br />

Revista Panamericana <strong>de</strong> Infectologia. v. 12, n. 1, p. 37-42, 2010.<br />

SABBADINI, FS; GONÇALVES, AA. A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emergência no contexto <strong>do</strong><br />

ambiente hospitalar. Rev Eletrônica Admin Hospitalar. 2005 [acesso 2009 Ago<br />

12]; 1(1):1-13. Disponível em: http://www. São camilorj.br/reah/artigosabbadini.pdf<br />

SIEGEL, J.D.; RHINEHART, E.; JACKSON, M.; CHIARELLO, L. and the<br />

Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee, 2007 Gui<strong>de</strong>line for<br />

Isolation Precautions: Preventing Transmission of Infectious Agents in Healthcare<br />

Settings. June, 2007.<br />

Capa Índice 10083


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10084 - 10088<br />

Produção <strong>de</strong> Brachiaria brizantha cv. Xaraés e <strong>do</strong> Stylosanthes guianensis cv.<br />

Mineirão em consórcio, submeti<strong>do</strong>s a diferentes <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> fósforo<br />

Caio Franco REZENDE 1 ; Vera Lúcia BANYS 2 ; Renata Rodrigues Jardim<br />

SOUSA 1 ; Marcia DIAS 2 , Ariadna Men<strong>de</strong>s da ABADIA 1<br />

1 Aluno <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Agronomia <strong>do</strong> Campus Jataí/<strong>UFG</strong> -<br />

email: franco_caio@yahoo.com.br;<br />

2 Professor <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Zootecnia, Campus Jataí/<strong>UFG</strong>.<br />

Palavras-chave: adubação fosfatada, Cerra<strong>do</strong>, consorciação, fixação <strong>de</strong><br />

nitrogênio, matéria seca<br />

INTRODUÇÃO<br />

No Brasil, maior produtor e exporta<strong>do</strong>r mundial <strong>de</strong> carne bovina, a maior parte<br />

<strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> produção é baseada em pastagens em função da sua praticida<strong>de</strong> e<br />

economicida<strong>de</strong> na alimentação animal. Entretanto, a produtivida<strong>de</strong> e a<br />

sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas pastagens po<strong>de</strong>m ser comprometidas em função da baixa<br />

fertilida<strong>de</strong> natural <strong>do</strong>s solos, uma vez que a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> fósforo é o principal<br />

limitante ao estabelecimento das mesmas.<br />

Estima-se que cerca <strong>de</strong> 60% <strong>do</strong>s 45 a 50 milhões <strong>de</strong> hectares da área das<br />

pastagens no Cerra<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil Central, que correspon<strong>de</strong>m por 60% da produção <strong>de</strong><br />

carne nacional, apresenta algum estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação. Uma alternativa, visan<strong>do</strong> o<br />

aumento da produção forrageira e, ainda, a melhoria na sua qualida<strong>de</strong> é o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> pastagens consorciadas com gramíneas e leguminosas<br />

tropicais. Diretamente, a leguminosa melhora a qualida<strong>de</strong> da dieta animal e,<br />

indiretamente, as raízes das leguminosas, noduladas por microrganismos <strong>do</strong> gênero<br />

Rhizobium são capazes <strong>de</strong> fixar nitrogênio atmosférico no solo e disponibilizá-lo à<br />

pastagem, refletin<strong>do</strong> em maior valor nutricional e capacida<strong>de</strong> produtiva, implican<strong>do</strong>,<br />

<strong>de</strong>ntre outros fatores, em maior capacida<strong>de</strong> suporte. Porém, o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio no<br />

manejo <strong>do</strong>s consórcios é a manutenção da composição botânica das mesmas. Para<br />

que isso ocorra, estu<strong>do</strong>s sobre o uso <strong>de</strong> fertilizantes que favoreçam a<br />

compatibilida<strong>de</strong> e a harmonia <strong>do</strong> consórcio são <strong>de</strong> fundamental importância.<br />

Objetivou-se avaliar a produtivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> capim-xaraés (Brachiaria brizantha cv.<br />

Capa Índice 10084


Xaraés) e <strong>do</strong> estilosantes mineirão (Stylosanthes guianensis cv. Mineirão) em<br />

consórcio submeti<strong>do</strong>s a cinco <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> fósforo no estabelecimento das espécies.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

O experimento foi conduzi<strong>do</strong> em casa <strong>de</strong> vegetação na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Goiás, Campus Jataí com solo proveniente <strong>de</strong> barranco, corrigi<strong>do</strong> para a<br />

obtenção <strong>de</strong> saturação por bases para 60% e acondiciona<strong>do</strong> em vasos com<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 7,00 dm 3 . Os tratamentos correspon<strong>de</strong>ram a cinco <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> fósforo<br />

na adubação <strong>de</strong> estabelecimento das espécies em consórcio: 0, 25, 50, 100 e 200<br />

kg P2O5/ha sob a forma <strong>de</strong> superfosfato simples. Adicionalmente, foi feita a<br />

adubação complementar com 50 kg K2O/ha sob a forma <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> potássio, no<br />

momento da semeadura. Após a geminação foi feito o <strong>de</strong>sbaste a fim <strong>de</strong> se<br />

estabelecer três plantas <strong>de</strong> cada espécie por vaso. O <strong>de</strong>lineamento experimental foi<br />

o inteiramente casualiza<strong>do</strong> com quatro repetições, totalizan<strong>do</strong> vinte vasos. No<br />

estabelecimento foi realiza<strong>do</strong> um corte <strong>de</strong> uniformização das duas espécies a 5 cm<br />

<strong>do</strong> solo quan<strong>do</strong> o Xaraés atingiu altura <strong>de</strong> pastejo (30 cm) e, posteriormente, foi feita<br />

a adubação <strong>de</strong> cobertura com 60 kg <strong>de</strong> N/ha sob a forma <strong>de</strong> uréia. Quan<strong>do</strong> a capim<br />

atingiu novamente a altura <strong>de</strong> pastejo foi feito um novo corte, permitin<strong>do</strong> a obtenção<br />

das massas produzidas no primeiro e no segun<strong>do</strong> corte. A massa <strong>de</strong> forragem<br />

cortada <strong>do</strong>s vasos no corte <strong>de</strong> uniformização e ao final <strong>do</strong> experimento separada nos<br />

componentes folhas e colmos ou caules, que foram pesa<strong>do</strong>s para a obtenção da<br />

produção <strong>de</strong> matéria ver<strong>de</strong> e, posteriormente, leva<strong>do</strong>s para estufa <strong>de</strong> 105ºC por um<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 24 horas para a obtenção <strong>do</strong> teor <strong>de</strong> matéria seca das amostras. Foram<br />

avaliadas a produção <strong>de</strong> matéria ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> folhas (MFV), matéria ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> colmo<br />

(MVC), matéria ver<strong>de</strong> total (MVT), matéria seca <strong>de</strong> folhas (MSF), matéria seca <strong>de</strong><br />

colmo (MSC), matéria seca total (MST), matéria ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> estilosantes (MVE) e<br />

matéria seca <strong>de</strong> estilosantes (MSE). Para análise estatística utilizou-se o programa<br />

SAS versão 9.0 (SAS, 2002) avalian<strong>do</strong>-se os efeitos das <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> P2O5 por<br />

contrastes ortogonais, com posterior ajuste <strong>de</strong> regressão a 5% <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> massa <strong>do</strong> primeiro corte são apresenta<strong>do</strong>s na<br />

Tabela 1.<br />

Capa Índice 10085


Tabela 1 – Médias <strong>do</strong> primeiro corte <strong>de</strong> massa ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> folha (MFV), massa ver<strong>de</strong><br />

Níveis<br />

<strong>de</strong> colmo (MVC), massa ver<strong>de</strong> total (MVT), massa seca <strong>de</strong> folha (MSF),<br />

massa seca <strong>de</strong> colmo (MSC) e massa seca total (MST) <strong>do</strong> capim-xaraés<br />

consorcia<strong>do</strong> como o estilosantes mineirão submeti<strong>do</strong>s a cinco <strong>do</strong>ses <strong>de</strong><br />

P2O5 na adubação <strong>de</strong> plantio<br />

MVF MVC MVT MSF MSC MST<br />

(g/vaso)<br />

0 0,2330 0,0000 0,25 0,09 0,00 0,099<br />

25 0,4849 0,0105 0,51 0,15 0,01 0,176<br />

50 0,9551 0,1372 1,11 0,31 0,04 0,364<br />

100 1,4216 0,2971 1,74 0,41 0,06 0,480<br />

200 2,2342 0,5896 2,96 0,71 0,15 0,857<br />

CV 37,26 78,07 38,30 36,61 68,33 37,92<br />

Média 1,07 0,21 1,31 0,33 0,05 0,39<br />

Efeito<br />

Linear


folhas for vaso. Tais valores corroboram com da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Lopes et al. 2011, que<br />

encontraram aumento da taxa <strong>de</strong> acúmulo <strong>de</strong> MS <strong>do</strong> capim-xaraés em função das<br />

<strong>do</strong>ses crescentes <strong>de</strong> fósforo. Esses autores observaram elevação acentuada na taxa<br />

<strong>de</strong> acúmulo no intervalo <strong>de</strong> 25 a 100 kg/ha <strong>de</strong> P2O5.<br />

Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> massa <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> corte são apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 2.<br />

Tabela 2 – Médias <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> corte <strong>de</strong> massa ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> folha (MFV), massa ver<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Níveis<br />

colmo (MVC), massa ver<strong>de</strong> total (MVT), massa seca <strong>de</strong> folha (MSF), massa<br />

seca <strong>de</strong> colmo (MSC) e massa seca total (MST) obtidas <strong>do</strong> capim-xaraés e<br />

massa ver<strong>de</strong> (MVE) e seca (MSE) <strong>do</strong> estilosantes mineirão submeti<strong>do</strong>s a<br />

cinco <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> P2O5 na adubação <strong>do</strong> plantio<br />

Capim-xaraés Estilosantes<br />

MVF MVC MVT MSF MSC MST MVE MSE<br />

(g/vaso)<br />

0 0,5185 0,0466 0,5671 0,1782 0,0143 0,1983 0,2950 0,1555<br />

25 3,0649 0,6865 3,7966 1,0435 0,2065 1,2695 2,5622 1,0068<br />

50 3,7051 1,0534 4,8558 1,2856 0,3041 1,6358 4,3531 1,5610<br />

100 4,8844 1,6403 6,3315 1,7569 0,4867 2,2142 2,1636 1,3170<br />

200 5,4078 1,6975 7,2670 1,8133 0,4643 2,3676 3,3948 1,2704<br />

CV 16,17 31,58 16,34 16,97 28,64 16,47 66,59 59,82<br />

Média 3,4441 1,0248 4,4706 1,1870 0,2952 1,5005 2,5743 1,0338<br />

Efeito<br />

Linear


Assim como para massa produzida no primeiro corte, to<strong>do</strong>s as variáveis<br />

avaliadas na massa no segun<strong>do</strong> corte foram influenciadas pela adubação <strong>de</strong> P2O5<br />

<strong>de</strong> plantio. Com exceção da variável MVC, todas as <strong>de</strong>mais respon<strong>de</strong>ram <strong>de</strong> forma<br />

linear às <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> P2O5 aplicadas. As variáveis relacionadas ao capim-xaraés, MVF,<br />

MVC, MVT, MSF e MST apresentaram maiores valores para a <strong>do</strong>se <strong>de</strong> 200 kg/ha <strong>de</strong><br />

P2O5, enquanto que a produção <strong>de</strong> massa <strong>do</strong> estilosantes (MVE e MSE) foram<br />

maiores quan<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong>s a 50 kg/ha <strong>de</strong> P2O5. Tais resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstram que,<br />

diferentemente da gramínea, a leguminosa foi mais produtiva quan<strong>do</strong> submetida à<br />

<strong>do</strong>se <strong>de</strong> 50 kg/ha <strong>de</strong> P2O5 no plantio, indican<strong>do</strong> maior competitivida<strong>de</strong> da mesma no<br />

sistema consorcia<strong>do</strong>.<br />

CONCLUSÕES<br />

A <strong>do</strong>se <strong>de</strong> 50 kg/ha <strong>de</strong> P2O5 no plantio <strong>de</strong> espécies consorciadas proporciona<br />

maior produção <strong>de</strong> massa <strong>do</strong> Stylosanthes guianensis var. vulgaris cv. Mineirão, o<br />

que po<strong>de</strong> implicar em maior competitivida<strong>de</strong> da leguminosa no sistema. Porém, mais<br />

estu<strong>do</strong>s são necessários para avaliar a manutenção <strong>de</strong> pastagens consorciadas em<br />

pastejo.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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SAS Institute INC, 2002.<br />

Capa Índice 10088


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10089 - 10093<br />

FERMENTADO ALCOÓLICO DE YACON: MONITORAMENTO QUÍMICO<br />

DURANTE FERMENTAÇÃO<br />

Camila Cheker BRANDÃO 1 ; Eduar<strong>do</strong> Ramirez ASQUIERI 2 ; Clarissa DAMIANI 3<br />

Patente INPI nº BR 10 2012 005273 3.<br />

1 Escola <strong>de</strong> Agronomia e Engenharia <strong>de</strong> Alimentos, Mestranda, <strong>UFG</strong>/Goiânia – GO. E-mail: camilacheker@yahoo.com.br<br />

2 Escola <strong>de</strong> Farmácia, <strong>UFG</strong>/Goiânia – GO<br />

3 Escola <strong>de</strong> Agronomia e Engenharia <strong>de</strong> Alimentos, <strong>UFG</strong>/Goiânia – GO<br />

RESUMO EXPANDIDO<br />

Palavras-chave: yacon, Smallanthus sonchifolius,fermenta<strong>do</strong> alcoólico.<br />

1.Introdução<br />

O yacon (Smallanthus sonchifolius), anteriormente conheci<strong>do</strong> como Polymnia<br />

sonchifolia, é um tubérculo originário <strong>do</strong>s An<strong>de</strong>s, sen<strong>do</strong> cultiva<strong>do</strong> e consumi<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

os tempos pré-incas (séc. XVI) (OJANSIVU, 2011). No Brasil, foi introduzi<strong>do</strong> no<br />

início <strong>do</strong>s anos 90, passan<strong>do</strong> a ter consumo mais expressivo em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos<br />

2000 (SANTANA, 2008).<br />

O diferencial <strong>de</strong>ssa raiz é seu principal carboidrato <strong>de</strong> reserva: os<br />

frutooligossacarí<strong>de</strong>os. Esse açúcar, por não ter enzimas no organismo humano<br />

capazes <strong>de</strong> hidrolisa-lo, é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> fibra alimentar ou fibra solúvel. Por essa<br />

razão, estimulam seletivamente o crescimento e a ativida<strong>de</strong> das bactérias intestinais<br />

(bifi<strong>do</strong>bactérias) promotoras da saú<strong>de</strong> (VALENTOVÁ, 2003; SANTANA, 2008;<br />

OJANSIVU, 2011).<br />

Mesmo com seu benefício à saú<strong>de</strong>, o yacon é, ainda, pouco produzi<strong>do</strong> e<br />

consumi<strong>do</strong>, apresentan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong> ter uma acelerada <strong>de</strong>terioração póscolheita.<br />

Por isso, na tentativa que esses problemas sejam minimiza<strong>do</strong>s, surge a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisas que busquem o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos à<br />

base <strong>de</strong> yacon, como fermenta<strong>do</strong> alcoólico, <strong>de</strong> forma a incentivar os agricultores na<br />

produção <strong>de</strong>sse tubérculo e esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> sua vida útil pós-colheita (SILVEIRA, 2009).<br />

Nessa perspectiva, no Brasil, veêm sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s vários experimentos<br />

para o aproveitamento <strong>de</strong> frutas com produção <strong>de</strong> bebidas fermentadas alcoólicas,<br />

como mostos <strong>de</strong> cacau (DIAS, 2007) e jaca (ASQUIERI, 2007).<br />

Em razão <strong>do</strong> exposto, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> fermenta<strong>do</strong> alcoólico <strong>de</strong> yacon<br />

torna-se uma alternativa viável, uma vez que para produção <strong>de</strong> “vinhos”, necessitase<br />

<strong>de</strong> matéria-prima rica em açucares.<br />

Capa Índice 10089


Logo, o objetivo <strong>do</strong> presente trabalho foi monitorar, quimicamente, o processo<br />

<strong>de</strong> elaboração <strong>do</strong> fermenta<strong>do</strong> <strong>de</strong> yacon, a fim <strong>de</strong> que o mesmo esteja enquadra<strong>do</strong><br />

na legislação brasileira.<br />

2.Material e Méto<strong>do</strong>s (Alguns da<strong>do</strong>s foram omiti<strong>do</strong>s em razão da patente nº BR<br />

10 2012 005273 3)<br />

O yacon foi adquiri<strong>do</strong> na Central <strong>de</strong> Abastecimento <strong>de</strong> Goiás (CEASA-GO),<br />

enquanto as leveduras e os galões <strong>de</strong> polietileno <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, foram<br />

adquiridas no comércio local <strong>de</strong> Goiânia.<br />

O yacon foi analisa<strong>do</strong> em seu conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> proteínas, <strong>de</strong> lipí<strong>de</strong>os (AOAC,<br />

2006) e <strong>de</strong> FOS (SILVA, 2003).<br />

O yacon, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> seleciona<strong>do</strong>, foi lava<strong>do</strong>, sanitiza<strong>do</strong>, <strong>de</strong>scasca<strong>do</strong>, fatia<strong>do</strong>,<br />

imerso em solução <strong>de</strong> metabissulfito <strong>de</strong> sódio, a fim <strong>de</strong> evitar o escurecimento<br />

enzimático e, em seguida, as fatias foram trituradas.<br />

Para o início da fermentação, foi feito pé <strong>de</strong> cuba para que, posteriormente,<br />

fosse acrescenta<strong>do</strong> ao volume total <strong>de</strong> cal<strong>do</strong>.<br />

A fermentação vigorosa foi acompanhada e monitorada por <strong>do</strong>ze dias, por<br />

meio <strong>de</strong> análises diárias <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z total titulável e pH (BRASIL, 1988).<br />

A fermentação lenta foi acompanhada e monitorada por noventa dias (30, 60<br />

90), sen<strong>do</strong> que, em intervalos <strong>de</strong> trinta dias, realizava-se a trasfega. Mensalmente,<br />

foram feitas análises <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, aci<strong>de</strong>z total titulável (NaOH), aci<strong>de</strong>z volátil,<br />

cinzas, pH (BRASIL, 1988), açúcares redutores (MILLER, 1959) e taninos ( ZIELISKI<br />

& KOSOWASKA, 2000). Após noventa dias, o fermenta<strong>do</strong> foi clarifica<strong>do</strong>, filtra<strong>do</strong> à<br />

vácuo, avalia<strong>do</strong> o grau alcoólico (BRASIL, 1988), engarrafa<strong>do</strong> e armazena<strong>do</strong> à 15ºC<br />

para o “envelhecimento” <strong>de</strong> um ano.<br />

A análise estatística foi realizada pelo software SPSS® for Win<strong>do</strong>ws®, versão<br />

15.0, com aplicação <strong>do</strong> teste Friedman, Wilcoxon e regressão. To<strong>do</strong>s os testes<br />

foram aplica<strong>do</strong>s com o nível <strong>de</strong> significância <strong>de</strong> p


edutores aumenta e o <strong>de</strong> FOS diminui, em razão da ação da frutano hidrolase,<br />

enzima natural <strong>do</strong> tubérculo. A velocida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> enzimática ten<strong>de</strong> a aumentar<br />

com o aumento da temperatura, sen<strong>do</strong> assim, é aconselhável que o armazenamento<br />

<strong>do</strong> yacon ocorra em baixas temperaturas, o que não é pratica<strong>do</strong> no país (SILVEIRA,<br />

2009).<br />

Tabela 1. Composição química (base seca) <strong>de</strong> yacon.<br />

Proprieda<strong>de</strong> Nieto (1991) Vilhena (2000)<br />

Presente<br />

Trabalho<br />

Proteínas (%) 3,70 4,34 4,29<br />

Lipí<strong>de</strong>os (%) 1,50 1,66 0,8<br />

Frutooligossacarí<strong>de</strong>os (%) ----<br />

FONTE: (NIETO, 1991; VILHENA,2000)<br />

60 – 70 32,43<br />

O yacon apresenta um teor lipídico e proteico baixo, contribuin<strong>do</strong> para a<br />

produção <strong>de</strong> um fermenta<strong>do</strong> sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pré-tratamentos <strong>de</strong> purificação e<br />

clarificação <strong>do</strong> cal<strong>do</strong>.<br />

Após a caracterização das raízes, as mesmas foram preparadas para a etapa<br />

<strong>de</strong> fermentação vigorosa.<br />

O pH, logo após a adição <strong>do</strong> inoculo, foi <strong>de</strong> 5,13, reduzin<strong>do</strong> para 3,4 após 10<br />

dias <strong>de</strong> fermentação tumultuosa. Os fermenta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> frutas possuem pH na faixa <strong>de</strong><br />

3,0 como observa<strong>do</strong> no mosto <strong>de</strong> laranja 3,3 (CORAZZA, 2001) e mosto <strong>de</strong><br />

jabuticaba 3,42 (CHIARELLI, 2005).<br />

Já a aci<strong>de</strong>z <strong>do</strong> mosto é um elemento <strong>de</strong> proteção contra as infecções durante<br />

o processo <strong>de</strong> vinificação. Segun<strong>do</strong> a legislação brasileira, a aci<strong>de</strong>z máxima<br />

permitida para vinhos <strong>de</strong> mesa é <strong>de</strong> 130 meq/L (BRASIL, 1988). O mosto <strong>de</strong> yacon,<br />

ao final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> fermentação vigorosa, apresentou aci<strong>de</strong>z <strong>de</strong> 66,6 meq/L,<br />

estan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro da legislação e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com alguns outros trabalhos como no<br />

mosto <strong>de</strong> caju - 79,9 meq/L (TORRES, 2006) e no mosto <strong>de</strong> laranja - 89 meq/L<br />

(CORAZZA, 2001).<br />

Após o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s 12 dias e fim da etapa vigorosa, o fermenta<strong>do</strong> foi<br />

trasfega<strong>do</strong> para o inicio da etapa <strong>de</strong> fermentação lenta.<br />

Tabela 2: Análise <strong>do</strong> controle fermentativo, durante 90 dias <strong>de</strong> fermentação lenta <strong>do</strong><br />

fermenta<strong>do</strong> <strong>de</strong> yacon<br />

Análises<br />

Primeiro mês<br />

Tempo Fermentação Lenta<br />

Segun<strong>do</strong> mês Terceiro mês<br />

Aci<strong>de</strong>z total (meq/L) 79,09 a 75,35 b 77,84 b<br />

Aci<strong>de</strong>z Volátil(meq/L) 0,10 a 0,10 a 0,27 a<br />

Cinzas (g/L) 2,48 a 2,68 a 2,13 a<br />

Capa Índice 10091


Açúcares redutores (%) 3,62 a 3,30 a 3,37 a<br />

Taninos (%) 0,08 a 0,07 a 0,06 a<br />

Densida<strong>de</strong> (g/Ml) 1,01 a 1,01 a 1,01 a<br />

pH 3,26 a 3,30 a 3,20 a<br />

a,b-diferença estatística, segun<strong>do</strong> teste <strong>de</strong> Friedman (p


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Tecnologia <strong>de</strong> Alimentos. 2003, 23, 337-341.<br />

18. Valentová, K; Ulrichová, J. Smallanthus sonchifolius and lepidium meyenii –<br />

prospective an<strong>de</strong>an crops for the prevention of chronic diseases. Biomedical Papers.<br />

2003, 147, 119-130.<br />

19. Vilhena, S.M.C.; Câmara, F.L.; Kadihara, S.T. O cultivo <strong>do</strong> yacon no Brasil.<br />

Horticultura Brasileira, 2000, 18, 5-8.<br />

20. Zieliski, H.; Kozowska, H. Antioxidant activity and total phenolics in selected<br />

cereal grains and their different morphological fractions. Journal of Agricultural and<br />

Food Chemistry. 2000, 48, 2008-2016.<br />

Capa Índice 10093


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10094 - 10098<br />

DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA ESPACIAL INTRAPOPULACIONAL<br />

EM INDIVÍDUOS ADULTOS DE Hancornia Speciosa (Gomes)<br />

COSTA, Camila Fernanda 1 ; COLLEVATTI, Rosane Garcia 3 ; SOARES, Thannya<br />

Nascimento 3 ; CHAVES, Lázaro José 3 ; TELLES, Mariana Pires <strong>de</strong> Campos 2,3<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Palavras-chaves: EGE, Hancornia speciosa, mangaba.<br />

Hancornia speciosa é uma frutífera conhecida popularmente como mangaba,<br />

que apresenta distribuição ampla nas regiões <strong>de</strong> Cerra<strong>do</strong> e Caatinga. No Brasil<br />

central se <strong>de</strong>senvolve em áreas <strong>de</strong> Cerra<strong>do</strong> stricto sensu e apresenta um padrão <strong>de</strong><br />

distribuição agrega<strong>do</strong> (Almeida et al., 1998). O gênero Hancornia é monotípico e<br />

abrange seis varieda<strong>de</strong>s botânicas: H. speciosa var. speciosa Gomez (ou<br />

simplesmente H. speciosa Gomez), H. speciosa var. maximiliani A. DC., H. speciosa<br />

var. cuyabensis Malme, H. speciosa var. lundii A. DC., H. speciosa var. gardineri (A.<br />

DC.) Muell. Arg. e H. speciosa var. pubescens (Nees. Et Martius) Muell. Arg. em<br />

função <strong>de</strong> diferenças morfológicas, principalmente na flor e na folha (Monachino,<br />

1945).<br />

A variabilida<strong>de</strong> genética confere ás populações naturais o material genético<br />

necessário para aumentar o potencial adaptativo e evolutivo a fim <strong>de</strong> contrapor os<br />

efeitos das estocasticida<strong>de</strong>s ambientais. Os padrões <strong>de</strong> distribuição espacial <strong>do</strong>s<br />

genótipos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma população são influencia<strong>do</strong>s diretamente por fatores<br />

ecológicos e evolucionários, tais como dispersão <strong>de</strong> pólen e sementes, competição<br />

inter e intraespecífica, heterogeneida<strong>de</strong> ambiental, fluxo gênico, seleção e <strong>de</strong>riva<br />

(Wright, 1943), po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s através <strong>de</strong>les. A dispersão <strong>de</strong> pólen e<br />

sementes está entre os principais <strong>de</strong>terminantes da Estrutura Genética Espacial<br />

(EGE).<br />

Méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estimativas indiretas <strong>de</strong> fluxo gênico foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s com<br />

base na verificação da EGE e tem si<strong>do</strong> bastante utiliza<strong>do</strong>s. Dentre os méto<strong>do</strong>s mais<br />

utiliza<strong>do</strong>s é possível citar as análises <strong>de</strong> autocorrelação espacial, as estatísticas F<br />

<strong>de</strong> Wright (Wright, 1965) e o coeficiente <strong>de</strong> coancestria por classe <strong>de</strong> distância<br />

(Loiselle, 1995).<br />

1. Mestranda Pós Graduação em Genética e Melhoramento <strong>de</strong> Plantas<br />

fernanda_cffc@yahoo.com.br<br />

2. Orienta<strong>do</strong>ra – Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas – ICB1<br />

3 Programa <strong>de</strong> Pós—Graduação em Genética e Melhoramento <strong>de</strong> Plantas – <strong>UFG</strong>.<br />

Capa Índice 10094


O presente estu<strong>do</strong> teve como objetivo utilizar marca<strong>do</strong>res microssatélites para<br />

avaliar a diversida<strong>de</strong> genética e o padrão espacial da variabilida<strong>de</strong> genética <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> uma população natural <strong>de</strong> H. speciosa.<br />

2. MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 COLETA DO MATERIAL BIOLÓGICO<br />

Foram coletadas folhas <strong>de</strong> 113 indivíduos adultos <strong>de</strong> uma subpopulação<br />

<strong>de</strong> H. speciosa que contém as varieda<strong>de</strong>s Gardineri e Pubescences. A<br />

subpopulação localiza-se na Serra <strong>de</strong> Jaraguá, próxima ao Parque Ecológico Serra<br />

<strong>de</strong> Jaraguá, em Jaraguá, Goiás (15°47'55"S 49°19'48"W). As folhas foram coletadas<br />

e armazenadas em sílica gel. Em seguida forma estocadas em tubo falcon no<br />

freezer – 80 o C para posterior extração <strong>do</strong> DNA genômico. To<strong>do</strong>s os indivíduos<br />

coleta<strong>do</strong>s foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s e georeferencia<strong>do</strong>s com GPS (Geographical Positional<br />

System).<br />

2.2 OBTENÇÃO DOS DADOS GENÉTICOS<br />

A extração <strong>do</strong> DNA genômico a partir das folhas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os indivíduos foi<br />

realizada seguin<strong>do</strong> o protocolo Doyle & Doyle (1990) modifica<strong>do</strong> por Ferreira &<br />

Grattapaglia (1998), com algumas adaptações para a espécie. To<strong>do</strong>s os indivíduos<br />

foram avalia<strong>do</strong>s para sete locos microssatélites (SSR) <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s para H.<br />

speciosa por Rodrigues (2009) (Tabela 01). Os inicia<strong>do</strong>res foram marca<strong>do</strong>s com um<br />

<strong>do</strong>s corantes fluorescentes: 6-FAM, HEX ou NED para realização da reação em<br />

ca<strong>de</strong>ia da polimerase e posterior eletroforese capilar em sequencia<strong>do</strong>r automático<br />

(ABI3100).<br />

Tabela 01. Inicia<strong>do</strong>res SSR utiliza<strong>do</strong>s para caracterizar a população <strong>de</strong> H. speciosa.<br />

Primer Motif AVA Sequência F Corante<br />

Hs30 (AG) 10<br />

198-206 GAGGAATCTCAGCCAAGTCCTA HEX<br />

HS16 (GA) 12<br />

108-138 CGTTGGTAGCGGCTGTATTAAG 6 FAM<br />

HS06 (GA) 14<br />

106-138 CGGCTGTATTAAGTCTATTGCCA NED<br />

Hs08 (CA) 6 (CT) 17<br />

220-254 AATGTAGAGGTGAACGAGTGGG 6 FAM<br />

HS01 (GCA) 6 (TC) 20 (GCA) 8 230-280 GTGTCTTCCATCCGAGCTTAAC HEX<br />

Hs11 (GA) 17<br />

125-129 AAGGTATCTCCATGAAAGTCTCTGA HEX<br />

HS05 (GA) 15 (TGC) 6<br />

152-222 GGGTGTACTGCCACAAGGTACT NED<br />

Capa Índice 10095


Para caracterização da variabilida<strong>de</strong> genética existe nos locos microssatélites<br />

foram estimadas a herozigosida<strong>de</strong> esperada (He) e observada (Ho) (Nei, 1973), o<br />

número médio <strong>de</strong> alelos por loco (A) e a porcentagem <strong>de</strong> locos polimórficos (P),<br />

utilizan<strong>do</strong> o software FSTAT 2.9.3.2 (Gou<strong>de</strong>t, 2002). A exclusão <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong> (Q)<br />

e a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> genética (PI) foram estimadas para to<strong>do</strong>s os locos<br />

através da frequências alélicas obtidas para cada loco através <strong>do</strong> programa I<strong>de</strong>ntity<br />

1.0 (Wagner & Sefc, 1999).<br />

A estrutura espacial intrapopulacional foi avaliada através <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong><br />

co-ancestria Nason Fij (Loiselle, 1995). Ele estima o parentesco entre plantas <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> classes <strong>de</strong> distâncias e testa a estrutura <strong>de</strong> parentesco através <strong>de</strong> uma regressão<br />

linear entre os valores <strong>de</strong> Fij e a distância espacial <strong>do</strong>s indivíduos. Foi computa<strong>do</strong><br />

entre to<strong>do</strong>s os pares <strong>de</strong> indivíduos adultos com o software SPAGEDi (Hardy &<br />

Vekemans, 2002). A intensida<strong>de</strong> da estrutura genética espacial foi quantificada<br />

usan<strong>do</strong> o parâmetro Sp=b/(F1 − 1), no qual F1 é o coeficiente médio <strong>de</strong> parentesco<br />

entre os indivíduos da primeira classe <strong>de</strong> distância (intra grupo Fij) e b é a inclinação<br />

da regressão.<br />

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Para os sete locos avalia<strong>do</strong>s o número total <strong>de</strong> alelos encontra<strong>do</strong>s foi<br />

relativamente alto, 89, varian<strong>do</strong> entre 3 (HS11) e 21 (HS01). Para marca<strong>do</strong>res<br />

microssatélites, locos que possuem maior número <strong>de</strong> repetições ten<strong>de</strong>m a<br />

apresentar maior número <strong>de</strong> alelos <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à ocorrência <strong>de</strong> mutação com maior<br />

freqüência em regiões longas (Ellegren, 2000). Isso ocorreu nos locos utiliza<strong>do</strong>s,<br />

sen<strong>do</strong> os locos com maior número <strong>de</strong> alelos foram aqueles que possuíam maior<br />

número <strong>de</strong> repetições: HS05 e HS01 (Tabela01). A probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exclusão <strong>de</strong><br />

paternida<strong>de</strong> (Q), bem como a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (PI) para to<strong>do</strong>s os locos<br />

foram, respectivamente, iguais a 0,9995 e 1.932399 e-009 . Estes valores indicam que<br />

a bateria <strong>de</strong> locos que está sen<strong>do</strong> utilizada é a<strong>de</strong>quada para estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estrutura<br />

genética, análise <strong>de</strong> vínculo genético e fluxo gênico.<br />

Os valores da heterozigosida<strong>de</strong> esperada (He) e observada (Ho) foram,<br />

respectivamente, 0,722 e 0,568. Eles indicam alta variabilida<strong>de</strong> genética e são<br />

valores maiores <strong>do</strong>s que os encontra<strong>do</strong>s para algumas espécies <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong> (Soares<br />

et al., 2008; Telles et al., 2010). O valor encontra<strong>do</strong> para o índice <strong>de</strong> fixação (f )<br />

Capa Índice 10096


intrapopulacional foi alto e significativo (f = 0,214, p = 0,0071), sugerin<strong>do</strong> a existência<br />

<strong>de</strong> en<strong>do</strong>gamia nessa população.<br />

Para as análises espaciais foram utilizadas 16 classes <strong>de</strong> distâncias, varian<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> 20 a 390 m. A análise <strong>de</strong> autocorrelação sugere ausência <strong>de</strong> padrão espacial na<br />

variabilida<strong>de</strong> genética, com o coeficiente <strong>de</strong> parentesco não relaciona<strong>do</strong> com o<br />

logaritmo <strong>de</strong> distância geográfica (R²= 0,00018 ; p < 0,1386) (Figura 01). O valor <strong>de</strong><br />

Sp encontra<strong>do</strong> foi baixo (0,0021) e confirma a análise <strong>de</strong> correlação revelan<strong>do</strong><br />

ausência <strong>de</strong> estrutura espacial. O valor encontra<strong>do</strong> <strong>de</strong> vizinhança genética Nb foi <strong>de</strong><br />

473,5 indivíduos.<br />

Figura01. Correlograma entre o coeficiente <strong>de</strong> parentesco Fij e as classes <strong>de</strong><br />

distâncias <strong>do</strong>s indivíduos <strong>de</strong> mangaba da população analisada. As linhas<br />

pontilhadas indicam o intervalo <strong>de</strong> confiança : 95% ; 10000 permutações.<br />

A alta diversida<strong>de</strong> genética e a ausência <strong>de</strong> estruturação espacial da<br />

variabilida<strong>de</strong> genética encontradas na população <strong>de</strong> mangaba avaliada po<strong>de</strong>m ser<br />

explicadas pelo sistema reprodutivo e por um sistema eficiente <strong>de</strong> polinização e<br />

dispersão nesta população <strong>de</strong> H. speciosa que é uma espécie alógama (Rowley,<br />

1980) e auto-incompatível (Darrault & Schlindwein, 2006), sen<strong>do</strong> os agentes<br />

poliniza<strong>do</strong>res mais freqüentes abelhas Euglossini e borboletas Nymphalidae<br />

(Darrault & Schlindwein, 2006). Ambas são capazes <strong>de</strong> voar longas distâncias,<br />

sen<strong>do</strong> responsáveis pela ocorrência <strong>de</strong> fluxo gênico a longo alcance. As sementes<br />

são dispersas por gran<strong>de</strong>s mamíferos que utilizam o fruto como alimento.<br />

Capa Índice 10097


4. CONCLUSÃO<br />

A diversida<strong>de</strong> genética encontrada nesta população <strong>de</strong> H. speciosa é alta e<br />

existe indícios <strong>de</strong> um intenso fluxo <strong>de</strong> pólen nesta população, uma vez que a<br />

variabilida<strong>de</strong> genética não está estruturada espacialmente nos indivíduos <strong>de</strong><br />

Hancornia speciosa avalia<strong>do</strong>s.<br />

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ALMEIDA, S. P.; PROENÇA, C. E. B.; SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F. Cerra<strong>do</strong>: espécies<br />

vegetais úteis. Embrapa-CPAC, 1998. 464 p.<br />

DARRAULT, R. O.; SCHLINDWEIN, C. Polinização. In: SILVA JÚNIOR, J. F.; LÉDO, A. S.<br />

(Ed.). A Cultura da Mangaba. Aracajú,SE: Embrapa, 2006. v. 01, cap. 03, p. 253.<br />

DOYLE, J. J.; DOYLE, J. L. Isolation of plant DNA from fresh tissue. Focus, v. 12, 1990.<br />

ELLEGREN, H. Microsstellite mutation on he germline: implications for evolutionary<br />

inference. Trends in Genetics, Lon<strong>do</strong>n, v. 16, n. 12, p. 551-558, 2000.<br />

FERREIRA, M. E.; GRATTAPAGLIA, D. Introdução ao uso <strong>de</strong> marca<strong>do</strong>res moleculares<br />

em análise genética. 3ª ed. Brasília: EMBRAPA-CENARGEN,, 1998.<br />

GOUDET, J. A program to estimate and test gene diversities and fixation indices:<br />

Version 2.9.3.2. Disponível em: . Acesso em:<br />

22/03/2012.<br />

HARDY, O. J.; VEKEMANS, X. SPAGeDi: a versatile computer program to analyse spatial<br />

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2, n. 4, p. 618-620, 2002.<br />

LOISELLE, B. A. S., V. L.; NASON, J.; GRAHAM, C. . Spatial genetic structure of a tropical<br />

un<strong>de</strong>rstory shrub, Psychotria officinalis (Rubiaceae). American Journal of Botany, St.<br />

Louis, v. 82, n. 1, p. 1420-1425, 1995.<br />

MONACHINO, J. A revision of Hancornia (Apocynaceae). Lilloa, Tucumán, v. 11, p. 19-48,<br />

1945.<br />

NEI, M. Analysis of Gene Diversity in Subdivi<strong>de</strong>d Populations. Proceedings of National<br />

Aca<strong>de</strong>my of Science, United States of America, v. 70, n. 12, p. 3321-3323, 1973.<br />

RODRIGUES, A. J. L. Desenvolvimento <strong>de</strong> marca<strong>do</strong>res microssatélites e estrutura<br />

genética <strong>de</strong> Hancornia speciosa Gomes (Apocynaceae). 2009. 106 f. Tese (Doutora<strong>do</strong><br />

em Agronomia: Genética e Melhoramento <strong>de</strong> Plantas)–Escola <strong>de</strong> Agronomia, Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Goiânia, Goiás, 2009.<br />

ROWLEY, G. D. The pollination mechanism of mechanism of A<strong>de</strong>nium (Apoc.). . National<br />

Cactus and Succulent Journal, Hornchurch, v. 35, n. 1, p. 2-5, 1980.<br />

SOARES, T. N.; CHAVES, L. J.; TELLES, M. P. C.; DINIZ-FILHO, J. A. F.; RESENDE, L. V.<br />

Spatial distribution of intrapopulational genetic variability in Dipteryx alata. <strong>Pesquisa</strong><br />

Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 43, n. 9, p. 1151-1158, 2008.<br />

TELLES, M. P. D. E. C.; DA SILVA, S. P.; ROSA, J. Estrutura genética em populações<br />

naturais <strong>de</strong> Tibouchina papyrus (pau-papel) em áreas <strong>de</strong> campo rupestre no cerra<strong>do</strong>.<br />

Revista Brasil. Bot, São Paulo, v. 33, n. 2, p. 291-300, 2010.<br />

WAGNER, H. W.; SEFC, K. M. I<strong>de</strong>ntity 1.0. Vienna: Centre for Applied Genetics.<br />

Disponível em: . Acesso em: 22/03/2012.<br />

WRIGHT, S. Isolation by distance. Genetics, Colora<strong>do</strong>, v. 28, n. 2, p. 114, 1943.<br />

WRIGHT, S. The interpretation of population structure by F-statistics with special regard to<br />

systems of mating. Evolution, Mal<strong>de</strong>n, MA, v. 19, n. 1, p. 395-420, 1965.<br />

Apoio financeiro: FAPEG/AUX PESQ CH 007/2009 E CNPq (563624/2010-8).<br />

Capa Índice 10098


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10099 - 10103<br />

O LEUCOTRIENO B4 NA INFECÇÃO DE MACRÓFAGOS HUMANOS POR<br />

Leishmania (Viannia) braziliensis<br />

Camila Imai MORATO 1 ; Fátima RIBEIRO-DIAS 1 . Arissa Felipe BORGES 1 ;<br />

Il<strong>de</strong>fonso Alves da SILVA JÚNIOR. 1 ; Milton Adriano Pelli <strong>de</strong> OLIVEIRA . 1 ; Miriam<br />

Leandro DORTA. 1 ; Carlos Henrique SEREZANI. 2 .<br />

1- Instituto <strong>de</strong> Patologia Tropical e Saú<strong>de</strong> Pública/<strong>UFG</strong>.<br />

2- Department of Microbiology and Immunology, Indiana University School of<br />

Medicine, Indianapolis, Indiana, USA<br />

E-mail: camilaimaimorato@hotmail.com<br />

Palavras chave: Leucotrieno B4; Leishmania; Macrófagos.<br />

SUPORTE FINANCEIRO: CAPES; FAPEG;<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma <strong>do</strong>ença infectoparasitária<br />

causada por protozoários <strong>do</strong> gênero Leishmania, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> apresentar<br />

diferentes formas clínicas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da espécie <strong>de</strong> Leishmania e da relação entre<br />

o parasito e o hospe<strong>de</strong>iro. No Brasil, L. (Viannia) braziliensis é a espécie mais<br />

prevalente e que causa a forma clínica mais grave da LTA, a leishmaniose mucosa<br />

(LM) (GONTIJO; CARVALHO, 2003). A Leishmaniose Tegumentar é consi<strong>de</strong>rada,<br />

pela Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS), uma das seis mais importantes<br />

<strong>do</strong>enças infecciosas, constituin<strong>do</strong> um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública em 88 países,<br />

sen<strong>do</strong> estima<strong>do</strong> que mais <strong>de</strong> 12 milhões <strong>de</strong> pessoas estejam infectadas. É estima<strong>do</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 2 milhões <strong>de</strong> novos casos por ano (WHO 2005). No Brasil, entre o perío<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> 1988 a 2009, a LTA apresentou média anual <strong>de</strong> 26.021 casos registra<strong>do</strong>s. Na<br />

região Centro-Oeste <strong>do</strong> país foram notifica<strong>do</strong>s, entre o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1990 e 2010,<br />

87.009 casos <strong>de</strong> LTA, com uma média <strong>de</strong> 4.143 novos casos ao ano. Deste total <strong>de</strong><br />

casos, 8.342 foram notifica<strong>do</strong>s no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás (BRASIL, 2010). Os leucotrienos<br />

são media<strong>do</strong>res lipídicos da inflamação, sen<strong>do</strong> que a sua biossíntese começa<br />

apenas após estimulação celular, quan<strong>do</strong> as células ou teci<strong>do</strong>s são expostos a<br />

estímulos fisiológicos e patológicos (CROOKS; STOCKLEY, 1998; MURPHY;<br />

GINJÓN, 2007). Os leucotrienos são pre<strong>do</strong>minantemente produzi<strong>do</strong>s por células<br />

Capa Índice 10099


inflamatórias, como leucócitos porlimorfonucleares, macrófagos, eosinófilos,<br />

basófilos e mastócitos (Singh et al. 2010; Nakamura & Shimizu 2011). Os<br />

leucotrienos agem em receptores acopla<strong>do</strong>s a proteina G. Estes media<strong>do</strong>res<br />

lipídicos são claramente <strong>de</strong>scritos como importantes media<strong>do</strong>res das respostas<br />

inflamatórias. Várias outras funções <strong>do</strong>s leucotrienos vem sen<strong>do</strong>, todavia, <strong>de</strong>scritos.<br />

Dentre estas funções, a participação no controle e eliminação <strong>de</strong> vários<br />

microrganismos como bactérias, vírus e protozoários (FLAMAND et al., 2007).<br />

Pouco se sabe sobre a infecção <strong>de</strong> macrófagos humanos por L. (V.) braziliensis e<br />

não é conheci<strong>do</strong> se os leucotrienos, media<strong>do</strong>res lipídicos produzi<strong>do</strong>s por<br />

macrófagos, po<strong>de</strong>riam modular a infecção <strong>de</strong>stas células por este parasito. O<br />

objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi avaliar se os leucotrienos, especialmente o leucotrieno B4<br />

(LTB4), modulam a infecção <strong>de</strong> macrófagos humanos pelo isola<strong>do</strong> L. (V.) braziliensis<br />

IMG3.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Macrófagos humanos <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> monócitos <strong>do</strong> sangue periférico (n = 47<br />

<strong>do</strong>a<strong>do</strong>res) foram infecta<strong>do</strong>s com o isola<strong>do</strong> MHOM/BR/2003/IMG, da espécie L.<br />

(Viannia) braziliensis, presente no Leishbank, o Banco Imunobiológico <strong>de</strong><br />

leishmânias da região Centro-Oeste (IPTSP/<strong>UFG</strong>). Os parasitos foram cultiva<strong>do</strong>s em<br />

meio Grace, a 26°C por 6 dias, até atingirem a fase estacionária inicial <strong>do</strong><br />

crescimento. Os monócitos, obti<strong>do</strong>s a partir da separação em gradiente <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, foram quantifica<strong>do</strong>s e distribuí<strong>do</strong>s em placas <strong>de</strong> 24 poços, e foram<br />

<strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s para macrófagos por 5 dias, a 36°C conten<strong>do</strong> 5% <strong>de</strong> CO2. No 5° dia, os<br />

macrófagos foram infecta<strong>do</strong>s com os parasitos <strong>de</strong> fase estacionária, na proporção<br />

<strong>de</strong> ~10:1 (célula:parasito). As culturas foram incubadas por 4 h, sen<strong>do</strong> em seguida<br />

lavadas para retirar o excesso <strong>de</strong> parasitos extracelulares, e incubadas por<br />

adicionais 24, 48 ou 72 h. Para avaliar a modulação da infecção <strong>do</strong>s macrófagos por<br />

leucotrienos endógenos foi usa<strong>do</strong> um inibi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> leucotrienos MK0591 (1<br />

µM) e para bloquear o receptor <strong>do</strong> LTB4 (o BLT1) foi usa<strong>do</strong> o CP105,696 (1 µM).<br />

Estes foram adiciona<strong>do</strong>s às culturas 30 min antes <strong>do</strong>s parasitos. Para avaliar a<br />

modulação da infecção <strong>do</strong>s macrófagos por leucotrienos exógenos os macrófagos<br />

foram trata<strong>do</strong>s com LTB4 (10 -7 M) durante a infecção com os parasitos. Os<br />

resulta<strong>do</strong>s são apresenta<strong>do</strong>s como medianas, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> avalia<strong>do</strong>s por teste <strong>de</strong><br />

Wilcoxon. Um p < 0,05 foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> significante.<br />

Capa Índice 10100


RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

O isola<strong>do</strong> IMG3 infectou os macrófagos humanos, sen<strong>do</strong> seleciona<strong>do</strong>s os<br />

perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 4 e 48 h <strong>de</strong> incubação para avaliar a fagocitose e a ativida<strong>de</strong><br />

microbicida, respectivamente. O aumento <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> infecção <strong>de</strong> 4 h para 48 h foi<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a um significante aumento no número médio <strong>de</strong> parasitos por macrófago,<br />

sugerin<strong>do</strong> uma replicação <strong>do</strong>s parasitos nos macrófagos (4 h x 48 h: Índice <strong>de</strong><br />

infecção: 110 x 166,5; número <strong>de</strong> parasitos por macrófago 2,7 x 4,2, p < 0,05, n =<br />

19 ). O tratamento com MK0591 aumentou significantemente o índice <strong>de</strong> infecção<br />

(não trata<strong>do</strong>s x trata<strong>do</strong>s = 4 h: 176,6 x 223,5; 48 h: 326,7 x 493,5; p < 0,05, n =14,<br />

10 -6 M), por aumentar tanto a porcentagem <strong>de</strong> células infectadas quanto o número<br />

<strong>de</strong> parasitos por macrófago, após 4 h (não trata<strong>do</strong>s x MK0591 10 -6 M: 51,5 x 58,7%<br />

<strong>de</strong> células infectadas; 3,4 x 3,8 número <strong>de</strong> parasitos por macrófagos, p < 0,05, n =<br />

14) ou 48 h (não trata<strong>do</strong>s x MK0591 10 -6 M: 56,7 x 67,3 % <strong>de</strong> células infectadas; 5,4<br />

x 6,4 número <strong>de</strong> parasitos por macrófagos, p < 0,05, n = 14) <strong>de</strong> incubação. O<br />

tratamento com CP105,696 também aumentou o índice <strong>de</strong> infecção (não trata<strong>do</strong>s x<br />

CP105,696 10 -6 M = 4 h: 110 x 130,4; p < 0,05, n = 17; 48 h: 362 x 483,5, p < 0,05,<br />

n = 8, ), por aumentar a porcentagem <strong>de</strong> células infectadas e o número <strong>de</strong> parasitos<br />

por macrófago, tanto após 4 h (não trata<strong>do</strong>s x CP105,696 10 -6 M: 40 x 43,95% <strong>de</strong><br />

células infectadas; 2,6 x 3,4 número <strong>de</strong> parasitos por macrófagos, p < 0,05, n = 17)<br />

quanto 48 h (não trata<strong>do</strong>s x CP105,696 10 -6 M: 54,3 x 64,4 % <strong>de</strong> células infectadas;<br />

6,4 x 7,2 número <strong>de</strong> parasitos por macrófagos, p < 0,05, n = 8) <strong>de</strong> infecção. Os<br />

resulta<strong>do</strong>s mostraram que há necessida<strong>de</strong> da presença <strong>do</strong> composto MK0591<br />

durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> incubação (48 h), mas não a <strong>do</strong> antagonista <strong>do</strong> LTB4<br />

(CP105,696), cujo efeito é manti<strong>do</strong> após a lavagem das culturas (4 h). A adição <strong>de</strong><br />

LTB4 às culturas diminuiu significantemente a infecção <strong>do</strong>s macrófagos, tanto<br />

durante o perío<strong>do</strong> para avaliar a fagocitose (não trata<strong>do</strong>s x LTB4 10 -7 M: 124,9 x<br />

62,5, p < 0,05, n = 15, 4 h) quanto durante a avaliação da ativida<strong>de</strong> microbicida<br />

(não trata<strong>do</strong>s x LTB4 10 -7 M: 473,8 x 195,2, p < 0,05, n = 18, 48 h). Estes resulta<strong>do</strong>s<br />

sugerem que os macrófagos humanos po<strong>de</strong>m estar produzin<strong>do</strong> leucotrienos após a<br />

infecção por L. (V.) braziliensis, sen<strong>do</strong> o LTB4 o principal leucotrieno produzi<strong>do</strong>. O<br />

LTB4 inibe a fagocitose e aumenta a ativida<strong>de</strong> microbicida <strong>do</strong>s macrófagos,<br />

Capa Índice 10101


contribuin<strong>do</strong> para diminuir a infecção. Serezani et al (2006) relataram a<br />

participação <strong>de</strong> LTB4 no controle da infecção por L. (L.) amazonensis. Eles<br />

<strong>de</strong>monstraram que a adição <strong>de</strong> LTB4 diminui o índice <strong>de</strong> infecção em macrófagos<br />

<strong>de</strong> camun<strong>do</strong>ngos resistentes ou suscetíveis a infecção por L. (L.) amazonensis.<br />

Também em infecção <strong>de</strong> macrófagos murinos com Trypanosoma cruzi, a adição <strong>de</strong><br />

LTB4 aumenta a morte <strong>do</strong>s parasitos intracelulares (Wirth & Kierszenbaum, 1985).<br />

Na infecção por Toxoplasma gondii, o LTB4 exógeno aumenta a ativida<strong>de</strong> citotóxica<br />

<strong>de</strong> macrófagos <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> monócitos humanos, promoven<strong>do</strong> a morte intracelular<br />

<strong>de</strong>stes parasitos (YONG; CHI; HENDERSON, 1994). O presente trabalho,<br />

mostran<strong>do</strong> que o LTB4 aumenta a ativida<strong>de</strong> leishmanicida <strong>de</strong> macrófagos humanos,<br />

vem corroborar a idéia <strong>de</strong> que o LTB4 induz ativida<strong>de</strong> microbicida <strong>de</strong>stes<br />

macrófagos, auxilian<strong>do</strong> no controle da infecção. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativação celular<br />

promovida pelo LTB4 vem sen<strong>do</strong> explorada experimentalmente para tratamento <strong>de</strong><br />

infecção fúngica, utilizan<strong>do</strong> microesferas bio<strong>de</strong>gradáveis conten<strong>do</strong> LTB4 (Nicolete et<br />

al., 2008; Nicolete et al., 2009). Os nossos resulta<strong>do</strong>s sugerem que o LTB4 po<strong>de</strong><br />

ativar os macrófagos humanos, auxilian<strong>do</strong> no controle da infecção por L. (V.)<br />

braziliensis, o que abre perspectivas futuras para novas terapias na LTA<br />

CONCLUSÕES<br />

• Macrófagos humanos são eficientemente infecta<strong>do</strong>s por L. (V.)<br />

braziliensis IMG3;<br />

• O tratamento <strong>do</strong>s macrófagos com um inibi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong><br />

leucotrienos aumenta significantemente o índice <strong>de</strong> infecção, por promover a<br />

fagocitose e inibir a ativida<strong>de</strong> microbicida <strong>do</strong>s macrófagos;<br />

• O tratamento <strong>do</strong>s macrófagos com um antagonista <strong>de</strong> BLT1 aumenta<br />

significantemente o índice <strong>de</strong> infecção, sugerin<strong>do</strong> que o LTB4, produzi<strong>do</strong> após a<br />

infecção por L. (V.) braziliensis, é um <strong>do</strong>s leucotrienos que inibe a fagocitose e<br />

aumenta a ativida<strong>de</strong> microbicida <strong>do</strong>s macrófagos;<br />

• O tratamento <strong>do</strong>s macrófagos com LTB4 diminui significantemente o<br />

índice <strong>de</strong> infecção <strong>do</strong>s macrófagos, inibin<strong>do</strong> a fagocitose e aumentan<strong>do</strong> a ativida<strong>de</strong><br />

microbicida;<br />

Capa Índice 10102


• Os da<strong>do</strong>s indicam que os leucotrienos ativam os macrófagos humanos,<br />

sen<strong>do</strong> importantes no controle da infecção por L. (V.) braziliensis.<br />

REFERÊNCIAS<br />

BRASIL. Ministério da saú<strong>de</strong>. 2010. Disponível em: http://portal.sau<strong>de</strong>.gov.br<br />

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6231–6298, 2011.<br />

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349, 2010.<br />

WORLD HEALTH ORGANIZATION, WHO 2005. Leishmaniasis. Disponível em:<br />

. Acessa<strong>do</strong> em 20 junho <strong>de</strong> 2012.<br />

Capa Índice 10103


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10104 - 10113<br />

CONSUMO ALIMENTAR DE CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS<br />

Camila Kellen <strong>de</strong> Souza CARDOSO 1 ; Maria <strong>do</strong> Rosário Gondim PEIXOTO 2<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nutrição – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

1 Pós-graduan<strong>do</strong> em Nutrição em Saú<strong>de</strong>, nível mestra<strong>do</strong>, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nutrição, Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás. FANUT/<strong>UFG</strong>, camilacar<strong>do</strong>so_nut@hotmail.com<br />

2 Professor Adjunto da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nutrição, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás.<br />

Palavras-chave: consumo alimentar, criança, Dietary Reference Intakes<br />

INTRODUÇÃO<br />

A infância é o estágio em que, normalmente, os padrões alimentares são<br />

<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, constituin<strong>do</strong> os hábitos que po<strong>de</strong>m permanecer por toda a vida<br />

(ZURRIAGA et al., 2010). O conhecimento <strong>do</strong> consumo alimentar <strong>de</strong> crianças é<br />

necessário a fim <strong>de</strong> avaliar e i<strong>de</strong>ntificar os segmentos que po<strong>de</strong>m estar em risco<br />

nutricional, seja pelo consumo <strong>de</strong>ficiente ou excessivo <strong>do</strong>s nutrientes (CONCEIÇÃO<br />

et al., 2010).<br />

A avaliação <strong>do</strong> consumo alimentar por meio das Dietary Reference Intakes<br />

(DRIs), ou seja, Referências <strong>de</strong> Ingestão Dietética é a maneira mais disseminada, as<br />

quais avaliam quantitativamente a ingestão diária. Incluem quatro conceitos <strong>de</strong><br />

referência para a ingestão <strong>de</strong> nutrientes, com <strong>de</strong>finições e utilizações diferenciadas,<br />

a Estimated Average Requiment - EAR (Necessida<strong>de</strong> Média Estimada), a<br />

Recommen<strong>de</strong>d Dietary Allowance – RDA (Ingestão Dietética Recomenda), a<br />

A<strong>de</strong>quate Intake – AI (Ingestão A<strong>de</strong>quada) e o Tolerable Upper Intake Level – UL<br />

(Nível Máximo <strong>de</strong> Ingestão Tolerável), sen<strong>do</strong> as RDAs e AIs os valores mais<br />

utiliza<strong>do</strong>s (FISBERG et al., 2006).<br />

Portanto, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a importância <strong>do</strong> conhecimento a cerca <strong>do</strong> consumo<br />

alimentar e a insuficiência <strong>de</strong>ssas informações sobre crianças menores <strong>de</strong> cinco<br />

anos, o objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> é avaliar o ingestão diária <strong>de</strong> energia,<br />

macronutrientes e micronutrientes <strong>de</strong> crianças menores <strong>de</strong> cinco anos em Goiânia.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Estu<strong>do</strong> transversal, <strong>de</strong> base populacional e <strong>do</strong>miciliar. A pesquisa foi realizada em<br />

Goiânia, em 2011 e 2012, como parte <strong>de</strong> um projeto matriz <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> “Perfil<br />

Capa Índice 10104


nutricional <strong>de</strong> crianças menores <strong>de</strong> cincos anos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia”, projeto<br />

financia<strong>do</strong> pela Fundação a Apoio à <strong>Pesquisa</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás (FAPEG). No<br />

presente trabalho foram avalia<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> seis meses a cinco anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>. Os participantes <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> matriz tiveram que aten<strong>de</strong>r os seguintes critérios<br />

<strong>de</strong> inclusão: resi<strong>de</strong>ntes na área urbana <strong>de</strong> Goiânia, ida<strong>de</strong> entre seis e 59 meses <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>, cujos responsáveis autorizassem a participação e assinassem o Termo <strong>de</strong><br />

Consentimento Livre e Esclareci<strong>do</strong> (TCLE). Em contrapartida, foram excluídas <strong>de</strong>sse<br />

estu<strong>do</strong> as crianças com: alimentação via enteral ou parenteral, institucionalizadas,<br />

hospitalizadas, com <strong>de</strong>ficiência física e/ou mental que impossibilitasse a coleta <strong>de</strong><br />

da<strong>do</strong>s antropométricos.<br />

O processo <strong>de</strong> amostragem foi em múltiplos estágios: sorteio <strong>de</strong> setor<br />

censitário, <strong>do</strong>micílio e criança participante na residência, caso houvesse mais <strong>de</strong><br />

uma. A pesquisa ocorreu por meio <strong>de</strong> entrevistas <strong>do</strong>miciliares, as quais foram<br />

realizadas por duplas <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>res previamente treina<strong>do</strong>s. Para o estu<strong>do</strong><br />

original, basea<strong>do</strong> na prevalência <strong>de</strong> excesso <strong>de</strong> peso para a faixa etária, buscou-se<br />

alcançar um mínimo <strong>de</strong> 822 crianças, com nível <strong>de</strong> significância <strong>de</strong> 95%, erro padrão<br />

<strong>de</strong> 2%, e 1,5% <strong>de</strong> efeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>lineamento.<br />

Foram avaliadas variáveis socio<strong>de</strong>mográficas (ida<strong>de</strong>, sexo e classe<br />

econômica) e o consumo alimentar utilizou-se o Recordatório Alimentar Habitual<br />

(RAH). O RAH possui a técnica <strong>de</strong> entrevista empregada semelhante ao Inquérito <strong>de</strong><br />

24 Horas, porém, em vez <strong>de</strong> se perguntar “O que a criança consumiu no dia<br />

anterior?”, interroga-se “Quais alimentos ou bebidas a criança consome<br />

habitualmente?”, <strong>do</strong> momento em que acorda até a hora <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmir, e se costuma<br />

consumir ou beber algo durante a noite (GARCIA; GRANADO; CARDOSO, 2011;<br />

THOMPSON; BYERS, 1994). Para a análise nutricional da dieta foi utiliza<strong>do</strong> o<br />

software nutricional Avanutri Online.<br />

Para avaliação <strong>do</strong> consumo alimentar foi emprega<strong>do</strong> o percentual <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>quação da dieta habitual informada com as recomendações preconizadas pelas<br />

Dietary Reference Intakes (DRIs) para consumo <strong>de</strong> energia diária (Kcal),<br />

macronutrientes (carboidratos, lipí<strong>de</strong>os, proteínas) e micronutrientes (fibras, ferro,<br />

cálcio, vitamina A e vitamina C) (IOM, 2000; 2001; 2005; 2011).<br />

Para analise estatística utilizou-se o programa Stata12.0. As variáveis<br />

contínuas com distribuição não paramétricas foram <strong>de</strong>scritas sob a forma <strong>de</strong><br />

mediana.<br />

Capa Índice 10105


RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sse estu<strong>do</strong> são parciais, <strong>de</strong>ssa maneira, a amostra estudada<br />

foi composta por 95 crianças, com ida<strong>de</strong> entre seis meses e cinco anos, sen<strong>do</strong> 47<br />

(49,5%) meninas e 48 (50,5%) meninos. A maior parte das crianças pertenciam as<br />

classes econômicas A e B (31%) e C (61%), bem como 48% possuíam mãe com<br />

escolarida<strong>de</strong> entre nove e 11 anos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s.<br />

Na Tabela 1 estão apresentadas as medianas <strong>de</strong> ingestão diária <strong>de</strong> energia,<br />

macronutrientes e micronutrientes, assim como o percentual <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação<br />

mediante as recomendações das DRIs. Nota-se que o consumo <strong>de</strong> energia diária foi<br />

acima <strong>do</strong> preconiza<strong>do</strong> em todas as faixas etárias, principalmente para as crianças<br />

menores (54% e 31% acima), esse consumo eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> energia po<strong>de</strong> estar<br />

associa<strong>do</strong> à ingestão <strong>de</strong> alimentos ricos em “calorias vazias”, ou seja, ricos em<br />

energia e pobres em nutrientes (SILVA, et al. 2010). A ingestão <strong>de</strong> carboidratos e<br />

proteínas também esteve muito elevada em todas as ida<strong>de</strong>s, com o mínimo <strong>de</strong><br />

48,5% e 201,6% a mais que o indica<strong>do</strong>, respectivamente, enquanto os lipí<strong>de</strong>os<br />

tiveram alta ingestão para as crianças <strong>de</strong> seis a 12 meses (33,3% acima), esse<br />

panorama está intimamente relaciona<strong>do</strong> ao consumo <strong>de</strong> energia diária, resulta<strong>do</strong>s<br />

semelhantes foram encontra<strong>do</strong>s por Costa et al. (2011). Em relação ao consumo <strong>de</strong><br />

fibras dietéticas, a amostra teve uma ingestão diária inferior à meta<strong>de</strong> da<br />

recomendação (34,2% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação para crianças <strong>de</strong> um a três anos e <strong>de</strong> 31,6%<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação para crianças <strong>de</strong> quatro a cinco anos), que evi<strong>de</strong>ncia o baixo<br />

consumo <strong>de</strong> cereais integrais, frutas, verduras e hortaliças por esse público<br />

(CARVALHO, OLIVEIRA, SANTOS, 2010).<br />

Quanto ao consumo <strong>de</strong> ferro, as crianças tiveram uma ingestão próxima ao<br />

aconselha<strong>do</strong>. O cálcio teve um consumo eleva<strong>do</strong> nas faixas etárias menores, com<br />

179,8% e 25,8% acima <strong>do</strong> recomenda<strong>do</strong>, em contrapartida as crianças <strong>de</strong> quatro a<br />

cinco anos tiveram uma ingestão abaixo (65,2% <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação) confirman<strong>do</strong> o alto<br />

consumo <strong>de</strong> refeições lácteas pelas crianças menores, e a redução drástica <strong>do</strong><br />

consumo <strong>de</strong>sse grupo pelas crianças maiores, normalmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a novas opções<br />

<strong>de</strong> alimentos (COSTA et al., 2011). A vitamina A também teve uma ingestão além <strong>do</strong><br />

preconiza<strong>do</strong> em todas as faixas etárias, com o consumo no mínimo 34,3% acima <strong>do</strong><br />

aconselha<strong>do</strong>, um <strong>do</strong>s fatores que po<strong>de</strong> explicar esse aumento é o uso <strong>de</strong> fórmulas<br />

lácteas infantis que são enriquecidas com essa vitamina. Da mesma maneira<br />

Capa Índice 10106


observa-se que a ingestão <strong>de</strong> vitamina C foi superior as DRIs em todas as ida<strong>de</strong>s,<br />

pois teve um consumo mínimo <strong>de</strong> 43,4% a mais que o indica<strong>do</strong>.<br />

Tabela 1. Dietary Reference Intakes – DRI (Referências <strong>de</strong> Ingestão Dietética),<br />

mediana <strong>de</strong> energia e nutrientes e percentual <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> consumo alimentar<br />

<strong>de</strong> crianças menores <strong>de</strong> 5 anos em Goiânia, Goiás (n=95).<br />

Energia e<br />

Nutrientes<br />

Energia<br />

(Kcal)<br />

Carboidratos<br />

(g)<br />

Faixa Etária<br />

6 a 11 meses (n=12) 1a 3 anos (n=65) 4 a 5 anos (n=18)<br />

DRI Mediana<br />

%<br />

A<strong>de</strong>quação<br />

DRI Mediana<br />

%<br />

A<strong>de</strong>quação<br />

DRI Mediana<br />

%<br />

A<strong>de</strong>quação<br />

721† 1.113,7 154,4 1.051† 1.440,9 131,1 1.365† 1.463,5 107,2<br />

95* 173,7 182,8 130** 193,0 148,5 130** 210,4 161,8<br />

Lipí<strong>de</strong>os (g) 30* 40 133,3 ND 42,5 ND ND 41,9 ND<br />

Proteínas (g) 11** 58,6 532,7 13** 60,7 466,2 19** 57,3 301,6<br />

Fibras (g) ND 7,0 ND 19* 6,5 34,2 25** 7,9 31,6<br />

Ferro (mg) 11** 8,8 80,0 7** 10,9 155,7 10** 9,5 95<br />

Cálcio (mg) 260* 727, 5 279,8 700** 881,0 125,8 1.000** 652,8 65,2<br />

Vitamina A<br />

(µg)<br />

500* 765,8 153,2 300** 624,9 208,3 400** 537,2 134,3<br />

Vitamina C<br />

(mg)<br />

50* 71,7 143,4 15** 63,8 425,3 25** 64,9 259,6<br />

†EER (Estimated Energy Requeriment ). *AI (A<strong>de</strong>quate Intakes). **RDA (Recommen<strong>de</strong>d Dietary Allowances). ND: valor não<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>.<br />

CONCLUSÃO<br />

As crianças apresentaram eleva<strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> energia e macronutrientes, o<br />

que po<strong>de</strong> ocasionar problemas como obesida<strong>de</strong>, se associa<strong>do</strong> há hábitos<br />

se<strong>de</strong>ntários. Em relação aos micronutrientes, também tiveram ingestão aumentada<br />

para gran<strong>de</strong> parte, exceto para fibras, revelan<strong>do</strong> o baixo consumo <strong>de</strong> frutas,<br />

verduras e legumes. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>s contribuem para o conhecimento<br />

acerca <strong>do</strong> perfil alimentar <strong>de</strong>ssa faixa etária, propician<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> associação com<br />

fatores <strong>de</strong>terminantes posteriormente.<br />

Capa Índice 10107


REFERÊNCIAS<br />

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CONCEIÇÃO, S. I. O.; SANTOS, C. J. N.; SILVA, A. A. M.; SILVA, J. S.; OLIVEIRA, T. C.<br />

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COSTA, E. C.; SILVA, S. P. O.; LUCENA, J. R. M.; BATISTA FILHO, M.; LIRA, P. I. C.;<br />

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FISBERG, R. M.; MORIMOTO, J. M.; SLATER, B.; BARROS, M. B.; CARANDINA, L.;<br />

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Capa Índice 10108


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10109 - 10113<br />

CONDIES MICROBIOLGICAS DE SUSHIS E SASHIMIS DE RESTAURANTES<br />

ESPECIALIZADOS NA CULINRIA ORIENTAL, NA CIDADE DE GOINIA, GOIS<br />

Camila Moura BATISTA 1 ; Maria Cludia Dantas Porfrio Borges ANDR 2 ; Liana Jayme<br />

BORGES 1 ; Maria Luiza Rezen<strong>de</strong> RIBEIRO 1 ; Maria Raquel Hidalgo CAMPOS 1 ; Camilla<br />

Alves Pereira RODRIGUES 1 .<br />

1 Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nutrio (FANUT); 2 Instituto <strong>de</strong> Patologia Tropical e Sa<strong>de</strong> Pblica (IPTSP);<br />

*camilamoura.nut@gmail.com<br />

Palavras chave: controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>; pesca<strong>do</strong> cru; sushi; sashimi, manipula<strong>do</strong>res.<br />

Introduo<br />

Com o processo <strong>de</strong> globalizao <strong>do</strong>s costumes e hbitos alimentares observamos o<br />

aumento <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> pesca<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, principalmente sua qualida<strong>de</strong> nutricional e a<br />

rpida difuso <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> peixe cru, oriun<strong>do</strong> da alimentao oriental. Com isso, vrios<br />

estabelecimentos especializa<strong>do</strong>s na culinria japonesa surgiram em cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> oci<strong>de</strong>nte<br />

(CALVET et al., 2010).<br />

Os principais pratos da culinria oriental so os sushis, feitos com arroz tempera<strong>do</strong>,<br />

combina<strong>do</strong> com algum tipo <strong>de</strong> peixe, vegetal ou fruta e sashimis, pequenas fatias <strong>de</strong> peixes<br />

frescos servi<strong>do</strong>s apenas com molho e tempero (ALCNTARA, 2009). Essas preparaes<br />

utilizam pesca<strong>do</strong>s crus conserva<strong>do</strong>s pelo frio. Isso um fator preocupante por se tratar <strong>de</strong><br />

alimentos in natura e muito manipula<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ocorrer aumento nos riscos <strong>de</strong><br />

contaminao e danos sa<strong>de</strong> <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r pela presena, principalmente, <strong>de</strong> bactrias<br />

patognicas (CALVET et al., 2010).<br />

Segun<strong>do</strong> a WHO (2008), 60,0% das Doenas Transmitidas por Alimentos tem como<br />

veculo <strong>de</strong> transmisso <strong>de</strong> patgenos, o manipula<strong>do</strong>r. A transmisso po<strong>de</strong> ocorrer ainda<br />

durante toda a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> produo <strong>do</strong>s alimentos.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista a pouca literatura a respeito das condies microbiolgicas <strong>de</strong>ste tipo<br />

<strong>de</strong> alimento em nossa regio, o aumento <strong>do</strong> consumo, o <strong>de</strong>sconhecimento da populao<br />

acerca <strong>do</strong>s riscos que este alimento po<strong>de</strong> oferecer, o objetivo da pesquisa foi <strong>de</strong> isolar e<br />

i<strong>de</strong>ntificar microrganismos indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e patognicos das amostras <strong>de</strong> sushis<br />

e sashimis e tambm Escherichia coli e Staphylococcus aureus a partir <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong><br />

mos e fossas nasais <strong>de</strong> manipula<strong>do</strong>res envolvi<strong>do</strong>s na preparao <strong>de</strong>sses alimentos em<br />

Capa Índice 10109


estaurantes <strong>de</strong> Goinia, Gois.<br />

Material e mto<strong>do</strong>s<br />

Foram visita<strong>do</strong>s 18 restaurantes especializa<strong>do</strong>s na culinria japonesa, localiza<strong>do</strong>s na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goinia. Fiscais da Vigilncia Sanitria (VISA) da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Sa<strong>de</strong><br />

(SMS) <strong>de</strong> Goinia acompanharam todas as visitas aos estabelecimentos. Em cada local<br />

foram coletadas, quan<strong>do</strong> disponvel, quatro amostras <strong>de</strong> 200g <strong>de</strong> cada alimento: sushi<br />

Filadlfia (salmo e cream cheese), sushi Califrnia (kani, pepino e manga), sashimi <strong>de</strong><br />

salmo e outro sashimi (robalo, tilpia ou pesca<strong>do</strong> amarelo) e amostras <strong>de</strong> swabs <strong>de</strong><br />

fossas nasais e mos <strong>do</strong>s manipula<strong>do</strong>res <strong>de</strong> alimentos em ativida<strong>de</strong> no local, envolvi<strong>do</strong>s no<br />

preparo <strong>de</strong> sushis e sashimis.<br />

As amostras foram analisadas no Laboratrio <strong>de</strong> Controle Higinico-Sanitrio <strong>de</strong><br />

Alimentos da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nutrio/<strong>UFG</strong>. Seguiram as tcnicas <strong>de</strong>scritas pela American<br />

Public Health Association (APHA 2001) e Food and Drug Administration (FDA, 2002). Para<br />

anlises <strong>de</strong> sushis e sashimis, o sub-item 22b da RDC n 12 estabelece as contagens e<br />

limites <strong>de</strong>: Coliformes a 45C (102UFC/mL); Estafilococos coagulase positiva (5x103 UFC/mL),e Vibrio parahaemolyticus (103 UFC/mL) e pesquisa <strong>de</strong> Salmonella sp. (ausncia<br />

em 25g). Porm, como sushis so elabora<strong>do</strong>s com arroz cozi<strong>do</strong>, nessas preparaes fo<br />

iconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o sub-item 22d-produtos base <strong>de</strong> cereais, farinhas e gros e similares.<br />

Portanto, foi tambm realizada a contagem <strong>de</strong> Bacilus cereus (103 UFC/mL) (BRASIL,<br />

2001). Nos manipula<strong>do</strong>res foi <strong>de</strong>terminada a presena <strong>de</strong> Escherichia coli e Staphylococcus<br />

aureus por tcnicas convencionais.<br />

A pesquisa foi aprovada pelo Comit <strong>de</strong> tica em <strong>Pesquisa</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Gois, protocolada sob o no 360/11.<br />

Resulta<strong>do</strong>s<br />

Foram analisadas 71 amostras <strong>de</strong> sushis e sashimis coletadas em 18<br />

estabelecimentos. Destes, 16 apresentaram pelo menos uma amostra com contagem<br />

elevada para Coliformes totais. Vinte e nove amostras (40,84% ) foram positivas para este<br />

microrganismo indica<strong>do</strong>r, com contagens varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> 103 a 8,8 x 105 UFC/g. A principal<br />

preparao contaminada foi o sushi Filadlfia, on<strong>de</strong> nove (50,0% ) amostras estavam<br />

contaminadas. Das amostras com contagens elevadas para coliformes totais, quatro<br />

Capa Índice 10110


(5,6% ) foram positivas para coliformes termotolerantes, sen<strong>do</strong> duas amostras <strong>de</strong> sushi<br />

Filadlfia, uma <strong>de</strong> sashimi <strong>de</strong> salmo e uma <strong>de</strong> sashimi <strong>de</strong> robalo. As contagens variaram<br />

<strong>de</strong> 4,8 x 10 2 a 8,8 x 10 5 UFC/g.<br />

Oito preparaes (22,2% ) apresentaram resulta<strong>do</strong>s positivos para Bacillus cereus,<br />

varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1 x 10 3 UFC/g a 5 x 10 4 UFC/g. No foi i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> Estafilococos coagulase<br />

positiva, Vibrio parahaemolyticus e Salmonella sp. em nenhuma amostra.<br />

Foram coleta<strong>do</strong>s swabs nasais e <strong>de</strong> mos <strong>de</strong> 56 manipula<strong>do</strong>res, totalizan<strong>do</strong> 112<br />

amostras. Em 10 (8,9% ) amostras foi <strong>de</strong>tectada a presena <strong>de</strong> coliformes termotolerantes<br />

provenientes <strong>de</strong> oito manipula<strong>do</strong>res (14,3% ), sen<strong>do</strong> 50% em mos e 50% em fossas<br />

nasais e <strong>de</strong>stas, em seis (60% ) foi confirmada a presena <strong>de</strong> Escherichia coli. No foi<br />

i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> Staphylococcus aureus em nenhuma das amostras clnicas.<br />

Discusso<br />

A <strong>de</strong>terminao <strong>do</strong>s Coliformes totais utilizada para avaliar as condies<br />

higinico-sanitrias <strong>de</strong> alimentos. Altas contagens significam falhas durante pr-preparo e<br />

preparo. O presente estu<strong>do</strong> observou contaminao por coliformes totais em 40,8% das<br />

amostras, resulta<strong>do</strong> inferior ao encontra<strong>do</strong> por Moura Filho et al. (2007), que obtiveram<br />

positivida<strong>de</strong> em 100% das amostras <strong>de</strong> sashimis avaliadas.<br />

Os coliformes termotolerantes so capazes <strong>de</strong> fermentar a lactose com produo <strong>de</strong><br />

ci<strong>do</strong> e gs a 45C (FDA, 2002). A E coli, principal representante <strong>do</strong> grupo, um<br />

microrganismo indica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> contaminao fecal recente e a possvel presena <strong>de</strong><br />

patgenos. <strong>Pesquisa</strong> realizada em Fortaleza (2006), com sushis e sashimis, constatou<br />

contaminao por coliformes termotolerantes em 30% das amostras coletadas, valor bem<br />

superior ao encontra<strong>do</strong> nessa pesquisa (PINHEIRO et al., 2006).<br />

O Bacillus cereus <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> resistncia <strong>de</strong> seus esporos est amplamente distribu<strong>do</strong><br />

na natureza. Por esta razo, contaminam facilmente alimentos como os cereais, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar episdios <strong>de</strong> toxinfeco (MENDES, et al., 2004). Observou-se contaminao<br />

significativa, porm a legislao sanitria em vigor no estabelece parmetros para esse<br />

microrganismo em sushis.<br />

A ausncia <strong>de</strong> Estafilococos coagulase positiva, Vibrio parahaemolyticus e<br />

Salmonella sp., tambm observa<strong>do</strong> em outras pesquisas (MOURA FILHO et al., 2007;<br />

RESENDE; SOUZA; OLIVEIRA, 2009) um fator, positivo, visto que esses microrganismos<br />

so patgenos e sua ingesto po<strong>de</strong> causar DTAs nos consumi<strong>do</strong>res.<br />

Capa Índice 10111


A <strong>de</strong>teco <strong>de</strong> E. coli em mos e fossas nasais <strong>de</strong> manipula<strong>do</strong>res revela maus<br />

hbitos higinicos, contaminao fecal e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transferncia <strong>de</strong>ste e <strong>de</strong> outros<br />

patgenos fecais a alimentos altamente manipula<strong>do</strong>s. Deve-se ressaltar que durante a<br />

visita e coleta <strong>de</strong> amostra na presena <strong>de</strong> fiscais da Vigilncia Sanitria, os manipula<strong>do</strong>res<br />

lavavam as mos e higienizavam amplamente com lcool 70% antes da coleta das<br />

amostras. E mesmo assim, evi<strong>de</strong>nciou-se contaminao por E. coli, indican<strong>do</strong> que a<br />

<strong>de</strong>teco po<strong>de</strong>ria ser bem maior em condies rotineiras <strong>de</strong> trabalho.<br />

Concluses<br />

Levan<strong>do</strong>-se em conta os risco e prejuzos sa<strong>de</strong> que essas bactrias patgenas<br />

po<strong>de</strong>m causar aos consumi<strong>do</strong>res, constata-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maior vigilncia e<br />

rigor no que diz respeito segurana <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> alimento. Consi<strong>de</strong>ramos importante o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> parmetros para contagem <strong>de</strong> B. cereus em sushis, uma vez que o<br />

arroz, seu principal componente, suscetvel sua contaminao e multiplicao.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a ausncia <strong>de</strong> tratamentos trmicos e que os microrganismos<br />

presentes po<strong>de</strong>m atingir contagens elevadas at chegar mesa <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, preciso<br />

efetiva preveno da contaminao alimentar. Alm <strong>do</strong> mais, medidas educativas<br />

abordan<strong>do</strong> higiene pessoal e boas prticas <strong>de</strong> manipulao, alm da disponibilizao <strong>de</strong><br />

produtos que facilitem a higienizao a<strong>de</strong>quada das mos no ambiente <strong>de</strong> trabalho so<br />

necessrias.<br />

Referncias bibliogrficas<br />

ALCNTARA, B. M. Qualida<strong>de</strong> higinico-sanitria <strong>de</strong> sushi e sashimi servi<strong>do</strong>s em<br />

restaurantes da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza: modismo alimentar e risco sa<strong>de</strong>. 2009. 68f.<br />

Dissertao (Mestra<strong>do</strong> em Sa<strong>de</strong> Pblica) - Centro <strong>de</strong> Cincias e Sa<strong>de</strong>, Universida<strong>de</strong><br />

Estadual <strong>do</strong> Cear, Fortaleza, 2009.<br />

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION - APHA.Compedium of methods for the<br />

microbiological examination for foods.4th ed.Washington, 2001. 676p.<br />

BRASIL. Agncia Nacional <strong>de</strong> Vigilncia Sanitria. Resoluo RDC n 12, <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> janeiro<br />

<strong>de</strong> 2001. Aprova o regulamento tcnico sobre padres microbiolgicos para alimentos.<br />

Braslia, 2001. Disponvel em: < http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/12_01rdc.htm>.<br />

Acesso em: 24 jul. 2011.<br />

Capa Índice 10112


CALVET, R. M.; LIMA, M. F. V.; ARAJO, R. S.; LACERDA, L. M.; LIMA, B. G.; SILVA, M.<br />

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restaurantes orientais na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> So Lus, MA. Higiene Alimentar, So Paulo, v. 24, n.<br />

182, p. 108-112, 2010.<br />

FOOD AND DRUG ADMINISTRATION (FDA), Silver Spring,<br />

2002.Bacteriologicalanalytical manual.Disponvel em:<br />

. Acesso em: 11 mai. 2011.<br />

MENDES, R. A.; AZEREDO, R. M. C.; COELHO, A. I. M.; OLIVEIRA, S. S.; COELHO, M. S.<br />

L. Contaminao ambiental por Bacilluscereus em Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alimentao e Nutrio.<br />

Revisa <strong>de</strong> Nutrio, Campinas, v. 17, n. 2. p. 255-261, 2004.<br />

MOURA FILHO, L. G. M; MENDES, E. S.; SILVA, R. P. P.; GES, M. N. B.; VIEIRA, K. P.<br />

B. A.; MENDES, P. P. Enumerao e pesquisa <strong>de</strong> Vibrio spp. e coliformes totais e<br />

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RESENDE, A.; SOUZA, J. R.; OLIVEIRA, Y. S. Anlise microbiolgica <strong>de</strong> sushis e sashimis<br />

comercializa<strong>do</strong>s em restaurantes <strong>de</strong> Braslia no pero<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2001 a 2004. Higiene<br />

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PINHEIRO, H. M. C.; VIEIRA, R. H. S. F.; CARVALHO, F. C. T.; REIS, E. M. F.; SOUSA, O.<br />

V.; RODRIGUES, D. P. Salmonellasp. e Coliformes termotolerantes em sushi e<br />

sashimicomercializa<strong>do</strong>s na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza-Cear. BoletimTnico-Cientfico<strong>do</strong><br />

CEPENE, Tamandar, v. 14, n.1, p. 23-31, 2006.<br />

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investigation and control. 2008. Disponvelem http://www.who.int. Acessoem 13 jan. 2009.<br />

Capa Índice 10113


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10114 - 10118<br />

INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA ETAPA DE<br />

EXECUÇÃO DE EDIFICAÇÕES MULTIPAVIMENTOS<br />

Camilla Pompêo <strong>de</strong> Camargo e SILVA (1); Tatiana Gondim <strong>do</strong> AMARAL (2)<br />

(1) Mestranda no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil pela<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Brasil. E-mail: camillapompeo@gmail.com<br />

(2) Professora Doutora <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil<br />

pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Brasil. E-mail: tatiana_amaral@hotmail.com<br />

Palavras-chave: Sustentabilida<strong>de</strong>. Práticas sustentáveis. Execução <strong>de</strong><br />

empreendimentos. Indica<strong>do</strong>res.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se construir uma socieda<strong>de</strong> mais sustentável é <strong>de</strong>corrente<br />

das ativida<strong>de</strong>s humanas e <strong>de</strong> suas conseqüências, tais como <strong>de</strong>terioração nos<br />

meios ambiental, econômico e social. E essa é uma preocupação que se faz<br />

presente no cotidiano da socieda<strong>de</strong>, pois assuntos relaciona<strong>do</strong>s são freqüentes em<br />

jornais atuais e fazem parte <strong>de</strong> discussões em meios sociais, acadêmicos e outros<br />

(ARAÚJO, 2009).<br />

No setor da construção civil essas preocupações e discussões também se<br />

fazem presentes, pois a incorporação <strong>de</strong> condutas sustentáveis é uma crescente<br />

tendência <strong>de</strong>sse merca<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio que o <strong>de</strong>senvolvimento mundial<br />

enfrenta atualmente, que é o <strong>de</strong> crescer economicamente e ao mesmo tempo<br />

preservar o meio ambiente (TEIXEIRA, 2010). Esse é um caminho sem volta, em<br />

que diferentes agentes como governos, consumi<strong>do</strong>res, investi<strong>do</strong>res e associações<br />

vêem alertan<strong>do</strong>, estimulan<strong>do</strong> e pressionan<strong>do</strong> o setor da construção a incorporar<br />

essas práticas em suas ativida<strong>de</strong>s.<br />

Na busca <strong>de</strong> uma construção mais sustentável, as empresas construtoras<br />

po<strong>de</strong>m escolher ações possíveis <strong>de</strong> aplicação, que segun<strong>do</strong> CIB (1999) são<br />

<strong>de</strong>terminadas por agendas setoriais que discutem diretamente questões<br />

relacionadas ao ambiente construí<strong>do</strong>, tais como o consumo racional <strong>de</strong> água e<br />

energia; o uso <strong>de</strong> energias renováveis; a seleção <strong>de</strong> materiais baseada no ciclo <strong>de</strong><br />

vida; a racionalização <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> recursos na etapa <strong>de</strong> construção; a redução<br />

<strong>do</strong>s impactos <strong>do</strong>s canteiros <strong>de</strong> obras, entre outros.<br />

Essa sustentabilida<strong>de</strong> no setor implica na a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> sistemas construtivos que<br />

promovam integração com o meio ambiente, adaptan<strong>do</strong>-os para as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Capa Índice 10114


uso, produção e consumo humano, sem esgotar os recursos naturais, preservan<strong>do</strong>os<br />

para as gerações futuras; além da a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> soluções que propiciem edificações<br />

econômicas e o bem-estar social. Para isso, esse setor precisa se engajar cada vez<br />

mais, levan<strong>do</strong> as empresas a mudarem sua forma <strong>de</strong> produzir e gerir suas obras,<br />

introduzin<strong>do</strong> progressivamente a sustentabilida<strong>de</strong> e buscan<strong>do</strong>, em cada obra,<br />

soluções que sejam economicamente relevantes e viáveis para os empreendimentos<br />

(GEHLEN, 2009).<br />

Basea<strong>do</strong> no cenário <strong>de</strong>scrito, a presente pesquisa tem como investigação<br />

central a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> como uma alternativa para<br />

sensibilizar o setor da construção a incorporar tais condutas e para conscientizá-lo<br />

da importância <strong>de</strong> inserção <strong>de</strong> objetivos <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> na sua produção,<br />

alian<strong>do</strong> a atual expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> empreendimentos com necessida<strong>de</strong>s<br />

sustentáveis, com a expansão <strong>de</strong> trabalhos acadêmicos existentes relaciona<strong>do</strong>s,<br />

garantin<strong>do</strong> a continuida<strong>de</strong> e o aperfeiçoamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho sustentável, levan<strong>do</strong><br />

em consi<strong>de</strong>ração o contexto específico que se <strong>de</strong>stina.<br />

Desta maneira, questionam-se quais seriam esses indica<strong>do</strong>res, quais os<br />

elementos principais a serem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s na sua elaboração e quais os novos<br />

aspectos <strong>de</strong> gestão capazes <strong>de</strong> trabalhar itens <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> relevantes nas<br />

ações <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> edifícios.<br />

Questiona-se ainda se é possível propor melhorias no que está sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong><br />

pelas empresas no que se refere à sustentabilida<strong>de</strong>, permean<strong>do</strong> o princípio<br />

ambiental. E se a utilização <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> auxilia as empresas<br />

no monitoramento <strong>do</strong> seu <strong>de</strong>sempenho ao longo <strong>do</strong> tempo, facilita a prática <strong>de</strong><br />

“benchmarking” interno e externo, com outras companhias, e ajuda as empresas na<br />

melhoria <strong>de</strong> sua imagem junto às partes interessadas no seu negócio.<br />

Portanto, a presente pesquisa tem como objetivo geral contribuir para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> ambiental volta<strong>do</strong>s à etapa <strong>de</strong><br />

execução <strong>de</strong> edifícios, por meio da análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s a serem obti<strong>do</strong>s a partir<br />

da <strong>de</strong>finição, implantação e medição <strong>de</strong> uma meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

sustentabilida<strong>de</strong> em empreendimentos <strong>de</strong> uma empresa construtora na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Goiânia-GO.<br />

Capa Índice 10115


2 METODOLOGIA DE PESQUISA<br />

Para a realização <strong>de</strong>sta pesquisa, está sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> exploratório,<br />

com características aracterísticas tanto qua qualitativas quanto quantitativas, por meio <strong>de</strong> uma<br />

pesquisa-ação em <strong>do</strong>is empreendimentos dda<br />

empresa construtora trutora escolhida. Os<br />

procedimentos meto<strong>do</strong>lógicos gicos utiliza<strong>do</strong>s para a realização <strong>de</strong>ssa pesquisa foram<br />

organiza<strong>do</strong>s em cinco etapas etapas, as quais po<strong>de</strong>m ser estruturadas, sequenciadas,<br />

resumidas e ilustradas por meio da Figura 1.<br />

Figura 1 – Esquema com etapas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa<br />

Capa Índice 10116


3 RESULTADOS ESPERADOS<br />

Em primeiro lugar, a presente pesquisa espera gerar como resulta<strong>do</strong> uma<br />

contribuição <strong>de</strong>sse tema para o meio acadêmico, uma vez que Degani (2009) aponta<br />

que a abordagem a cerca <strong>de</strong> novos aspectos <strong>de</strong> gestão, práticas e indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

sustentabilida<strong>de</strong> relaciona<strong>do</strong>s à etapa <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> edifícios ainda se faz<br />

necessária.<br />

Espera-se também que esta pesquisa possa ampliar o escopo <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong><br />

aspectos <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> ambiental presentes na etapa <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> um<br />

empreendimento, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> orientar o setor da construção para a<br />

importância <strong>de</strong> inserção <strong>de</strong> objetivos <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> na sua produção, alian<strong>do</strong> a<br />

atual expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> empreendimentos com necessida<strong>de</strong>s sustentáveis,<br />

com a expansão <strong>de</strong> trabalhos acadêmicos existentes relaciona<strong>do</strong>s, garantin<strong>do</strong> a<br />

continuida<strong>de</strong> e o aperfeiçoamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho sustentável.<br />

Uma contribuição para a consolidação <strong>de</strong> um referencial teórico referente a<br />

indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> ambiental na etapa <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> um<br />

empreendimento, bem como para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma meto<strong>do</strong>logia que<br />

auxilie na mensuração da sustentabilida<strong>de</strong> ambiental voltada ao canteiro <strong>de</strong> obras<br />

também é esperada como fruto <strong>de</strong>ssa pesquisa.<br />

Por fim, espera-se que este estu<strong>do</strong> gere um produto <strong>de</strong> conhecimento comum,<br />

a fim <strong>de</strong> possibilitar a introdução <strong>de</strong> práticas e ações <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> ambiental<br />

na etapa <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> um empreendimento, a reunião <strong>de</strong> elementos que<br />

permitam sensibilizar e informar os gerentes e proprietários <strong>de</strong> empresas<br />

construtoras a respeito <strong>do</strong>s aspectos <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> associa<strong>do</strong>s às suas<br />

ativida<strong>de</strong>s, subsidian<strong>do</strong> os processos <strong>de</strong>cisórios e os investimentos para a<br />

mo<strong>de</strong>rnização e a permanência da a<strong>de</strong>quação <strong>do</strong>s empreendimentos existentes,<br />

visan<strong>do</strong> o aumento <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho e da qualida<strong>de</strong> ambiental para o setor da<br />

construção civil, promoven<strong>do</strong> assim o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.<br />

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A pesquisa, ainda em andamento, já realizou completamente as duas primeiras<br />

etapas, conforme Figura 1, em que inicialmente, foi feita uma revisão bibliográfica, a<br />

qual forneceu suporte para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> restante da pesquisa e apresenta<br />

um panorama <strong>do</strong>s principais trabalhos realiza<strong>do</strong>s a cerca <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

Capa Índice 10117


<strong>de</strong>senvolvimento sustentável e <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> para o setor da<br />

construção.<br />

A segunda etapa realizada foi o diagnóstico na empresa, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> as ações<br />

ambientalmente sustentáveis que ela pratica e, consequentemente, o que é possível<br />

<strong>de</strong> se medir. Após a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> que é possível <strong>de</strong> se medir e como medir, a<br />

terceira etapa já resultou numa listagem <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong><br />

ambiental volta<strong>do</strong>s à etapa <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> empreendimentos, com a estruturação<br />

<strong>de</strong>sses mesmos em um processo hierárquico, com a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> categorias e<br />

subcategorias <strong>de</strong>sses indica<strong>do</strong>res. E o próximo passo <strong>de</strong>ssa etapa será o<br />

amadurecimento e a melhoria <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res propostos, com a realização <strong>de</strong><br />

modificações e ajustes necessários em sua estrutura e na sua forma <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong><br />

da<strong>do</strong>s, a fim <strong>de</strong> refiná-los para a sistematização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.<br />

O próximo passo da pesquisa é a realização das duas últimas etapas para a<br />

obtenção <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s para a sua análise e a criação <strong>de</strong> uma base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, a qual<br />

po<strong>de</strong>rá retroalimentar a empresa estudada e <strong>de</strong>mais empresas <strong>do</strong> ramo. Além <strong>de</strong><br />

transformar esses da<strong>do</strong>s em números sugestivos à implantação <strong>de</strong> práticas<br />

sustentáveis pelo setor da construção civil, por meio <strong>de</strong> um ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res,<br />

promoven<strong>do</strong> assim o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável no setor.<br />

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canteiros <strong>de</strong> obras. 2009. 228f. Dissertação (Mestra<strong>do</strong>) – Escola Politécnica da<br />

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CIB - INTERNATIONAL COUNCIL FOR RESEARCH AND INNOVATION IN<br />

BUILDING AND CONSTRUCTION. Agenda 21 on Sustainable Construction.<br />

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construídas. 2009. 207f. Tese (Doutora<strong>do</strong>) - Escola Politécnica da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

São Paulo, São Paulo, 2009.<br />

GEHLEN, J. Aplican<strong>do</strong> a Sustentabilida<strong>de</strong> e a Produção Limpa aos Canteiros <strong>de</strong><br />

Obras. In: INTERNATIONAL WORKSHOP ADVANCES IN CLEANER<br />

PRODUCTION, 2., 2009, São Paulo. <strong>Anais</strong>... São Paulo, 2009.<br />

TEIXEIRA, M. P. Análise da sustentabilida<strong>de</strong> no merca<strong>do</strong> imobiliário resi<strong>de</strong>ncial<br />

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Capa Índice 10118


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10119 - 10123<br />

Relações <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infestação por Diatraea saccharalis (Fabricius,<br />

1794) na produtivida<strong>de</strong> em varieda<strong>de</strong>s comerciais <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />

Carlos Alberto da Silva FERREIRA 1 ; Paulo Marçal FERNANDES 2 ; Vilmar <strong>de</strong> Araújo<br />

PONTES JÚNIOR 3<br />

Palavras-chave: Saccharum officinarum, broca da cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />

INTRODUÇÃO<br />

De acor<strong>do</strong> com o segun<strong>do</strong> levantamento da safra <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar para o<br />

Brasil, estima-se que a área cultivada com a espécie será <strong>de</strong> 8.527,8 mil hectares<br />

(2012/13) e a produtivida<strong>de</strong> média será <strong>de</strong> 70 t ha -1 (Conab, 2012). Desse mo<strong>do</strong>, o<br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo é o maior produtor com 51,82% da área total, segui<strong>do</strong> por<br />

Minas Gerais com 8,46%, Goiás com 8,69%, Paraná com 7,13%, Mato Grosso <strong>do</strong><br />

Sul com 6,50%, Alagoas com 5,26% e Pernambuco com 3,63%. A cultura da cana<strong>de</strong>-açúcar<br />

propicia um agroecossistema que abriga numerosas espécies <strong>de</strong> insetos,<br />

sen<strong>do</strong> que algumas <strong>de</strong>las, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da época <strong>do</strong> ano e da região, po<strong>de</strong>m<br />

ocasionar sérios prejuízos econômicos. Dentre elas, a Diatraea saccharalis que é a<br />

praga mais importante, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua ampla distribuição geográfica e prejuízos que<br />

ocasionam durante to<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento da cultura (Mace<strong>do</strong> & Araújo, 2000). O<br />

seu ataque é bastante volúvel, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cana, da época <strong>do</strong> ano,<br />

<strong>do</strong> ciclo da cultura e <strong>de</strong> outros fatores (Mace<strong>do</strong> & Botelho, 1988). Os danos diretos<br />

provoca<strong>do</strong>s pelo inseto são <strong>de</strong>correntes da sua alimentação por meio <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s da<br />

planta, forman<strong>do</strong> galerias, o que provoca o tombamento <strong>do</strong>s colmos, encurtamento<br />

<strong>do</strong> entrenó, perda <strong>de</strong> peso, entre outras injúrias. Já os danos indiretos estão<br />

relaciona<strong>do</strong>s com a entrada <strong>de</strong> microrganismos oportunistas, como por exemplo, os<br />

fungos (Fusarium monoliforme e/ou Colletotrichum falcatum) responsáveis pela<br />

podridão vermelha, que provocam perdas industriais proporcionan<strong>do</strong> menor<br />

1<br />

Aluno <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Agronomia, da Escola <strong>de</strong><br />

Agronomia e Engenharia <strong>de</strong> Alimentos da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (EA/<strong>UFG</strong>).<br />

E-mail: agronomocarlos@yahoo.com.br<br />

2<br />

Professor/orienta<strong>do</strong>r EA/<strong>UFG</strong><br />

3<br />

Aluno <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Genética e Melhoramento<br />

<strong>de</strong> Plantas da Escola <strong>de</strong> Agronomia e Engenharia <strong>de</strong> Alimentos da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (EA/<strong>UFG</strong>)<br />

Capa Índice 10119


endimento <strong>de</strong> açúcar e contaminações na fermentação alcoólica (Mace<strong>do</strong> &<br />

Botelho, 1988; Gallo et al., 2002). Assim, o objetivo <strong>do</strong> presente trabalho foi estudar<br />

a relação entre o índice <strong>de</strong> infestação <strong>de</strong> D. saccharalis e a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

varieda<strong>de</strong>s comerciais <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

O experimento foi instala<strong>do</strong> no município <strong>de</strong> Goianésia - GO, em área<br />

pertencente à usina Jalles Macha<strong>do</strong> S/A (15º17’S, 48º56’W, 602 m). A área,<br />

anteriormente era <strong>de</strong> pastagem <strong>de</strong>gradada, cujo solo classifica<strong>do</strong> como Latossolo<br />

Vermelho Amarelo distrófico. Foram utilizadas 16 varieda<strong>de</strong>s comerciais <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>açúcar.<br />

O <strong>de</strong>lineamento experimental emprega<strong>do</strong> foi o <strong>de</strong> blocos ao acaso com<br />

quatro repetições, sen<strong>do</strong> as parcelas constituídas <strong>de</strong> quatro linhas <strong>de</strong> 15 m e área<br />

útil com 90 m 2 e espaçamento <strong>de</strong> 1,5 m entre linhas. As adubações foram realizadas<br />

obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> ao resulta<strong>do</strong> da análise <strong>de</strong> solo e foi realiza<strong>do</strong> somente o controle <strong>de</strong><br />

cupins. Para o cálculo da produtivida<strong>de</strong>, foram colhidas e pesadas as canas-<strong>de</strong>açúcar<br />

<strong>de</strong> cada parcela. O monitoramento da D. saccharallis foi realiza<strong>do</strong> quinze<br />

dias antes da colheita, escolhen<strong>do</strong> aleatoriamente <strong>de</strong>z canas na mesma linha e em<br />

sequencia. A intensida<strong>de</strong> infestação ( ) foi <strong>de</strong>terminada pela seguinte fórmula:<br />

em que: é o número <strong>de</strong> entrenós infesta<strong>do</strong>s; é o número total <strong>de</strong> entrenós.<br />

Os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s foram submeti<strong>do</strong>s à analise <strong>de</strong> variância e as médias da<br />

produtivida<strong>de</strong> da cana-<strong>de</strong>-açúcar foram comparadas pelo teste <strong>de</strong> Tukey a 5% <strong>de</strong><br />

probabilida<strong>de</strong> utilizan<strong>do</strong> o aplicativo SAS (SAS Institute Inc., 2011). Além disso, foi<br />

realizada a correlação linear simples por meio da média das duas variáveis, com<br />

auxílio <strong>do</strong> pacote Microsoft Office Excel 2007 ® .<br />

RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Na Tabela 1 observa-se que a fonte <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> tratamento para a<br />

produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar foi altamente significativa, já a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

infestação não houve diferença. Desse mo<strong>do</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da porcentagem <strong>de</strong><br />

infestação por D. saccharallis houve diferença nas médias para o rendimento <strong>de</strong><br />

cana-<strong>de</strong>-açúcar. Nota-se que a amplitu<strong>de</strong> das médias para a produtivida<strong>de</strong> variou <strong>de</strong><br />

Capa Índice 10120


181,65 t ha -1 a 100 t ha -1 , <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que também foram observa<strong>do</strong>s nas varieda<strong>de</strong>s<br />

entrenós com nenhuma e entrenós com 3,22% <strong>de</strong> infestação da praga. Segun<strong>do</strong><br />

critério estabeleci<strong>do</strong> por Pimentel Gomes (1990), experimentos com CV inferior a<br />

10% são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s baixos indican<strong>do</strong> maior precisão e experimentos com CV<br />

acima <strong>de</strong> 30% são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s muito altos, o que indica menor precisão<br />

experimental. Assim, o CV encontra<strong>do</strong> para o rendimento <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar foi <strong>de</strong><br />

5,60% mostran<strong>do</strong> que o experimento foi bem conduzi<strong>do</strong> e teve ótima precisão. Foi<br />

observa<strong>do</strong> que não existe correlação entre as duas variáveis, isto é, a produtivida<strong>de</strong><br />

não foi afetada pela intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infestação da praga. Na Tabela 2 observa-se<br />

que as varieda<strong>de</strong>s CTC (15, 11, 09 e 02), IAC (91-1099 e 87-3396), RB (92-579 e<br />

86-7515) e SP86-0042 foram estatisticamente iguais e superiores as <strong>de</strong>mais<br />

varieda<strong>de</strong>s avaliadas. Dentre elas, as que obtiveram a menor intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

infestação, bem como infestações abaixo da média geral (1,75%) foram a IAC87-<br />

3396 (1,14%), CTC 15 (1,45%), CTC 11 (1,59%) e SP86-0042 (1,71%). A<strong>de</strong>mais, foi<br />

possível observar que as varieda<strong>de</strong>s comerciais RB (92-579 e 86-7515), CTC (09 e<br />

02) e IAC91-1099 foram produtivas mesmo com alta intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infestação da<br />

praga, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que as tornam mais interessantes para o merca<strong>do</strong>.<br />

Tabela 1. Resumo da análise <strong>de</strong> variância para a produtivida<strong>de</strong> (t ha -1 ) e intensida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> infestação (%) por D. saccharalis em cana-<strong>de</strong>-açúcar.<br />

FV 1 GL 2 QM 3 QM 4<br />

Blocos 3 410,51 0,1527<br />

Tratamentos 15 1.105,10 ** 0,9997 ns<br />

Resíduo 45 67,45 0,5608<br />

Média - 147,31 1,75<br />

Máximo - 181,65 3,22<br />

Mínimo - 99,99 0,00<br />

CV% 5 - 5,60 42,87<br />

rxy 6 0,08 ns<br />

(1) Fonte <strong>de</strong> variação; (2) Grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>; (3) Quadra<strong>do</strong> médio <strong>de</strong> tratamento para a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cana-<strong>de</strong>-açúcar; (4) Quadra<strong>do</strong> médio <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infestação; (5) Coeficiente <strong>de</strong> variação; (ns) Não<br />

significativo; (**) Significativo a 1% <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> pelo teste <strong>de</strong> F. (6) Correlação linear simples, (ns) Não<br />

significativo pelo teste <strong>de</strong> t a 5% <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>.<br />

Capa Índice 10121


Tabela 2. Média da produtivida<strong>de</strong> (t ha -1 ) e da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infestação (%) por D.<br />

saccharalis em cana-<strong>de</strong>-açúcar.<br />

Varieda<strong>de</strong>s Produtivida<strong>de</strong> 1 Varieda<strong>de</strong>s Infestação<br />

1. CTC 15 170.26a 1. RB92-579 2.53<br />

2. IAC91-1099 168.60a 2. CTC 09 2.29<br />

3. CTC 11 162.62ab 3. IACSP95-5000 2.26<br />

4. CTC 09 157.38abc 4. CTC 18 2.17<br />

5. RB92-579 156.93abc 5. CTC 02 2.12<br />

6. SP86-0042 156.93abc 6. IACSP94-3046 2.08<br />

7. RB86-7515 154.99abc 7. RB86-7515 1.91<br />

8. IAC87-3396 154.85abc 8. IAC91-1099 1.85<br />

9. CTC 02 151.93abc 9. RB96-6928 1.80<br />

10. IACSP95-5000 144.57bcd 10. SP86-0042 1.71<br />

11. CTC 04 140.68cd 11. CTC 11 1.59<br />

12. IACSP94-3046 137.63cd 12. CTC 15 1.45<br />

13. IACSP94-2094 130.82d 13. IACSP94-2101 1.18<br />

14. RB96-6928 130.27d 14. IAC87-3396 1.14<br />

15. IACSP94-2101 129.99d 15. CTC 04 0.97<br />

16. SP86-0042 108.60e 16. IACSP94-2094 0.91<br />

(1)<br />

As médias seguidas <strong>de</strong> pelo menos uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo<br />

teste <strong>de</strong> Tukey, ao nível <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>.<br />

CONCLUSÃO<br />

Não foi <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> relação entre a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infestação <strong>de</strong> D. saccharallis<br />

na produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar. Entretanto, algumas varieda<strong>de</strong>s comerciais<br />

produtivas conseguem manter ótima produtivida<strong>de</strong> mesmo com alta intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

infestação, o que as tornam mais atraentes ao merca<strong>do</strong>.<br />

REFERÊNCIAS<br />

CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: cana-<strong>de</strong>-açúcar, safra 2012/2013.<br />

Disponível em:. Acesso em: 20 set.<br />

2012.<br />

GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BATISTA, G.<br />

C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCHHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIM,<br />

J. D. Entomologia agrícola, São Paulo: Ceres, 2002. 920 p.<br />

Capa Índice 10122


MACEDO N.; BOTELHO, P. S. M. Controle integra<strong>do</strong> da broca da cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />

Diatraea saccharalis (Fabricius, 1794) (Lep<strong>do</strong>ptera, Pyralidae). Brasil Açucareiro,<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, v. 162, n. 2, p. 2-11, 1988.<br />

MACEDO, N.; ARAÚJO, J. R. Efeitos da queima <strong>do</strong> canavial sobre insetos<br />

preda<strong>do</strong>res. <strong>Anais</strong> da Socieda<strong>de</strong> Entomológica <strong>do</strong> Brasil, Londrina, v. 29, n.1, p.<br />

79-84, 2000.<br />

PIMENTEL GOMES, F. Curso <strong>de</strong> estatística experimental. 8. ed. São Paulo:<br />

Nobel, 1990. 468 p.<br />

SAS INSTITUTE INC. SAS/STAT® Software Version 9.3. Cary, NC: SAS Institute<br />

Inc., 2011.<br />

Capa Índice 10123


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10124 - 10126<br />

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DOS RESÍSUOS EGOTADOS DE<br />

FOSSA DISPOSTOS NA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO DE<br />

GOIÂNIA.<br />

Carlos Henrique MAIA<br />

Mestran<strong>do</strong> em Engenharia <strong>do</strong> Meio Ambiente pela Escola <strong>de</strong> Engenharia Civil e Ambiental da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (EEC/<strong>UFG</strong>).<br />

Eral<strong>do</strong> Henriques <strong>de</strong> CARVALHO<br />

Professor associa<strong>do</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás.<br />

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos esgota<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fossa e Estação <strong>de</strong> Tratamento<br />

<strong>de</strong> Esgoto.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

A falta <strong>de</strong> serviços públicos para a coleta e tratamento <strong>do</strong>s esgotos<br />

sanitários em áreas urbanas e rurais conduz à instalação <strong>de</strong> sistemas<br />

individualiza<strong>do</strong>s para a disposição <strong>do</strong>s esgotos <strong>do</strong>mésticos (MOTA, 2006).<br />

Nessas áreas quan<strong>do</strong> não existe instalação <strong>de</strong>sses sistemas a maneira mais<br />

prática usual é dispô-los em drenagem <strong>de</strong> águas pluviais ou em solo para<br />

infiltração, o que expõe a população aos riscos sanitários e aos problemas<br />

ambientais que afetam a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da socieda<strong>de</strong> (ANDREOLI, 2009).<br />

O uso <strong>de</strong> sistema individualiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada (tanque séptico e<br />

sumi<strong>do</strong>uro) po<strong>de</strong> ser uma alternativa viável, porque se caracteriza por um<br />

tratamento mais compatível, simples e <strong>de</strong> baixo custo. Essa utilização, <strong>de</strong>sse<br />

sistema estanque, minimiza a contaminação <strong>do</strong> solo e <strong>do</strong> lençol freático (RIOS,<br />

2010). Essa opção, no entanto requer a retirada sistemática e a <strong>de</strong>stinação<br />

correta <strong>do</strong>s resíduos esgota<strong>do</strong>s (ANDREOLI, 2009).<br />

Os resíduos esgota<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fossa e tanques sépticos são oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s<br />

processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cantação, digestão e sedimentação que ocorrem no interior <strong>do</strong><br />

compartimento. De acor<strong>do</strong> com Silva (2011) esses resíduos <strong>de</strong>vem ser<br />

removi<strong>do</strong>s periodicamente e dispostos em locais apropria<strong>do</strong>s, pois as<br />

características inorgânicas, orgânicas e patogênicas impe<strong>de</strong>m a disposição<br />

direta em cursos d’água e solos, fato que ocorre na maioria <strong>do</strong>s casos.<br />

A disposição a<strong>de</strong>quada <strong>do</strong>s resíduos esgota<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fossas constitui-se<br />

um <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios enfrenta<strong>do</strong>s atualmente, porque existem poucos<br />

Capa Índice 10124


estu<strong>do</strong>s que apontam a melhor alternativa técnica e operacional (ANDREOLI,<br />

2009). Em cida<strong>de</strong>s que dispõe <strong>de</strong> estações <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgotos (ETE) os<br />

resíduos esgota<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s sistemas individuais são em maioria dispostos e<br />

trata<strong>do</strong>s juntamente com o esgoto sanitário. Essa codisposição, no entanto<br />

po<strong>de</strong> causar interferências técnicas e operacionais no processo <strong>de</strong> tratamento,<br />

pelo <strong>de</strong>sconhecimento da real composição <strong>do</strong>s resíduos provenientes <strong>de</strong>sse<br />

tipo <strong>de</strong> serviço.<br />

Na região metropolitana <strong>de</strong> Goiânia (RMG) a disposição final <strong>de</strong> parte<br />

<strong>do</strong>s resíduos esgota<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fossas é realizada na Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong><br />

Esgoto Dr. Hélio Seixo <strong>de</strong> Britto (ETE Goiânia), que dispõe <strong>do</strong> tratamento<br />

primário quimicamente assisti<strong>do</strong> segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> lo<strong>do</strong> ativa<strong>do</strong> convencional (ainda<br />

não implanta<strong>do</strong>). Desse mo<strong>do</strong> é necessário o conhecimento das características<br />

<strong>do</strong>s resíduos esgota<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fossa, visto que a ETE Goiânia não foi projetada<br />

para receber esse tipo <strong>de</strong> resíduos.<br />

2 MATERIAIS E MÉTODOS<br />

A coleta será realizada durante o <strong>de</strong>scarte <strong>do</strong> lo<strong>do</strong> séptico pelos<br />

caminhões limpa-fossa, que dispõe o resíduo na estação tratamento <strong>de</strong> esgoto<br />

<strong>de</strong> Goiânia.<br />

Serão retiradas amostras das cargas <strong>de</strong> caminhões limpa-fossa que<br />

chegarão para <strong>de</strong>scarregar no intervalo das 06h00min às 17h30min. Desse<br />

mo<strong>do</strong> realizar-se-ão coletadas em cinco caminhões, sen<strong>do</strong> que para cada um,<br />

retirarão cinco amostras simples em diferentes tempos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga. Medir-seão<br />

no local o potencial hidrogeniônico (pH) por meio <strong>de</strong> um pHmetro digital<br />

portátil. Posteriormente as amostras serão <strong>de</strong>vidamente acondicionadas em<br />

caixas <strong>de</strong> isopor à temperatura <strong>de</strong> 4°C e encaminhadas ao Laboratório <strong>de</strong><br />

Saneamento Campus I da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás.<br />

As análises a ser realizadas serão a Demanda Biológica <strong>de</strong> Oxigênio<br />

(DBO), Demanda Química <strong>de</strong> Oxigênio (DQO), Sóli<strong>do</strong>s Sedimentáveis, Sóli<strong>do</strong>s<br />

Totais (fixo e voláteis), Fósforo Total e Óleos e Graxas. As análises serão<br />

realizadas no Laboratório <strong>de</strong> Saneamento <strong>do</strong> Campus I em conformida<strong>de</strong> com<br />

o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (2005).<br />

Capa Índice 10125


3 RESULTADOS ESPERADOS<br />

Os resíduos esgota<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fossa advêm das mais variadas fontes, as<br />

condições construtivas e os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> esgotamento interferem nas<br />

características físico-químicas <strong>de</strong>sses resíduos que são coleta<strong>do</strong>s pelos<br />

caminhões limpa-fossa.<br />

Dessa maneira espera-se caracterizar os resíduos esgota<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fossa<br />

que são <strong>de</strong>scarta<strong>do</strong>s na ETE Goiânia (advin<strong>do</strong>s da região Metropolitana <strong>de</strong><br />

Goiânia) e relacionar os valores obti<strong>do</strong>s em pesquisas realizadas no âmbito<br />

nacional.<br />

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

MOTA, S. Introdução à engenharia ambiental. 4 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Associação Brasileira <strong>de</strong> Engenharia Sanitária e Ambiental, 2006.<br />

ANDREOLI, C. V. (Coord.) Lo<strong>do</strong> <strong>de</strong> fossa e tanque séptico: caracterização,<br />

tecnologias <strong>de</strong> tratamento, gerenciamento e <strong>de</strong>stino final.: PROSAB 5 –<br />

Programa <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong> em Saneamento Básico. Rio <strong>de</strong> Janeiro: ABES, 2009.<br />

RIOS, F.P. Avaliação <strong>de</strong> sistemas individuias <strong>de</strong> disposição <strong>de</strong> esgotos e<br />

das empresas limpa-fossa na região metropolitana <strong>de</strong> Goiânia. Dissertação<br />

(Mestra<strong>do</strong> em Engenharia <strong>do</strong> Meio Ambiente - PPGEMA) – Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, 2010.<br />

SILVA, J.R.S. e CARVALHO. E. H. Avaliação <strong>do</strong>s impactos da codisposição<br />

<strong>de</strong> lo<strong>do</strong> séptico em lagoas <strong>de</strong> estabilização no tratamento <strong>de</strong> lixivia<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

aterros sanitários. Goiânia, 2011. Disponível em < http://www.sbpcnet.org.br/l<br />

ivro/63ra/conpeex/mestra<strong>do</strong>/trabalhos-mestra<strong>do</strong>/mestra<strong>do</strong>-jose-rodrigo.pdf><br />

Acessa<strong>do</strong> em: Junho <strong>de</strong> 2012.<br />

Capa Índice 10126


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10127 - 10132<br />

ALTERAÇÕES AMBIENTAIS RESULTANTES DA CONSTRUÇÃO DA PEQUENA<br />

CENTRAL HIDRELÉTRICA NOVA AURORA NO SUDESTE DE GOIÁS<br />

Carlos PEDRETTI Júnior¹<br />

Paulo Henrique Kingma ORLANDO²<br />

¹Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Geografia <strong>UFG</strong>/CAC, Membro <strong>do</strong> GEDAP, Bolsista<br />

CAPES/REUNI. cpj31@hotmail.com<br />

²Professor/Orienta<strong>do</strong>r/Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Geografia/<strong>UFG</strong>/CAC, Membro<br />

Palavras-chave: Impacto ambiental; PCH; Reservatório<br />

INTRODUÇÃO<br />

<strong>do</strong> GEDAP. phorlan<strong>do</strong>@yahoo.com.br<br />

Nosso país passa por um momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e crescimento, o que é<br />

evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> pelo aumento no número <strong>de</strong> novos empreendimentos, sejam eles estatais<br />

ou priva<strong>do</strong>s. Um exemplo <strong>de</strong> empreendimento que vem crescen<strong>do</strong> em números e na<br />

importância são as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). De acor<strong>do</strong> com a Agência<br />

Nacional <strong>de</strong> Energia Elétrica (ANEEL) existem hoje em nosso país 357 PCHs em<br />

operação e 68 projetos. A própria ANEEL <strong>de</strong>fine PCH como:<br />

“PCH é toda usina hidrelétrica <strong>de</strong> pequeno porte cuja capacida<strong>de</strong> instalada seja<br />

superior a 1 MW e inferior a 30 MW <strong>de</strong> potência instalada e “área total <strong>do</strong> reservatório<br />

igual ou inferior a 3,0 km quadra<strong>do</strong>s” (Resolução nº 394 <strong>de</strong> 04/12/1998 - ANEEL).<br />

Mas como em to<strong>do</strong> empreendimento existem vantagens e <strong>de</strong>svantagens em sua<br />

implantação, instalação e operação, para o meio ambiente isso não seria diferente,<br />

mesmo com a utilização <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> impacto ambiental (EIA) e relatórios <strong>de</strong> impacto<br />

ambiental (RIMA), as agressões ao meio ambiente ainda acontecem. Para Soares Neto<br />

(2003), o questionamento a ser feito é se a transformação ambiental é ou não legal,<br />

pois to<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento, direto ou indireto, acarreta prejuízo ao meio ambiente.<br />

A ANEEL qualifica como pequeno os impactos ambientais causa<strong>do</strong>s na implantação <strong>de</strong><br />

uma PCH. Mas mesmo assim <strong>de</strong>ve se criar, promover e gerenciar essas áreas e<br />

ativida<strong>de</strong>s com o intuito <strong>de</strong> diminuir ao máximo os danos ambientais.<br />

Capa Índice 10127


O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi o <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcar os possíveis impactos ambientais, no<br />

âmbito da fauna e flora, causa<strong>do</strong>s na área <strong>de</strong> implantação da PCH Nova Aurora.<br />

METODOLOGIA<br />

A área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> selecionada foi a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Nova Aurora<br />

(Figura 1), localizada entre os municípios <strong>de</strong> Goiandira e Nova Aurora, situa<strong>do</strong>s na<br />

região Su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás, integran<strong>do</strong> a Microrregião <strong>de</strong> Catalão (GO), como<br />

mostra<strong>do</strong> na Figura 2. Este empreendimento está inseri<strong>do</strong> no Rio Veríssimo, que<br />

pertence à sub-bacia hidrográfica <strong>do</strong> Paranaíba e bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Paraná,<br />

ten<strong>do</strong> suas nascentes na Serra <strong>do</strong> Contraforte Central com o nome <strong>de</strong> Ribeirão <strong>do</strong><br />

Veríssimo e percorre aproximadamente 200km até a sua foz no rio Paranaíba.<br />

O reservatório da PCH Nova Aurora possui uma área <strong>de</strong> inundação prevista <strong>de</strong> 963 ha,<br />

sua situação <strong>de</strong> encaixamento relativo com incisão <strong>do</strong> talvegue da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 140 metros<br />

e seu barramento está inserida nas seguintes coor<strong>de</strong>nadas geográficas 7.999.490N /<br />

794.680E.<br />

Para Bolea (1984) existem diferentes meto<strong>do</strong>logias e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong>s<br />

impactos ambientais, entre eles, a Mo<strong>de</strong>lagem e Análises <strong>de</strong> Sistemas. Que<br />

fundamenta-se na “Dinâmica <strong>de</strong> Sistemas”, que é um méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> lidar com questões<br />

sobre as tendências dinâmicas <strong>de</strong> sistemas complexos, ou seja, estuda os padrões <strong>de</strong><br />

comportamento que são gera<strong>do</strong>s no tempo e tenta <strong>de</strong>svendar a sua estrutura causal. A<br />

idéia principal por trás da estrutura causal é o ‘feedbackloop’ (dupla causalida<strong>de</strong>) - toda<br />

ação leva a uma reação (Legey, 1998).<br />

Capa Índice 10128


Figura 1. Mostra o Barramento da PCH Nova Aurora. Autor: Barbosa, M. M., 2010.<br />

Figura 2. Localização da PCH Nova Aurora.<br />

Capa Índice 10129


A mo<strong>de</strong>lagem em dinâmica <strong>de</strong> sistemas não se <strong>de</strong>tém na obtenção <strong>de</strong> variáveis<br />

numéricas precisas em anos específicos. A preocupação primordial está em i<strong>de</strong>ntificar<br />

as tendências dinâmicas gerais <strong>do</strong> sistema, se é estável ou não, se oscila, se está em<br />

crescimento ou <strong>de</strong>clínio etc. Os mo<strong>de</strong>los ambientais são técnicas úteis na organização<br />

das relações causa-efeito e na pon<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> aspectos críticos (Sousa, 2000).<br />

Como forma <strong>de</strong> caracterização <strong>de</strong>sse méto<strong>do</strong> foi trabalha<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> diagnóstico<br />

discursivo e <strong>de</strong> análise ambiental sobre a área em estu<strong>do</strong>, principalmente com o auxílio<br />

das visitas técnicas a área, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> implantação e instalação <strong>do</strong><br />

empreendimento.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

São inúmeros os impactos ambientais ocasiona<strong>do</strong>s pela construção <strong>do</strong> reservatório e<br />

<strong>de</strong> seu funcionamento, mas através da meto<strong>do</strong>logia utilizada po<strong>de</strong>mos enumerar<br />

algumas alterações que ocorrem na PCH Nova Aurora:<br />

- transformação <strong>do</strong> antigo ecossistema lótico para um novo ecossistema lêntico ou<br />

semi-lêntico, sen<strong>do</strong> assim esse ambiente cria condições anóxicas e favorece a<br />

eutrofização e a ocorrência <strong>de</strong> reações químicas que geram compostos nocivos ao<br />

interesse humano;<br />

- para os seres <strong>de</strong> vida aquática, principalmente no caso <strong>do</strong>s peixes, a construção da<br />

barragem interfere na migração e procriação <strong>de</strong> algumas espécies promoven<strong>do</strong> assim<br />

a perda <strong>de</strong> espécies e a redução <strong>de</strong> suas abundâncias e biomassas, tal construção<br />

po<strong>de</strong> provocar alteração na temperatura da água, promoven<strong>do</strong> a divisão <strong>do</strong> lago <strong>do</strong><br />

reservatório em <strong>do</strong>is ambientes: um on<strong>de</strong> a temperatura é mais baixa (o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> lago)<br />

e outro on<strong>de</strong> a temperatura é mais alta (superfície <strong>do</strong> lago), <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à diminuição da<br />

correnteza <strong>do</strong> rio;<br />

- outro problema comum a esse tipo <strong>de</strong> empreendimento é quanto ao nível <strong>do</strong> rio, tanto<br />

a montante quanto a jusante da barragem. Mas essa alteração é mais evi<strong>de</strong>nciada nos<br />

perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estiagem, on<strong>de</strong> o rio fica praticamente seco abaixo da barragem, afetan<strong>do</strong><br />

não só a biodiversida<strong>de</strong>, mas também o abastecimento <strong>de</strong> água da população e outras<br />

ativida<strong>de</strong>s econômicas;<br />

- para a fauna po<strong>de</strong>mos caracterizar como impacto o fato da retirada <strong>de</strong> seu habitat,<br />

primeiro com a supressão vegetal e <strong>de</strong>pois com o enchimento <strong>do</strong> reservatório, sen<strong>do</strong><br />

Capa Índice 10130


que o mesmo ocorre com a flora, sen<strong>do</strong> evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> pela perda da vegetação –<br />

característica <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> - e <strong>de</strong> plantas epífitas, como as orquí<strong>de</strong>as e as bromélias,<br />

como constata Barbosa (2004) em seu escopo. Mas ativida<strong>de</strong>s como resgate da fauna<br />

e coleta, reprodução e replantio <strong>de</strong> espécies da flora da região auxiliam na diminuição<br />

das perdas por parte <strong>de</strong>sse empreendimento.<br />

Um ponto importante para a conservação e preservação <strong>do</strong> meio ambiente é o fato <strong>de</strong><br />

ter ocorri<strong>do</strong> um processo <strong>de</strong> supressão vegetal na área a ser inundada, fazen<strong>do</strong> com<br />

que após o enchimento <strong>do</strong> reservatório a emissão <strong>de</strong> gases tóxicos diminua, já que é<br />

menor a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria orgânica submersa.<br />

CONCLUSÃO<br />

A ANEEL qualifica como pequeno os impactos ambientais causa<strong>do</strong>s na implantação <strong>de</strong><br />

uma PCH, mas mesmo assim <strong>de</strong>ve se criar, promover e gerenciar essas áreas e<br />

ativida<strong>de</strong>s com o intuito <strong>de</strong> diminuir ao máximo os danos ambientais. Segun<strong>do</strong> Barbosa<br />

(2004) não há nenhum estu<strong>do</strong> ou méto<strong>do</strong> que possa avaliar <strong>de</strong> forma completa o<br />

impacto que acarreta a instalação e operação <strong>de</strong> um projeto.<br />

Cada rio possui características únicas, espécies da fauna e flora próprias, vazões e<br />

ciclos particulares, por esses motivos, é importante que se faça uma avaliação<br />

integrada <strong>do</strong> rio e da bacia, para que se possa planejar a quantida<strong>de</strong> e o mo<strong>de</strong>lo<br />

hidrelétrico em cada região, levan<strong>do</strong> em conta a conservação ambiental e a<br />

manutenção da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ambiente como to<strong>do</strong>.<br />

Levan<strong>do</strong>-se em consi<strong>de</strong>ração o pouco tempo <strong>de</strong> instalação e operação da PCH Nova<br />

Aurora não há como avaliar os danos ambientais em sua totalida<strong>de</strong>.<br />

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO<br />

ANEEL. Agência Nacional <strong>de</strong> Energia Elétrica. Disponível em: <<br />

http://www.aneel.gov.br> Brasília, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Brasil. Acesso em: 6 Março. 2011.<br />

BARBOSA, Tânia Aparecida <strong>de</strong> Souza. Análise <strong>do</strong> Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Impacto Ambiental <strong>de</strong><br />

PCH Ninho da Águia. Proposta <strong>de</strong> Otimização <strong>do</strong> Processo <strong>de</strong> Licenciamento<br />

Capa Índice 10131


Ambiental Utilizan<strong>do</strong> Uma Matriz Simplificada. 2004. 119f. Dissertação (Mestra em<br />

Ciências da Engenharia da Energia) – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Itajubá.<br />

BOLEA, Maria Tereza. Evaluacion <strong>de</strong>l Impacto Ambiental. Madrid: Fundación<br />

MAPFRE, 1984.<br />

LEGEY, Luis Fernan<strong>do</strong> Loureiro. Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Gestão Ambiental da Bacia da Baía <strong>de</strong><br />

Sepetipa, Relatório I - Rio <strong>de</strong> Janeiro, COPPE/SEMA-RJ, 1998.<br />

SOARES NETO, Cesar Lourenço. Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH's). O<br />

processo <strong>de</strong> licenciamento ambiental e a questão ambiental. Jus Navigandi, Teresina,<br />

ano 8, n. 133, 16 nov. 2003. Disponível em: .<br />

Acesso em: 10 maio. 2011.<br />

SOUSA, Wan<strong>de</strong>rley Lemgruber <strong>de</strong>. Impacto Ambiental <strong>de</strong> Hidrelétricas: Uma<br />

Análise Comparativa <strong>de</strong> Duas Abordagens. 2000. 154f. Tese (Mestra<strong>do</strong> em Ciências<br />

em Planejamento Energético) – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro/COPPE, Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro.<br />

Capa Índice 10132


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10133 - 10137<br />

PRODUÇÃO DE CELULASES E XILANASES POR Streptomyces sp.<br />

CULTIVADO EM RESÍDUOS LIGNOCELULÓSICOS<br />

Carolina Cândida <strong>de</strong> Queiroz BRITO 1<br />

Orienta<strong>do</strong>r: Luiz Artur BATAUS 1<br />

Coorienta<strong>do</strong>ra: Fabrícia Paula FARIA 2<br />

1 Laboratório <strong>de</strong> Engenharia Genética , ICB, <strong>UFG</strong>, Goiânia-GO.<br />

2 Laboratório <strong>de</strong> Biotecnologia <strong>de</strong> Fungos, ICB, <strong>UFG</strong>, Goiânia-GO.<br />

carolqueirozbrito@hotmail.com<br />

Palavras-chave: Streptomyces sp, ativida<strong>de</strong> celulolítica, bagaço <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />

e farelo <strong>de</strong> trigo.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A celulose é um homopolissacari<strong>de</strong>o linear composto por unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> D-<br />

glicose unida através <strong>de</strong> ligações glicosídicas <strong>do</strong> tipo β-1,4. É a mais abundante<br />

biomassa renovável disponível na terra (Sandgren et al., 2005). A celulose é o<br />

principal constituinte estrutural das células vegetais, representan<strong>do</strong> 35 a 50%, seu<br />

papel é exclusivamente estrutural, conferin<strong>do</strong> proteção à célula. (Bayer & Lamed,<br />

1992)<br />

Celulases catalisam a hidrólise <strong>de</strong> ligações β-1,4-glicosídicas, são importantes<br />

enzimas usadas industrialmente para sacarificação industrial; tratamento <strong>de</strong><br />

resíduos <strong>de</strong> polpa <strong>de</strong> celulose na indústria <strong>de</strong> papel; aumentar a extração <strong>de</strong><br />

substâncias fermentáveis na produção <strong>de</strong> cerveja e nas indústrias <strong>de</strong> fermentação<br />

alcoólica.(Joo, 2009).<br />

Um <strong>do</strong>s maiores entraves para a exploração comercial das celulases é o<br />

eleva<strong>do</strong> custo <strong>de</strong> produção. A alta produtivida<strong>de</strong>, aliada com a redução <strong>do</strong> custo na<br />

produção, torna o processo <strong>de</strong> fermentação no esta<strong>do</strong> sóli<strong>do</strong> uma tecnologia<br />

promissora para a produção <strong>de</strong> celulases (Krishma, 1999).<br />

O bagaço <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar (BCA) se acumula nas usinas em gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> e tem se torna<strong>do</strong> o resíduo lignocelulósico <strong>de</strong> escolha para a produção<br />

<strong>de</strong> bioetanol. Diversos trabalhos têm <strong>de</strong>scrito que o BCA é um ótimo indutor da<br />

produção <strong>de</strong> celulases e xilanases, assim como uma ótima fonte para o isolamento<br />

<strong>de</strong> microrganismos capazes <strong>de</strong> produzir estas enzimas.<br />

Capa Índice 10133


O objetivo <strong>do</strong> presente trabalho consiste em <strong>de</strong>tectar e caracterizar celulases<br />

termoestáveis produzidas por microorganismos <strong>de</strong> solo. Visan<strong>do</strong> uma futura<br />

aplicação da enzima em processos biotecnológicos.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Obtenção <strong>de</strong> isola<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Streptomuces sp a partir <strong>de</strong> bagaço <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-<br />

açúcar (BCA).<br />

Para a obtenção <strong>do</strong>s isola<strong>do</strong>s, 50 g <strong>de</strong> BCA foram homogeneiza<strong>do</strong>s com 450 mL <strong>de</strong><br />

solução salina 0,9% sob agitação mecânica em vortex. A mistura foi submetida à<br />

centrifugação (3.000 g, 10 min) e o sobrenadante foi diluí<strong>do</strong> até 1x10 -9 , em solução<br />

salina, plaquea<strong>do</strong> em meio mínimo suplementa<strong>do</strong> com Carboximetilcelulose (CMC)<br />

0,5% (Rastogi et al., 2009a) e incuba<strong>do</strong> a 45°C com rotação 120 rpm por <strong>de</strong>z dias.<br />

Seleção <strong>do</strong>s isola<strong>do</strong>s produtores <strong>de</strong> celulases em placa.<br />

Os isola<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s foram seleciona<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a ativida<strong>de</strong> enzimática<br />

<strong>de</strong>terminada pelo teste <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> em placa <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o protocolo <strong>de</strong>scrito a<br />

seguir: os isola<strong>do</strong>s foram inocula<strong>do</strong>s em placas conten<strong>do</strong> meio mínimo conten<strong>do</strong>: 0.1<br />

g áci<strong>do</strong> trinitroacético, 1 mL <strong>de</strong> solução FeCl3 (0.03%), 0.05 g CaCl2-2H2O, 0.1 g<br />

MgSO4-7H2O, 0.01 g NaCl, 0.01 g KCl, 0.3 g NH4Cl, 1.8 g <strong>de</strong> 85% H3PO4, 0.005 g<br />

metionina, 0.05 g extrato <strong>de</strong> levedura, e 1 mL <strong>de</strong> solução traço (2,2g <strong>de</strong> MnSO4,<br />

0,5g <strong>de</strong> ZnSO4, 0,5g <strong>de</strong> H3BO3, 0,016g <strong>de</strong> CuSO4, 0,025g <strong>de</strong> Na2MoO4 e 0,046g<br />

<strong>de</strong> CoCl2.6H2O) (Rastogi et al., 2009a) suplementa<strong>do</strong> com 0,5% <strong>de</strong><br />

carboximetilcelulose (CMC), 1% <strong>de</strong> xilana “oat spelt”,e incuba<strong>do</strong>s a 45°C por 10 dias.<br />

Para a revelação <strong>do</strong>s halos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, foi adicionada a solução <strong>de</strong> vermelho <strong>do</strong><br />

Congo a 0,1% e as placas foram agitadas suavemente durante 10 min. Então, a<br />

solução <strong>de</strong> vermelho <strong>do</strong> Congo foi <strong>de</strong>scartada, as placas lavadas com solução <strong>de</strong><br />

NaCl 1 M e o contraste obti<strong>do</strong> pela adição <strong>de</strong> HCl 0,1 M sobre a solução <strong>de</strong> NaCl<br />

utilizada na lavagem das placas. A ativida<strong>de</strong> enzimática foi visualizada como um<br />

halo claro ao re<strong>do</strong>r da cultura (Carvalho, 2008).<br />

Indução da produção <strong>de</strong> celulases e pelos isola<strong>do</strong>s em meio líqui<strong>do</strong>.<br />

Para a análise da produção <strong>de</strong> celulases os isola<strong>do</strong>s foram cultiva<strong>do</strong>s em meio<br />

mínimo conten<strong>do</strong> diferentes fontes <strong>de</strong> carbono: 0,5% <strong>de</strong> CMC, 0,5% xilana “oat<br />

spelt”, 0,5% bagaço <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar e 0,5% farelo <strong>de</strong> trigo segun<strong>do</strong> as condições<br />

<strong>de</strong>scritas por Carvalho (2003). Após 240 h <strong>de</strong> cultivo a cultura foi submetida à<br />

Capa Índice 10134


centrifugação (3.000 g por 15 min) e o sobrenadante <strong>de</strong> cultura foi analisa<strong>do</strong> quanto<br />

a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>: FPAse, CMCase, Avicelase e Xilanase seguin<strong>do</strong> o protocolo <strong>de</strong>scrito<br />

no item a seguir.<br />

Ensaio Enzimático.<br />

Carvalho (2008), para a <strong>do</strong>sagem da ativida<strong>de</strong> celulolítica utilizam-se os seguintes<br />

substratos: Celulose micro-cristalina (CMC <strong>de</strong> baixa viscosidase – Sigma®),<br />

Celulose semi-cristalina (Avicel - Sigmacell – Sigma®), papel <strong>de</strong> filtro quantitativo<br />

Whatman nº1 (1 x 6 cm) e xilana. Os açúcares redutores libera<strong>do</strong>s pela ação das<br />

enzimas foram quantifica<strong>do</strong>s pelo méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> DNS (Miller, 1959).<br />

Caracterização parcial da enzima bruta: influência <strong>de</strong> pH, temperatura e<br />

termoestabilida<strong>de</strong>.<br />

Sobrenadante <strong>do</strong> meio <strong>de</strong> cultura foi utiliza<strong>do</strong> como fonte <strong>de</strong> enzima. Perfil <strong>de</strong><br />

temperatura para a ativida<strong>de</strong> CMCase, foi <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pela variação da temperatura<br />

<strong>de</strong> incubação entre 20 º C e 100 º C na pH 4,8. Da mesma forma, a ativida<strong>de</strong> foi<br />

<strong>de</strong>terminada CMCase na faixa <strong>de</strong> pH <strong>de</strong> 2,0-10,0, com as seguintes buffers (0,05<br />

mol l) incuba<strong>do</strong>s a 45ºC: citrato <strong>de</strong> sódio pH 3,0-6,0, <strong>de</strong> fosfato <strong>de</strong> sódio para pH 6,0-<br />

8,0 e Tris-HCl para pH 8,0-10,0. Para o estu<strong>do</strong> da CMCase termo estabilida<strong>de</strong>, o<br />

sobrenadante foi pré-incubada a 40, 50 e 60º C para 0,5, 1, 2, 4, 6 e 8 h. To<strong>do</strong>s os<br />

experimentos foi realiza<strong>do</strong>s em triplicata e os resulta<strong>do</strong>s expressos em valores<br />

médios.<br />

Zimograma.<br />

Os sobrenadantes <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> células cultivadas em meio foram analisa<strong>do</strong>s por<br />

eletroforese em gel <strong>de</strong> SDS-PAGE conten<strong>do</strong> 10% poliacrilamida e CMC (Sigma)<br />

0,2%. Amostras <strong>de</strong> diferentes volumes conten<strong>do</strong> 0,5 U <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>. Para a ativida<strong>de</strong><br />

CMCase, os géis foram incuba<strong>do</strong>s por 1 hora em triton X-100 a 1% em temperatura<br />

ambiente. Incubou por 12 horas a 50°C em tampão citrato <strong>de</strong> sódio 50 mM (pH 4,8)<br />

e submersas em solução 0,1% <strong>de</strong> Vermelho Congo por 20 min. O gel foi lava<strong>do</strong> com<br />

NaCl 1M até a visualização <strong>de</strong> bandas da enzima. Para <strong>de</strong>terminação da massa<br />

molecular foi utiliza<strong>do</strong> marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> massa molecular o gel cora<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> o<br />

méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> coloração pela prata (Gonc alves ¸ et al. 1984).<br />

Capa Índice 10135


RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Foram obti<strong>do</strong>s 13 isola<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> BCA que foram plaquea<strong>do</strong>s em meio<br />

mínimo com 0,5% <strong>de</strong> CMC, foram seleciona<strong>do</strong>s os três isola<strong>do</strong>s que apresentaram<br />

maior ativida<strong>de</strong>. Os três isola<strong>do</strong>s foram inocula<strong>do</strong>s, durante 10 dias à 45°C,em meio<br />

mineral suplementa<strong>do</strong> com diferentes fontes <strong>de</strong> carbono: CMC, farelo <strong>de</strong> trigo,<br />

bagaço <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar, foram feitos os ensaios enzimáticos para Avicelase,<br />

CMCase, FPase e Xilanase e observou-se que o isola<strong>do</strong> <strong>de</strong> número 3 apresentou<br />

maior ativida<strong>de</strong> e que a melhor fonte <strong>de</strong> carbono foi o farelo <strong>de</strong> trigo. O isola<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

número 3 foi inocula<strong>do</strong> em meio mineral com farelo <strong>de</strong> trigo durante 12 dias à 45°C e<br />

foi acompanha<strong>do</strong> a sua produção enzimática. A maior produção enzimática para o<br />

ensaio <strong>de</strong> Avicelase foi no segun<strong>do</strong> dia <strong>de</strong> cultivo (1,213 UmL -1 ). A maior produção<br />

enzimática para o ensaio <strong>de</strong> CMCase foi no sexto dia <strong>de</strong> cultivo (3,872 UmL -1 ). A<br />

maior produção enzimática para o ensaio <strong>de</strong> FPase foi no sexto dia <strong>de</strong> cultivo<br />

(0,09466 UmL -1 ). A maior produção enzimática para o ensaio <strong>de</strong> Xilanase foi no<br />

segun<strong>do</strong> dia <strong>de</strong> cultivo (71,720 UmL -1 ). Os da<strong>do</strong>s sugerem que mais <strong>de</strong> uma<br />

celulase está sen<strong>do</strong> produzida por esse isola<strong>do</strong>, visto que os ensaios apresentaram<br />

picos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> em dias diferentes. A realização <strong>do</strong> zimograma irá permitir a<br />

caracterização da massa molecular das enzimas produzidas.<br />

CONCLUSÕES<br />

Foi isola<strong>do</strong> um microorganismo produtor <strong>de</strong> celulase que pelas características<br />

morfológicas da colônia (aspecto seco, produção <strong>de</strong> esporos e produção <strong>de</strong><br />

agarase), possivelmente pertence ao gênero Streptomyces. O isola<strong>do</strong> seleciona<strong>do</strong><br />

foi capaz <strong>de</strong> crescer e produzir bons níveis <strong>de</strong> celulases nos meios testa<strong>do</strong>s. A<br />

concentração máxima CMCase <strong>de</strong> 3,872UmL -1 , Fpase <strong>de</strong> 0,09466UmL -1 , Xilanase<br />

<strong>de</strong> 71,720UmL -1 e Avicelase <strong>de</strong> 1,213UmL -1 . Possivelmente duas enzimas diferentes<br />

estão sen<strong>do</strong> produzidas. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s tornam esta pesquisa potencialmente<br />

viável para aplicações biotecnológicas aplicações em diferentes áreas.<br />

Capa Índice 10136


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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reclaimable natural resource? Review Bio<strong>de</strong>gradation, 3(2-3): 171-188. 1992.<br />

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CARVALHO, W. R. Caracterização Bioquímica da En<strong>do</strong>xilanase Recombinante<br />

(HXYN2r) <strong>do</strong> Fungo Termofílico Humicola grisea var. thermoi<strong>de</strong>a e Sua Aplicação na<br />

Sacarificação <strong>de</strong> resíduos Agrícolas. Tese (Doutora<strong>do</strong>), Instituto <strong>de</strong> Patologia<br />

Tropical e Saú<strong>de</strong> Pública, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Goiânia. 2008.<br />

CHAUVE, M.; MATHIS, H.; HUC, D.; CASANAVE, D.; MONOT, F. & FERREIRA, N.<br />

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Biofuels 3:1-8. 2010.<br />

HARDIMAN, E.; GIBBS, M.; REEVES, R. & BERGQUIST, P. Directed evolution of a<br />

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Biotechnol 161:301-312. 2010.<br />

JOO, A. R.; JEYA, M.; LEE, K. M.; SIM, W. I.; KIM, J. S.; KIMI. W.; & LEE, J. K.<br />

Purification and characterization of a β-1,4-glucosidase from a newly isolated strain<br />

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KALOGERIS, E.; INIOTAKI, F.; TOPAKAS, E.; CHRISKOPOULOS, P.; KEKOS, D. &<br />

MAKRIS, B.J. Performance of intermittent agitation rotating drum type bioreactor for<br />

solid-state fermentation of wheat straw. Bioresource Technology, v. 86, p. 207-213.<br />

2003<br />

KRISHNA, C. Production of bacterial cellulases by solid state bioprocessing of<br />

banana wastes. Bioresource Technology, v. 69, p.231-239. 1999.<br />

Capa Índice 10137


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10138 - 10141<br />

Título:Ligan<strong>do</strong>genéticaapaisagem:umestu<strong>do</strong>emlargaescalapara<br />

naMataAtlântica.<br />

Autores: Carolina da Silva CARVALHO 1 , Rosane Garcia COLLEVATTI 1 , Mauro<br />

GALETTI 2 ,RodrigoBERNARDO 2 ,AlexandraSANCHES 2 ,MiltonCezarRIBEIRO 1 <br />

1 Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral<strong>de</strong>Goiás,GoiâniaGo<br />

2 Universida<strong>de</strong>EstadualPaulista"Júlio<strong>de</strong>MesquitaFilho"CampusRioClaro–SP<br />

email:carolina.carvalho@ymail.com<br />

Financiamento:Capes,CnpqUniversal,BiotaFapesp,Fundunesp<br />

Palavras chave: metanálise, diversida<strong>de</strong> genética, palmito juçara e genética da<br />

paisagem.<br />

INTRODUÇÃO:<br />

AMataAtlânticajáfoiconsi<strong>de</strong>radaumadasmaioresflorestasdasAméricas,<br />

no entanto ela foi reduzida a 12% <strong>do</strong>s seus originais 150 milhões <strong>de</strong> hectares<br />

(Ribeiro.2009).Estebiomaéextremamenteheterogêneoemrelaçãoaoclima,<br />

relevoetipos<strong>de</strong>vegetaçãoeistoproporcionouumagran<strong>de</strong>diversida<strong>de</strong><strong>de</strong>espécies<br />

tantodafloraquantodafauna(Mittermeier2005).<br />

Segun<strong>do</strong>Antonovics(2003),asforçasquemantémadiversida<strong>de</strong><strong>de</strong>espécie<br />

sãomuitosimilaresasquemantêmadiversida<strong>de</strong>genética.Sen<strong>do</strong>assim,diversos<br />

fatorespo<strong>de</strong>minfluenciaressadiversida<strong>de</strong>.Ofluxogênico,porexemplo,po<strong>de</strong>levar<br />

ao aumento da diversida<strong>de</strong> genética. Por outro la<strong>do</strong>, o tamanho populacional<br />

reduzi<strong>do</strong> e eventos <strong>de</strong> bottleneckpo<strong>de</strong>m atuar na redução <strong>de</strong>stadiversida<strong>de</strong>, pois<br />

em populações pequenas a chance <strong>de</strong> indivíduos aparenta<strong>do</strong>s se acasalarem<br />

aumenta e a <strong>de</strong>riva genética po<strong>de</strong> atuar <strong>de</strong> forma mais drástica. Além disso,<br />

populações que presenciam eventos <strong>de</strong> bottleneck têm uma perda imediata <strong>de</strong><br />

alelos,levan<strong>do</strong>areduçãodadiversida<strong>de</strong>genética(Freeland2005).<br />

Sen<strong>do</strong> assim, alterações <strong>do</strong> habitat apropria<strong>do</strong> para a reprodução e<br />

dispersão,aperda<strong>do</strong>sdispersores<strong>de</strong>sementesepoliniza<strong>do</strong>res,superexploração<br />

dasespécies,fragmentação<strong>de</strong>habitateisolamentodaspopulaçõespo<strong>de</strong>mafetaro<br />

tamanho das populações, ocasionar eventos <strong>de</strong> bottleneck ou interferir no fluxo<br />

Capa Índice 10138


gênico, resultan<strong>do</strong> no aumento ou redução da diversida<strong>de</strong> genética (Aguilar <br />

2008).<br />

O palmito juçara ( ) já foi uma das palmeiras <strong>do</strong>minantes da<br />

MataAtlântica,distribuída<strong>de</strong>s<strong>de</strong>osuldaBahiaatéoRioGran<strong>de</strong><strong>do</strong>Sul(Hen<strong>de</strong>rson<br />

. 1995). É uma espécie ameaçada <strong>de</strong> extinção <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à redução <strong>de</strong> habitats,<br />

super exploração e <strong>de</strong>faunação (perda <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s dispersores). É uma das<br />

espéciesmaisestudada<strong>de</strong>stebioma,noentantomuitosestu<strong>do</strong>sforamconduzi<strong>do</strong>s<br />

emescalalocalouregional,eraramenteemumaescalaamplacomoobioma.<br />

Portanto,nósconduzimosumametanálise<strong>de</strong>estu<strong>do</strong>senvolven<strong>do</strong>parâmetros<br />

genéticos<strong>do</strong>,tentan<strong>do</strong>enten<strong>de</strong>rquaisfatores<strong>de</strong>vemexplicaradiversida<strong>de</strong><br />

genéticadaspopulaçõesdistribuídaspelaMataAtlântica.<br />

MATERIALEMÉTODOS:<br />

Pararespon<strong>de</strong>ranossapergunta,foifeitaumametanálise,noqualutilizamos<br />

da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> trabalhos publica<strong>do</strong>s e da<strong>do</strong>s próprios ainda não publica<strong>do</strong>s. No total<br />

foramadquiri<strong>do</strong>s67pontos<strong>de</strong>estu<strong>do</strong>,abrangen<strong>do</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong>aBahiaatéoRioGran<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> Sul. Os parâmetros genéticos utiliza<strong>do</strong>s como variáveis respostas foram: Fis<br />

(coeficiente <strong>de</strong> en<strong>do</strong>cruzamento), He (heterozigosida<strong>de</strong> esperada) e número <strong>de</strong><br />

alelos. Como os estu<strong>do</strong>s utilizaram diferentes tipos <strong>de</strong> marca<strong>do</strong>res moleculares<br />

(AFLP, Isoenzimas, Aloenzimas, Microssatélites) para acessar a diversida<strong>de</strong><br />

genética, o efeito <strong>do</strong> marca<strong>do</strong>r foi removi<strong>do</strong> usan<strong>do</strong> GLM, e os resíduos foram<br />

utiliza<strong>do</strong>scomovariáveisrespostasparacadaparâmetrogenético.<br />

Asvariáveispreditivasutilizadasforam:acontribuiçãorelativadaquantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> floresta, <strong>de</strong>faunação, conectivida<strong>de</strong> funcional, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem, tipo <strong>de</strong><br />

floresta, distância em relação à costa, data <strong>de</strong> colonização da área, latitu<strong>de</strong>,<br />

distribuição potencial, aspecto e mo<strong>de</strong>lo nulo. Para cada um <strong>do</strong>s 67 pontos <strong>de</strong><br />

estu<strong>do</strong>foifeitoumcomraio<strong>de</strong>20km,on<strong>de</strong>cadaumadasvariáveispreditivas<br />

foramcalculadas.<br />

Paraaanálise<strong>de</strong>da<strong>do</strong>s,foiutilizadaaabordagem<strong>de</strong>mo<strong>de</strong>loscommúltiplas<br />

hipótesesconcorrentesbasea<strong>do</strong>noAIC(Critério<strong>de</strong>Informação<strong>de</strong>Akaike,∆AICe<br />

wAIC),on<strong>de</strong>cadamo<strong>de</strong>lofoia<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>usan<strong>do</strong>GAM.Asanálisesforamrealizadas<br />

nosoftwareR,comopacotegam.<br />

Capa Índice 10139


RESULTADOSEDISCUSSÃO:<br />

Osmo<strong>de</strong>losmaisplausíveisparaexplicaroFisforamdistribuiçãopotenciale<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><strong>de</strong>drenagem(wAIC=049e0.25,respectivamente),sen<strong>do</strong>queomo<strong>de</strong>lo<br />

nulo foi o pior <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os mo<strong>de</strong>los concorrentes (wAIC


fragmentaçãoémenor.Emrelaçãoàdistribuição,oHeaumentouàmedidaquea<br />

probabilida<strong>de</strong><strong>de</strong>aespécieocorreraumentou,conformejáeraoespera<strong>do</strong>.<br />

CONCLUSÃO:<br />

Então,osfatoresquemelhorexplicamadiversida<strong>de</strong>genética<strong>do</strong>na<br />

Mata Atlântica são: a distribuição potencial, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem, latitu<strong>de</strong> e<br />

distância em relação a costa; sen<strong>do</strong> que todas essas variáveis <strong>de</strong> alguma forma<br />

estão ligadas a áreas <strong>de</strong> floresta. Portanto, para garantirmos a preservação da<br />

diversida<strong>de</strong> genética <strong>de</strong>sta espécie é extremamente necessária a preservação <strong>de</strong><br />

seuhabitat,comoporexemplo,asflorestasemtorno<strong>do</strong>srios.Noentanto,como<br />

códigoflorestalbrasileirohojevigente,aconservaçãodadiversida<strong>de</strong>genética<strong>de</strong>sta<br />

espéciesetornaameaçada.<br />

REFERÊNCIABIBLIOGRÁFICA<br />

RIBEIRO,C.M.,METZGER,J.P.,MARTENSEN,A.C.,PONZONI,F.J.&HIROTA,<br />

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2009.<br />

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HENDERSON, A.; GALEANO, G. & BERNAL, R. Field gui<strong>de</strong> to the palms of the<br />

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MITTERMEIER, R. A., GILL, P.R., HOFFMANN, M., PILGRIM, J., BROOKS, J.,<br />

MITTERMEIER, C.J., LAMOURUX, J., FONSECA, G. A. B. Hotspots revisited:<br />

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.2005.<br />

FREELAND,J.MolecularEcology.JohnWiley&Sons,Chichester.2005.<br />

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Genetic consequences of habitat fragmentation in plant populations: susceptible<br />

signalsinplanttraitsandmetho<strong>do</strong>logicalapproaches.17,5177–<br />

5188.2008.<br />

<br />

Capa Índice 10141


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10142 - 10146<br />

PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À HOSPITALIZAÇÃO EM IDOSOS:<br />

UM ESTUDO DE BASE POPULACIONAL.<br />

Autores: Carolina Dias <strong>de</strong> Araújo e SILVA; Edna Regina Silva PEREIRA; Adélia<br />

Yaeko Kyosen NAKATANI; Daniella Pires NUNES.<br />

Unida<strong>de</strong> Acadêmica: Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Coletiva (NESC), Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Goiânia, Goiás, Brazil<br />

Email: carolina_dias00@hotmail.com<br />

PALAVRAS-CHAVES: hospitalização, assistência a i<strong>do</strong>sos, acesso aos serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, envelhecimento.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O Brasil entre 1970 e 2000, passou por uma transição <strong>de</strong>mográfica: a proporção <strong>de</strong><br />

pessoas com mais <strong>de</strong> 60 anos (10% em 2009) <strong>do</strong>brou e as taxas <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong><br />

diminuíram assim como a mortalida<strong>de</strong> infantil. Em virtu<strong>de</strong> disso, a expectativa <strong>de</strong><br />

vida ao nascer aumentou cerca <strong>de</strong> 40%, chegan<strong>do</strong> a 72,8 anos em 2008. [1] O<br />

crescimento da população i<strong>do</strong>sa propicia alterações significantes na socieda<strong>de</strong>, que<br />

abrangem o setor econômico, o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, os sistemas e serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> e as relações familiares. [2]<br />

O envelhecimento normal <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia alterações funcionais que somadas às<br />

alterações <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pelo repouso prolonga<strong>do</strong> e hospitalização predispõem o<br />

i<strong>do</strong>so ao que <strong>de</strong>nomina-se cascata da <strong>de</strong>pendência que aumenta em muito os riscos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação, <strong>de</strong>snutrição, incontinência funcional, <strong>de</strong>smaios, <strong>de</strong>lirium, intubação,<br />

queda, infecção, aspiração, fratura e <strong>de</strong>scondicionamento físico nesta população. [3]<br />

Assim a hospitalização representa um fator <strong>de</strong> risco importante para os i<strong>do</strong>sos,<br />

principalmente para os mais velhos. Para muitos, a hospitalização é seguida <strong>de</strong><br />

alterações irreversíveis na capacida<strong>de</strong> funcional e na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. [4] Esta<br />

população po<strong>de</strong>ria ter melhor situação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> com menor número <strong>de</strong><br />

hospitalizações, se houvesse maior preocupação com a prevenção e o diagnóstico<br />

precoce <strong>de</strong>stes agravos. [5]<br />

Nos últimos 40 anos o país passou por gran<strong>de</strong>s transformações políticas,<br />

econômicas, <strong>de</strong>mográficas e sociais. Estruturar e reestruturar o Sistema Único <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> (SUS) e organizar o país frente à crescente <strong>de</strong>manda gerada pela população<br />

que envelhece são <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios <strong>do</strong> Brasil. [6]<br />

Os objetivos <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> foram verificar a prevalência e os fatores associa<strong>do</strong>s ao<br />

relato <strong>de</strong> hospitalização entre i<strong>do</strong>sos no município <strong>de</strong> Goiânia, Brasil.<br />

Capa Índice 10142<br />

1


METODOLOGIA<br />

Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> base populacional e <strong>de</strong>lineamento transversal. O estu<strong>do</strong> é parte da<br />

pesquisa “Situação <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da população i<strong>do</strong>sa <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Goiânia-GO”<br />

realizada pela Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vigilância a Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so (REVISI). Para o cálculo da<br />

amostra utilizou-se os da<strong>do</strong>s da população <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Goiânia-GO no ano <strong>de</strong><br />

2007 (1.249.645 habitantes). Neste ano a proporção <strong>de</strong> i<strong>do</strong>sos (60 anos ou mais)<br />

resi<strong>de</strong>ntes correspondia a 7% da população <strong>do</strong> município. Também consi<strong>de</strong>rou-se<br />

para o cálculo da amostra uma frequência esperada <strong>de</strong> 30%; uma precisão <strong>de</strong> 5% e<br />

um efeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>lineamento <strong>de</strong> 1,8. A esta amostra inicial houve um acréscimo para<br />

reposição <strong>de</strong> possíveis perdas <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s perfazen<strong>do</strong>-se um total <strong>de</strong> 934 i<strong>do</strong>sos.<br />

Foram incluí<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong> indivíduos com 60 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ou mais e que <strong>do</strong>rmiam<br />

mais <strong>de</strong> quatro dias por semana na residência on<strong>de</strong> foi realizada a entrevista. Foram<br />

excluí<strong>do</strong>s aqueles que não estavam no <strong>do</strong>micílio no momento da visita.<br />

Quan<strong>do</strong> o entrevista<strong>do</strong>r i<strong>de</strong>ntificava o i<strong>do</strong>so elegível para o estu<strong>do</strong>, este era<br />

convida<strong>do</strong> a participar da pesquisa. Após o aceite e assinatura <strong>do</strong> Termo <strong>de</strong><br />

Consentimento Livre e Esclareci<strong>do</strong>, aplicava-se o questionário.<br />

A variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte foi relato <strong>de</strong> hospitalização nos últimos 12 meses. As<br />

variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes foram: condições socioeconômicas e <strong>de</strong>mográficas (ida<strong>de</strong>,<br />

gênero, esta<strong>do</strong> civil, escolarida<strong>de</strong>, renda <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so, morar sozinho e funcionalida<strong>de</strong><br />

familiar); estilo <strong>de</strong> vida (ativida<strong>de</strong> física, tabagismo); uso <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

(consulta em serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nos últimos seis meses, procura <strong>de</strong> atendimento em<br />

posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento <strong>do</strong>miciliar); condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

(autoavaliação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>do</strong>enças referidas, queda, <strong>do</strong>r e capacida<strong>de</strong> funcional).<br />

A capacida<strong>de</strong> funcional foi avaliada pela Ativida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Vida Diária (ABVD) e<br />

pela Ativida<strong>de</strong> Instrumental <strong>de</strong> Vida Diária (AIVD). A funcionalida<strong>de</strong> familiar foi<br />

avaliada por instrumento traduzi<strong>do</strong>, adapta<strong>do</strong> e valida<strong>do</strong> <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> APGAR <strong>de</strong><br />

Família. [7]<br />

Os da<strong>do</strong>s foram analisa<strong>do</strong>s no software Stata ® versão 11.0. Para a análise <strong>de</strong><br />

associação entre a hospitalização e variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes utilizou-se o teste Qui<br />

Quadra<strong>do</strong> ou Fisher. Para cálculo das médias <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> hospitalização utilizouse<br />

o teste <strong>de</strong> Wald.<br />

Foram estima<strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> regressão logística múltipla hierarquizada baseada no<br />

mo<strong>de</strong>lo teórico estabeleci<strong>do</strong>, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> nível <strong>de</strong> significância <strong>de</strong> 5%.<br />

Capa Índice 10143<br />

2


A pesquisa foi aprovada pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em <strong>Pesquisa</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Goiás sob o protocolo nº 050/2009.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Dos 934 i<strong>do</strong>sos entrevista<strong>do</strong>s, 840 (90%) foram incluí<strong>do</strong>s nesta pesquisa por<br />

respon<strong>de</strong>rem à questão sobre hospitalização nos últimos 12 meses. O relato <strong>de</strong><br />

hospitalização verifica<strong>do</strong> nos i<strong>do</strong>sos goianienses participantes <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> foi<br />

<strong>de</strong> 24,4%. Em estu<strong>do</strong> populacional realiza<strong>do</strong> em 1997 no município <strong>de</strong> Bambuí,<br />

Minas Gerais, encontrou-se a prevalência <strong>de</strong> 22%. De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

DATASUS, a prevalência <strong>de</strong> hospitalização entre i<strong>do</strong>sos resi<strong>de</strong>ntes na gran<strong>de</strong><br />

Goiânia foi <strong>de</strong> 21,44%. Observa-se que a prevalência encontrada neste estu<strong>do</strong><br />

encontra-se próxima à prevalência <strong>de</strong>monstrada em sistema <strong>de</strong> informação<br />

oficial.<br />

Em relação à última hospitalização, o tempo médio <strong>de</strong> permanência no hospital<br />

neste estu<strong>do</strong>, foi <strong>de</strong> seis dias (DP=7,3). Houve diferença estatística no tempo<br />

médio <strong>de</strong> permanência entre homens (7,9 dias; DP = 8,4) e mulheres (5,2 dias; DP =<br />

6,7). De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s oficiais obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Informações<br />

Hospitalares <strong>do</strong> SUS (SIH/SUS) verificou-se que no ano <strong>de</strong> 2010, o tempo médio<br />

<strong>de</strong> internação entre i<strong>do</strong>sos na região Centro-Oeste e no Brasil foi <strong>de</strong> 6,2 e 7,1<br />

dias, respectivamente. [8] Os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>monstram que o tempo<br />

médio <strong>de</strong> internação mantêm-se próximos aos da<strong>do</strong>s oficiais.<br />

No mo<strong>de</strong>lo final, após regressão hierárquica múltipla, mantiveram associação com<br />

auto relato <strong>de</strong> hospitalização as variáveis: usos <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nos últimos 6<br />

meses, dificulda<strong>de</strong> para realizar três ou mais ABVD, dificulda<strong>de</strong> para realizar três ou<br />

mais AIVD, auto avaliação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ruim/péssima e referir ter duas ou mais<br />

<strong>do</strong>enças.<br />

Entre as variáveis <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a busca por consulta em serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> aumentou a chance <strong>de</strong> referir hospitalização em quase quatro vezes. Este<br />

resulta<strong>do</strong> está em concordância com estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, on<strong>de</strong> a<br />

realização <strong>de</strong> seis ou mais consultas médicas no último ano aumentou a chance <strong>de</strong><br />

hospitalização em quase duas vezes. [5]<br />

Entre as variáveis <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> chama muita atenção a autoavaliação <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>. Em revisão sistemática <strong>de</strong> 27 estu<strong>do</strong>s sobre autoavaliação <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> com<br />

i<strong>do</strong>sos da comunida<strong>de</strong> verificou-se que esta variável é preditora in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong>. [9] No primeiro estu<strong>do</strong> para analisar a autoavaliação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

Capa Índice 10144<br />

3


em i<strong>do</strong>sos no município <strong>de</strong> Goiânia e na região Centro-Oeste, [10] após análise<br />

múltipla, não se observou associação entre hospitalização e autoavaliação ruim.<br />

Em <strong>do</strong>is estu<strong>do</strong>s seccionais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, [11, 12] verificou-se<br />

associação entre dificulda<strong>de</strong> em realizar pelo menos uma ABVD e hospitalização.<br />

Neste estu<strong>do</strong>, no mo<strong>de</strong>lo final após regressão hierarquizada, verificamos associação<br />

entre dificulda<strong>de</strong> em realizar três ou mais ABVD e relato <strong>de</strong> hospitalização. A<br />

capacida<strong>de</strong> funcional diz respeito à capacida<strong>de</strong> que o indivíduo tem para<br />

<strong>de</strong>sempenhar as ativida<strong>de</strong>s necessárias para cuidar <strong>de</strong> si mesmo. Desta forma, o<br />

indivíduo que apresenta limitações nesta capacida<strong>de</strong> estará mais vulnerável à<br />

hospitalização.<br />

As AIVDs referem-se às ativida<strong>de</strong>s relacionadas à participação <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so em seu<br />

entorno social e indicam a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um indivíduo em levar uma vida<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong>. [13] No presente estu<strong>do</strong> manteve-se associação<br />

com relato <strong>de</strong> hospitalização apresentar dificulda<strong>de</strong> em realizar três ou mais AIVD.<br />

Em <strong>do</strong>is estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, [5, 12] não verificaram associação entre a<br />

dificulda<strong>de</strong> em realizar AIVD e hospitalização.<br />

No presente estu<strong>do</strong>, cada <strong>do</strong>ença a mais referida pelo i<strong>do</strong>so, aumentava em 20% a<br />

chance <strong>do</strong> mesmo relatar antece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> hospitalização. Em estu<strong>do</strong> brasileiro<br />

basea<strong>do</strong> nos da<strong>do</strong>s da <strong>Pesquisa</strong> Nacional por Amostra <strong>de</strong> Domicílio (PNAD) <strong>de</strong><br />

2003 observou-se que em adultos a presença <strong>de</strong> duas ou mais <strong>do</strong>enças crônicas<br />

aumentava o risco <strong>de</strong> hospitalização em quase duas vezes. [14]<br />

Este é o primeiro estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> base populacional realiza<strong>do</strong> com i<strong>do</strong>sos no município <strong>de</strong><br />

Goiânia. É um estu<strong>do</strong> transversal, e, <strong>de</strong>sta forma, não há como diferenciar causa e<br />

efeito. Além disto, apresenta o viés <strong>de</strong> sobrevivente, pois aqueles i<strong>do</strong>sos que<br />

internaram e faleceram não tiveram suas características avaliadas.<br />

CONCLUSÕES<br />

Os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> ampliam o conhecimento sobre a prevalência e fatores<br />

associa<strong>do</strong>s às hospitalizações <strong>de</strong> i<strong>do</strong>sos no município e na região o que contribuirá<br />

para implementação <strong>de</strong> ações relacionadas à gestão <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong>miciliar para prevenção das hospitalizações.<br />

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Capa Índice 10145<br />

4


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Capa Índice 10146<br />

5


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10147 - 10151<br />

Impacto da substituição <strong>do</strong> sal convencional pelo sal light sobre a pressão<br />

arterial <strong>de</strong> hipertensos<br />

Carolina Lôbo <strong>de</strong> Almeida BARROS, Paulo César Brandão Veiga JARDIM, Ana<br />

Luiza Lima SOUSA<br />

Pós-graduação em Nutrição e Saú<strong>de</strong> – nível Mestra<strong>do</strong><br />

Faculda<strong>de</strong> da Nutrição/ <strong>UFG</strong><br />

e-mail: carolinabarros.nut@hotmail.com; fvjardim@terra.com.br;<br />

<strong>de</strong>mmilima@gmail.com<br />

Palavras-chave: hipertensão arterial, ingestão <strong>de</strong> sal, excreção urinária <strong>de</strong> sódio<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

A hipertensão arterial (HA) é o mais comum fator <strong>de</strong> risco para <strong>do</strong>enças<br />

cardiovasculares e é caracterizada por níveis <strong>de</strong> pressão arterial manti<strong>do</strong>s acima<br />

<strong>do</strong>s valores estabeleci<strong>do</strong>s como padrão <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> (SOCIEDADE..., 2010).<br />

O aparecimento da HA está liga<strong>do</strong> a fatores hereditários e <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vida e,<br />

<strong>de</strong>ntre estes, <strong>de</strong>staca-se o consumo excessivo <strong>de</strong> sódio (SOCIEDADE..., 2010). A<br />

redução da ingesta <strong>de</strong>ste mineral leva a redução <strong>do</strong>s valores pressóricos. (HOLLIS<br />

et al., 2008; PIMENTA et al., 2009; SARNO et al., 2009).<br />

Kaplan (2005) afirma que pacientes com prescrição a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> três antihipertensivos<br />

e sem controle a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> da sua pressão arterial (PA) têm benefícios<br />

adicionais quan<strong>do</strong> a<strong>de</strong>rem <strong>de</strong> maneira efetiva a uma dieta com menor teor <strong>de</strong> sódio.<br />

A utilização <strong>do</strong> sal light po<strong>de</strong> ser uma boa estratégia na redução da ingestão<br />

<strong>de</strong> sódio, como observa<strong>do</strong> por Lotaif et al. (1995), que obtiveram redução<br />

significante da Pressão Arterial.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> foi avaliar o impacto da redução da ingestão <strong>de</strong> sal<br />

com a substituição <strong>do</strong> sal convencional pelo sal light sobre a pressão arterial <strong>de</strong><br />

pacientes <strong>de</strong> um serviço ambulatorial multidisciplinar <strong>de</strong> atendimento ao hipertenso.<br />

3 MATERIAL E MÉTODOS<br />

Capa Índice 10147


Trata-se <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> experimental simples cego cuja coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s ainda<br />

encontra-se em andamento.<br />

Estão sen<strong>do</strong> avalia<strong>do</strong>s pacientes não diabéticos, com ida<strong>de</strong> entre 20 e 65<br />

anos em acompanhamento regular na Liga <strong>de</strong> Hipertensão Arterial (<strong>UFG</strong>), com <strong>do</strong>se<br />

estável <strong>de</strong> medicamento anti-hipertensivo há pelo menos 30 dias e pressão arterial<br />

não controlada (PA ≥ 140 x 90 mmHg) no último comparecimento.<br />

As variáveis utilizadas são: sexo, ida<strong>de</strong>, escolarida<strong>de</strong> (até 1º grau; até 2º<br />

grau; até 3º grau completo), renda familiar (até 1 salário mínimo (SM); <strong>de</strong> 2 a 4 SM;<br />

4 ou mais SM), ativida<strong>de</strong> física regular (igual ou superior a 30 minutos <strong>de</strong> exercício<br />

físico pratica<strong>do</strong> pelo menos 3 vezes por semana), tabagismo e etilismo (frequência<br />

<strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> bebida alcoólica igual ou superior a uma vez ao mês), coletadas na<br />

consulta <strong>de</strong> inclusão no estu<strong>do</strong>; e peso, altura, Índice <strong>de</strong> Massa Corporal (IMC),<br />

sódio urinário <strong>de</strong> 24 horas, pressão arterial casual e Monitorização Resi<strong>de</strong>ncial da<br />

Pressão Arterial (MRPA), avaliadas antes e <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> início da intervenção.<br />

A amostra foi dividida em <strong>do</strong>is grupos (Grupo 1 e Grupo 2). Ao primeiro, foi<br />

forneci<strong>do</strong> sal light e, ao segun<strong>do</strong>, sal convencional. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> grupo ao qual<br />

pertenciam, os pacientes receberam 3 gramas <strong>de</strong> sal/pessoa/dia para utilizarem<br />

durante 4 semanas.<br />

Para verificar correlação entre a pressão arterial e a excreção urinária <strong>de</strong><br />

sódio, foram utilizadas as Correlações <strong>de</strong> Pearson e Spearman. Para comparação<br />

entre as médias entre grupos, bem como os valores iniciais e finais <strong>de</strong> cada grupo,<br />

foi aplica<strong>do</strong> o teste <strong>de</strong> T-stu<strong>de</strong>nt ou Wilcoxon. Toda a análise estatística foi realizada<br />

no programa SPSS versão 20.0, utilizan<strong>do</strong> o teste Shapiro-Wilk para normalida<strong>de</strong> e<br />

nível <strong>de</strong> significância <strong>de</strong> 0,05.<br />

Este trabalho foi aprova<strong>do</strong> pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em <strong>Pesquisa</strong> <strong>do</strong> Hospital das<br />

Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás. To<strong>do</strong>s os pacientes que concordaram<br />

em participar <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> assinaram Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclareci<strong>do</strong>.<br />

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Até o momento, a amostra é composta por 22 pacientes, sen<strong>do</strong> 11 em cada<br />

grupo. A amostra total possui 66,70% pacientes <strong>do</strong> sexo feminino, ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong><br />

56,50 ± 8,41 anos. A maioria estu<strong>do</strong>u até o 1º grau completo (n = 19; 79,20%), renda<br />

Capa Índice 10148


familiar <strong>de</strong> até <strong>do</strong>is salários mínimos (n = 13; 54,20%) e prática ativida<strong>de</strong> física<br />

regular (n = 13; 54,20%). Apenas um paciente (4,20%) se <strong>de</strong>clarou tabagista e<br />

41,70% referiram ingesta alcoólica (n = 10).<br />

A média <strong>de</strong> peso foi <strong>de</strong> 75,33 ± 18,93 kg (antes da intervenção) e 73,61 ±<br />

17,72 kg (após intervenção) entre as mulheres e 78,66 ± 16,02 kg (antes) e 79,16 ±<br />

16,65 kg (<strong>de</strong>pois) entre os homens. Não houve diferença significativa entre os pesos<br />

ao se comparar ambos os sexos e os valores iniciais e finais. Quanto ao IMC, a<br />

média geral foi <strong>de</strong> 29,69 ± 5,67 kg/m² (antes) e 26,92 ± 9,70 kg/m² (<strong>de</strong>pois), ambos<br />

caracterizan<strong>do</strong> uma amostra com sobrepeso. Apesar da redução, esta não foi<br />

significante <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista estatístico.<br />

Não houve diferença significativa entre as médias <strong>de</strong> peso entre os grupos<br />

nos <strong>do</strong>is momentos, o que significa que os grupos eram homogêneos quanto a essa<br />

variável. O Grupo 1 apresentou média significantemente mais baixa <strong>de</strong> IMC que o<br />

Grupo 2 no início <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> (p = 0,045) mas eram homogêneos ao final. As médias<br />

<strong>de</strong> IMC iniciais e finais foram, respectivamente, 27,39 ± 4,08 kg/m² e 27,51 ± 4,25<br />

kg/m² (Grupo 1) e 31,98 ± 6,26 kg/m² e 26,32 ± 13,34 kg/m² (Grupo 2).<br />

Ao observar os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pressão intragrupo (Tabela 1), constatou-se<br />

que, com exceção da PAD no Grupo 2, todas as variáveis pressóricas apresentaram<br />

redução, com diferença significativa apenas para o Grupo 1.<br />

Lotaif et al. (1995) também observaram redução da pressão arterial em<br />

hipertensos, cujos valores médios passaram <strong>de</strong> 138 x 87 mmHg para 129 x 81<br />

mmHg após consumo <strong>do</strong> sal light.<br />

Tabela 1. Valores pressóricos médios anteriores e posteriores à intervenção, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com o grupo em estu<strong>do</strong>.<br />

GRUPO 1 (sal light) GRUPO 2 (sal convencional)<br />

Antes Depois p Antes Depois p<br />

PA<br />

casual<br />

PAS<br />

141,33<br />

±16,25<br />

PAD 90,00 ± 7,53<br />

129,42<br />

±18,68<br />

77,25 ±<br />

9,24<br />

0,039<br />

0,000<br />

144,00<br />

±11,79<br />

89,60 ±<br />

10,88<br />

133,40<br />

±17,00<br />

80,90 ±<br />

11,08<br />

0,157<br />

0,088<br />

PAM<br />

107,08 ±<br />

7,91<br />

94,64 ±<br />

11,07<br />

0,003<br />

107,63 ±<br />

4,91<br />

89,45 ±<br />

31,68<br />

0,073<br />

MRPA PAM<br />

100,55 ±<br />

11,47<br />

95,28 ±<br />

10,73<br />

0,034<br />

93,76 ±<br />

8,02<br />

84,94 ±<br />

29,07<br />

0,351<br />

PAS: Pressão Arterial Sistólica (mmHg); PAD: Pressão Arterial Diastólica (mmHg); PAM: Pressão Arterial<br />

Média<br />

Capa Índice 10149


Já na MRPA, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a amostra toda, a média da PAS verificada foi<br />

<strong>de</strong> 134,18 mmHg ± 15,61 (antes) e 129,77 mmHg ± 12,78 (<strong>de</strong>pois), com diferença<br />

significativa (p = 0,036). As médias anteriores e posteriores da PAD da MRPA foram,<br />

respectivamente, 78,82 mmHg ± 10,27 e 76,77 mmHg ± 10,16, e da PAM da MRPA<br />

foram 97,30 mmHg ± 10,35 e 90,33 mmHg ± 21,67, sem diferença significativa. A<br />

redução da PAM na MRPA só foi significativa para o Grupo 1 (Tabela 1).<br />

Pimenta et al. (2009) encontraram da<strong>do</strong>s bastante satisfatórios com relação à<br />

pressão arterial <strong>de</strong> <strong>do</strong>ze hipertensos resistentes quan<strong>do</strong> estes foram submeti<strong>do</strong>s à<br />

restrição da ingestão <strong>de</strong> sódio. As médias gerais da PAS e PAD encontradas na<br />

Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) tiveram diferença<br />

significativa ao comparar as dietas com alta e baixa ingestão <strong>de</strong> sal.<br />

A <strong>Pesquisa</strong> <strong>de</strong> Orçamentos Familiares 2002-2003 <strong>de</strong>monstrou que o<br />

consumo <strong>de</strong> sal <strong>do</strong> brasileiro exce<strong>de</strong> a recomendação (Sarno et al., 2009). Estu<strong>do</strong><br />

realiza<strong>do</strong> por Lourenço et al. (2009) também revelou quantida<strong>de</strong>s exageradas <strong>de</strong><br />

consumo <strong>de</strong> sódio por parte <strong>de</strong> 84% <strong>do</strong>s hipertensos estuda<strong>do</strong>s. Por esse motivo, a<br />

modificação <strong>do</strong>s hábitos alimentares torna-se uma ferramenta <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância<br />

no controle da HA. O presente estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>monstrou que a pressão arterial po<strong>de</strong> ser<br />

controlada com uma simples mudança <strong>de</strong> hábito, que é a redução da ingesta <strong>de</strong> sal.<br />

Ao contrário <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> He e colabora<strong>do</strong>res (2009), que encontrou<br />

diferença <strong>de</strong> 55 mmol na excreção <strong>de</strong> sódio após redução <strong>do</strong> consumo <strong>de</strong> sal <strong>de</strong><br />

hipertensos, a média da excreção <strong>de</strong> sódio da amostra total <strong>do</strong> presente trabalho foi<br />

<strong>de</strong> 110,8 mmol ± 51,21 (antes) e 108,00 mmol ± 48,87 (<strong>de</strong>pois), sem diferença<br />

estatística. Analisan<strong>do</strong> os valores por grupo, verificou-se excreção <strong>de</strong> sódio <strong>de</strong><br />

113,00 mmol ± 48,05 (antes) e 100,20 mmol ± 40,42 (<strong>de</strong>pois), no Grupo 1, e 107,83<br />

mmol ± 58,17 (antes) e 114,50 mmol ± 57,95 (<strong>de</strong>pois), no Grupo 2.<br />

Apesar da redução observada em ambos os grupos, não houve diferença<br />

estatística entre os valores iniciais e finais. Isso indica que a excreção <strong>de</strong> sódio já<br />

estava próxima da i<strong>de</strong>al mesmo antes da intervenção. O sódio urinário não teve<br />

associação com o sexo e nem com a ida<strong>de</strong> e não foi encontrada nenhuma<br />

associação ou correlação entre as médias <strong>de</strong> pressão com a excreção <strong>de</strong> sódio.<br />

Sen<strong>do</strong> assim, para tratamento da hipertensão arterial, é importante a<br />

modificação <strong>do</strong>s hábitos <strong>de</strong> vida como um to<strong>do</strong>, evitan<strong>do</strong> os alimentos ricos em<br />

Capa Índice 10150


sódio, manten<strong>do</strong> um peso a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e pratican<strong>do</strong> ativida<strong>de</strong> física regular, além <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>rir <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada ao tratamento medicamentoso, quan<strong>do</strong> este existir.<br />

4 CONCLUSÕES<br />

O presente estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>monstrou redução significativa <strong>de</strong> todas as variáveis<br />

pressóricas no grupo que utilizou sal light. O grupo que consumiu sal convencional<br />

apresentou redução <strong>de</strong> todas as variáveis <strong>de</strong> pressão (exceto PAD), porém, sem<br />

diferença estatística.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

HOLLIS, J. F.; GULLION, C. M.; STEVENS, V. J.; BRANTLEY, P. J.; APPEL, L. J.;<br />

ARD, J. D.; CHAMPAGNE, C. M.; DALCIN, A.; ERLINGER, T. P.; FUNK, K.;<br />

LAFERRIERE, D.; LIN, P.; LORIA, C. M.; SAMUEL-HODGE, C.; VOLLMER, W. M.;<br />

SVETKEY, L. P. Weight Loss During the Intensive Intervention Phase of the Weight-<br />

Loss Maintenance Trial. American Journal of Preventive Medicine, v. 35, n. 2, p.<br />

118 - 126, 2008.<br />

KAPLAN, N. M. Resistant hypertension. Journal of Hypertension, Lon<strong>do</strong>n, v. 23, n.<br />

8, p.1441 - 1444, 2005.<br />

LOTAIF, L. A. D.; KOHLMANN JUNIOR, O.; ZANELLA, M. T.; KOHLMANN, N. E. B.;<br />

RIBEIRO, A. B. Efeito da suplementação <strong>de</strong> potássio através <strong>do</strong> sal <strong>de</strong> cozinha na<br />

hipertensão arterial primária leve a mo<strong>de</strong>rada, Jornal Brasileiro <strong>de</strong> Nefrologia, São<br />

Paulo, v. 17, n. 4, p. 214 - 218, 1995.<br />

PIMENTA, E.; GADDAM, K. K.; OPARIL, S.; ABAN, I.; HUSAIN, S.; DELL’ITALIA, L.<br />

J.; CALHOUN, D. A. Effects of Dietary Sodium Reduction on Blood Pressure in<br />

Subjects With Resistant Hypertension: Results From a Ran<strong>do</strong>mized Trial,<br />

Hypertension, Dallas, v. 54, n. 3, p. 475 - 481, 2009.<br />

SARNO, F.; JAIME, P. C.; FERREIRA, S. R. G.; MONTEIRO, C. A. Consumo <strong>de</strong><br />

sódio e síndrome metabólica: uma revisão sistemática. Arquivos Brasileiros <strong>de</strong><br />

En<strong>do</strong>crinologia & Metabologia, São Paulo, v. 53, n. 5, p. 608 - 616, 2009.<br />

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA / SOCIEDADE BRASILEIRA DE<br />

HIPERTENSÃO / SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. VI Diretrizes<br />

Brasileiras <strong>de</strong> Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros <strong>de</strong> Cardiologia, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, v. 95, n. 1, supl. 1, p.1 - 51, 2010.<br />

Capa Índice 10151


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10152 - 10156<br />

CAPIM Brachiaria ruziziensis EM CONSÓRCIO COM LEGUMINOSAS<br />

FORRAGEIRAS E FRUTÍFERAS DO CERRADO<br />

Carolina WISINTAINER (1) ; Leonar<strong>do</strong> Santos COLLIER (2) ; Leonar<strong>do</strong> Brandão Gonçalves<br />

BIZINOTO (3) ; Matheus Lopes <strong>de</strong> Oliveira MELO (4) ; Jéssyca Barroso BORGES (3) ; An<strong>de</strong>rson<br />

Pires <strong>de</strong> MORAES (4) ; Diego Coelho ALMEIDA (3) ;<br />

(1) Mestranda <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Pós-Graduação em Agronomia – Produção Vegetal, Bolsista<br />

CNPq, Escola <strong>de</strong> Agronomia e Engenharia <strong>de</strong> Alimentos (EA), Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Goiás (<strong>UFG</strong>), Ro<strong>do</strong>via Goiânia-Nova Veneza, Km 0, Goiânia, GO, CEP 74.001-970,<br />

carolinawisintainer@hotmail.com; (2) Professor Adjunto III, Setor <strong>de</strong> Solos, EA/<strong>UFG</strong>,<br />

leouft@gmail.com; (3) Graduan<strong>do</strong>s Curso <strong>de</strong> Engenharia Florestal, EA/ <strong>UFG</strong>; (4)<br />

Graduan<strong>do</strong>s Curso <strong>de</strong> Zootecnia, Escola <strong>de</strong> Veterinária e Zootecnia (EVZ), <strong>UFG</strong><br />

Palavras-chave: Pueraria phaseoloi<strong>de</strong>s, Cajanus cajans e Sistema Agroflorestal.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os Sistemas Agroflorestais abordam os diferentes sistemas produtivos <strong>de</strong><br />

grãos, fibras, carne, leite e agroenergia, na mesma área, em plantio consorcia<strong>do</strong>,<br />

sequencial ou rotaciona<strong>do</strong>. Nessa potencial integração têm-se vantagens como:<br />

recuperação da pastagem a um menor custo, redução <strong>de</strong> plantas daninhas, quebra<br />

<strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> insetos praga e <strong>do</strong>enças, otimização <strong>de</strong> recursos e realização <strong>de</strong><br />

exploração sustentável (Vilela et al., 2008).<br />

O principal objetivo <strong>do</strong>s Sistemas Agroflorestais é otimizar o uso da terra.<br />

Para que esse objetivo seja alcança<strong>do</strong> é necessário que a combinação <strong>de</strong> espécies<br />

concretize os pré-requisitos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, sustentabilida<strong>de</strong> e aceitabilida<strong>de</strong>. Em<br />

função <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> espécies perenes, os Sistemas Agroflorestais apresentam-se<br />

como eficientes na proteção contra erosão e na recuperação <strong>de</strong> solos <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>s,<br />

na ciclagem <strong>de</strong> nutrientes e na maior sanida<strong>de</strong> conferida pela manutenção da<br />

diversida<strong>de</strong> ecológica, diminuin<strong>do</strong> a utilização <strong>de</strong> agroquímicos (Duboc, 2008).<br />

O mau manejo <strong>do</strong> sistema solo-forrageira-animal a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> atualmente é o<br />

responsável pela <strong>de</strong>gradação, causada pela ausência <strong>de</strong> adubação nos solos<br />

cultiva<strong>do</strong>s com gramíneas forrageiras tropicais e leguminosas. A <strong>de</strong>gradação das<br />

pastagens é um processo evolutivo <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> vigor, <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação natural. Dentre os problemas <strong>de</strong> baixa fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

solos <strong>de</strong> Cerra<strong>do</strong>, os baixos níveis <strong>de</strong> fósforo causam pequeno crescimento <strong>do</strong><br />

sistema radicular, menor perfilhamento na fase <strong>de</strong> implantação, resultan<strong>do</strong> em<br />

Capa Índice 10152


menor cobertura <strong>de</strong> solo e menor competição por espécies invasoras <strong>de</strong> baixa<br />

aptidão forrageira (Martha Júnior et al., 2007).<br />

Diante <strong>do</strong>s problemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação das pastagens brasileiras e <strong>do</strong> alto<br />

custo <strong>de</strong> recuperação, buscam-se espécies leguminosas forrageiras que possam<br />

minimizar estas restrições através <strong>do</strong> consórcio com gramíneas forrageiras. Essas<br />

leguminosas tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fixar biologicamente o nitrogênio atmosférico,<br />

quan<strong>do</strong> associadas com bactérias <strong>do</strong>s gêneros Rhizobium ou Bradyrhizobium (Sá &<br />

Vargas, 1997), aumentan<strong>do</strong> o suprimento <strong>de</strong> nitrogênio no solo e melhoran<strong>do</strong> o<br />

crescimento da gramíneas quan<strong>do</strong> consorcia<strong>do</strong>s.<br />

O uso <strong>de</strong> leguminosas também po<strong>de</strong> ser favorável na diminuição das<br />

limitações <strong>do</strong>s solos <strong>de</strong> Cerra<strong>do</strong> para a produção em escala comercial <strong>de</strong> frutos<br />

nativos da região. Quan<strong>do</strong> utilizadas essas espécies em consórcio com Brachiaria,<br />

crian<strong>do</strong> um Sistema Agroflorestal, tem-se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> otimizar o uso da área e<br />

obter uma nova alternativa <strong>de</strong> renda para o produtor rural. Este trabalho teve como<br />

objetivo avaliar agronomicamente o consórcio <strong>de</strong> diferentes espécies forrageiras e<br />

arbóreas <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong> em sistema agroflorestal.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

O experimento foi conduzi<strong>do</strong> na área da Escola <strong>de</strong> Agronomia e Engenharia<br />

<strong>de</strong> Alimentos da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, em Goiânia, GO, (16°35’S e<br />

49°21’W, a 730m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>) em LATOSSOLO VERMELHO distroférrico típico. A<br />

área empregada já possuía um plantio <strong>de</strong> pequizeiros (Caryocar brasiliense, Camb.)<br />

solteiros espaça<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 10,0m entre linhas e 8,0m entre plantas e outra área com<br />

mangabeiras (Hancornia speciosa Gomes) espaçadas <strong>de</strong> 5,0m entre linhas e 5,0m<br />

entre plantas.<br />

O <strong>de</strong>lineamento utiliza<strong>do</strong> foi em blocos casualisa<strong>do</strong>s com treze tratamentos e<br />

cinco repetições. Os tratamentos foram constituí<strong>do</strong>s <strong>de</strong>: B. ruziziensis Germain &<br />

Evrard cv. Comum solteira (B); pueraria (Pueraria phaseoloi<strong>de</strong>s (Roxb.)Benth.)<br />

solteira (K); guandu (Cajanus cajan) solteiro (G); consórcio <strong>de</strong> B. ruziziensis e<br />

pueraria (BK); consórcio <strong>de</strong> B. ruziziensis e guandu (BG); consórcio <strong>de</strong> B. ruziziensis<br />

e pequi (BP); consórcio <strong>de</strong> B. ruziziensis e mangaba (BM); consórcio <strong>de</strong> B.<br />

ruziziensis, pueraria e pequi (BKP); consórcio <strong>de</strong> B. ruziziensis, pueraria e mangaba<br />

(BKM); consórcio <strong>de</strong> B. ruziziensis, guandu e pequi (BGP); consórcio <strong>de</strong> B.<br />

ruziziensis, guandu e mangaba (BGM).<br />

Capa Índice 10153


Após análise <strong>de</strong> solo foi realizada calagem e adubação <strong>de</strong> plantio utilizan<strong>do</strong>-se<br />

0,8 t ha -1 <strong>de</strong> calcário, 90 kg ha -1 <strong>de</strong> P2O5 e 20 kg ha -1 <strong>de</strong> K2O. No preparo <strong>do</strong> solo foi<br />

realizada uma gradagem com gra<strong>de</strong> ara<strong>do</strong>ra. A semeadura foi realizada no dia 14 <strong>de</strong><br />

novembro <strong>de</strong> 2011 e o corte para avaliação da produção <strong>de</strong> massa seca foi<br />

realiza<strong>do</strong> 120 dias após a semeadura. Foram feitas duas amostragens por parcela<br />

utilizan<strong>do</strong>-se um quadro metálico <strong>de</strong> 0,25 m 2 . As amostras foram secas em estufa <strong>de</strong><br />

ventilação forçada a 65º C por 72 horas para <strong>de</strong>terminação da massa seca. Antes da<br />

avaliação <strong>de</strong> matéria seca, foi avalia<strong>do</strong> o teor <strong>de</strong> clorofila da B. ruziziensis, <strong>do</strong> pequi<br />

e da mangaba. Nessa avaliação empregou-se o medi<strong>do</strong>r portátil <strong>de</strong> clorofila SPAD-<br />

502 fazen<strong>do</strong>-se leituras apenas nas folhas <strong>do</strong>s terços médio e superior. Os<br />

resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s foram submeti<strong>do</strong>s à análise <strong>de</strong> variância e teste para comparação<br />

das médias utilizan<strong>do</strong>-se o software “R”.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Com relação à disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria seca, os efeitos <strong>do</strong>s tratamentos<br />

foram significativos. De acor<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s experimentais observa-se que a<br />

produção <strong>de</strong> massa seca <strong>de</strong> forragem nos tratamentos com B, BM, BP e BGP foram<br />

significativamente melhores que nos outros tratamentos (Figura 1). A produção<br />

máxima <strong>de</strong> 11.000 kg ha -1 no tratamento <strong>de</strong> B sem consórcio po<strong>de</strong> estar diretamente<br />

relacionada com a maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantas por m 2 . As espécies arbóreas não<br />

interferiram na produção <strong>de</strong> forrageira, mas sim, as espécies leguminosas, tanto<br />

pela menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gramínea por m 2 quanto talvez por uma maior competição<br />

entre as espécies leguminosas e a B. ruziziensis. Ao mesmo tempo que as<br />

leguminosas competiram com a B. ruziziensis, observou-se que nos tratamentos que<br />

tinham o consórcio com guandu apresentaram alta produtivida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> o guandu<br />

conseguiu se sobressair à competição com a B. ruziziensis, o que aconteceu no<br />

tratamento BGP (tabela 2).<br />

To<strong>do</strong>s os tratamentos consorcia<strong>do</strong>s com pueraria to<strong>do</strong>s apresentaram baixa<br />

produtivida<strong>de</strong>, o que po<strong>de</strong> ser explica<strong>do</strong> por uma possível supressão da leguminosa<br />

na gramínea. Apesar da produtivida<strong>de</strong> das forrageiras terem si<strong>do</strong> menores quan<strong>do</strong><br />

esta foi consorciada com árvores, em alguns tratamentos essa diferença não foi<br />

significativa. Alguns estu<strong>do</strong>s relatam que o sombreamento intenso po<strong>de</strong> ser fator<br />

limitante à produção <strong>de</strong> forragem. A produtivida<strong>de</strong> forrageira po<strong>de</strong> reduzir pela<br />

presença <strong>de</strong> árvores nas pastagens, as quais competem com o estrato herbáceo <strong>do</strong><br />

Capa Índice 10154


sub-bosque pelos fatores <strong>de</strong> produção, principalmente pela luz. Carvalho et al.<br />

(1997), observou em ensaio com sombreamento natural o <strong>de</strong>créscimo na<br />

produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> B. <strong>de</strong>cumbens <strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> a radiação luminosa <strong>do</strong><br />

ambiente sombrea<strong>do</strong> ser inferior à correspon<strong>de</strong>nte ao ponto <strong>de</strong> compensação<br />

lumínico característico <strong>de</strong> cada espécie. Castro et al. (1999), observou a queda da<br />

produtivida<strong>de</strong> em B. <strong>de</strong>cumbens acompanhada pelo <strong>de</strong>créscimo no comprimento <strong>do</strong><br />

colmo <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o aumento da produtivida<strong>de</strong>. Já em B. brizantha a redução da<br />

luminosida<strong>de</strong> promoveu o maior crescimento <strong>do</strong> colmo mas também menor<br />

produtivida<strong>de</strong>. Esses mesmos autores, observaram que com o aumento <strong>do</strong><br />

sombreamento para as espécies <strong>de</strong> B. <strong>de</strong>cumbens e B. brizantha houve um<br />

aumento linear <strong>do</strong>s teores <strong>de</strong> nitrogênio (N) no colmo <strong>de</strong> na folha <strong>de</strong>ssas espécies.<br />

Vários trabalhos têm <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> que o SPAD-502 po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> na<br />

avaliação indireta <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> nutricional <strong>de</strong> N das plantas. O SPAD fornece leituras<br />

que se correlacionam com o teor <strong>de</strong> clorofila presente na folha. As clorofilas são<br />

pigmentos responsáveis pela conversão da radiação luminosa em energia, sob a<br />

forma <strong>de</strong> ATP e NADPH, por essa razão, são estreitamente relacionadas com a<br />

eficiência fotossintética das plantas. No presente estu<strong>do</strong> não foi possível observar<br />

diferenças significativas no teor <strong>de</strong> clorofila (tabela 1) da B. ruziziensis, <strong>do</strong> pequi e da<br />

mangaba em nenhum <strong>do</strong>s tratamentos. Mas, é necessário realizar mais avaliações<br />

que possibilitem observar se houve melhoria na qualida<strong>de</strong> da forrageira.<br />

CONCLUSÕES<br />

A a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> consórcio <strong>de</strong> B. ruziziensis, pequi ou mangaba<br />

não traz prejuízos à produtivida<strong>de</strong> da B. ruziziensis. Quan<strong>do</strong> esta é consorciada<br />

também com leguminosas, há competição entre as espécies forrageiras, resultan<strong>do</strong><br />

em menor produção <strong>de</strong> biomassa seca na fase inicial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> cultivo.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

CASTRO, C. R. T. et al. Produção forrageira <strong>de</strong> gramíneas cultivadas sob luminosida<strong>de</strong><br />

reduzida. Rev. Bras. Zootec., v.28, n.5, p.919-927, 1999.<br />

DUBOC, E. Sistemas Agroflorestais e o Cerra<strong>do</strong>. In: FALEIRO, F. G.; FARIAS NETO, A.<br />

L.(Ed.). Savanas: <strong>de</strong>safios e estratégias para o equilíbrio entre socieda<strong>de</strong>, agronegócio e<br />

recursos naturais. Planaltina, DF: Embrapa Cerra<strong>do</strong>s, 2008. p. 963-985.<br />

VILELA, L. et al. Integração lavoura-pecuária. In: FALEIRO, F. G.; FARIAS NETO, A. L.(Ed).<br />

Savanas: <strong>de</strong>safios e estratégias para o equilíbrio entre socieda<strong>de</strong>, agronegócio e recursos<br />

naturais. Planaltina, DF: Embrapa Cerra<strong>do</strong>s, 2008. p. 933-962.<br />

Capa Índice 10155


Tabela 1. Leitura <strong>do</strong> medi<strong>do</strong>r portátil <strong>de</strong> clorofila SPAD para o terço médio das folhas <strong>de</strong><br />

braquiária, mangaba e pequi nos tratamentos avalia<strong>do</strong>s (março <strong>de</strong> 2012, Goiânia,<br />

GO) M=folhas <strong>de</strong> mangaba solteira; P= folhas <strong>de</strong> pequi solteiro. médias seguidas<br />

<strong>de</strong> mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste <strong>de</strong> Tukey a 5%.<br />

Tratamentos Folhas <strong>de</strong> braquiária Folhas <strong>de</strong> mangaba Folhas <strong>de</strong> pequi<br />

B 45,95 a<br />

BK 40,61 a<br />

BG 42,94 a<br />

M 49,29 a<br />

BM 42,09 a 46,84 a<br />

BKM 42,94 a 49,40 a<br />

BGM 47,22 a 50,39 a<br />

P 46,32 a<br />

BP 44,52 a 46,08 a<br />

BKP 41,05 a 47,12 a<br />

BGP 42,01 a 47,96 a<br />

Erro padrão da média 1,74 1,56 2,23<br />

Figura 1. Produção <strong>de</strong> matéria seca <strong>de</strong> Brachiaria ruziziensis em kgha -1 em corte na altura<br />

<strong>de</strong> pastejo aos 120 dias <strong>de</strong> plantio. (março <strong>de</strong> 2012 Goiânia, GO). médias seguidas<br />

<strong>de</strong> mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste <strong>de</strong> Tukey a 5%.<br />

Tabela 2. Percentual <strong>de</strong> biomassa <strong>de</strong> leguminosa no peso seco <strong>do</strong>s tratamentos <strong>de</strong><br />

braquiária consorciada. (março <strong>de</strong> 2012, Goiânia, GO).<br />

Tratamentos Leguminosa (%)<br />

BG 18,67<br />

BK 16,85<br />

BGM 40,54<br />

BKM 8,79<br />

BGP 40,62<br />

BKP 6,92<br />

Capa Índice 10156


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10157 - 10161<br />

AVALIAÇÃO POR RMN HR-MAS DO PERFIL METABÓLICO DE<br />

FOLHAS E RAÍZES DE CITRUMELO SWINGLE GENETICAMENTE<br />

MODIFICADO PARA A SUPERPRODUÇÃO DE PROLINA<br />

Caroline Silva <strong>de</strong> OLIVEIRA 1* , Glaucia Braz ALCANTARA 1,3 , Eduar<strong>do</strong> Fermino<br />

CARLOS 2 , Luiz Gonzaga Esteves VIEIRA 2 , Luciano Morais LIÃO 1<br />

1 Laboratório <strong>de</strong> RMN, Instituto <strong>de</strong> Química, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, CP<br />

131, CEP 74001-970, Goiânia/GO, Brasil<br />

2 Instituto Agronômico <strong>do</strong> Paraná (IAPAR), Laboratório <strong>de</strong> Biotecnologia Vegetal,<br />

CP 481, CEP 86001-970, Londrina/PR, Brasil<br />

3 Laboratório <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong> LP2, Química, CCET, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato<br />

Grosso <strong>do</strong> Sul, Av. Filinto Muller, 1555, CP 549, CEP 79074-460, Campo<br />

Gran<strong>de</strong>/MS, Brasil<br />

*karolsilvaoliveira@yahoo.com.br<br />

Palavras chave: RMN HR-MAS; citrumelo ‘Swingle’; transgene<br />

P5CSF129A.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

O Brasil <strong>de</strong>staca-se como o maior e principal produtor mundial e<br />

exporta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> laranja concentra<strong>do</strong> (FAO, 2010). Entretanto, a<br />

produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Citrus sp. em nosso país diminui significativamente em<br />

perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seca. Nestes perío<strong>do</strong>s há o acúmulo <strong>de</strong> osmólitos, tais como<br />

a prolina (Parvanosa et al., 2004), que são responsáveis pela tolerância<br />

da planta à condição <strong>de</strong> déficit hídrico. Assim, a modificação genética<br />

para a produção <strong>de</strong> osmólitos visan<strong>do</strong> combater estresses abióticos tem<br />

si<strong>do</strong> uma estratégia comumente utilizada para obter plantas tolerantes ao<br />

estresse, utilizan<strong>do</strong>-se diversos genes, tais como o 1 -pirrolina-5-<br />

carboxilato sintetase modifica<strong>do</strong> (P5CSF129A), que confere resistência ao<br />

estresse hídrico (Molinari et al., 2004), salinida<strong>de</strong> (Stein et al., 2011) e<br />

congelamento (Parvanosa et al., 2004).<br />

Nesse contexto, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> porta-enxertos <strong>de</strong> Citrus<br />

com aumento no acúmulo <strong>de</strong> prolina tem mostra<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> importância<br />

para manter a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantas sob condições <strong>de</strong> estresse<br />

(Molinari et al., 2004; Campos et al., 2011). O citrumelo ‘Swingle’ (Citrus<br />

paradisi Macf. x Poncirus trifoliata L. Raf.) foi reporta<strong>do</strong> como importante<br />

porta-enxerto para a produção comercial <strong>de</strong> citros e é o segun<strong>do</strong> mais<br />

Capa Índice 10157


utiliza<strong>do</strong> no Brasil <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a excelente qualida<strong>de</strong> das laranjas produzidas<br />

em ‘Swingle’ (Molinari et al., 2004).<br />

Saben<strong>do</strong>-se que a modificação genética <strong>de</strong> plantas po<strong>de</strong> gerar<br />

alterações em seu perfil metabólico, essas alterações po<strong>de</strong>m ser<br />

avaliadas utilizan<strong>do</strong>-se a análise metabolômica. Para tal, a técnica <strong>de</strong><br />

RMN HR-MAS (High Resolution Magic Angle Spinning) <strong>de</strong>staca-se como<br />

uma importante ferramenta, pois avalia o perfil químico geral <strong>de</strong> amostras,<br />

com o mínimo <strong>de</strong> pré-tratamento. Na HR-MAS, embora a amostra esteja<br />

no esta<strong>do</strong> sóli<strong>do</strong>, os fatores como a interação dipolar, o <strong>de</strong>slocamento<br />

químico anisotrópico e a diferença <strong>de</strong> susceptibilida<strong>de</strong>, os quais levariam<br />

ao aumento da largura <strong>de</strong> linha espectral, são drasticamente minimiza<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à hidratação da amostra e ao giro no ângulo mágico (54,7º),<br />

resultan<strong>do</strong> em espectros <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H com boa resolução e<br />

sensibilida<strong>de</strong>, semelhantes às amostras líquidas. Por sua vez, os méto<strong>do</strong>s<br />

quimiométricos têm si<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>s no processamento e extração <strong>de</strong><br />

informações <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> RMN (Anibal et al., 2011).<br />

Assim, o trabalho objetivou avaliar por RMN HR-MAS, aliada a<br />

quimiometria, os perfis metabólicos <strong>de</strong> folhas e raízes <strong>de</strong> citrumelo<br />

‘Swingle’ (Citrus paradisi Macf. x Poncirus trifoliata L. Raf.) convencional e<br />

geneticamente modifica<strong>do</strong>s com o transgene P5CSF29A em condições <strong>de</strong><br />

equilíbrio ambiental.<br />

2. MATERIAL E MÉTODOS<br />

a. Obtenção e preparação <strong>do</strong> material vegetal<br />

As plantas <strong>de</strong> citrumelo ‘Swingle’ geneticamente modificadas foram<br />

produzidas e cultivadas em casa <strong>de</strong> vegetação <strong>do</strong> Laboratório <strong>de</strong><br />

Biotecnologia Vegetal <strong>do</strong> Instituto Agronômico <strong>do</strong> Paraná (IAPAR),<br />

localiza<strong>do</strong> em Londrina/PR.<br />

Foram avalia<strong>do</strong>s 10 clones <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s três diferentes grupos<br />

<strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> citrumelo ‘Swingle’: convencional não transgênica (NT) e<br />

transgênica carregan<strong>do</strong> o gene P5CS modifica<strong>do</strong> (P5CSF129A) que<br />

Capa Índice 10158


codifica para superprodução <strong>de</strong> osmoprotetores controla<strong>do</strong> pelo promotor<br />

constitutivo 35S CaMV (T35S) e promotor indutivo RD29A (TRD29A).<br />

b. Aquisição das medidas espectroscópicas <strong>de</strong> RMN e<br />

análise multivariada<br />

As medidas <strong>de</strong> RMN HR-MAS <strong>de</strong> 1 H foram executadas em um<br />

espectrômetro Bruker Avance III 500 (11,75 T, 500 MHz para a frequência<br />

<strong>do</strong> 1 H), equipa<strong>do</strong> com sonda HR-MAS e unida<strong>de</strong> pneumática para o<br />

controle <strong>do</strong> giro no ângulo mágico (5 KHz). As amostras <strong>de</strong> folhas e raízes<br />

foram pulverizadas, separadamente, e empacotadas em um rotor <strong>de</strong><br />

zircônia <strong>de</strong> 4 mm com a adição <strong>de</strong> D2O/TMSP-d4. Os espectros <strong>de</strong> RMN<br />

<strong>de</strong> 1 H foram adquiri<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong>-se a sequência <strong>de</strong> pulsos CPPR, com<br />

256 varreduras, tempos <strong>de</strong> espera e <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> 2s e 4,1s,<br />

respectivamente, e 64k pontos digitaliza<strong>do</strong>s, em uma janela espectral <strong>de</strong><br />

16 ppm. Experimentos <strong>de</strong> gHSQC e gTOCSY auxiliaram na avaliação e<br />

interpretação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s. Os espectros <strong>de</strong> RMN <strong>de</strong> 1 H foram trata<strong>do</strong>s por<br />

quimiometria, utilizan<strong>do</strong> <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> componentes principais (PCA), e<br />

estatisticamente por análise <strong>de</strong> variância (ANOVA) (p


Figura 1: Gráfico <strong>de</strong> escores e loadings <strong>de</strong> PCA <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> RMN HR-<br />

MAS <strong>de</strong> 1 H das folhas (A) e raízes (B) <strong>de</strong> citrumelo NT, T35S e TRD29A.<br />

As plantas T35S apresentaram maior proporção <strong>de</strong> prolina, e<br />

consequentemente, <strong>de</strong> prolina-betaína (p


4. CONCLUSÕES<br />

A utilização da técnica <strong>de</strong> RMN HR-MAS permitiu a obtenção <strong>de</strong><br />

espectros <strong>de</strong> 1 H com boa resolução e sensibilida<strong>de</strong>. A RMN aliada a<br />

quimiométricas possibilitou a discriminação das amostras <strong>de</strong> folhas e<br />

raízes <strong>de</strong> citrumelo ‘Swingle’ transgênicas e convencionais. Observou-se<br />

que as alterações intencionais – a superprodução <strong>de</strong> prolina - foram<br />

obtidas com sucesso. Adicionalmente, ocorreram alterações não<br />

intensionais como modificação na proporção <strong>de</strong> sacarose e <strong>de</strong> áci<strong>do</strong><br />

acético. Assim, <strong>de</strong>monstramos por RMN HR-MAS a influência da<br />

acumulação <strong>de</strong> prolina na modificação <strong>do</strong>s perfis <strong>de</strong> metabólitos primários<br />

<strong>de</strong> citrumelo ‘Swingle’.<br />

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1<br />

ANIBAL et al. High-resolution H Nuclear Magnetic Resonance<br />

spectrometry combined with chemometric treatment to i<strong>de</strong>ntify adulteration<br />

of culinary spices with Sudan dyes. Food Chemistry, v. 124, p. 1139-1145,<br />

2011.<br />

BHARTI et al. Application of HR-MAS NMR spectroscopy for studying<br />

chemotype variations of Withania somnifera (L.) Dunal. Magnetic<br />

Resoance Chemistry, v. 49, pp. 659–667, 2011.<br />

CAMPOS et al. Drought tolerance and antioxidant enzymatic activity in<br />

transgenic ‘Swingle’citrumelo plants over-accumulating proline.<br />

Environmental and Experimental Botany, v.72, pp. 242–250, 2011.<br />

FAO - Food and Agriculture Organization - consulta<strong>do</strong> em: 08/07/2011<br />

HMDb – Human Metabolome Database < disponível em:<br />

http://www.hmdb.ca/> consulta<strong>do</strong> em: 04/12/2011.<br />

MOLINARI et al. Osmotic adjustment in transgenic citrus rootstock Carrizo<br />

citrange (Citrus sinensis Osb. x Poncirus trifoliata L. Raf.) overproducing<br />

proline. Plant Science, v. 167, p. 1375–1381, 2004.<br />

PARVANOSA et al. Transgenic tobacco plants accumulating osmolytes<br />

show reduced oxidative damage un<strong>de</strong>r freezing stress. Plant Physiology<br />

and Biochemistry, v.42, pp. 57–63, 2004.<br />

PÉREZ et al. Study of the suitability of HRMAS NMR for metabolic<br />

profiling of tomatoes: Application to tissue differentiation and fruit ripening.<br />

Food Chemistry., v. 122, p. 877 – 887, 2010.<br />

STEIN et al. Elevation of free proline and proline rich protein levels by<br />

simultaneous manipulations of proline biosynthesis and <strong>de</strong>gradation in<br />

plants. Plant Science, v.181, pp.140–150, 2011.<br />

IAPAR, <strong>UFG</strong>, CAPES, CNPq, FINEP<br />

Capa Índice 10161


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10162 - 10166<br />

LEVANTAMENTO PRELIMINAR DOS MUNICÍPIOS PRODUTORES DE<br />

EUCALIPTO NO BIOMA CERRADO<br />

Cassiomar Rodrigues LOPES<br />

Manuel Eduar<strong>do</strong> FERREIRA<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

Programa <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> em Agronegócios<br />

cassiomar.lopes@ifg.edu.br; manuel@iesa.ufg.br<br />

Palavras-chaves: Bioma Cerra<strong>do</strong>, Silvicultura, Eucalipto, Impactos socioambientais<br />

1. Introdução<br />

A temática ambiental é, cada vez mais, indispensável ao <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

agricultura, uma vez que estas ativida<strong>de</strong>s, impactantes por natureza, estão em plena<br />

expansão no Brasil, frente a uma <strong>de</strong>manda mundial igualmente crescente.<br />

Com a economia emergente e com o crescimento <strong>do</strong> consumo por bens e<br />

serviços <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s da ma<strong>de</strong>ira, a <strong>de</strong>manda no setor ma<strong>de</strong>ireiro vem crescen<strong>do</strong> ano<br />

após ano no país, exigin<strong>do</strong> assim novas áreas para plantio.<br />

Para abastecer o merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r num ritmo mais intenso, faz-se<br />

necessária, ainda que com ganhos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e tecnologia <strong>de</strong> produção, a<br />

expansão das áreas com cultivo ma<strong>de</strong>ireiro (ou florestais). E este acaba sen<strong>do</strong> o<br />

ponto mais polêmico neste setor, on<strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res da área ambiental e gestores<br />

públicos buscam compreen<strong>de</strong>r o impacto <strong>de</strong>ste crescimento para o meio ambiente,<br />

quan<strong>do</strong> outras culturas agrícolas ou pastagens estão per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> espaço para a<br />

silvicultura.<br />

A silvicultura é conceituada como a criação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

povoamentos florestais para aten<strong>de</strong>r necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>, ambientais e<br />

paisagísticas (LIMA, 1996). Nos últimos anos, produtores e empresários têm<br />

encontra<strong>do</strong> na silvicultura uma opção <strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> seus negócios, realizan<strong>do</strong> até<br />

mesmo a substituição <strong>de</strong> antigas culturas que não trazem um lucro tão satisfatório<br />

quanto a plantação <strong>de</strong> florestas. Em 2011, por exemplo, houve um aumento no valor<br />

bruto da produção florestal, com faturamento <strong>de</strong> R$ 53,91 bilhões (Abraf, 2012).<br />

Neste estu<strong>do</strong>, parte integrante <strong>de</strong> uma pesquisa <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> em<br />

Agronegócio, objetiva-se ao levantamento das áreas <strong>de</strong> cerra<strong>do</strong> com o cultivo <strong>do</strong><br />

eucalipto.<br />

Capa Índice 10162


2. Materiais e Méto<strong>do</strong>s<br />

A área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> em questão é o bioma Cerra<strong>do</strong>. Para a realização <strong>de</strong>ste<br />

levantamento, foram utiliza<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE (Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e<br />

Estatística), mais precisamente no banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s SIDRA<br />

(http://www.sidra.ibge.gov.br), com informações sobre o Censo Agropecuário <strong>de</strong><br />

2006. Nestes da<strong>do</strong>s é possível i<strong>de</strong>ntificar as áreas cultivadas com eucalipto<br />

expressos em hectares.<br />

Após a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, os mesmos foram inseri<strong>do</strong>s em um sistema <strong>de</strong><br />

informações geográficas, visan<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntificar a localização geográfica das áreas <strong>de</strong><br />

cultivo <strong>de</strong> eucalipto no Cerra<strong>do</strong>, bem como analisar sua distribuição entre as regiões<br />

e municípios presentes nos limites <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>.<br />

3. Resulta<strong>do</strong>s e Discussão<br />

Regiões produtoras <strong>de</strong> eucalipto no bioma Cerra<strong>do</strong><br />

O bioma Cerra<strong>do</strong> foi a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta para a agricultura brasileira na<br />

década <strong>de</strong> 1970, baseada nos avanços da chamada Revolução Ver<strong>de</strong> (Vital, 2007).<br />

A mudança da capital da república para Brasília, no início da década <strong>de</strong> 1960,<br />

induziu a um significativo investimento em infraestrutura nos esta<strong>do</strong>s abrangi<strong>do</strong>s<br />

pelo bioma Cerra<strong>do</strong>, cujos reflexos incluíram o aumento <strong>do</strong> efeito migratório. Neste<br />

momento, o Cerra<strong>do</strong> passa a ser ocupa<strong>do</strong> pela agricultura tradicional e a<br />

bovinocultura <strong>de</strong> corte, com pastagens extensivas e naturais.<br />

A figura 1 <strong>de</strong>monstra as áreas <strong>de</strong> eucalipto plantadas no Cerra<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong><br />

da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> censo agropecuário <strong>de</strong> 2006. A espacialização <strong>de</strong> tais áreas permite inferir<br />

que gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s municípios localiza<strong>do</strong>s neste bioma já exploram<br />

economicamente esta cultura, ainda que as informações atuais não apontem todas<br />

as cida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> o eucalipto está presente, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da área ocupada,<br />

nem a data <strong>do</strong>s plantios.<br />

Capa Índice 10163<br />

2


Figura 1. Áreas <strong>de</strong> eucalipto plantadas no Cerra<strong>do</strong>. Os municípios em branco representam<br />

área plantada nula <strong>de</strong> eucalipto, e a cor mais escura (marrom) representa o principal município em<br />

área plantada. Fonte: IBGE (2006). Adaptação <strong>do</strong>s autores.<br />

Ainda conforme os da<strong>do</strong>s censitários <strong>de</strong> 2006 (figura 1), <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong><br />

Cerra<strong>do</strong>, os esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Minas Gerais e Bahia se <strong>de</strong>stacam em área plantada,<br />

enquanto que Goiás, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul e Piauí apresentam os esta<strong>do</strong>s com menor<br />

produção <strong>de</strong>ste cultivo.<br />

Características das regiões produtoras <strong>de</strong> eucalipto no Cerra<strong>do</strong><br />

Em 2006, a área total plantada com eucalipto no Brasil foi <strong>de</strong> 3.745.794<br />

hectares, <strong>do</strong>s quais 774.574 hectares são oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s produtoras<br />

localizadas no Cerra<strong>do</strong>, com uma participação <strong>de</strong> 20,67% (ABRAF, 2007). O esta<strong>do</strong><br />

com o maior número <strong>de</strong> municípios produtores <strong>de</strong> eucalipto no Cerra<strong>do</strong> é Minas<br />

Gerais, lista<strong>do</strong> também como o maior produtor em nível nacional.<br />

Capa Índice 10164<br />

3


Porém, os <strong>do</strong>is principais municípios produtores no Cerra<strong>do</strong> – Cocos e<br />

Jaborandi –, que concentram juntos uma área <strong>de</strong> 310.352 hectares, se localizam no<br />

Esta<strong>do</strong> da Bahia. A figura 2 compara os 10 principais municípios produtores <strong>de</strong><br />

eucalipto no Cerra<strong>do</strong>.<br />

Figura 2. 10 principais produtores <strong>de</strong> eucalipto no Cerra<strong>do</strong>. Fonte: IBGE (2006).<br />

Da<strong>do</strong>s adapta<strong>do</strong>s pelos autores.<br />

Dentre as variáveis pesquisadas, o clima pre<strong>do</strong>minante em todas as áreas<br />

produtoras <strong>de</strong> eucalipto é o tropical semiúmi<strong>do</strong>. Outro ponto convergente nestas<br />

áreas é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitantes resi<strong>de</strong>ntes nas cida<strong>de</strong>s, com praticamente todas<br />

as cida<strong>de</strong>s possuin<strong>do</strong> uma população inferior a 15 mil habitantes, com exceção <strong>de</strong><br />

João Pinheiro, Capão Bonito e São Mateus <strong>do</strong> Maranhão (IBGE, 2010).<br />

4. Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Neste artigo, ainda que <strong>de</strong> forma preliminar, buscamos apresentar as atuais<br />

áreas <strong>de</strong> silvicultura <strong>de</strong> eucalipto no bioma Cerra<strong>do</strong>, com base em da<strong>do</strong>s censitários<br />

<strong>de</strong> 2006. O Cerra<strong>do</strong> concentrou em 2006, 20,67% da área total <strong>de</strong> cultivo <strong>de</strong><br />

eucalipto no Brasil, pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> nos municípios <strong>de</strong> Cocos-BA e Jaborandi-BA.<br />

Dentre os Esta<strong>do</strong>s produtores, <strong>de</strong>staca-se Minas Gerais e Bahia, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

principalmente à existência <strong>de</strong> indústrias <strong>de</strong> base florestal. Observa-se também que<br />

os municípios com maior produção têm uma baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica, com<br />

média <strong>de</strong> 15 mil habitantes. Em geral, faz-se necessário a implantação <strong>de</strong> políticas<br />

Capa Índice 10165<br />

4


públicas que sejam capazes <strong>de</strong> incentivar a expansão da silvicultura no Cerra<strong>do</strong>,<br />

além da elaboração <strong>de</strong> legislações rígidas, quanto à fiscalização <strong>do</strong> cumprimento <strong>do</strong><br />

atual código florestal.<br />

Dentre as perspectivas <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, o próximo passo é i<strong>de</strong>ntificar as<br />

características físicas e econômicas das regiões produtoras, e a partir <strong>de</strong>stas<br />

informações i<strong>de</strong>ntificar quais são as possíveis regiões que possuem as mesmas<br />

particularida<strong>de</strong>s, assim propensas para a expansão <strong>do</strong> eucalipto no Cerra<strong>do</strong>.<br />

Referências Bibliográficas<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS<br />

(Abraf). Anuário estatístico da ABRAF 2007, ano base 2006. Brasília, DF: ABRAF,<br />

2007.<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS<br />

(ABRAF). Anuário estatístico da ABRAF 2012, ano base 2011. Brasília, DF: Abraf,<br />

2012.<br />

IBGE. Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística. Ban<strong>do</strong> <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s SIDRA,<br />

Censo Agropecuário 2006. Disponível em:<br />

, Acessa<strong>do</strong> em 20<br />

<strong>de</strong> Jun. 2012.<br />

IBGE. Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística. Ban<strong>do</strong> <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s SIDRA,<br />

Produção <strong>de</strong> extração vegetal e da silvicultura. Disponível em:<br />

, Acessa<strong>do</strong> em 20<br />

<strong>de</strong> Jun. 2012.<br />

IBGE. Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística. Censo Populacional 2010.<br />

Disponível em: <<br />

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/populacao_por_munic<br />

ipio.shtm >, Acessa<strong>do</strong> em 20 <strong>de</strong> Jun. 2012.<br />

LIMA, W. P. Impacto ambiental <strong>do</strong> eucalipto. 2 ed. São Paulo: EDUSP, 1996.<br />

VITAL, Marcos H. F. Impacto ambiental <strong>de</strong> florestas <strong>de</strong> eucalipto. Revista <strong>do</strong><br />

BNDES, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v. 14, n. 28, p. 235-276, 2007.<br />

Capa Índice 10166<br />

5


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10167 - 10171<br />

MATRIZ DE PLÁSTICO:<br />

INVERSÕES E REFLEXÕES NAS IMPRESSÕES<br />

EM RELEVO E ENCAVO<br />

Célia Mari GONDO<br />

Prof. Dr. José César Teatini <strong>de</strong> Souza CLÍMACO<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Artes Visuais<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Arte e Cultura Visual<br />

celiamgp@yahoo.com.br<br />

Palavras-chave: gravura, matriz <strong>de</strong> plástico, imagens espelhadas.<br />

Introdução<br />

Essa pesquisa poética investiga a produção <strong>de</strong> gravuras em matriz <strong>de</strong> plástico<br />

(poliestireno), em suas possibilida<strong>de</strong>s dúplices <strong>de</strong> gravação e <strong>de</strong> impressão,<br />

relacionan<strong>do</strong> inversões e reflexões <strong>de</strong> imagens com questões <strong>de</strong> hibridização<br />

in<strong>de</strong>ntitária e multiculturalismo.<br />

O artista, como to<strong>do</strong> ser humano vive e trabalha inseri<strong>do</strong> em seu contexto. Seu<br />

mun<strong>do</strong> cotidiano influencia sua produção, que constará, em alguma medida, <strong>de</strong><br />

aspectos subjetivos, racionais, afetivos, psicológicos, comportamentais, sociais,<br />

culturais, políticos. Para Sandra Rey,<br />

a pesquisa em arte, ênfase <strong>de</strong> Poéticas Visuais, <strong>de</strong>limita o campo <strong>do</strong><br />

artista-pesquisa<strong>do</strong>r que orienta sua pesquisa a partir <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

instauração <strong>de</strong> seu trabalho plástico assim como a partir das questões<br />

teóricas e poéticas suscitadas pela sua prática. (REY, 1996, p.82)<br />

Os elementos diversos que formam a pessoa <strong>do</strong> artista compõem, portanto,<br />

material ou matéria para a elaboração <strong>de</strong> sua produção, num diálogo que po<strong>de</strong> ser mais<br />

Capa Índice 10167


ou menos evi<strong>de</strong>nte. Cecília Almeida Salles <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma “memória cria<strong>do</strong>ra em ação<br />

que também <strong>de</strong>ve ser vista nessa perspectiva da mobilida<strong>de</strong>: não como um local <strong>de</strong><br />

armazenamento <strong>de</strong> informações, mas um processo dinâmico que se modifica com o<br />

tempo.” (SALLES, 2006, p.19) Os elementos presentes na autopercepção são, também<br />

parte <strong>de</strong>ssa memória e participam das escolhas com compõe o processo <strong>de</strong> criação.<br />

“A artista lida com sua obra em esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> contínuo inacabamento, o que<br />

experiencia<strong>do</strong> como insatisfação.” (SALLES, 2006, p.21) Essa insatisfação movimenta a<br />

busca <strong>de</strong> solução, envolven<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os campos que possam reverter o incômo<strong>do</strong>.<br />

Assim, questões técnicas se misturam a movimentos filosóficos, ou até físicos, na<br />

busca <strong>de</strong> respostas, e todas estão presentes no diário.<br />

Se o pesquisa<strong>do</strong>r acadêmico procura a proprieda<strong>de</strong>, em sua fala, na pesquisa<br />

poética, as questões que surgem envolvem aspectos bastante pessoais, aos quais não<br />

há como fugir, e muitas vezes, o tom po<strong>de</strong> se tornar pessoal, pois poética é<br />

autoralida<strong>de</strong>.<br />

Material e méto<strong>do</strong>s<br />

O respal<strong>do</strong> teórico da pesquisa em arte estaria na poïetica que, levan<strong>do</strong> em<br />

conta as condutas que instauram a obra, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> por Paul Valéry: “não é o<br />

conjunto <strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong> uma obra percebida, nem a obra feita, nem a obra a se fazer<br />

(como projeto); é a obra se fazen<strong>do</strong>.” (REY, 1996, p.83)<br />

Se a poïetica abrange, por um la<strong>do</strong>, a criação e a composição, o acaso, a<br />

imitação, a influência <strong>do</strong> meio e da cultura, por outro la<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>ra os materiais,<br />

meios e suportes <strong>de</strong> ação, as técnicas, os instrumentos e os procedimentos. Nesse<br />

senti<strong>do</strong>, nas artes visuais, “a forma, a plasticida<strong>de</strong> e a visualida<strong>de</strong> é o suporte visível <strong>do</strong><br />

pensamento e conceitos veicula<strong>do</strong>s pela obra.” (REY, 1996, p.84) Na pesquisa em arte,<br />

o artista tem, assim, o duplo papel <strong>de</strong> autor e <strong>de</strong> testemunho.<br />

No processo <strong>de</strong> criação como “enfrentamento <strong>de</strong>sencontra<strong>do</strong> entre caos e<br />

or<strong>de</strong>m, entre <strong>de</strong>sequilíbrio e equilíbrio”, a obra em processo seria entendida como vir a<br />

ser, e não como um meio para atingir um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> fim. As idas e vindas da obra<br />

consigo mesma, ou com outras obras, num diálogo instaura<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong><br />

Capa Índice 10168


criação, continuam mesmo <strong>de</strong>pois. Ao contrário <strong>do</strong> teórico que analisa a obra acabada,<br />

o pesquisa<strong>do</strong>r/artista <strong>de</strong>senvolve essa pesquisa ao mesmo tempo em que produz a<br />

obra, seu objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> não existe como um da<strong>do</strong> preliminar. A pesquisa teórica é<br />

direcionada pelas questões nascidas na práxis.<br />

Essa pesquisa nasceu no curso na disciplina Tópicos Especiais em Poéticas<br />

Visuais: Gravura, <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> em Cultura Visual da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Artes<br />

Visuais da <strong>UFG</strong>, pelo professor José César Teatini <strong>de</strong> Souza Clímaco, em 2009, como<br />

aluna especial. Nessa oportunida<strong>de</strong>, conheci seu trabalho <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento: Las<br />

matrices <strong>de</strong> plástico para graba<strong>do</strong> y su estampación, e iniciei experimentações com<br />

esse material, me encantan<strong>do</strong> com suas possibilida<strong>de</strong>s dúplices <strong>de</strong> gravação e <strong>de</strong><br />

impressão: como matriz <strong>de</strong> encavo e <strong>de</strong> relevo.<br />

As matrizes <strong>de</strong> relevo, com as xilográficas e as colagráficas, recebem tinta em<br />

suas regiões <strong>de</strong> relevo, mais altas, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>, em sua impressão, áreas <strong>de</strong> cor e linhas<br />

em branco. As matrizes em encavo, como as calcográficas, recebem a tinta nos sulcos<br />

ou texturas, transferin<strong>do</strong>-a para o papel ume<strong>de</strong>ci<strong>do</strong> por um fenômeno <strong>de</strong> capilarida<strong>de</strong>.<br />

Sua impressão <strong>de</strong>fine, assim, áreas <strong>de</strong> branco (com exceção das texturadas por<br />

diversas técnicas) e linhas coloridas. A matriz <strong>de</strong> plástico apresenta a peculiarida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

permitir impressões nos <strong>do</strong>is procedimentos, resultan<strong>do</strong> em imagens idênticas, mas<br />

invertidas em suas relações <strong>de</strong> cor e linha.<br />

No perío<strong>do</strong> da disciplina cursada, a experimentação <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong><br />

gravação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is processos e, combinan<strong>do</strong> a impressão em relevo com a impressão<br />

em encavo da mesma imagem, produziram imagens espelhadas, invertidas na posição<br />

e em efeitos. Os processos <strong>de</strong> inversão <strong>do</strong>s procedimentos e espelhamento da imagem<br />

passaram a nortear essa série <strong>de</strong> trabalhos que dialogam com os temas pessoais <strong>de</strong><br />

formação i<strong>de</strong>ntitária, em afinida<strong>de</strong> com a peculiar percepção <strong>de</strong> espaço e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Configurar procedimentos <strong>de</strong> <strong>do</strong>is processos <strong>de</strong> gravação e impressão,<br />

harmonizan<strong>do</strong> lógicas invertidas se assemelha bastante ao meu processo interno <strong>de</strong><br />

configuração <strong>de</strong> mim mesma como i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> hibridizada entre minha cultura <strong>de</strong> origem<br />

e <strong>de</strong> contexto. I<strong>de</strong>ntifico, <strong>de</strong> início, diversas situações e contingências, técnicas e<br />

estéticas, pragmáticas e éticas. E se assemelham, também, à lógica da cultura<br />

Capa Índice 10169


japonesa, <strong>de</strong> absorção e adaptação <strong>de</strong> aspectos díspares, analisada pela pesquisa<strong>do</strong>ra<br />

Michiko Okano, o espaço-tempo Ma.<br />

Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />

A produção das gravuras encontra-se me processo. E questões <strong>de</strong> hibridização e<br />

configuração <strong>de</strong> culturas e espaços diferentes tem surgi<strong>do</strong> como nortea<strong>do</strong>res das<br />

escolhas, nas práticas e nas reflexões. Perpassan<strong>do</strong> as possibilida<strong>de</strong>s técnicas <strong>de</strong><br />

gravação e impressão que a matriz <strong>de</strong> plástico possui, as imagens resultantes sugerem<br />

as expectativas que temos em relação à percepção <strong>do</strong> outro e <strong>de</strong> nós mesmos. A idéia<br />

<strong>de</strong> realida<strong>de</strong> e verda<strong>de</strong> que a imagem especular induz, contrapõe-se à percepção das<br />

ilusões implícitas na inversão e nas oposições <strong>de</strong> luz e sombra, preto e branco, superior<br />

e inferior, direita e esquerda, certo e erra<strong>do</strong>, etc.<br />

Diversos elementos e aspectos se entrecruzam nas escolhas implicitas na<br />

produção das gravuras: elementos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> hibrida e fluída, <strong>de</strong>corrente da<br />

condição <strong>de</strong> migrante, <strong>do</strong> atual fluxo intenso <strong>de</strong> informações e imagens, aspectos <strong>de</strong><br />

autopercepção e <strong>de</strong> distinção <strong>do</strong> outro e das diferenças, valores e suas contradições.<br />

Conclusões<br />

A pesquisa em poéticas enten<strong>de</strong> que o processo <strong>de</strong> produção artística não se<br />

conclui, pemanecen<strong>do</strong> em aberto, pois implica sempre na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retomada<br />

das questões surgidas. Mas algumas consi<strong>de</strong>rações po<strong>de</strong>m ser levantadas, mesmo não<br />

termina<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> escrita da dissertação. A percepção subjetiva <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

influin<strong>do</strong> nas diversas etapas <strong>de</strong> elaboração da imagem, não <strong>de</strong>scarta a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se perceber no processo <strong>de</strong> criar e refletir sobre a condição. I<strong>de</strong>ntificar os elementos<br />

envolvi<strong>do</strong>s na criação, relacioná-los e perceber as estruturas <strong>de</strong> relação com que<br />

trabalhamos, nos auxiliam a enten<strong>de</strong>r como se dá o processo criativo e, mesmo,<br />

teorizar sobre ele.<br />

Referências bibliográficas<br />

Capa Índice 10170


ASSIS, Macha<strong>do</strong> <strong>de</strong>. O espelho. In Papéis Avulsos. s.l.: Lombaerts & C., 1882. p. 96-102.<br />

Disponível em: Acesso em: 28 jun. 2012.<br />

CAMARGO, Iberê. A Gravura. Porto Alegre: Sagra, 1992.<br />

CLÍMACO, José César Teatini. A gravura em matrizes <strong>de</strong> plástico. 1 ed. Goiânia: Editora da<br />

<strong>UFG</strong>, 2004.<br />

FLUSSER, Vilém. Do Espelho. In Ficções Filosóficas. São Paulo: EdUSP, 1998.<br />

HALL, Stuart. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural na pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: DP&A, 2006.<br />

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OKANO, Michiko. Ma: entre-espaço da comunicação no Japão – Um estu<strong>do</strong> acerca <strong>do</strong>s<br />

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Católica <strong>de</strong> São Paulo, São Paulo, 1983.<br />

REY, Sandra. Da prática à teoria: três instâncias meto<strong>do</strong>lógicas sobre a pesquisa em poéticas<br />

visuais. In Porto Arte. Porto Alegre, nº 13, nov. 1996.<br />

ROSA, Guimarães. O espelho. In Primeiras Estórias. Disponível em:<br />

Acesso em: 28 jun. 2012.<br />

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1988.<br />

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SENAC/DN. FAJARDO, Elias; SUSSEKIND, Felipe; VALE, Marcio <strong>do</strong> (orgs). Oficinas <strong>de</strong><br />

gravura. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Senac Nacional, 1999.<br />

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10172 - 10176<br />

Reconhecimento Automático <strong>de</strong> Aves <strong>de</strong> Nomes Onamatopéicos<br />

Célio Seixo <strong>de</strong> BRITO JUNIOR; Paulo César Miranda MACHADO<br />

Escola <strong>de</strong> Engenharia Elétrica, Mecânica e <strong>de</strong> Computação – <strong>UFG</strong><br />

celiojunior01@gmail.com,pcmmacha<strong>do</strong>@gmail.com<br />

Palavras-chave: Centrói<strong>de</strong>, Entropia, Segmentação, Reconhecimento <strong>de</strong> padrões<br />

1. Introdução<br />

O reconhecimento <strong>de</strong> padrões é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como a área <strong>de</strong> pesquisa que tem<br />

por objetivo a classificação <strong>de</strong> objetos (padrões) em diversas categorias ou classes,<br />

com aplicações nas mais diversas áreas, tais como: reconhecimento <strong>de</strong> fala, <strong>de</strong><br />

escrita e <strong>de</strong> faces, i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> retina, análise <strong>de</strong> eletrocardiogramas, etc<br />

[THEODORIDIS; KOUTROMBAS, 2008].<br />

Atualmente, uma aplicação que vem sen<strong>do</strong> objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s nessa área é a<br />

monitoração e o reconhecimento automático <strong>de</strong> aves a partir <strong>de</strong> suas vocalizações<br />

[BRANDES, 2008]. Com a crescente <strong>de</strong>vastação <strong>de</strong> seus habitats, alguns animais e<br />

aves estão em processo <strong>de</strong> extinção. Visan<strong>do</strong> a preservação, um sistema <strong>de</strong><br />

monitoramento e reconhecimento <strong>de</strong> aves po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong> para verificação das<br />

espécies existentes em uma região e para monitorar aquelas ameaçadas <strong>de</strong><br />

extinção [FAGERLUND, 2004].<br />

Neste trabalho o objetivo é o reconhecimento automático <strong>de</strong> aves <strong>de</strong> nomes<br />

onomatopeicos (aves que tem o nome <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com suas vocalizações). Algumas<br />

vivem em regiões <strong>de</strong> mata rasteira e <strong>de</strong>nsa e, portanto, são mais ouvidas <strong>do</strong> que<br />

vistas (Jaó e Saracura-três-potes), tornan<strong>do</strong> difícil o seu estu<strong>do</strong>, outras tiveram que<br />

se adaptar ao gran<strong>de</strong> avanço da urbanização (Bem-te-vi e Tiziu) [SICK, 1984].<br />

2. Meto<strong>do</strong>logia<br />

A meto<strong>do</strong>logia proposta consiste em fases sucessivas, inician<strong>do</strong> pela fase <strong>de</strong><br />

pré-processamento, que consiste na normalização, filtragem, <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> frequência<br />

e segmentação. Em seguida, com a melhor parte segmentada <strong>do</strong> som, realiza-se o<br />

treinamento <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> reconhecimento e o reconhecimento em si.<br />

Capa Índice 10172


2.1. Normalização<br />

Os sons utiliza<strong>do</strong>s neste trabalho foram coleta<strong>do</strong>s em banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

disponíveis na internet [XENO-CANTO, 2011], [WIKIAVES, 2011] e, portanto, foram<br />

grava<strong>do</strong>s em diferentes condições. Então, o primeiro passo no tratamento <strong>de</strong>sses<br />

sons é a extração <strong>de</strong> seu valor médio e a sua normalização em relação ao seu valor<br />

máximo. Dessa maneira to<strong>do</strong>s os sinais terão valor médio zero e to<strong>do</strong>s os valores<br />

<strong>do</strong>s sinais estarão na mesma faixa <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>, entre -1 e 1 [SAUNDERS, 1996].<br />

2.2. Redução <strong>do</strong> Ruí<strong>do</strong><br />

Para reduzir os ruí<strong>do</strong>s provoca<strong>do</strong>s pelo ambiente, tais como o vento, a chuva<br />

ou outros animais presente no sinal, promoveu-se a filtragem <strong>do</strong> sinal com um filtro<br />

<strong>do</strong> tipo passa faixa (Chebyshev Inverti<strong>do</strong>) [OPPENHEIM; SCHAFER, 1999]. A<br />

frequência mínima e máxima <strong>de</strong> cada sinal, que são usadas como parâmetros <strong>do</strong><br />

filtro, e a frequência mais intensa, são <strong>de</strong>tectadas automaticamente utilizan<strong>do</strong> o<br />

méto<strong>do</strong> <strong>de</strong>scrito em [CONCEIÇÃO; MACHADO; LEMOS, 2011].<br />

2.3. Processo <strong>de</strong> segmentação<br />

O processo <strong>de</strong> segmentação (separação das regiões <strong>de</strong> som das regiões <strong>de</strong><br />

silêncio) utiliza<strong>do</strong> baseia-se no cálculo da energia e <strong>do</strong> centrói<strong>de</strong> <strong>do</strong> sinal.<br />

A energia <strong>do</strong> sinal E(i) é calculada pela equação (1):


econhecimento que serão utiliza<strong>do</strong>s nesse trabalho. Inicialmente, as janelas i <strong>de</strong><br />

tamanho N são subdivididas em sub-janelas j <strong>de</strong> tamanho K. Para cada sub-janela j,<br />

a energia ej 2 é normalizada usan<strong>do</strong> a equação (3) [GIANNAKOPOULOS, 2009]:<br />

2


po<strong>de</strong>-se ver que o reconhecimento foi <strong>de</strong> 100% para as espécies Saracura, Jaó e<br />

Fogo-apagou, enquanto a menor taxa <strong>de</strong> reconhecimento foi <strong>de</strong> 87,5 % para o Tiziu.<br />

Além disso, 95% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> aves foi reconheci<strong>do</strong> corretamente, enquanto o sistema<br />

confundiu alguns indivíduos das espécies Bem-te-vi com Tiziu e Fogo-apagou.<br />

Figura 2. Árvore <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão utilizada na criação <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> reconhecimento<br />

Tabela 1. Resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s na fase <strong>de</strong> reconhecimento.<br />

Saracura<br />

Jaó<br />

Tiziu<br />

Bem-te-vi<br />

Fogo –<br />

Saracura 16<br />

Jaó 17<br />

Tiziu 14 2<br />

Bem-te-vi 4 68 2<br />

Fogo – apagou 42<br />

4. Conclusão<br />

Neste trabalho foi proposta uma meto<strong>do</strong>logia para a realização <strong>do</strong><br />

reconhecimento <strong>de</strong> aves <strong>de</strong> nomes onomatopéicos a partir <strong>de</strong> suas vocalizações. Foi<br />

utiliza<strong>do</strong> um sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção automática da faixa <strong>de</strong> frequência para efeito <strong>de</strong><br />

filtragem automática <strong>do</strong>s sinais, a segmentação <strong>do</strong> sinal em regiões <strong>de</strong> som e<br />

silêncio a partir da energia e centrói<strong>de</strong> <strong>do</strong> sinal e, finalmente, o reconhecimento<br />

utilizan<strong>do</strong> uma árvore <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão construída a partir da entropia <strong>do</strong> sinal e da<br />

frequência mais intensa <strong>do</strong> canto.<br />

Capa Índice 10175<br />

apagou


As técnicas apresentadas mostraram um bom <strong>de</strong>sempenho para a maioria<br />

<strong>do</strong>s sinais testa<strong>do</strong>s, como mostram os resulta<strong>do</strong>s. As características utilizadas para<br />

o reconhecimento (entropia e frequência <strong>de</strong> maior intensida<strong>de</strong>) se mostraram<br />

satisfatórias, já que resultou em 95% das aves reconhecidas corretamente.<br />

Referências<br />

BRANDES, T. S. Automated Sound Recording and Analysis Techniques for Birds<br />

Surveys and Conservation, In: Bird Conservation International p.163-173, 2008.<br />

CONCEIÇÃO, P. F.; MACHADO P. C. M.; LEMOS, R. P. Sistema Automático para<br />

Segmentação <strong>de</strong> Características <strong>de</strong> Sinais Sonoros <strong>de</strong> Aves <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> Brasileiro a<br />

Partir da Análise Tempo Freqüência In: XXIX simpósio brasileiro <strong>de</strong><br />

telecomunicações - SBrT, Curitiba, PR, 2011.<br />

FAGERLUND, S. Automatic Recognition of Bird Species by Their Sounds, Master<br />

Thesis, Dept. of Electrical and Communications Engineering, Helsinki University of<br />

Technology, Helsinki, 2004.<br />

GIANNAKOPOULOS, T. Study and Application of Acoustic Information for the<br />

Detection of Harmful Content, and Fusion with Visual Information, Ph.D. dissertation,<br />

Dept. of Informatics and Telecommunications, University of Athens, Greece, 2009.<br />

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for content-based retrieval In: Pattern recognition Letters 22, pp533-544, 2001.<br />

OPPENHEIM, A. V.; SCHAFER, R. W. Discrete–Time Signal Processing – 2nd<br />

edition, New Jersey, Prentice Hall, 1999.<br />

PETRIDIS, S.; GIANNAKOPOULOS, T.; PERANTONIS, S. A Multi-Class Method for<br />

Detecting Audio Events in News Broadcasts, Lecture Notes in Computer Science,<br />

6040, p. 399-404, 2010.<br />

SAUNDERS, J. Real-Time Discrimination of Broadcast Speech/Music, Proceedings<br />

of the Acoustics, Speech, and Signal Processing” (ICASSP96), p. 993-996, 1996.<br />

SICK, H. Ornitologia Brasileira - Uma Introdução, Brasília, Ed. Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Brasília, 1984.<br />

THEODORIDIS, S.; KOUTROMBAS, K. Pattern Recognition, 3rd edition, Aca<strong>de</strong>mic<br />

Press, 2008.<br />

WIKIAVES, http://www.wikiaves.com.br. Último acesso em 07/04/2012.<br />

XENO-CANTO, http://www.xeno-canto.org/. Último acesso em 07/04/2012.<br />

Capa Índice 10176


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10177 - 10181<br />

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10182 - 10186<br />

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10187 - 10191<br />

Conpeex 2012<br />

Cristalização e Estu<strong>do</strong> Estrutural <strong>de</strong> Compostos Orgânicos <strong>de</strong> Interesse<br />

Biológico<br />

Cinthia Antunes CORRÊA a , José Ricar<strong>do</strong> SABINO a , Pablo José GONÇALVES a ,<br />

22 a 26 <strong>de</strong> outubro, 2012.<br />

Valéria <strong>de</strong> OLIVEIRA b<br />

a Instituto <strong>de</strong> Física, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Goiânia-GO, Brazil<br />

b Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Farmácia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Goiânia-GO, Brazil<br />

cinthiacac@gmail.com<br />

Palavras chave: Montelucaste, porfirinas tetraquis, monocristais, difração <strong>de</strong> raios-<br />

X.<br />

1. Introdução<br />

Deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> fármaco Montelucaste (THUN, MILIUS, et al., 2009),<br />

comercialmente conheci<strong>do</strong> por “Singulair” e utiliza<strong>do</strong> no tratamento <strong>de</strong> problemas<br />

respiratórios e <strong>de</strong> asma (CHIBA, XU, et al., 1997), foram obti<strong>do</strong>s por bioconversão<br />

através <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los microbianos e po<strong>de</strong>m apresentar otimização em relação à ação<br />

farmacológica. Entretanto o mecanismo <strong>de</strong> ação permanece <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>. Outro<br />

composto <strong>de</strong> interesse é a porfirina, formada por quatro anéis pirrólicos com<br />

facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> metalação e que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> íon metálico liga<strong>do</strong>, apresenta<br />

diferentes proprieda<strong>de</strong>s. Dentre as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesse das porfirinas po<strong>de</strong>-se<br />

<strong>de</strong>stacar intensa absorção na região espectral visível (MONTEIRO, PEREIRA, et al.,<br />

2005), afinida<strong>de</strong> por teci<strong>do</strong>s tumorais (HAO, 2007), alta estabilida<strong>de</strong> e absorção na<br />

janela terapêutica (SILVA, SERPA, et al., 2010). Devi<strong>do</strong> à importância <strong>de</strong>stes<br />

compostos, é objetivo <strong>de</strong>ste trabalho obter amostras monocristalinas das porfirinas e<br />

<strong>do</strong>s <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> montelucaste, para elucidação e análise estruturais utilizan<strong>do</strong> a<br />

técnica <strong>de</strong> difração <strong>de</strong> raios-X. Diferentes meto<strong>do</strong>logias foram empregadas para a<br />

obtenção <strong>de</strong> amostras monocristalinas. Um <strong>do</strong>s compostos <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

montelucaste apresentou duas estruturas distintas, sen<strong>do</strong> elas a Bis-Xanthone,<br />

molécula conhecida, mas sem da<strong>do</strong>s cristalográficos <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s no banco <strong>de</strong><br />

da<strong>do</strong>s Cambridge Crystallographic Data Centre (CCDC); e a Xanthone (ONUMA,<br />

IIJIMA e OONOSHI, 1990; MASTERS e BRASE, 2012), conheci<strong>do</strong> metabólito <strong>de</strong><br />

fungos, bactérias e liquens, com estrutura cristalográfica conhecida. A amostra<br />

obtida para uma das porfirinas em estu<strong>do</strong> foi submetida à coleta por difração <strong>de</strong><br />

raios-X, e está em processo <strong>de</strong> elucidação estrutural.<br />

Capa Índice 10187


Conpeex 2012<br />

2. Material e Méto<strong>do</strong>s<br />

As meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong> cristalização utilizadas foram evaporação lenta, difusão<br />

<strong>de</strong> líqui<strong>do</strong>s em temperatura ambiente e em ambiente resfria<strong>do</strong>, e difusão <strong>de</strong> vapor.<br />

Após obtida uma amostra monocristalina, o que foi verifica<strong>do</strong> com a utilização <strong>de</strong> um<br />

microscópio com polariza<strong>do</strong>r e analisa<strong>do</strong>r acopla<strong>do</strong>s, um espécime foi separa<strong>do</strong><br />

para a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s no difratômetro APEX II DUO _ Bruker e teve sua estrutura<br />

elucidada utilizan<strong>do</strong> o pacote <strong>de</strong> programas WinGX (FARRUGIA, 1999). O programa<br />

<strong>do</strong> WinGX utiliza<strong>do</strong> para a resolução estrutural foi o SHELXS-97 (SHELDRICK,<br />

2007), na função méto<strong>do</strong>s diretos, e para o refinamento estrutural foi o SHELXL-97,<br />

pelo méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mínimos quadra<strong>do</strong>s.<br />

3. Resulta<strong>do</strong>s e Discussão<br />

As coletas <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s foram realizadas no Difratrômetro APEX II Duo <strong>do</strong><br />

Laboratório <strong>de</strong> Cristalografia <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Física da <strong>UFG</strong>, utilizan<strong>do</strong> radiação <strong>de</strong><br />

molibidênio (Mo ), cujo comprimento <strong>de</strong> onda é . A coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

da amostra 240B RC01 foi realizada com um monocristal com dimensões <strong>de</strong> 0,214<br />

mm x 0,318 mm x 0,376 mm, para o qual foram feitas 2746 imagens, durante 7,63<br />

horas sen<strong>do</strong> 10 segun<strong>do</strong>s o tempo <strong>de</strong> exposição para cada imagem. Foram obtidas<br />

19686 reflexões das quais 5677 são únicas. As fases foram encontradas através<br />

<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s diretos, os átomos foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s com observações na intensida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s picos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> eletrônica, na hibridização que o átomo po<strong>de</strong> apresentar, e<br />

nos comprimentos <strong>de</strong> ligação entre os átomos; o refinamento foi realiza<strong>do</strong> pelo<br />

méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mínimos quadra<strong>do</strong>s e os átomos <strong>de</strong> hidrogênio foram inseri<strong>do</strong>s em<br />

seguida. A estrutura obtida é mostrada na Figura 1, assim como a cela unitária, as<br />

interações <strong>de</strong> curto alcance estão apresentadas nas Figuras 2a, sem os nomes <strong>do</strong>s<br />

átomos, e 2b, sem as moléculas <strong>de</strong> contato, para melhor visualização. Uma<br />

pesquisa no banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s Cambridge Crystallographic Data Centre (CCDC) não<br />

encontrou informações sobre a estrutura cristalina e os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong><br />

Scifin<strong>de</strong>r informam que a estrutura é conhecida como Bis-Xanthone, cujo nome<br />

IUPAC é 9H-Xanthene, 9,9’-oxybis-(9Cl) e número CAS 6538-19-8.<br />

22 a 26 <strong>de</strong> outubro, 2012.<br />

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Conpeex 2012<br />

Figura 1: Molécula da amostra 240B RC01, à esquerda, e a cela unitária na direção (100), à direita.<br />

Figura 2: Interações <strong>de</strong> curto alcance entre as moléculas Bis-Xanthone. a: A cela unitária está<br />

perpendicular ao eixo , e os átomos estão mostra<strong>do</strong>s sem rótulo, para melhor visualização da imagem.<br />

b: A molécula principal com os rótulos <strong>do</strong>s átomos e <strong>do</strong>s átomos aos quais a molécula tem interação,<br />

além <strong>do</strong> comprimento das interações.<br />

A amostra 240B RC06 submetida à coleta possuía dimensões <strong>de</strong> 0,120 mm x<br />

0,130 mm x 0,260 mm, para a qual foram feitas 1215 imagens, em 13h30 <strong>de</strong> coleta<br />

com 40 segun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> exposição para cada imagem, resultan<strong>do</strong> em 7656 reflexões<br />

com 2081 reflexões únicas. A resolução estrutural foi feita através da <strong>de</strong>terminação<br />

das fases através <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s diretos e o refinamento por mínimos quadra<strong>do</strong>s.<br />

Após i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os átomos, os hidrogênios foram adiciona<strong>do</strong>s, e o<br />

refinamento anisotrópico <strong>do</strong>s átomos não hidrogênio foi realiza<strong>do</strong>. A pesquisa no<br />

CCDC resultou no conheci<strong>do</strong> metabólito <strong>de</strong> fungos, liquens e bactérias, Xanthone,<br />

cujo nome IUPAC é 9H-Xanthen-9-one e CAS 90-47-1. A estrutura obtida segue na<br />

Figura 3. As interações <strong>de</strong> curto alcance seguem na Figura 4, sen<strong>do</strong> que a menor é<br />

22 a 26 <strong>de</strong> outubro, 2012.<br />

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Conpeex 2012<br />

<strong>de</strong> 2,460 Å, entre o hidrogênio <strong>do</strong> C3 e o O2, e 3,270(4) Å entre o C3 e o O2, sem o<br />

hidrogênio, sen<strong>do</strong> que a interação equivalente, na literatura, é <strong>de</strong> 3,23 Å (ONUMA,<br />

IIJIMA e OONOSHI, 1990).<br />

Figura 3: La<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>: estrutura da amostra 240B RC06. La<strong>do</strong> direito: Cela unitária.<br />

Figura 4: Interações <strong>de</strong> curto alcance entre as moléculas da cela unitária da Xanthone.<br />

4. Conclusões<br />

Dentre os compostos <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> montelucaste, o que teve melhor taxa <strong>de</strong><br />

obtenção <strong>de</strong> cristais foi o 240B. Os <strong>de</strong>mais compostos se mostraram <strong>de</strong> difícil<br />

cristalização. As porfirinas não foram promissoras nos processos <strong>de</strong> cristalização<br />

emprega<strong>do</strong>s. O composto 240B RC01, cuja estrutura encontrada é conhecida por<br />

Bis-Xanthone e não possui da<strong>do</strong>s cristalográficos <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s no banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

CCDC. A estrutura obtida para a amostra 240B RC06 foi o conheci<strong>do</strong> metabólito <strong>de</strong><br />

fungo, bactéria e líquen, Xanthona. A resolução estrutural da amostra <strong>de</strong> porfirina<br />

TDCPPSO3 está em andamento.<br />

22 a 26 <strong>de</strong> outubro, 2012.<br />

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Conpeex 2012<br />

5. Referências Bibliográficas<br />

CHIBA, M. et al. Hepatic microsomal metabolism of montelukast, a potent<br />

leukotriene D4 receptor antagonist, in humans. Drug Metabolism and Disposition,<br />

West Point, 24 abr. 1997. 1022-1031.<br />

FARRUGIA, L. J. WinGX v1.80. J. Appl. Cryst, v. 32, p. 837-838, 1999.<br />

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applications in medicine and material science. Louisiana State University. [S.l.].<br />

2007.<br />

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MONTEIRO, C. J. P. et al. A comparative study of water soluble 5,10,15,20-<br />

tetrakis(2,6-dichloro-3-sulfophenyl)porphyrin and its metal complexes as<br />

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Coimbra, Portugal; Burgos, Spain; Aubière Ce<strong>de</strong>x, France; Warrington, UK; Salford,<br />

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THUN, J. et al. The crystal structure of API Montelukast. CrystEngComm, 10<br />

mar. 2009. 1306-1308.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Capes e CNPq.<br />

22 a 26 <strong>de</strong> outubro, 2012.<br />

Capa Índice 10191


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10192 - 10196<br />

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10197 - 10201<br />

História e sociologia na frança Fin-<strong>de</strong>-siècle<br />

Clayton Ferreira e Ferreira BORGES; Cristiano Pereira Alencar ARRAIS<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> História, http://www.historia.ufg.br/ 1<br />

cferreiraeferreira@yahoo.com.br<br />

Palavras-chave: mudança; permanência; séries; leis.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Em fins <strong>do</strong> século XIX e inicio <strong>do</strong> século XX, o confronto <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias entre<br />

tradições filosóficas distintas gerou avanços na prática historia<strong>do</strong>ra e em seu mo<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> analisar a realida<strong>de</strong> histórica. Entretanto, muitos mal entendi<strong>do</strong>s também foram<br />

cria<strong>do</strong>s e reproduzi<strong>do</strong>s neste perío<strong>do</strong>. Incompreensões que ainda hoje sustentam<br />

algumas lacunas no entendimento das relações entre a história e a sociologia. O<br />

<strong>de</strong>bate foi efetua<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma acalorada, on<strong>de</strong> os aspectos subjetivos (não<br />

controla<strong>do</strong>s metodicamente) figuravam ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> argumentos críticos bem<br />

fundamenta<strong>do</strong>s. O combate era eminente. A sociologia francesa possuía uma matriz<br />

filosófica ancorada nas ciências da natureza e em sua respectiva concepção<br />

unívoca <strong>de</strong> ciência. A sua ênfase analítica estava direcionada para as permanências<br />

históricas, para a repetição <strong>do</strong>s fenômenos, para aquilo que os fenômenos tinham<br />

<strong>de</strong> similar no tempo e no espaço.<br />

A escola sociológica <strong>de</strong> Emile Durkheim, <strong>de</strong>claradamente her<strong>de</strong>ira <strong>do</strong><br />

projeto <strong>de</strong> uma física social <strong>de</strong> Auguste Comte, tomava para si a árdua tarefa <strong>de</strong><br />

criar uma epistemologia capaz <strong>de</strong> fundar as bases necessárias <strong>de</strong> um legitimo<br />

conhecimento positivo, saber pauta<strong>do</strong> em fatos criticamente constata<strong>do</strong>s na<br />

realida<strong>de</strong> empírica, embora o objetivo <strong>de</strong>ste que se apresentava como o único saber<br />

verda<strong>de</strong>iramente científico era, obviamente, encontrar as leis históricas, fosse o<br />

conceito <strong>de</strong> lei entendi<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>terminista ou não. De to<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>, as leis eram<br />

vistas como necessárias para um conhecimento objetivo, científico, e a aspiração à<br />

institucionalização da sociologia tinha como empecilho a milenar e recéminstitucionalizada<br />

-em França- disciplina histórica. A história praticada até então foi<br />

pejorativamente <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> "factual", e era vista pelos mesmos como mera<br />

ciência auxiliar à sociologia, o méto<strong>do</strong> histórico possuíria sua valida<strong>de</strong> heurística em<br />

um saber que se propunha tarefas grandiosas. Ocorre então uma mudança <strong>de</strong><br />

1 Bolsista pelo REUNI.<br />

Capa Índice 10197<br />

1


ênfase nas categorias consi<strong>de</strong>radas como primordiais para o conhecimento <strong>do</strong><br />

homem, e em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong> político urge como interesse maior o social.<br />

Os historia<strong>do</strong>res por sua vez, apesar <strong>de</strong> admitirem avanços pontuais<br />

advin<strong>do</strong>s da também <strong>de</strong>nominada "história filosófica", se recusavam a admitir que o<br />

seu saber não fosse científico meramente por não atingir os mesmos padrões <strong>de</strong><br />

objetivida<strong>de</strong> das ciências naturais. O espírito positivo que permeava sua prática não<br />

era her<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Comte, mas antes da tradição historista emblematicamente<br />

representada por Leopold von Ranke. Recusava-se a transferência <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s das<br />

ciências naturais à história, e <strong>de</strong>fendia-se a proeminência das categorias que<br />

enfatizava a mudança, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s fenômenos humanos no tempo. A<br />

individualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatos históricos era evocada em favor da liberda<strong>de</strong> e da<br />

importâncias das ações e das intenções humanas em <strong>de</strong>trimento da inserção<br />

<strong>de</strong>terminista <strong>do</strong>s homens em seu meio e suas respectivas relações sociais. As leis<br />

históricas sen<strong>do</strong> categoricamente rejeitadas pela gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s historia<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> ofício <strong>do</strong> século XIX.<br />

Ambos os la<strong>do</strong>s estavam interessa<strong>do</strong>s no diálogo, mas igualmente em<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus respectivos pontos <strong>de</strong> vistas diferentes sobre uma mesma realida<strong>de</strong><br />

histórica. Categorias - mudança; permanência; <strong>de</strong>senvolvimento; (di) semelhança - e<br />

conceitos - espírito positivo; imaginação histórica; tempo; progresso; causalida<strong>de</strong>;<br />

séries históricas; leis - importantes até hoje na esfera <strong>de</strong> ambas os saberes<br />

perpassaram este <strong>de</strong>bate que á época já se dava sob o signo das condições <strong>de</strong><br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cientificida<strong>de</strong> <strong>do</strong> conhecimento das coisas humanas. O<br />

procedimento científico da generalização se colocava como um <strong>do</strong>s pilares da<br />

discórdia entre ambas as tradições. Determinar os fatos era então somente o<br />

primeiro passo para o conhecimento - e o ponto <strong>de</strong> convergência entre ambas<br />

tendências -, o mo<strong>do</strong> correto <strong>de</strong> operar a generalização <strong>do</strong>s fenômenos humanos é<br />

que se colocava como litigioso.<br />

2 MATERIAL E MÉTODOS<br />

O objeto <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> foi a Revue <strong>de</strong> Synthèse Historique (RSH),<br />

uma revista histórica francesa criada em 1900 com o intuito <strong>de</strong> contribuir para o<br />

avanço no <strong>de</strong>bate entre a história e a nascente sociologia francesa. O trabalho<br />

heurístico teve como início a extração das revistas através <strong>do</strong> site www.archive.org<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua recente digitalização e, posteriormente foi realiza<strong>do</strong> a catalogação das<br />

Capa Índice 10198<br />

2


mesmas (ano, n°, volume ), <strong>do</strong>s artigos e autores pr ocuran<strong>do</strong> construir um quadro<br />

quantitativo que proporcionasse informações (diálogos efetua<strong>do</strong>s e os autores<br />

inseri<strong>do</strong>s nele) suficientes para uma análise qualitativa daqueles trabalhos<br />

importantes para nossa pesquisa.<br />

Nosso recorte temporal abarca 14 anos (1900-1914) <strong>de</strong> produção<br />

científica. Trabalhamos então com vários artigos <strong>do</strong> filósofo e historia<strong>do</strong>r romeno A.<br />

D. Xénopol, pois o consi<strong>de</strong>ramos um importante fio condutor na interpretação <strong>do</strong>s<br />

problemas inerentes á relação entre história e sociologia. Ao mesmo tempo, também<br />

nos preocupamos em analisar outros artigos publica<strong>do</strong>s na mesma revista, o que<br />

caracteriza um dialogo entre vários autores sobre as condições <strong>de</strong> cientificida<strong>de</strong> da<br />

história em sua intima relação para com a escola sociológica <strong>de</strong> Durkheim.<br />

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A. D. Xénopol foi um historia<strong>do</strong>r extremamente preocupa<strong>do</strong> com os<br />

aspectos normativos <strong>do</strong> saber histórico. Dentro <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> diálogo entre<br />

historia<strong>do</strong>res e sociólogos, o autor se posiciona explicitamente como um historia<strong>do</strong>r<br />

"tradicional", <strong>de</strong>fensor da alcunha <strong>de</strong> ciência à história como ela até então havia si<strong>do</strong><br />

praticada. A originalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua concepção <strong>de</strong> história não se localiza na sua<br />

afirmação <strong>de</strong> cientificida<strong>de</strong> <strong>do</strong> saber histórico pauta<strong>do</strong> em um méto<strong>do</strong> rigoroso, on<strong>de</strong><br />

as continuida<strong>de</strong>s eram levadas em consi<strong>de</strong>ração sem que, no entanto, se admitisse<br />

qualquer proeminência das características constantes, mas antes em sua divisão<br />

categorial <strong>do</strong>s fatos, em fenômenos que se repetem e fenômenos que se suce<strong>de</strong>m<br />

no tempo.<br />

Para Xénopol somente os elementos humanos sucessivos eram<br />

históricos, pois sua visão historicista <strong>do</strong>s fenômenos humanos colocava a mudança<br />

no tempo como um <strong>do</strong>s requisitos básicos para a sua apreciação científica. As<br />

semelhanças entre os fenômenos humanos no tempo não po<strong>de</strong>riam serem<br />

<strong>de</strong>terminadas <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a se criar fórmulas gerais - leis - <strong>de</strong>terminantes <strong>do</strong>s fatos<br />

humanos, pois cada acontecimento humano possuiria uma individualida<strong>de</strong> em<br />

função <strong>de</strong> suas circunstâncias <strong>de</strong> produção - aspectos temporais e espaciais. Deste<br />

mo<strong>do</strong>, por mais que existissem eventos humanos similares no curso <strong>do</strong> tempo, eles<br />

nunca se dariam <strong>de</strong> forma plenamente semelhante.<br />

Assim, mesmo que implicitamente, ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a particularida<strong>de</strong> da<br />

história - uma ciência da sucessão - frente ás ciências da repetição - notoriamente<br />

Capa Índice 10199<br />

3


as ciências que tratam <strong>do</strong>s fenômenos naturais - através da <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> um méto<strong>do</strong><br />

particular á história, Xénopol nega a existência <strong>de</strong> somente um padrão <strong>de</strong><br />

racionalida<strong>de</strong> científica, on<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong>mais saberes <strong>de</strong>veriam se a<strong>de</strong>quar para<br />

atingir o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> grau <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong> caracteriza<strong>do</strong>r da alcunha <strong>de</strong> ciência. 2<br />

4 CONCLUSÃO<br />

Pauta<strong>do</strong> no trabalho realiza<strong>do</strong> até agora julgamos plausível afirmar que<br />

Xénopol po<strong>de</strong> ser li<strong>do</strong> pelos historia<strong>do</strong>res e sociólogos da atualida<strong>de</strong> como um<br />

valioso fio condutor que nos permite revisitar os <strong>de</strong>bates entre ambas as disciplinas<br />

e reinterpretar suas possíveis aproximações. Sua preocupação em <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a<br />

história da até então insurgente sociologia nos fornece um importante meio <strong>de</strong><br />

reflexão <strong>do</strong>s limites e das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ambos os saberes. Se no século XX é<br />

inegável a contribuição da ciência social para o saber histórico, a permanência da<br />

distinção entre os referi<strong>do</strong>s saberes nos levar a reconsi<strong>de</strong>rar a <strong>de</strong>vida importância <strong>de</strong><br />

cada esfera <strong>do</strong>s fenômenos humanos, tanto as mudanças quanto as permanências<br />

humanas <strong>de</strong>vem assim ser levadas em consi<strong>de</strong>ração. Pois, se se avaliar os<br />

aspectos exteriores <strong>do</strong>s fatos humanos é extremamente necessário para a<br />

compreensão <strong>do</strong>s homens viven<strong>do</strong> em socieda<strong>de</strong>, não cabe submergir os aspectos<br />

interiores, aqueles que po<strong>de</strong>m ser percebi<strong>do</strong>s nas intenções humanas no tempo,<br />

i<strong>de</strong>ias que funcionam como propulsores <strong>de</strong> mudanças.<br />

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LACOMBE, PAUL. La science <strong>de</strong> l’Histoire d’après M. Xénopol. In: Revue <strong>de</strong><br />

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Synthèse Historique, T. 01, p. 121-136: 1900.<br />

XÉNOPOL, A. D. La classification <strong>de</strong>s sciences et l’histoire. In.: Revue <strong>de</strong> Synthèse<br />

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XÉNOPOL, A. D. La causalité dans la succession. In.: Revue <strong>de</strong> Synthèse<br />

Historique, T. 08, n. 24, 1904a.<br />

XÉNOPOL, A. D. L’imagination en histoire. In.: Revue <strong>de</strong> Synthèse Historique, T. 18,<br />

p. 20-31, 1909.<br />

2<br />

O que neste específico ponto o <strong>de</strong>ixa bem próximo <strong>de</strong> neokantianos como Rickert e sua <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong><br />

racionalida<strong>de</strong>s diferentes ás ciências <strong>do</strong> espírito e da natureza.<br />

Capa Índice 10200<br />

4


XÉNOPOL, A. D. L’inference en histoire. In.: Revue <strong>de</strong> Synthèse Historique, T 22, p.<br />

257-268, 1911.<br />

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REIS, José Carlos. A história, entre a filosofia e a ciência. São Paulo: Ática, 1996.<br />

Capa Índice 10201<br />

5


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10202 - 10206<br />

SATISFAÇÃO PROFISSIONAL DE DOCENTES DE NUTRIÇÃO<br />

Autoras:<br />

Cléia Graziele Lima <strong>do</strong> Valle CARDOSO¹, Nilce Maria da Silva Campos COSTA²<br />

¹Professor da Universida<strong>de</strong> Paulista – Goiânia.cleiagraziele@yahoo.com.br<br />

²Professor Associa<strong>do</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás. nilcecosta58@gmail.com<br />

PALAVRAS-CHAVE: Docência <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> Superior, Satisfação, Nutrição.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

A atuação <strong>do</strong>cente no ensino superior reflete os sentimentos e momentos<br />

vivi<strong>do</strong>s pelos professores. A satisfação com o <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s da<br />

<strong>do</strong>cência, com os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>s pelos estudantes, com as condições <strong>de</strong><br />

trabalho e com a instituição <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral farão com que o<br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> professor revele-se mais ou menos eficaz, refletin<strong>do</strong> no sucesso da<br />

missão das instituições <strong>de</strong> ensino superior em proporcionarem uma aprendizagem<br />

significativa.<br />

A carreira <strong>do</strong>cente é formada <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que envolvem <strong>de</strong>sgastes físicos,<br />

mentais e psicológicos, que po<strong>de</strong>m levar à frustração. A a<strong>de</strong>quada promoção da<br />

satisfação pessoal <strong>do</strong> professor através da diminuição <strong>do</strong>s fatores gera<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

insatisfação, tais como, más condições <strong>de</strong> trabalho, sobrecarga <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, baixa<br />

remuneração, ambientes hostis e <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong>s fatores promotores <strong>de</strong> satisfação,<br />

como a melhoria das relações sujeito-trabalho e professor-aluno, a promoção<br />

através <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> cargos e salários, po<strong>de</strong> representar para os professores<br />

uma maior <strong>de</strong>dicação às suas funções, bem como uma menor rotativida<strong>de</strong>,<br />

garantin<strong>do</strong> às instituições uma melhor visibilida<strong>de</strong> na socieda<strong>de</strong> (BUNTON et al.,<br />

2012; COSTA, 2009; MARQUEZE; MORENO,.2009; ZABALZA, 2004).<br />

Enten<strong>de</strong>r os <strong>de</strong>terminantes da satisfação <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong>cente é fundamental<br />

para que as universida<strong>de</strong>s alcancem a excelência em to<strong>do</strong>s os seus propósitos. A<br />

satisfação profissional po<strong>de</strong> influenciar na qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s professores e <strong>do</strong> ensino<br />

ofereci<strong>do</strong>. Instituições que enten<strong>de</strong>m e valorizam esta questão possuem melhores<br />

condições <strong>de</strong> proporcionar um ambiente <strong>de</strong> trabalho agradável, atrain<strong>do</strong> e reten<strong>do</strong><br />

profissionais <strong>do</strong>centes <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong> (BUNTON et al., 2012).<br />

Capa Índice 10202


O objetivo <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> foi conhecer o nível <strong>de</strong> satisfação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes <strong>de</strong><br />

cursos <strong>de</strong> Nutrição, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> os fatores que geram satisfação e insatisfação com<br />

a carreira <strong>do</strong>cente.<br />

2 MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foi realiza<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> abordagem qualitativa com caráter <strong>de</strong>scritivo e<br />

exploratório com 13 professores efetivos, <strong>de</strong> ambos os sexos, que ministravam aulas<br />

teóricas e práticas em cursos <strong>de</strong> Nutrição <strong>de</strong> duas Instituições <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> Superior da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia.<br />

Para <strong>de</strong>finição da amostra foi utiliza<strong>do</strong> o critério <strong>de</strong> amostragem por saturação<br />

(FONTANELLA; RICAS; TURATO, 2008). Em um encontro da pesquisa<strong>do</strong>ra com<br />

cada <strong>do</strong>cente, foi entregue o questionário a ser respondi<strong>do</strong> e realizada a entrevista<br />

semi-estruturada, gravada em áudio. O questionário utiliza<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong>, bem<br />

como o roteiro das entrevistas foram adapta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> Costa (2005).<br />

Os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> questionário foram analisa<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a<br />

meto<strong>do</strong>logia da estatística <strong>de</strong>scritiva por fornecer um perfil das características <strong>do</strong><br />

grupo estuda<strong>do</strong> e da distribuição <strong>de</strong> eventos neste grupo (GOMES et al.; 2008).<br />

Para a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s através da entrevista semi-estruturada foi<br />

utilizada a técnica <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> Bardin (2009).<br />

A realização <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> foi aprovada pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em <strong>Pesquisa</strong> <strong>do</strong><br />

Hospital das Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (CEP/ HC-<strong>UFG</strong>), sob<br />

protocolo n° 172/2011<br />

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Participaram <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> 13 professores, sen<strong>do</strong> a maioria <strong>do</strong> sexo feminino<br />

(92,3%), com ida<strong>de</strong> entre 29 e 59 anos. O tempo <strong>de</strong> <strong>do</strong>cência variou entre 1 e 40<br />

anos, sen<strong>do</strong> que 38,5% tinham entre 1 e 10 anos <strong>de</strong> carreira <strong>do</strong>cente e a maioria<br />

(61,5%) mais <strong>de</strong> 10 anos <strong>de</strong> profissão. Com relação à carga horária <strong>de</strong> trabalho,<br />

84,6% possuíam contrato <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação exclusiva com a universida<strong>de</strong> e 15,4%<br />

trabalhavam como horistas.<br />

Quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s sobre o nível <strong>de</strong> satisfação com a <strong>do</strong>cência, 53,85%<br />

<strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s afirmaram estar satisfeitos, enquanto 30,77% estavam<br />

insatisfeitos e 15,38% mostraram-se indiferentes, não sen<strong>do</strong> capazes <strong>de</strong> quantificar<br />

o nível <strong>de</strong> satisfação. O alto índice <strong>de</strong> satisfação com a profissão entre os <strong>do</strong>centes<br />

Capa Índice 10203


está <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o encontra<strong>do</strong> por Costa (2009), Marqueze e Moreno (2009),<br />

Garcia e Silva (2011) e Bunton et al. (2012).<br />

Dentre os motivos <strong>de</strong> satisfação <strong>do</strong>s professores, <strong>de</strong>staca-se o fato <strong>de</strong><br />

gostarem <strong>do</strong> que fazem, terem a <strong>do</strong>cência como uma satisfação pessoal e<br />

realização <strong>de</strong> uma vocação. Tais fatores foram relata<strong>do</strong>s por 61,53% <strong>do</strong>s<br />

entrevista<strong>do</strong>s. Estes resulta<strong>do</strong>s estão em sintonia com os encontra<strong>do</strong>s por Costa<br />

(2009), ao afirmar que os fatores que conduzem à motivação e satisfação<br />

relacionam-se à características intrínsecas tais como auto-realização,<br />

reconhecimento e crescimento psicológico. Peters et al. (2009), por outro la<strong>do</strong>,<br />

atesta que o bom aluno foi aponta<strong>do</strong> como principal motivo <strong>de</strong> satisfação, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-<br />

se concluir por um entrelaçamento entre fatores intrínsecos e extrínsecos, não<br />

obstante a prepon<strong>de</strong>rância daqueles.<br />

Outras questões também apontadas como gera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> satisfação, embora<br />

com menor frequência nas falas, foram: o aprendiza<strong>do</strong>, interesse e participação <strong>do</strong><br />

estudante, o reconhecimento por parte <strong>do</strong>s alunos e da instituição, as oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> extensão, além da estabilida<strong>de</strong> profissional.<br />

Nota-se que a progressão na carreira está também relacionada ao bem-estar <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>centes e das universida<strong>de</strong>s como um to<strong>do</strong>, conforme também afirma Kanter<br />

(2011), o que evi<strong>de</strong>ncia a importância da valorização <strong>do</strong> professor e <strong>do</strong> incentivo às<br />

suas ativida<strong>de</strong>s.<br />

Observou-se que as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa também foram referidas<br />

como um motiva<strong>do</strong>r <strong>de</strong> satisfação, resulta<strong>do</strong> este corrobora<strong>do</strong> por Cox et al. (2011),<br />

que afirmaram em seu trabalho que os professores que <strong>de</strong>senvolvem pesquisa<br />

relatam maior satisfação profissional.<br />

Na análise <strong>do</strong>s fatores causa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> insatisfação, <strong>de</strong>stacou-se a referência<br />

ao excesso <strong>de</strong> trabalho alia<strong>do</strong> às ativida<strong>de</strong>s extras (administrativas, burocráticas,<br />

assistência etc.), relata<strong>do</strong> por 61,53% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes entrevista<strong>do</strong>s, o que não <strong>de</strong>stoa<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s por Marqueze e Moreno (2009).<br />

Os problemas resultantes <strong>de</strong> relacionamento com alunos, colegas e com a<br />

própria instituição, na pessoa <strong>do</strong>s coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res, diretores e gestores, também<br />

emergiu como origina<strong>do</strong>res <strong>de</strong> insatisfações nas falas <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s (46,15%).<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>, a importância <strong>do</strong> relacionamento com colegas, bem como com a<br />

li<strong>de</strong>rança das instituições sobre o nível <strong>de</strong> satisfação, também foi apontada por<br />

Bunton et al. (2012) em seu estu<strong>do</strong>.<br />

Capa Índice 10204


Outros motivos <strong>de</strong> insatisfação também referi<strong>do</strong>s foram: turmas muito gran<strong>de</strong>s<br />

com alunos <strong>de</strong>sinteressa<strong>do</strong>s, que não respeitam o professor; <strong>de</strong>svalorização <strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>cente; falta <strong>de</strong> reconhecimento; estrutura física <strong>de</strong>ficiente e falta <strong>de</strong> recursos para<br />

o incentivo à pesquisa. Importante <strong>de</strong>stacar que Moore, Cruisckshank e Haas<br />

(2006), após analisarem diversos artigos sobre insatisfação no trabalho entre<br />

terapeutas ocupacionais, encontraram como motivos <strong>de</strong> insatisfação justamente as<br />

condições <strong>de</strong> trabalho, envolven<strong>do</strong> estrutura física, limitação <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s e<br />

excesso <strong>de</strong> pacientes, o que, resguardadas as <strong>de</strong>vidas diferenças, relaciona-se com<br />

o <strong>de</strong>scrito pelos <strong>do</strong>centes neste trabalho.<br />

Por fim, quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r escolher<br />

novamente a <strong>do</strong>cência como profissão, a maioria (76, 93%) <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>s<br />

afirmaram que escolheriam esta profissão outra vez, enquanto somente 15,38% não<br />

o fariam e 7,69% não souberam respon<strong>de</strong>r. Estes resulta<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser testifica<strong>do</strong>s<br />

pelo encontra<strong>do</strong> por Bunton et al. (2012), on<strong>de</strong> 70,2% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes disseram que<br />

escolheriam novamente esta carreira.<br />

4 CONCLUSÕES<br />

Com base nos resulta<strong>do</strong>s acima analisa<strong>do</strong>s, percebe-se que a satisfação<br />

interfere diretamente no exercício da <strong>do</strong>cência, com reflexo na própria capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> trabalho, daí a importância <strong>de</strong> se discutir o assunto. Conclui-se<br />

que, em sua maioria, os <strong>do</strong>centes estão satisfeitos com a ativida<strong>de</strong> realizada, porém,<br />

os principais motivos <strong>de</strong>ssa satisfação estão relaciona<strong>do</strong>s a características pessoais.<br />

A insatisfação, por sua vez, está relacionada principalmente ao papel da instituição<br />

no processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, é possível afirmar que a diminuição <strong>do</strong>s fatores gera<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

insatisfação, mediante a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> medidas preventivas, <strong>de</strong> implemento <strong>de</strong> fatores<br />

volta<strong>do</strong>s ao aumento da satisfação no exercício da <strong>do</strong>cência, refletiria diretamente<br />

em uma maior motivação <strong>do</strong> professor para realizar seu trabalho. Destacan<strong>do</strong>-se<br />

assim, o papel das instituições e seus gestores sobre a satisfação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>centes<br />

como fator <strong>de</strong>terminante da eficácia no propósito <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> profissionais<br />

capacita<strong>do</strong>s, reflexivos e críticos.<br />

REFERÊNCIAS<br />

BARDIN, L. Análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>. Lisboa: Edições 70, 2009. 287 p.<br />

Capa Índice 10205


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Capa Índice 10206


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10207 - 10211<br />

A GESTÃO AMBIENTAL NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE<br />

PRODUTOS<br />

Cristiane Martins COTRIM<br />

Cleuler Barbosa das NEVES<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Mestra<strong>do</strong> em Direito Agrário da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás - (www.mesttra<strong>do</strong>.direito.ufg.br)<br />

Palavras- Chave: Desenvolvimento <strong>de</strong> Novos Produtos; Variável Ambiental;<br />

Inovação.<br />

As questões ambientais, na atualida<strong>de</strong>, adquiriram um peso significativo,<br />

tanto nos aspectos sociais quanto econômicos, a criação <strong>de</strong> conceitos ecológicos,<br />

tais como, <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, economia ver<strong>de</strong>, governança ambiental e<br />

afins, fizeram com que as querelas ambientais aban<strong>do</strong>nassem o campo teórico para<br />

serem inseridas no cotidiano empresarial, bem como nas potencialida<strong>de</strong>s<br />

merca<strong>do</strong>lógicas.<br />

A gestão empresarial precisa ser pautada por critérios ambientais em toda<br />

a sua praticida<strong>de</strong>, e precipuamente quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um novo<br />

produto, em que os processos e procedimentos organizacionais empresarias <strong>de</strong>vem<br />

avaliar as prerrogativas ambientais enquanto sinônimo <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> custos,<br />

aceitação <strong>do</strong>s produtos no merca<strong>do</strong>, e quiçá, o sucesso ou não <strong>de</strong> sua<br />

comercialização.<br />

O presente procurou respon<strong>de</strong>r a seguinte problemática, se a gestão<br />

ambiental é possível <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um novo produto,<br />

observan<strong>do</strong>-se a abordagem revisionista <strong>de</strong> Porter, tão discutida na década <strong>de</strong> 90, e<br />

que contradisse até então as concepções vigentes, ao expressar que as variáveis<br />

ambientais não eram limita<strong>do</strong>ras ao <strong>de</strong>senvolvimento da empresas e sim,<br />

fomenta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>.<br />

E para tanto, <strong>de</strong> forma geral, objetivou-se compreen<strong>de</strong>r as etapas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos e seria possível em cada uma <strong>de</strong>las, a inserção<br />

da variável ambiental, <strong>de</strong> forma específica, enten<strong>de</strong>r o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Porter <strong>de</strong>ntro da<br />

gestão ambiental, relacionar os conceitos tradicionais <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> inovação á<br />

Capa Índice 10207


gestão ambiental e especificar todas as etapas <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

novos produtos.<br />

O presente trabalho científico justifica-se por ser a temática ambiental<br />

necessária a qualquer ativida<strong>de</strong> cotidianamente praticada, já que vincula-se a<br />

dignida<strong>de</strong> da pessoa humana, seja no processo produtivo, seja no processo<br />

consumerista.<br />

No <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> trabalho procurou-se <strong>de</strong>finir quais seriam as etapas <strong>do</strong><br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos e se a variável ambiental po<strong>de</strong>ria<br />

ser inserida nos referi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong>-se assim a possibilida<strong>de</strong> ou não da gestão<br />

ambiental, enquanto <strong>de</strong>terminante das variáveis ambientais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a concepção da<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> novo produto até a fase <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>scarte, leia-se <strong>de</strong>stinação e disposição<br />

a<strong>de</strong>quada.<br />

Quanto aos méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s, este estu<strong>do</strong> é <strong>de</strong> cunho exploratório já que<br />

propõe uma nova abordagem para a inovação aberta com a inserção da gestão<br />

ambiental no planejamento estratégico das empresas, e especificamente no<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos, não haven<strong>do</strong> práticas empíricas, e<br />

sim, a análise bibliográfica e <strong>do</strong>cumental <strong>de</strong> obras e <strong>do</strong>cumentos que corroborem a<br />

situação aqui proposta.<br />

Escolheu-se iniciar o presente com uma abordagem <strong>do</strong>s conceitos<br />

essenciais para a compreensão da Inovação Aberta, assim como para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos, utilizan<strong>do</strong>-se da <strong>do</strong>utrina existente sobre o<br />

tema <strong>de</strong> forma científica, com a escolha <strong>do</strong>s autores já conceitua<strong>do</strong>s, bem como <strong>de</strong><br />

informações <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> órgãos <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fé pública.<br />

Para dar sequência a pesquisa utilizou-se a abordagem revisionista <strong>de</strong><br />

Porter, também chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> “Méto<strong>do</strong> Porter” para analisar se a gestão ambiental<br />

po<strong>de</strong>ria ou não ser inserida na criação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos <strong>de</strong>ntro<br />

da Inovação Aberta, e quais seriam as consequências <strong>de</strong>ste. E, ao elencar as fases<br />

<strong>de</strong> criação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos procurou-se inserir a variável<br />

ambiental em cada uma <strong>de</strong>las para que se corroborasse se seria ou não viável tal<br />

hipótese.<br />

Não foram feitas experimentações, e sim, uma abordagem <strong>do</strong>gmática, <strong>de</strong><br />

forma interdisciplinar, sobre os conceitos existentes, caraterizan<strong>do</strong> tal pesquisa como<br />

teórica.<br />

Capa Índice 10208


Em relação a sua estruturação constitui-se da introdução em que se<br />

justifica o porquê da gestão ambiental no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos, a análise<br />

das fases <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s produtos com a gestão ambiental, a<br />

compreensão <strong>do</strong> surgimento da questão ambiental, a conceituação <strong>do</strong> que seria<br />

essa gestão ambiental em cada fase <strong>do</strong> planejamento estratégico <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos, a análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s, as consi<strong>de</strong>rações<br />

finais e as referências, tanto as bibliográficas, quanto as <strong>do</strong>cumentais.<br />

Quanto aos resulta<strong>do</strong>s, observou-se, primeiramente que não há estu<strong>do</strong>s<br />

específicos sobre o tema aqui testilha<strong>do</strong> que apesar <strong>do</strong> “modismo social” vincula<strong>do</strong> a<br />

questão ambiental não há, ao menos na seara <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos<br />

produtos, pesquisas que versejem sobre como se dá a gestão ambiental em cada<br />

etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos.<br />

E, <strong>de</strong>starte, que não há nem mesmo uma pacificação <strong>do</strong>utrinária sobre o<br />

que seria o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos, já que cada autor elenca fases e<br />

microfases diferenciadas, incluso quanto ao momento inicial e final <strong>de</strong> tal processo.<br />

Quanto a gestão ambiental, apesar <strong>do</strong> “Méto<strong>do</strong> Porter” datar <strong>de</strong> 1991,<br />

carece o referi<strong>do</strong> <strong>de</strong> experimentações e atualizações, pois muito se evoluiu da<br />

década <strong>de</strong> 90, e precipuamente em épocas <strong>de</strong> globalida<strong>de</strong>, em que o<br />

“ambientalmente correto” foi socializa<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que em 2012 já se fala em conceitos<br />

como Economia Ver<strong>de</strong> e Governança Ambiental, não sen<strong>do</strong> a abordagem<br />

revisionista <strong>de</strong> Porter consi<strong>de</strong>rada mais como positivação <strong>de</strong> ações ambientais<br />

limítrofes ao <strong>de</strong>senvolvimentismo econômico.<br />

Percebeu-se que é perfeitamente possível a inclusão da gestão ambiental<br />

em todas as etapas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos, contu<strong>do</strong> as pequenas<br />

empresas face aos custos <strong>de</strong> tal iniciativa não teriam condições <strong>de</strong> o fazer, porém<br />

em época <strong>de</strong> Inovação Aberta quan<strong>do</strong> o conhecimento é compartilha<strong>do</strong>, seja via<br />

parcerias ou patentes, po<strong>de</strong>ria tal querela ser melhor trabalhada.<br />

Novas pesquisas, incluso com a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um procedimento para a<br />

inserção da gestão ambiental <strong>de</strong>vem acontecer, já que o presente limitou-se a<br />

analisar se a gestão ambiental seria ou não utilizável no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s<br />

produtos, e não factualmente como seria o seu procedimento, tal como o “Méto<strong>do</strong><br />

Porter” já insinuava na década <strong>de</strong> 90.<br />

Capa Índice 10209


A principal contribuição <strong>de</strong>ste é apontar que o viés ambiental po<strong>de</strong> estar<br />

presente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a concepção da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um novo produto até a sua <strong>de</strong>stinação e<br />

disposição, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> por muitos, <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte,e incluso que ações como redução,<br />

reciclagem e reutilização po<strong>de</strong>m ser possíveis no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

novos produtos.<br />

E, outrossim, que a análise da etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte <strong>do</strong>s produtos quan<strong>do</strong> da<br />

<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> não mais fabricá-lo <strong>de</strong>ve ser especificamente analisada, já que <strong>de</strong>termina<br />

não só a concepção <strong>do</strong> novo produto a ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, bem como a imagem<br />

social que a empresa terá com o público consumi<strong>do</strong>r, pois o simples fato <strong>de</strong> existir<br />

um novo produto não significa que o mesmo será <strong>de</strong>manda<strong>do</strong>.<br />

De forma crítica, faz-se necessário a criação <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> trabalho,<br />

com experiência na área ambiental, que possa acompanhar <strong>de</strong> forma avaliativa as<br />

possíveis variáveis ambientais em cada etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s novos<br />

produtos para que se mensure a praticida<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong>stas, bem como todas as<br />

adaptações e reformulações que se fizerem necessárias, e assim, elaborar um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão ambiental que seja aplica<strong>do</strong> as empresas que pratiquem a<br />

inovação aberta.<br />

Ao <strong>de</strong>finir que o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos não se<br />

finda com a simples produção <strong>do</strong> mesmo, mas sim em como será o seu <strong>de</strong>scarte,<br />

enquanto retirada <strong>do</strong> produto <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, para que um novo seja<br />

inseri<strong>do</strong>, criou-se uma nova vertente para as querelas ambientais, já que a<br />

<strong>de</strong>stinação e disposição <strong>de</strong>stes produtos, vinculada a ações, tais como, reciclagem,<br />

reutilização e redução, tornam-se <strong>de</strong> supra importância não só para o merca<strong>do</strong><br />

produtivo como também para o merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r.<br />

Em eras <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> acirrada, a gestão ambiental surge como um<br />

diferencial a ser utiliza<strong>do</strong> pelas empresas, em que o fator limítrofe das<br />

regulamentações ambientais é substituí<strong>do</strong> pelo marketing <strong>do</strong> produto<br />

“ecologicamente correto”, o que já era testilha<strong>do</strong> por Porter na década <strong>de</strong> 90.<br />

Os investimentos a serem feitos com a gestão ambientais serão<br />

fomenta<strong>do</strong>s pela redução <strong>de</strong> custos quan<strong>do</strong> da efetivação das variáveis ambientais<br />

no processo <strong>de</strong> criação, <strong>de</strong>senvolvimento, produção e comercialização <strong>do</strong>s novos<br />

produtos.<br />

Capa Índice 10210


A gestão ambiental é uma realida<strong>de</strong> no mun<strong>do</strong> da globalida<strong>de</strong> caben<strong>do</strong> as<br />

empresas <strong>de</strong>finir um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos que acople as<br />

variáveis ambientais em todas as suas etapas, fomentan<strong>do</strong> um novo tipo <strong>de</strong><br />

concorrência, bem como uma nova forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda social <strong>do</strong>s produtos a serem<br />

produzi<strong>do</strong>s, e primordialmente uma nova visão <strong>do</strong> público consumi<strong>do</strong>r as empresas<br />

que a pratiquem.<br />

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Capa Índice 10211


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10212 - 10216<br />

Rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> Varieda<strong>de</strong>s Compactas com e sem Bor<strong>do</strong><br />

Cristian Camilo Cár<strong>de</strong>nas CÁRDENAS; Levi Rosa ADRIANO<br />

Instituto <strong>de</strong> Matemática e Estatística, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Campus II- Caixa<br />

Postal 131, CEP 74001-970 - Goiânia, GO, Brasil.<br />

E-mail: camilo2919@hotmail.com; levi@mat.ufg.br<br />

Palavras chaves: Varieda<strong>de</strong> Riemanniana, Curvatura, Segunda Forma Fundamental,<br />

Ponto Conjuga<strong>do</strong>.<br />

1 Introdução<br />

Este trabalho consiste em mostrar alguns resulta<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s com aspectos globais da<br />

geometria diferencial, mais específicamente vamos falar sobre teoremas <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z na esfera<br />

n-dimensional e no hemisfério Sn + . Assim dadas algumas hipóteses sobre uma varieda<strong>de</strong><br />

Riemanniana M n (hipóteses sobre características globais <strong>de</strong> M) como por exemplo o raio, a<br />

curvatura seccional e <strong>de</strong> Ricci <strong>de</strong> M, conexida<strong>de</strong>, concluiremos que se terão isometrias <strong>de</strong> M<br />

na esfera ou no hemisfério.<br />

Em 1977, Grove e Shiohama <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> a teoria <strong>de</strong> pontos críticos da função distân-<br />

cia sobre varieda<strong>de</strong>s Riemannianas completas provaram que M é homeomorfa à n−esfera<br />

se M tem curvatura maior ou igual <strong>do</strong> que 1 e diam(M) > π/2 (Ver [1]), alguns outros resul-<br />

ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> bastante impotância são os teoremas <strong>de</strong> comparação <strong>de</strong> Toponogov e Rauch. Estes<br />

resulta<strong>do</strong>s menciona<strong>do</strong>s serão também <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s neste trabalho pois se utilizarão com<br />

frequência principalmente para expor os resulta<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s nos <strong>do</strong>is artigos <strong>do</strong> C. Xia [2],[3].<br />

O último resulta<strong>do</strong> tem a ver varieda<strong>de</strong>s com bor<strong>do</strong> e é um teorema exposto no artigo <strong>do</strong> F.<br />

Hang e X. Wang [10]. No ano <strong>de</strong> 1995 Min-Oo conjecturou que, se (M n ,g) é uma varieda<strong>de</strong><br />

Riemanniana compacta com fronteira e curvatura escalar R ≥ n(n − 1) e se a fronteira é<br />

isométrica a S n−1 e totalmente geodésica, então teriamos que (M n ,g) é isométrica ao hemis-<br />

fério Sn + . Posteriormente foram acha<strong>do</strong>s alguns contra-exemplos para esta conjectura (Ver<br />

[8]), mas apesar disso ainda podia ser estuda<strong>do</strong> este problema com uma pequena variação,<br />

toman<strong>do</strong> a curvatura <strong>de</strong> Ricci no lugar da curvatura escalar. E este ultimo resulta<strong>do</strong> faz justa-<br />

mente isso.<br />

Capa Índice 10212


2 Resulta<strong>do</strong>s e Discussão<br />

Apresentaremos algumas <strong>de</strong>finições que nos permitirão começar com os resulta<strong>do</strong>s principais<br />

<strong>do</strong> trabalho.<br />

Seja x ∈ M, o raio <strong>de</strong> M em x é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como rad(x) := maxy∈Md(x, y) e o raio <strong>de</strong> M será<br />

da<strong>do</strong> por rad(M) := minx∈Mrad(x); SxM será a esfera <strong>de</strong> raio 1 sobre TxM; conj(x) será o<br />

raio conjuga<strong>do</strong> <strong>de</strong> M em x, i.e.<br />

conj(x) := inf<br />

v∈SxM cv,<br />

on<strong>de</strong> cv é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como o primeiro número r>0 tal que existe um campo <strong>de</strong> Jacobi não nulo<br />

J ao longo <strong>de</strong> γ que satistaz J(0) = J(r) = 0; e assim se <strong>de</strong>notará por<br />

conj(M) := infx∈Mconj(x) ao raio conjuga<strong>do</strong> <strong>de</strong> M; K(M) será a curvatura seccional <strong>de</strong><br />

M.<br />

segue:<br />

Os primeiros três resulta<strong>do</strong>s principais (Ver [2], [3]) po<strong>de</strong>m agora ser enuncia<strong>do</strong>s como<br />

Teorema 1. Seja M uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> dimensão n, conexa, completa com K(M) ≥ 1 e<br />

rad(M) > π/2. Se conj(M) ≥ rad(M) > π/2, então M é isométrica a uma esfera <strong>de</strong><br />

curvatura constante.<br />

Teorema 2. Seja M uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> dimensão n, conexa, completa com K(M) ≥ 1 e<br />

rad(M) > π/2. Suponha que para qualquer x ∈ M, o lugar <strong>do</strong>s primeros pontos conjuga<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> x é um único ponto. Se M contem um laço geodésico <strong>de</strong> comprimento 2 · rad(M), então<br />

M é isométrica a uma n-esfera.<br />

Teorema 3. Seja M uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> dimensão n, conexa, completa com K(M) ≥ 1 e<br />

rad(M) > π/2. Suponha que para qualquer x ∈ M a função cx : SxM −→ R (que me<strong>de</strong><br />

o comprimento da geodésica γ com γ(0) = x e γ ′ (0) = v ∈ SxM <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ponto x até seu<br />

primeiro ponto conjuga<strong>do</strong> ao longo <strong>de</strong> γ) é uma função constante. Então M é isométrica à<br />

n-esfera.<br />

E finalmente o último teorema, que é da<strong>do</strong> em [10].<br />

Teorema 4. Seja (M n , g) uma varieda<strong>de</strong> Riemanniana compacta com fronteira Σ não vazia.<br />

Seja Ric(X, Y ) o tensor <strong>de</strong> Ricci sobre M. Se<br />

Capa Índice 10213


a) Ric ≥ (n − 1)g,<br />

b) a fronteira (Σ, g| Σ ) é isométrica à esfera S n−1 ⊂ R n ,<br />

c) a segunda forma fundamental <strong>de</strong> Σ é não negativa.<br />

então (M n , g) é isométrica ao hemisfério S n + = {x ∈ R n+1 : |x| =1,xn+1 ≥ 0} ⊂R n+1 .<br />

Como existem varias convenções para a segunda forma fundamental e a curvatura média na<br />

literatura, explicaremos a que será usada aquí. Seja ν o campo <strong>de</strong> vetores exterior unitário<br />

sobre Σ em M. Da<strong>do</strong> p ∈ Σ, para cada X, Y ∈ TpΣ a segunda forma fundamental é <strong>de</strong>finida<br />

por<br />

II(X, Y ) := ∇Xν, Y .<br />

E a curvatura média é o traço da segunda forma fundamental.<br />

Para as <strong>de</strong>monstrações <strong>do</strong>s primeiros três teoremas acima será fundamental o teorema<br />

<strong>de</strong> comparação <strong>de</strong> Toponogov abaixo, fato que se utilizará em conjunto com a lei <strong>do</strong>s cosenos<br />

em espaços <strong>de</strong> curvatura constante. Outro fato chave será a <strong>de</strong>finição da função A : M → M,<br />

on<strong>de</strong> para x ∈ M, A(x) é o ponto que está na distância maxima <strong>de</strong> x a qual po<strong>de</strong> ser vista<br />

que é contínua e até sobrejetiva. On<strong>de</strong> para isto último usamos o teorema <strong>do</strong> ponto fixo <strong>de</strong><br />

Brouwer aproveitan<strong>do</strong> o fato <strong>de</strong> que pelas hipóteses dadas a M ela é homeomorfa a S n (Ver<br />

[1]). Vejamos uma das ferramentas fundamentais na <strong>de</strong>montração <strong>de</strong>stes três resulta<strong>do</strong>s.<br />

Teorema (<strong>de</strong> comparação <strong>de</strong> Toponogov): Seja M uma varieda<strong>de</strong> Riemanniana completa<br />

com K(M) ≥ H. Sejam γ1 e γ2 segmentos <strong>de</strong> geodésicas normalizadas em M com γ1(0) =<br />

γ2(0) e M 2 (H) é a varieda<strong>de</strong> com curvatura seccional constante H. Admitamos que a geo-<br />

désica γ1 é minimizante e que l(γ2) ≤ π/ √ H. Consi<strong>de</strong>remos em M 2 (H) duas geodésicas<br />

(normalizadas) ˜γ1 e ˜γ2 tais que ˜γ1(0) = ˜γ1(0), l(γi) =l(˜γi) i =1, 2; e ∠( ˜ γ ′ ˜<br />

1(0), γ ′ 2(0)) =<br />

∠(γ ′ 1(0),γ ′ 2(0)) então<br />

s = d(γ1(l1),γ2(l2)) ≤ d( ˜<br />

γ1(l1), ˜<br />

γ2(l2)) = ˜s.<br />

É preciso formular um lema que nos permite avançar com as <strong>de</strong>monstrações, ele po<strong>de</strong> ser<br />

estabeleci<strong>do</strong> da seguinte maneira,<br />

Capa Índice 10214


Lema 1. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> M a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> dimensão n, conexa, completa com K(M) ≥ 1<br />

e rad(M) > π/2. Se x é um ponto <strong>de</strong> M e η : [0,b] → M é um laço geodésico simples<br />

(normaliza<strong>do</strong>) sain<strong>do</strong> <strong>de</strong> x, então b>2 · rad(x).<br />

Existe um resulta<strong>do</strong> sobre um tipo especial <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s Riemannianas chamadas Wie-<br />

<strong>de</strong>rsehen o qual diz que uma varieda<strong>de</strong> Wie<strong>de</strong>rsehen é isométrica a uma n-esfera <strong>de</strong> curva-<br />

tura constante (Ver [4], [5]). Assim o objetivo <strong>do</strong>s primeiros três teoremas será mostrar que<br />

sob as hipótese dadas, a varieda<strong>de</strong> M é Wie<strong>de</strong>rsehen, i.e. é uma varieda<strong>de</strong> Riemanniana<br />

simplesmente conexa, compacta sem fronteira tal que para cada x ∈ M o cut locus <strong>de</strong> x é<br />

um único ponto.<br />

Já para o último teorema (teorema 4), serão necesários alguns fatos sobre equações<br />

diferenciais parciais, (problema <strong>de</strong> Dirichlet, principio <strong>do</strong> máximo, lema <strong>de</strong> Hopf, entre outros.)<br />

on<strong>de</strong> será fundamental o uso <strong>do</strong> seguinte teorema<br />

Teorema 5. (Reilly) Seja (M n , g), (n ≥ 2) uma varieda<strong>de</strong> Riemanniana compacta com fonteira<br />

Σ=∂M. Assumamos que Ric ≥ (n − 1)g e que a curvatura média <strong>de</strong> Σ é não negativa.<br />

Então o primeiro autovalor (<strong>do</strong> problema <strong>de</strong> Dirichlet) λ1 <strong>de</strong> −∆ satisfaz a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />

λ1 ≥ n. Mais ainda λ1 = n se e somente se M é isométrica ao hemisfério Sn + ⊂ Rn+1 com a<br />

métrica induzida <strong>do</strong> espaço ambiente.<br />

Daquí vemos que o objetivo nesta <strong>de</strong>monstração será ver que λ1 = n. De fato, veremos<br />

que nao po<strong>de</strong> ser λ1 >npois <strong>de</strong>ssa forma chegaríamos a que a métrica <strong>de</strong> M estaria dada<br />

por<br />

g = dr 2 + sen 2 rh0,<br />

on<strong>de</strong> h0 é a métrica usual <strong>de</strong> S n−1 e assim M seria isométrica a S n +<br />

rema <strong>de</strong> Reilly.<br />

3 Conclusão<br />

o que contradiria o teo-<br />

Nos primeiros três teoremas teremos que um fato fundamental nas <strong>de</strong>monstrações é, com<br />

ajuda <strong>do</strong> teorema <strong>de</strong> comparação <strong>de</strong> Toponogov, ver a existência <strong>de</strong> um laço geodésico so-<br />

bre a varieda<strong>de</strong> M e apartir daí utilizar a função A <strong>do</strong> ponto maximal para po<strong>de</strong>r ver que o<br />

Capa Índice 10215


cut locus <strong>de</strong> qualquer ponto contem só um ponto para <strong>de</strong>pois da proprieda<strong>de</strong> das varieda<strong>de</strong>s<br />

Wie<strong>de</strong>rsehen obter que M é isométrica a uma esfera <strong>de</strong> curvatura constante.<br />

Sobre o último resulta<strong>do</strong>, vemos que ten<strong>do</strong> uma condição geométrica intrínseca sobre a<br />

fronteira (é esencialmente S n−1 ) e uma extrínseca (da segunda forma fundamental), então a<br />

varieda<strong>de</strong> é vista como o hemisfério S n , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que Ric ≥ (n − 1)g. Este teorema po<strong>de</strong> ser<br />

interpreta<strong>do</strong> como uma versão Ricci da conjectura <strong>de</strong> Min-Oo, cuja conjectura já sabemos<br />

que é falsa.<br />

Referências<br />

[1] Grove, K., Shiohama, K.: A generalized sphere theorem. Ann. Math. 106,201-211 (1977).<br />

[2] Xia, C.: A round sphere theorem for positive sectional curvature. Compos. Math. 142,<br />

1327-1331 (2006).<br />

[3] Xia, C.: Rigidity for closed manifolds with positive curvature. Ann. Math. Ann. Geom. 36,<br />

105-110 (2009).<br />

[4] Besse, A., Manifolds all of whose geo<strong>de</strong>sics are closed, Springer Verlag, Berlin, Hei<strong>de</strong>l-<br />

berg (1978).<br />

[5] Yang, C. T., Odd dimensional wi<strong>de</strong>rsehen manifolds are spheres, J. Diff. Geometry, 15,<br />

91-96 (1980).<br />

[6] Wang, Q.: On the geometry of positively curved manifolds with large radius. Illinois J.<br />

Math. 48, 89-96 (2004).<br />

[7] <strong>do</strong> Carmo, M. P.: Geometria Riemanniana. Rio <strong>de</strong> Janeiro: IMPA (2008).<br />

[8] S. Brendle, F.C. Marques, and A. Neves, Deformations of the hemisphere that increase<br />

scalar curvature, Invent. Math. 185 175-197 (2011).<br />

[9] Reilly, R.: Applications of the Hessian operator in a Riemannian manifold. Indiana Math.<br />

J. 26(3), 459-472 (1977).<br />

[10] Hang, F. - Wang, X., Rigidity Theorems for Compact Manifolds with Boundary and Posi-<br />

tive Ricci Curvature. Journal of Geometric Analysis, Volume 19, 628-642, (2009).<br />

Capa Índice 10216


AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES GENOTÓXICA E ANTIGENOTÓXICA DE Salacia<br />

crassifolia (Mart. Ex. Schult.) G. Don. EM BACTÉRIAS E CAMUNDONGOS<br />

Cristiene Costa CARNEIRO 1 ; Lee CHEN-CHEN 1 ; Caridad Noda PEREZ 2 ; Antonio<br />

Severo MENEZES 3 ; Clayton Rodrigues <strong>de</strong> OLIVEIRA 3 ; Carolina Ribeiro e SILVA 1<br />

1<br />

<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10217 - 10225<br />

Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás;<br />

criscristoferson@hotmail.com, chenleegoo@yahoo.com.brecrs_bio@hotmail.com; 2<br />

Instituto <strong>de</strong> Química, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás; carynoda@yahoo.com.br; 3<br />

Instituto <strong>de</strong> Química, Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Goiás; antoniocsm@hotmail.com e<br />

oliveira.cr12@yahoo.com.br<br />

Palavras-chave: Salacia crassifolia; Frações da casca <strong>do</strong> caule; Teste <strong>do</strong><br />

micronúcleo; Teste <strong>de</strong> mutagenicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ames.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O Brasil, reconhecidamente, é o país <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> uma das mais altas taxas<br />

em biodiversida<strong>de</strong>. Conten<strong>do</strong> em seu território extensas áreas <strong>de</strong> florestas tropicais,<br />

abriga a maior diversida<strong>de</strong> biológica e genética terrestre. Estimativas citam a<br />

existência <strong>de</strong> 40 a 55 mil espécies vegetais nos biomas brasileiros (Pavan-Fruehauf,<br />

2000). Além disso, o Brasil também é conheci<strong>do</strong> pelo gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> plantas que<br />

são utilizadas pela população para o tratamento <strong>de</strong> uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças<br />

(Oliveira, 2011).<br />

Salacia crassifolia (Mart. Ex. Schult.) G. Don., popularmente conhecida no<br />

Brasil como bacupari, cascu<strong>do</strong> e saputá, é uma planta da família Celastraceae que<br />

ocorre especialmente na região <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> Brasileiro (Robson et al., 1994). Na<br />

medicina popular, suas folhas, caule, sementes e frutos são utiliza<strong>do</strong>s para tratar<br />

pediculose, <strong>do</strong>enças renais, úlceras gástricas, câncer <strong>de</strong> pele, malária, tosse crônica<br />

e <strong>do</strong>res <strong>de</strong> cabeça. Seus frutos são utiliza<strong>do</strong>s para consumo e com propósitos<br />

industriais (Silva-Junior, 2005; Cavéchia e Proença, 2007). Devi<strong>do</strong> a larga utilização<br />

<strong>do</strong> bacupari, bem como os constituintes farmacológicos presentes nessa planta, o<br />

presente trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos genotóxicos e antigenotóxicos<br />

<strong>de</strong> três frações da casca <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> S. crassifolia (hexânica, acetato <strong>de</strong> etila e<br />

hidroalcoólica) usan<strong>do</strong> o teste <strong>de</strong> mutagenicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ames e o teste <strong>do</strong> micronúcleo<br />

em medula óssea <strong>de</strong> camun<strong>do</strong>ngos.<br />

Capa Índice 10217


MATERIAS E MÉTODOS<br />

FRAÇÕES DA PLANTA<br />

Amostras da casca <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> S. crassifolia foram coletadas em Anápolis<br />

(16º12’49,2’’S; 48º57’57’’W), Goiás, Brasil, e um exemplar da planta (nº 5910) foi<br />

<strong>de</strong>posita<strong>do</strong> no Herbário Central da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Goiás <strong>de</strong> Anápolis. Do<br />

material coleta<strong>do</strong> foram obtidas as seguintes frações: hexânica (FHE),<br />

diclorometânica (FDM), acetato <strong>de</strong> etila (FAE) e hidroalcoólica (FHA), das quais<br />

apenas a FDM foi excluída <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> porque sua massa foi insuficiente para a<br />

realização <strong>do</strong> mesmo.<br />

TESTE DE MUTAGENICIDADE DE AMES<br />

Cepas bacterianas<br />

Foram utilizadas cepas bacterianas mutantes <strong>de</strong> Salmonella typhimurium<br />

TA98 e TA100.<br />

Meios <strong>de</strong> cultura e soluções<br />

Foram utiliza<strong>do</strong>s Meio Mínimo Glicosa<strong>do</strong> (MMG), Top Ágar, Solução <strong>de</strong><br />

histidina/biotina (0.5 mM) e Cal<strong>do</strong> nutriente. De acor<strong>do</strong> com Maron e Ames (1983),<br />

para controles positivos, os compostos são específicos para cada cepa: 4<br />

nitroquinolina (4NQO) para a cepa TA98 (0,5 µg/placa) e Azida sódica para a cepa<br />

TA100 (1,5 µg/placa). Como controle negativo utilizou-se dimetilsulfóxi<strong>do</strong> (DMSO) e<br />

água na proporção <strong>de</strong> 1:3 (mesma proporção utilizada para diluir as amostras teste).<br />

Procedimento experimental<br />

As cepas <strong>de</strong> S. typhimurium TA98 e TA100 foram incubadas em cal<strong>do</strong><br />

nutriente, a 37°C, com agitação e aeração constantes, até atingir a fase estacionária<br />

<strong>de</strong> crescimento. Para avaliação da ativida<strong>de</strong> mutagênica alíquotas <strong>de</strong> culturas das<br />

cepas bacterianas foram incubadas em diferentes <strong>do</strong>ses das frações <strong>de</strong> S.<br />

crassifolia (0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 mg/placa), durante 25 minutos, em tubos em triplicata<br />

com agitação e aeração constantes. Na avaliação da ativida<strong>de</strong> antimutagênica, os<br />

controles positivos foram co-adminstra<strong>do</strong>s com as diferentes <strong>do</strong>ses das frações <strong>de</strong><br />

S.crassifolia (0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 mg/placa). Após a incubação, foi adiciona<strong>do</strong> ágar<br />

Capa Índice 10218


glicosa<strong>do</strong> liquefeito (top-ágar) à temperatura <strong>de</strong> 45ºC, conten<strong>do</strong> solução <strong>de</strong><br />

histidina/biotina (0,5 mM). O conteú<strong>do</strong> foi verti<strong>do</strong> em placas, em triplicata, conten<strong>do</strong><br />

meio MMG, que foram incubadas a 37 o C durante 48 horas em estufa incuba<strong>do</strong>ra tipo<br />

BOD. Decorri<strong>do</strong> este perío<strong>do</strong>, foram conta<strong>do</strong>s os números <strong>de</strong> colônias revertentes<br />

prototróficas para histidina, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se a média aritmética <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s entre<br />

as placas (MARON & AMES, 1983). Os resulta<strong>do</strong>s foram expressos pela média <strong>do</strong><br />

número <strong>de</strong> revertentes prototróficas obtidas <strong>de</strong> experimentos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

realiza<strong>do</strong>s em triplicata.<br />

TESTE DO MICRONÚCLEO EM MEDULA ÓSSEA DE CAMUNDONGOS<br />

Animais<br />

Os experimentos foram realiza<strong>do</strong>s após aprovação pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em<br />

<strong>Pesquisa</strong> da <strong>UFG</strong> (Protocolo Nº 225/11). Foram utiliza<strong>do</strong>s camun<strong>do</strong>ngos Mus<br />

musculus (Swiss Webster) out bred, <strong>do</strong> sexo masculino, pesan<strong>do</strong> entre 30 e 40g<br />

com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 7 a 12 semanas, proce<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> Biotério Central da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás. Antes da realização <strong>do</strong> experimento, os animais permaneceram<br />

por sete dias no laboratório, on<strong>de</strong> foram manti<strong>do</strong>s em gaiolas <strong>de</strong> polipropileno <strong>de</strong><br />

dimensão <strong>de</strong> 40x30x16 cm com 5 animais cada, forradas com maravalha, trocadas<br />

diariamente, e alimenta<strong>do</strong>s com ração comercial e água filtrada, ambos ofereci<strong>do</strong>s<br />

"ad libitum". Os animais foram manti<strong>do</strong>s a temperatura ambiente <strong>de</strong> 25ºC, umida<strong>de</strong><br />

50% ± 20% e um ciclo <strong>de</strong> luz 12h claro/12h escuro.<br />

Agentes químicos<br />

Os seguintes químicos foram utiliza<strong>do</strong>s nos experimentos: Mitomicina C<br />

(MMC, C15H18N4O5), fosfato <strong>de</strong> sódio dibásico (Na2HPO412H2O); fosfato <strong>de</strong> sódio<br />

monobásico (NaH2PO4H2O); metanol (CH4O); giemsa e soro fetal bovino.<br />

Procedimento experimental<br />

Os camun<strong>do</strong>ngos foram dividi<strong>do</strong>s em grupos <strong>de</strong> 5 animais cada. Para<br />

avaliação da genotoxicida<strong>de</strong> os animais foram trata<strong>do</strong>s, via gavage, com as <strong>do</strong>ses<br />

50, 100 e 150 mg/Kg das frações FHE, FAE e FHA <strong>de</strong> S. crassifolia em diferentes<br />

tempos (24 e 48 horas). Para avaliação da antimutagenicida<strong>de</strong>, as mesmas<br />

<strong>do</strong>sagens foram co-administradas com uma <strong>do</strong>se única <strong>de</strong> 4mg/Kg <strong>de</strong> MMC i.p. O<br />

grupo controle negativo foi trata<strong>do</strong> com DMSO (0,1 mL/10 g p.c.), enquanto o grupo<br />

Capa Índice 10219


controle positivo recebeu uma <strong>do</strong>se padrão <strong>de</strong> MMC (4 mg/Kg p.c. - 80% DL50).<br />

Após os tratamentos <strong>de</strong> 24 e 48 horas, os animais foram sacrifica<strong>do</strong>s por<br />

<strong>de</strong>slocamento cervical e tiveram seus fêmures disseca<strong>do</strong>s e retira<strong>do</strong>s. As epífises<br />

<strong>do</strong>s fêmures foram cortadas e a medula óssea lavada com 1 mL <strong>de</strong> soro fetal bovino.<br />

Após homogeneização da medula no soro, esta foi centrifugada a 1000 rpm durante<br />

5 minutos. O sobrenadante foi parcialmente <strong>de</strong>scarta<strong>do</strong> e o precipita<strong>do</strong> <strong>de</strong> células foi<br />

homogeneiza<strong>do</strong>. Uma gota <strong>de</strong> suspensão celular foi transferida para a lâmina<br />

histológica, on<strong>de</strong> realizou-se o esfregaço celular.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Na avaliação da ativida<strong>de</strong> genotóxica <strong>de</strong> S. crassifolia, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />

mostraram que as três frações estudadas (FHE, FAE e FHA), não apresentaram<br />

ativida<strong>de</strong> mutagênica para as cepas <strong>de</strong> S. typhimurium TA 98 e TA 100 no teste <strong>de</strong><br />

Ames, e também não induziram aumento na frequência <strong>de</strong> micronúcleos quan<strong>do</strong><br />

compara<strong>do</strong> ao controle solvente utilizan<strong>do</strong> o teste <strong>do</strong> Micronúcleo. Assim, não foi<br />

observada a presença <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> mutagênica e genotóxica nas três frações <strong>de</strong> S.<br />

crassifolia estudadas sob essas condições experimentais.<br />

Até o momento, não foram encontra<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s que avaliassem o potencial<br />

genotóxico <strong>de</strong> S. crassifolia, mas já foram encontra<strong>do</strong>s trabalhos com espécies <strong>do</strong><br />

gênero. Flammang e colabora<strong>do</strong>res (2006), por exemplo, <strong>de</strong>monstraram que o<br />

extrato da raíz <strong>de</strong> S. oblonga não apresentou ativida<strong>de</strong> mutagênica para cepas <strong>de</strong> S.<br />

typhimurium no teste <strong>de</strong> Ames. Em 2007, Flammang et al. confirmaram a não<br />

mutagenicida<strong>de</strong> <strong>do</strong> extrato <strong>de</strong> S. oblonga pelo teste <strong>de</strong> aberrações cromossômicas<br />

em linfócitos <strong>do</strong> sangue periférico <strong>de</strong> ratos (estu<strong>do</strong> in vivo). Assim, nossos resulta<strong>do</strong>s<br />

estão em concordância com os estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s por Flammang et al. (2006,<br />

2007).<br />

Com exceção da fração hexânica em cepa TA 98 no teste <strong>de</strong> Ames, a<br />

antigenotoxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> S. crassifolia foi fortemente <strong>de</strong>monstrada em ambos os testes<br />

realiza<strong>do</strong>s. Estu<strong>do</strong>s fitoquímicos com várias espécies <strong>do</strong> gênero Salacia tem<br />

revela<strong>do</strong> a presença <strong>de</strong> compostos fenólicos, triterpenos quinonametí<strong>de</strong>os,<br />

triterpenos frie<strong>de</strong>lanos e flavonói<strong>de</strong>s, que entre outros efeitos biológicos,<br />

<strong>de</strong>sempenham ativida<strong>de</strong> antioxidante e/ou sequestra<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> radicais livres,<br />

relacionadas à possíveis mecanismos <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> um agente antigenotóxico<br />

Capa Índice 10220


(Morikawa et al., 2003; Carvalho et al., 2005; Muraoka et al., 2010; Somwong et al.,<br />

2011). Caramori et al. (2004) <strong>de</strong>monstraram que o extrato da semente <strong>de</strong> S.<br />

crassifolia apresenta uma consi<strong>de</strong>rável quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> polifenóis. Compostos<br />

fenólicos oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> metabolismo secundário <strong>de</strong> plantas são importantes<br />

antioxidantes naturais (Atoui et al., 2005).<br />

Em geral, terpenos com proprieda<strong>de</strong>s antioxidantes são raros, mas alguns<br />

exemplos são comuns em espécies da família Celastraceae, como por exemplo o<br />

rosmanol, o celastrol, a maitenina e a pristimerina (Corsino et al., 2000; Carvalho et<br />

al., 2005). Entre esses compostos, <strong>do</strong>is triterpenos quinonametí<strong>de</strong>os já foram<br />

isola<strong>do</strong>s <strong>de</strong> S. crassifolia, a pristimerina e a maitenina (Lima et al., 1971; Santana et<br />

al., 1971; Carvalho et al., 2005). Assim, a antigenotoxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> S. crassifolia po<strong>de</strong><br />

ser atribuída, pelo menos parcialmente, à ação <strong>de</strong> compostos fenólicos e triterpenos<br />

quinonametí<strong>de</strong>os presentes na espécie.<br />

Em relação à citotoxicida<strong>de</strong>, expressa pela relação EPC/ENC no teste <strong>do</strong><br />

micronúcleo, nossos resulta<strong>do</strong>s mostraram que as frações FAE e FHA não exibiram<br />

efeito citotóxico em todas as <strong>do</strong>ses e tempos analisa<strong>do</strong>s, enquanto a fração FHE<br />

exibiu leve efeito citotóxico na menor <strong>do</strong>se (50 mg/kg), e mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> efeito tóxico nas<br />

<strong>do</strong>ses <strong>de</strong> 100 e 150 mg/Kg em ambos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> tratamento.<br />

Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s com espécies da família Celastraceae mostram importante<br />

ativida<strong>de</strong> citotóxica para alguns <strong>de</strong> seus constituintes isola<strong>do</strong>s. Um triterpeno<br />

quinoametí<strong>de</strong>o muito comum em Celastraceae é a pristimerina, que foi previamente<br />

isolada da fração hexânica da casca da raíz <strong>de</strong> Maytenus catigarum (Alvarenga et<br />

al., 1999), da fração fracamente polar da casca <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> S. Bed<strong>do</strong>mei (Hishan et<br />

al.,1995), e da fração hexânica da casca da raíz <strong>de</strong> S. crassifolia (Lima et al., 1972).<br />

A ação citotóxica <strong>de</strong>sse composto é <strong>de</strong>scrita em vários trabalhos que comprovam<br />

sua eficácia no combate a <strong>de</strong>terminadas bactérias, fungos e células tumorais<br />

(Gonzales et al., 1998; Alvarenga et al., 1999; Gullo et al., 2012). Portanto, nós<br />

acreditamos que a FHE <strong>de</strong> S. crassifolia po<strong>de</strong> conter substâncias químicas como a<br />

pristimerina, que apresenta um perfil citotóxico.<br />

Em relação à anticitotoxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> S. crassifolia, a FAE e a FHA protegeram<br />

as células <strong>do</strong>s camun<strong>do</strong>ngos contra a ação citotóxica da MMC, enquanto a FHE<br />

aumentou significativamente a citotoxicida<strong>de</strong> induzida pela MMC em todas as <strong>do</strong>ses<br />

Capa Índice 10221


e tempos analisa<strong>do</strong>s. Um composto que inibe a genotoxicida<strong>de</strong> da MMC po<strong>de</strong> inibir<br />

também sua citotoxicida<strong>de</strong>, prevenin<strong>do</strong> danos irreparáveis no DNA que por sua vez<br />

levam à morte celular (Kraut e Drnovsek-Olup, 1996). Por outro la<strong>do</strong>, tem si<strong>do</strong><br />

relata<strong>do</strong> que a associação da MMC com várias drogas antitumorais causa um<br />

aumento em seu efeito citotóxico <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a um aumento na indução <strong>de</strong> apoptose<br />

(Kraut e Drnovsek-Olup, 1996; Estream e Vanleeuwen, 2000). Esse fato foi<br />

observa<strong>do</strong> em nosso estu<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> a FHE <strong>de</strong> S. crassifolia, sugerin<strong>do</strong> uma ação<br />

sinérgica <strong>de</strong>ssa fração com o controle positivo.<br />

CONCLUSÕES<br />

Em síntese, nossos resulta<strong>do</strong>s indicam que todas as frações <strong>do</strong> bacupari não<br />

exibiram efeito genotóxico em bactérias e camun<strong>do</strong>ngos. O efeito antigenotóxico<br />

<strong>de</strong>ssa planta foi fortemente <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> em ambos os testes realiza<strong>do</strong>s, com<br />

exceção apenas da FHE para a cepa TA 98 no teste <strong>de</strong> Ames. No teste <strong>do</strong><br />

micronúcleo, a citotoxicida<strong>de</strong> da FHE foi evi<strong>de</strong>nciada especialmente em associação<br />

com MMC, sugerin<strong>do</strong> uma ação sinérgica <strong>de</strong>ssa fração com o controle positivo.<br />

Portanto, a antigenotoxicida<strong>de</strong> apresentada por S. crassifolia, bem como a ação<br />

citotóxica aumentada da FHE quan<strong>do</strong> co-administrada com a MMC po<strong>de</strong>m fornecer<br />

informações importantes para futuros estu<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> novas terapias contra o câncer.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Nós agra<strong>de</strong>cemos à Fundação <strong>de</strong> Amparo à <strong>Pesquisa</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás<br />

(FAPEG) e à Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong> Nível Superior<br />

(CAPES) pelo apoio financeiro.<br />

REFERÊNCIAS<br />

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Capa Índice 10225


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10226 - 10231<br />

CORAL MENINAS CANTORAS DE PORTO MURTINHO: UM ESTUDO SOBRE A<br />

RELAÇÃO ENTRE IDENTIDADES CULTURAIS E DIVERSIDADES TÍMBRICAS<br />

Cristina Maria Albuquerque PASSOS 1 (EMAC/<strong>UFG</strong>)<br />

passoscris@gmail.com<br />

Wolney Alfre<strong>do</strong> UNES (EMAC/<strong>UFG</strong>)<br />

Engenho21@gmail.com<br />

Palavras- Chave: Canto Coral; Vozes femininas brasileiras; i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais; diversida<strong>de</strong>s<br />

tímbricas; região fronteiriça MS.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A cultura da América Latina é um complexo <strong>de</strong> relações que se<br />

entrecruzam, configuran<strong>do</strong> um sistema próprio que coexiste com as tradições e a<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> (CANCLINI, 2003). Dentro <strong>de</strong>sse contexto, Porto Murtinho – cida<strong>de</strong><br />

sul-mato-grossense da região fronteiriça com o Paraguai, nascida às margens <strong>do</strong> rio<br />

Paraguai – fundamenta-se na herança cultural construída em seu processo histórico,<br />

que contribuiu para influenciar na formação i<strong>de</strong>ntitária <strong>do</strong>s habitantes da região.<br />

Esses habitantes possuem ligações fundamentais com a cultura e a música<br />

paraguaia, que contribuíram para influir na língua, no vestuário, na alimentação, na<br />

música e nas artes da socieda<strong>de</strong> murtinhenense, cuja base cultural comum é a<br />

guarani (HIGA, 2010). Esse fato evi<strong>de</strong>ncia-se notadamente no aspecto linguístico,<br />

uma vez que gran<strong>de</strong> parte da população utiliza-se <strong>de</strong> pelo menos três idiomas em<br />

seu dia a dia: português, espanhol e guarani. Importante lembrar também o yaporá,<br />

misto <strong>do</strong>s três idiomas, com regras próprias e compreendi<strong>do</strong> apenas na região.<br />

Funda<strong>do</strong> em maio/2005 o Coral Meninas cantoras <strong>de</strong> Porto Murtinho tem<br />

como objetivo criar um espaço <strong>de</strong> formação para a mulher murtinhense. Forma<strong>do</strong><br />

em média por 100 crianças e jovens entre 7 e 18 anos, apresenta-se com um<br />

repertório básico <strong>de</strong> músicas regionais, em cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Mato Grosso <strong>do</strong><br />

Sul, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Brasília. Gravou, até o ano <strong>de</strong><br />

2011, 5 CDs e 2 DVDs. Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por Joseane Poliezer, tem como regente Luiz<br />

Quirino e professora <strong>de</strong> técnica vocal Cristina Passos.<br />

1 Bolsista Capes<br />

Capa Índice 10226


Com bases na observação da resultante sonora das vozes <strong>de</strong>ste grupo<br />

Coral, este trabalho fundamentou-se numa pesquisa <strong>de</strong> investigação sobre as<br />

possíveis relações existente entre as diversida<strong>de</strong>s tímbricas e as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

culturais, ten<strong>do</strong> o canto coral como o locus <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>stas representações,<br />

enfatizan<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> das vozes femininas <strong>de</strong>sta região.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que as vozes brasileiras contêm em suas bases elementos<br />

constitutivos <strong>de</strong>sta complexida<strong>de</strong> em distintas composições e combinações culturais,<br />

e que o timbre seja o elemento que evi<strong>de</strong>ncie e expresse estas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, foram<br />

levantadas questões, <strong>de</strong> que o som ao adaptar-se ao aparelho vocal – e neste caso<br />

específico, ao feminino – adquira características próprias <strong>de</strong>ste gênero, e das<br />

diversida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> contexto histórico sociocultural a que pertencem. Relacionadas a<br />

estas questões surgiram perguntas sobre os fatores que <strong>de</strong>terminam a qualida<strong>de</strong><br />

natural da voz (timbre), assim como quais os movimentos culturais que marcam as<br />

diversida<strong>de</strong>s e as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s sonoras <strong>de</strong> indivíduos e grupos, e como se<br />

estabelecem estas representações no canto coral.<br />

Para dialogar com estas questões buscamos referenciais em autores nas<br />

áreas da história cultural, <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sociais, da técnica da voz e <strong>do</strong> canto, da<br />

psicologia sócio-histórica.<br />

Com abordagem interdisciplinar, esta pesquisa se justifica na medida em<br />

que levanta reflexões musicológicas sobre o tratamento da voz no contexto sócio-<br />

histórico cultural, ressaltan<strong>do</strong> o timbre da voz feminina como instrumento <strong>de</strong><br />

construção <strong>de</strong>stas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, que expressam em seu caráter, as potencialida<strong>de</strong>s<br />

da mulher, no espaço <strong>de</strong> representações artísticas musicais no contexto da nova<br />

história cultural.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

A pesquisa fundamentou-se na observação das relações, qualida<strong>de</strong>s da voz<br />

(timbre), i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais, e canto coral, utilizan<strong>do</strong> a abordagem qualitativa, e<br />

uma <strong>de</strong> suas estratégias meto<strong>do</strong>lógicas, o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> caso, visto como tipo<br />

exploratório, <strong>de</strong>scritivo e interpretativo. Sua fundamentação teórica foi formulada a<br />

partir <strong>de</strong> bibliografia selecionada, bem como da caracterização da região e seu<br />

histórico. Os procedimentos técnicos meto<strong>do</strong>lógicos estão liga<strong>do</strong>s principalmente ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das funções vocais como a respiração, a utilização <strong>do</strong> movimento<br />

Capa Índice 10227


laríngeo e as cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ressonância, ao gesto vocal, (noção <strong>de</strong> apoio, a<br />

articulação, dicção, os registros) e a técnica vocal aplicada aos exercícios <strong>de</strong><br />

respiração e <strong>de</strong> vocalização. Ten<strong>do</strong> como foco o <strong>de</strong>senvolvimento das qualida<strong>de</strong>s<br />

vocais, (altura, intensida<strong>de</strong>, timbre, homogeneida<strong>de</strong>, afinação, vibrato, os registros<br />

vocais) dan<strong>do</strong> ênfase ao estu<strong>do</strong> da música aplicada às diversida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> timbre, que<br />

como objeto <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>s culturais e multidimensionais, carrega em suas<br />

nuances <strong>de</strong> expressão estética musical, através <strong>do</strong> repertório <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, as<br />

características naturais das vozes da região.<br />

O coral é subdividi<strong>do</strong> para os trabalhos técnicos em três grupos distintos,<br />

<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a faixa etária e as características vocais. Depois <strong>de</strong> trabalhadas as<br />

necessida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> cada grupo, estes se juntam utilizan<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> possível e<br />

necessário, a divisão das vozes, no contraste <strong>de</strong> suas diversida<strong>de</strong>s tímbricas.<br />

RESULTADO E DISCUSSÃO<br />

Hall (2005) compartilha seus conceitos sobre i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais na pós-<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> ao afirmar que:<br />

no mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno, as culturas nacionais em que nascemos se constituem<br />

em uma das principais fontes <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural. As nações que<br />

surgiram neste contexto da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> mantêm <strong>de</strong> diversas formas, a<br />

herança cultural que foi sen<strong>do</strong> construída em seu processo histórico,<br />

materializadas no suporte <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> representações. (HALL,<br />

2005 p. 20)<br />

Reven<strong>do</strong> teorias e conceitos sobre i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais e timbres vocais,<br />

encontramos no sujeito pós-mo<strong>de</strong>rno a aplicabilida<strong>de</strong> integrativa <strong>de</strong>ssas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s,<br />

<strong>de</strong>monstrada na prática vivencial <strong>de</strong>ste grupo coral <strong>de</strong> vozes feminina.<br />

As possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> diversas estratégias para a construção <strong>do</strong><br />

conhecimento, neste grupo têm na música aplicada, através <strong>do</strong> canto coral, seu<br />

principal objeto <strong>de</strong> representação e estu<strong>do</strong>.<br />

Chartier (1990) chama a atenção para a constatação <strong>de</strong> que o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> crédito concedi<strong>do</strong> à representação. Como as representações estão presentes em<br />

todas as práticas sociais, estas, assim como as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, se movem e se<br />

transformam a partir <strong>do</strong> real apresenta<strong>do</strong>, construin<strong>do</strong> vários tipos <strong>de</strong><br />

representações num mesmo contexto social. E nesta socieda<strong>de</strong>, as mulheres<br />

<strong>de</strong>scobrem sua força <strong>de</strong> expressão artística e musical e buscam saídas para a<br />

ocupação <strong>de</strong> seu espaço social. No uso <strong>de</strong> sua musicalida<strong>de</strong> tornam-se cantoras, e<br />

Capa Índice 10228


este potencial se expan<strong>de</strong> fortaleci<strong>do</strong> pelos processos i<strong>de</strong>ntitários <strong>de</strong> hibridação,<br />

para resultar no que hoje vemos na possível autonomia da mulher murtinhense.<br />

Sen<strong>do</strong> a mulher e sua voz permeadas <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s e significa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s quais<br />

ela mesma é agente construtora, seu corpo, o local <strong>de</strong> encontro e expressão <strong>de</strong>ssas<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, não escon<strong>de</strong> as marcas <strong>de</strong> sua história.<br />

O canto coral, mais <strong>do</strong> que uma expressão artística, constitui um momento <strong>de</strong><br />

socialização, <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong>, <strong>de</strong> construção cultural. “Além <strong>de</strong> uma função musical,<br />

o canto coletivo tem indubitavelmente uma função social” (DURRANT, 2003, apud<br />

RASSLAN, p. 45). Segun<strong>do</strong> o autor, o coro assume as características da<br />

comunida<strong>de</strong> em que está inseri<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> assim um espaço <strong>de</strong> representação social<br />

e cultural. Também afirma que as pessoas cantam em coro porque é uma ativida<strong>de</strong><br />

em que se po<strong>de</strong>m compartilhar conteú<strong>do</strong>s culturais e emocionais <strong>de</strong> forma que, no<br />

caso <strong>de</strong> ação emocional, se permite o ato <strong>de</strong> “liberar emoções” e expressá-las no<br />

meio artístico o que não encontra lugar nos contextos diários.<br />

Vygotsky (2001) explica que a liberação <strong>de</strong> emoções através da experiência<br />

artística acontece no âmbito da imaginação e <strong>do</strong> sentimento, sem que seja<br />

necessário se voltar para a ação física. É uma forma <strong>de</strong> catarse em que os<br />

participantes da experiência artística vivenciam a arte no plano psicológico, e explica<br />

que:<br />

CONCLUSÕES<br />

Po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>monstrar que a arte é uma emoção central, é uma emoção<br />

que se resolve pre<strong>do</strong>minantemente no córtex cerebral. As emoções da arte<br />

são emoções inteligentes. Em vez <strong>de</strong> se manifestarem <strong>de</strong> punhos cerra<strong>do</strong>s<br />

e tremen<strong>do</strong>, se resolvem principalmente em imagens e fantasias.<br />

(VYGOTSKY, 2001, p.267)<br />

Po<strong>de</strong>mos dizer então, mediante as consi<strong>de</strong>rações supracitadas, que o canto<br />

coral é um espaço <strong>de</strong> processamento das relações i<strong>de</strong>ntitárias e <strong>do</strong> conhecimento<br />

musical-vocal, on<strong>de</strong> se constroem as práticas sociais, direcionadas para a<br />

construção e aplicação <strong>de</strong> valores éticos. Trata-se <strong>de</strong> valores que evocam nas<br />

subjetivida<strong>de</strong>s das emoções vividas entre cantores e público ouvinte o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

respeito mútuo e <strong>de</strong> reconhecimento. Estes fatores motivam e impulsionam os<br />

indivíduos para novas investigações e possibilida<strong>de</strong>s nos campos <strong>de</strong> suas atuações<br />

sociais.<br />

Entre as características das vozes murtinhenses observamos que existe em<br />

seus componentes tímbricos uma forte marca <strong>do</strong>s traços linguísticos adquiri<strong>do</strong>s em<br />

Capa Índice 10229


seu capital cultural, nas diversida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s idiomas que falam e que influem <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />

significativo em suas articulações fonatórias, produzin<strong>do</strong> sons nos registros da voz<br />

mista e <strong>de</strong> cabeça, principalmente com características <strong>de</strong> timbre metálico com<br />

contrastes entre o claro e escuro principalmente.<br />

A qualida<strong>de</strong> da voz está intimamente ligada à teoria <strong>do</strong>s formantes, na qual o<br />

quarto e o quinto harmônicos são responsáveis pelo formante <strong>do</strong> cantor. Sundberg<br />

(1993) e Titze (2005) apontam diferenças entre as vozes femininas e masculinas nas<br />

ondas <strong>de</strong> vibrações produzidas por estes formantes. Segun<strong>do</strong> os autores, a<br />

construção anátomo-fisiológica também contribui para estas diferenças na formação<br />

<strong>do</strong> timbre vocal.<br />

Compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que a complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fatores que <strong>de</strong>terminam a<br />

qualida<strong>de</strong> natural da voz (timbre) – estan<strong>do</strong> entre eles, a morfologia, a saú<strong>de</strong> vocal,<br />

e a história oral <strong>do</strong> cantor – e que o uso <strong>do</strong> aparelho fona<strong>do</strong>r segue padrões<br />

neuromusculares <strong>de</strong> controle voluntário com resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> hábitos musculares<br />

aprendi<strong>do</strong>s social e idiossincraticamente durante a vida <strong>do</strong> falante e <strong>do</strong> cantor e que<br />

a qualida<strong>de</strong> da voz veicula informações <strong>de</strong> características físicas, psíquicas e sociais<br />

<strong>do</strong> indivíduo, concluo que tanto as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais como o timbre vocal e neste<br />

estu<strong>do</strong> específico das vozes femininas brasileiras, se articulam num processo <strong>de</strong><br />

retroalimentação com resultantes <strong>de</strong> inferências tanto no timbre como nas<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s culturais.<br />

Capa Índice 10230


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Mestra<strong>do</strong> em Educação, Centro <strong>de</strong> Ciências Humanas e Sociais da Universida<strong>de</strong><br />

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Capa Índice 10231


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10232 - 10236<br />

Segurança <strong>do</strong> paciente: análise da antibioticoprofilaxia em pacientes no<br />

perioperatorio <strong>de</strong> cirurgia limpa.<br />

Cyanéa Ferreira Lima GEBRIM*; Marinésia Aparecida PRADO-PALOS*; Angélica<br />

Oliveira Paula GONÇALVES*; Regiane Aparecida Santos Soares BARRETO*; Ana<br />

Lúcia Queiroz BEZERRA*.<br />

* Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Enfermagem da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás.<br />

E-mail: cyanealima@gmail.com<br />

Palavras chave: Indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, Antibioticoprofilaxia, Cirurgia Segura.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se infecções relacionadas à assistência à saú<strong>de</strong> (IrAS), aquelas<br />

infecções adquiridas pelos clientes em consequência <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s e ou<br />

procedimentos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a eles presta<strong>do</strong>s 1 , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a atenção básica à alta<br />

complexida<strong>de</strong> e reabilitação. Em países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, cerca <strong>de</strong> 5 a 10% <strong>do</strong>s<br />

porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> algum agravo admiti<strong>do</strong>s em hospitais <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s agu<strong>do</strong>s adquirem<br />

uma infecção que não estava presente ou incubada no momento da admissão.<br />

Dentre elas, as infecções <strong>de</strong> sítio cirúrgico (ISC) <strong>de</strong>stacam-se como a principal<br />

causa <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> morte em hospitais <strong>de</strong> alguns países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento 2 .<br />

A ISC acomete o cliente até 30 dias após a realização <strong>do</strong> procedimento<br />

cirúrgico e, em caso <strong>de</strong> implante <strong>de</strong> prótese, até um ano após a implantação da<br />

mesma 2-3 . Dentre os eventos adversos (EA) relaciona<strong>do</strong>s à infecção, a ISC é a<br />

segunda causa mais frequente <strong>de</strong>sses eventos em clientes interna<strong>do</strong>s 3 , em<br />

consequência assume a principal causa <strong>de</strong> morbimortalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s clientes pós-<br />

cirúrgicos. Logo, repercurti ainda no prolongamento <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> internação, uso <strong>de</strong><br />

outras intervenções terapêuticas e diagnósticas, como a instituição <strong>de</strong><br />

antimicrobianos, com significativo aumento <strong>do</strong> ônus para a instituição 2-3 .<br />

Em consequência tem-se a antibioticoprofilaxia, que consiste na<br />

administração <strong>de</strong> antibióticos aos clientes que serão submeti<strong>do</strong>s a procedimentos<br />

cirúrgicos. Essa conduta visa reduzir a incidência <strong>de</strong> ISC e é indicada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />

a classificação da ferida operatória. Deve-se avaliar também o tipo <strong>de</strong> cirurgia, as<br />

Capa Índice 10232


condições <strong>do</strong> paciente e sua vulnerabilida<strong>de</strong> ao EA, na presença <strong>de</strong>ste, avaliar o<br />

nível <strong>de</strong> acometimento espera<strong>do</strong> 4 . Outro ponto <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cliente a ISC<br />

está relaciona<strong>do</strong> à qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo da assistência prestada pela equipe<br />

multiprofissional ao cliente no perioperatorio. Esses aspectos po<strong>de</strong>m ser<br />

i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s por instrumentos utiliza<strong>do</strong>s para avaliar a segurança <strong>do</strong> paciente. Tem-<br />

se como exemplo <strong>de</strong>sses instrumentos a organização, recursos e meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong><br />

trabalho, além <strong>do</strong>s protocolos preconiza<strong>do</strong>s pelas diretrizes <strong>de</strong> cirurgia segura 2 . Os<br />

resulta<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser entendi<strong>do</strong>s como representações quantitativas, circunstância<br />

ou ocorrências <strong>de</strong> EA, constituin<strong>do</strong>-se numa po<strong>de</strong>rosa ferramenta gerencial para o<br />

monitoramento, mensuração e avaliação da qualida<strong>de</strong> da assistência. Além <strong>do</strong><br />

controle <strong>de</strong> custos gera<strong>do</strong>s na produção <strong>do</strong>s serviços, grau <strong>de</strong> resolutivida<strong>de</strong> e<br />

produtivida<strong>de</strong>.<br />

A tría<strong>de</strong> para a avaliação <strong>de</strong> tal qualida<strong>de</strong> em saú<strong>de</strong> é classicamente conhecida<br />

como estrutura, processo e resulta<strong>do</strong> 5 . A avaliação mencionada, po<strong>de</strong> ser alcançada<br />

com o levantamento <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> processo, que refere-se às ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

serviço e está orientada, principalmente, para a análise das competências atribuídas<br />

ao profissional durante a terapêutica <strong>do</strong>s problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Adicionalmente, a<br />

avaliação <strong>de</strong> processos compara os procedimentos emprega<strong>do</strong>s a terapêutica, aos<br />

estabeleci<strong>do</strong>s pelos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> 5 .<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se como indica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> prevenção da ISC a taxa <strong>de</strong>sse EA em cirurgia<br />

limpa, o que permite fazer a avaliação da qualida<strong>de</strong> da assistência prestada ao<br />

cliente cirúrgico <strong>de</strong> forma indireta. A inferência <strong>de</strong>ssa taxa po<strong>de</strong> significar que a<br />

contaminação que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou a eventual infecção era <strong>de</strong> outras fontes, como por<br />

exemplo, inobservância das diretrizes, incluin<strong>do</strong> os protocolos, durante o ato<br />

cirúrgico e falhas no processamento <strong>do</strong>s instrumentais, equipamentos e superfícies<br />

ambientais 2 .<br />

A profilaxia antimicrobiana em cirurgias limpas, usualmente não é recomendada,<br />

mas essa terapêutica se justifica diante da implantação <strong>de</strong> prótese ou enxerto, ou <strong>de</strong><br />

eventual infecção, como cirurgias cardíacas, em pacientes <strong>de</strong> risco, como i<strong>do</strong>sos,<br />

imunocomprometi<strong>do</strong>s e diabéticos 2-4 . Porém, a utilização <strong>de</strong> antibioticoprofilaxia em<br />

cirurgias limpas não diminui a taxa <strong>de</strong> infecção da ferida cirúrgica 2 . Nesse contexto,<br />

esse estu<strong>do</strong> objetivou analisar o uso da antibioticoprofilaxia no perioperatorio <strong>de</strong><br />

cirurgia limpa <strong>de</strong> uma instituição <strong>de</strong> ensino da Região Centro-Oeste, sob a ótica da<br />

segurança <strong>do</strong> paciente.<br />

Capa Índice 10233


MATERIAL E MÉTODOS<br />

Estu<strong>do</strong> transversal analítico <strong>de</strong> caráter retrospectivo, realiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong><br />

2006 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010, em uma instituição <strong>de</strong> ensino da Região Centro-Oeste.<br />

Teve-se a aprovação <strong>do</strong> Comitê <strong>de</strong> Ética, protocolo CEP/HC/<strong>UFG</strong> Nº06/2012, Nº<br />

CAAE Plataforma Brasil: 02052912.0.0000.5078. Utilizou-se para avaliação <strong>do</strong><br />

processo para antibioticoprofilaxia, registros em 700 prontuários <strong>de</strong> pacientes<br />

adultos submeti<strong>do</strong>s à cirurgia limpa, transcritos para um formulário. A amostra<br />

aleatória obe<strong>de</strong>ceu a um intervalo sequencial <strong>de</strong> 30 formulários, sen<strong>do</strong> o seguinte<br />

elegível. Este <strong>de</strong>veria conter o número <strong>do</strong> prontuário, i<strong>de</strong>ntificação da cirurgia e estar<br />

em or<strong>de</strong>m alfabética. Utilizou-se planilha eletrônica Microsoft Excel versão 2007,<br />

enumerada <strong>de</strong> 1 a 700. Os formulários elegíveis foram o 31, 61, 91, 121, 151, 181,<br />

211, 241, 271, 301 e assim, sucessivamente, até completar as 21 da amostra. Para<br />

análise utilizou-se o pacote estatístico SPSS versão 17.0. A variável <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> foi a<br />

classificação da cirurgia ser “limpa” 2-6 . Os indica<strong>do</strong>res elegíveis foram o antibiótico<br />

<strong>de</strong> escolha, início da profilaxia uma hora antes da incisão cirúrgica (IC); repique <strong>do</strong><br />

antimicrobiano no intra-operatório com tempo superior a 4 horas e a duração da<br />

profilaxia <strong>do</strong>se única, realizada na indução anestésica, exceto em casos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

sangramento, cirurgias cardíacas e cirurgias com prótese. Nestas situações, o<br />

antimicrobiano po<strong>de</strong>rá ser manti<strong>do</strong> por até 24 horas no máximo 7 .<br />

RESULTADOS<br />

Em relação ao esta<strong>do</strong> nutricional <strong>do</strong>s 21 pacientes não foi <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> nenhum<br />

caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>snutrição, tratava-se <strong>de</strong> indivíduos eutróficos e ida<strong>de</strong> entre 18 a 74 anos.<br />

Quanto ao implante <strong>de</strong> prótese, 42,9% (n=9) fizeram uso <strong>de</strong> prótese ou órtese e<br />

57,1% (n=12), não utilizaram. As cirurgias vasculares contemplaram 28,6% (n=6),<br />

seguida pela plástica (19%; n=4), geral e ortopédicas (14,3%; n=3), mastologia<br />

(9,5%; n=2), neurológica, ginecológica e cardiológica com 4,8% cada (n=1).<br />

Quanto à droga <strong>de</strong> escolha para a antibioticoprofilaxia, 90,5% foi a cefazolina.<br />

Com relação ao tempo da primeira <strong>do</strong>se <strong>do</strong> antibiótico, em 71,43% (n=15) das<br />

cirurgias, a infusão ocorreu até uma hora antes da IC. Em 9,52% não tinham<br />

indicação <strong>de</strong> antibioticoprofilaxia e em 66,7% (n=14) fizeram uso <strong>de</strong> super<strong>do</strong>ses <strong>de</strong><br />

cefazolina.<br />

Constatou-se falhas na profilaxia em 19,05% (n=4) <strong>do</strong>s procedimentos, a qual<br />

antece<strong>de</strong>u o tempo preconiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> até uma hora da IC. Em relação ao tempo<br />

Capa Índice 10234


cirúrgico 19,05% (n=4) foi superior a quatro horas <strong>de</strong> duração. Desses, 50% (n=2)<br />

realizaram repique das <strong>do</strong>ses, conforme protocolo da instituição 7 . Relaciona<strong>do</strong> ao<br />

tempo <strong>de</strong> duração <strong>do</strong> antimicrobiano, 58,7% (n=18) fizeram uso <strong>do</strong> medicamento e<br />

14,3% (n=3) não utilizou no pós-operatório. Dos que fizeram uso, 33,3% (n=6) não<br />

havia indicação e 55,6% (n=10) exce<strong>de</strong>ram o tempo <strong>de</strong> infusão recomenda<strong>do</strong>. Já<br />

<strong>do</strong>s que não fizeram uso da cefazolina no pós-operatório, um caso havia indicação<br />

<strong>do</strong> antibiótico (ATB), por se tratar <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> prótese.<br />

Dos 21 procedimentos analisa<strong>do</strong>s 19% (n=4), apresentaram ISC, em <strong>do</strong>is<br />

casos (50%) em que o material foi envia<strong>do</strong> para exame <strong>de</strong> cultura, isolou-se<br />

Staphylococcus aureus (n=1), Acinetobacter baumannii (n=1), ambos resistentes a<br />

cefazolina. Detectou-se que, em <strong>do</strong>is casos, um não foi realiza<strong>do</strong> antibioticoprofilaxia<br />

no intra-operatório e no outro no pós-operatório, apesar das recomendações das<br />

diretrizes, <strong>do</strong>s quais, a ISC foi associada às falhas.<br />

DISCUSSÃO<br />

Nesse estu<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s quatros indica<strong>do</strong>res atribuí<strong>do</strong>s a antibioticoprofilaxia<br />

cirúrgica analisa<strong>do</strong>s, o único condizente com as diretrizes da instituição 7 , foi o<br />

antimicrobiano seleciona<strong>do</strong>, a cefazolina. Por outro la<strong>do</strong>, os indica<strong>do</strong>res<br />

relaciona<strong>do</strong>s ao início da antibioticoprofilaxia até uma hora antes da IC e repetição<br />

<strong>do</strong> antimicrobiano no intra-operatório, não foram realiza<strong>do</strong>s conforme o preconiza<strong>do</strong><br />

nas diretrizes 2-3-4-7 , uma vez que, observou-se falhas operacionais com relação ao<br />

tempo recomenda<strong>do</strong> para o início da profilaxia e supressão <strong>do</strong> repique da cefazolina<br />

nas cirurgias com tempo <strong>de</strong> duração superior a 4 horas.<br />

É importante salientar que embora a <strong>do</strong>sagem <strong>do</strong> ATB profilático não<br />

significasse um indica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> processo <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>, caberia chamar a atenção pelo<br />

fato que mais <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong>s casos analisa<strong>do</strong>s, tiveram as <strong>do</strong>ses acima <strong>do</strong> padrão<br />

recomenda<strong>do</strong> pelas diretrizes, no quesito peso. Uma vez que a <strong>do</strong>sagem da<br />

cefazolina profilática recomendada para adultos, é <strong>de</strong> 1g para os que apresentam<br />

peso inferior a 80 kg e <strong>de</strong> 2g para aqueles com peso superior a esse valor 4-7 .<br />

Já o indica<strong>do</strong>r tempo <strong>de</strong> duração da antibioticoprofilaxia, para 1/3 <strong>do</strong>s casos<br />

não havia indicação e para aproximadamente 50% das condutas, exce<strong>de</strong>u às 24<br />

horas preconizadas. Tais condutas acarretam em <strong>de</strong>sperdícios da droga, oneran<strong>do</strong><br />

os custos para a instituição, seleção <strong>de</strong> cepas bacterianas resistentes, falhas na<br />

terapêutica e eventual colonização e infecção para o paciente e ou trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>. Haja vista, a ocorrência <strong>de</strong> <strong>do</strong>is casos, que evoluíram para ISC por<br />

Capa Índice 10235


Staphylococcus aureus, Acinetobacter baumannii, em que foi introduzi<strong>do</strong> a<br />

antibióticoprofilaxia por 96 horas.<br />

CONCLUSÕES<br />

Os indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> processos propostos a antibioticoprofilaxia cirúrgica são<br />

instrumentos eficazes para a prevenção da contaminação cruzada e eventual ISC.<br />

No entanto, apesar <strong>de</strong>les serem atributos operacionais <strong>de</strong> aplicabilida<strong>de</strong>, nesse<br />

estu<strong>do</strong> evi<strong>de</strong>nciou-se a baixa a<strong>de</strong>são, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os casos em que o tempo <strong>de</strong><br />

duração da antibioticoprofilaxia, foi superior ao preconiza<strong>do</strong> pelas diretrizes.<br />

A baixa a<strong>de</strong>são ao protocolo estabeleci<strong>do</strong> na instituição po<strong>de</strong> ter colabora<strong>do</strong><br />

para a seleção <strong>de</strong> cepas <strong>de</strong> Staphylococcus aureus, Acinetobacter baumannii,<br />

resistentes à cefazolina. Reforça-se também que além <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> processo<br />

para a antibioticoprofilaxia, faz-se necessário a a<strong>de</strong>são <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res da saú<strong>de</strong><br />

a outros indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> processo, como por exemplo, antissepsia da pele, técnica<br />

cirúrgica a<strong>de</strong>quada, tricotomia e o uso <strong>de</strong> antimicrobianos, conforme as diretrizes e<br />

aos princípios da segurança <strong>do</strong> paciente e <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, com objetivo único <strong>de</strong><br />

reduzir as taxas <strong>de</strong> infecções <strong>de</strong> sítio cirúrgico.<br />

REFERÊNCIAS<br />

1. Siegel JD, Rhinehart E, Jackson M, Chiarello L. Gui<strong>de</strong>line for isolation<br />

precautions: preventing transmission of infectious agents in healthcare settings.<br />

2007.<br />

2. OMS - Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>safio global para a<br />

segurança <strong>do</strong> paciente: Cirurgias seguras salvam vidas (orientações para<br />

cirurgia segura da OMS). Rio <strong>de</strong> Janeiro: Organização Pan-Americana da Saú<strong>de</strong>;<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong>; Agência Nacional <strong>de</strong> Vigilância Sanitária; 2009.<br />

3. SIS-LA. Surgical Infection Society-Latin America. Manual Latino-americano <strong>de</strong><br />

Guias Baseadas na Evidência: Estratégias para a Prevenção da Infecção Associada<br />

ao Atendimento na Saú<strong>de</strong>–ESPIAAS. Bogotá: Gustavo A Quintero; 2009.<br />

4. Diretrizes Clínicas. Antibioticoprofilaxia Cirúrgica. Procedimento Operacional<br />

Padrão – Protocolo Clínico 028. Magalhães ACM, Neto RMN, Roesberg J, Hayck J,<br />

Silva AL, Starling C, Silva APR, Bloom A. Minas Gerais: FHEMIG; 2011.<br />

5. Donabedian A. The <strong>de</strong>finition of quality and approaches to its assessment. In:<br />

Donabedian A, editor. Explorations in quality assessment and monitoring. Michigan:<br />

Health Administration Press; 1980. p.163.<br />

6. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Portaria nº 2616/98 - Normas para o Programa <strong>de</strong> Controle<br />

<strong>de</strong> Infecção Hospitalar. Brasília (Brasil): Ministério da Saú<strong>de</strong>; 1998.<br />

7. Guilar<strong>de</strong> AO, Silva AB, Primo MGB, Souza MA, Zapata MRC. Recomendações <strong>do</strong><br />

serviço <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> infecção hospitalar <strong>do</strong> HC-<strong>UFG</strong> para prevenção e controle <strong>de</strong><br />

infecções hospitalares. Protocolo <strong>de</strong> antibioticoprofilaxia em cirurgia. Goiânia, 2012.<br />

Capa Índice 10236


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10237 - 10241<br />

CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E<br />

INOVAÇÃO NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS<br />

Introdução<br />

Cyntia Aparecida <strong>de</strong> Araújo BERNARDES; Solange M. O. MAGALHÃES.<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação – PPGE em Educação<br />

cyntiabernar<strong>de</strong>s@hotmail.com; solufg@hotmail.com.<br />

O conhecimento produzi<strong>do</strong> nos Programas <strong>de</strong> Pós-graduação em Educação,<br />

por meio das teses e dissertações, historicamente tem servi<strong>do</strong> <strong>de</strong> apoio teórico-<br />

meto<strong>do</strong>lógico na formação inicial e continuada <strong>de</strong> professores divulgan<strong>do</strong><br />

concepções <strong>de</strong> educação que po<strong>de</strong>m contribuir para a construção <strong>de</strong> um<br />

pensamento contra hegemônico ao projeto <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> vigente. Neste senti<strong>do</strong>,<br />

este trabalho refere-se a um esta<strong>do</strong> da arte buscan<strong>do</strong> investigar qual i<strong>de</strong>ário<br />

pedagógico tem da<strong>do</strong> sustentação a trabalhos produzi<strong>do</strong>s sobre a temática<br />

“professores (as)” nas produções acadêmicas <strong>de</strong> Programas <strong>de</strong> Pós-Graduação em<br />

Educação da Região Centro-Oeste, assim como compreen<strong>de</strong>r as concepções <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> professores que divulgam e as práticas que <strong>de</strong>mandam para a<br />

<strong>do</strong>cência.<br />

Para tanto se faz necessário um aprofundamento teórico sobre o i<strong>de</strong>ário<br />

pedagógico constituí<strong>do</strong> historicamente no país, em suas múltiplas <strong>de</strong>terminações<br />

(social, econômica, política e cultural), para melhor apreensão <strong>do</strong>s pressupostos<br />

epistemológicos, ontológicos e filosóficos que sustentam as concepções <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> professores no <strong>de</strong>bate atual, a fim <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r suas <strong>de</strong>mandas<br />

para a <strong>do</strong>cência e as possibilida<strong>de</strong>s para a inovação pedagógica.<br />

Diante disso, nossas questões são: Quais são as concepções <strong>de</strong> educação<br />

presentes nas produções acadêmicas sobre a temática “professores (as)”, entre<br />

1999-2009? Qual o i<strong>de</strong>ário pedagógico foi sustenta<strong>do</strong> nesta década? Que tipos <strong>de</strong><br />

práticas <strong>de</strong>mandaram para a <strong>do</strong>cência? Po<strong>de</strong>m estar indican<strong>do</strong> processos<br />

inova<strong>do</strong>res da <strong>do</strong>cência? Se sim, <strong>de</strong> que inovação se trata? Quais as contribuições<br />

para a formação <strong>de</strong> professores e na orientação para as práticas <strong>do</strong>centes?<br />

Materiais e Méto<strong>do</strong><br />

Capa Índice 10237


Assumimos como méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> investigação o materialismo histórico dialético<br />

compreendi<strong>do</strong> como o que “permite uma apreensão radical (que vai à raiz) da<br />

realida<strong>de</strong> e enquanto práxis, isto é, unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> teoria e prática na busca da<br />

transformação e <strong>de</strong> novas sínteses no plano <strong>do</strong> conhecimento e no plano da<br />

realida<strong>de</strong> histórica” (FRIGOTTO, 1989, p.73), neste caso, <strong>do</strong> conhecimento acerca<br />

da relação entre as concepções <strong>de</strong> educação e a formação <strong>de</strong> professores. Além<br />

disso, a escolha por este méto<strong>do</strong> se dá, em virtu<strong>de</strong> das possibilida<strong>de</strong>s que apresenta<br />

ao pesquisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> trabalhar consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as contradições e o conflito, a totalida<strong>de</strong> e<br />

unida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s contrários, o movimento histórico, assim como as dimensões, filosófica,<br />

material e política, que envolvem o objeto estuda<strong>do</strong> (LIMA, 2007).<br />

Com uma abordagem qualitativa, <strong>de</strong>senvolveremos uma pesquisa <strong>do</strong> tipo<br />

bibliográfica e <strong>do</strong>cumental, cujos da<strong>do</strong>s serão coleta<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong><br />

banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s da REDECENTRO. Durante o percurso, preten<strong>de</strong>-se realizar uma<br />

ampla revisão na literatura acadêmica, passan<strong>do</strong> pelo aprofundamento teórico<br />

acerca <strong>do</strong> i<strong>de</strong>ário pedagógico, formação <strong>de</strong> professores e inovação na <strong>do</strong>cência<br />

para fundamentar e subsidiar a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s.<br />

Resulta<strong>do</strong>s e discussões<br />

As reformas educacionais brasileiras, <strong>de</strong> cunho neoliberal e com primazia nos<br />

aspectos econômicos e na lógica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, pactuadas com as recomendações<br />

<strong>do</strong>s organismos internacionais, foram ganhan<strong>do</strong> corpo a partir <strong>do</strong>s anos 1990,<br />

provocan<strong>do</strong> uma substituição <strong>do</strong>s “argumentos <strong>de</strong> natureza filosófica, sociológica ou<br />

psicológica por planilhas e bancos <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s volta<strong>do</strong>s ao conceito ora hegemônico<br />

<strong>de</strong> ‘custo-benefício’” (DIAS-DA-SILVA, 2005, p.383). Regidas por uma lógica<br />

produtivista e <strong>de</strong> atendimento às <strong>de</strong>mandas <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, as políticas tem<br />

dissemina<strong>do</strong> um projeto <strong>de</strong> formação na perspectiva <strong>de</strong> uma racionalida<strong>de</strong> técnica,<br />

afetan<strong>do</strong> profundamente os cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores por meio da<br />

imposição <strong>de</strong> um projeto conserva<strong>do</strong>r, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>an<strong>do</strong> o que Evangelista e Shiroma<br />

(2008) chamam <strong>de</strong> “reconversão profissional” para adaptar o trabalha<strong>do</strong>r ao<br />

or<strong>de</strong>namento social.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, observamos que a <strong>do</strong>cência tem si<strong>do</strong> submetida a constantes<br />

transformações em seus fundamentos teórico-meto<strong>do</strong>lógicos, o que tem gera<strong>do</strong> uma<br />

série <strong>de</strong> problemas que se ligam à fragmentação nas propostas formativas<br />

Capa Índice 10238


(currículo, estágio, disciplinas <strong>de</strong>sconectadas, etc.) e ao <strong>de</strong>sequilíbrio dialético entre<br />

os pólos que orientam sua organização.<br />

Esses problemas geram constantes <strong>de</strong>safios que também são enfrenta<strong>do</strong>s<br />

pelas universida<strong>de</strong>s públicas, principalmente aos que se posicionam na perspectiva<br />

<strong>de</strong> fazer rupturas com a racionalida<strong>de</strong> técnica, com objetivo <strong>de</strong> promover a inovação<br />

<strong>do</strong>s saberes construí<strong>do</strong>s e <strong>do</strong> fazer pedagógico. E, ao discutirmos a formação <strong>de</strong><br />

professores, vêm à tona alguns enuncia<strong>do</strong>s conceituais que merecem especial<br />

atenção, a concepção <strong>de</strong> educação, por exemplo, auxilia na construção <strong>de</strong><br />

alternativas para um novo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong> <strong>do</strong>cência. Por isso, nos instiga à<br />

reflexão acerca da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superação <strong>de</strong> uma formação que historicamente<br />

tem contribuí<strong>do</strong> para uma <strong>do</strong>cência que assume processos <strong>de</strong> reprodução social e<br />

manutenção <strong>do</strong> status quo, o que po<strong>de</strong> ser possibilita<strong>do</strong> pela compreensão <strong>do</strong><br />

i<strong>de</strong>ário pedagógico.<br />

Saviani (2010, p.6) explica que o i<strong>de</strong>ário pedagógico, são as i<strong>de</strong>ias<br />

educacionais “na forma como elas encarnam no movimento real da educação,<br />

orientan<strong>do</strong> e, mais <strong>do</strong> que isso, constituin<strong>do</strong> a própria substância da prática<br />

educativa”. Afirma também que as i<strong>de</strong>ias educacionais po<strong>de</strong>m ser “<strong>de</strong>correntes da<br />

análise <strong>do</strong> fenômeno educativo visan<strong>do</strong> explicá-lo”, e encontram-se nas diferentes<br />

disciplinas científicas que tomam a educação como objeto; e, há também, aquelas<br />

“<strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada concepção <strong>de</strong> homem, mun<strong>do</strong> ou socieda<strong>de</strong> sob cuja luz<br />

se interpreta o fenômeno educativo”, “que classicamente tem constituí<strong>do</strong> o campo da<br />

filosofia da educação”.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, o pensamento filosófico, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Luckesi (2011), é uma<br />

forma <strong>de</strong> conhecimento que busca interpretar o mun<strong>do</strong>, crian<strong>do</strong> uma concepção que<br />

fornece possibilida<strong>de</strong>s para uma ação efetiva, condiciona<strong>do</strong> pelo momento histórico<br />

ao mesmo tempo em que é condicionante para a construção <strong>do</strong> momento que se<br />

seguirá. É como se impulsionasse a ação, com vistas à concretização <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminadas aspirações <strong>de</strong> um grupo, classe ou mesmo <strong>de</strong> um povo. Neste<br />

senti<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos afirmar que, como concepção filosófica da educação, a pedagogia<br />

em articulação com a prática pedagógica não é neutra, mas permeada por sua<br />

história, interesses e aspirações, elementos que direcionam o fazer educacional.<br />

Por isso po<strong>de</strong>mos afirmar que a concepção <strong>de</strong> formação e <strong>de</strong> <strong>do</strong>cência<br />

incorporada pelas instituições forma<strong>do</strong>ras explicita as concepções <strong>de</strong> educação e <strong>de</strong><br />

sujeito que preten<strong>de</strong>m formar para atuar na socieda<strong>de</strong>. Diante disso, o professor é<br />

Capa Índice 10239


um profissional que está em meio a essa contradição, uma vez que a ele é solicita<strong>do</strong><br />

respon<strong>de</strong>r às exigências postas à sua formação, e também àquelas apontadas por<br />

paradigmas que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a implementação <strong>de</strong> inovação nas práticas <strong>do</strong>centes.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, se a concepção <strong>de</strong> formação não é neutra, a concepção <strong>de</strong><br />

educação que sustenta também não o é. Isso nos instiga, pois a enten<strong>de</strong>rmos que é<br />

preciso analisá-la numa perspectiva que se afaste da concepção meramente técnica<br />

e instrumental. Essa mesma preocupação perpassa as dissertações e teses<br />

<strong>de</strong>fendidas na pós-graduação em Educação, os trabalhos discutem aspectos da<br />

<strong>do</strong>cência, analisan<strong>do</strong>, inclusive, a formação <strong>do</strong> professor em várias dimensões. Por<br />

outro la<strong>do</strong>, as concepções <strong>de</strong> educação <strong>de</strong>fendidas nos estu<strong>do</strong>s sustentam uma<br />

fonte teórica utilizada na formação continuada <strong>de</strong> muitos professores, mostran<strong>do</strong>-se<br />

condicionantes <strong>de</strong> uma concepção <strong>de</strong> <strong>do</strong>cência que po<strong>de</strong> (ou não), gerar<br />

possibilida<strong>de</strong>s para uma formação humaniza<strong>do</strong>ra e emancipa<strong>do</strong>ra, capaz <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver consciências emancipadas que conduzam a uma ação transforma<strong>do</strong>ra<br />

da nossa socieda<strong>de</strong>.<br />

É importante salientar ainda, que a <strong>de</strong>fesa por formação e práticas<br />

emancipa<strong>do</strong>ras não se esgotam na dimensão técnica (saber ensinar), mas engloba<br />

todas as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas pelo professor que visam à formação <strong>do</strong>s alunos<br />

e à sua própria, fundamentada em conhecimentos, saberes e fazeres, que envolvem<br />

tanto aspectos da vida profissional como da pessoal, ou seja, as relações<br />

estabelecidas, a subjetivida<strong>de</strong>, a afetivida<strong>de</strong>, os valores, a ética. (ISAIA, 2006;<br />

SOUZA, 2009).<br />

Lembran<strong>do</strong> que a formação é um constructo arbitrário e sua proposta <strong>de</strong>corre<br />

<strong>de</strong> uma concepção <strong>de</strong> educação construída sócio historicamente e <strong>de</strong> trabalho que<br />

cabe ao <strong>do</strong>cente realizar, cuja ação é intencional (SAVIANI, 2011. p.11). Perguntas<br />

como: formação para quê? Com que senti<strong>do</strong>? Devem ser baliza<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s processos<br />

formativos e, sem o esforço para respondê-las, corremos o risco <strong>de</strong> tratar as<br />

questões da formação <strong>de</strong> forma naturalizada, como se não estivéssemos atuan<strong>do</strong><br />

num campo <strong>de</strong> intensas i<strong>de</strong>ologias e valores.<br />

Conclusões<br />

Concordamos com Saviani (2009) quan<strong>do</strong> afirma que a educação precisa<br />

abalar as certezas, <strong>de</strong>sautorizar o senso comum, <strong>de</strong>salienar, emancipar, no senti<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> construir uma pedagogia revolucionária capaz <strong>de</strong> “colocar nas mãos <strong>do</strong>s<br />

educa<strong>do</strong>res uma arma <strong>de</strong> luta capaz <strong>de</strong> permitir-lhes o exercício <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r real,<br />

Capa Índice 10240


ainda que limita<strong>do</strong>” (SAVIANI, 2009, p.28). E, para além <strong>de</strong> uma formação para o<br />

exercício da profissão, buscamos aquela que caminhe em prol da construção <strong>de</strong><br />

uma “humanida<strong>de</strong> renovada”, voltada para o investimento em forças emancipatórias,<br />

“num procedimento contínuo e simultâneo <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia, <strong>de</strong>smascaramento e <strong>de</strong><br />

superação <strong>de</strong> sua inércia <strong>de</strong> entropia, bem como <strong>de</strong> anúncio e instauração <strong>de</strong><br />

formas solidárias <strong>de</strong> ação histórica” (SEVERINO, 2010. p. 646).<br />

Com o interesse em ampliar esses estu<strong>do</strong>s e procurar subsídios para a<br />

formação <strong>de</strong> professores, caminharemos pela compreensão sobre o i<strong>de</strong>ário<br />

pedagógico construí<strong>do</strong> historicamente no Brasil, buscan<strong>do</strong> o entendimento sobre a<br />

constituição da formação <strong>de</strong> professores (inicial e continuada) no país e o que se<br />

fala <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores hoje, envolven<strong>do</strong> seus aspectos legais e as<br />

concepções em <strong>de</strong>bate. Além disso, pesquisaremos sobre as características básicas<br />

da <strong>do</strong>cência universitária, assim como as concepções <strong>de</strong> inovação pedagógica<br />

postas em discussão no contexto atual, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> a influência epistemológica<br />

que sustenta os processos inova<strong>do</strong>res da <strong>do</strong>cência e buscan<strong>do</strong> compreen<strong>de</strong>r como<br />

essas concepções po<strong>de</strong>m orientar a prática <strong>do</strong>cente na perspectiva da emancipação<br />

<strong>do</strong>s sujeitos.<br />

Referências<br />

DIAS-DA-SILVA, Maria H.G.F. Política <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores no Brasil: as<br />

ciladas da reestruturação das licenciaturas. Revista Perspectiva, Florianópolis-<br />

SC, v.23, n.2, p.381-406, jul – <strong>de</strong>z 2005.<br />

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Capa Índice 10241


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10242 - 10246<br />

CADEIA DE COURO DE BOVINO EM GOIÁS: ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE<br />

PARA A EXPORTAÇÃO<br />

Daiane Gonçalves RIBEIRO; Eliane Moreira Sá <strong>de</strong> SOUZA.<br />

daianeribeiro2@yahoo.com.br; eliane.mss@hotmail.com.<br />

Escola <strong>de</strong> Agronomia e Eng. <strong>de</strong> Alimentos - Mestra<strong>do</strong> em Agronegócio<br />

Palavras-chave: Competitivida<strong>de</strong>; Couro; Curtume; Exportação.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O couro é a pele animal que passou por processos <strong>de</strong> limpeza, <strong>de</strong><br />

curtimento, que promove a estabilização <strong>do</strong> produto, e <strong>de</strong> acabamento.<br />

Habitualmente utiliza<strong>do</strong> para confecção <strong>de</strong> calça<strong>do</strong>s, peças <strong>de</strong> vestuário,<br />

revestimento <strong>de</strong> mobília e estofamento <strong>de</strong> automóveis, <strong>de</strong>ntre outros usos<br />

(PACHECO, 2005).<br />

No processo <strong>de</strong> industrialização <strong>do</strong> couro <strong>de</strong> bovino o produto passa por<br />

três fases básicas e po<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r à diferentes <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com cada fase: Na primeira fase é produzi<strong>do</strong> o wet blue, couro curti<strong>do</strong><br />

que passa apenas por um processo inicial <strong>de</strong> tratamento tornan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong><br />

aspecto úmi<strong>do</strong> e azula<strong>do</strong>; na segunda fase, processo <strong>de</strong> semi-acabamento, o<br />

wet blue é amacia<strong>do</strong> e prepara<strong>do</strong> para receber o acabamento; na terceira e<br />

última fase da industrialização o couro recebe a tonalização, tornan<strong>do</strong>-se<br />

matéria-prima para a produção <strong>de</strong> artefatos <strong>de</strong> couro.<br />

O Brasil possui o maior rebanho comercial <strong>de</strong> bovinos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

enquanto que, em valores, a Itália é o maior exporta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> couro e a China é o<br />

maior produtor mundial <strong>de</strong> couro. Em Goiás o cenário local é composto por<br />

cerca <strong>de</strong> 6 curtumes legaliza<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s quais cerca <strong>de</strong> 50% trabalham com o<br />

couro wet blue para exportação.<br />

A pesquisa terá foco nas fragilida<strong>de</strong>s e potencialida<strong>de</strong>s que fazem parte<br />

da ca<strong>de</strong>ia e em como a teoria da competitivida<strong>de</strong> explica as relações existentes<br />

entre as organizações da ca<strong>de</strong>ia. Enten<strong>de</strong>r os conceitos teóricos da<br />

competitivida<strong>de</strong>, como ela visualiza a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> couro em Goiás e o mo<strong>do</strong> que<br />

Capa Índice 10242


a mesma influencia na eficácia e eficiência da ca<strong>de</strong>ia formam bases para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta pesquisa.<br />

Apesar <strong>de</strong> Goiás ser <strong>de</strong>tentor <strong>do</strong> 4º maior rebanho bovino brasileiro<br />

(IBGE, 2010), o Esta<strong>do</strong> não se configura como um exporta<strong>do</strong>r que possua<br />

expressivida<strong>de</strong> no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> couro acaba<strong>do</strong> <strong>de</strong> bovino – CAB, apesar <strong>do</strong>s<br />

esforços inicia<strong>do</strong>s em 2003 com o apoio <strong>do</strong> MDIC (COUROBUSINESS, 2012).<br />

Assim, no contexto da ca<strong>de</strong>ia produtiva <strong>do</strong> couro <strong>de</strong> bovino <strong>de</strong> Goiás se po<strong>de</strong><br />

formular como pergunta <strong>de</strong>sta pesquisa: Como tornar as organizações<br />

produtoras <strong>de</strong> couro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás mais competitivas no merca<strong>do</strong> interno<br />

e externo?<br />

OBJETIVOS<br />

Para analisar o problema <strong>de</strong> pesquisa oriun<strong>do</strong> da inquietação científica,<br />

o objetivo geral proposto para ser alcança<strong>do</strong> na pesquisa foi o <strong>de</strong> analisar a<br />

competitivida<strong>de</strong> das organizações <strong>do</strong> setor produtivo <strong>de</strong> couro bovino <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás, com foco no merca<strong>do</strong> interno e na exportação para países da<br />

Europa e da Ásia.<br />

De mo<strong>do</strong> a obter a análise proposta pela pesquisa, os seguintes<br />

objetivos específicos foram formula<strong>do</strong>s:<br />

- especificar o processo produtivo <strong>de</strong> couro bovino;<br />

- analisar as potencialida<strong>de</strong>s e fragilida<strong>de</strong>s da ca<strong>de</strong>ia produtiva <strong>de</strong> couro<br />

<strong>de</strong> bovino <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás;<br />

Ásia;<br />

- analisar o processo <strong>de</strong> exportação <strong>do</strong> couro bovino para a Europa e<br />

- I<strong>de</strong>ntificar fatores <strong>de</strong>terminantes da competitivida<strong>de</strong> nas organizações<br />

<strong>do</strong> setor;<br />

- i<strong>de</strong>ntificar oportunida<strong>de</strong>s e ameaças no merca<strong>do</strong> interno <strong>de</strong> couro e na<br />

exportação para a Europa e Ásia.<br />

METODOLOGIA<br />

De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em pesquisa o Esta<strong>do</strong> possui 6<br />

curtumes atuan<strong>do</strong> legalmente, são eles: Xingule<strong>de</strong>r em Itumbiara, Couros<br />

Capa Índice 10243


Aragoiânia em Aragoiânia, Goiás Couros em Palmeiras <strong>de</strong> Goiás, Coming<br />

em Trinda<strong>de</strong>, Curtume Centro-Oeste em Sena<strong>do</strong>r Cane<strong>do</strong> e Fuga Couros<br />

em Hidrolândia. Diante <strong>de</strong> um universo reduzi<strong>do</strong>, optou-se por não<br />

selecionar uma amostra, a pesquisa será <strong>de</strong>senvolvida buscan<strong>do</strong><br />

informações <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o universo disposto.<br />

No que se refere aos objetivos a pesquisa será exploratória e<br />

explicativa. O estu<strong>do</strong> será composto por da<strong>do</strong>s primários e secundários. O<br />

presente estu<strong>do</strong> busca i<strong>de</strong>ntificar, por meio <strong>do</strong> levantamento bibliográfico e<br />

<strong>do</strong>cumental, <strong>de</strong> entrevistas, e pelo méto<strong>do</strong> observacional, fatores<br />

<strong>de</strong>terminantes para a ocorrência <strong>de</strong> aspectos que influenciam diretamente<br />

o objeto estuda<strong>do</strong>.<br />

A abordagem quantitativa formará as bases para a estruturação da<br />

pesquisa, utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> números, classifica<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s para melhor<br />

compreensão <strong>do</strong> objeto. Associada a esta estará a abordagem qualitativa,<br />

informações não quantificáveis que possam contribuir para a análise e<br />

compreensão <strong>do</strong> objeto serão utilizadas no intuito <strong>de</strong> complementar o<br />

trabalho.<br />

Por fim, o intuito é <strong>de</strong> utilizar-se estu<strong>do</strong>s transversais que <strong>de</strong>screvam<br />

os indivíduos da população da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> couro <strong>de</strong> bovino <strong>de</strong> Goiás,<br />

relacionan<strong>do</strong> suas características e suas histórias.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Dentro da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> couro <strong>de</strong> bovino <strong>de</strong> Goiás é possível<br />

diagnosticar alguns atores que possuem maior relevância para a<br />

estruturação da mesma. O primeiro indivíduo é o fornece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> insumos,<br />

ou D1, através <strong>de</strong>ste inicia-se a boa qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> couro, incluin<strong>do</strong>-se<br />

nesse processo o fornecimento <strong>de</strong> sêmen <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para a reprodução<br />

animal, cercas <strong>de</strong> arame liso, complementos para alimentação,<br />

medicamentos, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

O próximo elo, beneficiário imediato <strong>do</strong>s produtos advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> D1, é<br />

o cria<strong>do</strong>r <strong>de</strong> ga<strong>do</strong>, esse é responsável pelo bom trato durante o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> animal, nesse processo, quan<strong>do</strong> o cria<strong>do</strong>r não possui<br />

Capa Índice 10244


a capacitação necessária, ocorrem muitas perdas <strong>do</strong> produto, um simples<br />

arame farpa<strong>do</strong>, ou um parasita são capazes <strong>de</strong> comprometer a qualida<strong>de</strong> e<br />

até toda a peça <strong>de</strong> couro.<br />

Em seguida, os frigoríficos dão continuida<strong>de</strong> ao processo produtivo<br />

da ca<strong>de</strong>ia, <strong>de</strong> praxe, cabe a estes o abate e a retirada da pele <strong>do</strong> animal,<br />

momento o qual exige o <strong>do</strong>mínio correto da técnica e o uso <strong>de</strong><br />

equipamentos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, o uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma faca ou lâmina po<strong>de</strong> por<br />

a per<strong>de</strong>r to<strong>do</strong> o produto. Posteriormente, os curtumes adquirem as peles<br />

<strong>de</strong> bovino e dão início ao processo <strong>de</strong> curtimento que tornará o couro um<br />

produto imputrescível, após passar pela fase <strong>de</strong> wet blue, semi acaba<strong>do</strong> e<br />

receber o acabamento o couro é remeti<strong>do</strong> ao merca<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser ele<br />

interno ou externo e através <strong>de</strong>ste o produto é encaminha<strong>do</strong> às indústrias<br />

<strong>de</strong> artefatos <strong>de</strong> couro e à indústria calçadista. É necessário ressaltar que o<br />

momento vivi<strong>do</strong> pela ca<strong>de</strong>ia ten<strong>de</strong> a uma verticalização iniciada pelos<br />

frigoríficos, estes passaram a processar o couro e <strong>de</strong>ixaram assim <strong>de</strong><br />

repassar parte significativa da matéria prima para os habituais curtumes.<br />

To<strong>do</strong> esse processo po<strong>de</strong> ser sintetiza<strong>do</strong> pela Figura 5.<br />

Figura 5: Atores da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> couro <strong>de</strong> bovino.<br />

Fonte:Da<strong>do</strong>s da pesquisa. Elaboração da autora<br />

A maior parte da <strong>de</strong>manda internacional, atendida pelo Brasil, busca<br />

pelo wet blue, no entanto, se o parâmetro for a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produto<br />

exporta<strong>do</strong> - wet blue -, em função <strong>do</strong>s valores <strong>do</strong> couro acaba<strong>do</strong>, os custos<br />

sociais são maiores e o retorno financeiro é inferior. O couro acaba<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>manda um pouco mais <strong>de</strong> trabalho por parte <strong>do</strong>s curtumes e aplicação<br />

Capa Índice 10245


<strong>de</strong> tecnologia, que <strong>de</strong>mandam <strong>de</strong>terminada inversão <strong>de</strong> capital, mas<br />

propicia um maior retorno financeiro, influencian<strong>do</strong> também na<br />

lucrativida<strong>de</strong> da ca<strong>de</strong>ia.<br />

Os curtumes ainda possuem pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento - P&D -<br />

precários, <strong>de</strong>mandam mão <strong>de</strong> obra advinda <strong>de</strong> outros Esta<strong>do</strong>s para os<br />

cargos gerenciais, e pre<strong>do</strong>minantemente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> maquinário<br />

importa<strong>do</strong> para a elaboração <strong>do</strong> couro.<br />

CONCLUSÕES<br />

Quan<strong>do</strong> o foco da competitivida<strong>de</strong> se volta para a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> couro <strong>de</strong><br />

bovino em Goiás a literatura se apresenta um tanto mo<strong>de</strong>sta, na pesquisa<br />

efetuada não foi possível encontrar nenhum trabalho que se volte<br />

especificamente para a competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta ca<strong>de</strong>ia no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás,<br />

fato que <strong>de</strong>nota a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um olhar científico sobre o setor, ten<strong>do</strong><br />

em vista as bases da teoria da competitivida<strong>de</strong> e também o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da mesma.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Agra<strong>de</strong>ço a CAPES por acreditar em meu potencial e financiar minha pesquisa.<br />

Agra<strong>de</strong>ço a to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>centes <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> em Agronegócio, em<br />

especial minha orienta<strong>do</strong>ra Eliane Souza, por compartilharem seu<br />

conhecimento e enriquecerem minha pesquisa.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

IBGE – Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística. Efetivo <strong>do</strong>s<br />

Rebanhos <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Porte em 31.12, Segun<strong>do</strong> as Gran<strong>de</strong>s Regiões e<br />

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REVISTA COUROBUSINESS. Programa vai Financiar a Melhoria da<br />

Qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Couro. Disponível em:<br />

. Acessa<strong>do</strong> em: 15 <strong>de</strong><br />

Setembro <strong>de</strong> 2012.<br />

Capa Índice 10246


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10247 - 10251<br />

Solubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sistemas <strong>de</strong> Equações Aditivas.<br />

Daiane Soares VERAS (Bolsista Capes)<br />

(dai1188@hotmail.com)<br />

Orienta<strong>do</strong>r:Paulo Henrique <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> RODRIGUES<br />

(paulo@mat.ufg.br)<br />

Instituto <strong>de</strong> Matemática e Estatística-<strong>UFG</strong><br />

Palavras-chave: Formas aditivas, Conjectura <strong>de</strong> Artin, Corpos p-ádicos.<br />

1 Introdução<br />

Um problema clássico relaciona<strong>do</strong> a sistemas <strong>de</strong> formas aditivas sobre o corpo <strong>do</strong>s números p-<br />

ádicos é garantir a solubilida<strong>de</strong> não trivial p-ádica <strong>de</strong> tais sistemas encontran<strong>do</strong> uma relação<br />

entre o grau <strong>de</strong>ssas formas aditivas e o número <strong>de</strong> variáveis.<br />

Na década <strong>de</strong> 20, E. Artin conjecturou que um sistema <strong>de</strong> formas aditivas <strong>de</strong> grau k em<br />

n variáveis,<br />

⎧<br />

a11x<br />

⎪⎨<br />

⎪⎩<br />

k 1 + ···+ a1nx k n =0<br />

.<br />

ar1x k 1 + ···+ arkx k n =0<br />

com coeficientes inteiros, tem solução p-ádica não trivial se n ≥ Rk 2 +1.<br />

Esta conjectura está provada em diversos casos particulares, entretanto, para valores<br />

gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> p, espera-se que a estimativa para o número <strong>de</strong> variáveis necessárias para garantir<br />

a solubilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema acima seja inferior à que é dada pela conjectura <strong>de</strong> Artin.<br />

Neste trabalho serão apresentadas cotas para o número <strong>de</strong> variáveis que garantam a<br />

solubilida<strong>de</strong> p-ádica não trivial <strong>do</strong> sistema (1). Mais precisamente, veremos que se p>k 2r+2 ,<br />

então 2rk + 1 variáveis são suficientes [1].<br />

2 Méto<strong>do</strong>s Utiliza<strong>do</strong>s<br />

Para o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s casos particulares da Conjectura <strong>de</strong> Artin foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s<br />

preliminares a respeito <strong>de</strong>:<br />

• números p-ádicos, <strong>de</strong>nota<strong>do</strong> por Qp;<br />

Capa Índice 10247<br />

1<br />

(1)


• somas exponenciais, um méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> para estimar número <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> con-<br />

gruências;<br />

• alguns resulta<strong>do</strong>s clássicos, como o Lema <strong>de</strong> Hensel;<br />

• teoremas relaciona<strong>do</strong>s à teoria da p-normalização, como o teorema <strong>de</strong> Davenport e<br />

Lewis.<br />

3 Teoremas Principais<br />

Um bom resulta<strong>do</strong> a respeito <strong>de</strong> solubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> equações é da<strong>do</strong> pelo Teorema<br />

<strong>de</strong> Dörner [2]:<br />

Teorema 1. Sejam r,k,n inteiros positivos com k>1 e n>2rk. Existe um p0 = p0(r, k)<br />

tal que to<strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> equações<br />

Fi(x) =ai1x k 1 + ···+ ainx k n =0,i=1, ..., r (2)<br />

com coeficientes aij ∈ Z, tem uma solução p-ádica não trivial para to<strong>do</strong> p>p0(r, k).<br />

A respeito <strong>do</strong> teorema acima sabe-se que a estimativa para o número <strong>de</strong> variáveis n>2rk<br />

é a melhor possível. Assim a questão que permanece é a obtenção <strong>de</strong> uma estimativa para<br />

p0(r, k).<br />

Basea<strong>do</strong>s na conjectura <strong>de</strong> Wooley [4], Atkinson, Brü<strong>de</strong>n e Cook mostraram em [1] que<br />

po<strong>de</strong>mos tomar p0(r, k) =k 2r+2 .<br />

Teorema 2. Sejam r,k,n inteiros positivos com k>1 e n>2rk. Então o sistema <strong>de</strong><br />

equações (2) tem solução p-ádica não trivial para to<strong>do</strong> p>k 2r+2 .<br />

Este resulta<strong>do</strong> é garanti<strong>do</strong> via Lema <strong>de</strong> Hensel <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong>-se o seguinte teorema:<br />

Teorema 3. Sejam m =2r +1, bij,di ∈ Z tais que B =(bij) é altamente não singular no<br />

corpo K = Fp. Então o sistema <strong>de</strong> congruências<br />

bi1x k 1 + ···+ bimx k m ≡ di(modp),i=1, ..., r (3)<br />

tem solução não singular módulo p para to<strong>do</strong> primo p>k 2r+2 .<br />

Capa Índice 10248<br />

2


Para o nosso objetivo, utilizaremos o teorema (3) apenas no caso em que K = Fp,<br />

entretanto o resulta<strong>do</strong> também é verda<strong>de</strong>iro para o caso mais geral em que K = Fq, q = p f .<br />

Esta generalização po<strong>de</strong> ser encontrada em [1].<br />

A <strong>de</strong>montração <strong>do</strong> teorema (3) utiliza somas exponenciais, e é feita estiman<strong>do</strong>-se uma<br />

cota superior para o número <strong>de</strong> soluções singulares. Os resulta<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>finições abaixo são <strong>de</strong><br />

suma importância para essa <strong>de</strong>monstração.<br />

Definição 1. Seja B =(bij) uma matriz r × m num corpo K. Para cada 0 ≤ d ≤ r,<br />

<strong>de</strong>notamos por µ(d, B) o número máximo <strong>de</strong> colunas <strong>de</strong> B que estão em um mesmo subespaço<br />

d-dimensional <strong>de</strong> Kr . Em particular, se m =2r +1 e µ(d, B) ≤ 2d para to<strong>do</strong> d ≤ r − 1<br />

dizemos que B é altamente não singular.<br />

Definição 2. Para bij,di ∈ Z, uma solução x <strong>de</strong> (3)é dita <strong>de</strong> posto ρ se a matriz (bijxj) tem<br />

posto ρ em Fp, e é dita não singular se a matriz tem posto máximo.<br />

Definição 3. Para 1 ≤ ν ≤ r <strong>de</strong>finimos qν(B) como sen<strong>do</strong> o número mínimo <strong>de</strong> componentes<br />

com entradas não nulas em pelo menos uma das ν combinações lineares linearmente<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes das linhas <strong>de</strong> uma matriz B.<br />

Lema 4. Seja A uma matriz r × m sobre um corpo K e t um inteiro positivo. Então A<br />

possui t submatrizes r × r não singulares sobre K disjuntas, se e somente se,<br />

vale para to<strong>do</strong> d ≤ r − 1.<br />

m − µ(d, A) ≤ t(r − d) (4)<br />

Segue imediatamente que se B é uma matriz r × (2r + 1) altamente não singular, então<br />

B contém duas matrizes r × r não singulares.<br />

Lema 5. (Lema <strong>de</strong> Hensel) Se p não divi<strong>de</strong> k e as congruências<br />

αl1x k 1 + ···+ αmx k m ≡ 0(modp), l =1, ..., r (5)<br />

têm solução <strong>de</strong> posto r, mod p, então as equações<br />

têm solução p-ádica não trivial.<br />

αl1x k 1 + ···+ αmx k m = 0 (6)<br />

Capa Índice 10249<br />

3


Alguns resulta<strong>do</strong>s básicos sobre normalização p-ádica também são necessários para nossos<br />

estu<strong>do</strong>s sobre solubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> equações aditivas.<br />

Nós associamos as formas F1, ..., Fr ao parâmetro<br />

θ = <br />

<strong>de</strong>tAj<br />

j<br />

on<strong>de</strong> Aj =(aij), 1 ≤ i ≤ r, j ∈ J é uma submatriz r × r da matriz A <strong>do</strong>s coeficientes <strong>de</strong> (1),<br />

e J percorre to<strong>do</strong>s os subconjuntos com r elementos <strong>de</strong> {1, ..., n}.<br />

Para um p fixo, as equações em (1) têm solução não trivial em Qp se, e semente se, existe<br />

um sistema p-normaliza<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> a (1).<br />

Sistemas p-normaliza<strong>do</strong>s têm as seguintes proprieda<strong>de</strong>s.<br />

Lema 6. (Davenport e Lewis) Um sistema p-normaliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> formas aditivas f1 =<br />

0, ..., fr =0<strong>de</strong> grau k po<strong>de</strong> ser escrito, após reor<strong>de</strong>nação das variáveis, na forma<br />

para i =1, ..., r on<strong>de</strong><br />

fi = Fi(x1, ..., xs)+pGi(xs+1, ..., xn) (7)<br />

s ≥ n/k.<br />

Mais ainda, se 1 ≤ j ≤ s, então pelo menos um <strong>do</strong>s coeficientes <strong>de</strong> algum xj não é<br />

divisível por p. Além disso, para 1 ≤ ν ≤ r, se qν representa o menor número <strong>de</strong> colunas,<br />

não nulas módulo p, em quaisquer ν combinações lineares das linhas <strong>de</strong> A0, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

módulo p, então<br />

qν ≥ νn<br />

rk .<br />

Po<strong>de</strong>mos notar que para n>2rk, temos s>2r e qν > 2ν.<br />

Proposição 7. Suponha que qualquer sistema <strong>do</strong> tipo (1) que possua a proprieda<strong>de</strong> θ = 0<br />

possua solução p-ádica não trivial. Então, to<strong>do</strong> sistema <strong>do</strong> tipo (1) tal que θ =0também<br />

possui solução p-ádica não trivial.<br />

4 Conclusão<br />

Pela proposição (7), teorema (3) e pelo Lema <strong>de</strong> Hensel (5), to<strong>do</strong> sistema <strong>do</strong> tipo (1) cujo<br />

número n <strong>de</strong> variáveis satisfaz n>2rk tem solução p-ádica não trivial para to<strong>do</strong> p>k 2r+2 .<br />

Capa Índice 10250<br />

4


5 Bibliografia<br />

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[8] Ru<strong>do</strong>lf Lidl and Harald Nie<strong>de</strong>rreiter, Finite Fields.<br />

Capa Índice 10251<br />

5


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10252 - 10256<br />

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE<br />

GOIÁS: UMA PROPOSTA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA PARA O<br />

ENSINO DE MATEMÁTICA<br />

Daniela Silva Men<strong>de</strong>s MEDEIROS a [danielamen<strong>de</strong>sp@yahoo.com.br]<br />

Wagner Wilson FURTADO b [wagner@if.ufg.br]<br />

a,b Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás/Mestra<strong>do</strong> em Educação em Ciências e Matemática<br />

b Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás/Instituto <strong>de</strong> Física<br />

Palavras-chave: Avaliação formativa. Avaliação diagnóstica. Avaliação externa.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Des<strong>de</strong> o final <strong>do</strong> século XX, a avaliação ganhou enorme <strong>de</strong>staque nas<br />

políticas educacionais empreendidas no Brasil. Esse <strong>de</strong>staque po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong><br />

pelas agendas <strong>do</strong> Ministério e das Secretarias da Educação e, principalmente, pelo<br />

crescimento <strong>de</strong> pesquisas acadêmicas que têm como foco a avaliação. Esse fato se<br />

refletiu em artigos e produções <strong>de</strong> natureza acadêmica, que iniciam fazen<strong>do</strong><br />

referência à importância que a avaliação tem assumi<strong>do</strong> nas políticas públicas<br />

voltadas para a educação, ressaltan<strong>do</strong> sua “centralida<strong>de</strong>” nessas políticas. Sen<strong>do</strong><br />

assim, o discurso e o <strong>de</strong>bate em torno da avaliação justifica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

pensar a avaliação no contexto das políticas educacionais. Segun<strong>do</strong> Vianna (2000),<br />

atualmente, o enfoque da avaliação<br />

[...] não está circunscrito ao aluno e seu rendimento, ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

atitu<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> interesses, que constituem o produto <strong>do</strong> processo instrucional<br />

que ocorre na escola. O seu interesse se ampliou, mas não ficou no âmbito<br />

da microavaliação. Passou a se interessar por grupos <strong>de</strong> indivíduos (alunos,<br />

professores, administra<strong>do</strong>res, técnicos etc.); projetos, produtos e materiais;<br />

instituições e sistemas educacionais nos seus mais diversos níveis e<br />

competências administrativas, evoluin<strong>do</strong>, assim, para uma área bem mais<br />

ampla, que constitui o campo <strong>de</strong> macroavaliação. (VIANNA, 2000, p.22).<br />

Diante <strong>de</strong>sse panorama, apresentam-se impasses no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r,<br />

<strong>de</strong>ntre essas políticas educacionais sobre avaliação, propostas condutoras <strong>de</strong> uma<br />

avaliação formativa e não apenas <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> classificação ou medi<strong>do</strong>ras <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s alunos ou sistemas educacionais.<br />

A função diagnóstica da avaliação, segun<strong>do</strong> Bloom (1975) e Hasting e Madaus<br />

(1975), busca a <strong>de</strong>terminação da presença ou ausência <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s e prérequisitos,<br />

bem como a i<strong>de</strong>ntificação das repetidas dificulda<strong>de</strong>s na aprendizagem.<br />

Capa Índice 10252


A avaliação diagnóstica, portanto, preten<strong>de</strong> averiguar a posição <strong>do</strong> aluno em<br />

face <strong>de</strong> novas aprendizagens que lhe vão ser propostas e a aprendizagens<br />

anteriores que servem <strong>de</strong> base àquelas, para que se possa <strong>de</strong>tectar o estágio <strong>de</strong><br />

compreensão em que o aluno se encontra e, a partir daí, <strong>de</strong>senvolver mecanismos<br />

<strong>de</strong> aprendizagem que po<strong>de</strong>m influenciar diretamente no processo <strong>de</strong> ensino<br />

(PERRENOUD, 1999).<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, a Secretaria da Educação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás implantou nas<br />

escolas da re<strong>de</strong> pública estadual uma avaliação diagnóstica <strong>de</strong> cunho formativo.<br />

Essa proposta <strong>de</strong> avaliação diagnóstica tem como objetivo utilizar os da<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s<br />

por essas avaliações para realizar um diagnóstico mais preciso <strong>do</strong> ensino oferta<strong>do</strong><br />

nas escolas estaduais. A partir <strong>de</strong>sses resulta<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>r-se-ia traçar ações para<br />

(re)formular e realizar o monitoramento das políticas educacionais, contribuin<strong>do</strong><br />

efetivamente para a melhoria da qualida<strong>de</strong> da educação.<br />

Então, interessa<strong>do</strong>s em compreen<strong>de</strong>r essa avaliação e verificar sua influência<br />

na avaliação da aprendizagem em sala <strong>de</strong> aula, o objetivo <strong>de</strong>ssa pesquisa é analisar<br />

e discutir esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> avaliação diagnóstica oficial. Investigaremos as<br />

perspectivas <strong>de</strong>sse diagnóstico promover uma mudança <strong>de</strong> postura <strong>do</strong> professor <strong>de</strong><br />

Matemática <strong>do</strong> 9º ano <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> Fundamental, levan<strong>do</strong>-o a realizar avaliações<br />

formativas em sala <strong>de</strong> aula, e, assim, melhorar sua concepção sobre o papel da<br />

avaliação <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> processo ensino-aprendizagem.<br />

Analisaremos, também, se a perspectiva formativa <strong>de</strong>ssas avaliações<br />

diagnósticas ficou evi<strong>de</strong>nte para esses professores e quais foram suas propostas e<br />

ações pedagógicas a<strong>do</strong>tadas após receberem e discutirem seus resulta<strong>do</strong>s.<br />

Acreditamos que, com a investigação, possamos analisar as possibilida<strong>de</strong>s e<br />

potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> avaliação, proposta como uma política pública<br />

educacional, em agir como um instrumento pedagógico para o ensino <strong>de</strong> Matemática.<br />

2 METODOLOGIA<br />

A pesquisa está sen<strong>do</strong> executada em 5 escolas públicas da Re<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><br />

<strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Goiás com professores <strong>de</strong> Matemática atuantes em turmas <strong>do</strong> 9º ano <strong>do</strong><br />

<strong>Ensino</strong> Fundamental e gestores. Optamos por uma abordagem qualitativa <strong>de</strong><br />

pesquisa, buscan<strong>do</strong> enten<strong>de</strong>r o fenômeno segun<strong>do</strong> a perspectiva <strong>do</strong>s participantes<br />

da situação estudada, situan<strong>do</strong>, a partir daí, a interpretação <strong>de</strong>sses fenômenos.<br />

Capa Índice 10253


As escolas foram selecionadas a partir <strong>do</strong> levantamento <strong>de</strong> quais possuíam<br />

alguma ação afirmativa tomada a partir <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> da Avaliação Diagnóstica da<br />

SEDUC, que estivessem localizadas em diferentes regiões da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia e<br />

que apresentaram <strong>de</strong>sempenhos e evoluções variadas no Índice <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento da Educação Básica – I<strong>de</strong>b entre os anos <strong>de</strong> 2009 e 2011. Esse<br />

levantamento contou com a ajuda da própria SEDUC, que nos orientou na seleção.<br />

To<strong>do</strong>s os sujeitos da pesquisa aceitaram a participar e assinaram o Termo <strong>de</strong><br />

Consentimento Livre e Esclareci<strong>do</strong>.<br />

A pesquisa está sen<strong>do</strong> executada por meio <strong>de</strong> análise <strong>do</strong>cumental da proposta<br />

oficial da Avaliação Diagnóstica da SEDUC-GO, por entrevistas semiestruturadas com<br />

professores e gestores das escolas participantes e da Secretaria da Educação e pela<br />

análise das concepções e ações <strong>de</strong>sses professores e gestores frente aos resulta<strong>do</strong>s<br />

das avaliações. Para a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, utilizaremos a proposta <strong>de</strong> interpretação<br />

qualitativa <strong>de</strong> Minayo (1994), que propõe os seguintes passos: or<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>s<br />

da<strong>do</strong>s, classificação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s e análise final.<br />

3 RESULTADOS E ANÁLISES PARCIAIS<br />

Durante o ano <strong>de</strong> 2011, foram aplicadas duas avaliações para o 5° e 9° anos<br />

<strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> Fundamental e 3ª série <strong>do</strong> <strong>Ensino</strong> Médio, com questões das disciplinas <strong>de</strong><br />

Língua Portuguesa e Matemática em todas as escolas da Re<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong>.<br />

A elaboração <strong>de</strong>ssas avaliações foi <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> das equipes <strong>de</strong> Língua<br />

Portuguesa e Matemática da Gerência <strong>de</strong> Desenvolvimento Curricular (GEDEC) da<br />

SEDUC. A aplicação e correção ficaram a cargo das próprias escolas,<br />

supervisionadas pelas Subsecretarias Regionais. Os resulta<strong>do</strong>s foram divulga<strong>do</strong>s<br />

para as escolas por meio <strong>do</strong> Sistema <strong>de</strong> Gestão Escolar (SIGE) da SEDUC.<br />

Com base nos resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, a GEDEC elaborou um cronograma <strong>de</strong><br />

encontros <strong>de</strong> formação com professores <strong>de</strong> Língua Portuguesa e Matemática em<br />

todas as regionais <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Os encontros ocorreram a partir <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> março e se<br />

esten<strong>de</strong>ram até setembro <strong>de</strong> 2011. Neles, o foco foi a análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> e da própria regional, baseada nos resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s itens das provas que<br />

indicaram maior índice <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> para os estudantes, e a elaboração <strong>de</strong><br />

propostas <strong>de</strong> intervenção a serem <strong>de</strong>senvolvidas em sala <strong>de</strong> aula pelos professores.<br />

No ano <strong>de</strong> 2012, até o momento, só ocorreu uma aplicação das avaliações<br />

diagnósticas, entre os meses <strong>de</strong> março e maio. A segunda, que ocorreria no mês <strong>de</strong><br />

Capa Índice 10254


agosto, foi adiada, não ten<strong>do</strong>, ainda, uma data para sua aplicação. Também não<br />

houve, ainda, ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação <strong>do</strong>s professores quanto à avaliação da<br />

aprendizagem escolar.<br />

Entrevistamos, até o momento, sete professores, to<strong>do</strong>s efetivos. Destes, seis<br />

são licencia<strong>do</strong>s em Matemática e um em Ciências e to<strong>do</strong>s possuem curso <strong>de</strong> pós-<br />

graduação latu senso, sen<strong>do</strong> que um possui mestra<strong>do</strong>.<br />

Questiona<strong>do</strong>s sobre quais eram suas concepções quanto à avaliação escolar,<br />

verificamos uma visão prepon<strong>de</strong>rantemente tradicional, valorizan<strong>do</strong> a aplicação <strong>de</strong><br />

provas para medir <strong>de</strong>sempenho. Como exemplo <strong>de</strong> resposta que contém essa<br />

concepção, apresentamos a seguinte fala:<br />

Avaliar é uma das formas <strong>de</strong> testar o conhecimento. Eu fui avalia<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse<br />

jeito. A avaliação contínua, mesmo, é complicada... principalmente na área<br />

<strong>de</strong> exatas, tem que ser uma avaliação formal. Po<strong>de</strong> até ser distribuí<strong>do</strong>, mas<br />

tem que ter uma prova formal. (Professor da Escola 1).<br />

Apesar <strong>de</strong>ssa concepção tradicional, já percebemos traços <strong>de</strong> uma<br />

concepção <strong>de</strong> avaliação formativa, como apresenta<strong>do</strong> nas falas seguintes:<br />

A prova acaba servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> feedback. É bom saber se o sujeito está se<br />

sain<strong>do</strong> bem. A gente fica feliz, e tenta melhorar e refletir quan<strong>do</strong> não tá bem.<br />

(Professor da Escola 2).<br />

Ver o nível <strong>do</strong>s alunos, o que a gente po<strong>de</strong> melhorar, que caminho a gente<br />

<strong>de</strong>ve seguir. (Professor da Escola 5).<br />

Sobre a Avaliação Diagnóstica da SEDUC, to<strong>do</strong>s afirmaram <strong>de</strong>sconhecer<br />

verda<strong>de</strong>iramente qual o objetivo da proposta, e a maioria afirmou não ter participa<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> discussões sobre o tema, apesar <strong>de</strong> afirmarem que a direção apresentou os<br />

resulta<strong>do</strong>s das avaliações diagnósticas, incluin<strong>do</strong> estatísticas por série e quais os<br />

<strong>de</strong>scritores em que houve mais erros em cada avaliação. Também afirmaram que,<br />

nesse ano, foram orienta<strong>do</strong>s a sistematizar ações para sanar as dificulda<strong>de</strong>s<br />

apresentadas pelos alunos.<br />

Quanto à importância <strong>de</strong>ssas avaliações diagnósticas, e as atitu<strong>de</strong>s tomadas,<br />

os professores afirmaram:<br />

Quan<strong>do</strong> verifiquei essa <strong>de</strong>ficiência, essa não compreensão, eu pu<strong>de</strong> rever<br />

meu plano <strong>de</strong> aula. Faço em sala exercícios relaciona<strong>do</strong>s. (Professor da<br />

Escola 3).<br />

Com certeza há mudança. Isso não posso negar que não. Existe uma nova<br />

postura crítica, o professor se incomoda e o aluno também. Há uma<br />

movimentação. (Professor da Escola 4).<br />

Você tenta, através daquela prova, montar questões pelo menos<br />

relacionadas. Queren<strong>do</strong> ou não você muda, vê on<strong>de</strong> está o problema.<br />

(Professor da Escola 1).<br />

Capa Índice 10255


Nas entrevistas com os gestores, observamos que esses possuem<br />

conhecimentos técnicos sobre a proposta e tentam incentivar os professores a<br />

implantar méto<strong>do</strong>s para melhorar os resulta<strong>do</strong>s.<br />

5 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS<br />

Até o momento, a pesquisa nos permitiu colher informações <strong>de</strong>ssa proposta<br />

que consi<strong>de</strong>ramos peculiar, pois transita entre um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> sistemas<br />

educacionais e a avaliação da aprendizagem propriamente dita. É uma avaliação<br />

externa, em que se preten<strong>de</strong> que a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> avaliação classificatória e medi<strong>do</strong>ra <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempenho, comum nas avaliações em gran<strong>de</strong> escala, dê lugar a uma avaliação<br />

<strong>de</strong> cunho pedagógico que oriente o trabalho <strong>do</strong>s professores.<br />

Pela análise <strong>do</strong>s poucos da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s até o momento, percebemos que há<br />

pouca compreensão <strong>do</strong>s professores em relação ao que seja uma avaliação escolar<br />

formativa. Observamos, também, que há muitas dúvidas em relação a essa<br />

proposta, e que, por fatores diversos, tais como a falta <strong>de</strong> comunicação entre<br />

gestores e professores, a rotina escolar, as concepções em relação ao currículo, o<br />

sistema <strong>de</strong> ensino da re<strong>de</strong> pública, entre outros, fica dificulta<strong>do</strong> o alcance <strong>do</strong>s<br />

objetivos da proposta.<br />

6 REFERÊNCIAS<br />

BLOOM, B. S. Taxionomia <strong>do</strong>s objetivos educacionais. Porto Alegre: Globo,1975<br />

HASTING, J. Thomas, MADAUS, George F. Evaluación <strong>de</strong>l aprendizaje. Buenos Aires:<br />

Troquel, 1975.<br />

MINAYO, Maria Cecília <strong>de</strong> Souza (org), et al. <strong>Pesquisa</strong> Social. Teoria, méto<strong>do</strong> e<br />

criativida<strong>de</strong>. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.<br />

PERRENOUD, P. Avaliação – da excelência à regulação das aprendizagens:<br />

entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.<br />

VIANNA, H. M. Avaliação Educacional: teoria, planejamento, mo<strong>de</strong>los. São Paulo:<br />

IBRASA, 2000.<br />

Capa Índice 10256


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10257 - 10261<br />

OS TRÊS MOMENTOS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E<br />

ADULTOS DA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA – O CONTEÚDO<br />

DA DENGUE<br />

Daniella Galiza Gama LYRA<br />

Mestranda em Educação em Ciências e Matemática (MECM)/<strong>UFG</strong>,<br />

danygaliza@yahoo.com.br<br />

Leandro Gonçalves OLIVEIRA<br />

MECM, Depto. Ecologia, ICB/<strong>UFG</strong>, lego@icb.ufg.br<br />

Juan Bernardino Marques BARRIO<br />

MECM, Planetário, IESA/<strong>UFG</strong>, juanbmb@hotmail.com<br />

Palavras-chave: Educação <strong>de</strong> Jovens e Adultos, Os três momentos pedagógicos,<br />

<strong>de</strong>ngue.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Educação <strong>de</strong> Jovens é Adultos (EJA) é uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino para<br />

pessoas que não tiveram acesso à educação escolar em ida<strong>de</strong> regula e é uma<br />

realida<strong>de</strong> no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época colonial, embora não com a qualida<strong>de</strong> e o foco<br />

necessário à educação liberta<strong>do</strong>ra e efetiva. Atualmente, é garanti<strong>do</strong> por lei que o<br />

currículo seja paritário ao da educação regular, e a disciplina <strong>de</strong> Ciências<br />

normalmente suscita discussões interessantes, afinal mexe com crenças arraigadas<br />

por uma experiência <strong>de</strong> vida.<br />

Os Três Momentos Pedagógicos, propostos por Delezoicov & Angotti (1990,<br />

1991), são uma forma interessante <strong>de</strong> trabalhar com esse público, uma vez que<br />

parte <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>s próprios estudantes. Além <strong>de</strong> corroborar com a proposta<br />

<strong>de</strong> alfabetização para adultos <strong>de</strong> Paulo Freire, que visa uma educação liberta<strong>do</strong>ra e<br />

emancipatória. Temos como objetivo principal analisar a eficácia <strong>do</strong>s Três Momentos<br />

Pedagógicos no ensino <strong>de</strong> Ciências para um público tão peculiar como o<br />

componente da EJA.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

O presente trabalho trata-se <strong>de</strong> uma pesquisa qualitativa, que, basicamente,<br />

busca enten<strong>de</strong>r os significa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, seus motivos, contextos, particularida<strong>de</strong>s<br />

e to<strong>do</strong>s os processos que envolvem o fenômeno estuda<strong>do</strong>. No contexto da pesquisa<br />

qualitativa, nossa opção meto<strong>do</strong>lógica foi pela pesquisa participante que <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com Demo (2008), favorece o trabalho conjunto educan<strong>do</strong>-educa<strong>do</strong>r, para que haja<br />

Capa Índice 10257


a construção <strong>de</strong> um conhecimento mais consistente a partir <strong>de</strong> uma relação mais<br />

próxima entre sujeito-objeto, ou seja, “uma completa integração <strong>do</strong>s que sofrem a<br />

experiência da pesquisa” (BORDA, 1999). Essa relação, <strong>de</strong>ntro da pesquisa,<br />

estimula a produção <strong>de</strong> conhecimento crítico e integra<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> um diálogo<br />

aberto entre os envolvi<strong>do</strong>s, visan<strong>do</strong> uma transformação social vinculada a interesses<br />

concretos e imediatos.<br />

A pesquisa foi realizada em duas escolas da re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong><br />

Goiânia (Escola Municipal 1 – EM1 – e Escola Municipal 2 – EM2). Tais escolas<br />

foram escolhidas para comporem o universo <strong>de</strong>ssa pesquisa, pois pesquisa<strong>do</strong>ra é<br />

professora concursada da SME e trabalha nas mesmas.<br />

O conteú<strong>do</strong> escolhi<strong>do</strong> para trabalhar os Três Momentos Pedagógicos na<br />

pesquisa, partiu das dificulda<strong>de</strong>s e <strong>do</strong> interesse <strong>do</strong>s alunos e refere-se às <strong>do</strong>enças<br />

virais, mais especificamente, à Dengue.<br />

As aulas foram gravadas em áudio, utilizan<strong>do</strong>-se três grava<strong>do</strong>res coloca<strong>do</strong>s<br />

em pontos diferentes das salas <strong>de</strong> aula. Utilizamos também a observação das aulas,<br />

com registro em um diário <strong>de</strong> campo, as questões elaboradas pelos estudantes e um<br />

questionário. Após levantarmos os da<strong>do</strong>s necessários à pesquisa, com a gravação<br />

das aulas, bem como o recolhimento <strong>do</strong> questionário final, utilizamos o méto<strong>do</strong> da<br />

Análise <strong>de</strong> Conteú<strong>do</strong>, proposto por Bardin (2011).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Inicialmente, distribuímos aos alunos o texto intitula<strong>do</strong> “Cooperação<br />

internacional e progresso da higiene no Brasil”, <strong>de</strong> Vieira (1943). A fim <strong>de</strong> levantar<br />

conhecimentos prévios <strong>do</strong>s estudantes sobre o tema em questão. Num segun<strong>do</strong><br />

momento da aula, exibiu-se um ví<strong>de</strong>o encontra<strong>do</strong> no site da FioCruz (Fundação<br />

Oswal<strong>do</strong> Cruz), que mostra o ciclo <strong>de</strong> reprodução <strong>do</strong> mosquito transmissor da<br />

<strong>de</strong>ngue e formas <strong>de</strong> interromper o mesmo. Ao final <strong>do</strong> mesmo, trabalhamos duas<br />

notícias retiradas <strong>do</strong> jornal O Popular, <strong>de</strong> circulação no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás, com os<br />

seguintes títulos: “Dengue avança com o fim <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> chuvoso” (<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2011)<br />

e “Receitas caseiras não ajudam a prevenir <strong>de</strong>ngue, alertam especialistas” (<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011). Por último, no final da aula, cada aluno elaborou uma questão<br />

relacionada à temática proposta que <strong>de</strong>verá ser respondida pelo próprio aluno no<br />

terceiro momento, junto outras questões elaboradas a partir das discussões <strong>do</strong>s<br />

próprios alunos.<br />

Capa Índice 10258


Essa primeira parte <strong>do</strong> trabalho foi feita em duas aulas seguidas <strong>de</strong> cinquenta<br />

minutos cada e caracteriza o Primeiro Momento Pedagógico, a Problematização<br />

Inicial. Enquanto professora da turma, foi a<strong>do</strong>tada uma postura questiona<strong>do</strong>ra, com<br />

o objetivo <strong>de</strong> lançar dúvidas, muito mais <strong>do</strong> que respon<strong>de</strong>r ou fornecer explicações,<br />

para que as questões problematiza<strong>do</strong>ras.<br />

O segun<strong>do</strong> e terceiro Momentos Pedagógicos ainda não foram analisa<strong>do</strong>s e<br />

neste trabalho apresentamos os resulta<strong>do</strong>s referentes à análise <strong>do</strong> Primeiro<br />

Momento Pedagógico. Após uma leitura flutuante (BARDIN, 2011) das transcrições<br />

das gravações e das questões elaboradas pelos alunos, selecionamos frases que<br />

continham palavras como “<strong>de</strong>ngue, mosquito, cura, vacina, picada, infectar,<br />

contaminar, água parada, cria<strong>do</strong>uro” e analisamos tais frases, em busca das<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro.<br />

Posteriormente, após leituras mais minuciosas, as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> registro foram<br />

codificadas e reunidas em três categorias: Morfofuncional (MF) – referente a<br />

características morfológicas e ciclo reprodutivo <strong>do</strong> vetor da <strong>de</strong>ngue –; Ecoevolutiva<br />

(EE) – que engloba comportamento <strong>do</strong> vetor e interações vírus-mosquito-homem,<br />

que resultarão na <strong>do</strong>ença em questão – e Ciência, tecnologia e socieda<strong>de</strong> (CTS) –<br />

referente ao comportamento populacional, responsabilida<strong>de</strong>s sobre a disseminação<br />

e tecnologias <strong>de</strong> combate à <strong>de</strong>ngue. Essas categorias foram <strong>de</strong>terminantes para a<br />

escolha <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s científicos que serão estuda<strong>do</strong>s no 2º Momento Pedagógico,<br />

para uma melhor compreensão <strong>do</strong> tema central e da problematização inicial.<br />

O ví<strong>de</strong>o mostra<strong>do</strong> durante a fase <strong>de</strong> problematização inicial foi muito<br />

pertinente para que questões sobre a morfologia e o ciclo reprodutivo <strong>do</strong> inseto<br />

fossem levantadas, conforme observamos nos trechos transcritos abaixo:<br />

Ele é rajadinho não é? (A3 – EM1)<br />

Quan<strong>do</strong> ele pica, ele <strong>de</strong>ixa aquele ferrão professora? (A1 – EM1)<br />

No prazo <strong>de</strong> três dias ele vira larva. (B5 – EM2)<br />

Outros trechos retira<strong>do</strong>s da transcrição apresentam características<br />

comportamentais <strong>de</strong>scritas pelo vetor transmissor da <strong>de</strong>ngue, bem como sua<br />

interação com o homem e <strong>do</strong> homem com o vírus causa<strong>do</strong>r. Ainda mostra que a<br />

observação da natureza pelo aluno, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> fazer parte <strong>do</strong> senso comum,<br />

traz um conhecimento ao educan<strong>do</strong> que po<strong>de</strong> ser explora<strong>do</strong> pelo professor,<br />

Capa Índice 10259


tornan<strong>do</strong> o aprendiza<strong>do</strong> mais significativo. Esses trechos foram categoriza<strong>do</strong>s como<br />

Ecoevolutivo e alguns exemplos estão dispostos a seguir.<br />

Diz que ele pica só ce<strong>do</strong> né professora? (A1 – EM1)<br />

Olha o rabinho <strong>de</strong>la inchan<strong>do</strong> lá, só <strong>de</strong> sangue. (A10 – EM1)<br />

Professora, mas se a fêmea não tiver infectada, os filhotinhos<br />

também não ficam não né? Ele nasce puro. (B1 – EM2)<br />

Você po<strong>de</strong> dar várias vezes a <strong>do</strong>ença, só que nenhuma é<br />

hemorrágica. (B3 – EM2)<br />

Segun<strong>do</strong> Paulo Freire (1996), a educação liberta<strong>do</strong>ra é aquela que se propõe<br />

a fazer com que os alunos percebam que o mun<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser li<strong>do</strong> e transforma<strong>do</strong>,<br />

pois to<strong>do</strong>s somos parte <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> mudança, e <strong>de</strong>vemos olhar o conhecimento<br />

produzi<strong>do</strong> e a “realida<strong>de</strong>” a nossa volta <strong>de</strong> forma critica para compreen<strong>de</strong>rmos<br />

melhor nossa socieda<strong>de</strong>. Tal perspectiva corrobora perfeitamente com a relação<br />

entre ciência, tecnologia e socieda<strong>de</strong> proposta pelos Parâmetros Curriculares<br />

Nacionais (PCN) para o ensino e para a construção da cidadania, on<strong>de</strong> o aspecto<br />

principal são as pessoas e o seu ambiente (BRASIL, 1998). Tais interações e<br />

atitu<strong>de</strong>s liberta<strong>do</strong>ras pu<strong>de</strong>ram ser observadas em alguns momentos das aulas e<br />

estão transcritos abaixo, sen<strong>do</strong> estes componentes da categorização Ciência,<br />

Tecnologia e Socieda<strong>de</strong>.<br />

É, mas cada um tem que fazer sua parte né? Talvez a gente<br />

fazen<strong>do</strong>, os outros vê esse exemplo e faz também. (A9 – EM1)<br />

É melhor contaminar com o exemplo <strong>do</strong> que com a <strong>do</strong>ença. (A9 –<br />

EM1)<br />

A população tem que ter paciência. Se to<strong>do</strong>s fizer sua parte não<br />

acontecia isso. (A3 – EM1)<br />

Você viu on<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobriram um foco muito gran<strong>de</strong> esses dias atrás<br />

aí? Na praça da feira (...) É, naqueles buraquinhos on<strong>de</strong> eles põe<br />

para encaixar os ferros das barracas. (B5 – EM2)<br />

Percebemos que uma postura mais indaga<strong>do</strong>ra e dialógica proporciona mais<br />

liberda<strong>de</strong> aos estudantes em se expressarem e participar da aula. Além <strong>do</strong> mais,<br />

quan<strong>do</strong> o assunto é <strong>de</strong> conhecimento <strong>do</strong>s mesmos, a participação é mais<br />

significativa. Certamente, isso facilitará nosso trabalho nos momentos subsequentes.<br />

CONCLUSÕES<br />

Não conseguimos conceber aulas para essa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino que não<br />

seja nestes mol<strong>de</strong>s e os Três Momentos Pedagógicos propostos por Delezoicov &<br />

Capa Índice 10260


Angotti (1990, 1991) tem se mostra<strong>do</strong> uma estratégia interessante e eficaz para o<br />

trabalho com os alunos da EJA. Na análise <strong>do</strong> Primeiro Momento Pedagógico<br />

pu<strong>de</strong>mos perceber que postura <strong>do</strong> professor foi importante, pois os alunos sentiramse<br />

com liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão, participan<strong>do</strong> mais ativamente das aulas, com<br />

observações e questionamentos, geran<strong>do</strong> expectativa <strong>de</strong> serem respondi<strong>do</strong>s<br />

futuramente.<br />

Além disso, como a temática escolhida foi comum a to<strong>do</strong>s – uma vez que se<br />

ouve falar muito sobre a <strong>de</strong>ngue, seja nos jornais, nos rádios, nas escolas ou entre<br />

vizinhos – consi<strong>de</strong>ramos que o problema proposto foi significativo e <strong>de</strong>spertou o<br />

interesse <strong>do</strong>s educan<strong>do</strong>s, uma vez que a atenção foi praticamente geral em to<strong>do</strong>s os<br />

momentos da aula. As <strong>de</strong>mais fases <strong>do</strong> trabalho estão em análise, portanto, não nos<br />

permite conclusões mais profundas acerca das mesmas.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BARDIN, L. Análise <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2011.<br />

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria <strong>de</strong> Educação Fundamental.<br />

Parâmetros curriculares nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC, 1998.<br />

BORDA, O.F. Aspectos Teóricos da <strong>Pesquisa</strong> Participante: Consi<strong>de</strong>rações sobre o<br />

Significa<strong>do</strong> e o Papel da Ciência na Participação Popular. In: BRANDÃO, C.R. (org)<br />

<strong>Pesquisa</strong> Participante. São Paulo: Brasiliense, 1999. (8ª ed.)<br />

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. P. Meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> ensino <strong>de</strong> ciências. São<br />

Paulo: Cortez, 1990.<br />

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. P. Física. São Paulo: Cortez,1991.<br />

DEMO, P. <strong>Pesquisa</strong> Participante: saber pensar e intervir juntos. 2ª ed. Série<br />

<strong>Pesquisa</strong>, v. 8. Brasília: Liber Livro, 2008.<br />

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.<br />

São Paulo: Paz e Terra, 1996.<br />

VIEIRA, F. B. Cooperação internacional e progresso da higiene no Brasil In:<br />

Revista Ciência e Cultura, v.1, n. 1 – 2, pp. 16-21, São Paulo: SBPC, jan/abril, 1943.<br />

Capa Índice 10261


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10262 - 10266<br />

OS INTERIORES ART DÉCO DO PALÁCIO DAS ESMERALDAS<br />

Palavras-Chave: Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> - Art déco – Interiores<br />

INTRODUÇÃO<br />

Daniella Me<strong>de</strong>iros Moreira ROCHA<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

daniellamoreirarocha@gmail.com<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual<br />

Este trabalho <strong>de</strong> pesquisa é pauta<strong>do</strong> pela investigação <strong>do</strong>s ambientes<br />

interiores <strong>do</strong> Palácio das Esmeraldas que se insere no conjunto arquitetônico e<br />

urbanístico art déco tomba<strong>do</strong>, <strong>de</strong> Goiânia.O tombamento <strong>do</strong> foi aprova<strong>do</strong> pelo Iphan<br />

em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2002, incluin<strong>do</strong> 22 prédios e monumentos públicos, o centro<br />

original <strong>de</strong> Goiânia e o núcleo pioneiro <strong>de</strong> Campinas. Esse título elevou a cida<strong>de</strong> a<br />

um <strong>de</strong>staque estético e artístico nacional. O art déco foi o estilo que se manifestou<br />

nas edificações goianienses nas décadas <strong>de</strong> 1930 e 1940 e representou um símbolo<br />

da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

O presente trabalho possue o objetivo <strong>de</strong> investigar se a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> nos<br />

interiores <strong>do</strong> Palácio das Esmeraldas é representada pelo estilo art déco, expresso<br />

nas suas fachadas. A pesquisa<strong>do</strong>ra Rosane Badan (2004, p.06), em sua dissertação<br />

O mobiliário como testemunha da História <strong>de</strong> Goiânia (1930-1940), utilizou da<br />

abordagem historiográfica e <strong>de</strong> imagens fotográficas <strong>do</strong> mobiliário para subsidiar a<br />

análise <strong>do</strong> mobiliário como objeto-<strong>do</strong>cumento da história que testemunhou a<br />

fundação da cida<strong>de</strong> e constatou a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> nos interiores <strong>de</strong> alguns edifícios<br />

públicos, refleti<strong>do</strong>s no mobiliário, nos materiais da construção civil e na composição<br />

<strong>do</strong>s ambientes interiores.<br />

A proposta meto<strong>do</strong>lógica é a análise <strong>de</strong> registros fotográficos sobre<br />

patrimônio histórico. Para a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, foram utiliza<strong>do</strong>s: pesquisa bibliográfica<br />

pertinentes ao tema, <strong>do</strong>cumentos originais <strong>do</strong>s arquivos históricos e a história oral <strong>de</strong><br />

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alguns pioneiros <strong>de</strong> Goiânia. Na pesquisa bibliográfica, as referências utilizadas<br />

foram da história da arte, arquitetura, <strong>do</strong> art déco e <strong>de</strong> Goiânia.<br />

A trajetória <strong>de</strong>sta pesquisa percorreu por três momentos: o primeiro<br />

abor<strong>do</strong>u os conhecimentos <strong>do</strong> estilo art déco, o que é, como e on<strong>de</strong> surgiu no<br />

contexto europeu,quais as suas características na arquitetura e nos interiores; o<br />

segun<strong>do</strong> momento, quan<strong>do</strong> o art déco se manifestou no Brasil e como o ocorreu a<br />

vinda <strong>do</strong> estilo para Goiânia com a construção da primeira obra que foi o Palácio da<br />

Esmeraldas e o terceiro momento que foi a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> art déco nas décadas<br />

<strong>de</strong> 1930 e na atualida<strong>de</strong>, em um contexto pós-tombamento, no qual existe uma<br />

responsabilida<strong>de</strong> pela sua preservação.<br />

Para a <strong>de</strong>scrição e análise das fotografias foi estabelecida uma estratégia<br />

como se utilizan<strong>do</strong>, uma câmara fotográfica on<strong>de</strong> o observa<strong>do</strong>r parte <strong>de</strong> um olhar<br />

amplo para um específico, até focar-se nos <strong>de</strong>talhes <strong>do</strong>s interiores, como num<br />

sistema urbano-edifício-interiores. Para apoio na i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s elementos <strong>do</strong>s<br />

interiores, foram utilizadas fotografias <strong>de</strong> produções em art déco <strong>de</strong> artistas<br />

europeus da época e estabeleci<strong>do</strong> um diálogo <strong>de</strong> imagens.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

O marco <strong>do</strong> surgimento <strong>do</strong> estilo art déco se <strong>de</strong>ve ao evento ocorri<strong>do</strong> em<br />

1925, em Paris, <strong>de</strong>nominada Exposição Internacional <strong>de</strong> Artes Decorativas e<br />

Industriais Mo<strong>de</strong>rnas. Segun<strong>do</strong> Con<strong>de</strong> e Almada (2000, p.12), consi<strong>de</strong>ra-se três<br />

linhas <strong>de</strong> expressão nas obras art déco: a primeira, geometrizante, próxima ao<br />

racionalismo mo<strong>de</strong>rnista que é a escalonada ou zigue-zague; a segunda,<br />

afrancesada, com vestígios acadêmicos e ênfase <strong>de</strong>corativa, e a terceira, sinuosa e<br />

aerodinâmica, inspirada no expressionismo nos produtos da indústria, como os<br />

navios transatlânticos <strong>do</strong> início <strong>do</strong> século XX, <strong>de</strong>nominada streamline (linha<br />

aerodinâmica). Con<strong>de</strong> e Almada (2000, p.11), admitem influências das vertentes <strong>do</strong><br />

art nouveau, <strong>do</strong> cubismo, da Bauhaus, <strong>do</strong> fauvismo, <strong>do</strong> expressionismo e <strong>do</strong><br />

neoplasticismo e <strong>de</strong> aspectos da arte egípcia, maia, asteca e ameríndia.<br />

Amaral ([1998], p.36) <strong>de</strong>staca no Brasil que, no <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> interiores, o<br />

pioneirismo na <strong>de</strong>coração <strong>de</strong> interiores, na linha abstrato-geométrica é <strong>de</strong>rivada das<br />

experiências cubistas, tem origem em Antônio e Regina Gomi<strong>de</strong> Graz e Joan Graz.<br />

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Com a Revolução <strong>de</strong> 1930, Getúlio Vargas estabeleceu-se no po<strong>de</strong>r e<br />

propôs reformas sociais, autoritarismo político e a constituição da nacionalida<strong>de</strong>. A<br />

indicação <strong>de</strong> Pedro Lu<strong>do</strong>vico como interventor fe<strong>de</strong>ral em Goiás significou, no plano<br />

regional, a viabilização da estratégia <strong>de</strong> consolidação <strong>do</strong> plano geopolítico <strong>de</strong><br />

interiorização <strong>do</strong> Brasil. E Goiânia representou o progresso, a renovação política e<br />

econômica para o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás e a unificação entre o Esta<strong>do</strong> e a Nação.<br />

Pedro Lu<strong>do</strong>vico contratou o arquiteto/urbanista Attílio Corrêa Lima que<br />

representava o conceito <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização, para a elaboração <strong>do</strong> plano-piloto <strong>de</strong><br />

Goiânia e projeto <strong>de</strong> seus principais edifícios. Segun<strong>do</strong> Coelho (2000, p.41) o art<br />

déco, era o mo<strong>de</strong>lo arquitetônico que melhor representava o po<strong>de</strong>r autoritário <strong>do</strong><br />

governo <strong>de</strong> Getúlio Vargas e seus representantes estaduais. Lima, apo<strong>de</strong>rou-se <strong>do</strong><br />

art déco, implantan<strong>do</strong> os edifícios no centro cívico integra<strong>do</strong>s à paisagem e à<br />

topografia. As primeiras obras art déco <strong>de</strong> Goiânia foram: o Palácio da Esmeraldas,<br />

a Secretaria Geral e o Gran<strong>de</strong> Hotel.<br />

ANÁLISE DOS EXTERIORES E INTERIORES DO PALÁCIO DAS ESMERALDAS<br />

A partir <strong>do</strong> levantamento fotográfico da década <strong>de</strong> 1930, <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>scrição e<br />

análise, constatou-se características <strong>de</strong> uma implantação que confere uma<br />

localização estratégica barroca, situa<strong>do</strong> em frente a uma esplanada tratada com<br />

paisagismo para on<strong>de</strong> convergem os eixos principais. O <strong>de</strong>staque cenográfico é<br />

realça<strong>do</strong> pela volumetria, jogo <strong>de</strong> escadas, iluminação externa <strong>do</strong> edifício, pelas<br />

praças, espelhos d’água, fontes, vegetação e luminárias públicas (obelisco) como<br />

repertório formal déco.<br />

Quanto as análises imbricadas ao edifício constatou-se características<br />

déco como a volumetria marcada pela horizontalida<strong>de</strong>, monumentalida<strong>de</strong> e simetria<br />

axial, tanto na volumetria quanto na fachada. As portas <strong>do</strong>s acessos são da<br />

tendência geometrizante bem com os <strong>de</strong>senhos <strong>do</strong>s vidros jatea<strong>do</strong>s que referem-se<br />

a cenas temáticas vernaculares, como o trabalha<strong>do</strong>r, figuras humanas, a fauna<br />

(tamanduá) e a flora regional. Constatou-se a presença <strong>de</strong> materiais mo<strong>de</strong>rnos<br />

como a técnica construtiva <strong>de</strong> estrutura mista <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong> e alvenaria, o<br />

revestimento externo fugê, piso em ma<strong>de</strong>ira (taco), ladrilhos hidráulicos, esquadrias<br />

em metal trabalha<strong>do</strong> com <strong>de</strong>talhes em aço e vidros jatea<strong>do</strong>s, estuques e louças<br />

com estampas florais.<br />

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Quanto aos interiores da década <strong>de</strong> 1930, pelas fotografias <strong>de</strong> ambientes<br />

como sala <strong>de</strong> jantar, sala <strong>de</strong> estar, salão principal <strong>de</strong> recepção, escritório e hall <strong>de</strong><br />

entrada principal, constatou-se uma organização funcional e racional <strong>do</strong> lay-out,<br />

respeitan<strong>do</strong> a antropometria e ergonomia <strong>do</strong> ambiente.<br />

A iluminação indireta ocorreu pelas luminárias em estilo art déco;<br />

estruturadas em metal e vidro opaco com formas escalonadas, em trio harmônico e<br />

pen<strong>de</strong>ntes, dispostas em pontos estratégicos construin<strong>do</strong> uma atmosfera<br />

cenográfica déco, juntamente com o barra<strong>do</strong> <strong>do</strong> revestimento da pare<strong>de</strong> num tom<br />

mais escuro. Como um elemento mo<strong>de</strong>rno, as janelas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com persianas <strong>de</strong><br />

enrrolar, cuja função era controlar a entrada <strong>de</strong> luz,<br />

Nos mobiliários foi feito o levantamento <strong>de</strong> uma mesa com seis lugares em<br />

ma<strong>de</strong>ira com <strong>de</strong>sign caracteriza<strong>do</strong> pela simplicida<strong>de</strong>, pureza das formas e<br />

acabamento em linhas curvas nas suas extremida<strong>de</strong>s. Solução encontrada nos<br />

mobiliários <strong>de</strong> Emile-Jacques Ruhlmann, <strong>de</strong>signer <strong>de</strong> interiores francês, no estilo art<br />

déco, na Europa, na década <strong>de</strong> 1930.E o <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> um sofá com linhas orgânicas<br />

simplificadas, teci<strong>do</strong> aveluda<strong>do</strong> com brilho e com a base em curva <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<br />

Quanto aos interiores <strong>do</strong> Palácio das Esmeraldas nos dias atuais,<br />

constatou-se a presença <strong>do</strong>s vitrais, que é um um elemento preserva<strong>do</strong> com gran<strong>de</strong><br />

expressão <strong>de</strong>corativa déco na fachada principal. Sua temática conta a história da<br />

economia <strong>de</strong> Goiás: o garimpo, a pecuária e a agricultura. Apresentam composições<br />

bidimensionais que, pela organização das formas orgânicas simplificadas e<br />

contrastes <strong>de</strong> cores, transmitem profundida<strong>de</strong> e movimento. Corpos <strong>de</strong> pessoas e<br />

animais em movimento são representa<strong>do</strong>s por formas sintetiza<strong>do</strong>s e os motivos<br />

florais são geometriza<strong>do</strong>s.<br />

As três esquadrias que marcam os acessos, foram confeccionadas em<br />

metal martela<strong>do</strong> e frisa<strong>do</strong> com puxa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> tubos em aço croma<strong>do</strong>. As esquadrias<br />

<strong>de</strong> vidros jatea<strong>do</strong>s são uma simplificada representação no estilo déco. A porta <strong>de</strong><br />

acesso principal possui uma composição marcada por simetria e verticalida<strong>de</strong>. Se<br />

assemelha a um painel <strong>de</strong> vidro jatea<strong>do</strong> <strong>de</strong> René Jules Lalique, um mestre vidreiro e<br />

joalheiro francês. As folhas em vidro jatea<strong>do</strong> fazem referências às gran<strong>de</strong>s<br />

navegações, por meio das caravelas e <strong>do</strong> português coloniza<strong>do</strong>r e o cenário <strong>de</strong> um<br />

índio da região com postura <strong>de</strong>stemida, pintura no corpo acompanha<strong>do</strong> por uma<br />

onça-pintada <strong>do</strong> cerra<strong>do</strong>, marcan<strong>do</strong> a estética <strong>de</strong> corpos geometriza<strong>do</strong>s em<br />

proporções humanas e em movimento típicos déco.<br />

Capa Índice 10265


No hall <strong>do</strong> setor íntimo, o déco se apresenta visível nos vidros jatea<strong>do</strong>s,<br />

com variação <strong>de</strong> ícones da cultura regional, como fauna, flora, <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> índios<br />

em movimentos <strong>do</strong> corpo, que representam as ações cotidianas <strong>do</strong> índio goiano.<br />

A iluminação indireta, por meio <strong>de</strong> lustres re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>s com <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong><br />

folhagens em sua superfície <strong>de</strong> vidro, conferem atmosfera feérica ao ambiente,<br />

remeten<strong>do</strong> à produções <strong>do</strong> <strong>de</strong>signer francês <strong>de</strong> 1930, René Lalique.<br />

CONCLUSÕES<br />

O estilo art déco nos interiores <strong>do</strong> Palácio das Esmeraldas apresentou um<br />

sincretismo singular que conciliava um repertório <strong>de</strong> influências soma<strong>do</strong> às<br />

características e materiais disponíveis peculiares <strong>do</strong> lugar e da época mostran<strong>do</strong> a<br />

face mo<strong>de</strong>rna, que não ousou romper com a tradição, mas buscou incorporá-la como<br />

apresentou o repertório analisa<strong>do</strong>: nas portas <strong>do</strong>s acessos que são da tendência<br />

geometrizante com os <strong>de</strong>senhos <strong>do</strong>s vidros jatea<strong>do</strong>s das esquadrias que referem-se<br />

a temáticas vernaculares, a iluminação indireta nas luminárias, nos mobiliários com<br />

<strong>de</strong>sign <strong>de</strong> linhas simples, geométricas e acabamento em superficies curvas e na<br />

presença <strong>de</strong>corativa <strong>do</strong>s vitrais com temáticas da história e da economia <strong>de</strong> Goiás.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AMARAL, Aracy. Surgimento da abstração geométrica no Brasil. In: AMARAL,<br />

Aracy (Coord. Edit.). Arte construtiva no Brasil: Coleção A<strong>do</strong>lpho Leirner. São Paulo:<br />

DBA Artes Gráficas, 1998.<br />

BADAN, Rosane C. O mobiliário como testemunha da História <strong>de</strong> Goiânia. 2004.<br />

Dissertação (mestra<strong>do</strong>) – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Humanas e Filosofia da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (<strong>UFG</strong>), Goiânia.<br />

COELHO, Gustavo N. Art déco: uma vertente da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.Goiânia: Ed. Vieira /<br />

Trilhas Urbanas, 2000.<br />

CONDE, Luiz ; P. F.; ALMADA, Mauro. Introdução. In: Rio <strong>de</strong> Janeiro (cida<strong>de</strong>). Guia<br />

da arquitetura art déco no Rio <strong>de</strong> Janeiro. 3. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Casa da Palavra,<br />

2000.<br />

MANSO, Celina F. A. Goiânia: uma concepção urbana, mo<strong>de</strong>rna e contemporânea –<br />

um certo olhar. Goiânia: Edição <strong>do</strong> Autor, 2001.<br />

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10267 - 10271<br />

TRATAMENTO DE ESGOTO POR ZONA DE RAÍZES UTILIZANDO<br />

CULTIVARES DE ARROZ<br />

Danielle Regina <strong>de</strong> ÁVILA. Escola <strong>de</strong> Engenharia Civil e Elétrica. Email:<br />

danielleavila.bio@gmail.com<br />

Rogério <strong>de</strong> Araújo ALMEIDA. Escola <strong>de</strong> Agronomia e Engenharia <strong>de</strong> Alimentos.<br />

Email: raa@agro.ufg.br<br />

Palavras-chave: tratamento <strong>de</strong> esgoto, zona <strong>de</strong> raízes, arroz.<br />

1. Introdução<br />

Os recursos naturais são imprescindíveis para a manutenção da vida em<br />

todas as suas formas, inclusive a humana. No entanto muitos são os impactos<br />

negativos gera<strong>do</strong>s pelas ativida<strong>de</strong>s humanas que promovem <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong><br />

tais recursos, principalmente no que diz respeito aos recursos hídricos.<br />

Um <strong>do</strong>s impactos que mais causa <strong>de</strong>gradação é a geração <strong>de</strong> resíduos,<br />

como é o caso <strong>do</strong> esgoto <strong>do</strong>méstico, que ao ser lança<strong>do</strong> nos corpos <strong>de</strong> água<br />

<strong>de</strong> maneira ina<strong>de</strong>quada, diminuem a qualida<strong>de</strong> da água e acaba<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>an<strong>do</strong> sérios problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m ecológica, social e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

pública.<br />

A precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> fornecimento <strong>de</strong> serviços liga<strong>do</strong>s ao tratamento <strong>de</strong><br />

esgoto está diretamente liga<strong>do</strong> a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instalações <strong>do</strong>miciliares<br />

irregulares e com o lançamento <strong>de</strong> esgoto conten<strong>do</strong> concentrações <strong>de</strong><br />

poluentes além <strong>do</strong>s limites tolera<strong>do</strong>s pela legislação. Isso gera o<br />

comprometimento da qualida<strong>de</strong> da água <strong>do</strong>s corpos receptores<br />

comprometen<strong>do</strong> a biodiversida<strong>de</strong> e prejudican<strong>do</strong> seus diversos usos como o<br />

abastecimento humano e as irrigações (SILVA, 2007).<br />

Faz-se necessário, portanto, um investimento governamental em<br />

saneamento, elevan<strong>do</strong> as condições ambientais e trazen<strong>do</strong> melhorias<br />

significativas na saú<strong>de</strong> pública com a redução <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças <strong>de</strong> veiculação<br />

hídrica, além <strong>de</strong> contribuir para a redução <strong>do</strong> custo <strong>do</strong> tratamento <strong>de</strong> água para<br />

consumo, melhora nos aspectos visuais <strong>do</strong>s recursos hídricos e preservação<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos naturais (ALMEIDA, 2005).<br />

Capa Índice 10267


Nesse cenário o Brasil tem investi<strong>do</strong> em sistemas <strong>de</strong> saneamento, com<br />

a construção <strong>de</strong> Estações <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Esgoto (ETEs) para tratar os<br />

esgotos <strong>do</strong>mésticos, pressiona<strong>do</strong> pela socieda<strong>de</strong>, instituições e legislação que<br />

visam a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e também ambiental, além das normas que<br />

regulamentam os padrões <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> tais efluentes. No entanto, o setor <strong>de</strong><br />

saneamento ainda tem senti<strong>do</strong> dificulda<strong>de</strong>s em gerenciar os efluentes em toda<br />

a extensão <strong>do</strong> território brasileiro, basicamente pelo alto custo <strong>de</strong> implantação e<br />

operação, fazen<strong>do</strong> com que muitos municípios não contem com um sistema <strong>de</strong><br />

tratamento <strong>de</strong> esgoto a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> (ANDREOLI; PEGORINI, 2006).<br />

De acor<strong>do</strong> com a <strong>Pesquisa</strong> Nacional <strong>de</strong> Saneamento Básico (PNSB)<br />

realizada pelo Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística (IBGE) em 2008,<br />

pouco mais da meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s municípios brasileiros (55,2%) tinham serviço <strong>de</strong><br />

esgotamento sanitário por re<strong>de</strong> coletora. Cerca <strong>de</strong> 18% da população brasileira<br />

ainda encontra-se no risco extremo <strong>de</strong> contração <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença ligadas á falta <strong>de</strong><br />

tratamento <strong>de</strong> esgoto, trata-se <strong>de</strong> um contingente <strong>de</strong> 34 milhões <strong>de</strong> pessoas<br />

(consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se apenas os municípios sem re<strong>de</strong> coletora).<br />

Diante <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong> em várias partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> o Brasil,<br />

surgiram méto<strong>do</strong>s alternativos para o tratamento <strong>de</strong> esgoto, conheci<strong>do</strong> como<br />

zona <strong>de</strong> raízes, wetland ou alaga<strong>do</strong>s construí<strong>do</strong>s. São sistemas basea<strong>do</strong>s em<br />

wetlands (alaga<strong>do</strong>s) naturais, cuja associação planta-substrato-raizmicroorganismos,<br />

consegue promover a retenção e metabolização <strong>de</strong> matéria<br />

orgânica, metais, liberação <strong>de</strong> substâncias antipatogênicas e ainda promover<br />

um processo <strong>de</strong> oxigenação (STOTTMEISTER et al 2003).<br />

No Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás, tem emergi<strong>do</strong> muitas pesquisas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

buscar espécies que se a<strong>de</strong>quem ao sistema, avalian<strong>do</strong>-se principalmente sua<br />

eficiência. Almeida (2005) utilizou o Lírio-<strong>do</strong>-brejo (Hedychium coronarium J.<br />

König), a Conta-<strong>de</strong>-lágrima (Coix lacryma-jobi L.), a Taboa (Typha angustifolia<br />

L.) e o Capim-<strong>de</strong>-Angola (Urochloa mutica (Forssk.), Pitaluga (2011) utilizou e<br />

lírio-<strong>do</strong>-brejo (Hedychium coronarium J. König).<br />

As plantas escolhidas para compor o sistema <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto<br />

foram os cultivares BRS Sinuelo CL e BRS Tropical, que são varieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

arroz, um componente básico da alimentação <strong>do</strong>s brasileiros. Os aspectos<br />

morfológicos da planta contribuem para a absorção <strong>do</strong>s nutrientes minerais e<br />

metais presentes no esgoto, pois possui muitos pelos absorventes em sua<br />

Capa Índice 10268


zona radicular e a raiz é <strong>do</strong> tipo fasciculada e se propaga com facilida<strong>de</strong> no<br />

solo penetran<strong>do</strong>-o <strong>de</strong> maneira longitudinal e também lateralmente (SILVA,<br />

2007).<br />

Acredita-se que a utilização <strong>do</strong> arroz agrega outras funções e vantagens<br />

ao sistema que além <strong>de</strong> tratar o esgoto <strong>do</strong>méstico por meio da zona <strong>de</strong> raízes,<br />

ainda promove o reuso <strong>do</strong> esgoto como fonte <strong>de</strong> nutrientes para produção <strong>de</strong><br />

alimentos.<br />

2. Material e Méto<strong>do</strong><br />

2.1 Local <strong>de</strong> estu<strong>do</strong><br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da parte experimental da pesquisa está sen<strong>do</strong><br />

realiza<strong>do</strong> na Estação <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>s em Tratamento <strong>de</strong> Esgotos por Plantas –<br />

EPTEP, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás - <strong>UFG</strong>, localizada em área da<br />

Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Esgotos - ETE Samambaia, coor<strong>de</strong>nadas:<br />

16º36’04.35’’S / 49º17’23.04’’, operada pela empresa Saneamento <strong>de</strong> Goiás<br />

S.A. - SANEAGO, no município <strong>de</strong> Goiânia, Goiás.<br />

2.2 Unida<strong>de</strong> Experimental<br />

A unida<strong>de</strong> experimental possui <strong>do</strong>ze caixas d´águas que conterão os<br />

tratamentos, são constituídas <strong>de</strong> fibra <strong>de</strong> amianto, da marca comercial Eternit<br />

com capacida<strong>de</strong> para 1000 litros, altura <strong>de</strong> 0,73 m e área superficial <strong>de</strong> 1,45<br />

metros quadra<strong>do</strong>s. As caixas estão dispostas na superfície <strong>do</strong> solo dispostas<br />

uma ao la<strong>do</strong> da outra, com mesmo espaçamento. O esgoto que chega até as<br />

caixas recai sobre elas como fluxo supsuperficial vertical <strong>de</strong>scente.<br />

Após ser trata<strong>do</strong>, o esgoto escoa pela mangueira <strong>de</strong> drenagem para<br />

a re<strong>de</strong> coletora (tubo PVC <strong>de</strong> 100 mm <strong>de</strong> diâmetro) que conduz o efluente <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>ze reservatórios <strong>de</strong> tratamento para um novo reservatório, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> o<br />

efluente é bombea<strong>do</strong> <strong>de</strong> volta à lagoa facultativa, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> fora coleta<strong>do</strong><br />

inicialmente.<br />

As caixas foram preenchidas da seguinte forma: quatro com o<br />

cultivar BRS Sinuelo CL, quatro com o cultivar BRS Tropical e as outras quatro<br />

foram mantidas como testemunho.<br />

O esgoto a ser trata<strong>do</strong> é bombea<strong>do</strong> diretamente da parte inicial da<br />

lagoa facultativa da ETE Samambaia e conduzi<strong>do</strong> aos módulos <strong>de</strong> tratamento,<br />

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por meio <strong>do</strong> tubo <strong>de</strong> PVC com diâmetro <strong>de</strong> 50 mm. A aplicação se dá na<br />

superfície e o esgoto percola, passan<strong>do</strong> pelas raízes da planta e pelas<br />

camadas <strong>de</strong> substrato, até a camada inferior <strong>de</strong> brita número 3, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> é<br />

então drena<strong>do</strong>. O esgoto é bombea<strong>do</strong> por uma bomba centrífuga, <strong>de</strong> rotor<br />

semi-aberto, cujo acionamento é controla<strong>do</strong> por um temporiza<strong>do</strong>r eletrônico<br />

(timer). A aplicação se dará três vezes ao dia, resultan<strong>do</strong> em uma taxa <strong>de</strong><br />

aplicação <strong>de</strong> 80 L.m -2 .d -1 ; taxa que foi utilizada por Almeida (2005) e Abrantes<br />

(2009) e correspon<strong>de</strong> a uma área <strong>de</strong> estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> 2 m 2 por<br />

habitante.<br />

2.3 Perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> coleta e pontos <strong>de</strong> amostragem<br />

As coletas das amostras serão realizadas no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 2012 a fevereiro <strong>de</strong> 2013, quinzenalmente, totalizan<strong>do</strong> 12 coletas, num<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 6 meses. A amostragem se dará no registro <strong>de</strong> cada reservatório, e<br />

uma amostra será retirada da tubulação <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> esgoto bruto. As<br />

amostras serão submetidas a análises laboratoriais para caracterização <strong>do</strong><br />

esgoto bruto e trata<strong>do</strong> e futuro cálculo <strong>de</strong> eficiência <strong>do</strong> tratamento<br />

2.3 Variáveis metereológicas e hidráulicas<br />

As variáveis meteorológicas como temperatura, umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar,<br />

precipitação e insolação no experimento serão obtidas na Estação<br />

Evaporimétrica <strong>de</strong> Primeira Classe <strong>do</strong> Setor <strong>de</strong> Engenharia Rural da Escola <strong>de</strong><br />

Agronomia e Engenharia <strong>de</strong> Alimentos da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, a<br />

aproximadamente 1.000 m da estação <strong>de</strong> pesquisa.<br />

2.5 Análise das variáveis físico-químicas e biológicas <strong>do</strong> efluente trata<strong>do</strong><br />

Serão avalia<strong>do</strong>s os parâmetros nitrogênio total, fósforo total, DBO, DQO,<br />

Escherichia Coli e oxigênio dissolvi<strong>do</strong>, cujas análises obe<strong>de</strong>cerão a<br />

meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong>scritas pelo Standard methods for the examination of water and<br />

wastewater (APHA; AWWA; WPCF, 2005).<br />

3. Resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s<br />

Espera-se conhecer sobre a eficiência <strong>do</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto<br />

<strong>do</strong>méstico utilizan<strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> zona <strong>de</strong> raízes com cultivares <strong>de</strong> arroz<br />

observan<strong>do</strong>-se notadamente seu crescente uso em países orientais. Apesar <strong>de</strong><br />

ainda não ser uma prática comum em países como o Brasil, espera-se que os<br />

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esulta<strong>do</strong>s possam enriquecer as discussões sobre novas possibilida<strong>de</strong>s para o<br />

tratamento <strong>de</strong> esgoto.<br />

Além disso, há a expectativa <strong>de</strong> observar os resulta<strong>do</strong>s da utilização <strong>de</strong><br />

esgoto <strong>do</strong>méstico como fonte <strong>de</strong> nutrientes para produção agrícola, concilian<strong>do</strong><br />

o tratamento <strong>do</strong> esgoto concomitante á produção <strong>de</strong> alimento.<br />

4. Referências<br />

ABRANTES, L. L. M. Tratamento <strong>de</strong> esgoto sanitário em sistemas alaga<strong>do</strong>s<br />

construí<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong> Typha angustifolia e Phragmites australis. Goiânia,<br />

GO: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás. Originalmente apresentada como<br />

dissertação <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás – <strong>UFG</strong>, 2009. 143 p.<br />

ALMEIDA, R. A. Substratos e plantas no tratamento <strong>de</strong> esgoto por zona <strong>de</strong><br />

raízes. Goiânia, GO: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, 2005. Originalmente<br />

apresentada como tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás - <strong>UFG</strong>,<br />

2005. 108 p.<br />

STOTTMEISTER, U. et al. Effects of plants and microorganisms<br />

inconstructed wetlands for wastwater treatmente. Biotechnology Advances.<br />

v. 22, p. 93-117. 2003.<br />

SILVA, S.C. “Wetlands Construí<strong>do</strong>s” <strong>de</strong> fluxo vertical com meio suporte <strong>de</strong><br />

solo natural modifica<strong>do</strong> no tratamento <strong>de</strong> esgoto <strong>do</strong>méstico. Brasilia, DF:<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília. Originalmente apresentada como tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>,<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasilia – UNB, 2007.<br />

ANDREOLI, C.V. et al. Aproveitamento <strong>do</strong> lo<strong>do</strong> gera<strong>do</strong> em estações <strong>de</strong><br />

tratamento <strong>de</strong> água e esgoto sanitários inclusive com a utilização <strong>de</strong><br />

técnicas consorciadas com resíduos sóli<strong>do</strong>s urbanos. PROSAB. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, ABES, 2001.<br />

PNSB (2008) – <strong>Pesquisa</strong> Nacional <strong>de</strong> Saneamento Básico. Ministério <strong>do</strong><br />

Planejamento, 2008. Orçamento e Gestão. Instituto <strong>de</strong> Geografia e Estatística –<br />

IBGE. Diretoria <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>. Departamento <strong>de</strong> População e Indica<strong>do</strong>res<br />

Sociais. Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Capa Índice 10271


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10272 - 10276<br />

Mo<strong>de</strong>los Estocásticos para a Propagação <strong>de</strong> Informação<br />

Daniel Antônio Men<strong>do</strong>nça da SILVA 1 ; Valdivino Vargas JUNIOR 2<br />

Instituto <strong>de</strong> Matemática e Estatística - <strong>UFG</strong><br />

1 dhaniel.ams@gmail.com 2 vvjuniorufg@yahoo.com.br<br />

1 Bolsista REUNI - CAPES<br />

Palavras-chave: Processo <strong>de</strong> Rumores; Passeio Aleatório; Processo Firework; Processo<br />

Firework Inverso.<br />

1 Introdução<br />

Um <strong>do</strong>s interesses <strong>do</strong>s probabilistas é a difusão <strong>de</strong> informação em grafos. Neste traba-<br />

lho vamos consi<strong>de</strong>rar <strong>do</strong>is mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong> rumores. No primeiro mo<strong>de</strong>lo um<br />

indivíduo porta<strong>do</strong>r da informação começa a transmitir a informação a to<strong>do</strong>s os indivíduos<br />

não informa<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> uma passeio aleatório. Po<strong>de</strong>mos pensar que esses indivíduos estão<br />

distribui<strong>do</strong>s nos números inteiros. Quan<strong>do</strong> o indivíduo não transmite mais a informação,<br />

o seu movimento cessa. A principal questão é saber em quais condições o processo po<strong>de</strong><br />

sobreviver, isto é, em qualquer instante terá partículas ativas com probabilida<strong>de</strong> positiva.<br />

Já no segun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo teremos duas variantes distintas da difusão <strong>de</strong> informação em<br />

grafos. Na primeira variante o indivíduo recebe uma informação, em seguida ele transmite<br />

a informação para vizinhos que estejam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma vizinhança aleatória finita. Na<br />

segunda variante, os indivíduos perguntam pela informação para vizinhos que estejam<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma vizinhança aleatória finita e passam a conhecê-la se algum <strong>de</strong>stes vizinhos<br />

a conhecer. Daí queremos saber quais condições para haver propagação <strong>de</strong> rumores <strong>de</strong><br />

forma in<strong>de</strong>finida.<br />

2 Material e méto<strong>do</strong>s<br />

Nós queremos saber no primeiro mo<strong>de</strong>lo em quais condições o processo sobreviverá,<br />

ten<strong>do</strong> partículas ativas em qualquer tempo com probabilida<strong>de</strong> positiva. Po<strong>de</strong> existir locais<br />

estratégicos sobre os inteiros on<strong>de</strong> o processo não tenha chance <strong>de</strong> sobrevivência. Neste<br />

caso teremos como principal referência [7].<br />

Já no segun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo consi<strong>de</strong>remos as duas variantes mencionadas. Com base nestas<br />

duas dinâmicas consi<strong>de</strong>mos os indivíduos posiciona<strong>do</strong>s em subconjuntos <strong>do</strong>s naturais. No<br />

primeiros caso queremos saber o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong> rumor pelos indivíduos e no<br />

segun<strong>do</strong> caso queremos saber o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> audição <strong>do</strong> rumor <strong>de</strong> cada indivíduo. Para esse<br />

mo<strong>de</strong>los teremos como base a referência <strong>do</strong> artigo [6] .<br />

1<br />

Capa Índice 10272


3 Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />

Em seguida nós vamos <strong>de</strong>finir o processo firework e processo firework inverso. Nós va-<br />

mos utilizar <strong>de</strong> forma equivalente os nomes indivíduos e vértices. No processo <strong>de</strong> rumores<br />

nós teremos a explosão, o fofoqueiro, o conti<strong>do</strong> e o ignorante. Os vértices são ignorantes<br />

quan<strong>do</strong> eles não conhecem a informação. Quan<strong>do</strong> os vértices são ativa<strong>do</strong>s nós dizemos<br />

que eles são fofoqueiros imediatamente eles propagam o rumor e em seguida torna-se conti<strong>do</strong>s.<br />

Uma explosão é o momento no qual a informação <strong>de</strong> um vértice é passada para<br />

outro vértice. Queremos saber se o processo tem probabilida<strong>de</strong> positiva <strong>de</strong> sobrevivência,<br />

isto é, se ocorre a propagação <strong>de</strong> rumor.<br />

Firework é uma dinâmica <strong>de</strong> ativação <strong>do</strong>s vértices para a execução <strong>do</strong>s rumores. Isto<br />

é, consi<strong>de</strong>re um subconjunto infinitos <strong>do</strong>s números naturais {ui} i∈N com u0 = 0, ima-<br />

ginemos que sobre cada elemento <strong>de</strong>sse subconjunto estejam distribuí<strong>do</strong>s os indivíduos.<br />

Cada indivíduo ui estará associa<strong>do</strong> um raio Ri. Temos que Ri é uma variável aleatória<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte assumin<strong>do</strong> valores sobre R+ cuja distribuição é P . Para este caso temos<br />

como referência o artigo [6] . No tempo t = 0 ocorrerá a primeira explosão <strong>de</strong> raio R0.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o tempo discreto t, temos que to<strong>do</strong> vértice uj ativa<strong>do</strong> no tempo t − 1 gera<br />

uma explosão (cujo raio <strong>de</strong> influência é Rj) e eles fazem isso somente uma vez, ativan<strong>do</strong><br />

o vértice ui (somente aqueles vértices no qual não foram aciona<strong>do</strong> antes.).<br />

Nós dizemos que o processo morre se somente atingir um número finito <strong>de</strong> indivíduos.<br />

Caso contrário nós dizemos que o processo sobrevive. Seja ui = i para to<strong>do</strong> i e se para<br />

to<strong>do</strong> Ri temos a mesma distribuição daí dizemos que o processo é homogêneo. Caso<br />

contrário nós dizemos que o processo é heterogêneo.<br />

Definimos o evento,<br />

Vn = {o vértice un é atingi<strong>do</strong> pela explosão}<br />

e o seu limite<br />

V = lim Vn.<br />

n→∞<br />

Para o caso homogêneo temos os seguintes resulta<strong>do</strong>s.<br />

Teorema 1. Para o processo firework homogêneo, consi<strong>de</strong>remos<br />

Então<br />

an =<br />

n<br />

P(R


Além disso,<br />

P(V ) ≥<br />

∞<br />

j=0<br />

P(V ) ≤ 1 − P(R = 0) −<br />

<br />

1 −<br />

j<br />

i=0<br />

<br />

P(R 1 então P[V ] > 0.<br />

(ii) Se L


t = 1, explosões <strong>de</strong> tamanho Ri ocorrem em direção a origem. Definimos o conjunto<br />

forma<strong>do</strong> pelos vértices uj que po<strong>de</strong> encontar um vértice ativo no tempo (t − 1) <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

uma distância Rj à sua esquerda. Representamos esse conjunto por At. Dizemos que o<br />

processo para se o conjunto At é vazio. Se o processo nunca para, nós dizemos que ele<br />

sobrevive. Se os Ri’s tem a mesma distribuição e ui = i nós chamamos ele <strong>de</strong> processo<br />

homogêneo. Caso contrário nós o chamamos ele <strong>de</strong> heterogêneo. Definimos o evento S ”o<br />

processo inverso sobrevive”. Para essa parte temos como principal referência [6].<br />

Temos como resulta<strong>do</strong> para o caso homogêneo o resulta<strong>do</strong> abaixo.<br />

Teorema 3. Consi<strong>de</strong>re o processo firework homogêneo inverso.<br />

(i) Se E[R] =∞ então P(S) =1.<br />

(ii) Se E[R] < ∞ então P(S) =0.<br />

Agora para o caso heterogêneo temos,<br />

Teorema 4. Consi<strong>de</strong>re o processo firework homogêneo inverso. Então<br />

∞<br />

(i) P(Rn+k ≥ k) =∞ para to<strong>do</strong> n se e somente se P(S) =1.<br />

k=1<br />

(ii) Se<br />

∞<br />

n=1 n=1<br />

∞<br />

P(Rn+k 0.<br />

Agora consi<strong>de</strong>remos um outro mo<strong>de</strong>lo para difusão <strong>de</strong> informação, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> um<br />

sistema simples <strong>de</strong> passeios aleatórios que satisfaz a dinâmica abaixo. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> tempo<br />

t = 0 em cada vértice <strong>do</strong>s números inteiros existem N partículas inativas, já na origem<br />

consi<strong>de</strong>ramos N partículas ativas. As partículas ativas realizaram um passeio aleatório,<br />

isto é, elas escolhem saltar <strong>de</strong> vértice sobre vértice nos números inteiros com probabilida<strong>de</strong><br />

p para movimentarem para à direita e com probabilida<strong>de</strong> 1 − p para saltarem para à<br />

esquerda. Esses saltos são realiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.Quan<strong>do</strong> uma partícula ativa<br />

encontra outra partícula inativa, está é ativada e cada uma inicia um passeio aleatório<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte sobre os inteiros. Após executar L movimentos sem ativar outras partículas<br />

a partícula ativa morre. O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>scrito acima é conheci<strong>do</strong> por processo uniforme sobre<br />

os inteiros. Temos como referência [7]<br />

Sobre processo uniforme temos os seguinte resulta<strong>do</strong>.<br />

Teorema 5. Consi<strong>de</strong>re o Processo Uniforme sobre os inteiros. Este processo morre quase<br />

certamente, isto é, com probabilida<strong>de</strong> 1 existe um momento a partir <strong>do</strong> qual não mais<br />

existem partículas ativas.<br />

4 Conclusões<br />

Aqui vem as conclusão.<br />

4<br />

Capa Índice 10275


Referências<br />

[1] Ferrari, P.A. e Galves, J.A., Acoplamento em Processos Estocásticos, Notas para um<br />

minicurso apresenta<strong>do</strong> na XIII Escuela Venezolana <strong>de</strong> Matematicas, 2000.<br />

[2] Fontes, Luiz Renato, Notas em percolação, 1996.<br />

[3] Norris, J.R., Markov Chains, Cambridge University Press, 1998.<br />

[4] Ross, S.M., A first course in probability. Prentice Hall; 8 a edição, 2009.<br />

[5] Ross, S.M., Stochastic Processes, Wiley Series in Probability and Mathematical Statistics,<br />

2a edição, 1996.<br />

[6] Júnior, V.V.; Macha<strong>do</strong>,F.P.; Martinez M.Z., Rumour Processes on N. J.Appl. Prob.<br />

Volume 48, Number 3 (2011), 624-636.<br />

[7] F.P. Macha<strong>do</strong>; E. Lebensztayn; M.Z. Martinez (2008) Ran<strong>do</strong>m walks systems with<br />

killing on Z. Stochastics and Stochastics Reports (Print), v. 80, p. 451-457, 2008.<br />

[8] F.P.Macha<strong>do</strong>; E. Lebensztayn; M.Z. Martinez Nonhomogeneous ran<strong>do</strong>m walks systems<br />

on Z. Journal of Applied Probability, v.47, p.562-571, 2010.<br />

5<br />

Capa Índice 10276


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10277 - 10281<br />

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10282 - 10286<br />

ESTUDO ANALÍTICO DO IDIOMATISMO DA OBRA “A VIDA PELA<br />

FLOR” PARA CLARINETA E BANDA DE JOAQUIM ANTÔNIO<br />

LANGSDORF NAEGELE NA ÓTICA EXECUCIONAL<br />

Daniel Souza <strong>de</strong> ARAUJO<br />

<strong>UFG</strong> – Mestran<strong>do</strong> em Música, Música Criação e Expressão<br />

clarinetadna@gmail.com<br />

EMAC- <strong>UFG</strong><br />

Dr. Johnson Johanesburgo Anchieta MACHADO (Orienta<strong>do</strong>r)<br />

<strong>UFG</strong> – Doutor em Música, Música Criação e Expressão<br />

Johnsonmacha<strong>do</strong>@hotmail.com<br />

EMAC- <strong>UFG</strong><br />

Dr. Carlos Henrique (Co-orienta<strong>do</strong>r)<br />

<strong>UFG</strong> – Doutor em Música, Música Criação e Expressão<br />

costacarlosh@yahoo.com.br<br />

EMAC- <strong>UFG</strong><br />

PALAVRAS- CHAVE: Banda <strong>de</strong> Música, A Vida pela Flor, Joaquim Naegele, Fantasia para<br />

Clarineta Solo e Banda <strong>de</strong> Música.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Na maior parte das vezes algumas pessoas referem-se ao concerto como uma<br />

apresentação orquestral. Todavia, segun<strong>do</strong> HOUAISS, a palavra concerto reporta-se a uma<br />

composição para um ou mais solistas que dialogam com a orquestra ou a um grupo<br />

instrumental. A obra apresentada geralmente possui varias sessões contrastantes e um espaço<br />

para <strong>de</strong>monstração da virtuosida<strong>de</strong> e técnica <strong>do</strong> solista.<br />

Neste trabalho discutiremos a idiomática da peça “A Vida pela Flor” escrita para<br />

clarineta solo e banda <strong>de</strong> Joaquim Antônio Langs<strong>do</strong>rf Naegele. Não obstante <strong>de</strong> ser uma das<br />

primeiras obras para clarineta e banda composta por um brasileiro, esta obra <strong>de</strong>staca-se pela<br />

virtuosida<strong>de</strong> se levada em conta que na época foi executada por instrumento com menos<br />

recursos técnicos, fato este notável, além <strong>de</strong> ser atípica por fazer uso da fantasia <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />

contexto <strong>de</strong> repertório para banda. Sua estrutura dividida em introdução, 1º. tema com duas<br />

Capa Índice 10282


variações, 2º. tema com cinco variações e co<strong>de</strong>ta, se diferencia da estrutura simples da<br />

maioria das obras voltada para banda como os <strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s, polcas, mazucas, valsas entre outras.<br />

Com mais da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas composições classificada como <strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s (137), segun<strong>do</strong><br />

a revista “Instrumentista”, Joaquim Naegele, tornou-se um celebre compositor brasileiro <strong>de</strong>ste<br />

gênero. Joaquim Antônio Langs<strong>do</strong>rff Nægele nasceu no dia 2 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1899 em Santa Rita<br />

<strong>do</strong> Rio Negro 3º distrito <strong>de</strong> Cantagalo, hoje Eucli<strong>de</strong>lândia, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Iniciou seus estu<strong>do</strong>s em música quan<strong>do</strong> ainda criança com o professor italiano Caetano Zucki<br />

que exercia a função <strong>de</strong> maestro na banda União Santarritense <strong>do</strong> qual foi mais tar<strong>de</strong> regente.<br />

Segun<strong>do</strong> CORREIA (2004, p.1), apesar <strong>de</strong> não haver nenhum registro no Instituto Nacional<br />

<strong>de</strong> Música, Naegele completou sua formação com o Maestro Antônio Francisco Braga que lhe<br />

ensinou contraponto e fuga.<br />

Um <strong>do</strong>s maiores reconhecimentos <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> Maestro Joaquim Naegele foi<br />

realiza<strong>do</strong> pela FUNARTE que em 1994 organizou o 1º Inventário Nacional <strong>de</strong> Música para<br />

Banda. Para este inventário selecionou-se 80 entre as 1500 músicas inscritas para iniciarem<br />

“O Repertorio <strong>de</strong> Ouro das Bandas <strong>de</strong> Música <strong>do</strong> Brasil”. Neste repertorio, três obras <strong>de</strong><br />

Joaquim Naegele fazem parte: Celso Woltzenlogel (<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>), Estrela <strong>de</strong> Friburgo (polca; solo<br />

<strong>de</strong> trompete) e Ouro negro (<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>).<br />

Embora existam várias peças para clarineta solo e banda escrita por compositores<br />

estrangeiros, no Brasil são poucas as composições para esta formação musical. Por enten<strong>de</strong>r<br />

que esta peça é pouco conhecida entre os maestros, professores e clarinetistas este estu<strong>do</strong><br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar o interesse <strong>de</strong>sses profissionais em conhecer esta obra, o compositor e a<br />

riqueza cultural que este contexto traz.<br />

METODOLOGIA<br />

A pesquisa está dividida em duas fases: bibliográfico-<strong>do</strong>cumental, a fim <strong>de</strong> buscar as<br />

fontes <strong>do</strong>cumentais relativas ao autor e a obra, e hipotético-<strong>de</strong>dutivo para respon<strong>de</strong>r as<br />

problemáticas <strong>de</strong>correntes entre a observação da partitura (análise), audição da obra e da<br />

leitura <strong>do</strong>cumental prévia.<br />

Para esquadrinhar as fontes <strong>do</strong>cumentais relativas ao autor, lançaremos mão <strong>de</strong> artigo,<br />

revistas, jornais, sites, fotos, filmagens, bem como aplicar um questionário com sete<br />

familiares <strong>do</strong> compositor e <strong>de</strong>z pessoas que conviveram com o compositor Joaquim Naegele,<br />

<strong>de</strong>ntre eles, componentes da banda <strong>de</strong> música da Campesina Friburguense, Faculda<strong>de</strong><br />

Capa Índice 10283<br />

2


Salesiana <strong>de</strong> Santa Rosa (Niterói - RJ), além <strong>do</strong>s arquivos da Associação <strong>de</strong> Bandas <strong>de</strong><br />

Musica Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (ASBAM-RJ).<br />

As fontes <strong>do</strong>cumentais relativas à obra serão coletadas através <strong>de</strong> entrevistas não<br />

estruturadas com sete músicos entre clarinetistas e outros instrumentistas que tiveram contato<br />

direto tanto com a obra, quanto com o compositor Esta entrevista será gravada em áudio ou<br />

em ví<strong>de</strong>o com o consentimento <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>.<br />

Todas as entrevistas e questionários serão aplica<strong>do</strong>s logo após a leitura <strong>do</strong> termo <strong>de</strong><br />

consentimento livre e esclareci<strong>do</strong> e aceitação <strong>do</strong>s sujeitos. Tais questionários serão aplica<strong>do</strong>s<br />

no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> sessenta dias entre os meses <strong>de</strong> agosto e setembro com perguntas estruturadas e<br />

semiestruturadas nas respectivas se<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada entida<strong>de</strong> acima citadas. Aos sujeitos será dada<br />

a liberda<strong>de</strong> para se <strong>de</strong>sligarem a qualquer momento da pesquisa sem qualquer prejuízo. Os<br />

nomes <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rão ser divulga<strong>do</strong>s caso autoriza<strong>do</strong> pelos mesmos.<br />

As gravações da peça, junto com as análises da mesma e os <strong>do</strong>cumentos<br />

bibliográficos servirão <strong>de</strong> parâmetro para traçar uma edição crítica da obra. Nesta fase<br />

usaremos o méto<strong>do</strong> hipotético-<strong>de</strong>dutivo para buscarmos respostas quanto a problemáticas já<br />

expostas.<br />

Será realizada análise da partitura da clarineta, embora, por vezes, possamos recorrer a<br />

uma avaliação da banda. A análise relativa à forma será baseada em conceitos fundamenta<strong>do</strong>s<br />

por Arnold Schoenberg e Joaquim Zamacois, além <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Schenker que<br />

nos dará uma visão micro, assim como macro da obra, facilitan<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s<br />

elementos musicais existentes entre os temas e as variações. Entretanto a análise tradicional<br />

também servirá como ferramenta para nos auxiliar na compreensão da escrita e estilo <strong>do</strong><br />

compositor.<br />

Como produto, final além da parte dissertativa, será disponibiliza<strong>do</strong> a partitura<br />

transcrita para computa<strong>do</strong>r com as sugestões interpretativas da obra. Utilizaremos o programa<br />

Finale para transcrever as partes da clarineta e da banda. To<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s serão<br />

registra<strong>do</strong>s e disponibiliza<strong>do</strong>s publicamente através <strong>de</strong> mídia impressa e digital junto à<br />

secretaria <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> da <strong>UFG</strong>, além da página da internet conexa.<br />

DISCUSSÃO<br />

Para embasar a pesquisa com relação ao idiomatismo <strong>do</strong> compositor, selecionei <strong>do</strong>is<br />

“<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s sinfônicos”: Janjão por sua importância histórica durante a segunda guerra<br />

mundial e Ouro Negro, por fazer parte <strong>do</strong> “Repertório <strong>de</strong> ouro das bandas <strong>de</strong> música <strong>do</strong><br />

Brasil” edita<strong>do</strong> pela FUNARTE.<br />

Capa Índice 10284<br />

3


Ao comparar a fantasia “A vida pela flor” com os “<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s sinfônicos” foram observa<strong>do</strong>s<br />

algumas características gerais da idiomática <strong>de</strong> Joaquim Naegele:<br />

1) A primeira <strong>de</strong>las é a exposição da melodia pelos instrumentos nos registros graves;<br />

2) Apresentação <strong>de</strong> um tema em mo<strong>do</strong> menor.<br />

3) Tem no contraponto o pilar para suas composições que geralmente é alterna<strong>do</strong> entre<br />

metais e ma<strong>de</strong>iras / agu<strong>do</strong> e grave;<br />

4) Apresentação <strong>de</strong> uma célula rítmica padrão <strong>de</strong> semicolcheias em direção melódica<br />

ascen<strong>de</strong>nte ou <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte;<br />

5) As melodias contêm sempre alguma alteração cromática (bordadura) ou mesmo uma<br />

aproximação cromática para <strong>de</strong>terminadas notas ou finalização <strong>de</strong> frases.<br />

Apesar das características apontadas acima serem bastante marcantes nas obras <strong>de</strong> Joaquim<br />

Naegele, a fantasia “A vida pela Flor” trás alguns traços muito peculiares na obra:<br />

1) Acompanhamento homofônico;<br />

2) Linha melódica cromática <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, sobre tu<strong>do</strong> nos instrumentos graves;<br />

3) Melodia arpejada ou com parte <strong>de</strong> arpejos;<br />

4) Diálogo entre a clarineta solo e alguns instrumentos graves (bombardino e trombone);<br />

5) Utilização <strong>de</strong> técnicas composicionais <strong>de</strong> imitação, inversão, expansão e contração da<br />

melodia.<br />

CONCLUSÃO<br />

É notório que a obra “A vida pela flor” foi escrita com características próprias, embora a<br />

escrita <strong>de</strong> Joaquim Naegele possa revelar pontos que <strong>de</strong>monstrem traços <strong>de</strong> seu idiomatísmo.<br />

Por ser a peça uma fantasia sobre a forma <strong>de</strong> concerto para instrumento solista (clarineta) e<br />

banda, as características evi<strong>de</strong>nciadas na obra em questão talvez sejam trabalhadas para<br />

evi<strong>de</strong>nciar a técnica <strong>do</strong> solista. Nota-se esta diferença idiomática, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> à<br />

fantasia com os <strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s escritos pelo autor. Ainda que a clarineta seja bem explorada nos<br />

<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s e os padrões <strong>de</strong> escrita para banda e clarineta mantenham-se inaltera<strong>do</strong>s, percebe-se<br />

um tratamento especial para o solista, on<strong>de</strong> NAEGELE explora a virtuosida<strong>de</strong> e a técnica <strong>do</strong><br />

instrumento <strong>de</strong> forma diferenciada da banda. Dessa forma, acreditamos que a peça <strong>de</strong>ve ser<br />

estudada <strong>de</strong> forma mais aprofundada para que o interprete possa executar com maior<br />

fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao estilo e características <strong>do</strong> compositor.<br />

Capa Índice 10285<br />

4


REFERÊNCIAS BILBIOGRÁRFICA<br />

Associação <strong>de</strong> Bandas <strong>de</strong> Música <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (ASBAM-RJ). Disponível em<br />

. Acesso em: 06 jul 2010.<br />

CORREIA, Ronald Naegele. Joaquim Antonio Lans<strong>do</strong>rf Naegele (1899-1986) Vida e<br />

Obra. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Monografia (Licenciatura). Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

2004.<br />

DOURADO, Henrique Autran, Dicionário <strong>de</strong> termos e expressões da música. 2ª edição.<br />

São Paulo: ed. 34, 2008. p. 41.<br />

Fundação Nacional <strong>de</strong> Arte (FUNARTE). Disponível em<br />

. Acesso em: 06 set 2011.<br />

HOUAISS, Instituto Antônio. Dicionário Eletrônico da língua portuguesa. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

junho, 2009. Versão. 3.0. CD-ROM.<br />

?, Joaquim Naegele, Revista Instrumentista, São Paulo, 1984 p.21-23<br />

.<br />

NAEGELE, Joaquim Antônio Langs<strong>do</strong>rf, A Vida pela Flor. Fantasia para clarineta e banda.<br />

Partitura. Rio <strong>de</strong> Janeiro: manuscrito.<br />

__________, Janjão. Dobra<strong>do</strong> sinfônico. Partitura. Rio <strong>de</strong> Janeiro: manuscrito.<br />

__________, Ouro Negro. Dobra<strong>do</strong> sinfônico. Partitura. Rio <strong>de</strong> Janeiro: manuscrito.<br />

Capa Índice 10286<br />

5


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10287 - 10291<br />

Algoritmo Evolutivo Multiobjetivo NSGA-II para Seleção <strong>de</strong> Variáveis em<br />

Problemas <strong>de</strong> Calibração Multivariada<br />

¹Daniel Vitor <strong>de</strong> LUCENA (dvlucena@gmail.com) , ¹Telma Woerle <strong>de</strong> LIMA (telma@inf.ufg.br)<br />

¹An<strong>de</strong>rson da Silva SOARES (an<strong>de</strong>rson@inf.ufg.br), ²Clarimar José COELHO (clarimarc@gmail.com)<br />

¹Instituto <strong>de</strong> Informática – <strong>UFG</strong> – ²Departamento <strong>de</strong> Computação – PUC - GO<br />

Palavas Chaves: Calibração Multivariada, Algoritmo Genético, Otimização Multiobjetivo<br />

Introdução<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obter informações relevantes sobre a concentração <strong>de</strong> alguns<br />

produtos químicos chama<strong>do</strong>s analitos, coleta<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> análise,<br />

estimula<strong>do</strong> em estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> quimiometria, <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> como aplicação da matemática e<br />

as técnicas estatísticas para análise <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s químicos (Beebe, et al., 1998). A<br />

quimiometria, através <strong>de</strong> calibração, tem o objetivo <strong>de</strong> extrair essas informações<br />

utilizan<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> regressão.<br />

O termo calibração multivariada refere-se à construção <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo<br />

matemático que conce<strong>de</strong> a previsão <strong>do</strong> valor <strong>de</strong> um tamanho interessante com base em<br />

valores medi<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> variáveis explicativas. Nestes casos, algumas<br />

técnicas conhecidas para a construção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> regressão são: Regressão Linear<br />

Múltipla (MLR) (Martens, 1989), Regressão <strong>de</strong> Componentes Principais (PCR) (Jolliffe,<br />

1989) e <strong>de</strong> Regressão em Mínimos Quadra<strong>do</strong>s Parciais (PLS) (Beebe et al. , 1998;<br />

Wold, et al, 2001,.. Martens e Naes, 1989).<br />

Seleção <strong>de</strong> variáveis com informações relacionadas a essas características <strong>de</strong><br />

interesse permite criar mo<strong>de</strong>los mais robusto, simples e <strong>de</strong> fácil interpretação, assim<br />

evitan<strong>do</strong> o processamento <strong>de</strong> informação irrelevante. Outros problemas encontra<strong>do</strong>s<br />

também em calibração são: a colinearida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> duas ou mais informações tem<br />

correlação e a sensibilida<strong>de</strong> ao ruí<strong>do</strong>, que prejudica a eficiência da calibração e a<br />

predição <strong>do</strong>s compostos da amostra, em especial a MLR (Martens e Naes, 1989;<br />

Draper & Smith, 1998).<br />

Uma solução para as variáveis colineares é eliminá-las por meio <strong>de</strong> seleção<br />

(Guyon, 2003). Um algoritmo <strong>de</strong> otimização como um algoritmo evolutivo po<strong>de</strong> ser<br />

Capa Índice 10287<br />

1


usa<strong>do</strong> para escolher um forte subconjunto <strong>de</strong> variáveis, com pouca redundância e<br />

informações relacionadas com as características <strong>de</strong> interesse.<br />

Neste trabalho é estudada a utilização <strong>do</strong> algoritmo genético multiobjetivo NSGA-<br />

II no processo <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> variáveis para os objetivos conflitantes como a<br />

minimização <strong>do</strong> erro residual entre a concentração prevista pelo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> regressão e<br />

a concentração <strong>de</strong> proteína real <strong>do</strong> grão como também a redução <strong>do</strong> custo<br />

computacional e simplificação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> calibração.<br />

Materiais e Méto<strong>do</strong>s<br />

Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Trigo<br />

Todas as amostras são <strong>de</strong> trigo <strong>de</strong> grão inteiro, obti<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> material<br />

vegetal <strong>de</strong> produtores oci<strong>de</strong>ntais cana<strong>de</strong>nses. Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> referência foram<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s no Laboratório <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong> <strong>de</strong> Grãos, em Winnipeg. Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

referência são: o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> proteína (%); teste <strong>de</strong> peso (kg / hl); PSI (textura grão <strong>de</strong><br />

trigo) (%); absorção farinógrafo água (%), farinógrafo tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

massa (minutos), e farinógrafo índice <strong>de</strong> tolerância à mistura (Unida<strong>de</strong>s Braben<strong>de</strong>r). O<br />

conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s para o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> calibração multivariada consiste <strong>de</strong> 775 espectros<br />

VIS-NIR <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o grão <strong>de</strong> trigo, que foram utiliza<strong>do</strong>s como da<strong>do</strong>s shoot-<br />

out no International Diffuse Reflectance Conference 2008 (http://www.idrcchambersburg.org/shootout.html).<br />

Os espectros foram adquiri<strong>do</strong>s na gama <strong>de</strong> 400-2500<br />

nm, com uma resolução <strong>de</strong> 2 nm.<br />

O algoritmo <strong>de</strong> Kennard-Stone (KS) (Kennard & Stone, 1969) foi aplica<strong>do</strong> ao<br />

espectro resultante para dividir os da<strong>do</strong>s em conjuntos <strong>de</strong> validação, calibração e<br />

predição <strong>de</strong> amostras 389, 193 e 193, respectivamente. O conjunto <strong>de</strong> validação foi<br />

utiliza<strong>do</strong> para orientar a seleção <strong>de</strong> variáveis em SPA-MLR, MONO-GA-MLR e MULTI-<br />

GA-MLR. O conjunto <strong>de</strong> previsão foi apenas utiliza<strong>do</strong> na avaliação <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho final<br />

<strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los resultantes MLR. No estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> PLS, os conjuntos <strong>de</strong> calibração e <strong>de</strong><br />

validação foram uni<strong>do</strong>s num único conjunto <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem, o qual foi utiliza<strong>do</strong> no<br />

procedimento leave-one-out <strong>de</strong> validação cruzada. O número <strong>de</strong> variáveis latentes foi<br />

selecionadas com base no erro <strong>de</strong> validação cruzada, utilizan<strong>do</strong> o critério <strong>de</strong> teste F <strong>de</strong><br />

Capa Índice 10288<br />

2


Haaland e Thomas com α = 0,25, tal como sugeri<strong>do</strong> para outros locais on<strong>de</strong> (Haaland &<br />

Thomas, 1988) o conjunto <strong>de</strong> predição só foi emprega<strong>do</strong> na avaliação final <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> PLS.<br />

Ambiente e Ferramentas<br />

Para a execução <strong>do</strong> algoritmo NSGA-II proposto, bem como o cálculo <strong>de</strong><br />

regressão aplican<strong>do</strong> MLR e RMSEP usa<strong>do</strong> como valor <strong>de</strong> fitness para o objetivo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminação da concentração da proteína <strong>de</strong> trigo foram usa<strong>do</strong>s a versão <strong>do</strong> software<br />

Matlab 7,10 (R2010a).<br />

Foram utiliza<strong>do</strong>s os parâmetros: a) tamanho da população: 100, b) número <strong>de</strong><br />

gerações: 50 e 100, c) Opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> seleção: Torneio Binário, d) opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> mutação:<br />

Mutação Polinomial, e) probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mutação: 1/Tamanho da população, f)<br />

opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> crossover: Simulated Binary Crossover (SBX) e g) probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

crossover: 0.9.<br />

Resulta<strong>do</strong>s e Discussões<br />

A Figura 1 apresenta o espectro <strong>de</strong>riva<strong>do</strong> da amostra <strong>de</strong> trigo.<br />

Fig. 1: Espectros <strong>de</strong> Amostras <strong>do</strong> Trigo.<br />

Foram feitas 30 execuções <strong>de</strong> NSGA-II utilizan<strong>do</strong> os parâmetros apresenta<strong>do</strong>s<br />

na seção ambiente e ferramentas, alteran<strong>do</strong> apenas o número <strong>de</strong> gerações para cada<br />

30 novas execuções. Nas execuções foi usa<strong>do</strong> o conjunto <strong>de</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> trigo<br />

apresenta<strong>do</strong> na Figura 1, com 389 amostras e 690 espectros em cada amostra. Cada<br />

espectro é uma variável neste mo<strong>de</strong>lo. Cada execução NSGA-II tem o objetivo <strong>de</strong> dar<br />

um conjunto <strong>de</strong> soluções na fronteira Pareto-ótima. As Figuras 2 e 3 mostram um<br />

conjunto <strong>de</strong> soluções após a execução <strong>do</strong> algoritmo NSGA-II executa<strong>do</strong>s 30 vezes para<br />

cada configuração <strong>do</strong> número <strong>de</strong> gerações, os asteriscos vermelhos são as soluções da<br />

fronteira Pareto-Ótima:<br />

Capa Índice 10289<br />

3


Fig. 2 - Fronteira <strong>de</strong> Pareto para 50 gerações<br />

Fig. 3 - Fronteira <strong>de</strong> Pareto para 100 gerações<br />

Tabela 1 - Escolhas das soluções Pareto-ótimas pelo teste estatístico t com significância <strong>de</strong> 5%.<br />

50 gerações 100 gerações<br />

MRMSEP médio 0.08 0.08<br />

Maior RMSEP 0.16 0.13<br />

Menor RMSEP 0.06 0.06<br />

Número <strong>de</strong> Variáveis médio 20 19<br />

Maior Número <strong>de</strong> Variáveis 26 24<br />

Menor Número <strong>de</strong> Variáveis 14 12<br />

Tabela 2 – Resulta<strong>do</strong>s das técnicas tradicionais PLS, SPA-MLR, and MONO-GA-MLR.<br />

RMSEP<br />

PLS 0.21 (15*)<br />

SPA-MLR 0.20 (13 # )<br />

MONO-GA-MLR 0.21 (146 # )<br />

Gama da concentração <strong>de</strong> proteína no conjunto <strong>de</strong> predição: 10,2-16,2% m / m. * Número <strong>de</strong> variáveis<br />

latentes. # Número <strong>de</strong> variáveis espectrais selecionadas.<br />

A Tabela 2 mostra os resulta<strong>do</strong>s da previsão <strong>de</strong> PLS, SPA-MLR e MONO-GA-<br />

MLR. Estas são consi<strong>de</strong>radas as principais técnicas na calibração multivariada. Como<br />

se po<strong>de</strong> ver o algoritmo proposto obteve um melhor resulta<strong>do</strong> RMSEP utilizan<strong>do</strong> um<br />

número ligeiramente maior <strong>de</strong> variáveis.<br />

Conclusão<br />

Neste artigo foi apresenta<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> que propôs o uso <strong>de</strong> um algoritmo<br />

genético e otimização multiobjetivo para selecionar um conjunto <strong>de</strong> variáveis para a<br />

calibração multivariada utilizan<strong>do</strong> a MLR para a predição da concentração <strong>de</strong> proteína<br />

Capa Índice 10290<br />

4


no trigo. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstram a eficácia da técnica para reduzir o<br />

RMSEP com uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> variáveis espectrais em relação à<br />

quantida<strong>de</strong> presente no espectro da amostra.<br />

A partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, foi possível observar que os espectros<br />

seleciona<strong>do</strong>s em conjunto com as soluções encontradas por GA são semelhantes. Foi<br />

percebi<strong>do</strong> também que GA converge com algumas gerações que po<strong>de</strong>riam indicar<br />

possíveis ótimos locais e não ótimos globais. Quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com os algoritmos<br />

tradicionais, tais como PLS, APS-MLR e MONO-GA-MLR, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s pelo<br />

algoritmo proposto foram melhores em to<strong>do</strong>s os casos encontra<strong>do</strong>s.<br />

Referências<br />

Beebe, K. R., Pell R. J., & Seasholtz, M. B. (1998). Chemometrics: A Practical Gui<strong>de</strong>.<br />

John Wiley & Sons, INC. New York.<br />

Deb, K., Pratap, A., Agarwal, S., & Meyarivan, T. (2002). A Fast and Elitist<br />

Multiobjective Genetic Algorithm: NSGA-II. IEEE TRANSACTIONS ON<br />

EVOLUTIONARY COMPUTATION, VOL. 6, NO. 2.<br />

Draper, R. N. & Smith, H. (1998). Applied regression analysis, Willey series and<br />

probability and statistics.<br />

Guyon, I. (2003). An Introduction to Variable and Feature Selection. Journal of Machine<br />

Learning Research, [S.l.], v.3, (pp.1157–1182).<br />

Haaland, D. M. & Thomas, E. V. (1988). Partial Least-Squares Methods for Spectral<br />

Analysis 1. Relation to Other Quantitative Calibration Methods and the Extraction of<br />

Quantitative Information, Anal. Chem, 60, (pp 1193).<br />

Jolliffe, Ian (1982). A Note on the Use of Principal Components in Regression, Journal<br />

of the Royal Statistical Society. Series C (Applied Statistics) v.. 31, n. 3, (pp. 300-303).<br />

Kennard, R.W. & Stone L. A. (1969). Computer ai<strong>de</strong>d <strong>de</strong>sign of experiments,<br />

Technometrics, 11, (pp 137-148).<br />

Martens, H. & Naes, T. (1989). Multivariate Calibration, John Willey & Sons, Chichester.<br />

Soares, A. S., Galvao Filho, A. R., Galvao, R. K. H. & Araujo, M. C. U. (2010).<br />

Improving the computational efficiency of the successive projections algorithm by using<br />

a sequential regression implementation: a case study involving nir spectrometric<br />

analysis of wheat samples. J. Braz. Chem. Soc., São Paulo, v. 21, n. 4.<br />

WOLD, SVANT, SJÖSTRÖM, MICHAEL. ERIKSSON, LENNART. (2001), PLSregression:<br />

a basic tool of chemometrics, Chemometrics and intelligent laboratory, v.<br />

58, (pp. 109-130).<br />

Capa Índice 10291<br />

5


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10292 - 10296<br />

Palavras-chave:<br />

Opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Recombinação EHR<br />

Aplica<strong>do</strong> ao Problema da Árvore Máxima<br />

Danilo Alves Martins <strong>de</strong> FARIA - danilogoiania@yahoo.com.br<br />

Telma Woerle <strong>de</strong> Lima SOARES – Telma@inf.ufg.br<br />

Instituto <strong>de</strong> Informática - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás – inf.ufg.br<br />

nó-profundida<strong>de</strong>-grau, algoritmos evolutivos, projeto <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, árvore máxima.<br />

1. Introdução<br />

Os Algoritmos Evolutivos (AEs) são técnicas computacionais inspiradas na<br />

Teoria da Evolução Natural das espécies, que po<strong>de</strong>m ser aplicadas a vários tipos <strong>de</strong><br />

problemas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> real.<br />

Embora os AEs têm mostra<strong>do</strong> bons resulta<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>s a problemas<br />

<strong>de</strong> otimização, em suas implementações básicas, eles encontram dificulda<strong>de</strong>s para<br />

soluções <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s (PPR) <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte.<br />

Os PPR são encontra<strong>do</strong>s em to<strong>do</strong>s os problemas que envolvem tráfego e<br />

distribuição e geralmente são representa<strong>do</strong>s por grafos. E quanto maior o grafo,<br />

maior o esforço computacional para gerar tal representação. E este esforço <strong>de</strong><br />

geração po<strong>de</strong> comprometer a eficiência <strong>do</strong> sistema. Por este motivo, diversas<br />

pesquisas têm si<strong>do</strong> <strong>de</strong>dicadas ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s especiais<br />

para codificar os PPRs em grafos nos AEs. Dentre as representações propostas<br />

recentemente, a representação Nó-Profundida<strong>de</strong>-Grau tem apresenta<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s<br />

com gran<strong>de</strong> eficiência computacional.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é aplicar a representação Nó-Profundida<strong>de</strong>-Grau para<br />

um <strong>do</strong>s PPRs <strong>de</strong> benchmark da literatura chama<strong>do</strong> Problema da Árvore Máxima.<br />

2. Algoritmos Evolutivos<br />

Os Algoritmos Evolutivos (AE) são técnicas computacionais inspiradas na Teoria<br />

da Evolução Natural das espécies, proposta por Charles Darwin, que po<strong>de</strong>m ser<br />

aplica<strong>do</strong>s a vários tipos <strong>de</strong> problemas. Nos AEs, as populações são os conjuntos <strong>de</strong><br />

soluções aceitáveis; os cruzamentos ou mutações nos indivíduos são a criação <strong>de</strong><br />

novas soluções usan<strong>do</strong>-se características <strong>de</strong> uma ou mais das soluções já<br />

existentes. Para o processo da seleção natural, é calcula<strong>do</strong> o fitness <strong>do</strong>s indivíduos,<br />

Capa Índice 10292


ou seja, um tipo indica<strong>do</strong>r <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que serve para classificar os indivíduos. Por<br />

fim, pega-se os melhores indivíduos (soluções) para formar a nova população e<br />

assim sucessivamente.<br />

As implementações básicas <strong>de</strong> AEs têm mostra<strong>do</strong> bons resulta<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong><br />

aplica<strong>do</strong>s a problemas <strong>de</strong> otimização, porém possuem limitações para solucionar<br />

problemas <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s (PPR) <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte. Os PPRs contemplam<br />

diversas situações <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno, tais como os sistemas <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong><br />

energia elétrica, <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, sistemas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> tráfego e outros<br />

que po<strong>de</strong>m ser representa<strong>do</strong>s por gran<strong>de</strong>s grafos. E quanto maior o grafo, maior o<br />

esforço computacional para gerar tal representação. Em muitos casos, o esforço <strong>de</strong><br />

geração é tão gran<strong>de</strong> que compromete a eficiência <strong>do</strong> sistema. Por este motivo,<br />

diversas pesquisas têm si<strong>do</strong> <strong>de</strong>dicadas ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

especiais para codificar os PPRs em grafos nos AEs.<br />

3. Nó-Profundida<strong>de</strong>-Grau<br />

A representação Nó-Profundida<strong>de</strong>-Grau ou No<strong>de</strong> Depth Degree Encoding<br />

(NDDE) é baseada nos conceitos <strong>de</strong> caminho, profundida<strong>de</strong> e grau <strong>do</strong> vértice em<br />

uma árvore. Ela consiste em triplas <strong>de</strong> valores (<strong>de</strong>i, vi,<strong>de</strong>gi) armazenadas em forma<br />

<strong>de</strong> vetor, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>i representa a profundida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>gi o grau <strong>do</strong> vértice vi (i∈{1, 2, ...,<br />

n} | n é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vértices da árvore). A raiz da árvore sempre terá a<br />

profundida<strong>de</strong> 0. A or<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais vértices no vetor é <strong>de</strong>terminada utilizan<strong>do</strong><br />

algum méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> busca em grafos, como por exemplo, busca em profundida<strong>de</strong>.<br />

3.1. Opera<strong>do</strong>r PAO e CAO<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> se obter novas soluções factíveis aplicam-se os<br />

opera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> mutação PAO e CAO nas árvores representadas pela NDDE.<br />

Basicamente, ambos os opera<strong>do</strong>res podam uma árvore <strong>de</strong> origem em um da<strong>do</strong><br />

vértice e transferem a subárvore podada para outra árvore <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino.<br />

3.2. Opera<strong>do</strong>r EHR<br />

O EHR é um opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> recombinação que po<strong>de</strong> ser aplica<strong>do</strong> em<br />

problemas que envolvem grafos completos ou não completos, sem a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> correção para soluções infactíveis. Basea<strong>do</strong> nos<br />

opera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> mutação PAO e CAO, o EHR utiliza os seus históricos <strong>de</strong><br />

Capa Índice 10293


aplicação para obter um novo indivíduo. Em outras palavras, o EHR utiliza a<br />

seqüência <strong>de</strong> vértices p e a (e r, no caso <strong>do</strong> CAO), que foram aplicadas para<br />

gerar um indivíduo, para obter um novo indivíduo.<br />

O EHR tem o funcionamento <strong>de</strong>scrito <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os seguintes passos:<br />

1. Selecionar <strong>do</strong>is indivíduos que representam os pais.<br />

2. Determinar o ancestral comum <strong>do</strong>s indivíduos pais. Caso não haja ancestral<br />

comum entre eles, novos pais <strong>de</strong>vem ser seleciona<strong>do</strong>s.<br />

3. Determinar a seqüência <strong>de</strong> pares <strong>de</strong> vértices (p e a; no caso <strong>do</strong> CAO a tripla<br />

p, a e r) aplica<strong>do</strong>s ao ancestral para gerar cada um <strong>do</strong>s pais.<br />

4. Selecionar aleatoriamente um subconjunto s <strong>de</strong> seqüências <strong>de</strong> pares (triplas<br />

no caso <strong>do</strong> CAO) <strong>de</strong> vértices <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> seqüências encontradas<br />

no Passo 3, tal que |s| ≤ k, on<strong>de</strong> |s| é o tamanho <strong>do</strong> subconjunto e k é uma<br />

constante inteira positiva.<br />

5. Aplicar as seqüências s no ancestral para obter um novo indivíduo (solução).<br />

4. Problema da Árvore Máxima<br />

Nesse problema uma árvore gera<strong>do</strong>ra é escolhida <strong>de</strong> forma aleatória (ou não)<br />

como sen<strong>do</strong> uma solução ótima. A estrutura <strong>de</strong>ssa árvore po<strong>de</strong> ser estrela, lista ou<br />

qualquer outra estrutura que contenha n vértices [2].<br />

Ten<strong>do</strong> uma árvore ótima Topt avalia-se o quão bom outra árvore Tb representa<br />

para a solução utilizan<strong>do</strong> a distância <strong>do</strong>pt,b entre elas, representada por<br />

<br />

Na Equação 1, é 1 se existe uma aresta que conecta o vértice i ao vértice j<br />

na árvore Topt e 0 caso contrário. n representa o número <strong>de</strong> vértices. A distância<br />

entre as duas árvores é baseada nos conceitos <strong>de</strong> distância <strong>de</strong> Hamming e <strong>do</strong>pt,b∈<br />

{0, 1, ..., n- 2} [2].<br />

5. Resulta<strong>do</strong>s<br />

No testes preliminares o algoritmo foi aplica<strong>do</strong> em árvores com topologias tipo<br />

estrela, tipo linha e aleatórias, com grafos <strong>de</strong> 10, 20, 30, 40, 50 e 100 vértices.<br />

Também foram testa<strong>do</strong>s os valores 4, 5 e 6 para o parâmetro k <strong>do</strong> EHR, com<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100% <strong>de</strong> aplicação <strong>do</strong> opera<strong>do</strong>r.<br />

Capa Índice 10294


Para cada caso <strong>de</strong> teste, foram feitas 50 execuções em um computa<strong>do</strong>r dual<br />

core com 2GB <strong>de</strong> RAM e os seus resulta<strong>do</strong>s foram processa<strong>do</strong>s pelo Matlab, que<br />

gerou os gráficos abaixo.<br />

Figura 5 – Gráficos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> AE proposto paraárvores com estrutura <strong>do</strong> tipo linha.<br />

Figura6 –Gráficos <strong>de</strong><strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>AE propostoparaárvorescom estrutura<strong>do</strong> tipo al eatório.<br />

Figura7 –Gráficos <strong>de</strong><strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>AE propostoparaárvores com estrutura <strong>do</strong> tipo estrela.<br />

Para a geração <strong>do</strong>s gráficos acima, foram realiza<strong>do</strong>s testes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho<br />

utilizan<strong>do</strong> 4 configurações: em vermelho, mutações sem recombinação; em ver<strong>de</strong>,<br />

Capa Índice 10295


mutações e recombinações (EHR) com k = 4; em azul, mutações e recombinações<br />

(EHR) com k = 5; e em preto, mutações e recombinações (EHR) com k = 6.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s ainda são muito precoces, mas pelos gráficos apresenta<strong>do</strong>s é<br />

possível tirar algumas conclusões: A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerações necessárias foi<br />

próxima ou menor em quase to<strong>do</strong>s os testes, com <strong>de</strong>staque para os tipos linha e<br />

estrela. O tempo <strong>de</strong> resposta foi aproxima<strong>do</strong> nos três testes com grafos <strong>de</strong> até 50<br />

vértices. A partir <strong>de</strong>sta quantida<strong>de</strong>, houve uma ligeira <strong>de</strong>svantagem. E o gráfico <strong>de</strong><br />

fitness nos grafos <strong>do</strong> tipo estrela mostrou um resulta<strong>do</strong> satisfatório, aproximan<strong>do</strong>-se<br />

<strong>do</strong> valor 1,0 (ou 100%). No grafo tipo linha o resulta<strong>do</strong> foi <strong>de</strong>svantajoso e no tipo<br />

aleatório, houve melhora <strong>de</strong> aproximadamente 4%, porém, ainda abaixo <strong>do</strong><br />

resulta<strong>do</strong> sem o EHR.<br />

6. Conclusão<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste projeto é criar um novo opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> recombinação (EHR) que,<br />

alia<strong>do</strong> aos opera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> mutação PAO e CAO, da estrutura <strong>de</strong> representação<br />

chamada Nó-Profundida<strong>de</strong>-Grau (NDDE), possibilitem aos algoritmos evolutivos<br />

alcançarem soluções factíveis em problemas <strong>de</strong> larga escala mo<strong>de</strong>láveis em grafos<br />

completos e não completos.<br />

Os testes mostraram resulta<strong>do</strong>s otimistas em algumas situações. Com base nos<br />

resulta<strong>do</strong>s já alcança<strong>do</strong>s, o projeto <strong>de</strong>verá passar por ajustes e novos testes para<br />

i<strong>de</strong>ntificar em quais situações o algoritmo proposto é mais eficaz que os outros<br />

existentes e em quais pontos ele po<strong>de</strong> ser melhora<strong>do</strong>.<br />

7. Bibliografia<br />

[1] Delbem, A.C.B., <strong>de</strong> Lima T. W., Telle, G.P. Efficiente Forest Data Structure for<br />

Evolutionary Algorithms Applied to Network. IEEE Transctions on Evolutionary<br />

Computation, page 1-28<br />

[2] B. Schindler, F. Rothlauf, and H.-J.Pesch.Evolutionstrategies, network ran<strong>do</strong>m<br />

keys, andthe one-max tree problem.UK: Springer-Verlag, pages 143–152, 2002.<br />

Proceedings ofthe Applications of Evolutionary Computing onEvoWorkshops 2002.<br />

Agra<strong>de</strong>ço à CAPES pela bolsa <strong>de</strong> pesquisa que fomenta este projeto.<br />

Capa Índice 10296


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10297 - 10302<br />

O EFEITO DA EXPANSÃO DE UMA DOENÇA SOBRE O ESTADO DE<br />

CONSERVAÇÃO DOS MORCEGOS DO NEÁRTICO<br />

Autores: Davi Mello ALVES, Daniel BRITO<br />

Unida<strong>de</strong> acadêmica: Departamento <strong>de</strong> Ecologia, Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas<br />

En<strong>de</strong>reço eletrônico: davimello22@gmail.com<br />

Palavras-chave: risco <strong>de</strong> extinção, síndrome <strong>do</strong> nariz-branco, mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> nicho<br />

ecológico, maxent, IUCN<br />

INTRODUÇÃO<br />

Doenças sempre chamaram a atenção da comunida<strong>de</strong> científica por ser um<br />

processo que afeta diretamente a espécie humana (Daszak et al. 2000). Entretanto,<br />

somente recentemente a comunida<strong>de</strong> científica tem tenta<strong>do</strong> compreen<strong>de</strong>r os efeitos<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>enças sobre a biodiversida<strong>de</strong> (Cunningham et al. 2012). Doenças como a<br />

quitridiomicose e a síndrome <strong>do</strong> nariz-branco ocorrem em escala continental a<br />

global, são interespecíficas, e po<strong>de</strong>m causar extinções (Murray et al. 2011; Frick et<br />

al. 2010).<br />

Essa última é uma <strong>do</strong>ença <strong>de</strong>tectada à apenas seis anos no nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e responsável pela morte <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> morcegos (Fenton 2012).<br />

A síndrome <strong>do</strong> nariz-branco é causada por um fungo psicrofílico (Geomyces<br />

<strong>de</strong>structans) que coloniza as partes expostas <strong>de</strong> morcegos hibernantes (p. ex.<br />

focinho, orelhas e asas; Blehert et al. 2009). Provavelmente esse patógeno faz com<br />

que os hospe<strong>de</strong>iros acor<strong>de</strong>m mais vezes durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> hibernação <strong>do</strong> que a<br />

média histórica pro grupo, acarretan<strong>do</strong> em morte por inanição <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao gasto da<br />

energia que <strong>de</strong>veria ser estocada (Warnecke et al. 2012).<br />

As primeiras linhas <strong>de</strong> pesquisa estavam interessadas em i<strong>de</strong>ntificar o agente<br />

etiológico, o mecanismo <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> e as condições ambientais que mais se<br />

correlacionam com a distribuição geográfica da <strong>do</strong>ença (Blehert et al. 2009, Flory et<br />

al. 2012, Warnecke et al. 2012). A resposta para várias <strong>de</strong>las já é consensual,<br />

entretanto, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à rápida expansão <strong>do</strong> fungo pela América <strong>do</strong> Norte, novas<br />

perguntas se tornaram prioritárias. Como, por exemplo: qual a expansão da <strong>do</strong>ença?<br />

Capa Índice 10297


Qual o efeito <strong>de</strong>la no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação <strong>do</strong>s morcegos neárticos? Nesse<br />

trabalho, nosso objetivo é abordar estas duas questões.<br />

Expansão da <strong>do</strong>ença<br />

METODOLOGIA<br />

Nós utilizamos um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> nicho ecológico para predizer a expansão<br />

geográfica da síndrome <strong>do</strong> nariz-branco. Optamos pelo algoritmo MAXENT, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

boa performance <strong>de</strong>monstrada em estu<strong>do</strong> anterior e por possuirmos apenas da<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> presença para o fungo (Elith et al. 2006). Como o fungo é nativo da<br />

Europa (Warnecke et al. 2012), nós utilizamos os pontos europeus (i.e. local nativo)<br />

e norte-americanos (i.e. local invadi<strong>do</strong>) para compor o nicho <strong>do</strong> organismo<br />

(Broennimann et al. 2008). Nós utilizamos três variáveis climáticas (amplitu<strong>de</strong> anual<br />

<strong>de</strong> temperatura, temperatura média <strong>do</strong> quarto mais úmi<strong>do</strong> e precipitação <strong>do</strong> mês<br />

mais úmi<strong>do</strong>; WorldClim 2012), uma topográfica (<strong>de</strong>svio padrão da elevação; USGS<br />

2012) e uma <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> solo (ESA 2012). Esses fatores abióticos foram<br />

<strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>s por Flory et al. (2012) como os principais para explicar a distribuição<br />

geográfica da <strong>do</strong>ença. Nós usamos a resolução <strong>de</strong> 10 arcminutos (~344 km 2 ).<br />

A estatística AUC foi utilizada para validar o mo<strong>de</strong>lo e 70% <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

ocorrência foram separa<strong>do</strong>s para calibração e o restante para validação. A fim <strong>de</strong><br />

diminuir a incerteza <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo, nós separamos 100 vezes os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ocorrência<br />

através <strong>de</strong> uma amostragem aleatória com reposição (i.e. bootstrap), e i<strong>de</strong>ntificamos<br />

a média e a amplitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> AUC.<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação<br />

Para avaliar o potencial esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação, nós sobrepusemos a extensão<br />

<strong>de</strong> ocorrência <strong>do</strong>s morcegos (IUCN 2011) com a expansão geográfica da <strong>do</strong>ença<br />

através <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> informação geográfica. Nós assumimos que<br />

nas áreas <strong>de</strong> intersecção, potencialmente ocorrerão extinções, e, portanto<br />

quantificamos a contração geográfica <strong>do</strong>s hospe<strong>de</strong>iros. A partir daí foi possível<br />

calcular o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação <strong>do</strong>s morcegos a partir <strong>do</strong>s critérios da IUCN<br />

(2010).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Capa Índice 10298


O mo<strong>de</strong>lo apresentou uma boa performance (AUC médio=0.92, amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

0.89 a 0.96). O seu resulta<strong>do</strong> sugere que a <strong>do</strong>ença irá disseminar-se pelas<br />

montanhas Apalachianas (leste da América <strong>do</strong> Norte), mas com uma diminuição em<br />

direção à costa oeste (Figura 1). Esse cenário representa o primeiro esforço para<br />

predizer a expansão da Síndrome <strong>do</strong> Nariz-Branco. O que reflete uma lacuna no<br />

conhecimento sobre os possíveis efeitos da <strong>do</strong>ença, já que apenas três trabalhos<br />

tiveram esse objetivo. Dois <strong>de</strong>screviam a diminuição populacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas<br />

espécies (Brooks 2011; Dzal et al. 2011), e apenas um tinha uma abordagem<br />

preditiva (Frick et al. 2010). Outro problema é o fato <strong>de</strong>sses trabalhos serem locais<br />

e/ou monoespecíficos, faltan<strong>do</strong> uma visão mais geral em termos espaciais e<br />

taxonômicos.<br />

Figura 1. Mapa da potencial expansão da Síndrome <strong>do</strong> Nariz-Branco na região neártica.<br />

Do total <strong>de</strong> morcegos que potencialmente po<strong>de</strong>m ser afeta<strong>do</strong>s pelo fungo,<br />

quase 25% foram reloca<strong>do</strong>s em algum esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação da lista vermelha<br />

(contan<strong>do</strong> com Myotis sodalis que já era classifica<strong>do</strong> como ameaça<strong>do</strong>; Tabela 1). O<br />

que representa um cenário <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> preocupação, já que além <strong>de</strong> quase um quarto<br />

das espécies estarem potencialmente ameaçadas, a nossa análise po<strong>de</strong> estar<br />

subestiman<strong>do</strong> o impacto <strong>do</strong> fungo no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação <strong>do</strong>s morcegos. Esta<br />

subestimação po<strong>de</strong> ocorrer, pois a contração geográfica foi calculada a partir da<br />

extensão geográfica total <strong>do</strong>s hospe<strong>de</strong>iros (i.e. in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das estações <strong>do</strong> ano).<br />

Entretanto, essas extensões ten<strong>de</strong>m a ser menores durante as estações mais<br />

Capa Índice 10299


severas (i.e. outono e inverno), já que os hospe<strong>de</strong>iros estão agrupa<strong>do</strong>s em<br />

cavernas. Portanto, a contração geográfica po<strong>de</strong> ser maior <strong>do</strong> que o espera<strong>do</strong>.<br />

Espécies Contração<br />

geográfica (%)<br />

Esta<strong>do</strong><br />

atual<br />

Esta<strong>do</strong><br />

espera<strong>do</strong><br />

Critérios<br />

Myotis leibii<br />

70<br />

LC EN A4ce<br />

Myotis sodalis<br />

59<br />

EN EN A4ce<br />

Myotis grisescens<br />

51<br />

NT EN A4ce<br />

Pipistrellus subflavus<br />

37<br />

LC VU A4ce<br />

Nyticeius humeralis<br />

33<br />

LC VU A4ce<br />

Corynorhinus rafinesquii<br />

30<br />

LC VU A4ce<br />

Myotis septentrionalis<br />

27<br />

LC - -<br />

Myotis austroriparius<br />

26<br />

LC - -<br />

Eptesicus fuscus<br />

15<br />

LC - -<br />

Myotis lucifugus<br />

14<br />

LC - -<br />

Myotis occultus<br />

12<br />

LC - -<br />

Myotis auriculus<br />

9.5<br />

LC - -<br />

Corynorhinus townsendii<br />

9.2<br />

LC - -<br />

Myotis keenii<br />

9.1<br />

LC - -<br />

Idionycteris phyllotis<br />

7.3<br />

LC - -<br />

Myotis thysano<strong>de</strong>s<br />

7<br />

LC - -<br />

Myotis yumanensis<br />

7<br />

LC - -<br />

Myotis californicus<br />

6.9<br />

LC - -<br />

Myotis volans<br />

6.9<br />

LC - -<br />

Myotis evotis<br />

6.6<br />

LC - -<br />

Pipistrellus hesperus<br />

6.2<br />

LC - -<br />

Antrozous pallidus<br />

5.9<br />

LC - -<br />

Eu<strong>de</strong>rma maculatum<br />

5.8<br />

LC - -<br />

Myotis vellifer<br />

5.5<br />

LC - -<br />

Myotis ciliolabrum<br />

2.9<br />

LC - -<br />

Tabela 1. O esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação atual, espera<strong>do</strong> e os critérios da IUCN utiliza<strong>do</strong>s para os<br />

morcegos da região neártica que potencialmente po<strong>de</strong>m ser afeta<strong>do</strong>s pela Síndrome <strong>do</strong> Nariz-<br />

Branco.<br />

CONCLUSÃO<br />

Capa Índice 10300


A Síndrome <strong>do</strong> Nariz-branco irá provavelmente se expandir pelo restante da<br />

região neártica. Consequentemente, várias espécies <strong>de</strong> morcegos <strong>de</strong>vem apresentar<br />

<strong>de</strong>clínios populacionais em taxas suficientes para serem incluí<strong>do</strong>s nas categorias <strong>de</strong><br />

ameaça da lista vermelha mundial.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Nós agra<strong>de</strong>cemos a CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Capa Índice 10301


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Acesso: 08/2012.<br />

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08/2012.<br />

Capa Índice 10302


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10303 - 10307<br />

MONITORAMENTO DOS ANTICORPOS ANTI-HBS EM HEMODIALISADOS EM<br />

GOIÂNIA- GO<br />

Déborah Ferreira Noronha <strong>de</strong> Castro ROCHA 1 , Sheila Araujo TELES 2<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfermagem <strong>UFG</strong> (FEN)-<strong>UFG</strong><br />

En<strong>de</strong>reço eletrônico: <strong>de</strong>borahfnc@hotmail.com, sheila@fen.ufg.br<br />

Palavras chave: Hemodiálise,vacina contra hepatite B, Hepatite B<br />

1- Aluna <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> pós- graduação em enfermagem da <strong>UFG</strong><br />

2- Professora Doutora em enfermagem da faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfermagem da <strong>UFG</strong><br />

INTRODUÇÃO<br />

A infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) constitui um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

pública em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> e tem si<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rada uma das <strong>do</strong>enças infecciosas mais<br />

importantes em humanos e uma das principais causas <strong>de</strong> hepatite crônica, cirrose e<br />

carcinoma hepatocelular (HOU et al., 2005; MOREIRA et al., 2010). Estima-se em<br />

mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>is bilhões o número <strong>de</strong> pessoas em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> infectadas pelo HBV.<br />

Destes, cerca <strong>de</strong> 350 milhões <strong>de</strong> pessoas estão cronicamente infectadas. Em<br />

relação ao Brasil, Pereira et al. (2009) publicaram um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> base populacional<br />

em capitais das regiões Nor<strong>de</strong>ste, Centro-Oeste e Distrito Fe<strong>de</strong>ral que mostrou uma<br />

positivida<strong>de</strong> para o HBsAg < 1%.<br />

Estu<strong>do</strong>s têm mostra<strong>do</strong> índices eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prevalência para hepatite B em<br />

hemodialisa<strong>do</strong>s, principalmente, em regiões em <strong>de</strong>senvolvimento (TELAKU et al.,<br />

2009; PANIAQUA et al., 2010); e as fontes <strong>de</strong> infecção incluem: transfusão <strong>de</strong><br />

hemo<strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s, contaminação por equipamentos <strong>de</strong> diálise e contaminação cruzada<br />

através <strong>de</strong> superfícies ambientais (CDC, 2001).<br />

A vacina contra hepatite B é a forma mais eficaz <strong>de</strong> prevenção da hepatite B,<br />

sen<strong>do</strong> recomendada para indivíduos em hemodiálise <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua introdução.<br />

Contu<strong>do</strong>, pacientes urêmicos apresentam taxas menores <strong>de</strong> soroconversão e,<br />

geralmente, quan<strong>do</strong> respon<strong>de</strong>m a vacina <strong>de</strong>senvolvem títulos protetores <strong>de</strong> anti-HBs<br />

mais baixos compara<strong>do</strong>s aos indivíduos saudáveis. (KAUSZ; PAHARI, 2004).<br />

No Brasil, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Portaria nº 2042 <strong>de</strong> 1996 e RESOLUÇÃO-RDC Nº<br />

154 DE 2004, a vacinação contra hepatite B em renais crônicos em terapia<br />

Capa Índice 10303


substitutiva é obrigatória. Pacientes admiti<strong>do</strong>s em programas <strong>de</strong> hemodiálise tem um<br />

prazo <strong>de</strong> até 30 dias para iniciar a vacinação. Além disso, a <strong>de</strong>tecção <strong>do</strong> anti-HBs<br />

<strong>de</strong>ve ser realizada semestralmente, para avaliação da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>ses <strong>de</strong><br />

reforço. Contu<strong>do</strong>, não existem estu<strong>do</strong>s sobre a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes regulamentos.<br />

A proposta <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> é avaliar o monitoramento <strong>de</strong> anticorpos anti-HBs em<br />

indivíduos em hemodiálise em Goiânia-Goiás, em uma coorte <strong>de</strong> seis anos.<br />

METODOLOGIA<br />

Trata-se <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> coorte retrospectiva. A população constitui-se <strong>de</strong><br />

indivíduos em tratamento hemodialítico em Goiânia-GO, que iniciaram tratamento<br />

hemodialítico <strong>de</strong> 01 <strong>de</strong> janeiro a 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005 e foram acompanha<strong>do</strong>s e<br />

avalia<strong>do</strong>s até 31 <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011. Foram critérios <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>: possuir <strong>do</strong>ença renal<br />

crônica terminal; possuir, no mínimo, 18 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>; ter inicia<strong>do</strong> o tratamento<br />

hemodialítico no ano <strong>de</strong> 2005. Os critérios <strong>de</strong> exclusão foram: antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

tratamento hemodialítico em outra unida<strong>de</strong> antes <strong>de</strong> 2005 e infecção prévia pelo<br />

HBV. A amostra foi composta por 181 indivíduos elegíveis para o estu<strong>do</strong>.<br />

Os da<strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s diretamente <strong>do</strong> prontuário <strong>do</strong>s indivíduos elegíveis<br />

em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> hemodiálise, que aten<strong>de</strong>m exclusivamente <strong>do</strong>entes renais crônicos.<br />

Utilizou-se, também, como fonte <strong>de</strong> informação os da<strong>do</strong>s registra<strong>do</strong>s no programa<br />

NEFRODATA, utiliza<strong>do</strong> em clínicas <strong>de</strong> hemodiálise. Foram transcritos em formulário<br />

próprio, da<strong>do</strong>s sócio-<strong>de</strong>mográficos, esquema <strong>de</strong> vacinação e resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s testes<br />

sorológicos <strong>do</strong>s participantes.<br />

Os da<strong>do</strong>s foram transcritos em formulário próprio digita<strong>do</strong>s em<br />

microcomputa<strong>do</strong>r e analisa<strong>do</strong>s em programa SPSS versão 16.0. Foi realizada<br />

estatística <strong>de</strong>scritiva: frequência absoluta, média, mediana.<br />

Este estu<strong>do</strong> aten<strong>de</strong>u as condições estabelecidas pela resolução 196/96 <strong>do</strong><br />

Conselho Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> O Projeto <strong>de</strong> pesquisa foi aprova<strong>do</strong> pelo Comitê <strong>de</strong><br />

Ética em <strong>Pesquisa</strong> <strong>do</strong> Hospital das Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás,<br />

protocolo n. 086 <strong>de</strong> 2008.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Em 2005, existiam 09 clínicas <strong>de</strong> hemodiálise em Goiânia para tratamento renal<br />

substitutivo crônico. Em cinco clínicas obtivemos autorização para realização <strong>do</strong><br />

Capa Índice 10304


estu<strong>do</strong>. Nessas, existiam 198 registros <strong>de</strong> admissão <strong>de</strong> <strong>do</strong>entes renais crônicos para<br />

tratamento hemodialítico. Destes, 181 eram elegíveis para o estu<strong>do</strong>. A maioria<br />

(61,3%) era <strong>do</strong> sexo masculino, possuía mais <strong>de</strong> 40 anos (75,2%) e até nove anos<br />

<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s (67%). Em relação à procedência, 88,7% eram provenientes <strong>de</strong> outras<br />

cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Goiás. O pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> sexo masculino em indivíduos que realizam<br />

hemodiálise também é observa<strong>do</strong> em outros estu<strong>do</strong>s como <strong>de</strong> Cassini et al.; 2010;<br />

Sesso et al., 2010.<br />

A mediana <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> seguimento <strong>do</strong>s pacientes foi <strong>de</strong> 1391 dias (mínimo: 10;<br />

máximo: 2549). Do total <strong>de</strong> pacientes, 77 (42,5%) foram a óbito, 13 (7,2%) foram<br />

submeti<strong>do</strong>s a transplante renal, 22 (12,1%) transferi<strong>do</strong>s para outras unida<strong>de</strong>s e 15<br />

(8,3%) saíram das unida<strong>de</strong>s por razões não <strong>de</strong>scritas nos prontuários.<br />

De acor<strong>do</strong> com Bock et al. (2009) apesar da vacinação contra hepatite B ser<br />

obrigatória para indivíduos em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> hemodiálise, a cobertura vacinal ainda é<br />

baixa nesta população. De fato, <strong>do</strong> total <strong>de</strong> prontuários investiga<strong>do</strong>s, em apenas 21<br />

existiam registros <strong>de</strong> vacinação previa <strong>do</strong>s hemodialisa<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong> os esquemas<br />

vacinais: 12 receberam quatro <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> 40µg; oito foram vacina<strong>do</strong>s com três <strong>do</strong>ses<br />

<strong>de</strong> 40 µg e um recebeu o esquema convencional (três <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> 20µg).<br />

Estu<strong>do</strong>s têm mostra<strong>do</strong> en<strong>de</strong>micida<strong>de</strong> elevada para hepatite B em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

hemodiálise, principalmente em países em <strong>de</strong>senvolvimento, on<strong>de</strong> a vacinação<br />

contra HBV ainda não foi totalmente implementada (TSENG et al., 2008; MOREIRA,<br />

2010). Alem disto, surtos <strong>de</strong> hepatite B têm si<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>s em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

hemodiálise, e geralmente são associa<strong>do</strong>s a falhas na vacinação (LANINI et al.,;<br />

THOMPSON et al., 2009). Neste estu<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os indivíduos com no mínimo<br />

180 dias em tratamento (n=162), em somente 44 (27,2%) o monitoramento <strong>do</strong> anti-<br />

HBs foi realiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a RDC Nº 154 DE 2004. A mediana da diferença<br />

entre o número <strong>de</strong> testes necessários e o número <strong>de</strong> testes realiza<strong>do</strong>s foi <strong>de</strong> <strong>do</strong>is<br />

testes, varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> zero a 10 testes. Dez indivíduos não tinham qualquer registro <strong>de</strong><br />

testagem para o anti-HBs após a admissão. A média <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>stes<br />

indivíduos foi <strong>de</strong> 765 dias (mínimo <strong>de</strong> 300 e máximo <strong>de</strong> 1071 dias).<br />

Dentre os indivíduos que possuíam, pelo menos, três registros <strong>de</strong> testagem para<br />

o anti-HBs durante o seguimento (n=120), somente 45 (37,5%) mantiveram-se<br />

imune durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> (anti-HBs ≥ 10 mUI/mL). Em 34 (28,3%) indivíduos, a<br />

persistência <strong>de</strong> títulos protetores <strong>de</strong> anti-HBs foi observada em mais da meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

testes. Apesar das limitações <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>, uma vez que não existiam registros na<br />

Capa Índice 10305


maioria <strong>do</strong>s prontuários <strong>do</strong>s pacientes sobre o tipo <strong>de</strong> esquema vacinal,<br />

concentração da vacina, e perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> vacinação, a persistência <strong>de</strong> títulos protetores<br />

<strong>de</strong> anti-HBs esta em consonância com a literatura. Ramazani et al. (2008) vacinaram<br />

54 hemodialisa<strong>do</strong>s com quatro <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> 40μg da vacina (0, 1, 2 e 6), e encontraram<br />

uma taxa <strong>de</strong> resposta vacinal <strong>de</strong> 87% Após um ano seguimento, 81,1% <strong>de</strong>stes<br />

pacientes mantiveram títulos protetores <strong>de</strong> anti-HBs. Segun<strong>do</strong> KAUSZ; PAHARI,<br />

(2004), os níveis <strong>de</strong> anticorpos protetores caem para níveis in<strong>de</strong>tectáveis em 50%<br />

<strong>do</strong>s pacientes com <strong>do</strong>ença renal crônica em um ano, enquanto em indivíduos<br />

saudáveis o <strong>de</strong>clínio é <strong>de</strong> 15%.<br />

Doses <strong>de</strong> reforço da vacina contra hepatite B foram registradas em 25<br />

prontuários. Em 11 indivíduos persistentemente negativos para o anti-HBs durante<br />

to<strong>do</strong> o seguimento, não existia qualquer registro <strong>de</strong> <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> reforço. Ausência <strong>de</strong><br />

registros <strong>de</strong> <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> reforço da vacina contra hepatite B também foi observa<strong>do</strong> em<br />

51/64 prontuários <strong>de</strong> pacientes que apresentaram flutuações na positivida<strong>de</strong> ao anti-<br />

HBs.<br />

CONCLUSÕES<br />

A situação vacinal contra a hepatite B <strong>do</strong>s pacientes investiga<strong>do</strong>s revela uma<br />

<strong>de</strong>ficiência na cobertura vacinal, e ainda uma fragilida<strong>de</strong> na monitorização e<br />

acompanhamento <strong>de</strong>stes pacientes quanto à realização <strong>de</strong> <strong>do</strong>ses reforço;<br />

evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> o risco <strong>de</strong> disseminacão viral nos ambientes dialíticos <strong>de</strong> nossa região.<br />

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Capa Índice 10306


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Capa Índice 10307


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10308 - 10312<br />

ELABORAÇÃO E OTIMIZAÇÃO DE FARINHA PRÉ-GELATINIZADA DE MISTURA<br />

DE GRÃOS DE MILHETO E GRITZ DE MILHO<br />

Déborah Patrícia Leal OLIVEIRA 1,a ; Tânia Aparecida Pinto <strong>de</strong> Castro FERREIRA 1,b ;<br />

Isabela Guimarães <strong>do</strong>s SANTOS 1,c ; Manoel Soares SOARES JÚNIOR 2,d .<br />

1<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nutrição;<br />

2<br />

Escola <strong>de</strong> Agronomia e Engenharia <strong>de</strong><br />

Alimentos. a dploliveira@gmail.com;<br />

c d<br />

isabelagnutri@gmail.com; manoel@agro.ufg.br<br />

b<br />

bytaniaferreira@gmail.com;<br />

Palavras-chave: Extrusão termoplástica; milheto; farinha pré-gelatinizada<br />

Pennisetum glaucum (L.) R. Br.)<br />

1 Introdução<br />

Farinhas pré-gelatinizadas aumentam a absorção e retenção <strong>de</strong> água,<br />

características que melhoram a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns produtos alimentícios. Um <strong>do</strong>s<br />

processos mais vantajosos para pré-gelatinização <strong>de</strong> farinhas é a extrusão<br />

termoplástica porque apresenta controle mais rigoroso <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> gelatinização da<br />

farinha, on<strong>de</strong> pequenas modificações no equipamento e/ou matéria-prima po<strong>de</strong>m<br />

levar a diferentes resulta<strong>do</strong>s finais <strong>do</strong> produto (EL-DASH, 1982).<br />

A extrusão termoplástica é um processo tecnológico que usa alta temperatura<br />

em curto tempo (HTST-high temperature short time) e o atrito mecânico é<br />

combina<strong>do</strong> com o calor para, continuamente, misturar, plasticizar e gelatinizar<br />

ami<strong>do</strong>, <strong>de</strong>snaturar materiais protéicos, reestruturan<strong>do</strong>-os para criar novas formas<br />

(EL-DASH, 1982). Esse processo é versátil, por isso, vários produtos como cereais<br />

matinais, snacks, alimentos infantis, sopas instantâneas e massas alimentícias<br />

po<strong>de</strong>m ser produzi<strong>do</strong>s com o emprego <strong>de</strong>ssa tecnologia (CARVALHO et al., 2010).<br />

Este trabalho teve por finalida<strong>de</strong> analisar o efeito <strong>do</strong> processamento <strong>de</strong><br />

extrusão termoplástica sobre as características tecnológicas da mistura <strong>de</strong> milheto e<br />

milho e otimizar os parâmetros <strong>de</strong> extrusão para produção <strong>de</strong> farinha pré-<br />

gelatinizada.<br />

2 Materiais e méto<strong>do</strong>s<br />

Os grãos <strong>de</strong> milheto (Pennisetum glaucum L. R. Brown) varieda<strong>de</strong> ADR 7010<br />

foram forneci<strong>do</strong>s pela empresa Sementes Adriana®. E os gritz <strong>de</strong> milho forneci<strong>do</strong>s<br />

pela empresa Milho Mix.<br />

Capa Índice 10308


Os grãos <strong>de</strong> milheto e o grits <strong>de</strong> milho foram mistura<strong>do</strong>s em proporção <strong>de</strong><br />

50:50. As condições <strong>de</strong> extrusão (umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acondicionamento <strong>do</strong> material e<br />

temperatura da 3ª. Zona <strong>de</strong> extrusão) foram estabelecidas segun<strong>do</strong> <strong>de</strong>lineamento<br />

rotacional central composto (Tabela 1) (BOX; HUNTER; HUNTER, 1978). Para<br />

obtenção <strong>do</strong> melhor ponto segun<strong>do</strong> os parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejabilida<strong>de</strong> (índice <strong>de</strong><br />

absorção e solubilida<strong>de</strong> em água) foi utiliza<strong>do</strong> o gráfico <strong>de</strong> superfície <strong>de</strong> resposta e<br />

para verificar a significância <strong>do</strong>s efeitos <strong>do</strong>s fatores temperatura e umida<strong>de</strong> foi feita<br />

análise <strong>de</strong> regressão.<br />

Tabela1. Delineamento experimental utiliza<strong>do</strong> para extrusão termoplástica da mistura <strong>de</strong><br />

grãos <strong>de</strong> milheto e gritz <strong>de</strong> milho.<br />

Variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

Tratamento<br />

Valores codifica<strong>do</strong>s Valores reais<br />

Umida<strong>de</strong> % Temperatura °C Umida<strong>de</strong> % Temperatura °C<br />

1 -1 -1 12,3 69<br />

2 +1 -1 18,7 69<br />

3 -1 +1 12,3 111<br />

4 +1 +1 18,7 111<br />

*PC1 0 0 15,5 90<br />

*PC2 0 0 15,5 90<br />

*PC3 0 0 15,5 90<br />

*PC4 0 0 15,5 90<br />

5 +1,41 0 20 90<br />

6 -1,41 0 11 90<br />

7 0 +1,41 15,5 120<br />

8 0 -1,41 15,5 60<br />

*PC-ponto central<br />

A extrusão ocorreu em extrusora <strong>de</strong> laboratório da Escola <strong>de</strong> Agronomia e<br />

Engenharia <strong>de</strong> Alimentos da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, PQ-30 – mono rosca<br />

multifuncional (Inbramaq, Ribeirão Preto, Brasil) com rosca <strong>de</strong> 3 entradas, diâmetro<br />

<strong>de</strong> saída <strong>de</strong> 4 mm, taxa <strong>de</strong> compressão 3:1, com frequência <strong>de</strong> 60Hz e 250 rpm <strong>de</strong><br />

rotação, temperatura da 1ª e 2ª zona <strong>de</strong> extrusão fixas em 40 °C e 60 °C,<br />

respectivamente.<br />

Após a extrusão termoplástica, os extrusa<strong>do</strong>s foram secos em estufa <strong>de</strong><br />

circulação <strong>de</strong> ar a 120 °C por 15 minutos. Posteriormente foram moí<strong>do</strong>s em moinho<br />

(Marconi, MA-090 CET, Piracicaba-SP, Brasil) com peneira 30 mesh.<br />

Os Índice <strong>de</strong> Solubilida<strong>de</strong> em Água (ISA) e Índice <strong>de</strong> Absorção <strong>de</strong> Água (IAA)<br />

foram <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> An<strong>de</strong>rson et al. (1969) com<br />

Capa Índice 10309


adaptações. O Índice <strong>de</strong> Absorção <strong>de</strong> Óleo (IAO), pelo mesmo méto<strong>do</strong> para o IAA e<br />

ISA com substituição da água por óleo <strong>de</strong> soja.<br />

Para observar as modificações físicas promovidas na extrusão da mistura <strong>de</strong><br />

milheto e milho, as amostras foram analisadas em microscópio eletrônico <strong>de</strong><br />

varredura (MEV). As amostras foram espalhadas em fita <strong>de</strong> carbono e o processo <strong>de</strong><br />

metalização ocorreu em câmara à vácuo (Denton Vacuum Desk V, Denton Vacuum,<br />

Moorestown, USA) . Após esse processo <strong>de</strong> metalização, a visualização foi feita em<br />

microscópio eletrônico <strong>de</strong> varredura <strong>de</strong> alto vácuo mo<strong>de</strong>lo JSM-6610 marca Jeol,<br />

on<strong>de</strong> foram captadas fotos das amostras com aumento <strong>de</strong> 500x.<br />

Para as análises <strong>de</strong> IAA, ISA, IAO e MEV a mistura <strong>de</strong> gritz <strong>de</strong> milho cru e<br />

grãos <strong>de</strong> milheto cru também foram trituradas em moinho (Marconi, MA-090 CET,<br />

Piracicaba-SP, Brasil) com peneira 30 mesh.<br />

3 Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />

O IAA variou <strong>de</strong> 5,11 a 7,53 g gel.g ms -1 , sen<strong>do</strong> significativo a umida<strong>de</strong> e<br />

temperatura quadrática. O ponto com melhor resposta, segun<strong>do</strong> teste <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sejabilida<strong>de</strong>, foi o ponto central com 15,5% <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> e 90 °C <strong>de</strong> temperatura,<br />

com equação <strong>de</strong> regressão representada por y = 7,4339 – 0,46x1 – 0,43x1 2 - 0,48x2 2<br />

+ 0,39x1x2. O ISA teve uma gran<strong>de</strong> variação entre os pontos, <strong>de</strong> 8,48 a 18,27%. O<br />

ponto ótimo foi o com menor umida<strong>de</strong> e temperatura mediana (11% e 90 °C), sen<strong>do</strong><br />

a umida<strong>de</strong> e temperatura significativas conforme equação <strong>de</strong> regressão (y =17,04 –<br />

3,26x1 - 1,02x1 2 – 2,33x2 2 ). O IAO apresentou pequena variação entre os pontos, (<strong>de</strong><br />

1,92 a 2,45 g gel.g ms -1 ). A melhor resposta foi o ponto com umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 12,3% e<br />

111 °C, com umida<strong>de</strong> linear e quadrática significativa na resposta <strong>de</strong> interesse,<br />

sen<strong>do</strong> sua equação <strong>de</strong> regressão representada pela fórmula y = 2,25 - 0,07x1 –<br />

0,09x1 2 + 0,05 x2 – 0,08x1x2 (Tabela 2).<br />

Tabela 2. Características físicas e tecnológicas <strong>de</strong> farinha crua e extrusada<br />

conforme diferentes condições <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> e temperatura <strong>de</strong> 3ª zona <strong>de</strong><br />

extrusão e das matérias-primas.<br />

IAA<br />

Tratamento<br />

b<br />

(g gel.g ms -1 ISA<br />

)<br />

c<br />

IAO<br />

(%)<br />

d<br />

(g gel.g ms -1 )<br />

1 7,11 16,62 2,08<br />

2 5,11 8,48 2,09<br />

3 7,11 18,27 2,45<br />

Capa Índice 10310


4 6,66 10,91 2,13<br />

5 6,17 11,42 1,92<br />

6 7,03 18,87 2,12<br />

7 6,04 11,28 2,19<br />

8 6,95 13,77 2,20<br />

PC1 a 6,83 16,49 2,24<br />

PC2 a 7,53 17,82 2,23<br />

PC3 a 7,34 16,79 2,29<br />

Milheto cru 2,71 9,40 1,95<br />

Gritz <strong>de</strong> milho 2,20 1,05 2,00<br />

a Ponto Central; b Índice <strong>de</strong> Absorção <strong>de</strong> Água; c Índice <strong>de</strong> Solubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Água; d Índice <strong>de</strong> Absorção<br />

<strong>de</strong> Óleo<br />

Nota-se que a farinha extrusada apresenta maior IAA e ISA compara<strong>do</strong> às<br />

farinhas crua <strong>de</strong> milheto e gritz <strong>de</strong> milho. A alta temperatura e o cisalhamento faz<br />

com que haja uma <strong>de</strong>gradação nas moléculas estruturais das matérias-prima. Isso<br />

po<strong>de</strong> ser melhor visualiza<strong>do</strong> nas imagens aumentadas em microscópio <strong>de</strong> varredura<br />

(Figura 1), on<strong>de</strong> apresenta-se uma estrutura regular <strong>do</strong>s grânulos <strong>de</strong> ami<strong>do</strong> na<br />

mistura <strong>de</strong> milheto e gritz <strong>de</strong> milho crua, enquanto que as farinha extrusadas<br />

apresentam moléculas irregulares e <strong>de</strong>sformes.<br />

A B<br />

C D<br />

Figura 1. Foto <strong>de</strong> microscópio eletrônico <strong>de</strong> varredura em aumento <strong>de</strong> 500x <strong>de</strong> farinha da<br />

mistura <strong>de</strong> milheto e gritz <strong>de</strong> milho crua (A), farinha <strong>de</strong> milheto extrusada em<br />

diferentes condições <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> e temperatura da 3ª zona <strong>do</strong> extrusor (B,C,D).<br />

Esse aumento no IAA e ISA entre a farinha extrusada e farinha crua <strong>de</strong><br />

cereais também foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s em estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> com amaranto<br />

(MENEGASSI; PILOSOF; ARÊAS, 2011). Os autores citam outros trabalhos<br />

Capa Índice 10311


semelhantes, on<strong>de</strong> justificam a <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong> ami<strong>do</strong> pelo uso da alta temperatura<br />

<strong>de</strong> extrusão, causan<strong>do</strong> assim o aumento da absorção e solubilida<strong>de</strong> em água das<br />

farinhas extrusadas.<br />

4 Conclusões<br />

Foi possível a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> um ponto ótimo <strong>de</strong> gelatinização da mistura <strong>de</strong><br />

milheto e gritz <strong>de</strong> milho. A extrusão termoplástica apresentou-se como um processo<br />

<strong>de</strong> gelatinização <strong>do</strong> ami<strong>do</strong> das matérias primas, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> assim ser emprega<strong>do</strong> na<br />

elaboração <strong>de</strong> outros produtos alimentícios, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às características vantajosas da<br />

farinha pré-gelatinizada.<br />

Órgão Financia<strong>do</strong>r<br />

Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoa <strong>de</strong> Nível Superior-CAPES<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Empresa Sementes Adriana®<br />

Empresa Milho Mix®<br />

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EL-DASH, A. A. Termoplastic extrusion of food, theory and techniques. Campinas:<br />

UNICAMP, 1982. 81 p<br />

MENEGASSI, B.; PILOSOF , A. M.R.;. ARÊAS , J. A.G. Comparison of properties of native<br />

and extru<strong>de</strong>d amaranth (Amaranthus cruentus L. e BRS Alegria) flour. LWT - Food Science<br />

and Technology , v. 44, p. 1915-1921, 2011.<br />

Capa Índice 10312


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10313 - 10318<br />

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE GENOTÓXICA E ANTIGENOTÓXICA DO EXTRATO<br />

ETANÓLICO Lafoensia pacari A. St.-Hil EM CAMUNDONGOS.<br />

Débora Cristina da Silva LIMA 1 , Jefferson Hollanda VÉRAS 1 , Carolina Ribeiro e<br />

SILVA 1 & Lee CHEN CHEN 1 . 1 Laboratório <strong>de</strong> Radiobiologia e Mutagênese, Instituto<br />

<strong>de</strong> Ciências Biológicas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás.<br />

e-mail: <strong>de</strong>boralimabio@hotmail.com<br />

Palavras-chave:<br />

camun<strong>do</strong>ngos.<br />

Lafoensia pacarí, genotoxicida<strong>de</strong>, antigenotoxicida<strong>de</strong>,<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

A planta Lafoensia pacari A. St.-Hil, é uma planta nativa <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, pertence<br />

a família Lythraceae. Conhecida popularmente como “pacarí” é amplamente utilizada<br />

pela população como antiinflamatório, cicatrizante, para tratar gastrite, úlcera e<br />

câncer (MUNDO & DUARTE, 2007; SAMPAIO et al., 2011).<br />

A análise fitoquímica <strong>de</strong> L. pacari revelou a presença <strong>de</strong> compostos fenólicos,<br />

especialmente taninos e flavonói<strong>de</strong>s (SOLON et al., 2000; GALDINO et al., 2009;<br />

SAMPAIO et al., 2011). Esta espécie apresenta muitas ativida<strong>de</strong>s biológicas, tais<br />

como antiinflamatória (ROGERIO et al., 2008), anti<strong>de</strong>pressora (GALDINO et al.,<br />

2009) e antifúngica (JUNIOR et al., 2010). No entanto, ainda não foram encontra<strong>do</strong>s<br />

na literatura estu<strong>do</strong>s sobre a avaliação da ativida<strong>de</strong> genotóxica e antigenotóxica <strong>de</strong><br />

L. pacarí.<br />

Dessa maneira o objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> foi investigar os possíveis<br />

efeitos genotóxicos e antigenotóxicos da planta medicinal L. pacarí pelo teste <strong>do</strong><br />

micronúcleo em medula óssea <strong>de</strong> camun<strong>do</strong>ngos. Este teste é amplamente utiliza<strong>do</strong><br />

por entida<strong>de</strong>s regula<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> diversos países para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> agentes<br />

clastogênicos (que quebram cromossomos), e <strong>de</strong> agentes aneugênicos (que<br />

induzem aneuploidia ou segregação cromossômica anormal) (ABREVAYA et al.,<br />

2007).<br />

2 MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 Extrato etanólico da casca <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> Lafoensia pacari A. St.- Hil<br />

Capa Índice 10313


A casca <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> L. pacari foi coletada no município <strong>de</strong> Urutaí, no esta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Goiás, Brasil. Para a obtenção <strong>do</strong> extrato etanólico, o pó da casca <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> L.<br />

pacarí foi macera<strong>do</strong> em etanol a 95%, durante três dias, e a solução alcoólica<br />

resultante foi filtrada e concentrada até à secura e posteriormente mantida sobre<br />

refrigeração. O pó <strong>do</strong> extrato etanólico da casca <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> L. pacarí (EECP) usa<strong>do</strong><br />

nos experimentos foi dissolvi<strong>do</strong> em dimetilsulfóxi<strong>do</strong> (DMSO).<br />

2.2 Teste <strong>do</strong> Micronúcleo em medula óssea <strong>de</strong> camun<strong>do</strong>ngos<br />

2.2.1 Camun<strong>do</strong>ngos<br />

O estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> após aprovação pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em <strong>Pesquisa</strong><br />

Animal da <strong>UFG</strong> (Protocolo Nº 224/2011). Foram utiliza<strong>do</strong>s 80 camun<strong>do</strong>ngos Mus<br />

musculus, Swiss Webster, out bred, <strong>do</strong> sexo masculino, com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 7 a 12<br />

semanas. Os animais foram manti<strong>do</strong>s por pelo menos 7 dias no laboratório,<br />

alimenta<strong>do</strong>s com ração comercial e água filtrada, "ad libitum".<br />

2.2.4 Procedimento Experimental: teste <strong>de</strong> micronúcleo em medula óssea <strong>de</strong><br />

camun<strong>do</strong>ngos<br />

Os experimentos foram realiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> Von Le<strong>de</strong>bur & Schmid (1973).<br />

Para avaliação da ativida<strong>de</strong> mutagênica grupos <strong>de</strong> 5 animais foram trata<strong>do</strong>s, via<br />

gavage, com as <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> 100, 200 e 300 mg/Kg EECP em <strong>do</strong>is diferentes tempos<br />

(24 e 48 horas). Para avaliação da ativida<strong>de</strong> antimutagênica foram administradas<br />

mesmas <strong>do</strong>ses <strong>do</strong> EECP nos tempos <strong>de</strong> 24 e 48 horas concomitantemente com uma<br />

<strong>do</strong>se intraperitoneal (i.p.) <strong>de</strong> 4 mg/Kg <strong>de</strong> MMC . Foi utiliza<strong>do</strong> como controle negativo<br />

DMSO e como controle positivo uma <strong>do</strong>se (i.p.) <strong>de</strong> 4 mg/Kg <strong>de</strong> MMC.<br />

Decorri<strong>do</strong>s os tempos <strong>de</strong> 24 e 48 horas, respectivamente, os animais foram<br />

sacrifica<strong>do</strong>s por <strong>de</strong>slocamento cervical, ten<strong>do</strong> seus fêmures disseca<strong>do</strong>s e retira<strong>do</strong>s.<br />

As epífises <strong>do</strong>s fêmures foram cortadas e a medula óssea lavada com 1 mL <strong>de</strong> soro<br />

fetal bovino. Após homogeneização da medula no soro, esta foi centrifugada a 1000<br />

rpm durante 5 minutos. O sobrenadante foi parcialmente <strong>de</strong>scarta<strong>do</strong>. O precipita<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> células foi homogeneiza<strong>do</strong> com pipeta Pasteur. Uma gota <strong>de</strong> suspensão celular<br />

foi transferida para as lâminas histológicas, on<strong>de</strong> foi feito o esfregaço celular. Após<br />

secagem das lâminas, estas foram fixadas em metanol absoluto durante 5 minutos e<br />

coradas com solução <strong>de</strong> corante Giemsa tamponada com pH 6,8 por um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

15 minutos. Após este perío<strong>do</strong>, as lâminas foram lavadas em água corrente e<br />

<strong>de</strong>ixadas secar em temperatura ambiente.<br />

Análise Citogenética<br />

Capa Índice 10314


A análise das lâminas foi realizada em microscopia óptica, utilizan<strong>do</strong> objetiva<br />

<strong>de</strong> imersão (1000x). Para avaliação da genotoxicida<strong>de</strong> foram avaliadas a freqüência<br />

<strong>de</strong> EPCMN em 2000 eritrócitos policromáticos (EPC) por animal. Para avaliação da<br />

citotoxicida<strong>de</strong>, foram avaliadas a razão <strong>de</strong> EPC/ENC em 2000 eritrócitos<br />

normocromáticos (ENC) e a freqüência <strong>de</strong> EPC foi computada simultaneamente.<br />

Análise estatística<br />

A avaliação <strong>de</strong> genotoxicida<strong>de</strong> e antigenotoxicida<strong>de</strong> foi realizada por meio da<br />

comparação das freqüências <strong>de</strong> EPCMN <strong>do</strong>s grupos trata<strong>do</strong>s, em relação ao grupo<br />

controle negativo (genotoxicida<strong>de</strong>) ou positivo (antigenotoxicida<strong>de</strong>) pelo teste<br />

ANOVA, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> teste <strong>de</strong> Tukey. Para a avaliação <strong>de</strong> citotoxida<strong>de</strong> as freqüências<br />

<strong>de</strong> EPC/ENC <strong>de</strong> cada grupo foram comparadas com seus respectivos controles pelo<br />

teste Qui-quadra<strong>do</strong>. Foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s significativos valores <strong>de</strong> P < 0,05.<br />

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resulta<strong>do</strong>s da avaliação genotóxica, citotóxica, antigenotóxica e<br />

anticitotóxica estão apresenta<strong>do</strong>s na tabela 1.<br />

Na avaliação da ativida<strong>de</strong> genotóxica <strong>de</strong> L. pacari, o EECP não provocou um<br />

aumento significativo no número <strong>de</strong> EPCMN nas <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> 100 e 200 mg/Kg em 24 e<br />

48 h quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com o controle negativo, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> ausência <strong>de</strong> efeito<br />

genotóxico. Enquanto que na <strong>do</strong>se <strong>de</strong> 300 mg/ Kg foi observa<strong>do</strong> um aumento<br />

significativo no número <strong>de</strong> EPCMN, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> um leve efeito genotóxico em<br />

ambos os tempos. Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s anteriormente por Kirkland & Marzin (2003)<br />

<strong>de</strong>monstraram um pequeno aumento <strong>de</strong> EPCMN provoca<strong>do</strong> por compostos fenólicos<br />

presentes na espécie Lawsonia inermis (Lythraceae). Assim espécies da família<br />

Lythraceae po<strong>de</strong>m apresentar compostos que po<strong>de</strong>m induzir um aumento <strong>de</strong> danos<br />

em eritrócitos <strong>de</strong> medula óssea <strong>de</strong> camun<strong>do</strong>ngos.<br />

Na avaliação da citotoxicida<strong>de</strong>, nossos resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstraram que no<br />

tempo <strong>de</strong> 24 h todas as <strong>do</strong>ses (100, 200 e 300 mg/Kg) <strong>do</strong> EECP apresentaram uma<br />

diminuição significativa na razão <strong>de</strong> EPC/ENC quan<strong>do</strong> comparadas com o grupo<br />

controle negativo, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> um leve efeito citotóxico. No entanto no tempo 48<br />

h as mesmas <strong>do</strong>ses não apresentaram uma diminuição significativa indican<strong>do</strong><br />

ausência <strong>de</strong> efeito citotóxico. Galdino et al. (2010), <strong>de</strong>monstrou a presença <strong>de</strong><br />

saponinas em frações da casca <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> L. pacari. Diversos estu<strong>do</strong>s têm<br />

<strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> que as saponinas possuem ativida<strong>de</strong> citotóxica (PODOLAK et al.,<br />

Capa Índice 10315


2010). Assim a citotoxicida<strong>de</strong> apresentada em nosso estu<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>, ainda<br />

que parcialmente, a ação <strong>de</strong> saponinas nesta espécie.<br />

Na investigação das ativida<strong>de</strong>s protetoras <strong>do</strong> EECP, o extrato revelou uma<br />

redução <strong>do</strong> número <strong>de</strong> EPCMN induzi<strong>do</strong>s pela MMC <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> efeito<br />

antigenotóxico. Também foi observa<strong>do</strong> um aumento na razão <strong>de</strong> EPC/ENC quan<strong>do</strong><br />

comparada com o grupo controle positivo, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> efeito anticitotóxico.<br />

Portanto no presente estu<strong>do</strong> o EECP exibiu efeito antigenotóxico e anticitotóxico<br />

contra danos induzi<strong>do</strong>s no DNA. Estes efeitos po<strong>de</strong>m ser atribuí<strong>do</strong>s, pelo menos<br />

parcialmente, a ação <strong>de</strong> taninos e flavonói<strong>de</strong>s <strong>do</strong> extrato da casca <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> L.<br />

pacarí que já foram encontra<strong>do</strong>s por Galdino et al. (2009), uma vez que esses<br />

compostos apresentam proprieda<strong>de</strong>s antimutagênicas e anticarcinogênicas (HODEK<br />

et al. al, 2002).<br />

Capa Índice 10316


24 h<br />

Tabela 1: Freqüência <strong>de</strong> eritrócitos policromáticos micronuclea<strong>do</strong>s e razão <strong>de</strong><br />

eritrócitos policromáticos e normocromáticos observadas em medula óssea <strong>de</strong><br />

camun<strong>do</strong>ngos trata<strong>do</strong>s com extrato etanólico da casca <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> L. pacarí (EECP)<br />

e co-trata<strong>do</strong> com mitomicina C e seus respectivos controles.<br />

Amostra, tempo,<br />

tratamento<br />

EPCMN/ 2000 EPC EPC/ENC<br />

Da<strong>do</strong>s individuais Média ±DP<br />

(C-)* DMSO sozinho 4, 4, 4, 4, 5 4,2 ± 0.45 1,1 ± 0.05<br />

EECP sozinho<br />

100 mg/Kg 4, 5, 3, 4, 3<br />

200 mg/Kg 3, 6, 4, 5, 4<br />

3,8 ± 0,84 a<br />

4,4 ± 1,14 a<br />

300 mg/Kg 8, 7, 5, 6, 8 6,8 ± 1,30 b<br />

1,0 ± 0,03 b<br />

0,9 ± 0,02 b<br />

1,0 ± 0,08 b<br />

(C+)**4 mg/Kg MMC 34, 32, 33, 30, 34 32,6 ± 1,67 0,55 ± 0,06<br />

EECP + 4 mg/Kg MMC<br />

48 h<br />

100 mg/Kg 10, 15, 14,13, 16 13,6 ± 2,30 d<br />

200 mg/Kg 12, 11, 14, 14, 16 13,4 ± 1,94 d<br />

300 mg/Kg 13, 14, 15, 13, 16 14,2 ± 1,30 d<br />

0,80 ± 0,09 d<br />

0,83 ± 0,02 d<br />

0,75 ± 0,04 d<br />

(C-)* DMSO sozinho 4, 3, 3, 3, 4 3,4 ± 0.55 1,09 ± 0.09<br />

EECP sozinho<br />

100 mg/Kg 4, 3, 2, 3, 3 3,0 ± 0,71 a<br />

200 mg/Kg 2, 5, 4, 2, 3 3,2 ± 1,30 a<br />

1,03 ± 0,03 a<br />

1,07 ± 0,03 a<br />

300 mg/Kg 6, 5, 4, 5, 4 4,8 ± 0,84 b 1,07 ± 0,09 a<br />

(C+)**4 mg/Kg MMC 10, 12, 11, 12, 14 11,8 ± 1,48 0,70 ± 0,03<br />

EECP + 4 mg/Kg MMC<br />

100 mg/Kg 8, 9, 8, 9, 10 8,8 ± 0,84 d<br />

200 mg/Kg 6, 6, 8, 9, 9 7,6 ± 1,52 d<br />

300 mg/Kg 6, 10, 8, 6, 8 7,6 ±1,67 d<br />

0,91 ± 0,05 d<br />

0,83 ± 0,02 d<br />

0,77 ± 0,02 d<br />

To<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s foram compara<strong>do</strong>s com seus respectivo grupo controle ao respectivo tempo.<br />

a Diferença não significativa comparada com o grupo controle negativo (C-) (P>0.05).<br />

b Diferença significativa comparada com o grupo controle negativo C- (P0.05).<br />

d Diferença significativa comparada com o grupo controle positive C+ (P


4 CONCLUSÃO<br />

O extrato etanólico da casca <strong>do</strong> caule <strong>de</strong> L. pacarí apresentou uma leve<br />

genotoxicida<strong>de</strong> apenas na <strong>do</strong>se mais elevada, uma leve citotoxicida<strong>de</strong> a 24 h, e<br />

efeito antigenotóxico e anticitotóxico em camun<strong>do</strong>ngos.<br />

SUPORTE FINANCEIRO: CNPq e FAPEG.<br />

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Capa Índice 10318


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10319 - 10323<br />

DETECÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE CALICIVÍRUS HUMANOS EM<br />

AMOSTRAS FECAIS DE CRIANÇAS FREQUENTADORAS DE CRECHE EM<br />

GOIÂNIA, GOIÁS<br />

Denisy Marques Mendanha <strong>de</strong> OLIVEIRA; Menira Borges <strong>de</strong> Lima Dias e SOUZA;<br />

Fabíola Souza FIACCADORI; Luciana Gonçalves Nepomuceno LEMES; Hugo César<br />

Pereira SANTOS.; Larissa Cór<strong>do</strong>ba TURONES, Divina das Dôres <strong>de</strong> Paula<br />

CARDOSO<br />

1- Instituto <strong>de</strong> Patologia Tropical e Saú<strong>de</strong> Pública/<strong>UFG</strong>.<br />

E-mail: <strong>de</strong>nisymendanha@gmail.com<br />

Palavras-chave: calicivírus, norovírus, sapovírus, creche, excreção assintomática<br />

Introdução<br />

A gastrenterite aguda representa um importante problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública<br />

tanto em países em <strong>de</strong>senvolvimento quanto em países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, causan<strong>do</strong><br />

mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>is milhões <strong>de</strong> mortes por ano em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, especialmente entre<br />

crianças menores <strong>de</strong> cinco anos (Who, 2009). Os principais agentes infecciosos<br />

causa<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ssa <strong>do</strong>ença são os parasitas, fungos, bactérias e vírus, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-<br />

se os rotavírus <strong>do</strong> grupo A, a<strong>de</strong>novírus entéricos, calicívirus (norovírus e sapovírus),<br />

<strong>de</strong>ntre outros (Tam et al., 2012).<br />

Os calicivírus são classifica<strong>do</strong>s na família Caliciviridae, que é composta por<br />

cinco gêneros: Vesivírus, Lagovírus, Nebovírus, Norovírus e Sapovírus, sen<strong>do</strong> os<br />

<strong>do</strong>is últimos patogênicos para humanos (ICTV, 2011).<br />

Os norovírus (NoVs) são consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os principais causa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> surtos <strong>de</strong><br />

gastroenterite aguda não-bacteriana, em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, e importante causa <strong>de</strong><br />

morbi-mortalida<strong>de</strong> em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> responsáveis, anualmente, por mais <strong>de</strong><br />

124 milhões <strong>de</strong> hospitalizações, e 1,8 milhões <strong>de</strong> mortes <strong>de</strong> crianças menores <strong>de</strong><br />

cinco anos em países em <strong>de</strong>senvolvimento (Patel et al., 2008). Os NoVs são<br />

<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> elevada variabilida<strong>de</strong> genética e antigênica, não sen<strong>do</strong> incomuns, reinfecções<br />

<strong>de</strong> um mesmo indivíduo por diferentes variantes virais (Donaldson et al.,<br />

2008). A elevada resistência a condições ambientais, a baixa <strong>do</strong>se infecciosa e<br />

eleva<strong>do</strong> número <strong>de</strong> partículas excretadas nas fezes <strong>de</strong> indivíduos infecta<strong>do</strong>s<br />

parecem favorecer a ocorrência <strong>de</strong> surtos, que acontecem com frequência em locais<br />

on<strong>de</strong> há aglomera<strong>do</strong> <strong>de</strong> pessoas como: creches, asilos, hospitais, restaurante,<br />

escolas, na comunida<strong>de</strong>, entre outros (Zheng et al., 2010). Sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> em<br />

Capa Índice 10319


alguns surtos índices <strong>de</strong> positivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais 50%. Por outro la<strong>do</strong> tem si<strong>do</strong><br />

observa<strong>do</strong> que mais <strong>de</strong> 30% das infecções por NoVs são assintomáticas. O papel da<br />

infecção assintomática na transmissibilida<strong>de</strong> e na ocorrência <strong>de</strong> surtos permanece<br />

ainda não esclareci<strong>do</strong> (CDC, 2011).<br />

Os sapovírus (SaVs) também são importantes causa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> gastroenterite<br />

aguda, e estu<strong>do</strong>s indicam que as infecções por estes agentes são mais frequentes<br />

em crianças <strong>do</strong> que em adultos, especialmente crianças menores <strong>de</strong> cinco anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>. A<strong>de</strong>mais, as crianças em creches e instituições estão em maior risco <strong>de</strong><br />

infectarem por estes vírus (Hansman et al., 2007). A infecção assintomática também<br />

tem si<strong>do</strong> <strong>de</strong>tectada (Ioshida et al., 2009). Esses vírus possuem elevada variabilida<strong>de</strong><br />

genética, e foram <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s ainda casos <strong>de</strong> re-infecções por diferentes genótipos<br />

(Harada et al., 2012).<br />

Devi<strong>do</strong> à elevada incidência mundial <strong>do</strong>s CVs, especialmente em crianças,<br />

torna-se necessário melhor compreen<strong>de</strong>r a epi<strong>de</strong>miologia <strong>de</strong>stes vírus e fazer o<br />

monitoramento <strong>de</strong>sses vírus em diversas populações, inclusive <strong>de</strong> creche, em<br />

amostras sintomáticas e assintomáticas (Ferreira et al. 2012; Akihara et al., 2005ab).<br />

Objetivos<br />

O presente estu<strong>do</strong> teve como objetivo avaliar a circulação <strong>de</strong> norovírus e<br />

sapovírus, através <strong>do</strong> monitoramento <strong>de</strong> crianças frequenta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> uma creche em<br />

Goiânia, Goiás, bem como caracterizar molecularmente as amostras positivas, e<br />

analisar a positivida<strong>de</strong> viral em à presença ou não <strong>de</strong> diarreia.<br />

Material e Méto<strong>do</strong>s<br />

O material <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> consistiu <strong>de</strong> 539 amostras fecais, com ou sem<br />

gastroenterite, obtidas <strong>de</strong> 56 crianças (30 <strong>do</strong> gênero feminino e 26 <strong>do</strong> gênero<br />

masculino), com ida<strong>de</strong> entre 7 e 55 meses que frequentaram a Creche Casa <strong>do</strong><br />

Caminho em Goiânia, Goiás. A coleta <strong>de</strong> amostras foi realizada por <strong>do</strong>is anos<br />

(outubro <strong>de</strong> 2009 a outubro <strong>de</strong> 2011).<br />

Extração <strong>do</strong> RNA viral e <strong>de</strong>tecção <strong>do</strong>s CVs - O ssRNA viral foi extraí<strong>do</strong>, a partir <strong>de</strong><br />

suspensões fecais (10% em PBS) seguin<strong>do</strong> meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong>scrita por Boom et al.,<br />

(1990), com modificações. A <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> ssRNA viral para NoVs e SaVs foi feita por<br />

RT-PCR seguin<strong>do</strong> meto<strong>do</strong>logia e inicia<strong>do</strong>res <strong>de</strong>scritos por Kojima et al., (2002) e<br />

Yan et al., (2003), respectivamente, com modificações. Sequenciamento genômico e<br />

análise filogenética - Para a caracterização molecular foi realizada a reação <strong>de</strong><br />

sequenciamento, utilizan<strong>do</strong> os produtos da PCR e os mesmo pares <strong>de</strong> inicia<strong>do</strong>res.<br />

Capa Índice 10320


As sequências obtidas foram alinhadas e comparadas a outras já conhecidas pelo<br />

programa Clustal. As árvores filogenéticas foram construídas pelo programa Clustal<br />

e visualizadas pelo TreeView.<br />

Resulta<strong>do</strong>s<br />

Foi observa<strong>do</strong> que das 56 crianças participantes <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, 29 apresentaram<br />

pelo menos uma amostra positiva, resultan<strong>do</strong> em um índice <strong>de</strong> positivida<strong>de</strong> para<br />

CVs <strong>de</strong> 51,8%. Destas, 23 foram positivas para NoVs (79,3%), sen<strong>do</strong> que <strong>de</strong>stas<br />

quatro (13,8%) foram positivas para NoVs GI, 19 (65,5%) para NoVs GII e 16<br />

(55,2%) foram positivas para SaVs. A análise da positivida<strong>de</strong> para CVs, em relação<br />

ao total <strong>de</strong> amostras coletadas mostrou que <strong>de</strong> 539 amostras coletadas no perío<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, 68 (12,6%) foram positivas para CVs sen<strong>do</strong> que <strong>de</strong>stas, 43 (8%) foram<br />

positivas para NoVs e 25 (4,6%) para SaVs. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se as amostras positivas<br />

para NoVs, quatro (0,7%) foram positivas para NoVs <strong>do</strong> genogrupo I e 39 (7,3%)<br />

para o genogrupo II. Em estu<strong>do</strong> semelhante realiza<strong>do</strong> em creche <strong>do</strong> Japão com 44<br />

crianças no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> um ano (1999-2000) <strong>de</strong>tectaram SaVs em 2,6% das<br />

amostras (24/921), NoVs em 6,4% (59/539), e NoVs <strong>do</strong> GI não foi <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> neste<br />

estu<strong>do</strong> (Akihara et al., 2005ab).<br />

Com relação à sintomatologia apresentada pelas crianças no momento da<br />

coleta das amostras apenas três das 29 (10,3%) crianças positivas para CVs<br />

apresentaram pelo menos uma amostra diarréica durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

Alguns estu<strong>do</strong>s têm <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> a infecção assintomática por CVs (Akihara et al.,<br />

2005ab). Entretanto, o papel <strong>de</strong> indivíduos assintomáticos na transmissão e<br />

disseminação <strong>de</strong>sses agentes permanece ainda não <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> (CDC, 2011).<br />

Das 68 amostras positivas, 13 pu<strong>de</strong>ram ser sequenciadas até o momento.<br />

Destas, uma foi caracterizada como NoV <strong>do</strong> GI.1 e cinco como NoV GII.6, sen<strong>do</strong><br />

que estas últimas apresentaram 100% <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nucleotídica e foram<br />

<strong>de</strong>signadas <strong>de</strong> haplótipos, sen<strong>do</strong> que estas amostras foram coletadas no mesmo<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> (quatro em agosto <strong>de</strong> 2010 e uma em setembro <strong>de</strong> 2010). O<br />

genótipo GII.6 vem sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> em estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s no mun<strong>do</strong> (Chan-it et al.,<br />

2012), bem como em estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s no Brasil também <strong>de</strong>mostraram a<br />

circulação <strong>de</strong> amostras pertencentes ao genótipo GII.6 em todas as regiões <strong>do</strong> Brasil<br />

(Fioretti et al., 2011; Ferreira et al., 2012). Corroboran<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s da literatura o<br />

GII.6 foi <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> também em nosso estu<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> este o primeiro que reporta a<br />

circulação <strong>de</strong>ste genótipo no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás.<br />

Capa Índice 10321


Em nosso estu<strong>do</strong>, sete amostras foram caracterizadas como SaVs <strong>do</strong> GI.1,<br />

sen<strong>do</strong> seis <strong>de</strong>stas agrupadas como haplótipos e coletadas no mesmo perío<strong>do</strong>. Mais<br />

ainda, uma amostra <strong>de</strong> SaVs apesar <strong>de</strong> pertencer ao GI.1 não se agrupou com as<br />

outras amostras <strong>do</strong> mesmo genótipo, sen<strong>do</strong> portanto um amostra distinta. Esta<br />

amostra também foi coletada no mês <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2009, sugerin<strong>do</strong> a circulação,<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma amostra viral. Em estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> vigilância da circulação <strong>do</strong>s SaVs no<br />

Japão, foi observa<strong>do</strong> que o GI.1 foi pre<strong>do</strong>minante em 2006, e novamente em 2010<br />

(Harada et al., 2012).<br />

Neste estu<strong>do</strong>, foi observada a ocorrência <strong>de</strong> reinfecções por CVs <strong>de</strong> uma<br />

mesma criança, bem como a excreção prolongada <strong>de</strong>sses agentes pela mesma<br />

criança. Das 29 crianças que apresentaram amostras positivas para CVs, sete<br />

(24,1%) apresentaram amostra positiva para SaVs e NoVs <strong>do</strong> GII, uma (3,4%)<br />

apresentou amostras positiva para NoVs <strong>do</strong> GI e <strong>do</strong> GII durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

De mo<strong>do</strong> interessante, uma criança assintomática foi positiva para três diferentes<br />

amostras <strong>de</strong> CVs em um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 15 meses. Este menino, foi positivo para SaV<br />

em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009, e para NoV GI em março <strong>de</strong> 2010, e sete meses <strong>de</strong>pois ele<br />

apresentou a primeira amostras positiva para NoV GII.6, e parece ter excreta<strong>do</strong> a<br />

mesma amostra viral por um perío<strong>do</strong> maior que três meses. Esta amostra<br />

apresentou 100% <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> com outros isola<strong>do</strong>s GII.6. Da<strong>do</strong>s da literatura<br />

revelam que as re-infecções por CVs não são incomuns, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o mesmo<br />

indivíduo ser infecta<strong>do</strong> por diferentes variantes virais (Akihara et al., 2005ab).<br />

Conclusões<br />

Nossos resulta<strong>do</strong>s revelam a circulação <strong>de</strong> CVs entre crianças assintomáticas<br />

frequenta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> creche em Goiânia, Goiás. Os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstram que a<br />

maioria das amostras sequenciadas pertenciam ao genótipo GII.6 <strong>do</strong>s NoVs, sen<strong>do</strong><br />

observada também a circulação <strong>de</strong> amostras GI.1 <strong>do</strong>s SaVs, GI.1 <strong>do</strong>s NoVs.<br />

Os da<strong>do</strong>s também revelam a reinfecção <strong>de</strong> crianças por diferentes amostras<br />

virais durante o estu<strong>do</strong>, bem como sugerem a excreção viral prolongada por<br />

crianças assintomáticas, reforçan<strong>do</strong> assim a importância <strong>de</strong> locais fecha<strong>do</strong>s e com<br />

aglomeração <strong>de</strong> pessoas para a circulação e disseminação <strong>do</strong>s CVs.<br />

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18- Zheng D-P,Wid<strong>do</strong>wson M-A, Roger I et al. 2010.Molecular epi<strong>de</strong>miology of<br />

genogroup II-genotype 4 noroviruses in the United States between 1994 and 2006.J<br />

ClinMicrobiol 48: 168-177.<br />

Capa Índice 10323


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10324 - 10328<br />

Classificação Dinâmica <strong>de</strong> Nós em Re<strong>de</strong>s em<br />

Malha Sem Fio<br />

Diego Américo GUEDES, Kleber Vieira CARDOSO,<br />

Instituto <strong>de</strong> Informática (INF) - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (<strong>UFG</strong>)<br />

{diegogue<strong>de</strong>s, kleber}@inf.ufg.br<br />

Palavras-chave: Métricas <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong>, re<strong>de</strong>s em malha sem fio, re<strong>de</strong>s complexas<br />

1 Introdução<br />

Re<strong>de</strong>s em Malha Sem Fio (RMSF) são <strong>de</strong>senvolvidas, geralmente, para prover acesso<br />

à re<strong>de</strong> em áreas on<strong>de</strong> soluções cabeadas são caras ou simplesmente inviáveis. A<br />

topologia das RMSFs po<strong>de</strong> mudar ao longo <strong>do</strong> tempo, cuja importância relativa <strong>do</strong>s<br />

nós na re<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá sofrer gran<strong>de</strong>s mudanças <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua dinamicida<strong>de</strong>.<br />

O objetivo <strong>de</strong> nosso trabalho é resolver o problema <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e classificar di-<br />

namicamente os nós mais importantes em RMSFs varian<strong>do</strong> no tempo. Na análise <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>s complexas, o conceito <strong>de</strong> métricas <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong> reflete a importância relativa<br />

<strong>do</strong>s nós na re<strong>de</strong>, haven<strong>do</strong> métricas que consi<strong>de</strong>ram apenas aspectos topológicos da<br />

re<strong>de</strong>, tais como grau e intermediação. No entanto, caso o volume efetivo <strong>de</strong> tráfego <strong>de</strong><br />

pacotes e as alterações dinâmicas da re<strong>de</strong> precisem ser capturadas, essas métricas<br />

não são suficientes. Em [1], os autores propõem a métrica LLBC (Localized Load-<br />

aware Bridging Centrality) que adiciona àmétrica LBC o tráfego <strong>de</strong> pacotes. Contu<strong>do</strong>,<br />

i<strong>de</strong>ntificamos algumas <strong>de</strong>ficiências nessa métrica. Em [2], nós propomos a métrica<br />

DyLaN (Dynamic Labeling of No<strong>de</strong>s) para resolver esses problemas encontra<strong>do</strong>s.<br />

Inicialmente, mostramos que a nossa métrica é mais a<strong>de</strong>quada que a LLBC em<br />

sua re<strong>de</strong> original que foi recriada <strong>de</strong> maneira sintética. Posteriormente, mostramos<br />

que a DyLaN também é capaz <strong>de</strong> apresentar uma classificação a<strong>de</strong>quada em uma<br />

gran<strong>de</strong> re<strong>de</strong> sem fio real.<br />

2 Material e Méto<strong>do</strong>s<br />

Na teoria <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>s Complexas, o conceito <strong>de</strong> importância relativa po<strong>de</strong> ser mensu-<br />

ra<strong>do</strong> através <strong>de</strong> métricas <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong>. Em re<strong>de</strong>s dinâmicas, uma métrica <strong>de</strong> cen-<br />

1<br />

Capa Índice 10324


tralida<strong>de</strong> precisa consi<strong>de</strong>rar pelo menos um fator que altere a classificação <strong>do</strong>s nós<br />

ao longo <strong>do</strong> tempo. Dentre esses fatores estão o volume real <strong>de</strong> tráfego, os caminhos<br />

utiliza<strong>do</strong>s efetivamente na re<strong>de</strong> e as alterações topológicas. RMSFs são tipicamente<br />

dinâmicas, resultan<strong>do</strong> em alterações na importância <strong>do</strong>s nós ao longo <strong>do</strong> tempo.<br />

Em [3] é introduzi<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> nó ponte (brindging no<strong>de</strong>) que éumnó que<br />

interliga componentes <strong>de</strong>nsamente conecta<strong>do</strong>s em um grafo. Os nós pontes possuem<br />

valores <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ponte (brindging centrality – BC) mais eleva<strong>do</strong>s que os <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>mais nós <strong>do</strong> grafo. O BC <strong>de</strong> um nó v é <strong>de</strong>finida da seguinte forma:<br />

BC(v) =β(v) ∗ CB(v) (1)<br />

on<strong>de</strong> β(v) é o coeficiente <strong>de</strong> ponte e CB(v) é a centralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intermediação. A<br />

métrica BC precisa <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os nós da re<strong>de</strong> para calcular CB(v), on<strong>de</strong><br />

os autores <strong>de</strong> [4] propoem uma versão localizada, funcionalmente equivalente:<br />

LBC(v) =Cego(v) ∗ β(v), (2)<br />

on<strong>de</strong> CEgo(v) é a centralida<strong>de</strong> egocêntrica <strong>de</strong> intermediação.<br />

A centralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intermediação, usada em BC e LBC, pressupõe que to<strong>do</strong>s os<br />

caminhos entre to<strong>do</strong>s os pares <strong>de</strong> nós são utiliza<strong>do</strong>s igualmente. Contu<strong>do</strong>, conforme<br />

mostra<strong>do</strong> pelos autores <strong>de</strong> [1], em uma RMSF a distribuição <strong>de</strong> tráfego geralmente não<br />

é uniforme e o nó que possui acesso à Internet ten<strong>de</strong> a ter maior carga <strong>de</strong> tráfego. Para<br />

tentar capturar com maior acurácia o comportamento da re<strong>de</strong>, os autores propuseram<br />

amétrica LLBC que leva em consi<strong>de</strong>ração o tráfego efetivo nos nós. A métrica LLBC<br />

é calculada, em cada nó v, da seguinte forma:<br />

LLBC(v) =CEgo(v) ∗ βt(v), on<strong>de</strong>,<br />

Load(v) =In(v)+Out(v)+2∗ Fwd(v) e βt(v) =<br />

P<br />

Load(v)<br />

i∈N(v) Load(i)<br />

on<strong>de</strong> In(v), Out(v) e Fwd(v) representam os bytes <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s, origina<strong>do</strong>s e reencami-<br />

nha<strong>do</strong>s por v, respectivamente. βt(v) é chama<strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> carga. O maior peso<br />

atribuí<strong>do</strong> a Fwd(v) apenas correspon<strong>de</strong> ao fato <strong>do</strong>s bytes reencaminha<strong>do</strong>s chegarem<br />

e saírem <strong>do</strong> nó v. Na Seção 3, avaliamos a métrica LLBC ilustran<strong>do</strong> suas <strong>de</strong>ficiências.<br />

2.1 Classificação dinâmica <strong>do</strong>s nós<br />

Em [2] <strong>de</strong>finimos três premissas sobre as quais uma métrica para avaliar a importância<br />

relativa <strong>de</strong> nós em RMSFs <strong>de</strong>ve ser construída:<br />

Premissa 1 – a posição topológica <strong>do</strong> nó e o fluxo <strong>de</strong> pacotes efetivamente pas-<br />

san<strong>do</strong> por ele são elementos <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> sua importância;<br />

Premissa 2 – o encaminhamento <strong>de</strong> pacotes que um nó realiza para aten<strong>de</strong>r outros<br />

nós <strong>de</strong>ve influenciar sua importância;<br />

2<br />

Capa Índice 10325<br />

(3)


Premissa 3 – a história da importância <strong>do</strong> nó <strong>de</strong>ve ser levada em consi<strong>de</strong>ração.<br />

Observamos que apenas a premissa 1 era atendida a<strong>de</strong>quadamente pela métrica<br />

LLBC. No entanto, o não atendimento da premissa 2 po<strong>de</strong>, em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s cenários,<br />

levar a classificação inapropriada <strong>do</strong>s nós, ainda que apenas uma avaliação ins-<br />

tantânea (ou estática) esteja sen<strong>do</strong> realizada. Além disso, o não atendimento da<br />

premissa 3 sugere gran<strong>de</strong> flutuação no cálculo da centralida<strong>de</strong> <strong>do</strong> nó ao longo <strong>do</strong><br />

tempo. A partir disso, nós propomos em [2] a Dynamic Labeling of No<strong>de</strong>s (DyLaN)<br />

para resolver essas <strong>de</strong>ficiências e buscan<strong>do</strong> aten<strong>de</strong>r as três premissas <strong>de</strong>finidas.<br />

Para suportar a premissa 2, nós propomos um peso adaptável WF para o encami-<br />

nhamento <strong>de</strong> pacotes:<br />

Load(v) =In(v)+Out(v)+WF ∗ Fwd(v). (4)<br />

Essa versão adaptativa <strong>do</strong> Load(v) é capaz <strong>de</strong> representar a<strong>de</strong>quamente a in-<br />

fluência da carga <strong>de</strong> tráfego na importância <strong>de</strong> um nó v. Além disso, nós reusamos o<br />

coeficiente <strong>de</strong> carga βt(v) na DyLaN como é <strong>de</strong>scrito na equação 3.<br />

Afim <strong>de</strong> lidar com o comportamento dinâmico das RMSFs e prover um informação<br />

estável sobre a centralida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s nós, nós <strong>de</strong>senvolvemos nossa métrica empregan<strong>do</strong><br />

uma média móvel pon<strong>de</strong>rada exponencialmente (Exponentially Weighted Moving Ave-<br />

rage – EWMA). O valor <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um nó v na DyLaN é calcula<strong>do</strong> como:<br />

Lt(v) =Lt−1(v) ∗ WH + βt(v) ∗ CEgo(v) ∗ (1 − WH), (5)<br />

on<strong>de</strong> t ∈ N ∗ , L0(v) =0e Lt−1(v) éocálculo anterior da métrica. WH é o peso <strong>do</strong><br />

cálculo anterior da métrica, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> no intervalo 0 ≤ WH ≤ 1.<br />

3 Resulta<strong>do</strong>s e Discussão<br />

Dividimos os resulta<strong>do</strong>s em duas partes. Inicialmente, nós mostramos como a LLBC<br />

não cumpre a premissa 2, comparan<strong>do</strong> os resulta<strong>do</strong>s da LLBC e DyLaN na Dart-Mesh.<br />

Posteriormente, mostramos como a LLBC não cumpre a premissa 3, comparan<strong>do</strong> os<br />

resulta<strong>do</strong>s da LLBC e DyLaN na Wireless Lei<strong>de</strong>n.<br />

3.1 Dart-Mesh<br />

Dart-Mesh é uma RMSF construída e implantada no Departamento <strong>de</strong> Ciência da<br />

Computação da Dartmouth College. A Figura 1 ilustra uma parte da re<strong>de</strong> que foi utili-<br />

zada pelos autores <strong>do</strong> LLBC [1] e também neste trabalho. Realizamos uma classificação<br />

<strong>do</strong>s nós com os da<strong>do</strong>s disponíveis no artigo [1]. Para a realização <strong>de</strong>sses testes, se-<br />

tamos WF =3e WH =0, 9. A classificação gerada pelas métricas para o cenário da<br />

3<br />

Capa Índice 10326


Figura 1: Dart-Mesh Figura 2: Wireless Lei<strong>de</strong>n<br />

Figura 1, on<strong>de</strong> há um cliente móvel utilizan<strong>do</strong> o nó 80 para receber gran<strong>de</strong>s arquivos<br />

da Internet, foram as <strong>de</strong>sejadas para as métricas LLBC e DyLaN.<br />

Posteriormente, reposicionamos o cliente móvel utilizan<strong>do</strong> o nó 30 e realizamos a<br />

classificação <strong>do</strong>s nós, como mostra<strong>do</strong> na tabela da Figura 3. Note que a métrica LLBC<br />

classifica ina<strong>de</strong>quadamente o nó 30 como o mais importante, pelo fato da LLBC não<br />

consi<strong>de</strong>rar a premissa 2, não dan<strong>do</strong> um peso maior aos pacotes encaminha<strong>do</strong>s.<br />

Nó 50 30 80 1 2 20 160 90<br />

C Ego 5 10 0 0 0 0 0 0<br />

LLBC 4,87 9,569 0 0 0 0 0 0<br />

DyLaN 0,72 0,004 0 0 0 0 0 0<br />

Figura 3: Classificação <strong>do</strong>s nós na Dart-Mesh<br />

3.2 Wireless Lei<strong>de</strong>n<br />

Classificação<br />

1 o<br />

2 o<br />

3 o<br />

4 o<br />

5 o<br />

6 o<br />

7 o<br />

8 o<br />

9 o<br />

10 o<br />

11 o<br />

12 o<br />

13 o<br />

14 o<br />

15 o<br />

16 o<br />

17 o<br />

1 5 10 15<br />

Medição<br />

20 25 30<br />

Nó A<br />

Nó B<br />

Nó C<br />

Nó D<br />

Nó E<br />

Nó F<br />

Nó G<br />

Nó H<br />

Nó I<br />

Nó J<br />

Nó K<br />

Nó L<br />

Nó M<br />

Nó N<br />

Nó O<br />

Nó P<br />

Nó Q<br />

Figura 4: Classificação com a LLBC<br />

A Wireless Lei<strong>de</strong>n foi uma das primeiras re<strong>de</strong>s sem fio comunitárias <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> a utilizar<br />

a tecnologia 802.11b e ainda é uma das maiores em operação. Durante o perío<strong>do</strong> em<br />

que tivemos acesso à re<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntificamos 89 nós com as funções <strong>de</strong> rotea<strong>do</strong>r (ou<br />

backbone) e <strong>de</strong> AP, além <strong>de</strong> 19 nós (chama<strong>do</strong>s <strong>de</strong> proxies). Foram seleciona<strong>do</strong>s 17<br />

nós ilustra<strong>do</strong>s na Figura 2, <strong>do</strong>s quais 3 oferecen acesso à Internet e o restante funciona<br />

como rotea<strong>do</strong>r e AP.<br />

As Figuras 4 e 5 apresentam a classificação gerada pelas métricas LLBC e Dy-<br />

LaN, respectivamente, ao longo <strong>de</strong> 5 horas <strong>de</strong> medição. Como parâmetros da métrica<br />

DyLaN, WF =3e WH =0, 9. Esses resulta<strong>do</strong>s ilustram a importância <strong>de</strong> cumprir a<br />

premissa 3 apresentada na seção 2.1, mostran<strong>do</strong> a gran<strong>de</strong> flutuação encontrada na<br />

métrica LLBC e uma maior estabilida<strong>de</strong> na métrica DyLaN.<br />

Para avaliar a influência <strong>do</strong> peso WH (veja equação 5) no cálculo da DyLaN, cal-<br />

culamos a métrica para cada valor <strong>de</strong> WH. Para avaliar esse gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

informação, adaptamos o coeficiente Kendall’s τ∗[5], para comparar classificações<br />

consecutivas. Quanto mais próximo <strong>de</strong> 1 for o coeficiente, maior a similarida<strong>de</strong> das<br />

classificações, ou seja, mais estável fica a métrica. Mostramos através da Figura 6 os<br />

resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.<br />

4<br />

Capa Índice 10327


Classificação<br />

1 o<br />

2 o<br />

3 o<br />

4 o<br />

5 o<br />

6 o<br />

7 o<br />

8 o<br />

9 o<br />

10 o<br />

11 o<br />

12 o<br />

13 o<br />

14 o<br />

15 o<br />

16 o<br />

17 o<br />

1 5 10 15<br />

Medição<br />

20 25 30<br />

Nó A<br />

Nó B<br />

Nó C<br />

Nó D<br />

Nó E<br />

Nó F<br />

Nó G<br />

Nó H<br />

Nó I<br />

Nó J<br />

Nó K<br />

Nó L<br />

Nó M<br />

Nó N<br />

Nó O<br />

Nó P<br />

Nó Q<br />

Figura 5: Classificação com a DyLaN<br />

4 Conclusão<br />

Coeficiente <strong>de</strong> Kendall τ *<br />

1<br />

0.8<br />

0.6<br />

0.4<br />

0.2<br />

0<br />

W F = 0.99<br />

W F = 0.90<br />

W F = 0.80<br />

W F = 0.50<br />

W F = 0.25<br />

W F = 0.05<br />

2 5 10 15<br />

Medição<br />

20 25 30<br />

Figura 6: Impacto <strong>de</strong> WH<br />

Nosso trabalho apresentou uma métrica <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong> para re<strong>de</strong>s dinâmicas cha-<br />

mada DyLaN (Dynamic Labeling of No<strong>de</strong>s) com o foco em Re<strong>de</strong>s em Malha Sem<br />

Fio (RMSF), sen<strong>do</strong> capaz <strong>de</strong> classificar dinamicamente os nós da re<strong>de</strong>. Avaliamos e<br />

comparamos nossa métrica com outras métricas anteriormente investigadas na lite-<br />

ratura. DyLaN mostrou melhores resulta<strong>do</strong>s em relação a classificação <strong>de</strong> nós bem<br />

como a estabilida<strong>de</strong> da classificação. Além disso, DyLaN é mais flexível e po<strong>de</strong> ser<br />

ajustada para lidar com uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> cenários dinâmicos em RMSFs.<br />

Referências<br />

[1] NANDA, S.; KOTZ, D. Social Network Analysis Plugin (SNAP) for Mesh<br />

Networks. In: IEEE Wireless Communications and Networking Conference<br />

(WCNC). 2011.<br />

[2] GUEDES, D.; SILVA, E.; CARDOSO, K. Uma métrica para classificação<br />

dinâmica <strong>de</strong> nós em re<strong>de</strong>s sem fio comunitárias. In: XXX Simpósio Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Telecomunicações (SBrT 2012). 2012.<br />

[3] HWANG, W. et al. Bridging centrality: graph mining from element level to group<br />

level. In: ACM international conference on Knowledge discovery and data<br />

mining (SIGKDD). 2008.<br />

[4] NANDA, S.; KOTZ, D. Localized Bridging Centrality for Distributed Network<br />

Analysis. In: International Conference on Computer Communications and<br />

Networks (ICCCN). 2008.<br />

[5] MELUCCI, M. Weighted rank correlation in information retrieval evaluation. In:<br />

Information Retrieval Technology. : Springer Berlin / Hei<strong>de</strong>lberg, 2009.<br />

5<br />

Capa Índice 10328


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10329 - 10333<br />

FENÓIS TOTAIS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS COMERCIAIS DE<br />

FRUTAS VERMELHAS<br />

Diego Ives <strong>de</strong> Vilasboas e SANTOS 1a ; Eric <strong>de</strong> Souza GIL 1<br />

1 Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Farmácia – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

a diegoives@yahoo.com.br<br />

Órgao financia<strong>do</strong>r: CNPq<br />

Palavras-chave: fenóis totais, antioxidante, frutas vermelhas, fitoterápicos<br />

INTRODUÇÃO<br />

O consumo <strong>de</strong> frutas em geral, entre elas as frutas vermelhas, vem sen<strong>do</strong><br />

frequentemente associa<strong>do</strong> à prevenção <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como <strong>do</strong>enças<br />

cardiovasculares, inflamatórias, <strong>de</strong>generativas, Diabetes mellitus, bem como o<br />

envelhecimento (ANJO, 2003; PIENIZ et. al., 2009). Estu<strong>do</strong>s anteriores trazem<br />

indícios <strong>de</strong> que quadros como os cita<strong>do</strong>s acima ocorrem <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à formação <strong>de</strong><br />

espécies reativas <strong>de</strong> oxigênio (ERO), que se formam <strong>de</strong> reações metabólicas<br />

ocorridas no organismo, como ações catalíticas enzimáticas, processos <strong>de</strong><br />

transporte <strong>de</strong> elétrons, ocorri<strong>do</strong>s no meio intracelular, ação <strong>de</strong> células fagocitárias <strong>do</strong><br />

sistema imunológico, entre outros processos bioquímicos (HIRATA et. al., 2004;<br />

FERRARI & TORRES, 2003; PIENIZ et. al., 2009). Além <strong>de</strong>sses fatores internos, a<br />

formação <strong>de</strong> ERO também po<strong>de</strong> ocorrer pela exposição <strong>do</strong> indivíduo a fatores<br />

externos, como exposição a poluentes <strong>do</strong> ar e a radiação ultra-violeta <strong>do</strong> sol, e<br />

práticas como a <strong>do</strong> tabagismo (BERMANN, 2007).<br />

<strong>Pesquisa</strong>s recomendam que uma dieta saudável inclua a ingestão <strong>de</strong> até 5<br />

porções diárias <strong>de</strong> frutas (SCHIERI et. al., 2000). Existem no organismo<br />

mecanismos endógenos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa contra a ação das ERO, porém, sem a ingestão<br />

<strong>de</strong> fontes exógenas <strong>de</strong> antioxidantes, a exposição aos fatores internos e externos<br />

supracita<strong>do</strong>s torna esses mecanismos endógenos insuficientes para manter o<br />

equilíbrio entre substâncias oxidantes e antioxidantes, o que leva o acúmulo <strong>de</strong> ERO<br />

no organismo (CERQUEIRA et. al., 2009). Dessa forma ocorre o chama<strong>do</strong> estresse<br />

oxidativo, que traz como principal malefício a peroxidação lipídica da bicamada <strong>de</strong><br />

áci<strong>do</strong>s graxos que constituem a membrana celular, causan<strong>do</strong> a morte das células<br />

(HIRATA et. al., 2004). E por fim, esses radicais trazem os danos crônicos<br />

Capa Índice 10329


supracita<strong>do</strong>s e aparecem como agentes fundamentais no processo <strong>de</strong><br />

envelhecimento (CERQUEIRA et. al., 2009).<br />

Por outro la<strong>do</strong>, o consumo in natura <strong>de</strong> frutos é prejudica<strong>do</strong> pelo fato <strong>de</strong>stes<br />

serem normalmente muito perecíveis, em virtu<strong>de</strong> da taxa <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> elevada e da<br />

baixa estabilida<strong>de</strong> física (PEREIRA et. al., 2006). Isso dificulta o transporte <strong>de</strong>ssas<br />

frutas a gran<strong>de</strong>s distâncias, e leva a muitas perdas no pós-colheita (MELO et. al.,<br />

1999).<br />

Desse mo<strong>do</strong>, torna-se justificável o uso <strong>do</strong>s extratos secos como produtos<br />

fitoterápicos, na tentativa <strong>de</strong> aumentar a vida útil <strong>de</strong>sses produtos. Os extratos secos<br />

se <strong>de</strong>finem como preparações sólidas, em pó ou granuladas, obtidas <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

evaporação <strong>de</strong> extratos flúi<strong>do</strong>s, com ou sem acréscimo <strong>de</strong> adjuvantes, com o teor <strong>de</strong><br />

substância ativa indicada na monografia <strong>do</strong> produto (SILVA et. al., 2012). As<br />

vantagens <strong>do</strong> extrato seco incluem maior estabilida<strong>de</strong> (química, físico-química e<br />

microbiológica), facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> padronização e <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, maior<br />

concentração <strong>do</strong>s princípios ativos e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser converti<strong>do</strong> em várias<br />

outras formas farmacêuticas, além <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> valor agrega<strong>do</strong> aos extratos secos <strong>de</strong><br />

produtos naturais da flora brasileira (RUNHA et. al., 2001; OLIVEIRA &<br />

PETROVICK, 2009) que se justifica pelo fato <strong>de</strong> o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> produtos fitoterápicos<br />

ser bastante promissor, ten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a se envolver cada vez mais na assistência à<br />

saú<strong>de</strong> da população (KLEIN et. al., 2009). Outrossim, o Brasil é o país com a maior<br />

biodiversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, e ainda investe pouco nesse merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> produtos<br />

naturais, sen<strong>do</strong> ainda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da economia extrativa, o que contribui para a<br />

ocorrência da biopirataria (HOMMA, 2005).<br />

Em contrapartida, uma <strong>de</strong>svantagem que o extrato seco po<strong>de</strong> eventualmente<br />

apresentar é a perda, por <strong>de</strong>gradação, <strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s princípios ativos durante o<br />

processamento industrial, já que durante o processamento, os produtos são<br />

expostos a vários fatores extrínsecos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação, como variações <strong>de</strong><br />

temperatura, <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> pH, <strong>do</strong> teor <strong>de</strong> oxigênio e <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> luz, que<br />

po<strong>de</strong>m provocar mudanças nos teores <strong>de</strong> princípio ativo <strong>do</strong> produto, (CORREIA et.<br />

al., 2008). Logo, para que o produto permaneça com as características <strong>de</strong>sejadas, o<br />

processamento <strong>de</strong>ve ser a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e feito corretamente (SANCHO et. al., 2007). E<br />

<strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong> vários trabalhos vem sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s objetivan<strong>do</strong> melhorar os<br />

processos <strong>de</strong> secagem para que não haja alterações nos aspectos físico-químico e<br />

Capa Índice 10330


organoléptico <strong>do</strong> produto, e para aumentar a estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s princípios ativos<br />

(LIAZID et. al., 2007).<br />

Desse mo<strong>do</strong>, o presente trabalho propõe <strong>de</strong>senvolver méto<strong>do</strong>s alternativos<br />

para <strong>de</strong>terminar a ativida<strong>de</strong> antioxidante <strong>de</strong> produtos naturais, bem como checar a<br />

padronização <strong>de</strong> extratos secos <strong>de</strong> açaí, acerola e camu-camu, frutos vermelhos<br />

típicos das florestas brasileiras e comumente reconheci<strong>do</strong>s como antioxidantes<br />

naturais.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Foram avalia<strong>do</strong>s neste experimento extratos comerciais das seguintes frutas<br />

vermelhas: açaí, acerola (<strong>do</strong>is diferentes extratos), camu-camu, cranberry e amora.<br />

Os extratos secos passaram por processo <strong>de</strong> extração em etanol (solução a<br />

5% - 1,25gextrato / 25mL <strong>de</strong> etanol) por 1 noite.<br />

O teor <strong>de</strong> fenóis totais foi <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> por méto<strong>do</strong> espectofotométrico,<br />

usan<strong>do</strong> o reagente <strong>de</strong> Folin-Ciocaulteu e a curva padrão foi feita com áci<strong>do</strong> gálico.<br />

As leituras foram feitas em comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> 760 nm. Os resulta<strong>do</strong>s foram<br />

expressos em equivalentes em mg <strong>de</strong> áci<strong>do</strong> gálico por g <strong>de</strong> extrato seco.<br />

A ativida<strong>de</strong> antioxidante foi medida também através <strong>de</strong> méto<strong>do</strong><br />

espectofotométrico, usan<strong>do</strong> o reagente ABTS - áci<strong>do</strong> 2,2'-azino-bis-(3etilbenzotiazolina)-6-sulfônico.<br />

As leituras foram feitas em comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong><br />

734 nm. Os resulta<strong>do</strong>s foram expressos em equivalentes Trolox por g <strong>de</strong> extrato<br />

seco.<br />

Todas as amostras foram testadas em triplicata.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Po<strong>de</strong>-se notar que se <strong>de</strong>stacaram nos testes, tanto <strong>do</strong> teor <strong>de</strong> fenóis totais<br />

como no <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> anti-oxidante, os extratos <strong>de</strong> cranberry e <strong>de</strong> amora, segui<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s extratos <strong>de</strong> camu-camu e por um <strong>do</strong>s extratos <strong>de</strong> acerola. O extrato <strong>de</strong> açaí não<br />

obteve resulta<strong>do</strong>s tão significativos e o segun<strong>do</strong> extrato <strong>de</strong> acerola obteve os valores<br />

mais baixos nos <strong>do</strong>is testes, conforme a Tabela 1.<br />

Capa Índice 10331


Tabela 1. Teores <strong>de</strong> fenóis totais e ativida<strong>de</strong> antioxidante <strong>do</strong>s extratos comerciais <strong>de</strong><br />

frutas vermelhas.<br />

Extrato<br />

Teor <strong>de</strong> Fenois Totais (equivalente em mg<br />

<strong>de</strong> áci<strong>do</strong> gálico por g <strong>de</strong> extrato seco)<br />

Ativida<strong>de</strong> antioxidante (equivalente<br />

Trolox por g <strong>de</strong> extrato seco)<br />

Açaí 2,54 mg/g 9,76 mM<br />

Acerola 1 13,3 mg/g 272 mM<br />

Acerola 2 0 mg/g 0,96 mM<br />

Amora 50,4 mg/g 624 mM<br />

Camu-<br />

camu<br />

15,4 mg/g 206,7 mM<br />

Cranberry 59,2 mg/g 637 mM<br />

Po<strong>de</strong> ser observada também uma correlação entre o teor <strong>de</strong> fenóis totais e a<br />

ativida<strong>de</strong> antioxidante, pois o crescimento <strong>de</strong> um acompanha o <strong>do</strong> outro. Isso po<strong>de</strong><br />

ser visto em outros trabalhos, on<strong>de</strong> frutos foram testa<strong>do</strong>s e esta correlação também<br />

foi encontrada (CANUTO et. al., 2010).<br />

CONCLUSÕES<br />

Diante <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s que vemos, po<strong>de</strong>mos inferir que extratos comerciais<br />

<strong>de</strong> frutos po<strong>de</strong>m realmente ser usa<strong>do</strong>s como fitoterápicos antioxidantes, ativida<strong>de</strong><br />

relacionada com seu teor <strong>de</strong> fenóis totais.<br />

A diferença <strong>de</strong> teor <strong>de</strong> fenóis totais e ativida<strong>de</strong> antioxidante entre os <strong>do</strong>is<br />

extratos <strong>de</strong> acerola testa<strong>do</strong>s po<strong>de</strong> possivelmente ser explica<strong>do</strong> ou por diferenças no<br />

processamento, ou pelo fato <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s extratos apresentar baixa qualida<strong>de</strong>, ou<br />

ainda, por ter sofri<strong>do</strong> adulteração ou falsificação, o que atesta a importância <strong>de</strong><br />

méto<strong>do</strong>s analíticos no controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses produtos.<br />

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Capa Índice 10332


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Capa Índice 10333


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10334 - 10338<br />

Contração em AGM: Crítica e Contra-Crítica<br />

Diego Fernan<strong>de</strong>s<br />

Resumo<br />

Será analisada a crítica <strong>de</strong> Neil Tennant com relação a abordagem <strong>de</strong> contração por<br />

arraigamento epistêmico da teoria <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> crenças AGM. Mostraremos que a<br />

crítica <strong>de</strong> Tennant não po<strong>de</strong> ser sustentada sob pena <strong>de</strong> incorrer em resulta<strong>do</strong>s contraintuitivos.<br />

1 O Mo<strong>de</strong>lo AGM<br />

A teoria <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> crenças conhecida como “mo<strong>de</strong>lo AGM” tem como propósito<br />

investigar o processo <strong>de</strong> adição e retirada <strong>de</strong> uma crença em um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> crenças. Os<br />

teóricos <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo AGM abordam esse estu<strong>do</strong> proponto certos postula<strong>do</strong>s que seriam<br />

as condições mínimas para toda operação <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> crenças.<br />

• Um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> crenças é a totalida<strong>de</strong> das crenças <strong>de</strong> um agente em um instante<br />

• Um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> crenças é representa<strong>do</strong> pelas sentenças que o agente aceita em<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> instante<br />

• O conjunto K das crenças aceitas por um agente é <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong><br />

crenças<br />

• Um conjunto <strong>de</strong> crenças é fecha<strong>do</strong> sob consequência lógica, i.e. K ⊢ a ⇒ a ∈ K<br />

• Para uma sentença a e um conjunto <strong>de</strong> crenças K há três possibilida<strong>de</strong>s:<br />

1. a,K ⊢ ⊥ e a ∈ K<br />

2. a,K ⊢ ⊥ e a ∈ K<br />

3. a,K ⊢⊥e a ∈ K<br />

• A mudança <strong>de</strong> crenças que cabe ao caso 1 se chama expansão<br />

• A mudança que cabe ao caso 2 é <strong>de</strong>nominada contração<br />

• A mudança que cabe ao caso 3 é <strong>de</strong>nominada revisão<br />

Os postula<strong>do</strong>s para contração <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo AGM procuram captar o seguinte critério:<br />

Capa Índice 10334<br />

1


Critério <strong>de</strong> Mudança Mínima<br />

Quan<strong>do</strong> se muda <strong>de</strong> crença em resposta à novas evi<strong>de</strong>ncias, <strong>de</strong>ve-se continuar<br />

a acreditar em quantas crenças antigas for possível.<br />

2 Os postula<strong>do</strong>s para contração<br />

Os postula<strong>do</strong>s ou critérios propostos para reger a operação <strong>de</strong> contração são os seguintes.<br />

O resulta<strong>do</strong> da contração é sempre um conjunto <strong>de</strong> crenças:<br />

( − 1) Para qq a e K, K − a<br />

é um conjunto <strong>de</strong> crenças.<br />

O segun<strong>do</strong> critério assegura que a operação <strong>de</strong> contração é efetivamente contração<br />

enão uma operação <strong>de</strong> revisão. A forma mais simples <strong>de</strong> assegurar isso é requerer que<br />

o resulta<strong>do</strong> da contração seja subconjunto <strong>do</strong> conjunto inicial:<br />

( −2) K− a ⊆ K.<br />

Se a ∈ K,não há motivos para retirar nada <strong>de</strong> K:<br />

( −3) a ∈ K ⇒ K− a = K.<br />

Apenas quan<strong>do</strong> a é logicamente válida a operação <strong>de</strong> contração não <strong>de</strong>ve ser bem<br />

sucedida:<br />

( −4) ⊢ a ⇒ a ∈ K− a .<br />

O próximo critério é o que tenta aplicar o critério <strong>de</strong> mudança mínima mais fortemente.<br />

Segun<strong>do</strong> o critério, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> recuperação, em uma contração <strong>de</strong> K por a, é<br />

retira<strong>do</strong> <strong>de</strong> K o estritamente necessário, <strong>de</strong> forma que, ao expandir K− a por a, temos o<br />

conjunto K novamente.<br />

( −5) a ∈ K ⇒ K ⊆ (K− a ) + a .<br />

O critério seguinte assegura que o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> contrair sentenças logicamente equivalentes<br />

<strong>de</strong> um mesmo conjunto resulte em conjuntos iguais:<br />

( −6) ⊢ a ↔ b ⇒ K− a = K − b .<br />

Os postula<strong>do</strong>s ( −7) e ( −8) foram <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s “postula<strong>do</strong>s complementares”,propostos<br />

com a intenção <strong>de</strong> regular o comportamento da contração por conjunções. De acor<strong>do</strong><br />

com ( − 7), o que há <strong>de</strong> comum em K − a e K − b<br />

<strong>de</strong>ve ser um subconjunto da remoção <strong>de</strong><br />

a ∧ b <strong>de</strong> K:<br />

( − 7) K − a ∩ K − b ⊆ K− a∧b .<br />

De acor<strong>do</strong> com ( − 8), quan<strong>do</strong> é necessário contrair a ∧ b <strong>de</strong> K, a operação po<strong>de</strong><br />

ser levada a cabo retiran<strong>do</strong> ou a, ou b, ou ambos <strong>de</strong> K. Se for possível, o critério <strong>de</strong><br />

mudança mínima requer que a e b não sejam ambas removidas nessa operação; que<br />

seja removida, por exemplo, a que tem menor importância epistêmica:<br />

( − 8) a ∈ K − a∧b ⇒ K− a∧b ⊆ K− a .<br />

3 Arraigamento epistêmico e a abordagem ‘em bloco’<br />

Mesmo consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que todas as crenças em que constituem um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> crenças<br />

tenham o mesmo grau <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>, há certos tipos <strong>de</strong> crenças que, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>rrogadas,<br />

causam mais mudanças ou danos ao esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> crenças que outras. Quanto mais<br />

Capa Índice 10335<br />

2


útil for uma <strong>de</strong>terminada informação na organização <strong>de</strong> nosso conhecimento, no planejamento<br />

<strong>de</strong> ações futuras e nas investigações científicas, mais resistência haverá em<br />

<strong>de</strong>rrogá-la, e mais dano na estrutura <strong>de</strong> nosso conhecimento a <strong>de</strong>rrogação <strong>de</strong>la acarretará.<br />

Quan<strong>do</strong> são observa<strong>do</strong>s conflitos entre as crenças, é razoável re-estabelecer a consistência<br />

<strong>de</strong> forma que as crenças epistemicamente menos arraigadas que estejam envolvidas<br />

no conflito sejam eliminadas. Da mesma maneira, quan<strong>do</strong> é necessário remover<br />

alguma crença <strong>de</strong> um conjunto, <strong>de</strong> forma a bloquear a <strong>de</strong>rivação <strong>de</strong> outra crença,<br />

procuramos remover aquelas que são menos arraigadas.<br />

Tennant em “Changing the Theory of Theory Change” [Tennant 1994] (CTTC <strong>de</strong><br />

agora em diante) e [Tennant 1997] criticou a abordagem da operação <strong>de</strong> contração no<br />

mo<strong>de</strong>lo AGM. Neste mo<strong>de</strong>lo, para prevenir a <strong>de</strong>rivação <strong>de</strong> a ∧ b, no âmbito <strong>de</strong> um<br />

conjunto <strong>de</strong> crenças K, ao menos uma das duas sentenças a ou b <strong>de</strong>ve ser removida, e<br />

quan<strong>do</strong> não houver nenhuma razão que apoie a escolha <strong>de</strong> uma ou outra ambas <strong>de</strong>vem<br />

ser removidas.<br />

Tennant <strong>de</strong>nominou esta abordagem <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo AGM <strong>de</strong> ‘abordagem em bloco’ e<br />

argumentou que ela não respeita o critério <strong>de</strong> mudança mínima, pois remove <strong>de</strong> um<br />

conjunto <strong>de</strong> crenças mais que o necessário. Ele propõe outra abordagem, <strong>de</strong>nominada<br />

‘uma sentença por vez’, dizen<strong>do</strong> o seguinte. Para prevenir que a ∧ b seja <strong>de</strong>rivável em<br />

K (isto é, para contrair a ∧ b <strong>de</strong> K), nunca se a<strong>do</strong>tará a operação <strong>de</strong> remover a ambas a<br />

e b, e isto mesmo no caso em que não existam razões para fazer a remoção <strong>de</strong> uma em<br />

<strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outra.<br />

Nós argumentaremos que a abordagem ‘uma sentença por vez’ <strong>de</strong> Tennant não é<br />

a<strong>de</strong>quada, posto que po<strong>de</strong> levar a resulta<strong>do</strong>s contra-intuitivos. Na argumentação será<br />

utilizada a terminologia <strong>de</strong> Tennant.<br />

4 As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Tennant<br />

Tennant mo<strong>de</strong>la os esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> crenças por meio <strong>do</strong> que ele <strong>de</strong>nomina “re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência”.<br />

Estas re<strong>de</strong>s são compostas por nós representan<strong>do</strong> crenças e passos representan<strong>do</strong><br />

a estrutura <strong>de</strong> justificação entre os nós. Um nó é “acredita<strong>do</strong>” se há uma<br />

justificativa para ele. Um nó é “justifica<strong>do</strong>” por um passo. Os passos são regras básicas<br />

<strong>de</strong> inferência, representa<strong>do</strong>s por a,...,d|b. Isto é, <strong>de</strong> a,...,d segue-se b. Se o passo tem<br />

todas suas premissas a,...,d justificadas, sua conclusão está justificada. Uma crença<br />

sustentada por si própria é uma crença que só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>la mesma, e é representada<br />

por a|a. Estas são as crenças iniciais. |D| é o conjunto <strong>do</strong>s nós acredita<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro da<br />

re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência D.<br />

Seja a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência D composta <strong>do</strong>s quatro nós: (a) “Bizet é francês”; (b)<br />

“Verdi é italiano”; (c) “compatriotas são aqueles que compartilham a mesma nacionalida<strong>de</strong>”;<br />

(e) “Verdi é frances” ( f ) “Bizet é italiano”. Como uma consequência <strong>do</strong>s<br />

nós a, b e c temos (¬d) “Bizet e Verdi não são compatriotas”. Os passos da re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pendência D são então representa<strong>do</strong>s assim: a|a ; b|b ; c|c ; a,b,c|¬d; a,c,d|e;<br />

b,c,d| f .<br />

A relação <strong>de</strong> arraigamento entre os nós é um or<strong>de</strong>namento parcial <strong>do</strong>s nós cuja<br />

função é representar a preferência <strong>de</strong> retenção entre eles, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que um nó a é mais<br />

Capa Índice 10336<br />

3


arraiga<strong>do</strong> que b quan<strong>do</strong> preferimos remover b ao invés <strong>de</strong> a. Suponha que c seja mais<br />

arraiga<strong>do</strong> que a, e que a e b sejam igualmente arraiga<strong>do</strong>s.<br />

Suponha agora que queremos contrair ¬d <strong>de</strong> D. De acor<strong>do</strong> com o critério ’uma<br />

sentença por vez’ apresenta<strong>do</strong> em CTTC [seção 7], se há mais <strong>de</strong> um elemento mínimo<br />

pela relação <strong>de</strong> arraigamento no conjunto <strong>do</strong>s nós |D| que conjuntamente implicam<br />

¬d, para que o critério <strong>de</strong> mudança mínima fosse respeita<strong>do</strong>, <strong>de</strong>veríamos remover (arbitrariamente)<br />

apenas um <strong>de</strong>les (caso o conjunto resultante não implique ¬d). Todavia,<br />

numa situação como aquela proposta mais acima, é preciso remover to<strong>do</strong>s os elementos<br />

mínimos por arraigamento, sob pena <strong>de</strong> permitir a inferências <strong>de</strong> crenças que normalmente<br />

não aceitaríamos.<br />

Para remover ¬d <strong>de</strong> D há três possíveis escolhas. As sub-re<strong>de</strong>s E <strong>de</strong> D maximais<br />

por inclusão, tais que ¬d ∈ |E| são:<br />

• (E1) b|b; c|c; a,b,c|¬d; a,c,d|e; b,c,d| f<br />

• (E2) a|a; c|c; a,b,c|¬d; a,c,d|e; b,c,d| f<br />

• (E3) a|a; b|b; a,b,c|¬d; a,c,d|e; b,c,d| f<br />

Como a ⊏ c e a ≡ b, então há <strong>do</strong>is candidatos possíveis: E1 e E2. Suponha que escolhemos<br />

manter E2.<br />

A operação (*) <strong>de</strong> revisão po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida pela operação <strong>de</strong> contração da seguinte<br />

maneira:<br />

D ∗ a =df D − ¬a ∪{a}<br />

Pela escolha da sub-re<strong>de</strong> E2 <strong>de</strong>finimos a re<strong>de</strong> D ∗ d (Formada por E2 ∪{d})<br />

(D ∗ d) a|a; c|c; d|d; a,b,c|¬d; a,c,d|e; b,c,d| f .<br />

Então temos que e ∈|D ∗ d|.<br />

E, pela escolha da sub-re<strong>de</strong> E1, <strong>de</strong>finimos outra re<strong>de</strong> D ∗ d (Formada por E1 ∪{d})<br />

(D ∗ d) b|b; c|c; d|d; a,b,c|¬d; a,c,d|e; b,c,d| f .<br />

Agora temos que f ∈|D ∗ d|.<br />

A partir da escolha <strong>de</strong> E2, por um la<strong>do</strong>, éválida a inferência contra-factual:<br />

D * d (Bizet e Verdi são compatriotas)<br />

(R1)<br />

e (Verdi é francês)<br />

Mas a consequência (e) étão inaceitável quanto a consequência ( f ), resultante da escolha<br />

<strong>de</strong> E1:<br />

D * d (Bizet e Verdi são compatriotas)<br />

(R2)<br />

f (Bizet é italiano)<br />

Capa Índice 10337<br />

4


A forma correta para efetuar a contração <strong>de</strong> um nó ¬d <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> crenças D<br />

é, portanto, a remoção <strong>de</strong> todas as sentenças mínimas por arraigamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />

conjuntos daquelas que implicam ¬d, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que essas inferências contra-intuitivas<br />

sejam barradas.<br />

Capa Índice 10338<br />

5


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10339 - 10343<br />

Instituições militares nas minas e Capitania <strong>de</strong> Goiás (século XVIII)<br />

Diego Veloso GOMES; Cristina <strong>de</strong> Cássia Pereira MORAES.<br />

FH/<strong>UFG</strong> ; FH/<strong>UFG</strong><br />

divgomes@gmail.com ; cristina<strong>de</strong>cassiapmoraes@gmail.com<br />

Palavras-chave: Corpos militares; Capitania <strong>de</strong> Goiás; consolidação <strong>de</strong>fensiva;<br />

século XVIII.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O presente trabalho integra nossa pesquisa no âmbito <strong>do</strong> mestra<strong>do</strong> ainda<br />

em andamento pelo Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em História da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás. Trata das forças militares que se estabeleceram nos Goyases até<br />

1770, ano que marcou o fim <strong>do</strong> governo <strong>de</strong> João Manuel <strong>de</strong> Melo. A escolha <strong>de</strong> tal<br />

perío<strong>do</strong> se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> abranger os principais momentos da instauração <strong>do</strong>s<br />

elementos basilares <strong>de</strong> sua organização militar, fatores que se configuraram como o<br />

pontapé inicial para o fortalecimento <strong>de</strong>stas instituições em terras tão distantes <strong>do</strong>s<br />

centros <strong>de</strong>cisórios nos <strong>do</strong>mínios ultramarinos.<br />

No século XVIII, os corpos militares portugueses eram dividi<strong>do</strong>s em três<br />

bases que tinham suas atribuições próprias e áreas <strong>de</strong> influência específicas. As<br />

Or<strong>de</strong>nanças, ou Tropas <strong>de</strong> 3ª linha, se institucionalizaram em Portugal durante o<br />

governo <strong>de</strong> D. Sebastião, no ano <strong>de</strong> 1570, quan<strong>do</strong> surgiu a necessida<strong>de</strong> da<br />

organização <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>fesa mais local e específica em <strong>de</strong>trimento das gerais e mais<br />

abrangentes, priorizadas até então. Por se tratarem <strong>de</strong> forças locais, a priori não<br />

po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>slocadas, exceto em situações <strong>de</strong> extrema urgência, como nas<br />

guerras nas quais Portugal se envolvia. Eram compostas por toda a população<br />

masculina <strong>de</strong> 18 a 60 anos que estivesse apta a pegar em armas e que não<br />

participasse das Tropas Regulares e Auxiliares, excluin<strong>do</strong>-se o magistra<strong>do</strong> régio e<br />

os eclesiásticos. Sem instrução militar sistemática, não recebiam sol<strong>do</strong> e <strong>de</strong>viam<br />

custear to<strong>do</strong> o seu equipamento. Geralmente lidavam com casos <strong>de</strong> perturbação da<br />

or<strong>de</strong>m pública nas povoações portuguesas.<br />

As tropas <strong>de</strong> Auxiliares, ou 2ª linha constituíam-se igualmente da população<br />

civil e não tinham direito ao sol<strong>do</strong>, exceto os mais altos oficiais, que geralmente<br />

eram <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>s das Tropas Regulares para treinar os solda<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stes corpos.<br />

Destarte, esperava-se po<strong>de</strong>r substituí-las a qualquer momento, principalmente em<br />

caso <strong>de</strong> guerra. Seus treinamentos eram realiza<strong>do</strong>s aos <strong>do</strong>mingos e feria<strong>do</strong>s santos.<br />

Capa Índice 10339


Podiam ser <strong>de</strong>slocadas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada Capitania. Eram<br />

organizadas em Regimentos <strong>de</strong> Cavalaria e Terços <strong>de</strong> Infantaria, e seus membros<br />

<strong>de</strong>viam financiar seus próprios equipamentos e o fardamento.<br />

Por fim, existiam as Tropas pagas, também conhecidas como Regulares, <strong>de</strong><br />

1ª linha e Dragões. To<strong>do</strong>s os praças que as compunham recebiam sol<strong>do</strong> por se<br />

tratarem <strong>de</strong> pessoas com a <strong>de</strong>vida instrução militar. Pelo menos em teoria recebiam<br />

assistência hospitalar, armamento, fardamento, farinha, azeite, capim e cavalos <strong>do</strong>s<br />

quais se serviam para a execução <strong>de</strong> suas atribuições. Gozavam <strong>de</strong> notável<br />

distinção social, principalmente em virtu<strong>de</strong> da nobreza <strong>de</strong> sua missão, qual seja a <strong>de</strong><br />

guarnecer os <strong>do</strong>mínios portugueses contra os ataques <strong>de</strong> inimigos externos.<br />

Podiam, <strong>de</strong>starte, ser <strong>de</strong>slocadas para o exterior sempre que as campanhas o<br />

exigissem.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Para mapear a presença <strong>do</strong>s corpos militares cria<strong>do</strong>s na Capitania <strong>de</strong> Goiás<br />

durante o século XVIII, e levantar os elementos <strong>de</strong> sustentação para seu efetivo<br />

estabelecimento naqueles sertões, nos valemos da <strong>do</strong>cumentação avulsa presente<br />

no Arquivo Histórico Ultramarino <strong>de</strong> Lisboa (AHU) – digitalizada por meio <strong>do</strong> projeto<br />

Barão <strong>do</strong> Rio Branco – acerca das três linhas que compunham o sistema militar no<br />

referi<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, quais sejam: os Dragões (1ª linha), os Auxiliares (2ª linha) e as<br />

Or<strong>de</strong>nanças (3ª linha). Deste mo<strong>do</strong>, i<strong>de</strong>ntificamos os esforços perpetra<strong>do</strong>s pelo<br />

governo português – e por seus representantes nos Goyases – para a consolidação<br />

das forças militares nas minas e Capitania goiana, reconhecen<strong>do</strong>, <strong>de</strong> igual forma, os<br />

diversos problemas oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stas medidas. A<strong>de</strong>mais, <strong>de</strong>ntro das atribuições <strong>do</strong>s<br />

corpos militares no perío<strong>do</strong> em questão, reguladas pelo sistema legislativo<br />

português, apontamos as particularida<strong>de</strong>s daqueles que ali se estabeleceram,<br />

consequência das condições políticas, sociais, econômicas e geográficas da terra.<br />

Fizemos, incialmente, um trabalho <strong>de</strong> catalogação, compilação e criação <strong>de</strong><br />

um banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s com a <strong>do</strong>cumentação <strong>do</strong> Arquivo Histórico Ultramarino referente<br />

ao objeto pesquisa<strong>do</strong>. Posteriormente, realizamos a transcrição <strong>de</strong>sta<br />

<strong>do</strong>cumentação, que em sua maioria se tratava <strong>de</strong> cartas enviadas por Governa<strong>do</strong>res<br />

e Capitães Generais – responsáveis pela administração em Goiás – aos órgãos<br />

competentes em Portugal. Enfim, proce<strong>de</strong>mos com a análise <strong>do</strong>cumental e a<br />

avaliação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s.<br />

Capa Índice 10340


RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Através <strong>de</strong> nossa investigação, pu<strong>de</strong>mos perceber os meandres da<br />

paulatina consolidação da estrutura <strong>de</strong>fensiva nas minas e Capitania <strong>de</strong> Goiás. A<br />

instalação inicial <strong>de</strong>stas tropas se <strong>de</strong>u em virtu<strong>de</strong> da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imposição da<br />

or<strong>de</strong>m e regulação da vida social em terras tão distantes <strong>do</strong>s centros <strong>de</strong>cisórios nos<br />

<strong>do</strong>mínios d’além-mar. A priori, os motores que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram a imprescindibilida<strong>de</strong><br />

da força militar no recém-<strong>de</strong>scoberto Goyases foram o clima <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>iro e a barbárie<br />

ali vigentes, elementos característicos <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> gold rush, que em virtu<strong>de</strong><br />

da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupos humanos e convergência <strong>de</strong> interesses causavam<br />

enérgicas disputas e <strong>de</strong>sentendimentos entre aqueles que <strong>de</strong>ixavam suas terras <strong>de</strong><br />

origem para saciar o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> enriquecimento fácil.<br />

Tais elementos geraram um cenário caótico que trazia em seu bojo os<br />

motivos <strong>do</strong> estabelecimento das três linhas <strong>de</strong> tropas em momentos distintos e<br />

específicos, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as diferentes necessida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>spontavam. Os<br />

primeiros militares legítimos a pisarem em solo goiano foram aqueles solicita<strong>do</strong>s por<br />

Gregório Dias, recém-nomea<strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong>r das minas <strong>do</strong>s Goyases, no ano <strong>de</strong> 1734.<br />

Quan<strong>do</strong> partiu <strong>de</strong> São Paulo para a verificar a situação da administração nas terras<br />

goianas, lhe fora recomenda<strong>do</strong> levasse consigo um <strong>de</strong>stacamento <strong>de</strong> alguns<br />

solda<strong>do</strong>s para a sua proteção. A princípio, Dias recusou tal ajuda, partin<strong>do</strong> para<br />

Goiás sem amparo militar. Ao chegar, percebeu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tais homens, em<br />

virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> violento quadro que se lhe <strong>de</strong>scortinava aos olhos. Se tratava <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>stacamento composto por <strong>de</strong>z solda<strong>do</strong>s, homens que carregavam consigo o<br />

símbolo da autorida<strong>de</strong>.<br />

Em 1736, o então Governa<strong>do</strong>r e Capitão General <strong>de</strong> São Paulo, Antônio<br />

Luís da Távora – o Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sarzedas –, se dirigiu à Goiás para fundar sua primeira<br />

e única vila setecentista nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> arraial <strong>de</strong> Sant’Anna: Vila Boa. Em<br />

virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s especiais imprescindíveis ao bom cumprimento <strong>de</strong> sua missão<br />

– a <strong>de</strong> estabelecer alguma or<strong>de</strong>m em diletas terras <strong>do</strong> oeste colonial – e das notícias<br />

<strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong>r acerca <strong>de</strong> uma revolta no Tocantins (norte <strong>do</strong>s Goyases), expe<strong>de</strong> sua<br />

Majesta<strong>de</strong> D. João V por meio <strong>de</strong> carta régia en<strong>de</strong>reçada ao então governa<strong>do</strong>r e<br />

Capitão General <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, Gomes Freire <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> enviar às<br />

minas <strong>de</strong> Goiás um <strong>de</strong>stacamento <strong>de</strong> quarenta Dragões monta<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong>s das<br />

Geraes, para assistir ao con<strong>de</strong> em suas diligências. Seria a primeira Companhia<br />

Capa Índice 10341


paga <strong>de</strong>stas terras, que, ao longo <strong>do</strong> século XVIII, sofreu algumas modificações no<br />

tocante ao número <strong>de</strong> praças que a compunha. A princípio eram 44 homens, <strong>do</strong>s<br />

quais: um Capitão, um Tenente, um Alferes, um Furriel, um Tambor, <strong>do</strong>is Cabos <strong>de</strong><br />

Esquadra e 37 solda<strong>do</strong>s. Posteriormente, no ano <strong>de</strong> 1749 a este contingente foram<br />

acresci<strong>do</strong>s nove solda<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>is Cabos <strong>de</strong> Esquadra, totalizan<strong>do</strong>, assim, 55 praças.<br />

A<strong>de</strong>mais, a lotação <strong>de</strong>ste corpo <strong>de</strong> tropa permaneceria a mesma até a década <strong>de</strong><br />

1770, quan<strong>do</strong> no governo <strong>de</strong> José <strong>de</strong> Almeida Vasconcelos Soveral e Carvalho se<br />

consi<strong>de</strong>rou ampliá-la para melhorar a <strong>de</strong>fesa da Capitania.<br />

No entanto, a vastidão territorial <strong>do</strong>s Goyases, o reduzi<strong>do</strong> número <strong>de</strong><br />

homens para sua guarnição e a pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atribuições <strong>do</strong>s Dragões eram<br />

elementos que dificultavam a tarefa <strong>de</strong> imposição da or<strong>de</strong>m exigida pelo monarca<br />

português. Para tanto, fazia-se necessário o engrossamento das forças armadas<br />

goianas, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que se tornassem cada vez mais locais e efetivas no tocante ao<br />

controle <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sregramentos ainda comuns em várias partes daqueles sertões.<br />

Destarte, em 1739, ao receber a permissão para visitar as minas <strong>de</strong> Goiás, D. Luís<br />

<strong>de</strong> Mascarenhas, sucessor <strong>do</strong> Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sarzedas no governo <strong>de</strong> São Paulo, se<br />

dirigiu ao arraial <strong>de</strong> Meia Ponte, um <strong>do</strong>s mais populosos daquelas minas, com vistas<br />

a criação <strong>do</strong> primeiro Regimento <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>nanças <strong>de</strong> Goiás. Contabilizou, a princípio,<br />

311 mora<strong>do</strong>res que seriam reparti<strong>do</strong>s em sete Companhias: duas infantarias e cinco<br />

cavalarias. Na sequência, dirigiu-se à Vila Boa para fazer o mesmo, observan<strong>do</strong> o<br />

número <strong>de</strong> 753 mora<strong>do</strong>res que foram dividi<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>starte, em <strong>do</strong>is Regimentos: um<br />

regular com <strong>de</strong>z Companhias completas e o outro com apenas cinco. Nos anos<br />

posteriores outros mais seriam cria<strong>do</strong>s em toda a extensão <strong>do</strong> território goiano.<br />

Os corpos <strong>de</strong> Auxiliares não tiveram espaço em Goiás até a primeira meta<strong>de</strong><br />

da década <strong>de</strong> 1760. Em 1758, João Manuel <strong>de</strong> Melo foi indica<strong>do</strong> pelo rei para<br />

preencher o posto <strong>de</strong> governa<strong>do</strong>r e Capitão General <strong>do</strong>s Goyases. Portugal<br />

encontrava-se sob o consula<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sebastião José <strong>de</strong> Carvalho e Melo, primeiro<br />

Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oeiras e futuro marquês <strong>de</strong> Pombal, que, como secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

D. José I, encetou diversas reformas <strong>de</strong> cunho iluminista na administração,<br />

economia, e na esfera militar. Eis a razão das or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> reestruturação das forças<br />

militares da Capitania, com vistas a proporcionar uma <strong>de</strong>fesa territorial mais<br />

eficiente. Para tanto, organizou-se um Regimento <strong>de</strong> Cavalaria <strong>de</strong> Auxiliares,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se elementos como a ampliação da instabilida<strong>de</strong> fronteiriça entre<br />

Portugal e Espanha.<br />

Capa Índice 10342


Sabe-se que a constituição total das tropas Auxiliares levou um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

aproximadamente 5 anos, em virtu<strong>de</strong> das dificulda<strong>de</strong>s oriundas da escolha <strong>de</strong><br />

pessoal capacita<strong>do</strong> e <strong>do</strong>s inevitáveis gastos que pressupunham um Regimento<br />

regula<strong>do</strong>. Contava com <strong>de</strong>z Companhias, cada qual com quarenta solda<strong>do</strong>s e quatro<br />

oficiais em seu esta<strong>do</strong> efetivo, dispostas em oito arraiais e em Vila Boa. Semelhante<br />

ao caso <strong>do</strong>s Dragões, na década <strong>de</strong> 1770 receberia suas primeiras reformulações<br />

no tocante aos praças que compunham sua lotação e ao número <strong>de</strong> Companhias<br />

que formavam o Regimento.<br />

CONCLUSÕES<br />

O estabelecimento das tropas Auxiliares na Capitania <strong>do</strong>s Goyases<br />

completou o tripé das forças militares no século XVIII. Ao menos em teoria, com as<br />

três bases, Goiás teria autonomia suficiente para lidar com quaisquer dificulda<strong>de</strong>s<br />

que sobreviessem à região. Com o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> intensos conflitos na fronteira oeste<br />

da colônia, consi<strong>de</strong>rava-se po<strong>de</strong>r amparar e salvaguardar a Capitania vizinha – a <strong>do</strong><br />

Mato Grosso – em algumas situações <strong>de</strong> extrema necessida<strong>de</strong>. Na prática, sabemos<br />

que o aumento das tropas significou apenas o passo inicial para o real<br />

fortalecimento das estruturas <strong>de</strong>fensivas a partir da década <strong>de</strong> 1770, quan<strong>do</strong><br />

ampliaram-se os corpos <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>nanças e <strong>de</strong> Auxiliares através da criação das<br />

Companhias <strong>de</strong> par<strong>do</strong>s, e, posteriormente <strong>de</strong> pretos (ou <strong>do</strong>s Henriques). De igual<br />

forma, a Companhia <strong>de</strong> Dragões também seria alvo <strong>do</strong> aumento <strong>de</strong> seu contingente,<br />

esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se a malha <strong>de</strong>fensiva e os eixos da autorida<strong>de</strong> nos sertões brasileiros.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ALENCASTRE, José Maria Pereira <strong>de</strong>. <strong>Anais</strong> da Província <strong>de</strong> Goiás (1ª. Ed.: 1863).<br />

Goiânia: SUDECO/Governo <strong>de</strong> Goiás/SEPLAN, 1979.<br />

MELLO, Christiane Figueire<strong>do</strong> Pagano <strong>de</strong>. Forças militares no Brasil colonial: Corpos<br />

<strong>de</strong> Auxiliares e <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>nanças na segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> Século XVIII. Rio <strong>de</strong> Janeiro: E-<br />

Papers, 2009.<br />

MORAES, Cristina <strong>de</strong> Cássia Pereira. Do corpo místico <strong>de</strong> Cristo: irmanda<strong>de</strong>s e<br />

confrarias na Capitania <strong>de</strong> Goiás. 1736-1800. Tese (Doutora<strong>do</strong> em História) Lisboa:<br />

Universida<strong>de</strong> Nova <strong>de</strong> Lisboa, 2005.<br />

PALACIN, Luís. O século <strong>do</strong> ouro em Goiás (1722-1822). Estrutura e conjuntura<br />

numa capitania <strong>de</strong> minas. 3ª. ed. Goiânia: Ed. UCG, 1979.<br />

Capa Índice 10343


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10344 - 10348<br />

EFEITO DA IRRADIAÇÃO GAMA NO PODER DE INCHAMENTO E SOLUBILIDADE<br />

EM ÁGUA DO AMIDO DE CÚRCUMA (CURCUMA LONGA L.)<br />

Dien Lin LU 1 , Adriana Régia Marques <strong>de</strong> SOUZA 2 , Thaís Ataí<strong>de</strong> ALVES 3<br />

1 Mestran<strong>do</strong> em Ciência e Tecnologia <strong>de</strong> Alimentos/<strong>UFG</strong>, 2 Profa. Dra. /Orienta<strong>do</strong>ra – Pós<br />

Graduação em Ciência e Tecnologia <strong>de</strong> Alimentos/<strong>UFG</strong>, 3 Aluna <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong><br />

Alimentos/<strong>UFG</strong>.<br />

E-mail: dien_nut@hotmail.com<br />

Palavras-chave: Irradiação gama, Ami<strong>do</strong>, Cúrcuma, Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inchamento,<br />

solubilida<strong>de</strong>.<br />

INTRODUÇÃO:<br />

A cúrcuma (Curcuma Longa Linneu) é conhecida no Brasil como “açafrão da<br />

Índia”, tem origem indiana e é encontrada também nos países asiáticos e da<br />

América <strong>do</strong> Sul. Seus rizomas subterrâneos tem uma ativida<strong>de</strong> econômica<br />

importante no setor industrial, on<strong>de</strong> são utiliza<strong>do</strong>s como matérias-prima para<br />

produção <strong>de</strong> medicamentos, produtos cosméticos, condimentos, corantes e aditivos<br />

alimentares (CECÍLIO FILHO et al., 2000).<br />

O rizoma é processa<strong>do</strong> até a forma <strong>de</strong> pó e <strong>de</strong>le se extrai 2,5 a 5% <strong>de</strong> óleo<br />

essencial, 2 a 8% <strong>de</strong> curcumina e 25 a 70% <strong>de</strong> ami<strong>do</strong>. O ami<strong>do</strong> <strong>de</strong> cúrcuma não tem<br />

si<strong>do</strong> muito aproveita<strong>do</strong> industrialmente, visto que sua extração é consi<strong>de</strong>rada como<br />

uma ativida<strong>de</strong> secundária, entretanto, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao alto teor <strong>de</strong> ami<strong>do</strong> e ao fato <strong>do</strong><br />

processo <strong>de</strong> isolamento não interferir na obtenção <strong>de</strong> outros componentes, torna-se<br />

promissor a utilização <strong>do</strong> ami<strong>do</strong> <strong>de</strong> rizoma <strong>de</strong> cúrcuma como fonte <strong>de</strong> matéria-prima<br />

para o uso industrial (LEONEL; SARMENTO; CEREDA, 2003).<br />

As proprieda<strong>de</strong>s mais notadas para aproveitamento <strong>de</strong> ami<strong>do</strong> na fabricação<br />

<strong>de</strong> alimentos e outras aplicações industriais são as proprieda<strong>de</strong>s funcionais como:<br />

viscosida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inchamento, solubilida<strong>de</strong>, absorção em água, sinérese, perfil<br />

reológico, proprieda<strong>de</strong> térmica, da pasta e <strong>de</strong> geis (ASCHERI et al., 2010).<br />

A irradiação gama tem si<strong>do</strong> utilizada para esten<strong>de</strong>r a vida <strong>de</strong> prateleira <strong>de</strong><br />

alimentos e, é frequentemente aplicada para modificar as proprieda<strong>de</strong>s físicas <strong>de</strong><br />

matérias-primas <strong>de</strong> origem alimentar (YOON et al., 2010). Portanto, a irradiação<br />

gama é consi<strong>de</strong>rada como o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> modificação <strong>de</strong> ami<strong>do</strong>, pois sua aplicação<br />

po<strong>de</strong> gerar radicais livres que são capazes <strong>de</strong> clivar ligações glicosídicas,<br />

fragmentan<strong>do</strong> moléculas gran<strong>de</strong>s em tamanhos menores. Essa <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong><br />

Capa Índice 10344


polissacarí<strong>de</strong>os <strong>de</strong> ami<strong>do</strong> pela irradiação gama po<strong>de</strong> resultar numa redução<br />

significativa <strong>de</strong> peso molecular e viscosida<strong>de</strong> da pasta e aumento da solubilida<strong>de</strong>.<br />

(CHUNG; LIU, 2010).<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as características particulares <strong>de</strong> cada tipo <strong>de</strong> ami<strong>do</strong>, torna-se<br />

importante a investigação <strong>do</strong> efeito que a irradiação po<strong>de</strong> ocasionar nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s funcionais <strong>do</strong> mesmo. Assim, o objetivo <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> foi avaliar as<br />

alterações na solubilida<strong>de</strong> e no po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inchamento <strong>do</strong> ami<strong>do</strong> extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Curcuma<br />

longa exposto as diferentes <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> radiação gama.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

A cúrcuma foi adquirida na Cooperativa Rural <strong>de</strong> Açafrão da cida<strong>de</strong> Mara<br />

Rosa - GO. Os rizomas primários e secundários, e seus respectivos ami<strong>do</strong>s foram<br />

extraí<strong>do</strong>s no Laboratório <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Alimentos da Escola <strong>de</strong> Agronomia e<br />

Engenharia <strong>de</strong> Alimentos/<strong>UFG</strong>. A extração <strong>de</strong> ami<strong>do</strong> <strong>do</strong>s rizomas primários e<br />

secundários da cúrcuma foi feita <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong>scrita por<br />

Sarmento (1997). Foram tritura<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is kilos <strong>de</strong> rizomas (um kilo <strong>de</strong> primário e um<br />

kilo <strong>de</strong> secundário) e 4 litros <strong>de</strong> água (p/v), a temperatura <strong>de</strong> água foi <strong>de</strong> 5 o C para<br />

extrair o ami<strong>do</strong> e a fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>cantação foi realizada em câmara fria a 5 o C com<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar a ação fermentativa e/ou enzimática. Após a <strong>de</strong>cantação foi<br />

utiliza<strong>do</strong> etanol 90% para lavagem <strong>do</strong> ami<strong>do</strong> e remoção <strong>de</strong> óleo resina.<br />

O ami<strong>do</strong> misto <strong>de</strong> rizomas (primário e secundário) foi dividi<strong>do</strong> em quatro<br />

porções com pesos iguais, acondiciona<strong>do</strong> em sacos <strong>de</strong> polietileno. As amostras<br />

foram levadas ao Instituto <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>s Energéticas e Nucleares (IPEN/USP), em<br />

São Paulo (SP), on<strong>de</strong> receberam <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> radiação <strong>de</strong> 0, 2,5, 5 e 10 kGy, utilizan<strong>do</strong><br />

um irradia<strong>do</strong>r com fonte <strong>de</strong> 60 Co. A amostra controle foi mantida na mesma condição<br />

sem irradiação.<br />

O po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inchamento e solubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ami<strong>do</strong> misto foi realiza<strong>do</strong> em<br />

triplicatas segun<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Schoch (1964), com modificações. As suspensões<br />

foram preparadas com 0,3g <strong>de</strong> ami<strong>do</strong>s mistos e 30mL <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada em tubo <strong>de</strong><br />

centrífuga, as quais foram aquecidas em banho térmico com agitações constantes<br />

por 35 minutos em quatro temperaturas diferentes (60, 70, 80 e 90) para<br />

gelatinização. Após a gelatinização <strong>de</strong> ami<strong>do</strong>s, as suspensões foram centrifugadas<br />

por 15 minutos a 8000xg em centrífuga MPW, mo<strong>de</strong>lo 350-R, o sobrenadante foi<br />

retira<strong>do</strong> <strong>de</strong> tubo <strong>de</strong> centrífuga e seco em estufa tradicional a 105 o C até obter a<br />

Capa Índice 10345


massa constante <strong>de</strong> sobrenadante seco (Mso). O material remanescente e a<strong>de</strong>ri<strong>do</strong><br />

na pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> tubo <strong>de</strong> centrífuga foi pesa<strong>do</strong> como a massa sedimentada (Ms).<br />

A solubilida<strong>de</strong> (S) e o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inchamento (P.I.) foram calcula<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com as equações 1 e 2, respectivamente:<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Equação 1<br />

Equação 2<br />

A solubilida<strong>de</strong> das amostras aumentou <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o aumento da<br />

temperatura e das <strong>do</strong>ses da radiação (Fig.1). Esse aumento ficou explícito a partir<br />

<strong>de</strong> 70 o C, provavelmente com o início <strong>de</strong> gelatinização das amostras, após 80 o C, o<br />

efeito da irradiação na solubilida<strong>de</strong> está nitidamente <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> conforme o<br />

acréscimo da <strong>do</strong>se <strong>de</strong> radiação, a amostra controle teve menor solubilida<strong>de</strong> com<br />

3,77% enquanto o ami<strong>do</strong> irradia<strong>do</strong> com 10kGy obteve maior solubilida<strong>de</strong> com 9,33%.<br />

Solubilida<strong>de</strong> em água (%)<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

60 70 80 90<br />

Figura 1. Solubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ami<strong>do</strong> misto <strong>de</strong> cúrcuma em diferentes (0, 2,5, 5, 10 kGy)<br />

<strong>do</strong>ses <strong>de</strong> radiação gama.<br />

Esse aumento da solubilida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong><br />

ami<strong>do</strong> causada pela irradiação e pela elevação da temperatura. O fato ocorreu<br />

quan<strong>do</strong> os grânulos <strong>de</strong> ami<strong>do</strong> foram expostos ao calor com excesso <strong>de</strong> água, o que<br />

provavelmente facilitou a cisão <strong>de</strong> pontes <strong>de</strong> hidrogênios interca<strong>de</strong>ias causada pela<br />

irradiação, aumentan<strong>do</strong> assim números <strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong> água que ligam os grupos<br />

hidroxilas expostos <strong>de</strong> amilose e amilopectina (LIU et al., 2012).<br />

O po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inchamento cresceu gradativamente conforme a elevação da<br />

temperatura para todas as amostras, sen<strong>do</strong> o maior inchamento observa<strong>do</strong> com<br />

ami<strong>do</strong> não irradia<strong>do</strong> (7,31g/g) e o menor po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inchamento na amostra <strong>de</strong> 5kGy<br />

obteve (5,5g/g) (Fig.2). De acor<strong>do</strong> com Peroni (2003), o lento aumento <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

Capa Índice 10346<br />

o C<br />

0<br />

2,5<br />

5<br />

10


inchamento das amostras até 80 o C indica que as mesmas possuem maior<br />

resistência das forças associativas em temperaturas abaixo <strong>de</strong> 80 o C, porém, a força<br />

enfraqueceu com aumento da temperatura.<br />

Observa-se que o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inchamento foi reduzi<strong>do</strong> à medida que se<br />

aumenta a <strong>do</strong>se <strong>de</strong> radiação, com exceção da amostra 10kGy. Esse fenômeno po<strong>de</strong><br />

ser explica<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>sintegração causada pela irradiação nas áreas cristalinas<br />

compostas pelas amilopectinas, que são responsáveis pela integrida<strong>de</strong> da estrutura<br />

<strong>do</strong>s grânulos ami<strong>do</strong> no inchamento (BHAT; KARIM, 2009).<br />

Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inchamento<br />

(gH2O/gAmi<strong>do</strong>) 8<br />

7<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

Figura 2. O po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inchamento <strong>de</strong> ami<strong>do</strong> misto <strong>de</strong> cúrcuma em diferentes (0, 2,5,<br />

5, 10 kGy) <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> radiação gama.<br />

CONCLUSÃO<br />

A irradiação promoveu mudanças estruturais nos grânulos <strong>de</strong> ami<strong>do</strong>, com o<br />

aumento da solubilida<strong>de</strong> e redução <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> inchamento à medida que aumentou<br />

a <strong>do</strong>se <strong>de</strong> radiação.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ASCHERI, D. P. R.; MOURA, W. S.; ASCHERI, J. L. R.; CARVALHO, C. W. P.<br />

Caracterização física e físico – química <strong>de</strong> rizomas e ami<strong>do</strong> <strong>do</strong> Lírio – <strong>do</strong> – Brejo<br />

(Hedychium coronarium). <strong>Pesquisa</strong> Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 40, n. 2, p.<br />

159 – 166, 2010.<br />

60 70 80 90<br />

BHAT, R.; KARIM, A. A. Impact of radiation processing on starch. Comprehensive<br />

reviews in food science and food safety, Chicago, v. 8, p. 44 – 58, 2009.<br />

Capa Índice 10347<br />

o C<br />

0<br />

2,5<br />

5<br />

10


CECÍLIO FILHO, A. B.; SOUZA, R. J.; BRAZ, L. T.; TAVARES, M. Cúrcuma: planta<br />

medicinal, condimentar e <strong>de</strong> outros usos potenciais. Ciência Rural, Santa Maria, v.<br />

30, n. 1, p. 171 – 175, 2000.<br />

CHUNG, H. J.; LIU, Q. Molecular structure and physicochemical properties of potato<br />

and bean starches as affected by gamma irradiation. International Journal of<br />

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LEONEL, M.; SARMENTO, S. B. S.; CEREDA, M. P. New starches for the food<br />

industry: curcuma longa and curcuma ze<strong>do</strong>aria. Carbohydrate Polymers, Barking, v.<br />

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PERONI, F. H. G. Características estruturais e físico-químicas <strong>de</strong> ami<strong>do</strong>s<br />

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Rio Preto, São Paulo, 2003.<br />

SARMENTO, S. B. S. Caracterização da fécula <strong>de</strong> mandioca (Manihot esculenta)<br />

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(Doutora<strong>do</strong> em Ciências Farmacêuticas) – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Farmacêuticas,<br />

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YOON, H. S.; YOO, J. Y.; KIM, J. H.; LEE, J. W.; BYUN, M. W.; BAIK, B. K.; LIM, S.<br />

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Orlan<strong>do</strong>: Aca<strong>de</strong>mic Press, 1964. p. 106 - 108.<br />

Capa Índice 10348


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10349 - 10353<br />

Méto<strong>do</strong> Monótono para Equações Diferenciais Fuzzy<br />

Dik Dani Lujerio GARCIA 1 ; Marina Tuyaku MIZUKOSHI 2<br />

Instituto <strong>de</strong> Matemática e Estatística - <strong>UFG</strong><br />

1 diklgd4@hotmail.com; 2 coor<strong>de</strong>nacaoexterna@gmail.com<br />

1 bolsista CAPES<br />

Palavras-chave: Equações diferenciais fuzzy; Problema <strong>de</strong> valor inicial fuzzy; Princípio <strong>de</strong><br />

máximo fuzzy; Soluções inferior e superior fuzzy: Méto<strong>do</strong> monótono.<br />

1 Introdução<br />

O estu<strong>do</strong> das equações diferenciais fuzzy tem aumenta<strong>do</strong> significativamente nas últimas<br />

décadas, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua aplicabilida<strong>de</strong> para o análise <strong>de</strong> fenômenos on<strong>de</strong> a imprecisão é<br />

inerente.<br />

Neste trabalho, estuda-se a existência e aproximação <strong>de</strong> soluções para o Problema<br />

<strong>de</strong> Valor inicial (PVI) <strong>de</strong> equações diferenciais fuzzy não-lineares. As técnicas utilizadas<br />

para se obter os resulta<strong>do</strong>s são as das soluções máximas e minimas acopladas as monótono<br />

iterativo.<br />

O méto<strong>do</strong> monótono combina<strong>do</strong> com o <strong>de</strong> soluções superior e inferior são úteis para o<br />

estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong> equações diferenciais fracionários, integradiferenciais,<br />

entre outras. O méto<strong>do</strong> monótono é importante para equações não lineares<br />

e sistemas por reduzi-las ao estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> sequências <strong>de</strong> equações lineares.<br />

Se for possivel obter soluções superiores e inferiores para o sistema original satisfazen<strong>do</strong><br />

as hipóteses necessárias, o méto<strong>do</strong> monótono fornecerá uma maneira para se construir as<br />

sequências <strong>de</strong> tais soluções. Estas sequências são soluções para equações lineares e convergem<br />

uniformemente e monotonicamente ou para uma única solução, soluções maximal<br />

e minimal, ou um par <strong>de</strong> soluções maximal e minimal.<br />

Para o estu<strong>do</strong> no contexto fuzzy o méto<strong>do</strong> monótono requer a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns resulta<strong>do</strong>s<br />

referentes a proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> convergência <strong>de</strong> sequências e preservação <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação<br />

na convergência. Vale ressaltar que o méto<strong>do</strong> é análogo ao <strong>do</strong> caso clássico porém, ten<strong>do</strong><br />

o cuida<strong>do</strong> em analisar e justificar com <strong>de</strong>talhes várias passagens.<br />

A análise <strong>de</strong> compacida<strong>de</strong> em espaços fuzzy é um tanto dificil <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a complexida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s elementos , sen<strong>do</strong> assim torna-se fundamental o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> condições que caracterizam<br />

a compacida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong> subconjuntos nos espaços fuzzy.<br />

O trabalho está organiza<strong>do</strong> da seguinte maneira:<br />

1<br />

Capa Índice 10349


2 Material e méto<strong>do</strong>s<br />

A noção <strong>de</strong> conjuntos fuzzy, introduzida por Lofti Asker-Za<strong>de</strong>h em 1965, esten<strong>de</strong> a noção<br />

<strong>de</strong> conjunto clássico no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a relação <strong>de</strong> pertinência <strong>de</strong> um elemento a um conjunto<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser uma relação dicotômica, isto é, da<strong>do</strong> um subconjunto F <strong>de</strong> um conjunto<br />

universal U (por exemplo U = R), um elemento t ∈ R, além das duas possibilida<strong>de</strong>s, a<br />

saber, t ∈ F ou t/∈ F po<strong>de</strong> ter outras.<br />

Definição 2.1. Um subconjunto fuzzy F <strong>de</strong> R é um conjunto <strong>de</strong> pares or<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s<br />

F = {(t, x(t)) : t ∈ X}, on<strong>de</strong> x : R → [0, 1] é uma função chamada grau <strong>de</strong> pertinência<br />

<strong>de</strong> t em F, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que se t ∈ R, então x(t) <strong>de</strong>nota o grau <strong>de</strong> pertinência ao conjunto<br />

fuzzy. Assim, x(t) =0significará a não pertinência, 0 0.<br />

O suporte [x] 0 <strong>de</strong> x é o fecho na topologia <strong>de</strong> R da união <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os a-níveis, isto é,<br />

[x] 0 = <br />

[x] a .<br />

a>0<br />

No <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho os a-níveis sempre serão consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s compactos<br />

e convexos e diferentes <strong>de</strong> vazio. Para efeito <strong>de</strong> simplificação <strong>de</strong> notação o conjunto fuzzy<br />

F será referencia<strong>do</strong> apenas através da função x que o caracteriza.<br />

Observação 2.3. Para os números fuzzy, isto é, conjuntos fuzzy <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s em R, a fuzzy<br />

convexida<strong>de</strong> implica que os conjuntos a−níveis são intervalos.<br />

Definição 2.4. Consi<strong>de</strong>remos E1 o espaço <strong>de</strong> números fuzzy x : R → [0, 1] satisfazen<strong>do</strong><br />

as seguintes propieda<strong>de</strong>s:<br />

(a) x é normal: existe t0 ∈ R com x(t0) =1.<br />

(b) x é fuzzy convexo: para to<strong>do</strong> t, s ∈ R e λ ∈ [0, 1], x(λt + (1 − λ)s) ≥ min{x(t),x(s)}<br />

(c) x é semicontinuo superior.<br />

(d) [x] 0 = cl({t ∈ R : x(t) > 0}) é um conjunto compacto.<br />

2<br />

Capa Índice 10350


Exitem muitas métricas sobre o espaço <strong>de</strong> números fuzzy E 1 , e a maioria <strong>de</strong>stas são<br />

uma extensão da métrica <strong>de</strong> Haus<strong>do</strong>rff, <strong>de</strong>finida sobre a familia <strong>de</strong> subconjuntos compactos<br />

e convexos não vazios <strong>de</strong> números reais que <strong>de</strong>notamos por KC(R),<br />

dH(A; B) := max{sup<br />

a∈A<br />

d(a, B), sup d(b, A)},<br />

b∈B<br />

on<strong>de</strong> d é a metrica euclidiana <strong>de</strong> um ponto a um conjunto.<br />

Definição 2.5. Sejam x, y ∈ E1 , a distancia <strong>de</strong> Haus<strong>do</strong>rff fuzzy d∞ : E1 × E1 → R +<br />

entre x e y é <strong>de</strong>finida por d∞(x, y) = supa∈[0,1] dH([x] a , [y] a ).<br />

Com a métrica dinfty, Ralescu ([6]) provou que o espaço métrico E1 é completo, garantin<strong>do</strong><br />

que toda sequência convergente <strong>de</strong> números fuzzy converge para um número<br />

fuzzy.<br />

Para x ∈ E1 , <strong>de</strong>notamos os conjuntos nível <strong>de</strong> x por [x] a =[xal,xar], ∀a ∈ [0, 1], e<br />

<strong>de</strong>finimos as on<strong>de</strong>ns e em E1 , como segue:<br />

Definição 2.6. Sejam x, y ∈ E1 .<br />

xar yar para cada a ∈ [0, 1].<br />

Dizemos que x y se e somente se xal yal e<br />

Definição 2.7. Seja x, y ∈ E1 . Dizemos que x y se e somente se xal yal e xar yar<br />

para cada a ∈ [0, 1], isto é, [x] a ⊆ [y] a para to<strong>do</strong> a ∈ [0, 1].<br />

3 Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />

Consi<strong>de</strong>re o problema <strong>do</strong> valor inicial fuzzy não-linear<br />

<br />

u ′ (t) =f(t, u(t)), t ∈ I = [0,T],<br />

u(0) = u0,<br />

on<strong>de</strong> T>0, u0 ∈ E1 , f : I × E1 → E1 é contínua e a <strong>de</strong>rivada u ′ (t) em (1) é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Hukuhara.<br />

Definição 3.1. Uma solução <strong>de</strong> (1) é uma função u ∈C(I,E1 ), que é diferenciavel no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> Hukuhara em I e satisfaz as condições em (1). Assim, uma solução para (1)<br />

é uma função u ∈C1 (I,E1 ).<br />

Definição 3.2. Seja F : I → E1 diferenciável. Denote Fa(t) =[fa(t),ga(t)], a ∈ [0, 1].<br />

Então fa e ga são diferenciáveis e [F ′ (t)] a =[f ′ a(t),g ′ a(t)].<br />

Para o estu<strong>do</strong> da solução <strong>de</strong> (1) via o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> solução superior e inferior consi<strong>de</strong>ra-se.<br />

Definição 3.3. A função α ∈C1 (I,E1 ) é chama<strong>do</strong> uma solução superior para (1) se<br />

<br />

α ′ (t) f(t, α(t)), t ∈ I = [0,T],<br />

(2)<br />

α(0) ≤ u0,<br />

3<br />

Capa Índice 10351<br />

(1)


A função β ∈C 1 (I,E 1 ) é chama<strong>do</strong> uma solução superior para (1) se satisfaz a <strong>de</strong>si-<br />

gualda<strong>de</strong> inversa <strong>de</strong> (2).<br />

Para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> técnicas iterativas monótonas para (1), estuda-se alguns<br />

resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> existência e unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soluções para problemas fuzzy “lineares” u ′ (t)+<br />

Mu(t) =σ(t), t ∈ I, u(0) = u0 e u ′ (t) =−Mu(t) +σ(t), t ∈ Iu(0) = u0 (ver [1]), e<br />

fazen<strong>do</strong> uso <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> comparação relativas a equações diferenciales fuzzy lineares<br />

<strong>de</strong>senvolve-se a técnica iterativa monótona para o problema (1), comprovan<strong>do</strong> a existencia<br />

<strong>de</strong> duas sequências monótonas, que aproximam as soluções extremas <strong>de</strong> (1) em um<br />

intervalo funcional fuzzy apropia<strong>do</strong>.<br />

Teorema 3.4. Seja u0 um número fuzzy contínuo, e α, β ∈C 1 (I,E 1 ) soluções inferior<br />

e superior para (1), tal que α ≤ β em I, eα(t), β(t) são números fuzzy contínuos para<br />

cada t ∈ I. Suponha que f é contínua e limitada no conjunto {(t, x) :t ∈ I,x ∈ E 1 ,x ∈<br />

[α(t),β(t)]}, e que existam M ∈ R, M>0 tal que para to<strong>do</strong> t ∈ I e η ∈C(I,E 1 ) com<br />

α ≤ η ≤ β em I,as seguintes condições são validas:<br />

diam([f(t, η(t)) + Mη(t)] a <br />

−Mt<br />

) ≥ Me<br />

diam([u0] a )+ t<br />

0 diam([f(s, η(s)) + Mη(s)]a )e Ms<br />

para to<strong>do</strong> a ∈ [0, 1], (3)<br />

e existe δ∗ > 0 tal que, para 0


Assumin<strong>do</strong> que os seguintes subconjuntos <strong>de</strong> C([0, 1], R):<br />

{[f(s, x)+Mx]L : s ∈ I, xnúmero fuzzy continuo x ∈ [α(s),β(s)}<br />

{[f(s, x)+Mx]R : s ∈ I, xnúmero fuzzy continuo x ∈ [α(s),β(s)} (5)<br />

são uniformemente equicontínuos com respeito à variavel a.<br />

Então, existem seqüências monótonas {αn} ↑ρ, βn ↓ γ em C([0, 1], R), on<strong>de</strong> α0 = α,<br />

β0 = β, eρ, γ são as soluções extremas para o problema (1) no intervalo funcional fuzzy<br />

[α, β] := {x ∈C(I,E 1 ):α ≤ x ≤ β em I}. Um resulta<strong>do</strong> semelhante po<strong>de</strong> ser estabeleci<strong>do</strong><br />

para a or<strong>de</strong>m parcial .<br />

4 Conclusões<br />

• Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s ilustram a possibilida<strong>de</strong> para estabilizar as soluções para problemas<br />

não lineares fuzzy, manten<strong>do</strong> as soluções da equação em um certo intervalo<br />

funcional fuzzy.<br />

• Este resulta<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o análogo <strong>do</strong> teorema <strong>de</strong> Peano no contexto<br />

fuzzy.<br />

Referências<br />

[1] J.J Nieto, R. Rodríguez−López, D. Franco Linear first−or<strong>de</strong>r fuzzy differential equations,<br />

Internat.J. Uncertainty Fuzziness Knowledge−Based Systems, 14 (2006) 687-<br />

709.<br />

[2] R. Rodríguez−López Comparison results for fuzzy differential equations, Inform. Sci.<br />

178 (2008) 1756 -1779.<br />

[3] R. Rodríguez−López Monotone method for fuzzy differential equations, Fuzzy Sets<br />

and Systems 159 (2008) 2047 -2076.<br />

[4] J. C. Chang, H. Chen, S. M. Shyu, W. C. Lian Fixed point theorems in fuzzy real<br />

line, Comput. Math. Appl. 47 (2004) 845 -851.<br />

[5] P. Diamond, P.E. Kloe<strong>de</strong>n, Metric Spaces of Fuzzy Sets: Theory and Applications,<br />

World Scientific, Singapore, 1994.<br />

[6] M. L. Puri and D. A. Ralescu, Fuzzy ran<strong>do</strong>m Variables, Journ. Math. Analysis and<br />

Aplications 91 (1986), 409-422.<br />

5<br />

Capa Índice 10353


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10354 - 10358<br />

Análise <strong>do</strong> comportamento <strong>de</strong> vigas reforçadas com adição <strong>de</strong><br />

concreto arma<strong>do</strong> à face tracionada<br />

Dilene Aires AGUIAR, Andrea Pra<strong>do</strong> Abreu Reis LISERRE, Aurélio Augusto<br />

CUNHA<br />

Engenheira Civil, mestranda em Engenharia Civil. Escola <strong>de</strong> Engenharia Civil,<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás.<br />

dileneaires@yahoo.com.br, andrea.liserre@gmail.com,<br />

eng_augustocunha@hotmail.com<br />

Palavras-chave: vigas, concreto arma<strong>do</strong>, reforço estrutural, encamisamento.<br />

1. Introdução<br />

Muitas estruturas <strong>de</strong> concreto <strong>de</strong>terioram-se com menos <strong>de</strong> 20 anos, mesmo<br />

sen<strong>do</strong> projetadas para uma vida útil bem maior. Além da agressivida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

ambiente e <strong>do</strong> <strong>de</strong>scui<strong>do</strong> com aspectos relativos à durabilida<strong>de</strong>, tem-se: a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modificar a utilização inicialmente proposta para a estrutura, os<br />

aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> origem natural ou humana, a falta <strong>de</strong> manutenção, e as falhas<br />

oriundas da fase <strong>de</strong> projeto e <strong>de</strong> execução. O uso <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> reparo e <strong>de</strong><br />

reforço <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> concreto po<strong>de</strong> ser emprega<strong>do</strong> para solucionar tais tipos<br />

<strong>de</strong> problemas. Portanto, o estu<strong>do</strong> e o aperfeiçoamento das técnicas <strong>de</strong><br />

reabilitação são assuntos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse para a socieda<strong>de</strong> (Santos, 2006).<br />

A escolha da técnica <strong>de</strong> reabilitação mais a<strong>de</strong>quada para solucionar um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> problema <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada caso. A análise da viabilida<strong>de</strong> técnica e<br />

econômica é uma das etapas mais importantes <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> reparo/reforço. Entre<br />

os méto<strong>do</strong>s usa<strong>do</strong>s para reabilitar estruturas, a técnica <strong>do</strong> encamisamento, que<br />

consiste na adição uma camada <strong>de</strong> concreto ou argamassa que po<strong>de</strong>rá ou não<br />

conter <strong>de</strong> barras <strong>de</strong> aço, e que envolverá a seção transversal original, é uma das<br />

mais utilizadas no Brasil. Uma <strong>de</strong> suas principais vantagens é ser econômica, por<br />

utilizar materiais tradicionalmente usa<strong>do</strong>s na construção civil (concreto e aço).<br />

Entretanto, para que esta técnica realmente seja eficiente, é importante<br />

garantir a monoliticida<strong>de</strong> da peça reabilitada, impedin<strong>do</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> perda <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>rência entre os concretos <strong>do</strong> substrato e reforço.<br />

Capa Índice 10354


Neste trabalho apresenta-se uma análise <strong>do</strong> comportamento <strong>de</strong> vigas<br />

reforçadas por encamisamento na face tracionada, com o objetivo <strong>de</strong> analisar a<br />

influência <strong>de</strong> conectores <strong>de</strong> cisalhamento (armadura <strong>de</strong> costura) e da presença <strong>de</strong><br />

nichos <strong>de</strong> concretagem na melhoria da a<strong>de</strong>rência entre o concreto adiciona<strong>do</strong> e o<br />

concreto <strong>do</strong> substrato.<br />

2. Materiais e Méto<strong>do</strong>s<br />

Foram moldadas e serão ensaiadas <strong>de</strong>z vigas <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong>. Oito<br />

serão reforçadas com barras <strong>de</strong> aço adicionadas ao longo <strong>de</strong> face tracionada e<br />

envolvidas por uma camada <strong>de</strong> 5 cm <strong>de</strong> concreto auto-a<strong>de</strong>nsável (CAA), sen<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> VR. As <strong>de</strong>mais serão monolíticas. A viga monolítica VM possui<br />

seção transversal e área <strong>de</strong> aço longitudinal e transversal semelhante a das vigas<br />

reforçadas, e permite analisar o grau <strong>de</strong> monolitismo das peças reabilitadas e a<br />

semelhança entre suas formas <strong>de</strong> ruptura. A outra peça monolítica, <strong>de</strong>nominada<br />

<strong>de</strong> viga original (VO), tem as mesmas dimensões e armaduras das peças antes<br />

<strong>do</strong> reforço, e foi moldada para <strong>de</strong>terminar a capacida<strong>de</strong> portante e a forma <strong>de</strong><br />

ruptura da estrutura antes da intervenção. As vigas reforçadas (VR) possuem<br />

seção transversal retangular <strong>de</strong> 15 cm X 35 cm, sen<strong>do</strong> 5 cm correspon<strong>de</strong>ntes ao<br />

reforço <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong> adiciona<strong>do</strong> à face tracionada. A viga monolítica (VM)<br />

possui seção transversal <strong>de</strong> 15 cm X 35 cm e a viga original (VO) possui seção<br />

transversal <strong>de</strong> 15 cm X 30 cm. Para a viga antes <strong>do</strong> reforço foram usadas quatro<br />

barras <strong>de</strong> aço longitudinais <strong>de</strong> tração, sen<strong>do</strong> duas <strong>de</strong> diâmetro Øl = 16.0 mm, e<br />

duas com diâmetro <strong>de</strong> Øl 10.0 mm. Em relação à armadura transversal, utilizaramse<br />

estribos <strong>de</strong> diâmetro Øt = 6,3 mm espaça<strong>do</strong>s a cada 125 mm. Também foi<br />

colocada uma armadura longitudinal <strong>de</strong> porta-estribo composta por duas barras<br />

<strong>de</strong> diâmetro Øe = 5.0 mm. Após a execução <strong>do</strong> reforço, adicionou-se mais duas<br />

barras <strong>de</strong> aço loingitudinais <strong>de</strong> tração <strong>de</strong> 12.5mm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

A Figura 1 indica o esquema estático usa<strong>do</strong> nos ensaios experimentais. A<br />

Figura 2 indica as dimensões da seção transversal das vigas e o <strong>de</strong>talhamento <strong>de</strong><br />

armadura utiliza<strong>do</strong>. A Tabela 1 e Figura 3 permitem i<strong>de</strong>ntificar as diferenças entre<br />

as vigas reforçadas entre si em função da presença ou não <strong>de</strong> armadura <strong>de</strong><br />

costura (conectores <strong>de</strong> cisalhamento) e <strong>de</strong> nichos <strong>de</strong> concreto usa<strong>do</strong>s para<br />

melhorar a a<strong>de</strong>rência entre concreto novo e concreto <strong>do</strong> substrato.<br />

Capa Índice 10355<br />

2


A forma <strong>de</strong> preparar a superfície <strong>do</strong> substrato para receber o reforço será<br />

igual para todas as vigas, sen<strong>do</strong> feito um apicoamento utilizan<strong>do</strong>-se martelete<br />

elétrico e talha<strong>de</strong>ira manual para <strong>de</strong>ixar a superfície rugosa.<br />

Figura 1 – Esquema estático a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong><br />

Figura 2 – Seção transversal das vigas.<br />

Tabela 1 – Características da junta existente nas vigas a serem reforçadas<br />

VR1 Sem nichos <strong>de</strong> concreto e sem conector<br />

VR2 Com nichos <strong>de</strong> concreto sem estribo no meio, e sem conector<br />

VR3 Com nichos <strong>de</strong> concreto sem estribo no meio, e com conector<br />

VR4 Com nichos <strong>de</strong> concreto com estribo no meio, e com conector<br />

VR5 Sem nichos <strong>de</strong> concreto, e com conector<br />

VR6 Com nichos <strong>de</strong> concreto com estribo no meio, e sem conector<br />

VR7 e VR8 Tipos <strong>de</strong> nichos <strong>de</strong> concreto e conectores em fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição<br />

Capa Índice 10356<br />

3


a) Nichos <strong>de</strong> concreto com estribo passan<strong>do</strong> no meio<br />

b) Nichos <strong>de</strong> concreto sem estribo passan<strong>do</strong> no meio<br />

Figura 3 – Ilustração das posições <strong>do</strong>s nichos <strong>de</strong> concreto<br />

3. Resulta<strong>do</strong>s e Discussão<br />

Esta pesquisa encontra-se em fase <strong>de</strong> elaboração, portanto ainda não se<br />

dispõe <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s ensaios. Entretanto, caso as vigas reforçadas<br />

consigam se comportar como monolíticas espera-se que o reforço executa<strong>do</strong><br />

consiga aumentar a capacida<strong>de</strong> portante da peça original em aproximadamente<br />

56%. Já em relação à viga VM, caso não ocorra nenhum tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>splacamento<br />

entre o concreto <strong>do</strong> reforço e <strong>do</strong> substrato, espera-se que ambas atinjam<br />

resistências semelhantes. A Tabela 2 apresenta a carga <strong>de</strong> ruptura teórica<br />

(Pu_teorica) esperada para as vigas a serem ensaiadas, segun<strong>do</strong> a NBR 6118<br />

(2003).<br />

Capa Índice 10357<br />

4


4 Conclusões preliminares<br />

Tabela 2 – Cálculo teórico das vigas ensaiadas<br />

A relação entre a carga <strong>de</strong> ruptura experimental (Pu_exp) e a carga teórica <strong>de</strong><br />

ruptura (Pu_teorica) das vigas <strong>de</strong> referência (VM e VO) e das vigas reforçadas será<br />

apresentada após os ensaios, pois o trabalho ainda está em fase <strong>de</strong> elaboração.<br />

Com os ensaios preten<strong>de</strong>-se conseguir avaliar a influência e o<br />

comportamento <strong>do</strong>s nichos e <strong>do</strong>s conectores <strong>de</strong> cisalhamento, a técnica <strong>de</strong><br />

reforço e a a<strong>de</strong>rência <strong>do</strong> reforço com o substrato.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

À CAPES pelo concessão da bolsa <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong>.<br />

Referências Bibliográficas<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR-6118, Projeto <strong>de</strong><br />

Estruturas <strong>de</strong> Concreto – Procedimento, Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, Brasil,<br />

2003.<br />

_____________. NBR 5739 – Concreto: Ensaios <strong>de</strong> compressão <strong>de</strong> corpos <strong>de</strong><br />

prova cilíndricos. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2007.<br />

SANTOS, E. W. F., Reforço <strong>de</strong> Vigas <strong>de</strong> Concreto Arma<strong>do</strong> à Flexão Por<br />

Encamisamento Parcial, Tese <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong>, COPPE / UFRJ, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, RJ, Brasil, 2006.<br />

REIS, A.P.A., Reforço <strong>de</strong> vigas <strong>de</strong> concreto arma<strong>do</strong> por meio <strong>de</strong> barras <strong>de</strong><br />

aço adicionais ou chapas <strong>de</strong> aço e argamassa <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho.<br />

São Carlos. Dissertação (Mestra<strong>do</strong>) - Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São<br />

Carlos, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 1998.<br />

Capa Índice 10358<br />

5


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10359 - 10363<br />

Desenvolvimento <strong>de</strong> um méto<strong>do</strong> para mensuração da participação <strong>do</strong><br />

agronegócio na economia: Uma aplicação ao Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás<br />

Goiás.<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás<br />

Escola <strong>de</strong> Agronomia e Engenharia <strong>de</strong> Alimentos<br />

Programa <strong>de</strong> Pós – Graduação em Agronegócio – Mestra<strong>do</strong><br />

Dinamar Maria Ferreira MARQUES<br />

dinamarmfm@gmail.com<br />

Dra. Francis Lee RIBEIRO<br />

francisleerib@gmail.com<br />

Palavras-chave: Participação <strong>do</strong> Agronegócio, Matriz <strong>de</strong> Insumo e Produto,<br />

I. INTRODUÇÃO<br />

O agronegócio é uma realida<strong>de</strong> mundial na atualida<strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> Bezerra<br />

(2009), sua existência e expressão confirmam o entendimento da<br />

complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> setor agropecuário neste século. Quan<strong>do</strong> o termo<br />

agronegócio surgiu nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, através <strong>de</strong> Davis e Goldberg (1957),<br />

eles haviam percebi<strong>do</strong> o forte crescimento das ativida<strong>de</strong>s ligadas à agricultura,<br />

as quais se tornaram maiores que a própria ativida<strong>de</strong> agrária, necessitan<strong>do</strong>,<br />

portanto, ampliar o conceito. “Hoje, o agronegócio é entendi<strong>do</strong> como a soma<br />

<strong>do</strong>s setores produtivos com os <strong>de</strong> processamento <strong>do</strong> produto final e os <strong>de</strong><br />

fabricação <strong>de</strong> insumos” (GUANZIROLI, 2006). No Brasil, este setor respon<strong>de</strong><br />

por 22,2% <strong>do</strong> PIB (Cepea, 2011) e por 37,1% <strong>do</strong> valor das exportações totais<br />

<strong>do</strong> país (Mapa, 2011).<br />

Segun<strong>do</strong> Davis & Goldberg (1957), o agronegócio (agribusiness)<br />

´caracteriza “a soma total das operações <strong>de</strong> produção e distribuição <strong>de</strong><br />

suprimentos agrícolas; das operações <strong>de</strong> produção na fazenda; <strong>do</strong><br />

armazenamento, processamento e distribuição <strong>do</strong>s produtos agrícolas e itens<br />

produzi<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong>les".<br />

Em Goiás, o agronegócio é <strong>de</strong> suma importância econômica para o<br />

esta<strong>do</strong>, é o setor que transforma, beneficia e processa as matérias primas<br />

agropecuárias em produtos elabora<strong>do</strong>s e distribui para o merca<strong>do</strong>, tanto<br />

nacional quanto internacional, contribuin<strong>do</strong> fortemente para agregação <strong>de</strong> valor<br />

aos produtos locais (LABAIG 1995, apud MENDES, 2009). A compreensão da<br />

Capa Índice 10359


sua magnitu<strong>de</strong> fornecerá subsídio no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> oferecer informações aos<br />

responsáveis pela formulação e acompanhamento <strong>de</strong> políticas públicas e<br />

privadas em Goiás.<br />

A agropecuária, um <strong>do</strong>s principais agrega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> agronegócio em Goiás,<br />

apresenta no meio rural, diferentes tipos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s vinculadas<br />

intersetorialmente às ativida<strong>de</strong>s industriais e <strong>de</strong> serviços. No setor da pecuária,<br />

uma parte é extensiva, praticada <strong>de</strong> forma tradicional, e outra bastante<br />

mo<strong>de</strong>rna e tecnificada. Em 2010, o esta<strong>do</strong> se posicionou como o segun<strong>do</strong><br />

maior em confinamento <strong>de</strong> bovinos <strong>do</strong> país e o quarto em número <strong>de</strong> cabeças.<br />

Na produção <strong>de</strong> suínos e aves, Goiás se posiciona em sexta colocação em<br />

nível nacional, com o pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> integração vertical (SEGPLAN,<br />

2011).<br />

Vale dizer, a<strong>de</strong>mais, que a vigorosa expansão agrícola <strong>de</strong> Goiás tem se<br />

sustenta<strong>do</strong> nos expressivos ganhos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> (rendimento médio), em<br />

que a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grãos1 tem cresci<strong>do</strong> acima da média brasileira.<br />

Comparativamente, enquanto nas safras <strong>de</strong> 2010 a produção nacional atingiu<br />

uma média <strong>de</strong> 3.130 kg/ha, a estadual foi <strong>de</strong> 3.463 kg/ha, ou seja, 10,6% acima<br />

da média nacional. Goiás saltou <strong>do</strong> sexto lugar no ranking brasileiro, em 1995,<br />

para o quarto em 2010, antecedi<strong>do</strong> por Paraná, Mato Grosso e Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Sul (SEGPLAN 2012).<br />

Diante <strong>do</strong> exposto, percebe-se que a agropecuária tem uma dinâmica<br />

conjunta com as agroindústrias e os serviços a ela relaciona<strong>do</strong>s em Goiás. As<br />

exportações <strong>do</strong> setor, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ministério da Agricultura (MAPA,<br />

2010) representaram 70,2% das exportações totais <strong>de</strong> Goiás, impulsionadas<br />

pela soja, carnes, açúcar, milho, algodão, couros e outro, o que resultou em<br />

US$ 2,84 bilhões <strong>de</strong> vendas.<br />

O Valor Adiciona<strong>do</strong> 2 (VA) da agropecuária goiana, em 2009 (última<br />

estatística disponível consolidada), foi estima<strong>do</strong> em R$ 10,6 bilhões,<br />

representan<strong>do</strong> 14,0% <strong>do</strong> VA estadual. A indústria <strong>de</strong> transformação<br />

representou 15,3% <strong>do</strong> VA e, seguramente, parte <strong>de</strong>sse percentual advém <strong>do</strong><br />

1 Compõem grãos: Caroço <strong>de</strong> algodão, amen<strong>do</strong>im, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia,<br />

centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo, triticale e café Segplan (2012).<br />

2 Valor que a ativida<strong>de</strong> agrega aos bens e serviços consumi<strong>do</strong>s no processo produtivo. É a<br />

contribuição ao Produto Interno Bruto pelas diversas ativida<strong>de</strong>s econômicas obtidas pela<br />

diferença entre o valor <strong>de</strong> produção e o consumo intermediário absorvi<strong>do</strong> por essas ativida<strong>de</strong>s.<br />

Capa Índice 10360


agronegócio (indústria <strong>de</strong> alimentos, têxtil, produção <strong>de</strong> álcool, produtos da<br />

ma<strong>de</strong>ira, fumo, química e outros). Ao dimensionar o agronegócio, com to<strong>do</strong>s os<br />

seus agrega<strong>do</strong>s, torna-se possível <strong>de</strong>stacar a importância ampliada <strong>do</strong> setor,<br />

com a incorporação <strong>de</strong> várias ativida<strong>de</strong>s além das concentradas <strong>de</strong>ntro da<br />

porteira - o que já é medi<strong>do</strong> anualmente pelo IBGE e por instituições estaduais<br />

<strong>de</strong> estatísticas, tanto em âmbito regional quanto nacional (SEGPLAN, 2011).<br />

Apesar da relevância <strong>do</strong> agronegócio para a economia local, não se<br />

observa nenhuma iniciativa com o objetivo <strong>de</strong> dimensioná-lo e a seus<br />

agrega<strong>do</strong>s, como se tem observa<strong>do</strong> no Brasil. Diversas ações com diferentes<br />

objetivos foram realizadas no país para avaliar o agronegócio em âmbito<br />

nacional e regional. Dentre os trabalhos que dimensionaram a participação e<br />

evolução <strong>do</strong> agronegócio brasileiro, cita-se os <strong>de</strong> Araújo et al. (1990), Santana<br />

(1994), Furtuoso et al. (1998), Montoya e Guilhoto (2000) e Nunes e Contini<br />

(2001).<br />

Dessa forma, o estu<strong>do</strong> aqui proposto soma-se aos esforços já realiza<strong>do</strong>s<br />

no Brasil no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> separar <strong>do</strong> to<strong>do</strong> da economia a parte que se refere ao<br />

agronegócio, engloban<strong>do</strong>, além da agropecuária, to<strong>do</strong>s os agrega<strong>do</strong>s a<br />

montante e a jusante. Portanto, tem-se como objetivo geral <strong>de</strong>senvolver um<br />

méto<strong>do</strong> para mensurar o montante <strong>do</strong> valor adiciona<strong>do</strong> <strong>do</strong> agronegócio e <strong>de</strong><br />

seus agrega<strong>do</strong>s na economia goiana.<br />

2. Meto<strong>do</strong>logia Mensuração <strong>do</strong> Agronegócio<br />

A meto<strong>do</strong>logia proposta para a mensuração <strong>do</strong> agronegócio toma como<br />

referencial básico os trabalhos <strong>de</strong> Guilhoto, Furtuoso et al. (2000), “O<br />

Agronegócio na Economia Brasileira 1994 a 1999”. Os autores analisaram o<br />

agronegócio brasileiro <strong>de</strong> forma agregada e a proposta <strong>de</strong>ste trabalho é<br />

mensurar o agronegócio <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás, bem como o valor <strong>de</strong> cada<br />

agrega<strong>do</strong>, a montante e a jusante <strong>do</strong> setor agropecuário.<br />

Para <strong>de</strong>terminar o dimensionamento <strong>do</strong> agronegócio goiano, será<br />

necessária a construção da Matriz <strong>de</strong> Insumo e Produto (MIP), a base será a<br />

Tabela <strong>de</strong> Recursos e Usos <strong>de</strong> Goiás (TRU). Dessa forma, o cálculo da (MIP)<br />

servirá tanto para dimensionar os agrega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> agronegócio, como para o<br />

cálculo <strong>do</strong>s coeficientes técnicos.<br />

Capa Índice 10361


A partir da referida meto<strong>do</strong>logia, foi possível construir a matriz <strong>de</strong> insumo<br />

e produto, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> originou a base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s para o cálculo <strong>do</strong> agronegócio<br />

goiano. Dessa forma, tornou-se possível estimar os agrega<strong>do</strong>s que compõem o<br />

agronegócio: agrega<strong>do</strong> I (<strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento em agrega<strong>do</strong> I agricultura e<br />

pecuária), parte anterior à produção rural, na qual engloba os fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

insumos e fatores <strong>de</strong> produção para os produtores rurais, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> à<br />

montante <strong>do</strong> agronegócio; agrega<strong>do</strong> II, a agropecuária propriamente dita, valor<br />

adiciona<strong>do</strong> gera<strong>do</strong> pelo setor agropecuário e extrativismo vegetal; agrega<strong>do</strong> III,<br />

a jusante, valor <strong>do</strong> produto agroindustrial, valor adiciona<strong>do</strong> pelas indústrias <strong>de</strong><br />

base agrícola que compõem o setor agroindustrial a montante da ativida<strong>de</strong><br />

agrícola; e, por fim, o agrega<strong>do</strong> IV, valor da distribuição final <strong>do</strong> agronegócio,<br />

setor relativo ao transporte e margem <strong>de</strong> distribuição <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> serviços. A<br />

equação básica que resultará no valor <strong>do</strong> PIB <strong>do</strong> Agronegócio goiano será:<br />

Agronegócio= Montante+Produto rural+Jusante.<br />

3. Resulta<strong>do</strong>s e Discussão<br />

Os resulta<strong>do</strong>s estão em construção, ainda são preliminares. Como<br />

menciona<strong>do</strong> na meto<strong>do</strong>logia, para o dimensionamento <strong>do</strong> agronegócio goiano,<br />

foi necessário calcular a Matriz <strong>de</strong> Insumo e Produto para o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás.<br />

De posse da matriz, foi possível evoluir a matriz a preço básico.<br />

A partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s da matriz a preço básico, fez se um recorte analítico<br />

para os produtos que compõem a ca<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> agronegócio goiano. A soja foi o<br />

produto mais vendi<strong>do</strong> para o setor da agropecuária, no valor <strong>de</strong> R$ 104<br />

milhões, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> outros produtos da lavoura temporária, com R$ 38 milhões<br />

e <strong>de</strong> suínos, aves e pesca, com R$ 32 milhões. Quanto ao beneficiamento <strong>do</strong>s<br />

produtos da agropecuária, a ca<strong>de</strong>ia produtiva <strong>de</strong> bovinos, outros animais e leite<br />

foi a que mais ven<strong>de</strong>u para a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> beneficiamento, com R$ 3.024<br />

bilhões, seguida <strong>do</strong> produto soja, com R$ 2.167 bilhões, cana-<strong>de</strong>-açúcar, com<br />

R$ 1.581 bilhão e cereais para grãos, com R$ 1.412 bilhão. Com estes<br />

resulta<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>-se observar a importância <strong>do</strong>s complexos <strong>do</strong> agronegócio para<br />

os setores econômicos em Goiás.<br />

Capa Índice 10362


REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS<br />

ARAÚJO, M. J. Fundamentos <strong>de</strong> Agronegócio. 145. São Paulo: 2003. 145 ISBN 85-<br />

224-3396-8.<br />

BEZERRA, J. E. Agronegócio e I<strong>de</strong>ologia: Contribuições Teóricas. Revista NERA<br />

Presi<strong>de</strong>nte Pru<strong>de</strong>nte- SP. 12: 112-124 p. 2009.<br />

CEPEA. Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Avança<strong>do</strong>s em Economia Aplicada - ESALQ/USP.<br />

Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/. Acesso setembro. 2012.<br />

GUANZIROLI. E.C. Agronegócio no Brasil: perspectivas e limitações. Economia –<br />

Texto para Discussão – 186ISSN 1519-4612. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense.<br />

Niterói (RJ).TD 186 .Abril/2006. ISSN 1519-4612. Disponível em:<br />

http://www.uff.br/econ/<strong>do</strong>wnload/tds/UFF_TD186.pdf. Acesso em setembro. 2012.<br />

MAPA. Ministério da Agricultura. Disponível<br />

em:http://www.agricultura.gov.br/internacional/indica<strong>do</strong>res-e-estatisticas/balancacomercial.<br />

Acesso em junho.2012.<br />

GUILHOTO, J. J. M.; FURTUOSO, M. C. O.; BARROS, G. S. A. D. O Agronegócio na<br />

Economia Brasileira – 1994 a 1999. Piracicaba-SP: 2000. 134<br />

MENDES, E. D. P. P. A Organização <strong>do</strong> Espaço Agrário em Goiás:<br />

Transformações Socioespaciais <strong>do</strong> século XVIII ao XX. In: IV. Simpósio<br />

Internacional <strong>de</strong> Geografia Agrária e V Simpósio Nacional <strong>de</strong> Geografia Agrária, 2009,<br />

. <strong>Anais</strong> <strong>do</strong> IV Simpósio Internacional <strong>de</strong> Geografia Agrária e V Simpósio Nacional <strong>de</strong><br />

Geografia Agrária. Niterói -RJ. 2012: 1-21 p. 2009.<br />

NUNES, E. P.; CONTINI, E. Complexo Agroindustrial Brasileiro. 1ª edição. Brasília<br />

-DF: 2001.<br />

SEGPLAN. Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gestão e Planejamento. Produto Interno Bruto<br />

Goiano 2009. Goiânia: SEGPLAN, Disponível em . Acesso<br />

em: junho. 2012.<br />

Capa Índice 10363


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10364 - 10368<br />

ALTERNATIVAS PARA A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS<br />

RECICLÁVEIS E COMPOSTÁVEIS NO CENTRO-OESTE DO BRASIL<br />

Diógenes Aires <strong>de</strong> MELO; Simone Costa PFEIFFER<br />

Escola <strong>de</strong> Engenharia Civil – diogenes.residuos@gmail.com;<br />

Palavras-chave: resíduos sóli<strong>do</strong>s, gestão <strong>de</strong> resíduos, reciclagem, compostagem,<br />

Centro-Oeste.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Agra<strong>de</strong>cemos em especial, à FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO<br />

ESTADO DE GOIÁS (FAPEG), pela concessão <strong>de</strong> bolsa <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> ao<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Meio Ambiente (PPGEMA) da<br />

Escola <strong>de</strong> Engenharia Civil (EEC) da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (<strong>UFG</strong>).<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Os mo<strong>do</strong>s pre<strong>do</strong>minantes <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> produção na contemporaneida<strong>de</strong> são<br />

responsáveis por um <strong>do</strong>s maiores <strong>de</strong>safios da humanida<strong>de</strong>: a questão <strong>do</strong>s resíduos<br />

sóli<strong>do</strong>s. A problemática <strong>do</strong>s resíduos sóli<strong>do</strong>s urbanos (RSU) é uma questão<br />

extremamente complexa e que necessita ser tratada com atenção, <strong>de</strong> forma<br />

integrada, sistêmica e transdisciplinar com toda a socieda<strong>de</strong>. A complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

RSU parte <strong>de</strong> <strong>do</strong>is pontos principais. Segun<strong>do</strong> Melo et al (2012), o primeiro está<br />

relaciona<strong>do</strong> à crescente geração, promovida pela associação <strong>de</strong> fatores como o<br />

crescimento populacional, a oferta crescente <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> produtos conten<strong>do</strong><br />

materiais diferentes, juntamente com o aumento <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r aquisitivo da população<br />

para satisfazer suas diversas necessida<strong>de</strong>s. Em segun<strong>do</strong> lugar, os problemas<br />

<strong>de</strong>correm <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> tratamento e <strong>de</strong>stinação final a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> maneira<br />

inapropriada para os resíduos.<br />

O estu<strong>do</strong> envolve a Região Centro-Oeste por ser esta uma região estratégica<br />

logisticamente e politicamente. Entretanto, a Região Centro-Oeste possui vários<br />

problemas i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s pela ABRELPE, como a região com menores investimentos<br />

<strong>de</strong> recursos financeiros na coleta <strong>do</strong>s RSU; com o menor percentual <strong>de</strong> municípios<br />

com iniciativas <strong>de</strong> coleta seletiva - 28,1% contra 80,1% da Região Su<strong>de</strong>ste; e ainda,<br />

Capa Índice 10364


é a pior em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinação final, com 71% <strong>do</strong>s RSU sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a<br />

lixões e aterros controla<strong>do</strong>s.<br />

Dessa forma, o presente estu<strong>do</strong> tem como objetivo geral propor alternativas<br />

<strong>de</strong> gestão integrada para as frações recicláveis e compostáveis provenientes <strong>do</strong>s<br />

resíduos sóli<strong>do</strong>s urbanos da Região Centro-Oeste <strong>do</strong> Brasil consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os<br />

aspectos técnicos, econômicos, sociais e ambientais.<br />

2. MATERIAL E MÉTODOS<br />

A seleção <strong>do</strong>s municípios foi realizada com base em da<strong>do</strong>s secundários<br />

obti<strong>do</strong>s junto às instituições <strong>de</strong> ensino e <strong>de</strong> pesquisa, associações profissionais e<br />

órgãos governamentais. Os da<strong>do</strong>s referem-se ao sistema <strong>de</strong> gerenciamento <strong>do</strong>s<br />

resíduos e as tecnologias a<strong>do</strong>tadas nos municípios da região. Assim, Procurou-se<br />

coletar os da<strong>do</strong>s referentes a um ano <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong> processo ou da<br />

tecnologia, sen<strong>do</strong> preferencialmente o ano <strong>de</strong> 2011. Para isso consi<strong>de</strong>rou-se os<br />

seguintes critérios:<br />

• Porte <strong>do</strong> município: escolheu-se municípios <strong>de</strong> pequeno porte (até 20 mil<br />

habitantes), médio porte (<strong>de</strong> 20 a 200 mil) e gran<strong>de</strong> porte (acima <strong>de</strong> 200 mil).<br />

• Regularida<strong>de</strong> e maior cobertura <strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> coleta convencional;<br />

• Existência <strong>de</strong> Aterro Sanitário;<br />

• Existência <strong>de</strong> coleta seletiva, central <strong>de</strong> triagem e/ou compostagem;<br />

• Tempo <strong>de</strong> funcionamento;<br />

• Existência <strong>de</strong> gestão consorciada ou compartilhamento <strong>de</strong> tecnologias e;<br />

• Indicação <strong>do</strong> órgão estadual <strong>de</strong> meio ambiente.<br />

Os municípios que tiveram o maior número <strong>de</strong> critérios atendi<strong>do</strong>s receberam<br />

maiores pesos para a seleção. Após a escolha <strong>do</strong> município tem si<strong>do</strong> importante<br />

levantar da<strong>do</strong>s acerca das Políticas Públicas a<strong>do</strong>tadas, o quadro legal, o perfil<br />

institucional e o arranjo <strong>do</strong>s atores envolvi<strong>do</strong>s. Fotos aéreas e imagens <strong>de</strong> satélite<br />

serão obtidas num primeiro momento a partir <strong>do</strong> Google Earth e base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

georeferencia<strong>do</strong>s das instituições citadas anteriormente e órgãos estaduais e<br />

municipais. Posteriormente será levanta<strong>do</strong> por meio <strong>de</strong> visitas técnicas, os da<strong>do</strong>s<br />

técnicos, socioeconômicos e ambientais acerca da gestão e gerenciamento <strong>do</strong>s<br />

RSU, inclusive da operação das tecnologias estudadas nos municípios<br />

Capa Índice 10365


seleciona<strong>do</strong>s.<br />

A coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s será realizada a partir <strong>de</strong> questionários, com perguntas<br />

fechadas e abertas, a serem envia<strong>do</strong>s via e-mail, previamente às visitas técnicas.<br />

Para subsidiar esse trabalho, serão promovidas reuniões e entrevistas com<br />

gravação audiovisual e registros fotográficos nos vários locais <strong>de</strong> interesse e que<br />

facilitarão o levantamento <strong>de</strong> campo. Serão realizadas entrevistas com gestores,<br />

técnicos, opera<strong>do</strong>res, população, cata<strong>do</strong>res, comerciários e industriários, ou outros<br />

atores envolvi<strong>do</strong>s. Após a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s será realizada o tratamento <strong>do</strong>s mesmos<br />

a partir <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> programas computacionais como o Excel para criação <strong>de</strong> tabelas<br />

e gráficos, o ArcGis para mapas, o Corel Draw e o AutoCad para <strong>de</strong>senhos e<br />

tratamento <strong>de</strong> imagens. Nesta ocasião, será feito a conferência <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s e os<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s ajustes caso haja falha nos repasses <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s secundários. Nesta etapa<br />

também, serão feitas estimativas quanto à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resíduos gera<strong>do</strong>s, custos<br />

<strong>de</strong> implantação e <strong>de</strong> operação, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

Por fim será realiza<strong>do</strong> uma análise das alternativas aplicáveis à região<br />

Centro-Oeste levan<strong>do</strong> em conta aspectos técnicos, socioeconômicos e ambientais.<br />

Depois da análise serão recomendadas alternativas <strong>de</strong> gestão a<strong>de</strong>quadas para os<br />

municípios da Região Centro-Oeste <strong>do</strong> Brasil <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista técnico,<br />

socioeconômico e ambiental.O Mo<strong>de</strong>lo a ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> para o Centro-Oeste <strong>do</strong> Brasil<br />

será compostos por cenários possíveis <strong>de</strong> serem implanta<strong>do</strong>s e opera<strong>do</strong>s para cada<br />

tipo <strong>de</strong> município classifica<strong>do</strong> por porte.<br />

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

De acor<strong>do</strong> com os critérios: porte <strong>do</strong> município; regularida<strong>de</strong> e maior<br />

cobertura <strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> coleta convencional; existência <strong>de</strong> tecnologias; tempo <strong>de</strong><br />

funcionamento; existência <strong>de</strong> gestão consorciada e Indicação <strong>do</strong> órgão estadual <strong>de</strong><br />

meio ambiente; foi seleciona<strong>do</strong> 8 municípios, os quais estão apresenta<strong>do</strong>s na na<br />

Tabela 1.<br />

Tabela 1 - Municípios exitosos em gestão <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s urbanos da Região Centro-Oeste<br />

<strong>do</strong> Brasil seleciona<strong>do</strong>s para o estu<strong>do</strong> e suas características principais<br />

Capa Índice 10366


UNIDADE DA<br />

FEDERAÇÃO<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

Goiás<br />

Mato Grosso<br />

MUNICÍPIO / REGIÃO<br />

ADMINISTRATIVA<br />

Brasília<br />

Ceilândia<br />

PORTE DO<br />

MUNICÍPIO<br />

POPULAÇÃO<br />

(hab)*<br />

Goiânia Gran<strong>de</strong> 1.302.001<br />

Cida<strong>de</strong> Oci<strong>de</strong>ntal Médio 55.915<br />

Chapadão <strong>do</strong> Céu Pequeno 7.001<br />

Colí<strong>de</strong>r Médio 30.766<br />

Tangará da Serra Médio 83.431<br />

Mato Grosso <strong>do</strong> Sul Doura<strong>do</strong>s Gran<strong>de</strong> 196.035<br />

Fonte: *IBGE (2010)<br />

Gran<strong>de</strong> 2.570.160<br />

Já a Tabela 2 apresenta as características <strong>do</strong>s processos e das plantas que<br />

contém as tecnologias envolvidas em cada um <strong>do</strong>s municípios seleciona<strong>do</strong>s da<br />

Região Centro-Oeste <strong>do</strong> Brasil.<br />

Tabela 2 – Caracterização geral das plantas das tecnologias exitosas <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong><br />

resíduos sóli<strong>do</strong>s urbanos visitadas na região centro oeste <strong>do</strong> Brasil.<br />

Tecnologias visitadas UF Municípios (ou regiões administrativas) Natureza <strong>do</strong><br />

abrangentes regulares.<br />

presta<strong>do</strong>r<br />

Usina <strong>de</strong> Triagem e<br />

Compostagem da Asa Sul –<br />

Sistema DANO<br />

Usina <strong>de</strong> Triagem e<br />

Compostagem <strong>de</strong> Ceilândia<br />

Central <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong><br />

Resíduos Garça Branca<br />

Cooperativa <strong>do</strong>s Cata<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

Materiais Recicláveis Meio<br />

Ambiente Saudável -<br />

COOPERMAS<br />

Associação <strong>de</strong> Agentes<br />

Coletores <strong>de</strong> Doura<strong>do</strong>s -<br />

DF<br />

DF<br />

Brasília, São Sebastião, Lago Sul, Lago Norte,<br />

Cruzeiro, S.I.A., Núcleo Ban<strong>de</strong>irante,<br />

Candangolândia, parte <strong>do</strong> Guará e Paranoá, ou<br />

seja, a parte leste e sul <strong>do</strong> DF e em torno <strong>de</strong> até<br />

15 km <strong>de</strong> distância da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento<br />

Ceilândia, Taguatinga, Águas Claras, Riacho<br />

Fun<strong>do</strong> e Samambaia, ou seja, a parte oeste <strong>do</strong><br />

DF e em torno <strong>de</strong> até 15 km <strong>de</strong> distância da<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento<br />

Priva<strong>do</strong> –<br />

Delta<br />

Engenharia<br />

Priva<strong>do</strong> –<br />

Valor<br />

Ambiental<br />

GO Chapadão <strong>do</strong> céu Público<br />

GO Goiânia<br />

MS Doura<strong>do</strong>s<br />

Terceiro Setor<br />

/ Cooperativas<br />

<strong>de</strong> Cata<strong>do</strong>res<br />

Terceiro Setor<br />

/ Cooperativas<br />

Capa Índice 10367


AGECOLD <strong>de</strong> Cata<strong>do</strong>res<br />

Central <strong>de</strong> Triagem GO Cida<strong>de</strong> Oci<strong>de</strong>ntal Público<br />

Usina <strong>de</strong> Triagem e Aterro<br />

Sanitário<br />

MT Colí<strong>de</strong>r Público<br />

Central <strong>de</strong> Triagem MT Tangará da Serra Público<br />

Diante da realida<strong>de</strong> socioeconômica <strong>do</strong>s municípios da região Centro-Oeste<br />

espera-se que soluções como a<strong>do</strong>ção da coleta seletiva, centrais <strong>de</strong> triagem, pátios<br />

<strong>de</strong> compostagem, estação <strong>de</strong> transferência, aterro com e sem o aproveitamento<br />

energético e outras farão parte <strong>do</strong> mix <strong>de</strong> tecnologias disponíveis e viáveis técnicoeconomicamente<br />

e ambientalmente.<br />

4. CONCLUSÕES<br />

Até o presente momento da pesquisa é possível observar a falta <strong>de</strong><br />

investimento financeiro neste importante setor, a falta <strong>de</strong> técnicos capacita<strong>do</strong>s e a<br />

ociosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maquinários que fazem com que as soluções a serem a<strong>do</strong>tadas<br />

<strong>do</strong>tarão <strong>de</strong> menos tecnologias <strong>de</strong> fora a fim <strong>de</strong> que cada elemento eficaz da gestão<br />

<strong>do</strong>s RSU sejam atendidas.<br />

Recomenda-se o prosseguimento da pesquisa para que sejam alcança<strong>do</strong>s<br />

efetivamente os objetivos geral e específicos propostos para o tema da pesquisa.<br />

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E<br />

RESÍDUOS ESPECIAIS (ABRELPE). Panorama <strong>do</strong>s Resíduos Sóli<strong>do</strong>s no Brasil<br />

2011. São Paulo, 2012.184 p.<br />

• BRASIL. Lei nº 10.257, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001. Regulamenta os artigos 182 e<br />

183 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá<br />

outras providências. Brasília. 2001.<br />

• MELO, Diógenes Aires; VINCIGUERA, Mariângela; SOUZA, Patrícia Cal<strong>de</strong>ira;<br />

PFEIFFER, Simone Costa. O Descarte Ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> Resíduos Sóli<strong>do</strong>s e seus<br />

Impactos no Meio Ambiente e na Saú<strong>de</strong> Pública em Goiânia (Go). In: XXXIII<br />

CONGRESSO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E<br />

AMBIENTAL. Salva<strong>do</strong>r-BA, Brasil, 2012. 11 p. 1 pen driver.<br />

Capa Índice 10368


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10369 - 10373<br />

MEDIDAS DE DISSIMILARIDADE GENÉTICA ENTRE BOVINOS PANTANEIROS<br />

PARA ORIENTAÇÃO DE ACASALAMENTO – RESULTADOS PARCIAIS¹<br />

Diogo Alves da Costa FERRO²; Eliane Sayuri MIYAGI³; Emmanuel ARNHOLD³;<br />

Raquel Soares JULIANO 4 ; Maria Clorinda Soares FIORAVANTI³; Rafael Alves da<br />

Costa FERRO 5 ; Bruna Paula Alves da SILVA 6<br />

¹ Dissertação que compõe a re<strong>de</strong> “Caracterização, conservação e uso das raças<br />

bovinas locais brasileiras: Curraleiro e Pantaneiro”. Financia<strong>do</strong> pelo CNPq, CAPES e<br />

FAPEG<br />

² Mestran<strong>do</strong> <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciência Animal–EVZ-<strong>UFG</strong>.<br />

Professor <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Zootecnia da UEG. diogo2acf@hotmail.com<br />

³ Prof.(a) Dr(a) da EVZ/<strong>UFG</strong><br />

4<br />

Dra. <strong>Pesquisa</strong><strong>do</strong>ra da Embrapa Pantanal<br />

5<br />

Mestran<strong>do</strong> <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciência Animal–EVZ-<strong>UFG</strong>.<br />

Professor <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Zootecnia da UEG<br />

6<br />

Mestranda <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciência Animal–EVZ-<strong>UFG</strong>.<br />

Palavras-chave: en<strong>do</strong>gamia, genotipagem, marca<strong>do</strong>res moleculares, variabilida<strong>de</strong><br />

genética.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Nos últimos anos diversos países têm se preocupa<strong>do</strong> com a perda genética<br />

<strong>de</strong> raças e populações, ocasionada pela substituição das raças locais. Essa<br />

substituição vem ocorren<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste o final <strong>do</strong> século XIX, com a eliminação <strong>de</strong>sses<br />

animais, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s menos produtivos ou pela a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> cruzamento absorvente<br />

(EGITO et al., 2002).<br />

Isso foi observa<strong>do</strong> no rebanho bovino Pantaneiro, que teve sua origem na<br />

Península Ibérica e foram trazi<strong>do</strong>s para o Brasil durante sua colonização, (RANGEL,<br />

et al., 2004). Esses animais se adaptaram bem as condições da região pantaneira,<br />

mas por não serem animais altamente especializa<strong>do</strong>s para produção <strong>de</strong> carne,<br />

foram ao longo <strong>do</strong>s anos substituí<strong>do</strong>s por outros bovinos, principalmente zebuínos<br />

da raça Nelore.<br />

A perda da diversida<strong>de</strong> genética <strong>de</strong>ssa raça po<strong>de</strong> ser minimizada manten<strong>do</strong> a<br />

variabilida<strong>de</strong> genética com a utilização <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> conservação, executa<strong>do</strong>s<br />

pelas Universida<strong>de</strong>s e Institutos <strong>de</strong> pesquisa (EGITO et al., 2002), em parceria com<br />

Capa Índice 10369


produtores interessa<strong>do</strong>s em criá-la. Segun<strong>do</strong> COSTA & MARTINS (2008), os<br />

programas <strong>de</strong> conservação genética po<strong>de</strong>m ser in situ (manutenção em seu habitat<br />

natural) e ex situ (manutenção fora <strong>do</strong> ambiente natural, com a inclusão <strong>de</strong> bancos<br />

<strong>de</strong> germoplasma).<br />

A variabilida<strong>de</strong> genética sofre gran<strong>de</strong> impacto <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> acasalamento,<br />

que quan<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira incorreta po<strong>de</strong> aumentar a taxa <strong>de</strong> en<strong>do</strong>gamia<br />

(MALHADO et al., 2008). A en<strong>do</strong>gamia é caracterizada pelo acasalamento entre<br />

indivíduos que possuem algum grau <strong>de</strong> parentesco, aumentan<strong>do</strong> a homozigose e<br />

diminuin<strong>do</strong> a heterozigose, por isso <strong>de</strong>ve ser evitada, pois como consequência po<strong>de</strong><br />

haver a fixação e expressão <strong>de</strong> genes in<strong>de</strong>sejáveis nessa população (QUEIROZ et<br />

al., 2000).<br />

O controle da en<strong>do</strong>gamia po<strong>de</strong> ocorrer com o auxilio da dissimilarida<strong>de</strong><br />

genética, ou seja, pela diferença genética entre os bovinos pantaneiros, por meio da<br />

caracterização genética, com as informações <strong>de</strong> parentesco e obtenção <strong>do</strong> teste <strong>de</strong><br />

paternida<strong>de</strong> (RON et al., 1996), com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> permitir maior confiabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

parâmetros genéticos (CURI & LOPES, 2001). Por isso a caracterização genética é<br />

<strong>de</strong> fundamental importância para os programas <strong>de</strong> conservação, sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong><br />

como uma alternativa para quantificar a diversida<strong>de</strong> genética (MENEZES, 2005).<br />

Para a <strong>de</strong>terminação da caracterização genética, o teste <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong> e a<br />

diversida<strong>de</strong> genética, são utiliza<strong>do</strong>s os marca<strong>do</strong>res microssatélites: segmentos<br />

curtos <strong>de</strong> DNA <strong>de</strong> 1 a 6 pares <strong>de</strong> base, que se repetem em sequência por to<strong>do</strong> o<br />

genoma <strong>do</strong>s organismos eucariotas, sen<strong>do</strong> altamente polimórficos e obti<strong>do</strong>s<br />

facilmente pela técnica <strong>de</strong> amplificação – PCR (MENEZES, et al., 2006). Os<br />

marca<strong>do</strong>res microssatélites permitem avaliar a variabilida<strong>de</strong> genética <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />

população além <strong>de</strong> estimar a relação genética entre os indivíduos (MENEZES,<br />

2005).<br />

Uma vez que as raças locais estão sen<strong>do</strong> ameaçadas <strong>de</strong> extinção é <strong>de</strong><br />

extrema importância conservar os recursos genéticos <strong>de</strong>ssas populações, manten<strong>do</strong><br />

a variabilida<strong>de</strong> genética e o número efetivo <strong>de</strong> indivíduos. Neste contexto, objetivou-<br />

se estabelecer <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> acasalamento <strong>de</strong> rebanhos <strong>de</strong> bovinos Pantaneiro<br />

basea<strong>do</strong>s na diversida<strong>de</strong> genética, evitan<strong>do</strong> ou minimizan<strong>do</strong> os efeitos da<br />

en<strong>do</strong>gamia.<br />

Capa Índice 10370<br />

2


MATERIAL E MÉTODOS<br />

Para a caracterização da genética molecular foram utiliza<strong>do</strong>s quatro rebanhos<br />

<strong>de</strong> bovinos Pantaneiros <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Mato Grosso e Mato Grosso <strong>do</strong> Sul.<br />

As amostras <strong>de</strong> sangue foram colhidas em tubos com anticoagulante e<br />

congeladas com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter um banco <strong>de</strong> DNA. Amostras <strong>de</strong> pelos foram<br />

colhidas, armazenadas em temperatura ambiente, em envelopes <strong>de</strong> papel e<br />

enviadas para o Laboratório <strong>de</strong> Genética Molecular Aplicada, localiza<strong>do</strong> na<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cór<strong>do</strong>ba – Espanha, para análise genética.<br />

A extração <strong>do</strong> DNA <strong>do</strong> sangue será realizada com o reagente comercial<br />

Bloodclean <strong>de</strong> purificação <strong>de</strong> ADN (BIOTOOLS – Biotechnological & Medical<br />

Laboratories, Espanha), seguin<strong>do</strong> a indicação <strong>do</strong> fabricante. A extração <strong>de</strong> DNA <strong>do</strong><br />

pêlo <strong>do</strong>s animais seguirá o protocolo proposto por ALJANABI & MARTINEZ (1997).<br />

A genotipagem será realizada por meio <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s pela<br />

amplificação <strong>de</strong> 28 marca<strong>do</strong>res microssatélites recomenda<strong>do</strong>s pela FAO, mediante a<br />

técnica <strong>de</strong> reação em ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> polimerase (PCR). A separação <strong>do</strong>s fragmentos<br />

será realizada por eletroforese em gel <strong>de</strong> agarose em sequencia<strong>do</strong>r automático ABI<br />

3130. Os resulta<strong>do</strong>s das análises <strong>do</strong>s fragmentos e a tipificação alélica serão<br />

realizadas com o auxílio <strong>do</strong>s programas GENESCAN ANALYSIS® 3.1.2 e<br />

GENOTYPER® 2.5.2, respectivamente. Esta ativida<strong>de</strong> será <strong>de</strong>senvolvida no<br />

Laboratório <strong>de</strong> Genética Molecular Animal da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cór<strong>do</strong>ba, Espanha.<br />

As frequências alélicas e heterozigosida<strong>de</strong> (observada e esperada) serão<br />

calculadas por intermédio <strong>do</strong> programa informático GENETIX v. 4.02.<br />

O conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> informação polimórfica (PIC) <strong>de</strong> cada microssatélite será<br />

calcula<strong>do</strong> pela aplicação da fórmula proposta por BOTSTEIN et al. (1980), on<strong>de</strong><br />

valores <strong>de</strong> PIC superiores a 0,5 serão consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s muito informativo, PIC entre<br />

0,25 e 0,50 mediamente informativo e PIC inferior a 0,25 pouco informativo.<br />

Para a prova <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> Hardy-Weinberg (HW) será utiliza<strong>do</strong> o programa<br />

informático GENEPOP v.3.1c, que aplica o teste exato <strong>de</strong> Fisher usan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Monte Carlo Harkov.<br />

A probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exclusão por marca<strong>do</strong>r (PE) e para o conjunto <strong>de</strong><br />

marca<strong>do</strong>res (PEC) será calculada pelo programa informático CERVUS 2.0 e a<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> por marca<strong>do</strong>r (PI), além <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> marca<strong>do</strong>res (PI<br />

acumulada) pelo programa informático API-CALC.<br />

Capa Índice 10371<br />

3


A distância genéticas entre as populações serão calculadas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />

DA <strong>de</strong> NEI et al. (1987), usan<strong>do</strong> o programa computacional POPULATIONS. Com os<br />

valores <strong>de</strong> distância obti<strong>do</strong>s será realiza<strong>do</strong> um <strong>de</strong>ndrograma utilizan<strong>do</strong> o algoritmo<br />

Neighbor-Joining.<br />

Basea<strong>do</strong> nos resulta<strong>do</strong>s das avaliações genéticas será implanta<strong>do</strong> o<br />

programa <strong>de</strong> acasalamento nos rebanhos, priorizan<strong>do</strong> uma maior diversida<strong>de</strong><br />

genética e sugerin<strong>do</strong> alternativas aplicáveis <strong>de</strong> manejo reprodutivo condizentes com<br />

a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada rebanho (monta controlada, inseminação artificial, rodízio <strong>de</strong><br />

touros).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

As colheitas <strong>de</strong> sangue e pelo foram realizadas no segun<strong>do</strong> semestre <strong>de</strong> 2011<br />

e as amostras <strong>de</strong> pelo foram encaminhadas para a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cór<strong>do</strong>ba,<br />

Espanha, para a caracterização da genética molecular.<br />

Ao total foram visita<strong>do</strong>s quatro rebanhos <strong>de</strong> bovinos Pantaneiros, perfazen<strong>do</strong><br />

262 amostras.<br />

Fazenda Nhumirin – Corumbá (MS) = 101<br />

Fazenda da UEMS – Aquidauana (MS;) = 15<br />

Fazenda Santo Augusto – Roche<strong>do</strong> (MS) = 38<br />

Fazenda Jofre – Poconé (MT) = 108<br />

CONCLUSÕES<br />

Como resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s serão obti<strong>do</strong>s a caracterização genética <strong>do</strong>s<br />

bovinos Pantaneiros e obtenção <strong>de</strong> grau <strong>de</strong> parentesco entre os rebanhos para a<br />

implantação <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> acasalamento, com monta natural, rodízio <strong>de</strong> touros ou<br />

inseminação artificial, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliação <strong>do</strong> número <strong>de</strong> animais, maior<br />

controle <strong>de</strong> en<strong>do</strong>gamia e aumento da diversida<strong>de</strong> genética.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1. ALJANABI, S. M.; MARTINEZ, I. Universal and rapid salt-extraction of high quality<br />

genomic DNA for PCR- based techniques. Nucleic Acids Research, Oxford, v.25,<br />

p.4692-4693, 1997.<br />

Capa Índice 10372<br />

4


2. BOTSTEIN, D.; WHITE, R. L.; SKOLMICK, H.; DAVIS, R. W. Construction of a<br />

genetic linkage map in man using restriction fragment length polymorphism.<br />

American Journal of Human Genetics, Chicago, v. 32, p. 314-331, 1980.<br />

3. COSTA, P. M.; MARTINS, C. F. Conservação <strong>de</strong> recursos genéticos animais<br />

através <strong>de</strong> biotecnicas <strong>de</strong> reprodução. Universitas Ciências da Saú<strong>de</strong>, Brasília, v.<br />

6, n. 1, p. 39-55, 2008.<br />

4. CURI, R. A.; LOPES, C. R. Teste <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong> em bovinos. Biotecnologia,<br />

Ciência e Desenvolvimento, Brasília, v. 21, p. 40-45, 2001.<br />

5. EGITO, A. A.; MARIANTE, A. S.; ALBUQUERQUE, M. S. M. Programa brasileiro<br />

<strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> recursos genéticos animais. Archivos <strong>de</strong> Zootecnia, Cór<strong>do</strong>ba,<br />

v. 51, n.193-194, p. 50, 2002.<br />

6. MALHADO, C. H. M.; CARNEIRO, P. L. S.; PEREIRA, D. G.; MARTINS FILHO, R.<br />

Progresso genético e estrutura populacional <strong>do</strong> rebanho nelore <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia.<br />

<strong>Pesquisa</strong> Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 43, n. 9, p. 1163-1169, 2008.<br />

7. MENEZES, M. P. C.; MARTINEZ, A. M.; RIBEIRO, M. N.; PIMENTA FILHO, E. C.;<br />

BERMEJO, J. V. D. Caracterização genética <strong>de</strong> raças caprinas nativas brasileiras<br />

utilizan<strong>do</strong>-se 27 marca<strong>do</strong>res microssatélites. Revista Brasileira <strong>de</strong> Zootecnia,<br />

Viçosa, v. 35, n. 4, p. 1336-1341, 2006.<br />

8. MENEZES, M. P. C. Variabilida<strong>de</strong> e relações genéticas entre raças caprinas<br />

nativas brasileiras, ibéricas e canárias. 2005. 110f. Tese (Doutora<strong>do</strong> em<br />

Produção Animal) – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural<br />

<strong>de</strong> Pernambuco, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Ceará, Areia.<br />

9. NEI, M. Molecular evolutionary genetics. New York: Columbia University Press,<br />

1987.<br />

10. QUEIROZ, S. A.; ALBUQUERQUE, L. G.; LANZONI, N. A. Efeito da en<strong>do</strong>gamia<br />

sobre características <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> bovinos da raça Gir no Brasil. Revista<br />

Brasileira <strong>de</strong> Zootecnia, Viçosa, v. 29, n. 4, p. 1014-1019, 2000.<br />

11. RANGEL, P. N.; ZUCCHI, M. I.; FERREIRA, M. E. Similarida<strong>de</strong> genética entre<br />

raças bovinas brasileiras. <strong>Pesquisa</strong> Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 39, n.1, p.<br />

97-100, 2004.<br />

12. RON, M.; BLANC, Y.; BAND, M.; EZRA, E.; WELLER, J.I. Misi<strong>de</strong>ntification rate in<br />

the Israeli dairy cattle population and its implications for genetic improvement.<br />

Journal of Dairy Science, Champaign, v. 79, p. 676-681, 1996.<br />

Capa Índice 10373<br />

5


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10374 - 10379<br />

Presas avaliam a distância <strong>do</strong> preda<strong>do</strong>r ao contrabalançar os riscos e custos<br />

da fuga? Uma meta-análise<br />

Diogo Soares Menezes SAMIA¹; Fausto NOMURA<br />

Programa <strong>de</strong> Pós Graduação em Ecologia e Evolução da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Goiás, GO.<br />

¹Bolsista CAPES; diogosamia@hotmail.com<br />

Palavras-chave: teoria <strong>do</strong> escape ótimo; flight initiation distance; FID; starting distance; SD<br />

Introdução<br />

Y<strong>de</strong>nberg & Dill (1986) marcaram o inicio da teoria <strong>do</strong> escape ótimo. Em seu<br />

trabalho, os autores propuseram um mo<strong>de</strong>lo preditivo sobre a distância em que a<br />

presa <strong>de</strong>veria fugir <strong>de</strong> seus preda<strong>do</strong>res (distância <strong>do</strong> início da fuga; FID). Este<br />

mo<strong>de</strong>lo prediz o comportamento <strong>do</strong> indivíduo <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a otimizar o FID e reduzir os<br />

custos e riscos da fuga. Segun<strong>do</strong> o mo<strong>de</strong>lo, a presa não <strong>de</strong>ve iniciar a fuga assim<br />

que <strong>de</strong>tecta o preda<strong>do</strong>r se aproximan<strong>do</strong>, mas aguardar até que o custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a<br />

mancha <strong>de</strong> recurso on<strong>de</strong> se encontra se iguale ao risco <strong>de</strong> permanecer nela.<br />

Des<strong>de</strong> então, houve um número crescente <strong>de</strong> publicações que testaram as<br />

premissas <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo e, com sucesso, i<strong>de</strong>ntificaram fatores bióticos e abióticos<br />

que afetam a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão em relação ao FID (Stankowich & Blumstein 2005).<br />

No entanto, a distância em que se inicia o ataque <strong>do</strong> preda<strong>do</strong>r (conheci<strong>do</strong> como<br />

starting distance; SD) ainda é um fator muito questiona<strong>do</strong> quanto a sua influência no<br />

FID. Blumstein (2003) <strong>de</strong>monstrou que SD po<strong>de</strong>ria afetar o FID <strong>de</strong> presas ao simular<br />

ataques em 68 espécies <strong>de</strong> aves australianas, encontran<strong>do</strong> uma correlação positiva<br />

em 64 <strong>de</strong>las. A hipótese <strong>de</strong>fendida para a causa da relação foi a <strong>de</strong> que os<br />

benefícios <strong>de</strong> se permanecer na mancha <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong>clinavam a medida que os<br />

custos <strong>de</strong> monitorar a aproximação <strong>do</strong> preda<strong>do</strong>r aumentava. Por consequência,<br />

quanto maior a SD, maior o tempo <strong>de</strong> vigilância da presa, o que diminui a eficiência<br />

<strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> recursos da mancha. Por estes resulta<strong>do</strong>s, Blumstein (2003) propôs<br />

uma importante modificação no mo<strong>de</strong>lo pré-existente ao dividi-lo em três zonas. A<br />

zona 1 seria uma distância muito curta entre o preda<strong>do</strong>r e a presa que, por<br />

representar um risco iminente, motivaria a fuga imediata. A zona 3 seria uma<br />

distância que, seja por incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar o preda<strong>do</strong>r ou por não se sentir<br />

ameaça<strong>do</strong> a tal distância, não incitaria a fuga da presa. E entre estes <strong>do</strong>is extremos,<br />

a zona 2 seria o intervalo on<strong>de</strong> a presa <strong>de</strong>veria tomar uma <strong>de</strong>cisão econômica como<br />

Capa Índice 10374


a predita pelo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Y<strong>de</strong>nberg & Dill (1986). Com isto, SD é coloca<strong>do</strong> como<br />

fator-chave para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão da presa.<br />

Por generalização, Blumstein (2003) <strong>de</strong>clarou que dada às implicações <strong>do</strong> SD<br />

sobre o comportamento <strong>de</strong>fensivo, a relação encontrada nas aves australianas<br />

(correlação positiva) ocorreria em todas as presas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da espécie. Hoje,<br />

quase <strong>de</strong>z anos após seu trabalho, o real impacto <strong>do</strong> SD sobre FID não é bem<br />

compreendi<strong>do</strong>. No entanto, nenhum outro fator gerou tão profundas implicações<br />

teóricas na predição <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>do</strong> escape ótimo. A fim <strong>de</strong> sintetizar os reais efeitos<br />

<strong>do</strong> SD, nós tiramos vantagem <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> espécies testadas até o<br />

momento e, por meio <strong>de</strong> uma abordagem meta-analítica, procuramos respon<strong>de</strong>r<br />

duas questões fundamentais para a compreensão <strong>de</strong> seus efeitos: (1) Existe<br />

realmente um efeito importante <strong>do</strong> SD sobre o FID em uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

espécies? (2) A magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste efeito é constante através <strong>do</strong>s diferentes grupos<br />

taxonômicos?<br />

Material e Méto<strong>do</strong>s<br />

Para revisar a literatura existente, primeiramente buscamos no Web of<br />

Science e Scopus por trabalhos que citavam o artigo <strong>de</strong> Blumstein (2003). Após<br />

extrair os estu<strong>do</strong>s que testavam a influência <strong>de</strong> SD sobre o FID, fizemos uma nova<br />

busca por meio das palavras-chave starting distance, SD, flight initiation distance e<br />

FID. Finalmente, com os artigos obti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sta pesquisa, saturamos nossa pesquisa<br />

ao reter os estu<strong>do</strong>s relevantes cita<strong>do</strong>s em suas bibliografias. Ao final, retivemos 21<br />

estu<strong>do</strong>s.<br />

I<strong>de</strong>ntificamos quatro gran<strong>de</strong>s grupos taxonômicos: aves, mamíferos, lagartos<br />

e serpentes. Porém, serpentes foram excluídas da comparação entre táxons por ser<br />

representada por apenas uma espécie. Todas as espécies encontradas foram<br />

originalmente testadas com a simulação <strong>de</strong> ataque em velocida<strong>de</strong> lenta (média ±<br />

erro padrão = 34.06 ± 1.27 m/min, N = 93). Além <strong>de</strong>stas, três espécies <strong>de</strong> lagartos<br />

(<strong>de</strong> um total <strong>de</strong> seis espécies) foram testadas com uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ataque mais<br />

rápida (126.5 ± 6.62 m/min, N = 3). Como a velocida<strong>de</strong> afeta positivamente o FID<br />

(Stankowich & Blumstein 2005), calcular o tamanho <strong>do</strong> efeito em lagartos por meio<br />

<strong>de</strong> média aritmética po<strong>de</strong>ria mascarar sua magnitu<strong>de</strong>. Por isso conduzimos duas<br />

análises separadas para cada velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ataque.<br />

Utilizamos o coeficiente <strong>de</strong> correlação <strong>de</strong> Pearson (r) como um índice <strong>de</strong><br />

tamanho <strong>do</strong> efeito. Desta forma, conseguimos comparar a magnitu<strong>de</strong> e a direção <strong>do</strong><br />

Capa Índice 10375


efeito <strong>do</strong> SD com os fatores apresenta<strong>do</strong>s em Stankowich & Blumstein (2005), o que<br />

permitiu avaliar o impacto <strong>do</strong> SD em relação a fatores já estuda<strong>do</strong>s. Devi<strong>do</strong> à<br />

natureza das questões levantadas em nossos objetivos, o tamanho <strong>do</strong> efeito foi<br />

calcula<strong>do</strong> por espécie (e não por estu<strong>do</strong>s).<br />

Usamos um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> efeitos mistos, o qual assume que o efeito <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

grupos (táxons) segue uma distribuição normal, mas que a diferença entre grupos é<br />

fixa. Nós calculamos o efeito global <strong>do</strong> SD (consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> espécies <strong>de</strong> qualquer<br />

grupo taxonômico; incluin<strong>do</strong> serpentes) e o efeito por grupo taxonômico (aves,<br />

mamíferos e lagartos). Posteriormente, os grupos foram compara<strong>do</strong>s por meio <strong>de</strong><br />

um teste Z. Para testar se existe algum viés produzi<strong>do</strong> pelo processo <strong>de</strong> publicação,<br />

utilizamos o rank correlation (Begg & Mazumdar 1994) para avaliar se estu<strong>do</strong>s com<br />

baixo tamanho amostral e tamanho <strong>do</strong> efeito gran<strong>de</strong> foram mais publica<strong>do</strong>s que<br />

àqueles com baixo tamanho amostral e baixo tamanho <strong>do</strong> efeito. Para avaliar a<br />

robustez <strong>de</strong> nossos resulta<strong>do</strong>s mesmo na presença <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s com resulta<strong>do</strong>s<br />

nulos não publica<strong>do</strong>s, calculamos a métrica fail-safe number (Rosenthal 1979). A<br />

existência <strong>de</strong> diferença entre grupos taxonômicos foi investigada primeiramente por<br />

meio da estatística Qb e, quan<strong>do</strong> significativa, a diferença par-a-par foi realizada por<br />

teste Z. A<strong>do</strong>tamos alfa <strong>de</strong> 0.05 (bicaudal). Todas as análises foram feitas no<br />

programa Comprehensive Meta-Analysis versão 2.2.<br />

Resulta<strong>do</strong>s<br />

Nossa meta-análise foi baseada nos tamanhos <strong>do</strong> efeito oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 82<br />

espécies <strong>de</strong> aves, seis <strong>de</strong> lagartos, cinco <strong>de</strong> mamíferos e uma <strong>de</strong> serpentes (total 94<br />

tamanhos <strong>de</strong> efeito). Com o conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s oriun<strong>do</strong>s da simulação <strong>de</strong> ataque<br />

lento, SD resultou em um gran<strong>de</strong> efeito global sobre o FID (Tab. 1). O teste para<br />

diferenças entre táxons foi altamente significativo (Qb = 42.62, df = 2, P < 0.001). A<br />

comparação par-a-par não mostrou diferenças no efeito entre aves e mamíferos (Z =<br />

0.10, P = 0.922), e ambos os grupos foram altamente afeta<strong>do</strong>s pelo SD e robustos a<br />

inclusão <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s nulos não publica<strong>do</strong>s (Tab. 1). Ao contrário, lagartos foram 4,05<br />

e 3,91 vezes menos reativos ao SD que aves (Z = 5.66, P < 0.001) e mamíferos (Z =<br />

2.00, P = 0.046), respectivamente. O rank correlation não evi<strong>de</strong>nciou viés na<br />

publicação causa<strong>do</strong> pelo tamanho <strong>do</strong> efeito em estu<strong>do</strong>s com baixo tamanho<br />

amostral em nenhum grupo taxonômico (P > 0.2). No entanto, o fail-safe number<br />

mostrou que o efeito <strong>de</strong> lagartos não foi robusto a estu<strong>do</strong>s nulos não publica<strong>do</strong>s<br />

(Tab.1).<br />

Capa Índice 10376


SD produziu igualmente um gran<strong>de</strong> efeito sobre o FID quan<strong>do</strong> analisamos o<br />

conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s oriun<strong>do</strong> da simulação <strong>de</strong> ataque rápi<strong>do</strong> (Tab. 1), e a magnitu<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> efeito não diferiu daquela observada sob ataque lento (Z = 0.33, P = 0.744).<br />

Agora, porém, não houve evidência <strong>de</strong> diferenças entre os táxons (Qb = 0.10, df = 2,<br />

P = 0.951). Lagartos foram 3,9 vezes mais reativos ao SD quan<strong>do</strong> ataca<strong>do</strong>s<br />

rapidamente <strong>do</strong> que quan<strong>do</strong> ataca<strong>do</strong>s lentamente (Z = 3.63, P > 0.001; Tab. 1).<br />

Rank correlation igualmente não <strong>de</strong>monstrou viés causa<strong>do</strong> por tamanho <strong>do</strong> efeito e<br />

amostral (P > 0.4). To<strong>do</strong>s os táxons tiveram resulta<strong>do</strong>s robustos à inclusão <strong>de</strong><br />

estu<strong>do</strong>s nulos não publica<strong>do</strong>s (Tab. 1).<br />

Tabela 1. Teste da relação entre SD e FID basea<strong>do</strong> em da<strong>do</strong>s da literatura.<br />

Grupo<br />

r IC Z K Total N Fail-safe N<br />

global (lento) 0.57 0.51-0.63 14.92 *** 94 6317 50273<br />

global (rápi<strong>do</strong>) 0.59 0.54-0.65 15.64 *** 91 6295 52650<br />

aves 0.60 0.53-0.65 14.69 *** 82 5489 40685<br />

mamíferos 0.58 0.24-0.79 3.1** 5 503 289<br />

lagartos (lento) 0.15 0.01-0.28 2.16* 6 230 0<br />

lagartos (rápi<strong>do</strong>) 0.58 0.43-0.69 6.62*** 3 208 52<br />

r = tamanho <strong>do</strong> efeito; IC = intervalo <strong>de</strong> confiança; Z = teste Z (bicaudal); K = total <strong>de</strong> espécies; Total N = número <strong>de</strong><br />

indivíduos testa<strong>do</strong>s; Fail-safe N = quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s não publica<strong>do</strong>s com resulta<strong>do</strong> igual a zero necessário para nulificar o<br />

resulta<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>; *


esquilo-cinzento (Sciurus carolinensis), to<strong>do</strong>s vivem em gran<strong>de</strong>s grupos sociais.<br />

Devi<strong>do</strong> ao fato <strong>do</strong> número <strong>de</strong> membros no grupo aumentar a vigilância, acreditamos<br />

que isto tenha contribuí<strong>do</strong> para a rápida <strong>de</strong>tecção <strong>do</strong> preda<strong>do</strong>r e, por consequência,<br />

a pronta resposta <strong>do</strong>s mamíferos estuda<strong>do</strong>s. Devi<strong>do</strong> a tais resulta<strong>do</strong>s, alertamos que<br />

futuros trabalhos sobre escape ótimo envolven<strong>do</strong> tais grupos taxonômicos <strong>de</strong>vam<br />

controlar os efeitos <strong>do</strong> SD em seus mo<strong>de</strong>los.<br />

Lagartos variaram a magnitu<strong>de</strong> da resposta <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

ataque <strong>do</strong> preda<strong>do</strong>r. Cooper (2005) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a história natural das espécies<br />

testadas po<strong>de</strong> ter contribuí<strong>do</strong> para este efeito. Sceloporus virgatus e Urosaurus<br />

ornatus são forragea<strong>do</strong>res <strong>do</strong> tipo senta-e-espera e vivem muito próximo a seus<br />

refúgios. Cooper (2005) argumenta que forragea<strong>do</strong>res <strong>de</strong>ste tipo possuem um baixo<br />

custo <strong>de</strong> vigilância já que po<strong>de</strong>riam simultaneamente buscar por presas enquanto<br />

observam o comportamento <strong>do</strong> preda<strong>do</strong>r. Ainda, que os riscos <strong>de</strong> predação seriam<br />

reduzi<strong>do</strong>s pela proximida<strong>de</strong> <strong>do</strong> refúgio. Porém, tal risco é maior conforme aumenta a<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximação <strong>do</strong> preda<strong>do</strong>r, porque além <strong>de</strong> reduzir o tempo necessário<br />

para a presa alcançar o refúgio, <strong>de</strong>nota clara intensão <strong>de</strong> ataque <strong>do</strong> preda<strong>do</strong>r.<br />

Contu<strong>do</strong>, como esta categoria <strong>de</strong> forrageio é um traço <strong>do</strong> grupo taxonômico<br />

(Iguania), os estu<strong>do</strong>s disponíveis po<strong>de</strong>m representar uma amostra enviesada <strong>do</strong><br />

comportamento <strong>de</strong>fensivo <strong>de</strong> lagartos. Estu<strong>do</strong>s posteriores <strong>de</strong>vem testar espécies<br />

<strong>de</strong> diferentes cla<strong>do</strong>s ou controlar os efeitos pela relação filogenética das espécies.<br />

Conclusões<br />

SD é um <strong>do</strong>s fatores que mais influenciam o FID das presas. Aves e<br />

mamíferos são igualmente reativos quan<strong>do</strong> ataca<strong>do</strong>s lentamente. Lagartos<br />

<strong>de</strong>monstram efeito similar quan<strong>do</strong> ataca<strong>do</strong>s rapidamente. No entanto, quan<strong>do</strong><br />

ataca<strong>do</strong>s lentamente, lagartos possuem um efeito bem menor que os outros táxons<br />

estuda<strong>do</strong>s. No entanto, tal padrão em lagartos po<strong>de</strong> representar um viés <strong>do</strong> grupo<br />

taxonômico testa<strong>do</strong> (Iguania).<br />

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Tendências Expressivas e Estilísticas na Música Brasileira <strong>de</strong> Egberto Gismonti:<br />

Um estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> choro 7 Anéis<br />

Diones Ferreira CORRENTINO – EMAC-<strong>UFG</strong><br />

dionescorrentino@hotmail.com<br />

Glacy ANTUNES– EMAC-<strong>UFG</strong><br />

glacyantunes@gmail.com<br />

Resumo: Esta comunicação faz parte <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> pesquisa Tendências Expressivas e<br />

Estilísticas na Música Brasileira <strong>de</strong> Egberto Gismonti: Um estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> choro 7 Anéis <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> para o<br />

programa <strong>de</strong> pós-graduação <strong>do</strong> mestra<strong>do</strong> em música. O objetivo principal é levantar informações e <strong>de</strong>stacar<br />

novida<strong>de</strong>s musicais acontecidas na chamada música popular instrumental brasileira (MPBI) pós bossa-nova.<br />

Como objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> foram escolhi<strong>do</strong>s os trabalhos <strong>do</strong> compositor Egberto Gismonti que, <strong>de</strong> certa maneira,<br />

fazem parte, juntamente com os trabalhos <strong>do</strong> músico Hermeto Pascoal, <strong>de</strong> uma corrente expressiva que<br />

contribuiu para a novida<strong>de</strong> nas informações harmônicas, estilísticas e na expressivida<strong>de</strong> musical da MPBI na<br />

década <strong>de</strong> 70. Os referenciais teóricos propostos por Quinteto-Rivera, Bahiana, Muller, Tinhorão e Hobsbawn<br />

tiveram pre<strong>do</strong>minância quanto ao direcionamento para a compreensão <strong>do</strong>s aspectos sócio-culturais, e<br />

possivelmente i<strong>de</strong>ológicos, a que a carreira <strong>de</strong> Gismonti esteve submetida. Para a apreciação das estruturas<br />

internas <strong>do</strong> discurso musical os referenciais <strong>de</strong> Pieda<strong>de</strong>, Larue e Freitas serviram <strong>de</strong> base teórica para ampliar a<br />

recepção e crítica das obras analisadas e ainda observar influências <strong>de</strong>ssa produção em trabalhos posteriores e<br />

pertencentes ao gênero MPBI.<br />

Palavras-chave: Música Instrumental Brasileira- Música Popular- Jazz- Improvisação- Hibridismo-7<br />

Anéis- Egberto Gismonti<br />

Egberto Gismonti faz parte <strong>de</strong> uma nova corrente, pós bossa nova, que na<br />

segunda meta<strong>de</strong> da década 70 produziu trabalhos partin<strong>do</strong> <strong>de</strong> apropriações <strong>de</strong> diversas<br />

tendências estilísticas e expressivas observadas na música clássica, eletrônica, experimental e<br />

o jazz. Essa produção alterou significativamente a maneira <strong>de</strong> pensar a composição na<br />

chamada MPBI pós bossa nova e lançou ecos aos processos criativos vistos em músicos<br />

contemporâneos. Ainda assim, a incorporação <strong>de</strong> elementos e gestualida<strong>de</strong>s rítmicas advindas<br />

da percussão da cultura popular passaram a ser usadas idiomaticamente tanto nas<br />

composições como nas improvisações.<br />

BAHIANA <strong>de</strong>fine, em um artigo <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1979, o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> termo<br />

“música instrumental”. Segun<strong>do</strong> a autora, o termo foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como classificação <strong>de</strong> categoria<br />

estética <strong>do</strong> gênero urbano pratica<strong>do</strong> por instrumentistas sobretu<strong>do</strong> na década <strong>de</strong> 70. Essa<br />

terminologia não estava associada a manifestações musicais praticadas unicamente por<br />

instrumentos uma vez que excluía <strong>de</strong>sta classificação as manifestações <strong>de</strong> choro, música<br />

Capa Índice 103801


erudita e músicas com letra. À essa terminologia em voga na época estavam associadas<br />

principalmente manifestações em diálogos com o jazz e os trabalhos <strong>de</strong> músicos que tiveram<br />

formação através da bossa nova. Os trabalhos observa<strong>do</strong>s principalmente em Egberto<br />

Gismonti e Hermeto Pascoal na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 70, segun<strong>do</strong> a autora, alteraram<br />

profundamente a expressivida<strong>de</strong> na MPBI. Ainda assim, BAHIANA <strong>de</strong>staca acontecimentos<br />

que também transformaram o ambiente musical urbano no Brasil e permitiram a prática <strong>de</strong><br />

novas informações estilísticas na música popular. Para isso, a autora enumera o surgimento<br />

<strong>do</strong>s festivais <strong>de</strong> jazz <strong>de</strong> 78 e 80, a revalorização <strong>do</strong> choro e <strong>de</strong> música improvisada e o<br />

aparecimento <strong>de</strong> uma indústria fonográfica interessada em propiciar liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação e<br />

sem interferência quanto ao direcionamento e concepção <strong>do</strong> produto artístico. Outro ponto<br />

apresenta<strong>do</strong> salienta que os jovens que vivenciaram o surgimento <strong>do</strong> rock e suas múltiplas<br />

vertentes passaram a ser um tipo <strong>de</strong> público que se interessava pelas experimentações da nova<br />

música instrumental e ainda davam mais valor à performance <strong>do</strong>s músicos.<br />

Gismonti estabeleceu contato com manifestações folclóricas e tradicionais na<br />

tentativa <strong>de</strong> absorver musicalida<strong>de</strong>s advindas <strong>de</strong> outras culturas que, na transmissão <strong>de</strong> um<br />

saber, se utilizam da oralida<strong>de</strong> como principal forma <strong>de</strong> socializar aspectos tradicionais<br />

inerentes a <strong>de</strong>terminada cultura. Além disso, no aspecto musical fazem uso <strong>de</strong> improvisação e<br />

ligeira variação <strong>de</strong> uma execução para outra. 1 O termo musicalida<strong>de</strong> é entendi<strong>do</strong> nesta<br />

pesquisa segun<strong>do</strong> PIEDADE (2011). Em estu<strong>do</strong>s mais recente sobre jazz brasileiro este autor<br />

revela que a musicalida<strong>de</strong> é uma memória-cultural compartilhada constituída por um conjunto<br />

profundamente imbrica<strong>do</strong> <strong>de</strong> elementos musicais e significações associadas. A musicalida<strong>de</strong> é<br />

<strong>de</strong>senvolvida e transmitida culturalmente em comunida<strong>de</strong>s ou agrupamentos sociais com<br />

valores compartilha<strong>do</strong>s no seio <strong>do</strong>s quais possibilita a comunicabilida<strong>de</strong> na performance e na<br />

audição musical. Portanto, por conter códigos musicais ancora<strong>do</strong>s profundamente a lugares<br />

comuns, ou seja, por possuir elementos <strong>de</strong> representação sócio-culturais inerentes à<br />

musicalida<strong>de</strong> ou aos aspectos musicais relaciona<strong>do</strong>s a uma comunida<strong>de</strong> ou cultura, as músicas<br />

1 O conceito <strong>de</strong> habitus proposto por Bourdieu, à luz <strong>de</strong> Ortiz, possibilita ampliar o entendimento quanto ao<br />

campo <strong>de</strong> produção estabeleci<strong>do</strong> para a criação <strong>de</strong> Gismonti. Segun<strong>do</strong> este autor, o habitus consite num conjunto<br />

<strong>de</strong> disposições adquiridas pelo indivíduo, que funcionam como sistemas <strong>de</strong> classificação ou esquemas<br />

generativos, que direcionam as suas práticas e representações. Um habitus é fruto das intenções sociais <strong>do</strong><br />

indivíduo e se constrói em função <strong>do</strong> seu aprendiza<strong>do</strong>: primeiramente no seio da família, em seguida na escola, e<br />

assim por diante, nas suas relações sociais. Atuar em um campo requer <strong>do</strong>s agentes investimento , esforço e<br />

aprendiza<strong>do</strong>: para entrar na disputa, faz-se necessário que o indivíduo adquira um habitus específico. Ou seja, é<br />

necessário que ele aprenda a valorizar- <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> uma espécie <strong>de</strong> “crença” – o objeto das lutas <strong>do</strong> campo,<br />

<strong>do</strong>mine as leis que regem o jogo e acumule um capital <strong>de</strong> técnicas e referências que lhe permitam colocar-se na<br />

arena.(ORTIZ apud MULLER, pág 103)<br />

Capa Índice 103812


pertencentes a <strong>de</strong>terminadas tendências expressivas po<strong>de</strong>m conter padrões referenciais que<br />

balizam a percepção estética.<br />

Ao longo <strong>de</strong> sua formação, Egberto buscou incorporar linguagens ou<br />

musicalida<strong>de</strong>s como referenciais para suas composições e improvisações. Contu<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>-se<br />

afirmar que Gismonti absorveu elementos musicais referentes a diversas culturas e os<br />

organizou <strong>de</strong> uma forma jazzística, ou seja, orientou sua música para uma prática <strong>de</strong><br />

estratégias e conteú<strong>do</strong>s bastante pertinentes aos universos da improvisação.<br />

Outro fator que <strong>de</strong>terminou a personalida<strong>de</strong> e as características estilísticas <strong>de</strong><br />

Egberto talvez tenha si<strong>do</strong> o encontro com Barraqué, discípulo <strong>de</strong> Anton Weber 2 . As gravações<br />

<strong>de</strong> Gismonti, principalmente para piano solo 3 , anunciam uma abordagem <strong>de</strong> texturas<br />

pontilistas inspiradas provavelmente nas artes plásticas impressionistas e muito presentes na<br />

música <strong>de</strong> Webern.<br />

Análise <strong>de</strong> 7 Anéis<br />

A obra 7 anéis foi <strong>de</strong>dicada à pianista e compositora Tia Amélia. Essa<br />

musicista é mais conhecida como pertencente a uma classe <strong>de</strong> músicos chama<strong>do</strong>s “pianeiros”.<br />

Esses músicos ao longo <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> profissional eram responsáveis por tocar em<br />

situações informais como cinemas, cafés ou mostran<strong>do</strong> partituras em lojas <strong>de</strong> música. Tia<br />

Amélia nasceu em Pernambuco e tornou-se especialista em tocar choros chegan<strong>do</strong> a ter uma<br />

carreira internacional 4 .<br />

A análise <strong>de</strong> 7 anéis revela uma música com diálogos musicais diversos que se<br />

esten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o contraponto oriun<strong>do</strong> <strong>do</strong> violão 7 cordas <strong>do</strong> choro até texturas bimodais e<br />

minimalistas <strong>de</strong> compositores da música mo<strong>de</strong>rna <strong>do</strong> século XX. Embora seja chamada <strong>de</strong><br />

choro pelo próprio Gismonti, 7 anéis se caracteriza por ter a forma <strong>de</strong> um choro tradicional,<br />

um rondó ABACA. Porém, mostra modificações quanto à forma clássica <strong>do</strong> gênero e com<br />

conteú<strong>do</strong>s musicais <strong>de</strong> diversas culturas e tendências expressivas da música mo<strong>de</strong>rna <strong>do</strong><br />

século XX. É uma peça que po<strong>de</strong> ser dividida em 4 secções ABCA’.<br />

A secção C tem um perío<strong>do</strong> que esten<strong>de</strong> <strong>do</strong> compasso 32 ao 98. Após<br />

sucessivas escutas da performance <strong>de</strong> Gismonti <strong>de</strong>sta obra percebe-se que esta secção<br />

apresenta gran<strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> improvisação e ainda o compositor faz uso <strong>de</strong> frases melódicas<br />

2 Anton Webern- compositor austríaco pertencente à Segunda Escola <strong>de</strong> Viena, li<strong>de</strong>rada por Arnold Shoenberg,<br />

cujo estilo e poética musica foi chamada <strong>de</strong> expressionista, <strong>do</strong><strong>de</strong>cafônica e pontilista. Ele se tornou conheci<strong>do</strong> e<br />

admira<strong>do</strong> entre os músicos pós-mo<strong>de</strong>rnos pelas inovações rítmicas, timbrísticas e dinâmicas que formariam o<br />

estilo musical conheci<strong>do</strong> como serialismo<br />

3 GISMONTI, Egberto. Dança das Cabeças. ECM-Records. 1977. A faixa intitulada parte II ilustra essa textura.<br />

Segun<strong>do</strong> MORAES, esse disco é resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> contato <strong>de</strong> Egberto com Sapain, índio da al<strong>de</strong>ia yawalapiti, no<br />

Xingu, toca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> flauta.<br />

Capa Índice 103823


que estão escritas na partitura. Além disso, caracteriza-se por empreen<strong>de</strong>r elementos<br />

<strong>de</strong>masiadamente contrastantes aos que haviam si<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>s anteriormente na<br />

composição. Nesta secção o uso da técnica para textura bimodal e minimal (referente a<br />

minimalismo) foram empregadas. O uso da escala octatônica também se faz presente.<br />

Figura 1- Textura Bimodal e Minimalista<br />

Figura 2- Trecho melódico na secção C construí<strong>do</strong> sobre escala diminuta ou octatônica.<br />

Figura 3- Disposição da escala diminuta ou octatônica<br />

Figura 4- Disposição da mesma escala diminuta ou octatônica<br />

Outra contribuição musical que ocorre na secção C é a presença da escala<br />

menor melódica (B menor melódica) <strong>do</strong> 121 ao 127 e ainda o surgimento <strong>do</strong> acor<strong>de</strong><br />

C#sus7(b9). No contexto jazzístico esse acor<strong>de</strong> é <strong>de</strong> uso recorrente e expressivamente<br />

apresenta<strong>do</strong> com uma sonorida<strong>de</strong> escura 5 .<br />

4 Disponível em < http://memorialdafama.com/biografiasRZ/TiaAmelia.html><br />

5 Verificar em LEVINE, Marc. The jazz piano book. Berkeley: Sher Music,CO., 1989.<br />

Capa Índice 103834


Figura 5- Escala menor melódica realizada pelos baixos <strong>do</strong> compasso 122 ao 127.<br />

Figura 6- Acor<strong>de</strong> C#sus7(b9)<br />

Consi<strong>de</strong>rações Finais<br />

A pesquisa para conclusão <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> pós-graduação Mestra<strong>do</strong> em<br />

Música da EMAC/<strong>UFG</strong>, na linha <strong>de</strong> pesquisa criação e expressão, ainda está em andamento<br />

mas contu<strong>do</strong> po<strong>de</strong>-se concluir que os trabalhos <strong>de</strong> Gismonti revelam-se como um trabalho<br />

autêntico e respon<strong>de</strong>, não exclusivamente, por uma nova forma <strong>de</strong> pensar a composição,<br />

improvisação e execução instrumental na MPBI, pós bossa nova. Ainda assim, os trabalhos <strong>de</strong><br />

Gismonti lançaram ecos para a produção contemporânea e, em vista disso, procuram por um<br />

virtuosismo instrumental que dialogue com elementos contrapontísticos, pontilistas e ainda<br />

uma busca pela assimilação idiomática da percussão vista em manifestações musicais da<br />

cultura popular. Sen<strong>do</strong> assim, os referenciais utiliza<strong>do</strong>s para ampliação crítica tornaram-se<br />

suportes necessários ao entendimento <strong>de</strong>sta linguagem mestiça e híbrida fundada em<br />

apropriações <strong>de</strong> elementos estéticos e práticas distintas, mas que se imbricam em um fazer<br />

Capa Índice 103845


artístico altamente expressivo e representativo <strong>do</strong>s paradigmas e contradições sociais na<br />

cultura brasileira.<br />

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BRAGA, Paulo; SILVEIRA, Mané; GUELO. Bonsai. Maritaca. 2005;<br />

DAUELSBERG, Cláudio. Vento <strong>do</strong> Norte. Visom. 2002;<br />

DUBOC, Jane. Espera. Biscoito Fino, 2008.<br />

FERNANDES, Heloísa. Can<strong>de</strong>ias. Petrobrás.2009;<br />

GISMONTI, Egberto.Alma. EMI-O<strong>de</strong>on(Brasil).1986;<br />

GISMONTI, Egberto. Circense. EMI-O<strong>de</strong>on(Brasil). 1979;<br />

GISMONTI, Árvore. Árvore- EMI-O<strong>de</strong>on(Brasil).1973;<br />

GISMONTI, Egberto. Corações Futuristas. EMI-O<strong>de</strong>on. 1976;<br />

Capa Índice 103889


GISMONTI, Egberto.Água e Vinho. EMI-O<strong>de</strong>on.1973;<br />

GISMONTI, Egberto. Dança das Cabeças. ECM-Records. 1977;<br />

GISMONTI, Egberto. Folk Songs. ECM-Records. 1981;<br />

GISMONTI, Egberto. Duas Vozes. ECM-Records.1985;<br />

GISMONTI, Egberto. Feixe <strong>de</strong> Luz. EMI-O<strong>de</strong>on.1988;<br />

GISMONTI, Egberto. Dança <strong>do</strong>s Escravos. ECM-Records.1989;<br />

GISMONTI, Egberto. Nó Caipira. EMI-O<strong>de</strong>on. 1978;<br />

GISMONTI, Egberto. Saudações. ECM e Carmo-Records.2009;<br />

GISMONTI, Egberto; PACHOAL, Hermeto. Egberto Gismonti & Hermeto<br />

Paschoal:História da Música Popular Brasileira (Gran<strong>de</strong>s Compositores). Abril<br />

Cultural.1983;<br />

JOBIM, Antônio Carlos. Jobim Sinfônico-CD1 e 2 n.547-OSESP-grava<strong>do</strong> ao vivo na Sala<br />

São Paulo, dias 9 e 11 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2002. Biscoito Fino(Brasil). 2002.<br />

KARABTCHVSKY, Isaac; FREIRE, Nelson. Bachianas Brasileiras. Sigla. 1986.<br />

MARQUES, André. André Marques:Piano Solo. Nosso Stúdio. 2005.<br />

MEHMARI, André; HOLANDA, Hamilton. GimontiPascoal: A música <strong>de</strong> Egberto e<br />

Hermeto. Estúdio Monteverdi, 2011.<br />

MEHMARI, André; OZZETTI, Ná. Piano e Voz. MCD. 2004.<br />

MEHMARI, André, BARROS, Célio. Vence<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Prêmio Visa <strong>de</strong> MPB Instrumental<br />

1998. El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>. 2007<br />

MAGALHÃES, Homero. As 16 Cirandas <strong>de</strong> Villa-Lobos-piano. Universal Music.1960.<br />

TAUBKIN, Benjamim. A pequena loja da rua 57 (piano solo). Núcleo<br />

Contemporâneo.2010.<br />

DVDs<br />

COELHO, Francisco. Camargo Guarnieri- 3 concertos para violino e a missão: Notas<br />

soltas sobre um homem só. Produzi<strong>do</strong> e Dirigi<strong>do</strong> por Francisco Coelho.<br />

DVD(<strong>do</strong>cumentário). 55’01’’.2006<br />

MACHADO, Marcelo. Piano: Uma História <strong>de</strong> 300 anos. Direção <strong>de</strong> Marcelo Macha<strong>do</strong> e<br />

Roteiro <strong>de</strong> João Marcos Coelho.DVD (<strong>do</strong>cumentário). 60’.2011<br />

Capa Índice 10389<br />

10


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10390 - 10394<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS<br />

FACULDADE DE FILOSOFIA<br />

Sustentabilida<strong>de</strong> Ambiental e a I<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Justiça Universal Concreta:<br />

uma reflexão a partir <strong>do</strong> projeto kantiano da paz perpétua<br />

Diva Júlia Sousa da Cunha SAFE (diva.julia@hotmail.com)<br />

José Nicolau HECK (heck@pesquisa<strong>do</strong>r.cnpq.br)<br />

Palavras- chave: Kant; Paz Perpétua; Sustentabilida<strong>de</strong> Ambiental.<br />

1- Introdução:<br />

Vários são os autores que têm afirma<strong>do</strong> a atualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> pensamento <strong>de</strong> Kant. Já<br />

se tornou quase que <strong>do</strong>mínio público a afirmação celebre <strong>de</strong> que “voltar a Kant é<br />

progredir” (cf. GOMES, 2009, p. 11 et seq.). Porém, tais constatações não reduzem o<br />

árduo trabalho intelectual que representa esta volta ao criticismo kantiano, na tentativa <strong>de</strong><br />

pensar os meandros das possibilida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos <strong>de</strong> suas idéias e, dali, retirar,<br />

reflexivamente, contribuições às problemáticas da vida complexa <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

contemporâneo.<br />

A proposta <strong>de</strong> investigação intenta tratar <strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> Filosofia Política, nos<br />

textos <strong>do</strong> filósofo alemão, que por sua vez se relacionam com to<strong>do</strong> o sistema kantiano,<br />

notadamente com sua Filosofia Prática, sua Ética e sua Doutrina <strong>do</strong>s Costumes, moral e<br />

direito. Esses conceitos filosófico-políticos que serão objeto da investigação gravitam<br />

sobretu<strong>do</strong> no entorno <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> uma obra que é referência <strong>de</strong>ssa seara <strong>do</strong><br />

pensamento kantiano: À Paz Perpétua.<br />

Cabe inserir duas consi<strong>de</strong>rações fundamentais à <strong>de</strong>vida compreensão <strong>do</strong> recorte<br />

investigativo aqui apresenta<strong>do</strong>. Primeiramente <strong>de</strong>ve-se ressaltar que a interferência <strong>do</strong>s<br />

problemas ambientais na vida humana não po<strong>de</strong> ser pensada como uma questão <strong>de</strong> mera<br />

sobrevivência da espécie. Numa perspectiva kantiana, somos mais que animais, estamos<br />

além da mera questão da sobrevivência (apesar <strong>de</strong>, evi<strong>de</strong>ntemente, ser essa dimensão<br />

biológica importante parte integrante <strong>do</strong> ontos político humano). Isso implica em, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já,<br />

como pressuposto da investigação, constatar que as alterações ambientais sentidas como<br />

resulta<strong>do</strong> efetivo <strong>de</strong> nossa atuação na natureza ou mesmo estudadas como possíveis<br />

consequências que <strong>de</strong>vemos esperar, minimizar ou evitar, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas não<br />

somente na medida em que ameaçam ou venham a ameaçar a espécie, mas<br />

notadamente na medida em que precarizam ou venham a precarizar as condições <strong>de</strong><br />

dignida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s sujeitos. Outra consi<strong>de</strong>ração relevante consiste justamente em que o<br />

presente trabalho não visa trabalhar com a confirmação ou não confirmação científica <strong>do</strong>s<br />

estu<strong>do</strong>s ambientais que predizem vin<strong>do</strong>uros problemas para a sobrevivência da<br />

humanida<strong>de</strong> (ou para as suas condições <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida digna). O estu<strong>do</strong><br />

Capa Índice 10390


uscará, antes, trabalhar com esses discursos científicos enquanto fatores sociais <strong>de</strong> alta<br />

relevância para o <strong>de</strong>bate político contemporâneo e para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões quanto ao<br />

agir justo, ou seja, para o agir responsável, no mun<strong>do</strong> atual. Antes <strong>de</strong> se preocupar em<br />

discutir a verda<strong>de</strong> ou inverda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s atuais discursos científicos sobre as alterações<br />

provocadas pelo homem e os seus riscos, preten<strong>de</strong>-se partir <strong>de</strong>sses discursos como<br />

pressupostos <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate ético-político nos dias <strong>de</strong> hoje, uma vez toma<strong>do</strong>s como hipóteses<br />

plausíveis que apontam na direção <strong>de</strong> um sério risco aos rumos sociais da humanida<strong>de</strong><br />

aponta<strong>do</strong>s como telos da or<strong>de</strong>m constitucional estabelecida, interna e internacionalmente:<br />

os Direitos Fundamentais da Pessoa Humana.<br />

O termo Sustentabilida<strong>de</strong> Ambiental traz em si a base para uma compreensão atual<br />

<strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> como fundamento <strong>do</strong> agir no mun<strong>do</strong> contemporâneo, o<br />

que justifica, ao invés <strong>de</strong> seu aban<strong>do</strong>no, a busca pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> seu correto significa<strong>do</strong><br />

e <strong>de</strong> suas marcantes consequências no balizamento <strong>do</strong> agir nos dias <strong>de</strong> hoje, tanto <strong>do</strong><br />

ponto <strong>de</strong> vista da or<strong>de</strong>m interna (república pura), quanto <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da or<strong>de</strong>m<br />

racional externa ou internacional (paz perpétua).<br />

2- Material e Méto<strong>do</strong>s:<br />

Portanto, a investigação buscará <strong>de</strong>senvolver a relação entre o pensamento<br />

político kantiano referente ao projeto ou i<strong>de</strong>ia da paz perpétua e o conceito<br />

contemporâneo <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> ambiental numa interação recíproca e interimplicativa,<br />

na qual ao mesmo tempo que o pensamento <strong>de</strong> Kant po<strong>de</strong> funcionar como<br />

sólida base para a correta compreensão <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>, tal noção po<strong>de</strong><br />

interagir no sistema kantiano, provocan<strong>do</strong> o eventual aprofundamento e re-interpretação<br />

<strong>de</strong> importantes aspectos <strong>de</strong>ssa passagem <strong>de</strong> sua filosofia.<br />

A pesquisa é movida a partir da seguinte afirmação <strong>de</strong> José Nicolau Heck, feita em<br />

texto recente no qual, após elencar características <strong>do</strong> projeto da Paz Perpétua <strong>de</strong> Kant<br />

capazes <strong>de</strong> contribuir, com atualida<strong>de</strong>, para a reflexão sobre o papel que <strong>de</strong>veria ter as<br />

Nações Unidas, conclui:<br />

“Em suma, a fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> povos, como associação livre <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong> mundial<br />

ultramínimo, talvez seja necessária como proposta embrionária. A médio prazo,<br />

porém, <strong>de</strong>verá mostrar-se ineficiente por falta <strong>de</strong> chancela <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>res estatais<br />

mínimos. Como o Esta<strong>do</strong> mundial homogêneo ou a monarquia universal<br />

concentram po<strong>de</strong>res estatais absolutos, resta a opção da República mundial<br />

(civitas gentium), ou da República <strong>de</strong> esta<strong>do</strong>s (civitas civitatum) na feição <strong>de</strong> um<br />

Esta<strong>do</strong> mundial extremamente mínimo. Esta se limita a um feixe <strong>de</strong> tarefas<br />

residuais porquanto cada Esta<strong>do</strong> que o integra dá continuida<strong>de</strong> às funções<br />

estatais <strong>de</strong> praxe e renuncia tão somente a uma porção ínfima <strong>de</strong> sua soberania. A<br />

República mundial/República <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>s-Nação limitar-se-á rigorosamente a zelar<br />

pelo direito da segurança e da auto-<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> cada Esta<strong>do</strong> nacional, sem<br />

interferir nos conflitos internos das nações soberanas. O estabelecimento e a<br />

legitimação <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s-Nação – ou a or<strong>de</strong>m republicana <strong>de</strong>stinada aos esta<strong>do</strong>s<br />

regi<strong>do</strong>s por constituições republicanas, ou uma República mundial como república<br />

Capa Índice 10391


estatal-secundária <strong>de</strong> povos – irão constituir a quintessência <strong>do</strong> instrumentário<br />

jurídico <strong>do</strong> direito público internacional cosmopolita” (HECK, 2009, p. 130, grifo<br />

nosso).<br />

Essas importantes constatações <strong>de</strong> Heck representam um coerente ponto <strong>de</strong><br />

chegada acerca das reflexões sobre a atualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> projeto kantiano <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m racional<br />

cosmopolita (paz perpétua). Mas não só isso. Tais pon<strong>de</strong>rações acabam por funcionar,<br />

também, como ponto <strong>de</strong> partida problematiza<strong>do</strong>r para outras indagações acerca questões<br />

específicas que possuem implicação na or<strong>de</strong>m internacional. A questão da<br />

sustentabilida<strong>de</strong> ambiental é uma <strong>de</strong>las.<br />

3- Resulta<strong>do</strong>s e discussão:<br />

Tratan<strong>do</strong> as consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> José Nicolau Heck como uma forma <strong>de</strong> expressão<br />

<strong>do</strong> conceito atual acerca <strong>do</strong> que seria a situação <strong>de</strong> paz perpétua, a questão da<br />

sustentabilida<strong>de</strong> ambiental das ações humanas (expressadas nas atuações individuais,<br />

coletivas, empresariais e estatais), visto que são tratadas em regra por meio <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong><br />

efeito difuso e transindiviual, implican<strong>do</strong> conseqüências a toda a humanida<strong>de</strong>, parecem<br />

<strong>de</strong>ver ser pensadas como uma questão que afeta a segurança e a auto-<strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s<br />

povos, vez que afetariam as condições <strong>de</strong> vida digna em escala planetária. Assim, surge o<br />

problema <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong> que forma uma or<strong>de</strong>m jurídica internacional objetivada,<br />

racionalizada e estruturada a partir <strong>de</strong> uma Confe<strong>de</strong>ração Republicana <strong>de</strong> Nações<br />

(enquanto um organismo internacional associativo), po<strong>de</strong>ria tratar, <strong>de</strong>ntro da perspectiva<br />

kantiana, <strong>do</strong> problema da sustentabilida<strong>de</strong> ambiental em escala global.<br />

Fato é que se viu expandir a partir <strong>do</strong> sec. XX estruturas internacionais que não<br />

estavam previstas neste sistema Kantiano. É importante <strong>de</strong>stacar que o filósofo político<br />

alemão previu uma organização internacional, que está se concretizan<strong>do</strong> a partir da<br />

criação da Organização das Nações Unidas – ONU em 1945, que veio para substituir a<br />

Liga das Nações, sen<strong>do</strong> claro que no projeto Kantiano não foi admiti<strong>do</strong> nenhum<br />

organismo hierarquicamente superior ao Esta<strong>do</strong>, a esse respeito, Kant não <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a<br />

criação <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong> Mundial, apenas a relação institucional entre Esta<strong>do</strong>s por meio <strong>de</strong><br />

um organismo internacional. Apesar <strong>de</strong>sses Esta<strong>do</strong>s terem <strong>de</strong>, no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> tempo, se<br />

submeter cada vez mais a um direito internacional, o que para Kant não significa uma<br />

diminuição <strong>de</strong> funções <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, uma vez que, permanecem como protagonistas<br />

principais nessas relações internacionais, este ponto ressalta a clara intenção <strong>do</strong> Filósofo<br />

<strong>de</strong> manter a autonomia <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s.<br />

O tema problematiza, <strong>de</strong> certa maneira, a questão <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s Direitos<br />

Fundamentais <strong>de</strong> terceira geração, os direitos difusos, quanto aos requisitos necessários<br />

a condições <strong>de</strong> efetivação <strong>do</strong>s mesmos, visto que transcen<strong>de</strong>riam uma questão <strong>de</strong><br />

Capa Índice 10392


atuação meramente interna a cada nação. Cuidan<strong>do</strong> especificamente <strong>do</strong> problema da<br />

sustentabilida<strong>de</strong> ambiental, constata-se que para garantir a cada cidadão o direito difuso a<br />

um meio ambiente saudável, um Esta<strong>do</strong>-Nação não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong> sua atuação no<br />

âmbito interno, e isso implica numa discussão internacional com sérias repercussões no<br />

campo da compreensão <strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> auto-<strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s povos, <strong>de</strong> soberania e,<br />

notadamente, <strong>de</strong> paz como valor central da filosofia política em sua dimensão<br />

cosmopolita, sem falar no aprofundamento da questão <strong>do</strong> direito subjetivo em Kant e da<br />

coerção como elemento <strong>do</strong> Direito nesse autor. A atualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> projeto cosmopolita<br />

kantiano é chamada novamente a se manifestar como um ponto referencial <strong>de</strong> reflexão<br />

acerca <strong>de</strong>ssa problemática.<br />

Notadamente no plano da responsabilida<strong>de</strong> internacional, a discussão sobre a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m mundial racional garanti<strong>do</strong>ra da sustentabilida<strong>de</strong> ambiental<br />

em nível planetário <strong>de</strong>ve pelo menos partir das reflexões <strong>de</strong> Kant acerca <strong>de</strong> uma justiça<br />

globalmente efetivável como justiça universal concreta (cf. SALGADO, 1995, p. 129-37),<br />

garantida por uma associação entre os Esta<strong>do</strong>s Nacionais Soberanos.<br />

Frente à crescente difusão das análises, discursos e informações acerca <strong>do</strong>s riscos<br />

atuais provoca<strong>do</strong>s pelo homem ao meio ambiente em escala global, <strong>de</strong>ve haver um<br />

imediato e vigoroso esforço no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> reflexão acerca <strong>do</strong>s critérios que <strong>de</strong>vem guiar a<br />

reação político-social a tal problema contemporâneo, visan<strong>do</strong> evitar seu uso como motivo<br />

para a promoção <strong>de</strong> injustiças, explorações e submissões bélicas entre nações no plano<br />

da or<strong>de</strong>m mundial. Deve-se, ao contrário, buscar compreen<strong>de</strong>r e pensar o problema da<br />

efetivação <strong>do</strong> direito difuso ao meio ambiente sustentável como um <strong>de</strong>safio a mais e, ao<br />

mesmo tempo, um elemento propulsor a mais, na busca por construção <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m<br />

racional no plano mundial, que não vise apenas a globalização da economia, mas procure<br />

promover, sobretu<strong>do</strong>, a globalização da justiça social e das condições <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

seres humanos.<br />

4- Conclusão:<br />

A presente pesquisa está em fase <strong>de</strong> elaboração, e como resulta<strong>do</strong>s provisórios<br />

po<strong>de</strong>m ser inferi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o temário e à problemática expostos, os seguintes<br />

resulta<strong>do</strong>s ainda em fase <strong>de</strong> pesquisa: i) a sustentabilida<strong>de</strong> ambiental consiste em direito<br />

difuso transindividual, cujas características impõem que a sua efetivação e garantia não<br />

possam ser pensadas apenas na or<strong>de</strong>m interna <strong>de</strong> cada Esta<strong>do</strong>-nação, exigin<strong>do</strong> uma<br />

tratativa no plano internacional, no qual o projeto cosmopolita kantiano ressurge em sua<br />

atualida<strong>de</strong> como ponto <strong>de</strong> partida racional <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate acerca <strong>de</strong>sse relevante problema da<br />

contemporaneida<strong>de</strong>; ii) a premência <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate acerca <strong>do</strong>s graves problemas ambientais<br />

Capa Índice 10393


anuncia<strong>do</strong>s mundialmente <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram um reposicionamento <strong>do</strong> discurso político<br />

acerca <strong>do</strong> problema da sustentabilida<strong>de</strong> ambiental; porém, sem um embasamento sóli<strong>do</strong><br />

num conjunto <strong>de</strong> reflexões que tenham a universalida<strong>de</strong> da dignida<strong>de</strong> humana como<br />

critério último <strong>do</strong> agir, tal problemática produz o risco atual <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sequilíbrio nos<br />

critérios <strong>de</strong> paz mundial, haja vista a situação <strong>de</strong> insegurança ambiental que a atuação<br />

interna <strong>de</strong> cada país po<strong>de</strong> provocar no outro; iii) o pensamento político kantiano, que tem<br />

como ponto <strong>de</strong> cumeada o cosmopolitismo, po<strong>de</strong> cumprir esse papel <strong>de</strong> ser um ponto <strong>de</strong><br />

partida sóli<strong>do</strong> para tal <strong>de</strong>bate; <strong>de</strong>ve, no entanto, ser repensa<strong>do</strong> em termos atuais, <strong>de</strong><br />

mo<strong>do</strong> reflexivo e crítico; iv) tal <strong>de</strong>bate implica na discussão acerca <strong>de</strong> uma instância<br />

supra-nacional e suas características, haja vista a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estruturação <strong>de</strong> uma<br />

or<strong>de</strong>m efetiva que possa dar conta <strong>de</strong> racionalizar as atuações referentes a esse<br />

problema, o que implica num aprofundamento <strong>do</strong>s conceitos inerentes ao projeto kantiano<br />

<strong>de</strong> paz perpétua, notadamente quanto aos temas da solidarieda<strong>de</strong> internacional, da<br />

soberania, da responsabilida<strong>de</strong> internacional e da coerção como elemento <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m<br />

internacional efetiva.<br />

5- Referências Bibliográficas:<br />

BOBBIO, Norberto. Direito e esta<strong>do</strong> no pensamento <strong>de</strong> Emanuel Kant. Trad. Alfre<strong>do</strong> Fait.<br />

4. ed. Brasília: Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, 1997.<br />

HECK, José Nicolau. Da razão prática ao Kant tardio. Porto Alegre: Edpucrs, 2007.<br />

HECK, José N. Direito e lei em Immanuel Kant. Síntese. Belo Horizonte, v. 25, n. 80,<br />

jan/mar, 1998.<br />

HECK, José Nicolau. Ensaios <strong>de</strong> Filosofia Política e <strong>do</strong> Direito: Habermas, Rousseau e<br />

Kant. Goiânia: Ed. UCG, 2009.<br />

HECK, José Nicolau. Globalização e Cosmopolitismo: controvérsia kantiana <strong>do</strong> direito <strong>do</strong>s<br />

povos. Síntese, Belo Horizonte, v. 32, n. 103, 2005.<br />

HECK, José Nicolau. Razão Teórica, Cosmopolitismo e Paz Perpétua. Kant e-Prints<br />

(Online), v. 3, 2008.<br />

KANT, Immanuel. À paz perpétua. (Zum Ewigen Frie<strong>de</strong>n). Trad. Marco Antônio Zingano.<br />

Porto Alegre: LP&M, 1989.<br />

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica <strong>do</strong>s Costumes. Trad. Paulo Quintela.<br />

Lisboa: Edições 70, 1986.<br />

SALGADO, Joaquim Carlos. A idéia <strong>de</strong> justiça em Kant: Seu fundamento na Liberda<strong>de</strong> e<br />

na Igualda<strong>de</strong>. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1995.<br />

SALGADO, Karine. A Paz Perpétua <strong>de</strong> Kant: atualida<strong>de</strong> e efetivação. Belo Horizonte:<br />

Mandamentos, 2009.<br />

Capa Índice 10394


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10395 - 10399<br />

ESTILO DE VIDA DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE UMA<br />

UNIDADE DA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA<br />

Divina Kelly MOREIRA, Maria Sebastiana SILVA, Anegleyce Teo<strong>do</strong>ro<br />

RODRIGUES, Elda Isabela Gonçalves <strong>do</strong>s Santos NEVES.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Ciências da Saú<strong>de</strong>.<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação Física. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás.<br />

divinakm@gmail.com<br />

Palavras-chave: saú<strong>de</strong>, estilo <strong>de</strong> vida, educação física, professor.<br />

O estilo <strong>de</strong> vida é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como conjunto <strong>de</strong> ações habituais que refletem<br />

as atitu<strong>de</strong>s, os valores e as oportunida<strong>de</strong>s na vida das pessoas. Dentre essa ações<br />

existem aqueles consi<strong>de</strong>rada positivas como: a prática <strong>de</strong> exercícios físicos,<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lazer e <strong>de</strong> relaxamento, além <strong>de</strong> uma alimentação saudável, e aquelas<br />

ditas negativas, mas controláveis como o fumo, álcool, drogas, stress, isolamento<br />

social, se<strong>de</strong>ntarismo e esforços intensos ou repetitivos (NAHAS, 2003).<br />

Conviver <strong>de</strong> forma harmoniosa com o ambiente, outras pessoas e consigo<br />

mesmo, por meio <strong>de</strong> um estilo <strong>de</strong> vida saudável, po<strong>de</strong> melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida,<br />

principalmente <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da profissão, <strong>de</strong>ve optar por<br />

um estilo <strong>de</strong> vida ativo (NAHAS, 2003).<br />

O comportamento individual refleti<strong>do</strong> através das escolhas e <strong>de</strong>cisões será<br />

o responsável pelo afastamento ou aproximação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas <strong>do</strong>enças. Muita<br />

<strong>de</strong>las causadas pelo se<strong>de</strong>ntarismo, alimentação <strong>de</strong>sequilibrada e stress. Alves<br />

(2005, p. 291) afirma que a inativida<strong>de</strong> física é importante fator <strong>de</strong> risco para as<br />

<strong>do</strong>enças crônicas, mesmo assim, o excesso <strong>de</strong> trabalho e a falta <strong>de</strong> tempo são<br />

utiliza<strong>do</strong>s para justificar o estilo <strong>de</strong> vida se<strong>de</strong>ntário.<br />

O profissional <strong>do</strong>cente, por pertencer a uma instituição formal <strong>de</strong><br />

educação, também possui a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensinar e até mesmo modificar o<br />

conjunto <strong>de</strong> ações habituais das pessoas. No entanto, algumas pesquisas têm<br />

aponta<strong>do</strong> que os professores, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, está sobre freqüente pressão em<br />

função da carga horária <strong>do</strong>cente, <strong>do</strong> salário e das condições <strong>de</strong> trabalho (ROCHA,<br />

2008). Desta forma, este estu<strong>do</strong> tem como objetivo avaliar o estilo <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s<br />

Capa Índice 10395


professores <strong>de</strong> Educação Física da Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Goiânia –<br />

RMEGo, pertencente à Unida<strong>de</strong> Regional <strong>de</strong> Educação Central.<br />

Sujeitos e méto<strong>do</strong>s<br />

Este é um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritivo <strong>de</strong> caráter transversal, realiza<strong>do</strong> com<br />

professores <strong>de</strong> Educação Física, efetivos, pertencentes a 34 escolas da Unida<strong>de</strong><br />

Regional <strong>de</strong> Educação Central (UREC), que não estavam exercen<strong>do</strong> cargo <strong>de</strong><br />

gestão.<br />

Para a coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s foram utiliza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is instrumentos. O primeiro foi<br />

um questionário socio<strong>de</strong>mográfico, para i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> sexo, ida<strong>de</strong>, esta<strong>do</strong> civil e<br />

carga horária semanal <strong>de</strong> trabalho <strong>do</strong>s professores.<br />

O segun<strong>do</strong> foi um questionário valida<strong>do</strong> para i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> Perfil <strong>do</strong><br />

Estilo <strong>de</strong> Vida Individual – PEVI, basea<strong>do</strong> no Pentáculo <strong>do</strong> Bem-Estar e<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por Nahas (2000). Este questionário avalia o estilo <strong>de</strong> vida a partir <strong>de</strong><br />

cinco componentes: nutrição, ativida<strong>de</strong> física, comportamento preventivo,<br />

relacionamentos e controle <strong>de</strong> estresse. Cada um <strong>de</strong>sses componentes possui três<br />

afirmações, totalizan<strong>do</strong> 15 opções <strong>de</strong> resposta para o instrumento. Cada afirmação<br />

<strong>de</strong>ve ser respondida <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com um escore crescente <strong>de</strong> “zero” a “três”. Sen<strong>do</strong><br />

“zero” para ativida<strong>de</strong>s ou comportamentos que não fazem parte <strong>do</strong> estilo <strong>de</strong> vida da<br />

pessoa e “três” para ativida<strong>de</strong>s ou comportamentos que sempre fazem parte <strong>do</strong> seu<br />

estilo <strong>de</strong> vida.<br />

Os instrumentos <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s (termo <strong>de</strong> consentimento,<br />

questionários e roteiro <strong>de</strong> preenchimento) foram envia<strong>do</strong>s a to<strong>do</strong>s os professores<br />

das escolas da UREC, em envelopes lacra<strong>do</strong>s por meio <strong>de</strong> malote. Do total <strong>de</strong><br />

envelopes envia<strong>do</strong>s (n= 128), 54,40% (n= 68) retornaram corretamente preenchi<strong>do</strong>s<br />

e com o Termo <strong>de</strong> Consentimento Livre e Esclareci<strong>do</strong> (TCLE) assina<strong>do</strong>. A coleta foi<br />

realizada entre os meses <strong>de</strong> março e maio <strong>de</strong> 2012, após aprovação <strong>do</strong> projeto pelo<br />

Comitê <strong>de</strong> Ética em <strong>Pesquisa</strong> com Seres Humanos da <strong>UFG</strong> (Parecer 256/2011).<br />

Para a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s foram utilizadas as equações <strong>de</strong> Lemos (2007) e<br />

o pacote estatístico SPSS, versão 19.0. No programa SPSS, os da<strong>do</strong>s<br />

socio<strong>de</strong>mograficos e <strong>do</strong> estilo <strong>de</strong> vida foram analisa<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> a frequência.<br />

Resulta<strong>do</strong>s parciais e discussão<br />

Capa Índice 10396


Os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> perfil socio<strong>de</strong>mográfico revelam que <strong>do</strong>s 68 professores, 24<br />

eram <strong>do</strong> sexo masculino e 44 <strong>do</strong> sexo feminino, com ida<strong>de</strong>s entre 25 e 61 anos.<br />

Quanto ao esta<strong>do</strong> civil, 62,30% eram casa<strong>do</strong>s e 27,50% solteiros e mais da meta<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s professores (55,00%) possuíam carga horária superior a 30 horas semanais.<br />

No que se refere ao estilo <strong>de</strong> vida (Figura 1), os valores positivos obti<strong>do</strong>s<br />

nas cinco dimensões e no aspecto geral <strong>do</strong> PEVI oscilaram <strong>de</strong> 40,60% a 89,90%<br />

entre os professores <strong>de</strong> Educação Física. A alimentação e o controle <strong>de</strong> estresse<br />

foram relata<strong>do</strong>s como fatores positivos, relaciona<strong>do</strong>s ao estilo <strong>de</strong> vida, por menos <strong>de</strong><br />

50% <strong>do</strong>s professores entrevista<strong>do</strong>s.. Resulta<strong>do</strong> semelhante ao <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong><br />

foi encontra<strong>do</strong> entre os professores <strong>de</strong> Educação Física <strong>de</strong> Santa Catarina (BOTH,<br />

2007).<br />

Alimentação<br />

Ativida<strong>de</strong> Física<br />

Comportamento<br />

Preventivo<br />

Figura 1. Perfil <strong>do</strong> Estilo <strong>de</strong> Vida Individual <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> Educação 66,7% Física da URE Central.<br />

Relacionamentos<br />

20,3%<br />

11,6%<br />

Controle <strong>de</strong> Estresse<br />

Figura 1. Perfil <strong>do</strong> Estilo <strong>de</strong> Vida Individual <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> Educação Física da<br />

URE Central.<br />

5,8%<br />

2,9%<br />

21,7%<br />

26,1%<br />

26,1%<br />

23,2%<br />

40,6%<br />

36,2%<br />

40,6%<br />

34,8%<br />

46,4%<br />

Negativo Intermediário Positivo<br />

89,9%<br />

Dentre os componentes <strong>do</strong> estilo <strong>de</strong> vida consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s negativos, por<br />

maior número <strong>de</strong> professores, <strong>de</strong>staca-se a ativida<strong>de</strong> Física (26,10%), controle <strong>de</strong><br />

estresse (23,20%) e alimentação (21,70%). Vale lembrar que o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fundamentalmente <strong>do</strong> equilíbrio nestas três dimensões, o que sugere maior<br />

cuida<strong>do</strong> no controle das mesmas, como forma <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> futuros problemas<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> entre esses professores <strong>de</strong> educação física. Ainda, a alimentação e o<br />

Capa Índice 10397


controle <strong>de</strong> estresse foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s interferir <strong>de</strong> forma intermediária, no estilo<br />

<strong>de</strong> vida, por 36,20% e 34,80% <strong>do</strong>s professores, respectivamente.<br />

No presente estu<strong>do</strong>, a ativida<strong>de</strong> física foi o componente com maior perfil<br />

negativo entre os professores <strong>de</strong> Educação Física Escolar. Esse acha<strong>do</strong> infere que<br />

apesar <strong>do</strong> núcleo epistemológico que norteia a prática profissional, este grupo tem a<br />

prática ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s físicas como fator <strong>de</strong> risco para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>enças crônicas como a <strong>do</strong>ença coronariana aterosclerótica, hipertensão arterial<br />

sistêmica, aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral, câncer, diabetes mellitus e a <strong>do</strong>ença bronco<br />

pulmonar obstrutivo-crônica (CARVALHO 1996).<br />

O Controle <strong>do</strong> Estresse foi o segun<strong>do</strong> componente com maior perfil<br />

negativo, reforçan<strong>do</strong> a dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s professores em enfrentar situações que<br />

ultrapassem sua habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentamento (LIPP, 1997). Para Santini (2005), os<br />

fatores violência, me<strong>do</strong>, insegurança e ansieda<strong>de</strong> conduzem o professor a um<br />

<strong>de</strong>sgaste físico e emocional levan<strong>do</strong>-o a situações graves <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão e Burnout, o<br />

que compromete sua saú<strong>de</strong> e sua função pedagógica.<br />

A alimentação foi o terceiro componente com o maior perfil negativo. Esse<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>monstra que os professores não possuem um consumo alimentar<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>. Philipp et. al. (1999) esclarece que as refeições <strong>de</strong>vem ser realizadas<br />

seis vezes por dia (café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tar<strong>de</strong>, jantar<br />

e lanche da noite), com alimentos <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os grupos da pirâmi<strong>de</strong>, dan<strong>do</strong><br />

preferência aos vegetais como frutas, verduras e legumes.<br />

Conclusão<br />

Os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> evi<strong>de</strong>nciam que parte <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong><br />

Educação Física da Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> <strong>Ensino</strong> <strong>de</strong> Goiânia apresenta um perfil<br />

positivo <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vida, principalmente quanto ao comportamento preventivo. Mas,<br />

a inativida<strong>de</strong> física somada à alimentação irregular e o baixo controle <strong>do</strong> estresse<br />

po<strong>de</strong> comprometer a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>sses professores.<br />

Referências bibliográficas.<br />

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<strong>de</strong> lazer na vida adulta. Revista Brasileira <strong>de</strong> Medicina <strong>do</strong> Esporte. [online], v. 11,<br />

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Capa Índice 10398


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CARVALHO, T. et. al. Posição oficial da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Medicina <strong>do</strong><br />

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(Mestran<strong>do</strong> em Educação Física), Centro <strong>de</strong> Desportos, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Santa Catarina, Florianópolis, 2007.<br />

LIPP, M. E. N., SASSI, L. & Batista, I. Stress ocupacional na equipe cirúrgica.<br />

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NAHAS, M.V.; BARROS, M.G.V.; FRANCA-LACCI, V. O pentáculo <strong>do</strong> bem estar:<br />

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professores <strong>de</strong> Educação Física: um estu<strong>do</strong> na re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> Porto<br />

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Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina, Centro Tecnológico Disponível em :<br />

. Acessa<strong>do</strong> em 29 <strong>de</strong> ago. 2012.<br />

Capa Índice 10399


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10400 - 10404<br />

PINHEIRO, D. G. L.; GITIRANA JR, G. F. N. Resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> solos tropicais não satura<strong>do</strong>s. In :<br />

CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA <strong>UFG</strong> –IX CONPEEX,2012, Goiânia. IX Seminário <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação da <strong>UFG</strong>. Goiânia:<strong>UFG</strong>,2012.<br />

RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE SOLOS TROPICAIS NÃO SATURADOS.<br />

Divino Gabriel Lima PINHEIRO¹; Gilson <strong>de</strong> Farias Neves GITIRANA JR²<br />

¹ Aluno <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> no GECON/<strong>UFG</strong>, eng.gabriellima@gmail.com<br />

² Orienta<strong>do</strong>r/Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia/<strong>UFG</strong>, gilsongitirana@gmail.com<br />

Palavra-chave: Resistência ao cisalhamento não saturada, Solos tropicais, méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> otimização.<br />

1- INTRODUÇÃO<br />

Na mecânica <strong>do</strong>s solos clássica, a resistência ao cisalhamento aparece como um<br />

importante fator que <strong>de</strong>termina o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> obras. Geralmente estas obras são<br />

calculadas e executadas consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a resistência ao cisalhamento saturada.<br />

Porém, na prática, isso nem sempre acontece, pois gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s solos está na<br />

condição não saturada sen<strong>do</strong> assim é acrescida <strong>de</strong> uma importante parcela <strong>de</strong><br />

resistência <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sucção. Gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s problemas relaciona<strong>do</strong>s à resistência<br />

ao cisalhamento envolvem solos próximos à superfície, que invariavelmente se<br />

encontram no esta<strong>do</strong> não satura<strong>do</strong>. Como exemplos <strong>de</strong>stes problemas po<strong>de</strong>mos<br />

citar a construção <strong>de</strong> talu<strong>de</strong>s; lagoas <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> resíduos; estabilida<strong>de</strong> vertical<br />

próxima à escavações, entre outros.<br />

O Brasil está situa<strong>do</strong> em uma região <strong>de</strong> clima tropical, com temperaturas e regimes<br />

<strong>de</strong> chuva que variam bastante ao longo <strong>do</strong> ano, levan<strong>do</strong> o solo a sofrer intensos<br />

processos <strong>de</strong> intemperismo. Este tipo <strong>de</strong> solo é <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> solo tropical e tem um<br />

comportamento específico quanto à resistência ao cisalhamento.<br />

Fredlund e Morgenstern (1977) estabeleceram o arcabouço teórico básico para o<br />

entendimento e mo<strong>de</strong>lagem da resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> solos não satura<strong>do</strong>s.<br />

Os autores perceberam a necessida<strong>de</strong> da utilização das duas variáveis <strong>de</strong> tensão<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, quais sejam: a tensão total líquida e a sucção matricial. A sucção<br />

matricial é a variável <strong>de</strong> tensão mais sujeita a variações ao longo <strong>do</strong> tempo.<br />

Problemas como movimentos <strong>de</strong> massa <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s por eventos atmosféricos<br />

extremos po<strong>de</strong>m ser associa<strong>do</strong>s às variações <strong>de</strong> sucção matricial.<br />

Anteriormente ao estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Fredlund e Morgenstern (1977) houve muitos avanços<br />

na pesquisa acerca <strong>do</strong> comportamento mecânico <strong>de</strong> solos não satura<strong>do</strong>s.<br />

Destacam-se, entre esses avanços, o reconhecimento da não linearida<strong>de</strong> da<br />

envoltória <strong>de</strong> ruptura <strong>de</strong> solos não satura<strong>do</strong>s (Gan et al. 1988 e Escario e Juca 1989)<br />

e o estabelecimento da relação entre a resistência ao cisalhamento e a curva<br />

característica solo-água.<br />

Capa Índice 10400


PINHEIRO, D. G. L.; GITIRANA JR, G. F. N. Resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> solos tropicais não satura<strong>do</strong>s. In :<br />

CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA <strong>UFG</strong> –IX CONPEEX,2012, Goiânia. IX Seminário <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação da <strong>UFG</strong>. Goiânia:<strong>UFG</strong>,2012.<br />

Permanecem, no entanto, numerosas questões a respeito <strong>do</strong> comportamento <strong>de</strong><br />

solos tropicais não satura<strong>do</strong>s. Por exemplo: Qual a interferência na resistência ao<br />

cisalhamento <strong>do</strong> comportamento volumétrico <strong>do</strong> solo (<strong>de</strong>formações totais e variação<br />

na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água)?; Qual a variação da resistência ao cisalhamento <strong>do</strong> solo<br />

para sucções maiores que a sucção residual?; Quais as especificida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

comportamento <strong>do</strong>s solos tropicais quanto a sua resistência ao cisalhamento não<br />

satura<strong>do</strong>?<br />

Este estu<strong>do</strong> objetiva, portanto, contribuir para o entendimento e mo<strong>de</strong>lagem da<br />

resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> solos tropicais não satura<strong>do</strong>s.<br />

2 METODOLOGIA<br />

Para os solos satura<strong>do</strong>s, a equação <strong>de</strong> resistência ao cisalhamento é <strong>de</strong>scrita<br />

utilizan<strong>do</strong> o critério <strong>de</strong> ruptura <strong>de</strong> Mohr Coulomb e <strong>de</strong> tensão efetiva proposto por<br />

Terzaghi (1936). A equação <strong>de</strong> resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> solos satura<strong>do</strong>s é<br />

escrita como uma forma linear da tensão efetiva, conforme a equação a seguir<br />

(Fredlund et al. 1996):<br />

τ =c + σ −u tan ϕ (1)<br />

On<strong>de</strong>: on<strong>de</strong>: τ = Resistência ao cisalhamento no plano da ruptura; c’= coesão<br />

efetiva; ϕ′= ângulo <strong>de</strong> atrito efetivo; σ = tensão normal no plano <strong>de</strong> ruptura; u = poro<br />

pressão <strong>de</strong> água.<br />

Vários procedimentos têm si<strong>do</strong> propostos nos últimos anos para <strong>de</strong>screver o<br />

cisalhamento <strong>de</strong> solos não satura<strong>do</strong>s. A curva característica solo água (CCSA) tem<br />

si<strong>do</strong> utilizada <strong>de</strong> forma indireta na previsão <strong>de</strong> resistência ao cisalhamento<br />

basean<strong>do</strong>-se nos padrões <strong>de</strong> resistência ao cisalhamento saturada nestes<br />

procedimentos.<br />

Entre outros avanços, temos como exemplo o coeficiente <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong> e as<br />

equações <strong>de</strong> resistência ao cisalhamento calcula<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma indireta a partir da<br />

CCSA. Porém estas previsões são baseadas em estu<strong>do</strong>s experimentais que são<br />

caros, <strong>de</strong>mora<strong>do</strong>s e muitas vezes impraticáveis (Fredlund et al. 1996).<br />

Neste trabalho foram estuda<strong>do</strong>s alguns mo<strong>de</strong>los já existentes para a previsão <strong>de</strong><br />

resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> solos não satura<strong>do</strong>s conforme a Tabela 01.<br />

Tabela 01 – Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> solos não satura<strong>do</strong>s estuda<strong>do</strong>s.<br />

Capa Índice 10401


PINHEIRO, D. G. L.; GITIRANA JR, G. F. N. Resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> solos tropicais não satura<strong>do</strong>s. In :<br />

CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA <strong>UFG</strong> –IX CONPEEX,2012, Goiânia. IX Seminário <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação da <strong>UFG</strong>. Goiânia:<strong>UFG</strong>,2012.<br />

Para este estu<strong>do</strong> está sen<strong>do</strong> realizada uma pesquisa bibliográfica e os da<strong>do</strong>s<br />

organiza<strong>do</strong>s quanto às diferentes características. Estas informações foram<br />

adicionadas a um banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s organiza<strong>do</strong> no programa Microsoft Excel e foram<br />

aplica<strong>do</strong>s aos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> resistência ao cisalhamento buscan<strong>do</strong> a melhor equação<br />

que se ajuste ao comportamento <strong>de</strong> solos tropicais não satura<strong>do</strong>s.<br />

Os mo<strong>de</strong>los foram organiza<strong>do</strong>s em duas tabelas para facilitar a utilização <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s.<br />

A primeira tabela apresenta da<strong>do</strong>s básicos <strong>de</strong> cada tipo <strong>de</strong> solo que foi utiliza<strong>do</strong><br />

neste trabalho, a segunda tabela apresenta da<strong>do</strong>s mais específicos a respeito da<br />

característica <strong>do</strong>s ensaios executa<strong>do</strong>s a respeito <strong>do</strong> comportamento <strong>de</strong>stes solos.<br />

Na coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s uma das informações mais relevantes foi quanto a origem <strong>do</strong><br />

solo estuda<strong>do</strong>, se tropical ou mediterrâneo por exemplo.<br />

Outra parte é a mo<strong>de</strong>lagem, que será feita com os seguintes passos meto<strong>do</strong>lógicos :<br />

1 – Será observa<strong>do</strong> o agrupamento com respeito ao tipo <strong>de</strong> solo – serão<br />

consi<strong>de</strong>radas observações feitas na etapa da aplicação <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los existentes – a<br />

análise crítica <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>stes mo<strong>de</strong>los i<strong>de</strong>ntificará eventuais limitações e<br />

possíveis melhorias a serem implementadas.<br />

2 – O comportamento volumétrico <strong>do</strong> solo durante o cisalhamento não é<br />

explicitamente consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> nos mo<strong>de</strong>los constitutivos cita<strong>do</strong>s na revisão da literatura<br />

Capa Índice 10402


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CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA <strong>UFG</strong> –IX CONPEEX,2012, Goiânia. IX Seminário <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação da <strong>UFG</strong>. Goiânia:<strong>UFG</strong>,2012.<br />

– a interferência <strong>do</strong> comportamento volumétrico na resistência ao cisalhamento<br />

durante a ruptura é um <strong>do</strong>s focos principais <strong>de</strong>ste trabalho. Tal comportamento será<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> na mo<strong>de</strong>lagem.<br />

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Estão sen<strong>do</strong> construídas tabelas que servirão <strong>de</strong> suporte para o banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s,<br />

conforme a Tabela 02. A partir <strong>do</strong> banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, será feita a mo<strong>de</strong>lagem, que<br />

classificará qual equação apresenta melhor mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> previsão ou ajuste quanto à<br />

resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> solos tropicais não satura<strong>do</strong>s.<br />

Tabela 02 – Exemplo <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s que estão sen<strong>do</strong> retira<strong>do</strong>s da literatura<br />

4 CONCLUSÕES<br />

Espera-se, com este estu<strong>do</strong>, a revisão <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> representação e <strong>de</strong> previsão<br />

da resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> solos não satura<strong>do</strong>s, juntamente com a avaliação<br />

<strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> ajuste e previsão quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>s ao conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s que está<br />

sen<strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>. Preten<strong>de</strong>-se, assim, contribuir com um banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s para<br />

resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> solos tropicais não satura<strong>do</strong>s.<br />

5 REFERÊNCIAS<br />

Capa Índice 10403


PINHEIRO, D. G. L.; GITIRANA JR, G. F. N. Resistência ao cisalhamento <strong>de</strong> solos tropicais não satura<strong>do</strong>s. In :<br />

CONGRESSO DE PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA <strong>UFG</strong> –IX CONPEEX,2012, Goiânia. IX Seminário <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação da <strong>UFG</strong>. Goiânia:<strong>UFG</strong>,2012.<br />

BISHOP, A.W., The principle of effective stress. Tecknish Ukebland,106,pp 859-863,<br />

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Journal, v.33 (3), p. 379-392, 1996.<br />

Capa Índice 10404


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10405 - 10409<br />

Um estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> abordagens baseadas em<br />

sucessivas aproximações lineares para o problema <strong>do</strong><br />

projeto <strong>de</strong> restrições <strong>de</strong> conversões<br />

Douglas Bernar<strong>de</strong>s SILVA 1,3 ; Hugo Alexandre Dantas <strong>do</strong> NASCIMENTO 2,3 ; Leslie<br />

Richard FOULDS 3,3 ; Humberto José LONGO 4,3<br />

3 Instituto <strong>de</strong> Informática – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (<strong>UFG</strong>)<br />

Caixa Postal 131 – 74001-970 – Goiânia – GO – Brazil<br />

{<strong>do</strong>uglassilva, hadn, longo}@inf.ufg.br, lesfoulds@gmail.com<br />

Palavras-chave: Sucessivas Aproximações Lineares, Alocação <strong>de</strong> tráfego,<br />

Equilíbrio <strong>de</strong> Usuário, Projeto <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>, Restrições <strong>de</strong> Conversões.<br />

Introdução<br />

O crescimento populacional mundial tem <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong> uma série <strong>de</strong><br />

consequências que vem sen<strong>do</strong> estudadas, sob diversos prismas, a fim <strong>de</strong> que sejam<br />

apresentadas soluções que diminuam o impacto <strong>de</strong>stas nas necessida<strong>de</strong>s básicas<br />

das pessoas.<br />

Uma <strong>de</strong>ssas consequências que é investigada por diversos centros <strong>de</strong><br />

pesquisa e setores administrativos públicos é o problema <strong>do</strong> transporte urbano: mais<br />

veículos inseri<strong>do</strong>s diariamente nas ruas sem a <strong>de</strong>vida adaptação da infraestrutura<br />

viária ten<strong>de</strong>m a aumentar, invariavelmente, os pontos <strong>de</strong> congestionamento.<br />

Estu<strong>do</strong>s, então, vêm tentan<strong>do</strong> simular o tráfego urbano <strong>de</strong> forma que este<br />

possa ser utiliza<strong>do</strong> para permitir a análise <strong>de</strong> melhorias <strong>de</strong> infraestrutura na malha<br />

viária das cida<strong>de</strong>s. O objetivo é alocar o fluxo <strong>de</strong> veículos nas vias <strong>de</strong> forma que o<br />

tempo <strong>de</strong>spendi<strong>do</strong> <strong>de</strong> um ponto a outro na malha seja minimiza<strong>do</strong>, para to<strong>do</strong>s os<br />

veículos, <strong>de</strong> forma simultânea.<br />

Uma vez que este tráfego é distribuí<strong>do</strong> pela estrutura viária, diversos<br />

projetos <strong>de</strong> melhoria po<strong>de</strong>m ser propostos a fim <strong>de</strong> reduzir os níveis <strong>de</strong><br />

1 Instituto <strong>de</strong> Informática, <strong>UFG</strong> - Aluno <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> em Ciência da Computação/INF-<strong>UFG</strong> e Bolsista<br />

FAPEG.<br />

2 Instituto <strong>de</strong> Informática, <strong>UFG</strong> - Responsável pela Orientação<br />

3 Instituto <strong>de</strong> Informática, <strong>UFG</strong> - Responsável pela Co-orientação<br />

4 Instituto <strong>de</strong> Informática, <strong>UFG</strong> - Responsável pela Revisão <strong>do</strong> Documento<br />

Capa Índice 10405


congestionamento da re<strong>de</strong>. Estes projetos vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a construção <strong>de</strong> novas vias até<br />

a simples proibição <strong>do</strong> estacionamento em uma <strong>de</strong>las. Eles <strong>de</strong>vem ser analisa<strong>do</strong>s e,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um orçamento permiti<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>m ser escolhi<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma que, agrega<strong>do</strong>s,<br />

produzam o maior benefício na flui<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s veículos da malha viária.<br />

A restrição (proibição) <strong>de</strong> certas conversões em cruzamentos <strong>de</strong> uma<br />

malha viária é uma tarefa comumente utilizada por gestores <strong>de</strong> tráfego urbano para<br />

reduzir seu nível geral <strong>de</strong> congestionamento.<br />

O presente trabalho visa explorar modificações <strong>de</strong> um méto<strong>do</strong> já proposto<br />

que utiliza sucessivas aproximações lineares (SLA) para i<strong>de</strong>ntificar uma solução<br />

para um mo<strong>de</strong>lo não-linear <strong>do</strong> problema <strong>de</strong> conversões entre vias, ajustan<strong>do</strong> estas<br />

conversões - permitin<strong>do</strong> ou proibin<strong>do</strong>-as - <strong>de</strong> forma a minimizar o custo total <strong>de</strong><br />

viagem <strong>do</strong> usuário quan<strong>do</strong> a escolha da rota é direcionada pelos princípios <strong>do</strong><br />

equilíbrio <strong>de</strong> usuário.<br />

Material e méto<strong>do</strong> (meto<strong>do</strong>logia)<br />

A pesquisa será <strong>de</strong>senvolvida em quatro etapas.<br />

Na primeira, será realizada uma revisão bibliográfica <strong>do</strong>s tópicos<br />

relevantes à mesma, ten<strong>do</strong> como base estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> artigos publica<strong>do</strong>s em<br />

conferências internacionais, artigos em periódicos (ACM, IEEE e outros), livros,<br />

teses e dissertações.<br />

A segunda etapa contempla a implementação e o teste <strong>de</strong> uma<br />

modificação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo originalmente <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em [Duarte, 2012]. O objetivo é<br />

otimizar é tornar o méto<strong>do</strong> mais realista e melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

obti<strong>do</strong>s.<br />

A terceira etapa consiste em, caso as alterações se mostrem<br />

notadamente relevantes, realizar uma nova melhoria agregan<strong>do</strong> ao mo<strong>de</strong>lo a<br />

otimização <strong>de</strong> tempo em semáforos nas vias, <strong>de</strong> forma que se consiga trazer um<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> usuário ainda melhor.<br />

A última etapa será responsável por compilar e comparar esses<br />

resulta<strong>do</strong>s, estabelecen<strong>do</strong> os níveis <strong>de</strong> melhoria no tráfego urbano que po<strong>de</strong>m ser<br />

alcança<strong>do</strong>s com os mo<strong>de</strong>los propostos.<br />

Capa Índice 10406


Resulta<strong>do</strong> e discussão<br />

A revisão bibliográfica permitiu a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s principais conceitos,<br />

méto<strong>do</strong>s e mo<strong>de</strong>los utiliza<strong>do</strong>s por sistema <strong>de</strong> simulação <strong>de</strong> tráfego urbano.<br />

Enten<strong>de</strong>-se que, antes <strong>de</strong> o tráfego <strong>de</strong> uma malha viária ser utiliza<strong>do</strong> para<br />

qualquer análise, uma informação se faz essencial: o fluxo <strong>de</strong> veículos existente<br />

entre cada um <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na re<strong>de</strong> viária observada.<br />

Uma matriz origem-<strong>de</strong>stino (matriz OD) é uma estrutura <strong>de</strong> informação<br />

que contém todas as <strong>de</strong>mandas por viagens (<strong>de</strong> pessoas ou veículos) entre esses<br />

pontos <strong>de</strong> interesse. O valor armazena<strong>do</strong> em uma célula <strong>de</strong>sta matriz (linha i, coluna<br />

j) é a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> fluxo estimada <strong>de</strong> um ponto i a um ponto j, para um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo estuda<strong>do</strong>.<br />

O processo <strong>de</strong> carregar a malha viária com o tráfego <strong>de</strong> veículos obti<strong>do</strong> a<br />

partir das <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong>scritas em uma matriz OD é chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> alocação <strong>de</strong><br />

tráfego. Durante este processo, obtém-se o fluxo <strong>de</strong> veículos/pessoas <strong>de</strong> cada uma<br />

das vias – ruas, avenidas, alamedas – <strong>de</strong>finidas na re<strong>de</strong> viária. A alocação <strong>de</strong><br />

tráfego é uma parte essencial <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> simulação e mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> tráfego<br />

[Yang, 1992].<br />

Para que essa alocação <strong>de</strong> tráfego seja efetiva e represente um ambiente<br />

real (incluin<strong>do</strong> congestionamento nas vias) é necessário que ela consiga obter o<br />

equilíbrio <strong>do</strong> usuário. Segun<strong>do</strong> [Wardrop, 1952], haverá equilíbrio <strong>de</strong> usuário quan<strong>do</strong><br />

não houver opção <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> rota a qualquer usuário da re<strong>de</strong> viária que reduza<br />

seu tempo <strong>de</strong> chegada ao <strong>de</strong>stino <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>.<br />

A alocação <strong>de</strong> tráfego permite a proposição que diversos projetos <strong>de</strong><br />

melhoria na re<strong>de</strong> viária com o intuito <strong>de</strong> reduzir seus níveis <strong>de</strong> congestionamento. A<br />

i<strong>de</strong>ia é escolher uma alternativa <strong>de</strong> modificação da re<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong><br />

possíveis modificações, que imprima o maior benefício. A inserção <strong>de</strong>ssas<br />

modificações tem um custo e os <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> trânsito normalmente têm<br />

recursos limita<strong>do</strong>s para a execução <strong>do</strong>s projetos. Faz-se necessário, ainda, analisar<br />

a inter<strong>de</strong>pendência entre os diversos projetos, já que a mudança <strong>do</strong> fluxo promovida<br />

em uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à implementação <strong>de</strong> <strong>do</strong>is projetos não é igual à soma <strong>do</strong>s<br />

benefícios individuais <strong>do</strong>s mesmos. A implantação <strong>de</strong> um projeto po<strong>de</strong>, inclusive,<br />

elevar o nível <strong>de</strong> congestionamento na re<strong>de</strong>, como explica o Para<strong>do</strong>xo <strong>de</strong> Braess<br />

Capa Índice 10407


[Braess, 2005]. Esse problema, já menciona<strong>do</strong> anteriormente, é conheci<strong>do</strong> como<br />

Problema <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>s (<strong>do</strong> inglês, NDP – Network Design Problem).<br />

A interseção entre duas vias da re<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser esmiuçada em um conjunto<br />

<strong>de</strong> possíveis conversões entre elas. Quan<strong>do</strong> um veículo se aproxima <strong>do</strong> cruzamento,<br />

po<strong>de</strong> seguir em frente, convergir à direita ou convergir à esquerda. De acor<strong>do</strong> com a<br />

configuração da malha, entretanto, algumas <strong>de</strong>ssas conversões são proibidas,<br />

segun<strong>do</strong> critérios pré-estabeleci<strong>do</strong>s pelos gestores <strong>do</strong> projeto. Normalmente isto<br />

acontece nas conversões à esquerda <strong>do</strong>s cruzamentos entre vias <strong>de</strong> mão dupla.<br />

O problema <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Restrições <strong>de</strong> Conversão (<strong>do</strong> inglês, Turning<br />

Restriction Design Problem - TRDP) envolve encontrar um conjunto <strong>de</strong> restrições <strong>de</strong><br />

conversão que consigam melhorar o fluxo <strong>de</strong> veículos em uma re<strong>de</strong> congestionada.<br />

Assim, o TRDP é uma subclasse <strong>do</strong> NDP que trata apenas <strong>de</strong> projetos<br />

vincula<strong>do</strong>s à alterações nas conversões entre as vias.<br />

A mudança combinada nas características <strong>de</strong>ssas conversões (permitin<strong>do</strong><br />

ou proibin<strong>do</strong>-as) po<strong>de</strong> gerar uma melhora significativa <strong>do</strong> tráfego, bem como po<strong>de</strong><br />

trazer-lhe prejuízo. O benefício <strong>de</strong>ssas alterações só po<strong>de</strong> ser realmente mensura<strong>do</strong><br />

se for leva<strong>do</strong> em conta seu impacto em uma área maior <strong>do</strong> que aquela das<br />

interseções diretamente afetadas.<br />

Uma vez embasa<strong>do</strong> por esta revisão, foi inicia<strong>do</strong> o trabalho <strong>de</strong> revisão, e<br />

modificação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo apresenta<strong>do</strong> em [Duarte, 2012].<br />

Primeiramente, estamos realizan<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema implementa<strong>do</strong><br />

pelos autores anteriores. Esse sistema assume que a proibição/permissão <strong>de</strong> uma<br />

conversão <strong>de</strong>va alterar a capacida<strong>de</strong> das vias influenciadas pela mesma. Após o<br />

estu<strong>do</strong>, o trabalho voltará para a alteração <strong>do</strong> sistema a fim <strong>de</strong> manter as<br />

capacida<strong>de</strong>s constantes, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das modificações, e analisar se os<br />

resulta<strong>do</strong>s não po<strong>de</strong>riam ser ainda mais expressivos. O méto<strong>do</strong> original utiliza um<br />

outro recurso, implementa<strong>do</strong> em um software chama<strong>do</strong> PET-Gyn [Jradi, 2008], para<br />

realizar a alocação <strong>de</strong> tráfego e calcular custos das rotas <strong>de</strong> tráfego na re<strong>de</strong>. A<br />

sugestão nova é também substituir o uso <strong>do</strong> PET-Gyn por um pós-processamento<br />

mais eficiente <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s pelo próprio méto<strong>do</strong>.<br />

Há ainda o interesse <strong>de</strong> implementar a otimização <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> ver<strong>de</strong> nos<br />

semáforos das vias. Consi<strong>de</strong>ra-se “tempo efetivo <strong>de</strong> ver<strong>de</strong>” o tempo que o semáforo<br />

Capa Índice 10408


permanece na cor ver<strong>de</strong> (permitin<strong>do</strong> o trânsito <strong>de</strong> veículos), retira<strong>do</strong> o tempo que<br />

estes <strong>de</strong>moram para iniciar e finalizar sua movimentação.<br />

A intenção <strong>do</strong> projeto é otimizar estes tempos, cronometran<strong>do</strong>-os, e<br />

combinar esta solução com o TRDP, <strong>de</strong> forma a conseguir um resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> EU<br />

ainda mais eficiente.<br />

Conclusão<br />

Gestores <strong>de</strong> tráfego tem encontra<strong>do</strong>, na restrição (proibição) <strong>de</strong> certas<br />

conversões em cruzamentos <strong>de</strong> uma malha viária, um efetivo meio <strong>de</strong> redução <strong>do</strong><br />

nível geral <strong>de</strong> congestionamento da mesma. Este projeto, ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> diversos<br />

outros, vem tentar fornecer a estes indivíduos o melhor custo benefício na gestão<br />

<strong>de</strong>ssas mudanças.<br />

Este trabalho visa encontrar um méto<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> em Sucessivas<br />

Aproximações Lineares que seja mais eficiente (em tempo <strong>de</strong> resposta) e eficaz (no<br />

equilíbrio <strong>de</strong> usuário) <strong>do</strong> que aquele no qual se baseia, ajustan<strong>do</strong> tanto as<br />

conversões, permitin<strong>do</strong> ou proibin<strong>do</strong>-as, quanto as configurações <strong>de</strong> semáforo <strong>de</strong><br />

forma a minimizar o custo total <strong>de</strong> viagem <strong>do</strong> usuário.<br />

Referências Bibliográficas<br />

BRAESS, D.; NAGURNEY, A.; WAKOLBINGER, T. “On a para<strong>do</strong>x of traffic<br />

planning”. Transportation Science, 39: 446–450, November 2005.<br />

DUARTE, D. C. S. “LIPSTUD – Um méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> otimização <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> tráfego urbano<br />

basea<strong>do</strong> em proibição e permissão <strong>de</strong> conversões”. Master’s thesis, INF/<strong>UFG</strong>, 2012.<br />

JRADI, W. A. R. “Uma arquitetura <strong>de</strong> software interativo para apoio à <strong>de</strong>cisão na<br />

mo<strong>de</strong>lagem e análise <strong>do</strong> tráfego urbano”. Master’s thesis, INF/<strong>UFG</strong>, 2008.<br />

SHERALI, H. D.; NARAYANAN, A.; SIVANANDAN, R. “Estimation of origin<strong>de</strong>stination<br />

trip-tables based on a partial set of traffic link volumes”. Transportation<br />

Research Part B: Metho<strong>do</strong>logical, 2003.<br />

WARDROP, J. “Some theoretical aspects of road traffic research”. Proceedings of<br />

the Institution of Civil Engineers, Part II, 1952.<br />

YANG, H.; SASAKI, T.; IIDA, Y.; ASAKURA, Y. “Estimation of origin-<strong>de</strong>stination<br />

matrices from link traffic counts on conges- ted networks,” Transportation Research<br />

Part B: Metho<strong>do</strong>logical, 1992.<br />

YANG, H. “Heuristic algorithms for the bi-level origin-<strong>de</strong>stination matrix estimation<br />

problem,” Transportation Research Part B: Metho<strong>do</strong>logical, 1995.<br />

Capa Índice 10409


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10410 - 10414<br />

ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE CELULASES E XILANASES, POR FUNGOS<br />

ISOLADOS DO SOLO DO BIOMA CERRADO<br />

Dougas Endrigo Perez PEREIRA 1 ; Luiz Artur Men<strong>de</strong>s BATAUS 2 ; Fabricia Paula <strong>de</strong><br />

FARIA 3<br />

1 Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas , Mestran<strong>do</strong>, <strong>UFG</strong>/Goiânia – GO. E-mail: <strong>do</strong>uglasifb@hotmail.com<br />

2 Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas, <strong>UFG</strong>/Goiânia – GO. E-mail: bataus@icb.ufg.br<br />

3 Instituto <strong>de</strong> Ciências Biológicas, <strong>UFG</strong>/Goiânia – GO. E-mail: fabriciapfaria@hotmail.com<br />

RESUMO EXPANDIDO<br />

Palavras-chave: fungos,celulase, xilanase, biomassa, substrato<br />

1. Introdução<br />

Biomassa lignocelulósica representa um abundante e renovável recurso que<br />

po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> para produzir biocombustíveis ecológicos e produtos químicos<br />

(KOVÁCS et al., 2009). O principal componente da biomassa vegetal é a<br />

lignocelulose, constituída pela celulose, hemicelulose e lignina, presentes na pare<strong>de</strong><br />

das células vegetais (SANCHES et al, 2009). A conversão <strong>de</strong> biomassa<br />

lignocelulósica à açúcares fermentáveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, principalmente, da ação <strong>de</strong> uma<br />

complexo <strong>de</strong> enzimas que hidrolisam a biomassa, produzidas por muitos<br />

microrganismos (KOVÁCS et al., 2009).<br />

Diversos microrganismos, principalmente algumas eubactérias e fungos,<br />

encontra<strong>do</strong>s em qualquer biota on<strong>de</strong> se acumulem resíduos <strong>de</strong> celulose, produzem<br />

enzimas capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradar a lignocelulose. Poucos são, entretanto, os que<br />

produzem e secretam eficientemente um conjunto <strong>de</strong> enzimas capazes <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>gradarem completamente a celulose em glicose. Em vista disso, na natureza,<br />

microrganismos celulolíticos e não celulolíticos coexistem, interagin<strong>do</strong><br />

sinergisticamente para levar à bioconversão da celulose em glicose (BÉGUIN &<br />

AUBERT, 1994).<br />

A produção <strong>do</strong> complexo <strong>de</strong> enzimas, capaz <strong>de</strong> hidrolisar a celulose e a<br />

hemicelulose, tem si<strong>do</strong> amplamente estudada em fungos, sen<strong>do</strong> estabeleci<strong>do</strong> que a<br />

produção <strong>de</strong>stas enzimas é regulada e está sujeita a indução, repressão catabólica<br />

na presença <strong>de</strong> glicose e expressão constitutiva <strong>de</strong>stas enzimas (SUTO & TOMITA,<br />

2001). O crescimento <strong>do</strong> microrganismo em fonte <strong>de</strong> carbono favorável, como a<br />

glicose, reprime a síntese <strong>de</strong> enzimas requeridas para o metabolismo <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong><br />

carbono alternativas como a xilana ou a celulose. Assim, em geral, a produção das<br />

celulases é reprimida pela glicose e induzida por diversos indutores, como celulose e<br />

Capa Índice 10410


celobiose (KULKARNI et al, 1999).<br />

O objetivo <strong>de</strong>sse trabalho consiste na análise da produção <strong>de</strong> celulases e<br />

xilanases, por fungos isola<strong>do</strong>s, a partir <strong>de</strong> solo <strong>do</strong> Bioma Cerra<strong>do</strong>.<br />

2. Material e Méto<strong>do</strong>s<br />

Neste trabalho foram utilizadas onze linhagens <strong>de</strong> fungos isola<strong>do</strong>s <strong>do</strong> solo <strong>do</strong><br />

Cerra<strong>do</strong>. Estas linhagens pertencem ao banco <strong>de</strong> germoplasma <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong><br />

Fosfata<strong>do</strong> Biológico - Goiânia – Goiás. Esses fungos foram <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s MD 01,<br />

MD 02, MD 03, MD 04, MD 05, MD 06, MD 07, MD 08, MD 09, MD 10 e MD 11.<br />

Os fungos foram seleciona<strong>do</strong>s quanto a produção <strong>de</strong> celulases, utilizan<strong>do</strong> o<br />

protocolo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> em placa segun<strong>do</strong> protocolo <strong>de</strong>scrito por Faria et al. (2002).<br />

Neste experimento, os isola<strong>do</strong>s foram cultiva<strong>do</strong>s em placas, conten<strong>do</strong> o meio<br />

Czapek (TUITE, 1969), meio celulose asparagina agar (CAA) (PARKINSON et al<br />

1971) ou meio mínimo (MM) (PONTECORVO et al., 1953), conten<strong>do</strong> 1% <strong>de</strong><br />

carboximetilcelulose (CMC) (Sigma®) ou celulose semi-cristalina (Avicel) (Sigmacell<br />

– Sigma®) e os halos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> enzimática revela<strong>do</strong>s com vermelho <strong>do</strong> Congo<br />

1%. A ativida<strong>de</strong> enzimática foi visualizada como um halo claro ao re<strong>do</strong>r da cultura. O<br />

índice <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> celulases foi calcula<strong>do</strong>, dividin<strong>do</strong> a circunferência <strong>do</strong> halo <strong>de</strong><br />

hidrólise pela circunferência <strong>do</strong> micélio.<br />

Para a indução da produção <strong>de</strong> enzimas, 4x10 6 esporos/mL <strong>do</strong>s fungos foram<br />

cultiva<strong>do</strong>s em MM suplementa<strong>do</strong> com 1% <strong>de</strong> bagaço <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar (BCA),<br />

CMC e farelo <strong>de</strong> trigo (FT). O cultivo foi a 40ºC, sob agitação <strong>de</strong> 170 rpm, sen<strong>do</strong> que<br />

após 168 horas foram retira<strong>do</strong>s alíquotas e submetidas à centrifugação 4.000 g por<br />

10 minutos. O sobrenadante da cultura coleta<strong>do</strong> foi analisa<strong>do</strong> quanto a ativida<strong>de</strong><br />

celulolítica e xilanolítica pela meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> DNS.<br />

As ativida<strong>de</strong>s enzimáticas <strong>de</strong> xilanase, celulase total (FPase), en<strong>do</strong>glicanase<br />

(CMCase), celobiohidrolase (Avicelase) foram avaliadas utilizan<strong>do</strong> xilana<br />

“beechwood” (Sigma®), papel <strong>de</strong> filtro Whatman nº1, CMC e Avicel como substratos<br />

respectivamente. O teor <strong>de</strong> açúcares redutores libera<strong>do</strong>s na reação enzimática foi<br />

quantifica<strong>do</strong> pelo méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> DNS segun<strong>do</strong> meto<strong>do</strong>logia proposta por Miller (1959).<br />

Uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> enzimática (U) foi <strong>de</strong>finida como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enzima<br />

capaz <strong>de</strong> liberar um µmol <strong>do</strong> açúcar redutor correspon<strong>de</strong>nte, por minuto, nas<br />

condições <strong>do</strong> experimento. Os ensaios <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> enzimática <strong>do</strong>s experimentos<br />

foram realiza<strong>do</strong>s em triplicata.<br />

3. Resulta<strong>do</strong>s e Discussão<br />

Capa Índice 10411


To<strong>do</strong>s os isola<strong>do</strong>s analisa<strong>do</strong>s foram capazes <strong>de</strong> crescer nos meios <strong>de</strong> cultura<br />

conten<strong>do</strong> celulose como única fonte <strong>de</strong> carbono. Nas Figuras 01 e 02 po<strong>de</strong>mos<br />

observar o índice <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> celulases obti<strong>do</strong> para cada isola<strong>do</strong> nos diferentes<br />

meios <strong>de</strong> cultura e substratos celulósicos. Nos meios <strong>de</strong> cultura conten<strong>do</strong> CMC<br />

como fonte <strong>de</strong> carbono (Figura 01) os isola<strong>do</strong>s MD 01, MD 03, MD 04 e MD 08<br />

apresentaram os maiores índices <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> celulases enquanto que nos meios<br />

com Avicel (Figura 02) se <strong>de</strong>stacaram os isola<strong>do</strong>s: MD 02, MD 03, MD 04 e MD 08.<br />

Figura 01 – Índice <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> hidrólise <strong>de</strong> celulase, produzi<strong>do</strong> por fungos <strong>do</strong><br />

grupo MD, em três tipos <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> cultura, utilizan<strong>do</strong> como fonte <strong>de</strong> carbono<br />

CMC.<br />

Os isola<strong>do</strong>s MD 01, MD 03, MD 04 e MD 08 apresentaram índice <strong>de</strong> produção<br />

<strong>de</strong> celulases próximo e/ou acima <strong>de</strong> <strong>do</strong>is e foram seleciona<strong>do</strong>s para a análise <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> celulases por fermentação submersa, sen<strong>do</strong> que esses apresentaram<br />

diferenças significativas para os outros sete isola<strong>do</strong>s. Observa-se que tanto nos<br />

meios conten<strong>do</strong> CMC ou Avicel, o meio <strong>de</strong> cultura em que melhor houve a produção<br />

<strong>de</strong> enzimas celulolíticas foi o meio MM, sen<strong>do</strong> este o seleciona<strong>do</strong> para indução<br />

submersa.<br />

Capa Índice 10412


Figura 02 – Índice <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> hidrolise <strong>de</strong> celulase, produzi<strong>do</strong> por fungos <strong>do</strong><br />

grupo MD, em três tipos <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> cultura, utilizan<strong>do</strong> como fonte <strong>de</strong> carbono<br />

Avicel.<br />

Figura 03 – Produção <strong>de</strong> enzimas, Avicelase, FPase, Xilanase e CMCase por quatro<br />

fungos em três tipos <strong>de</strong> substrato, BCA, CMC e FT<br />

Os isola<strong>do</strong>s MD 01, MD 03, MD 04 e MD 08 foram analisa<strong>do</strong>s quanto a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> celulases e xilanases por fermentação submersa em<br />

MM conten<strong>do</strong> 1% <strong>de</strong> BCA, CMC e FT como indutores. Na figura 03 po<strong>de</strong>mos<br />

observar a produção <strong>de</strong> Avicelase, FPase, Xilanase e CMCase pelos isola<strong>do</strong>s<br />

testa<strong>do</strong>s. Po<strong>de</strong>-se observar que o isola<strong>do</strong> MD01 se <strong>de</strong>stacou na produção <strong>de</strong> FPase,<br />

Xilanase e CMCase quan<strong>do</strong> cultiva<strong>do</strong> em FT, enquanto que o isola<strong>do</strong> MD08 se<br />

<strong>de</strong>stacou na produção <strong>de</strong> Avicelase quan<strong>do</strong> cultiva<strong>do</strong> em CMC. Resulta<strong>do</strong>s<br />

semelhantes foram obti<strong>do</strong>s por Hamza et al (2012), Singhania et al (2011) e Wang et<br />

al (2011), estes autores obtiveram bons resulta<strong>do</strong>s com o substrato farelo <strong>de</strong> trigo<br />

para indução da produção <strong>de</strong>stas enzimas por Aspergillus niger e Tricho<strong>de</strong>rma<br />

reesei.<br />

4. Conclusão<br />

. To<strong>do</strong>s os isola<strong>do</strong>s analisa<strong>do</strong>s foram capazes <strong>de</strong> crescer nos meios <strong>de</strong> cultura<br />

conten<strong>do</strong> celulose como única fonte <strong>de</strong> carbono.<br />

. Os isola<strong>do</strong>s MD01, MD03, MD 04 e MD 08 apresentaram os maiores índices <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> celulases.<br />

Capa Índice 10413


. O isola<strong>do</strong> MD01 se <strong>de</strong>stacou na produção <strong>de</strong> FPase, Xilanase e CMCase quan<strong>do</strong><br />

cultiva<strong>do</strong> em FT.<br />

. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstraram que a seleção <strong>de</strong> fungos celulolíticos, <strong>do</strong> solo<br />

<strong>do</strong> Bioma Cerra<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> ser realizada pelo méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> em placa, o que<br />

diminui o tempo <strong>de</strong> investigação para i<strong>de</strong>ntificar os melhores produtores <strong>de</strong>ssas<br />

enzimas.<br />

5. Referências Bibliográficas<br />

BÉGUIN, P. & AUBERT, J.P. The biological <strong>de</strong>gradation of cellulose. FEMS Microbiological<br />

Reviews, 13: 25-58, 1994.<br />

FARIA, F. P.; TEÓ, V. S. J.; AZEVEDO, M. O. & NEVALAINEN, H. Expression and<br />

processing of a major xylanase (XYN2) from the thermophilic fungus Humicola grisea var.<br />

thermoi<strong>de</strong>a in Tricho<strong>de</strong>rma reesei. Letters in Applied Microbiology, 34:119-123, 2002.<br />

HAMZA, M., KHOUFI, S., SAYADI,S. Fungal enzymes as a powerful tool to release<br />

antioxidants from olive mill wastewater. Foody Chemistry, 131, 1430-1436, 2012<br />

KOVÁCS, K., SZAKACS, G., ZACCHI, G. Comparative enzymatic hydrolysis of pretreated<br />

spruce by supernatants, whole fermentation broths and washed mycelia of Tricho<strong>de</strong>rma<br />

reesei and Tricho<strong>de</strong>rma atroviri<strong>de</strong>. Bioresour. Technol. 100, 1350–1357, 2009.<br />

MILLER, G.L. Use of dinitrossalicylic acid reagent for the <strong>de</strong>termination of reducing sugars.<br />

Analytical Chem. 31: 426-428, 1959.<br />

PARKINSON, D., GRAY, T. R. G., WILLIAMS, S.T. Methods for studing the ecology of soil<br />

microorganisms. Oxford, Blackwell Scientific Publications. p.116, 1971.<br />

PONTECORVO, G., ROPER, J., HEMMONS, L.H., MCDONALD, BUFTON, W. J. The<br />

Genetics of Aspergillus nidulans. Advances in Genetics, 5:141-238, 1953.<br />

SÁNCHEZ, C. Lignocellulosic residues: bio<strong>de</strong>gradation and bioconversion by fungi.<br />

Biotechnol Adv. Mar-Apr; 27(2):185-94, 2009.<br />

SHINGHANIA, R.R., SUKUMARAN, R.K., RAJASREE, K.P., MATHEW, A.,<br />

GOTTUMUKKALA, L., PANDEY, A. Properties of a major B-glicosidase-BGL 1 from<br />

Aspergillus niger NII-08121 expressed differentially in response to carbon sources. Process<br />

Biochemistry, 46, 1521-1524, 2011.<br />

SUTO, M., & TOMITA, F. Induction and Catabolite Repression Mechanisms of Cellulase in<br />

Fungi. Journal of Bioscience and Bioengineering, 92: 305-311, 2001.<br />

TUITE, J. Plant pathological methods: fungi and bacteria. Purdue University Lafayette<br />

Indiana : Department of Botany snd Planat Pathology, p.239, 1969.<br />

WANG, B., XIA, L. High efficient expression of cellobiase gene from Aspergillus niger in the<br />

cells of Tricho<strong>de</strong>rma reesei. Bioresource Technology, 102, 4568-4572, 2011.<br />

Capa Índice 10414


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10415 - 10419<br />

Linhas assintóticas na vizinhança <strong>de</strong> um ponto singular tipo an<strong>do</strong>rinha<br />

Douglas Hilário da CRUZ 1 ; Ronal<strong>do</strong> Alves GARCIA 2<br />

Instituto <strong>de</strong> Matemática e Estatística - <strong>UFG</strong><br />

1 <strong>do</strong>uglas.hilario@hotmail.com; 2 ragarcia@mat.ufg.br<br />

1 bolsista CAPES<br />

Palavras-chave: Linhas assintóticas; swallowtail; an<strong>do</strong>rinha; superfície singular<br />

1 Introdução<br />

Linhas assintóticas. O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> linhas especiais (linhas assintóticas, linhas <strong>de</strong> curvatura)<br />

em superfícies é assunto clássico da geometria diferencial e ocupa capítulos nos<br />

livros clássicos, por exemplo [2], e atuais, por exemplo [1] e [4].<br />

Numa carta local (u, v) <strong>de</strong> uma superfície imersa α a equação diferencial das linhas<br />

assintóticas é dada por:<br />

edu 2 +2fdudv + gdv 2 = 0 (1)<br />

on<strong>de</strong> e, f e g são os coeficientes da segunda forma fundamental <strong>de</strong> α. As curvas<br />

integrais da equação diferencial (1) são as linhas assintóticas da superfície.<br />

An<strong>do</strong>rinha. Em [7] é <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> o ponto swallowtail (ponto singular tipo an<strong>do</strong>rinha).<br />

Um ponto q <strong>do</strong> plano uv é u m ponto singular <strong>de</strong> uma superfície α se em q, α <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong><br />

ser imersão.<br />

Seja λ = √ EG − F 2 , on<strong>de</strong> E,F e G são os coeficientes da primeira forma fundamental<br />

<strong>de</strong> α (ver [1]). Um ponto singular q é não <strong>de</strong>genera<strong>do</strong> se dλ não se anula em q. Como<br />

nossos pontos singulares serão to<strong>do</strong>s não <strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s vamos chamar pontos singulares<br />

não <strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pontos singulares.<br />

Em nosso caso, o conjunto <strong>do</strong>s pontos singulares (não <strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s) será uma curva<br />

suave γ no plano uv (Figura 1 ). Esta curva γ é chamada <strong>de</strong> curva singular (<strong>de</strong> α). Um<br />

ponto singular q é chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> ponto singular tipo an<strong>do</strong>rinha (Figura 1 ) se existe uma<br />

vizinhança <strong>de</strong> q difeomorfa à origem <strong>de</strong><br />

β(u, v) = (3u 4 + u 2 v, 4u 3 +2uv, v) (2)<br />

Uma superfície que contém um único ponto singular tipo an<strong>do</strong>rinha é chamada <strong>de</strong><br />

an<strong>do</strong>rinha.<br />

Seja q um ponto singular <strong>de</strong> uma superfície α. Em [7] é da<strong>do</strong> um critério no qual<br />

toman<strong>do</strong> uma carta local (u, v) on<strong>de</strong> q é a origem e a curva singular é o eixo u e somente<br />

o eixo u então q é u m ponto singular tipo an<strong>do</strong>rinha se e somente se<br />

1<br />

Capa Índice 10415


q<br />

v<br />

u 0<br />

h(u 0 )<br />

g(u) = (u,0)<br />

u<br />

a<br />

ag ( (0))<br />

Figura 1: An<strong>do</strong>rinha. O ponto q = (0, 0) será o ponto singular tipo an<strong>do</strong>rinha na carta local que vamos<br />

usar. O ponto q é leva<strong>do</strong> por α no ponto <strong>de</strong> cúspi<strong>de</strong> da curva α(γ(u)) = α(u, 0).<br />

<strong>de</strong>t(γ ′ (0),η(0)) = 0 e<br />

<br />

d <br />

<br />

du<br />

<strong>de</strong>t(γ<br />

u=0<br />

′ (u),η(u)) = 0 (3)<br />

on<strong>de</strong> η é um campo <strong>de</strong> vetores ao longo <strong>de</strong> γ no qual para cada u, η(u) tem a direção<br />

<strong>do</strong> núcleo <strong>de</strong> dα (veja [7]).<br />

2 Material e méto<strong>do</strong>s<br />

Material (Parametrização geral da An<strong>do</strong>rinha). Usan<strong>do</strong> o critério (3) da<strong>do</strong> em [7],<br />

po<strong>de</strong>mos parametrizar uma an<strong>do</strong>rinha <strong>de</strong> maneira geral por:<br />

com as entradas α1,α2 e α3 dadas por<br />

α(u, v) =(α1(u, v),α2(u, v),α3(u, v)) (4)<br />

α1(u, v) = [a11(c30 − 2c11)+a21]<br />

u<br />

8<br />

4 + a31<br />

6 u3v + a22<br />

4 u2v 2 + a13<br />

6 uv3 + a04<br />

24 v4<br />

+ a11<br />

3 u3 + a21<br />

2 u2 v + a12<br />

2 uv2 + a03<br />

3 v3 + a11uv + a02<br />

2 v2<br />

α2(u, v) = [b11(c30 − 2c11)+b21]<br />

u<br />

8<br />

4 + b31<br />

6 u3v + b22<br />

4 u2v 2 + b13<br />

6 uv3 + b04<br />

24 v4<br />

+ b11<br />

3 u3 + b21<br />

2 u2 v + b12<br />

2 uv2 + b03<br />

3 v3 + b11uv + b02<br />

2 v2<br />

α3(u, v) = c40<br />

24 u4 + c31<br />

6 u3v + c22<br />

4 u2v 2 + c13<br />

6 uv3 + c04<br />

24 v4 + c30<br />

6 u3<br />

+ c21<br />

2 u2v + c12<br />

2 uv2 + c03<br />

3 v3 + 1<br />

2 u2 + c11uv + c02<br />

2 v2 + v<br />

on<strong>de</strong> a02,a11,a21,b02,b11,b21 são constantes reais que <strong>de</strong>vem satisfazer<br />

a02b11 − a11b02 = 0 e a02b11 − a11b02 + a11b21 − a21b11 = 0<br />

2<br />

Capa Índice 10416


e o restante <strong>do</strong>s termos aij, bij, cij são constantes reais quaisquer.<br />

Nesta parametrização o ponto singular tipo an<strong>do</strong>rinha é o ponto (0, 0) e a curva sin-<br />

gular é o eixo u e somente o eixo u. Os pontos singulares (u, 0) são não <strong>de</strong>genera<strong>do</strong>s pois<br />

λv(u, 0) = 0 para to<strong>do</strong> u e α(u, 0) é uma curva espacial com um ponto <strong>de</strong> cúspi<strong>de</strong> em<br />

α(0, 0). (Figura 1 )<br />

Sejam e = 〈αu ∧ αv,αuu〉,f = 〈αu ∧ αv,αuv〉 e g = 〈αu ∧ αv,αvv〉 on<strong>de</strong> e/|αu ∧ αv|,<br />

f/|αu ∧ αv| e g/|αu ∧ αv| são os coeficientes da segunda forma fundamental <strong>de</strong> α. Então<br />

e =(a11b02 − a02b11 + a21b11 − a11b21)v + O(2)<br />

f =(a02b11 − a11b02)u + 1<br />

2 (a12b11 − a11b12)v + O(2)<br />

g = a02b11 − a11b02 +(a02b21 − a21b02 + a12b11 − a11b12)u<br />

+ 1<br />

2 (a02b12 − a12b02 +4a03b11 − 4a11b03)v + O(2)<br />

on<strong>de</strong> O(2) são os termos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m superior.<br />

Méto<strong>do</strong> (Campo <strong>de</strong> Lie-Cartan). Para estudar o comportamento das linhas as-<br />

sintóticas na vizinhança <strong>de</strong> um ponto singular tipo an<strong>do</strong>rinha consi<strong>de</strong>ramos a equação<br />

implícita (veja [3], [4]):<br />

H(u, v, p) =e +2fp+ gp 2 =0 (5)<br />

on<strong>de</strong> p = dv/du e <strong>de</strong>finimos o campo <strong>de</strong> Lie-Cartan (veja [3], [4]):<br />

O discriminante ∆ <strong>de</strong> H é da<strong>do</strong> por:<br />

∂ ∂<br />

X = Hp + pHp<br />

∂u ∂v − (Hu + pHv) ∂<br />

∂p<br />

∆=f 2 − eg =(a02b11 − a11b02)(a02b11 − a11b02 + a11b21 − a21b11)v + O(2)<br />

Como ∆(0, 0) = 0 e ∇∆(0, 0) = (0, 0) então pelo Teorema da Função Implícita ([5]),<br />

∆ −1 (0) é uma curva regular em uma vizinhança <strong>do</strong> ponto singular tipo an<strong>do</strong>rinha.<br />

A projeção das curvas integrais <strong>de</strong> X por (u,v,p) ↦→ (u, v) são as linhas assintóticas<br />

<strong>de</strong> α (veja [3], [4]).<br />

3<br />

Capa Índice 10417<br />

(6)


(a) (b)<br />

Figura 2: Linhas assintóticas na vizinhança <strong>de</strong> um ponto singular tipo an<strong>do</strong>rinha.<br />

3 Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />

Discussão. Consi<strong>de</strong>re a equação implícita H e o campo X. O ponto (0, 0, 0) <strong>de</strong> H−1 (0)<br />

é uma singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> X e os pontos (0, 0,p) tais que p = 0 não estão emH −1 (0).<br />

A matriz jacobiana DX(0, 0, 0) é dada por:<br />

DX(0, 0, 0) =<br />

⎛<br />

⎜<br />

⎝<br />

2(a02b11 − a11b02) a12b11 − a11b12 2(a02b11 − a11b02)<br />

0 0 0<br />

0 0 a11b02 − a02b11 + a11b21 − a21b11<br />

Os autovalores reais λ1 e λ2 <strong>de</strong> DX(0, 0, 0) são da<strong>do</strong>s por:<br />

λ1 = 2(a02b11 − a11b02) e λ2 = a11b21 − a21b11 − λ1<br />

2<br />

Resulta<strong>do</strong>. Os <strong>do</strong>is casos seguintes <strong>de</strong>terminam o comportamento das linhas assintóticas<br />

na vizinhança <strong>de</strong> um ponto singular tipo an<strong>do</strong>rinha:<br />

(a)<br />

(b)<br />

1 < a11b21 − a21b11<br />

a02b11 − a11b02<br />

a11b21 − a21b11<br />

a02b11 − a11b02<br />

< 1<br />

< 3 ou 3 < a11b21 − a21b11<br />

a02b11 − a11b02<br />

No caso (a), a singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> X é uma sela (Figura 2 (a)-parte superior) e as linhas<br />

assintóticas têm o comportamento conforme mostra<strong>do</strong> na Figura 2 (a)-parte inferior, que<br />

é a projeção <strong>do</strong> campo X por (u,v,p) ↦→ (u, v).<br />

No caso (b) a singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> X é um nó (Figura 2 (b)-parte superior) e as linhas<br />

assintóticas têm o comportamento conforme mostra<strong>do</strong> na Figura 2 (b)-parte inferior.<br />

4<br />

Capa Índice 10418<br />

⎞<br />

⎟<br />


4 Conclusões<br />

A parametrização geral α da an<strong>do</strong>rinha (4) é o primeiro resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste trabalho, que foi<br />

obti<strong>do</strong> usan<strong>do</strong> o critério (3) da<strong>do</strong> em [7].<br />

Nesta parametrização as aplicações coor<strong>de</strong>nada α1, α2 e α3 são polinômios com coefi-<br />

cientes envolven<strong>do</strong> os números reais aij, bij e cij.<br />

O resulta<strong>do</strong> anterior (seção 3 ) mostra como se comportam as linhas assintóticas na<br />

vizinhança <strong>de</strong> um ponto singular tipo an<strong>do</strong>rinha e que este comportamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> so-<br />

mente <strong>do</strong>s coeficientes a11, a02, a21, b11, b02 e b21.<br />

O comportamento das linhas assintóticas é mostra<strong>do</strong> nas Figuras 2 (a) e 2 (b). Estas<br />

figuras aparecem em diversos livros e artigos, veja por exemplo [3] e [4].<br />

Para finalizar, da<strong>do</strong> um exemplo <strong>de</strong> an<strong>do</strong>rinha (usan<strong>do</strong> (4)), os softwares distribuí<strong>do</strong>s<br />

livremente na página pessoal <strong>de</strong> Àngel Montesinos [6] permitem vizualizar a an<strong>do</strong>rinha<br />

(po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> o Superficies), visualizar o comportamento das linha assintóticas em<br />

toda a an<strong>do</strong>rinha (Superficies ou ODEinR2) e por último, vizualizar a superfície H−1 (0)<br />

<strong>de</strong>finida em (5) e o campo X <strong>de</strong> Lie-Cartan (6) em H−1 (0) (po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> o ODEinR2).<br />

Referências<br />

[1] <strong>do</strong> Carmo, Manfre<strong>do</strong> P. Differential geometry of curves and surfaces. Prentice-Hall,<br />

Inc., Englewood Cliffs, N.J., 1976.<br />

[2] Darboux G. Leçons sur la Théorie <strong>de</strong>s Surfaces, vols. I, II, III, IV Paris: Gauthier<br />

Villars.1896.<br />

[3] Garcia R and Sotomayor J. Structural Stability of Parabolic Points and Periodic<br />

Asymptotic Lines, Matemática Contemporânea, 12:83-102, (1997).<br />

[4] R. Garcia, J. Sotomayor, Differential equations of classical geometry, a qualitative<br />

theory Publicações Matemáticas, IMPA, 27o Colóquio Brasileiro <strong>de</strong> Matemática,<br />

(2009).<br />

[5] E. Lima, Análise: Vol. 2, Projeto Eucli<strong>de</strong>s, IMPA, (1981).<br />

[6] A. Montesinos, Softwares <strong>de</strong> Ángel Montesinos, http://www.uv.es/montesin/,<br />

Universitat <strong>de</strong> València, (2009).<br />

[7] Saji, Kentaro; Umehara, Masaaki; Yamada, Kotaro, The geometry of<br />

fronts. Ann. of Math. (2) 169 (2009), no. 2, 491-529.<br />

[8] Sotomayor, J. Lições <strong>de</strong> Equações Diferenciais Ordinárias, Projeto Eucli<strong>de</strong>s,<br />

IMPA, (1979).<br />

5<br />

Capa Índice 10419


<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> <strong>Congresso</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisa</strong>, <strong>Ensino</strong> e <strong>Extensão</strong>- CONPEEX (2012) 10420 - 10424<br />

DETERMINAÇÃO DO HIDROGRAMA ECOLÓGICO PARA TRECHOS DA BACIA<br />

HIDROGRÁFICA DO RIO MEIA PONTE, GOIÁS.<br />

Duane Izabel BARBOSA 1 ; Klebber Teo<strong>do</strong>miro Martins FORMIGA 2<br />

Palavras-chave: hidrograma ecológico; Q7,10; curva <strong>de</strong> permanância; WAIORA<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os ecossistemas aquáticos estão sob crescente pressão <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às ativida<strong>de</strong>s<br />

humanas que provocam alterações nos regimes <strong>de</strong> vazões naturais <strong>do</strong>s rios.<br />

Urbanização crescente, práticas agrícolas intensas e industrialização são apenas<br />

alguns <strong>do</strong>s fatores que contribuem para a alteração no regime <strong>de</strong> vazões e<br />

consequente <strong>de</strong>gradação da qualida<strong>de</strong> da água e perda da biodiversida<strong>de</strong> aquática.<br />

Por muito tempo, o reconhecimento <strong>do</strong>s problemas ambientais relaciona<strong>do</strong>s à<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água esteve limita<strong>do</strong> à noção <strong>de</strong> que eram necessárias vazões<br />

remanescentes ou residuais, que <strong>de</strong>veriam ser mantidas no rio durante as épocas<br />

<strong>de</strong> estiagem, as chamadas vazões ecológicas (COLLISCHONN et al., 2006). Porém,<br />

estu<strong>do</strong>s mais recentes verificaram que um valor único <strong>de</strong> vazão mínima não é<br />

suficiente para manter as condições naturais pré-existentes a jusante <strong>de</strong> um<br />

importante uso <strong>de</strong> água (POFF et al., 1997; RICHTER et al. 2003; SOUZA,<br />

FRAGOSO JÚNIOR & GIACOMONI, 2004; COLLISCHONN et al., 2006).<br />

As alocações <strong>de</strong> água para a manutenção da vida passaram a ser<br />

<strong>de</strong>nominadas hidrograma ecológico, em <strong>de</strong>trimento à <strong>de</strong>nominação comum <strong>de</strong><br />

vazão ecológica, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfatizar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alterar práticas<br />

tradicionais <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> vazões constantes <strong>de</strong> estiagem para a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong><br />

regimes hidrológicos que permitam a preservação <strong>de</strong> processos ecológicos<br />

(COLLINCHONN et al., 2005; SOUZA et al., 2008). Desta maneira, a vazão<br />

ecológica que assume um valor constante vem sen<strong>do</strong> substituída por uma série<br />

temporal <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> vazões, ou seja, por uma vazão ecológica variável ou<br />

hidrograma ecológico que consi<strong>de</strong>ra as necessida<strong>de</strong>s das espécies ao longo <strong>do</strong> seu<br />

ciclo <strong>de</strong> vida, sen<strong>do</strong> flexível em função das condições hidrológicas naturais que se<br />

1 Mestranda <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Engenharia <strong>do</strong> Meio Ambiente da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás. Escola <strong>de</strong> Engenharia Civil da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás. e-mail:<br />

duaneizabel@yahoo.com.br<br />

2 Professor Adjunto da Escola <strong>de</strong> Engenharia Civil e <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Engenharia<br />

<strong>do</strong> Meio Ambiente da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás. e-mail: klebber.formiga@gmail.com<br />

Capa Índice 10420


verificam ano a ano (RICHTER et al., 2003; COLLISCHONN et al, 2005; OKAWA,<br />

2009).<br />

O hidrograma ecológico tem si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> como ferramenta para nortear um<br />

gerenciamento ecologicamente sustentável, o qual visa proteger a integrida<strong>de</strong><br />

ecológica <strong>do</strong> ecossistema afeta<strong>do</strong>, ao mesmo tempo em que aten<strong>de</strong> as<br />

necessida<strong>de</strong>s humanas (RICHTER et al, 2003; COLLISCHONN et al., 2005;<br />

OKAWA, 2009). Segun<strong>do</strong> Poff et al. (2003), é preciso <strong>de</strong>terminar, <strong>de</strong> forma mais<br />

clara e precisa, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água necessária à manutenção <strong>do</strong>s ecossistemas<br />

aquáticos para orientar a formulação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> planejamento e gerenciamento<br />

<strong>do</strong>s recursos hídricos com ações voltadas ao equilíbrio entre as <strong>de</strong>mandas humanas<br />

e ecológicas. Desta forma, com a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> hidrogramas ecológicos para<br />

trechos da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Meia Ponte, será possível a utilização <strong>de</strong>stes<br />

hidrogramas para projetar e implementar programas <strong>de</strong> gerenciamento que<br />

armazenem e <strong>de</strong>rivem a água para propósitos humanos, <strong>de</strong> maneira que não cause<br />

<strong>de</strong>gradação aos ecossistemas aquáticos.<br />

Este trabalho objetiva, a partir da caracterização <strong>do</strong> regime natural <strong>de</strong> vazões e<br />

<strong>do</strong>s requerimentos <strong>de</strong> vazões <strong>de</strong> espécies da fauna e flora aquáticas nativas da<br />

bacia hidrográfica obti<strong>do</strong>s da literatura especializada, <strong>de</strong>terminar o hidrograma<br />

ecológico para 07 trechos da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Meia Ponte, levan<strong>do</strong>-se em<br />

consi<strong>de</strong>ração os atributos hidrológicos e hidráulicos <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong>, duração,<br />

frequência, periodicida<strong>de</strong> e variabilida<strong>de</strong> intra-anual.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Os méto<strong>do</strong>s têm si<strong>do</strong> classifica<strong>do</strong>s em várias categorias, refletin<strong>do</strong> a variação da<br />

complexida<strong>de</strong> na sua aplicação (UNESCO, 2007). Uma revisão global realizada por<br />

Tharme (2003) acerca da presente situação <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s para<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> vazões ecológicas revelou a existência <strong>de</strong> aproximadamente 207<br />

méto<strong>do</strong>s, distribuí<strong>do</strong>s em 44 países, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> estes méto<strong>do</strong>s ser dividi<strong>do</strong>s em 04<br />

categorias: méto<strong>do</strong>s hidrológicos, méto<strong>do</strong>s hidráulicos, méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> simulação <strong>de</strong><br />

habitats e méto<strong>do</strong>s holísticos (THARME, 2003; BENETTI, LANNA & COBALCHINI,<br />

2003; COLLISCHONN et al., 2005; ARTHINGTON et al., 2006; REIS, 2007;<br />

UNESCO, 2007; OKAWA, 2009).<br />

Dentre os méto<strong>do</strong>s hidrológicos, os quais utilizam da<strong>do</strong>s históricos, como<br />

séries temporais <strong>de</strong> vazões diárias ou mensais, para fazer recomendações sobre<br />

vazão ecológica, foram seleciona<strong>do</strong>s para este trabalho o méto<strong>do</strong> Q7,10 e o méto<strong>do</strong><br />

Capa Índice 10421


da curva <strong>de</strong> permanência <strong>de</strong> vazões. E <strong>de</strong>ntre os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> simulação <strong>de</strong> habitat,<br />

que combinam as características hidráulicas <strong>de</strong> um trecho <strong>do</strong> rio com as<br />

preferências <strong>de</strong> habitat para uma espécie ou grupo <strong>de</strong> espécies (REIS, 2007),<br />

selecionou-se o méto<strong>do</strong> WAIORA.<br />

O méto<strong>do</strong> Q7,10 recomenda vazões ecológicas basea<strong>do</strong> em uma série histórica<br />

<strong>de</strong> valores <strong>de</strong> vazão, mais especificamente a vazão mínima que se observa durante<br />

07 dias consecutivos, para um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> retorno <strong>de</strong> 10 anos. De acor<strong>do</strong> com Von<br />

Sperling (2007), a vazão Q7,10 representa o valor anual da menor média <strong>de</strong> 7 vazões<br />

diárias consecutivas que po<strong>de</strong> se repetir, em média, uma vez a cada 10 anos; em<br />

cada ano da série histórica proce<strong>de</strong>-se a análise das 365 médias diárias <strong>de</strong> vazões e<br />

seleciona-se, em cada ano, o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 7 dias consecutivos que resulta ma menor<br />

média <strong>de</strong> 7 valores; com os valores da menor média <strong>de</strong> 7 dias <strong>de</strong> cada ano realiza-<br />

se uma análise estatística, que permite interpolar ou extrapolar o valor para o tempo<br />

<strong>de</strong> retorno <strong>de</strong> 10 anos.<br />

O mo<strong>de</strong>lo WAIORA (Water Allocation Impacts On River Attributes),<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em 2003, é um sistema <strong>de</strong> suporte ao planejamento e gerenciamento<br />

<strong>de</strong> recursos hídricos que po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> para avaliar os efeitos das variações <strong>de</strong><br />

vazões no habitat, na temperatura da água, na concentração <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong><br />

e na concentração <strong>de</strong> amônia (NIWA, 2004). Este mo<strong>de</strong>lo utiliza a informação da<br />

geometria da calha <strong>do</strong> rio, parâmetros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água e mo<strong>de</strong>los numéricos<br />

para estimar os efeitos da vazão nesses parâmetros, comparan<strong>do</strong>-se as previsões<br />

com as limitações ecológicas <strong>de</strong>finidas pelo usuário, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a <strong>de</strong>terminar se algum<br />

efeito adverso po<strong>de</strong> ocorrer (REIS, 2007).<br />

De acor<strong>do</strong> com o autor supracita<strong>do</strong>, o mo<strong>de</strong>lo não diz qual é a vazão<br />

ecológica, mas <strong>de</strong>screve a variabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s elementos analisa<strong>do</strong>s em função da<br />

variação da vazão. A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>ve ser tomada pelo usuário, ten<strong>do</strong> como base as<br />

limitações impostas pelas espécies aquáticas.<br />

Dentro da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Meia Ponte, foram seleciona<strong>do</strong>s 07 pontos <strong>de</strong><br />

estu<strong>do</strong> por apresentarem a existência <strong>de</strong> longos históricos <strong>de</strong> vazões consistidas e<br />

facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso aos locais. Para os pontos seleciona<strong>do</strong>s realizaram-se<br />

levantamentos das informações existentes nos postos fluviométricos da Agência<br />

Nacional das Águas (ANA) instaladas na bacia, utilizan<strong>do</strong> o Sistema <strong>de</strong> Informações<br />

Hidrológicas (HidroWeb) da ANA. Serão realizadas 2 campanhas <strong>de</strong> campo nos<br />

meses <strong>de</strong> agosto-setembro e janeiro-fevereiro. Em cada campanha serão medi<strong>do</strong>s,<br />

Capa Índice 10422


com a utilização <strong>do</strong> ADCP RiverSurveyor M9 da empresa SonTek , os da<strong>do</strong>s<br />

hidráulicos <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> e obti<strong>do</strong>s os valores <strong>de</strong> vazão e,<br />

também, utilizan<strong>do</strong>-se o sonda multiparamétrica YSI 6600 V2-2, serão obti<strong>do</strong>s os<br />

parâmetros físico-químicos <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> e temperatura da água para cada<br />

trecho. Da<strong>do</strong>s estes, necessários para a utilização <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo WAIORA.<br />

RESULTADOS ESPERADOS<br />

Espera-se que com a realização <strong>de</strong>ste trabalho possa-se <strong>de</strong>finir o hidrograma<br />

ecológico, ou seja, uma série temporal <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> vazão que melhor represente a<br />

bacia escolhida para estu<strong>do</strong> levan<strong>do</strong>-se em consi<strong>de</strong>ração a proteção da biota<br />

presente no rio. Sen<strong>do</strong> assim, como resulta<strong>do</strong>, espera-se uma <strong>de</strong>scrição<br />

quantitativa, no espaço e no tempo, <strong>do</strong> regime <strong>de</strong> vazões que <strong>de</strong>verá possibilitar a<br />

manutenção <strong>do</strong> ecossistema <strong>do</strong> rio. Espera-se, também, estabelecer uma clara<br />

associação entre as alterações causadas nas características hidráulicas <strong>do</strong> trecho<br />

fluvial com os efeitos sobre a biota.<br />

CONCLUSÃO<br />

Planejar levan<strong>do</strong>-se em consi<strong>de</strong>ração os ecossistemas aquáticos como<br />

usuários <strong>de</strong> água <strong>de</strong>ve ser uma priorida<strong>de</strong>. Sen<strong>do</strong> assim, há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pesquisas integradas envolven<strong>do</strong> conhecimentos ecológicos, hidrológicos e<br />

socioeconômicos como subsídios para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão nos processos <strong>de</strong><br />

gestão <strong>do</strong>s recursos hídricos em bacias hidrográficas específicas.<br />

Um <strong>do</strong>s principais <strong>de</strong>safios relaciona<strong>do</strong>s à <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> hidrograma<br />

ecológico é sintetizar o conhecimento e a experiência adquiri<strong>do</strong>s com os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

caso individuais <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma estrutura científica que apoia e orienta o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> hidrogramas ecológicos em escala regional (POFF et al., 2003;<br />

ARTHINGTON et al, 2006; ACREMAN & FERGUSON, 2010).<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ACREMAN, M.C.; FERGUSON, J.D. Environmental flows and the European Water<br />

Framework Directive. Freshwater Biology, v. 55, p. 32-48, 2010.<br />

ANA. Agência Nacional <strong>de</strong> Águas. HidroWeb – Sistema <strong>de</strong> Informações<br />

Hidrológicas. Disponível em: http://hidroweb.ana.gov.br/, 2012.<br />

ARTHINGTON, A.H.; BUNN, S.E.; POFF, N.L.; NAIMAN, R.J. The challenge of<br />

providing environmental flow rules to sustain river ecosystems. Ecological<br />

Applications, v. 16, nº 4, p. 1311-1318, 2006.<br />

Capa Índice 10423


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