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Ciganos x pós-modernidade - Programa de Pós-Graduação em ...

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CIGANOS X PÓS-MODERNIDADE: QUESTÕES EMERGIDAS NA RELAÇÃO DOS<br />

CIGANOS COM A PÓS-MODERNIDADE NÃO-CIGANA<br />

1<br />

Sílvia Régia SIMÕES 1<br />

Dilma Beatriz Rocha JULIANO 2<br />

RESUMO: Constituindo-se <strong>em</strong> uma minoria étnica que preserva, por um lado, certa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong><br />

cultural e, por outro lado, se articula com as distintas socieda<strong>de</strong>s, os ciganos são permanent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>safiados<br />

por questões sociais, políticas, econômicas, culturais, ambientais e religiosas, próprias das dinâmicas históricas<br />

das socieda<strong>de</strong>s. Essa relação, portanto, pressupõe um campo permanente <strong>de</strong> lutas. Objetivando i<strong>de</strong>ntificar como<br />

os ciganos vêm se posicionando <strong>em</strong> face <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>safios cont<strong>em</strong>porâneos, o presente trabalho t<strong>em</strong> como<br />

pro<strong>pós</strong>ito central: Investigar os possíveis efeitos da <strong>pós</strong>-<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong> sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e a cultura cigana.<br />

PALAVRAS-CHAVE: <strong>Ciganos</strong>. Cultura. I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica. <strong>Pós</strong>-<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong>.<br />

O termo “<strong>pós</strong>-<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong>” t<strong>em</strong> suscitado uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>finições, opiniões,<br />

discussões e controvérsias. Para Bauman (1999, p. 244-245) as socieda<strong>de</strong>s <strong>pós</strong>-mo<strong>de</strong>rnas são<br />

socieda<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> as certezas geradas no indivíduo mo<strong>de</strong>rno, ou seja, a “autoilusão” como ele<br />

intitula, <strong>de</strong>sapareceram. A “autoilusão” do mo<strong>de</strong>rnismo seria a crença <strong>de</strong> que haveria uma<br />

verda<strong>de</strong> e que essa verda<strong>de</strong> triunfaria s<strong>em</strong>pre, por ser a mesma <strong>de</strong> caráter universal.<br />

A verda<strong>de</strong> universal, linear, ou o conhecimento verda<strong>de</strong>iro, aliados a or<strong>de</strong>m política,<br />

produziria a “certeza”, el<strong>em</strong>ento que Bauman i<strong>de</strong>ntifica como necessário a um projeto <strong>de</strong><br />

dominação. Com o <strong>de</strong>saparecimento da “autoilusão” e a chegada da <strong>pós</strong>-<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong> ter-seia<br />

“(...) o retorno ao local, à importância da tribo e da montag<strong>em</strong> mitológica”, el<strong>em</strong>entos que<br />

passariam a fazer parte da <strong>pós</strong>-<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong> (Maffesoli,2004, p.22). A <strong>pós</strong>-<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong> é<br />

<strong>de</strong>finida pelo autor (ibi<strong>de</strong>m, p.30), como “a sinergia <strong>de</strong> fenômenos arcaicos e do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico”.<br />

O intuito <strong>de</strong>sse retorno ao arcaísmo seria a busca dos indivíduos por solidarieda<strong>de</strong> e<br />

proteção ou, como coloca Bauman (1999, p.263), a “busca excessiva por comunida<strong>de</strong>”. Essas<br />

comunida<strong>de</strong>s irão se formar por afinida<strong>de</strong>s a partir <strong>de</strong> interesses compartilhados. Entretanto,<br />

apesar da busca por enraizamento, não conseguirão garantir a tão almejada “segurança”, pois<br />

estão sujeitas a constantes reconfigurações e extinções, que são constituintes naturais da <strong>pós</strong><strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong><br />

ou da “<strong>pós</strong>-<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong> líquida”.<br />

<strong>Pós</strong>-<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong> líquida 3 ou mundo líquido é uma noção da qual Bauman (2011, p.7)<br />

se utiliza para falar do que “jamais se imobiliza” ou “conserva sua forma por muito t<strong>em</strong>po”.<br />

Assim, a socieda<strong>de</strong> <strong>pós</strong>-mo<strong>de</strong>rna líquida é uma socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> não há estabilida<strong>de</strong>. On<strong>de</strong> as<br />

pessoas são constant<strong>em</strong>ente atravessadas por valores, idéias que a qualquer momento,<br />

instantaneamente po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scartados. Essa ausência <strong>de</strong> valores fixos, concretos,<br />

permanentes é que irá diferenciar a pessoa <strong>pós</strong>-mo<strong>de</strong>rna dos indivíduos mo<strong>de</strong>rnos.<br />

No passado, ainda recente, os indivíduos tinham suas certezas ancoradas <strong>em</strong><br />

pressupostos <strong>de</strong> fé. Os atributos divinos constituíam-se <strong>em</strong> garantias e certezas <strong>de</strong> sua<br />

1<br />

Aluna <strong>de</strong> doutorado do curso <strong>de</strong> <strong>pós</strong>-graduação <strong>em</strong> Ciências da Linguag<strong>em</strong> – PPGL/UNISUL. e-mail:<br />

sregiasimoes@terra.com.br<br />

2<br />

Doutora <strong>em</strong> Teoria Literária, professora do <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Pós</strong>-graduação <strong>em</strong> Ciências da Linguag<strong>em</strong> – UNISUL,<br />

na Linha <strong>de</strong> Pesquisa Linguag<strong>em</strong> e Cultura.<br />

3<br />

Esse conceito foi apresentado primeiramente no Manifesto Comunista, “<strong>de</strong>rreter os sólidos”, para explicar a<br />

forma pela qual o espírito mo<strong>de</strong>rno se dirigia à socieda<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rada rígida e inflexível para a necessária<br />

adaptação aos novos t<strong>em</strong>pos.


humanida<strong>de</strong>. Sobre isso Maffesoli (2004, p,26) dirá que na socieda<strong>de</strong> <strong>pós</strong>-mo<strong>de</strong>rna até o<br />

termo “indivíduo” <strong>de</strong>ve ser questionado, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> dos inúmeros papeis que o individuo<br />

encarna nas diferentes tribos por on<strong>de</strong> circula. Por esse motivo é que, para esse autor, seria<br />

mais apropriado trocar o termo individuo por pessoa 4 .<br />

Já Deleuze & Guattari (1997, p. 157), ao explicar<strong>em</strong> a passag<strong>em</strong> da <strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong> para<br />

a <strong>pós</strong>-<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong>, utilizam-se das figuras: espaço liso e estriado. Para eles o espaço estriado,<br />

tecido vertical e horizontal (fixo, fechado, <strong>de</strong>limitado, com fronteiras) representaria a<br />

<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong>. A <strong>pós</strong>-<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong> é ilustrada pela figura do feltro, que é extr<strong>em</strong>amente liso,<br />

s<strong>em</strong> rugas, produzido s<strong>em</strong> o intercruzamento <strong>de</strong> fios (infinito, aberto, ilimitado, s<strong>em</strong> direito,<br />

n<strong>em</strong> centro, n<strong>em</strong> avesso). Os autores enfatizam que apesar <strong>de</strong> não ser<strong>em</strong> da mesma natureza,<br />

esses espaços se misturam se entrecruzam, e que, eles só exist<strong>em</strong> “graças a essa mistura”.<br />

No que diz respeito aos ciganos, o fato <strong>de</strong> viver<strong>em</strong> “à marg<strong>em</strong>” das socieda<strong>de</strong>s nãociganas,<br />

não os exime <strong>de</strong> sofrer<strong>em</strong> os efeitos das transformações pelas quais as referidas<br />

socieda<strong>de</strong>s passam, como ex<strong>em</strong>plifica Simões (2007, p.48).<br />

Com o advento da Revolução Industrial, a Europa se viu impulsionada por um outro<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado pela Inglaterra,que <strong>em</strong><br />

meados do século XIX havia se constituído <strong>em</strong> uma socieda<strong>de</strong> industrial com uma<br />

numerosa população urbana. Apesar das pressões do governo inglês para que todos<br />

assimilass<strong>em</strong> e se integrass<strong>em</strong> ao novo mo<strong>de</strong>lo, os ciganos não manifestavam<br />

nenhum interesse pelos <strong>em</strong>pregos na produção fabril. Por sua excepcional<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação, o que eles fizeram foi <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>r uma nova dinâmica as<br />

suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ambulantes, <strong>de</strong>slocando-se pelo interior da Inglaterra e<br />

<strong>de</strong>senvolvendo suas tradicionais habilida<strong>de</strong>s.<br />

Percebe-se, portanto, a adaptabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse povo diante das transformações e<br />

principalmente diante dos obstáculos. Mas, se a <strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong> trouxe alguns <strong>de</strong>safios para os<br />

ciganos, que, <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra, foram superados, o que dizer <strong>em</strong> relação à <strong>pós</strong><strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong>?<br />

Maffesoli (2004, p.22) aponta a <strong>pós</strong>-<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong> como uma época <strong>de</strong><br />

fragmentações, <strong>de</strong> abstrações, e que foi <strong>de</strong>vido a isso que ocorreu o retorno do “local”, a<br />

importância da “tribo” e da “montag<strong>em</strong> mitológica”.<br />

A volta <strong>de</strong>sses aspectos da vida social se <strong>de</strong>u, numa tentativa <strong>de</strong> enfrentamento, por<br />

parte das socieda<strong>de</strong>s, que se viram ameaçadas <strong>em</strong> seus valores arraigados (costumes, língua,<br />

culinária, posturas corporais) Maffesoli (2004). No caso dos ciganos, os enfrentamentos<br />

foram e continuam sendo uma constante, portanto, cedo compreen<strong>de</strong>ram que era no<br />

sentimento <strong>de</strong> pertencimento e valoração <strong>de</strong> sua cultura que encontrariam as ferramentas<br />

necessárias para se proteger<strong>em</strong> das tentativas <strong>de</strong> assimilação e extermínio.<br />

Os ciganos por muito t<strong>em</strong>po continuarão sendo consi<strong>de</strong>rados, pelos não-ciganos, como<br />

pessoas estranhas, diferentes, esquisitas. Bauman (1999, p.89), <strong>em</strong> sua obra Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e<br />

Ambivalência, dirá que as comunida<strong>de</strong>s socialmente estruturadas têm dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r pessoas que estejam <strong>de</strong>slocadas, que não possuam lar, raízes. É o caso dos<br />

ciganos, que por não possuír<strong>em</strong> território, pelo nomadismo, pelo antipatriotismo, se<br />

enquadrarão naquilo que o autor chama <strong>de</strong> “estranho”.<br />

4 . A palavra 'pessoa' t<strong>em</strong> sua orig<strong>em</strong> no latim e significava máscaras usadas por atores no teatro clássico. Mais<br />

tar<strong>de</strong> 'pessoa' passou a <strong>de</strong>signar aquele que <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha um papel na vida, que é um agente. De acordo com o<br />

Oxford Dictionary, um dos sentidos atuais do termo é “ser autoconsciente ou racional”. John Locke <strong>de</strong>fine uma<br />

pessoa como “um ser inteligente e pensante dotado <strong>de</strong> razão e reflexão e que po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se a si mesmo<br />

aquilo que é a mesma coisa pensante, <strong>em</strong> diferentes momentos e lugares”. Lexicon.Vocabulário <strong>de</strong> Filosofia.<br />

Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> A.R.Gomes. Dicionário <strong>de</strong> psicologia. Lisboa: Verbo, 1978.<br />

2


O “estranho” difere tanto do forasteiro quanto do estrangeiro, já que ambos, mesmo<br />

fazendo constantes <strong>de</strong>slocamentos, têm um local <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>, uma comunida<strong>de</strong> com a qual<br />

estarão para s<strong>em</strong>pre ligados por meio <strong>de</strong> representações simbólicas, el<strong>em</strong>entos culturais, etc.<br />

O “estranho” também será visto com <strong>de</strong>sconfiança, essa <strong>de</strong>sconfiança ao ser transformada <strong>em</strong><br />

receio, exigirá que se cri<strong>em</strong> algumas estratégias que minimamente possam proteger os ditos<br />

“normais”.<br />

Nesse sentido, dirá o autor, é que se erguerão as “cercas culturais” que terão por<br />

pro<strong>pós</strong>ito, manter o “estranho” a certa distância mental. Para tanto se cria também a “concha<br />

<strong>de</strong> exotismo”, que nada mais é do que um lugar imaginado, instituído, on<strong>de</strong> serão presos,<br />

enclausurados, todos aqueles que apresent<strong>em</strong> “sinais ocultos” in<strong>de</strong>cifráveis. Sobre esses,<br />

muitas coisas serão ditas, falsas verda<strong>de</strong>s serão erigidas criando <strong>de</strong>ssa forma o “estigma”<br />

(Bauman, 1999, p.90).<br />

Bauman (1999, p. 78) enfatiza por fim que a instituição do estigma “(...) serve<br />

<strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente à tarefa <strong>de</strong> imobilizar o estranho na sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ‘outro excluído’”.<br />

Observando as colocações <strong>de</strong> Bauman, percebe-se como a figura do “estranho”, e todo o<br />

processo que disso <strong>de</strong>corre, cai como uma luva nas representações historicamente construídas<br />

sobre os ciganos.<br />

No entanto, cabe uma ressalva é que, os ciganos, mesmo sofrendo todas as<br />

conseqüências do “estigma” criado <strong>em</strong> seu entorno, conseguiram utilizar isso <strong>em</strong> beneficio<br />

próprio. Foi exatamente <strong>em</strong> sentimentos como o medo, a <strong>de</strong>sconfiança, o nojo, que os ciganos<br />

se ancoraram para estabelecer uma “distancia saudável” <strong>em</strong> relação às culturas não-ciganas.<br />

Po<strong>de</strong> ser que essa minoria étnica, seja uma das poucas que conseguiu converter o “estigma”<br />

<strong>em</strong> aliado.<br />

Na cont<strong>em</strong>poraneida<strong>de</strong>, alguns grupos ciganos começam a modificar a forma <strong>de</strong> lidar<br />

com as mudanças no contexto das socieda<strong>de</strong>s não-ciganas. Essas alterações têm sido alvo <strong>de</strong><br />

Crítica por parte <strong>de</strong> clãs ciganos que i<strong>de</strong>ntificam nisso um rompimento com a tradição,<br />

portanto, uma ameaça à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica. Essa tensão é compreensível, pois, como observa<br />

Bauman (2005, p. 84), i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é “(...) uma luta simultânea contra a dissolução e a<br />

fragmentação (...)” e quando se trata <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica os <strong>de</strong>safios são b<strong>em</strong> maiores.<br />

O nomadismo é um dos traços mais forte da cultura cigana. Historicamente os ciganos<br />

são conhecidos por suas andanças e admirados por sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar as mais<br />

adversas condições climáticas, sociais, políticas e econômicas. Nos dias atuais os grupos<br />

ciganos já não possu<strong>em</strong> o nomadismo como uma prática unânime, <strong>de</strong>vido a vários fatores tais<br />

como a violência, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> terrenos para acampar, interrupção dos estudos das crianças<br />

e jovens muitos grupos vêm se se<strong>de</strong>ntarizando. Mas o que estaria provocando esse fenômeno?<br />

O que os levaria a abandonar<strong>em</strong> as estradas e a vida nôma<strong>de</strong>?<br />

Deleuze e Guattari (1997, v 5, p.44-45), ao se reportar<strong>em</strong> ao nomadismo dirão que<br />

trata-se <strong>de</strong> uma invenção do nôma<strong>de</strong> <strong>em</strong> resposta ao <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> ter que partir. Para justificar<br />

essa teoria os autores suger<strong>em</strong> que a movimentação do nôma<strong>de</strong> será s<strong>em</strong>pre, “(...) <strong>de</strong> um<br />

ponto a outro por conseqüência e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fato (ponto <strong>de</strong> água, <strong>de</strong> habitação, ponto <strong>de</strong><br />

ass<strong>em</strong>bléia, etc.)”. Esses pontos seriam parte <strong>de</strong> um trajeto <strong>de</strong>terminado pelo nôma<strong>de</strong> (ibi<strong>de</strong>m,<br />

p.42). Dessa forma, o nôma<strong>de</strong> possui um território, território esse que será constant<strong>em</strong>ente<br />

abandonado por ele para posteriormente ser reterritorializado.<br />

Nessa perspectiva, todo ponto do território se constituiria <strong>em</strong> uma alternância do<br />

trajeto, caracterizando assim a vida nôma<strong>de</strong>, <strong>de</strong>nominada por Deleuze e Guatarri, como<br />

“intermezzo” 5 . O cigano por necessida<strong>de</strong> humana, ou “invenção nôma<strong>de</strong>”, vive na zona<br />

5 Intermezzo: s.m. (pal. ital.) Breve espetáculo entre dois atos <strong>de</strong> um drama ou <strong>de</strong> uma ópera.<br />

Pequeno trecho que separa as partes principais <strong>de</strong> uma composição musical.<br />

3


in<strong>de</strong>finida, no “entre-lugar” (SILVIANO, 1978), no espaço inapreensível pelas instâncias <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r, que só ating<strong>em</strong> os “fixos” e não os “cambiantes”.<br />

Maffesoli (2001, p.38) dirá ainda que “(...) qualquer que seja o nome que se lhe possa<br />

dar, a errância, o nomadismo está inscrito na própria estrutura da natureza humana, quer se<br />

trate do nomadismo individual ou do social”. O nomadismo não seria, portanto, uma ativida<strong>de</strong><br />

somente <strong>de</strong> populações coletoras. O que move as pessoas, na percepção do autor, é uma<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “evasão” inerente ao ser humano.<br />

O autor (ibi<strong>de</strong>m, p.69) sugere, também, que o fruto do nomadismo na atualida<strong>de</strong> é a<br />

“sociabilida<strong>de</strong>”. Essa sociabilida<strong>de</strong>, a que se refere o mesmo seriam el<strong>em</strong>entos que foram<br />

ocultados ou marginalizados pela <strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong>, por ex<strong>em</strong>plo: os sincretismos filosóficos e<br />

religiosos. Dessa forma, o nomadismo ao criar sociabilida<strong>de</strong> ameniza a solidão, que é um dos<br />

principais <strong>de</strong>safios dos indivíduos <strong>pós</strong>-mo<strong>de</strong>rnos. A internet, as viagens <strong>de</strong> férias, reuniões,<br />

festivas, encontros religiosos são alguns <strong>de</strong>sses frutos da sociabilida<strong>de</strong>.<br />

A idéia <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com Bauman (1999, p.260), passa pela noção <strong>de</strong><br />

comunida<strong>de</strong>, mesmo que essa comunida<strong>de</strong> vá exigir que, <strong>de</strong> certa forma, se abra mão da<br />

própria liberda<strong>de</strong>. A comunida<strong>de</strong>, nesse sentido, é um lugar <strong>de</strong> compartilhamento <strong>de</strong> idéias e<br />

esse compartilhar é o que proporcionará aos indivíduos a promessa <strong>de</strong> abrigo. Essa<br />

comunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser uma fraternida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ológica, <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino ou <strong>de</strong> missão.<br />

No caso dos ciganos, exist<strong>em</strong> varias hipóteses para o nomadismo. Exist<strong>em</strong> as que<br />

apontam o nomadismo cigano, não como um el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>, mas como um mecanismo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Nesse caso os ciganos buscam <strong>em</strong> suas idas e vindas evitar o controle e os<br />

processos <strong>de</strong> assimilação. Essa atitu<strong>de</strong> os levaria a assumir<strong>em</strong> o lugar que Bauman (1999,<br />

p.68) intitula como o “lugar do estranho”,<br />

(...) O estranho, com efeito, é alguém que se recusa a ficar confinado à terra<br />

“longínqua” ou a se afastar da nossa e assim, a priori, <strong>de</strong>safia o expediente fácil da<br />

segregação espacial ou t<strong>em</strong>poral” ,“(...) ele é uma ameaça constante à or<strong>de</strong>m do<br />

mundo (ibi<strong>de</strong>m, p.69).<br />

Outras análises apontam que o nomadismo cigano se <strong>de</strong>ve ao tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> que<br />

exerc<strong>em</strong>, ou seja, às vendas a domicilio e aos negócios <strong>de</strong> trocas, mais conhecidos como<br />

“rolos”, e que, isso os levaria a constantes <strong>de</strong>slocamentos. Há ainda os que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que, o<br />

que transformou os ciganos <strong>em</strong> uma minoria nôma<strong>de</strong> foram as perseguições e expulsões a que<br />

foram expostos. Nesse sentido, Fraser (apud SIMÕES, 2007, p.31) coloca que:<br />

Até hoje não foi possível, contudo, <strong>de</strong>scobrir quais foram os motivos e as<br />

circunstâncias que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram a migração e a diss<strong>em</strong>inação dos ciganos para<br />

diversas partes do mundo. A própria convivência dos ciganos com múltiplas<br />

culturas, as influências lingüísticas, <strong>de</strong>mográficas, sociolingüísticas e históricas, têm<br />

se constituído num el<strong>em</strong>ento que dificulta i<strong>de</strong>ntificar sua verda<strong>de</strong>ira composição<br />

étnica.<br />

Em Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> líquida (2001), ao falar sobre espaço nas socieda<strong>de</strong>s <strong>pós</strong>-mo<strong>de</strong>rnas,<br />

Bauman <strong>de</strong>ixa claro que o acesso aos espaços extraterritoriais cabe, não mais apenas as<br />

populações nôma<strong>de</strong>s, como os ciganos, mas também, e principalmente, a uma parcela da<br />

humanida<strong>de</strong> que ele intitula <strong>de</strong> elite global. Essa “elite cosmopolita global” é <strong>de</strong>tentora do<br />

capital mundial, portanto, são indivíduos que viv<strong>em</strong> <strong>em</strong> uma espécie <strong>de</strong> “bolha” que seria<br />

4


como um espaço extraterritorial. Essa “bolha” é usada por essa “elite global”, como negação<br />

<strong>de</strong> territorialida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> compromisso com questões sociais.<br />

Tanto o po<strong>de</strong>r econômico quanto a extraterritorialida<strong>de</strong> possibilitam a essa “elite”<br />

constantes <strong>de</strong>slocamentos globais. Quanto ao restante da humanida<strong>de</strong>, que o autor chama <strong>de</strong><br />

“maioria assentada”, os <strong>de</strong>slocamentos sejam por turismo, estudos etc. é s<strong>em</strong>pre “(...) uma<br />

condição inteiramente fora do alcance das pessoas comuns, dos ‘nativos’ estreitamente presos<br />

ao chão” (BAUMAN, 2001, p.54).<br />

Mas e os ciganos, estariam eles passando a fazer parte dos assentados a que se refere<br />

Bauman? Quais seriam a perspectivas <strong>de</strong> futuro e as consequências para sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica,<br />

se os ciganos se tornass<strong>em</strong> se<strong>de</strong>ntários? Nesse sentido a busca por território seria uma<br />

garantia para a concretização da se<strong>de</strong>ntarização?<br />

O termo território é <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> latina, e, apesar <strong>de</strong> já ser utilizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIV,<br />

foi na época mo<strong>de</strong>rna que seu uso se intensificou geralmente associado aos campos político<br />

ou jurídico. Para Marivonne Le Berre (1992, p.622) território não somente diz respeito a uma<br />

superfície terrestre, mas também se constitui <strong>em</strong> um local que, ao ser apropriado por um<br />

grupo social, teria a função <strong>de</strong> assegurar a reprodução <strong>de</strong>sse grupo, b<strong>em</strong> como sua<br />

sobrevivência. Território também diz respeito a limites geográficos, fronteiras e áreas. Por<br />

esse motivo foi que, a partir da década <strong>de</strong> 70 do séc. XX, a palavra território passou a ser<br />

incorporada pela geografia.<br />

O geógrafo Milton Santos (1994, p.16), ao analisar território já como conceito e <strong>em</strong><br />

relação aos intensos e atuais <strong>de</strong>slocamentos, dirá que:<br />

É a partir <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong> que encontramos no território, hoje, novos recortes além<br />

da velha categoria região, e isso é um resultado da nova construção do espaço e do<br />

novo funcionamento do território, através daquilo que estou chamando <strong>de</strong><br />

horizontalida<strong>de</strong>s e verticalida<strong>de</strong>s.<br />

Por horizontalida<strong>de</strong>s Santos enten<strong>de</strong> a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lugares vizinhos reunidos num<br />

conjunto <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>s territoriais. Já as verticalida<strong>de</strong>s, seriam pontos distantes ligados por<br />

diferentes maneiras e processos sociais. Fazendo uma análise do nomadismo cigano no Brasil<br />

hoje, a partir da perspectiva <strong>de</strong> Santos, percebe-se que os <strong>de</strong>slocamentos dos mesmos ocorr<strong>em</strong><br />

nas horizontalida<strong>de</strong>s, ou seja, entre cida<strong>de</strong>s próximas. Isso ocorre <strong>de</strong>vido a certas divisões<br />

territoriais que os grupos vêm estabelecendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> longa data. Dificilmente um grupo <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>terminada região do país a<strong>de</strong>ntrará <strong>em</strong> outra região s<strong>em</strong> que haja entre eles <strong>de</strong>terminados<br />

“acertos”, geralmente advindos da relação <strong>de</strong> parentesco. Eles, via <strong>de</strong> regra, circulam apenas<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> regiões pré-<strong>de</strong>terminadas.<br />

A relação <strong>de</strong> parentesco entre os ciganos não é regida a priori pela consanguinida<strong>de</strong>.<br />

Os ciganos s<strong>em</strong> laços consanguíneos se tratam por primos, se são da mesma faixa etária, e por<br />

tio, quando se refer<strong>em</strong> a um cigano mais idoso que ele próprio. Para eles, apesar da divisão <strong>de</strong><br />

grupos (clãs), todos os ciganos constitu<strong>em</strong> uma mesma família, a “família cigana”. Esse<br />

sentimento <strong>de</strong> pertencimento é próprio das minorias étnicas. Sobre esse aspecto Nash (apud<br />

Bauman, 1999, p. 261) sustenta que:<br />

A dimensão étnica da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (sejam quais for<strong>em</strong> suas profundas raízes<br />

psicológicas) resi<strong>de</strong> no fator <strong>de</strong> que os integrantes dos grupos étnicos são vistos uns<br />

pelos outros como ‘humanos’ e confiáveis <strong>de</strong> um modo que os forasteiros não os<br />

são. O grupo étnico fornece refúgio contra um mundo hostil, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezo.<br />

Os grupos ciganos têm no grupo étnico sua principal referência. Nesse caso, po<strong>de</strong>ria se<br />

correr o risco <strong>de</strong> atribuir territorialida<strong>de</strong> ao grupo étnico, ou seja, por não possuír<strong>em</strong> território<br />

5


<strong>de</strong> orig<strong>em</strong> o próprio grupo po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rado um território imaginado? A noção <strong>de</strong><br />

território foi utilizada pela primeira vez no final do século XIX por Fre<strong>de</strong>ric Ratzel (apud<br />

MORAES 1990a) que coloca que, “(...) o território existe s<strong>em</strong> a presença do hom<strong>em</strong>,<br />

<strong>de</strong>socupado (apolítico) ou com a presença <strong>de</strong>ste e com o domínio do Estado (político)”. Mas,<br />

se, como sugere Ratzel, território ocupado pressupõe domínio do Estado, o que dizer dos<br />

ciganos que negam pertencimento territorial, mas ao mesmo t<strong>em</strong>po reivindicam direitos?<br />

Como pensar a noção <strong>de</strong> direitos diante <strong>de</strong> tal negação?<br />

Melucci (2005, p. 100-101), ao comentar sobre juventu<strong>de</strong> na <strong>pós</strong>-<strong>mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong></strong> ou mais<br />

especificamente naquilo que ele chama <strong>de</strong> “socieda<strong>de</strong>s complexas”, aponta para outro tipo <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, a “i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> juvenil”. Ele diz que esta i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>finida por “modos <strong>de</strong> vida e<br />

linguagens próprias” e que, se por um lado, ela é homogênea, por outro, ela é diferenciada<br />

pelo pertencimento territorial e social.<br />

No caso, dos jovens ciganos percebe-se certa oscilação entre uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> juvenil<br />

cigana, quando falam o idioma do grupo cigano ao qual pertenc<strong>em</strong>, e, uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> juvenil<br />

não-cigana quando se apropriam das gírias, jargões, etc. Quanto ao modo <strong>de</strong> vida, mesmo<br />

fazendo parte <strong>de</strong> uma tradição com formas <strong>de</strong> vestir exóticas, a juventu<strong>de</strong> cigana, com<br />

exceção das festas intra-grupo, seguirá as tendências da moda, ouvirá os hits do momento,<br />

terá um celular <strong>de</strong> última geração, um laptop, o que po<strong>de</strong> variar é o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> cada<br />

um na a<strong>de</strong>são a esse ou aquele símbolo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação à juventu<strong>de</strong> não-cigana.<br />

O consumo é outro aspecto das socieda<strong>de</strong>s <strong>pós</strong>-mo<strong>de</strong>rnas que atravessa a cultura<br />

cigana. Bauman (2011, p. 83) concebe o consumismo como um “produto social” que serve a<br />

muitos pro<strong>pós</strong>itos. Mais ainda, que t<strong>em</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar seres humanos <strong>em</strong> meros<br />

consumidores relegando todo o resto a segundo plano. O consumo é uma necessida<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />

última instância <strong>de</strong> sobrevivência, já o consumismo é o ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocar o consumo para um<br />

ponto central, on<strong>de</strong> ele se tornaria o “foco <strong>de</strong> todos os interesses”, ou mesmo, o “foco único<br />

<strong>de</strong>sses interesses”.<br />

Os ciganos não estão alijados das necessida<strong>de</strong>s “criadas” pelas socieda<strong>de</strong>s <strong>pós</strong>mo<strong>de</strong>rnas.<br />

A televisão é, por excelência, o meio pelo qual os apelos ao consumo se tornam<br />

mais evi<strong>de</strong>ntes para esses. É raro encontrar uma casa ou tenda cigana que não tenha um<br />

aparelho <strong>de</strong> televisão. É nas crianças e nos jovens, talvez por sua suscetibilida<strong>de</strong>, que se<br />

percebm os efeitos <strong>de</strong>sses apelos com mais niti<strong>de</strong>z.<br />

Conclusão<br />

As questões apresentadas nesse texto apontam para algumas transformações<br />

observadas na i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cigana que a principio pressupõ<strong>em</strong> que essa cultura está sendo<br />

obrigada por fatores externos a modificar el<strong>em</strong>entos culturais ancestrais.<br />

Os efeitos <strong>de</strong>sse processo apenas começam a ser observados por estudiosos e<br />

pesquisadores. Nesse momento, não é possível dizer que essa cultura está <strong>de</strong>saparecendo ou<br />

coisas do gênero. Os ciganos têm uma história <strong>de</strong> lutas e resistências que os cre<strong>de</strong>nciam<br />

diante dos mais difíceis obstáculos, por sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superação. Entretanto, as<br />

transformações são inequívocas e <strong>de</strong>safiadoras. Nesse sentido, é importante que sejam<br />

<strong>de</strong>senvolvidas mais pesquisas, que possam produzir subsídios para novas analises e reflexões.<br />

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