PERDA DE VIGOR DOS MONTADOS DE SOBRO E AZINHO ... - INRB
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<strong>PERDA</strong> <strong>DE</strong> <strong>VIGOR</strong> <strong>DOS</strong> MONTA<strong>DOS</strong> <strong>DE</strong> <strong>SOBRO</strong> E <strong>AZINHO</strong>:<br />
ANÁLISE DA SITUAÇÃO E PERSPECTIVAS<br />
(Documento síntese)<br />
Edmundo Manuel Rodrigues de Sousa<br />
Maria Natércia Sousa Santos<br />
Maria Carolina Varela<br />
Joana Henriques<br />
OUTUBRO, 2007<br />
Estação Florestal Nacional
Na sequência do Despacho n.º 4044/2003, de 27 de Fevereiro do Ministro da<br />
Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas (MADRP), foi elaborado um<br />
Programa de Defesa dos Povoamentos Suberícolas (PDPS). Para execução das<br />
acções 4 e 5 da componente Investigação do PDPS – “Síntese e divulgação das<br />
recomendações que os Investigadores, com base no trabalho desenvolvido,<br />
podem já fazer no sentido de se inverter o declínio dos povoamentos e melhorar<br />
a sua gestão”, foi estabelecido, em 18/03/06, um protocolo de colaboração entre<br />
a Direcção Geral dos Recursos Florestais (DGRF) e a Estação Florestal<br />
Nacional (EFN), organismo do Instituto Nacional dos Recursos Biológicos, I. P.<br />
(INIRB, I.P.) para a elaboração de um documento síntese relativo ao estado<br />
actual dos conhecimentos sobre a perda de vigor do montado de sobro e azinho,<br />
tendo sido fixados objectivos que passam pelo tratamento de informação<br />
dispersa pelas diferentes instituições com vista a facilitar a sua acessibilidade e<br />
utilização a todos os agentes envolvidos na defesa do montado.<br />
Para recolha de informações foram contactadas 30 instituições (Anexo I) no<br />
sentido de: identificar os projectos mais relevantes inseridos nas diferentes<br />
áreas técnico-científicas sobre os montados de sobro e azinho e resumir<br />
as conclusões e recomendações mais importantes.<br />
Este documento baseou-se, assim, na análise global das informações recolhidas<br />
no âmbito dos diferentes projectos de I&D que têm sido desenvolvidos no nosso<br />
país (Anexo II) e que nos foram disponibilizadas. Optou-se por não fazer<br />
menção individualizada das diversas fontes de informação recolhidas,<br />
considerando-se que esta análise é o resultado do conhecimento gerado<br />
globalmente pelas instituições envolvidas. Nalguns casos a informação foi<br />
complementada com algum conhecimento internacional, devidamente<br />
referenciado, julgado relevante para a compreensão da problemática.<br />
Será ainda elaborada uma versão de uso mais aplicado a ser disponibilizada na<br />
página Web da DGRF.<br />
Esta análise integra-se também no âmbito do Eixo 5 do Programa de Acção para<br />
Recuperação da Vitalidade dos Montados de Sobro e Azinho, criado pelo<br />
Despacho n.º 18316/2006, de 31 de Agosto, do Ministério da Agricultura, do<br />
Desenvolvimento Rural e das Pescas.<br />
2
Índice<br />
I – Introdução……………………………………………………………………………….….…………. 5<br />
II – Constatação do fenómeno de declínio………………………………………………….….……… 7<br />
III – Despiste dos factores……………………………………………………………………….…….... 12<br />
III.1 - Factores climáticos……………………………………………………………….…….. 14<br />
III.2 - Factores edáficos………………………………………………………………….……. 19<br />
III.3 - Acção do Homem………………………………………………………………………... 22<br />
III.3.1 – Gestão do povoamento…………………………………………….……….. 22<br />
III.3.2 – Poluição atmosférica………………………………………………………... 24<br />
III.4 – Incêndios florestais………………………………………………………………….…... 29<br />
III.5 – Agentes bióticos identificados em associação com o declínio………………..……. 32<br />
III.5.1 – Doenças……………………………………………………………….……… 33<br />
III.5.2 – Pragas………………………………………………………………….……… 36<br />
III.5.3 – Outros agentes………………………………………………………………. 41<br />
IV – Aprofundamento do conhecimento sobre interacções dos factores envolvidos………….…. 42<br />
IV.1 – Como as condições edafo-climáticas se relacionam com os outros factores….… 44<br />
IV.2 – Como a acção do homem pode condicionar o efeito dos outros factores……..…. 45<br />
IV.3 – Como os agentes bióticos exercem sinergismos com os outros factores……..…. 47<br />
V – Proposta de medidas para inverter a situação………………………………………………..…. 48<br />
V.1 – Métodos de diagnóstico e de classificação da situação…………………..………… 49<br />
V.2 – Gestão do montado adaptada às novas condições………………………………….. 51<br />
V.2.1 - Estratégias para incrementar a fertilidade dos solos……………………… 52<br />
V.2.2 - Regeneração e Produção de plantas………………………………………. 53<br />
V.2.3 – Técnicas de Produção…………………………………………………….…. 55<br />
V.2.4 – Usos complementares do solo……………………………………………… 55<br />
V.2.5 – Áreas ardidas……………………………………………………………….… 57<br />
V.3 – Meios de controlo para pragas e doenças……………………………………………. 58<br />
3
VI – Lacunas de conhecimento para a projecção de linhas de investigação……………………... 62<br />
VI.1 – Conhecer a fisiologia da árvore……………………………………………………….. 63<br />
VI.1.1 - Mecanismos associados ao vigor………………………………………….. 63<br />
VI.1.2 - Capacidade de adaptação e de resistência às condições<br />
do meio ambiente……………………………………………………………. 63<br />
VI.2 - Identificar os mecanismos de perda de vitalidade na árvore e no povoamento…. 64<br />
VI.2.1 – Extensão e gravidade do problema (espacial e temporal)……………… 64<br />
VI.2.2 – Métodos de diagnóstico precoce………………………………………….. 64<br />
VI.2.3 – Factores envolvidos…………………………………………………………. 64<br />
VI.3 – Avaliar as interacções (dependências e sinergismos) entre factores…………….. 66<br />
VI.4 – Como inverter a situação………………………………………………………………. 67<br />
VI.4.1 - Medidas directas de controlo para pragas e doenças…………………… 67<br />
VI.4.2 - Aplicação de medidas que a curto/médio prazo,<br />
possam vir a mitigar ou inverter o processo de declínio…………………. 67<br />
VII - Referências bibliográficas…………………………………………………………………………. 69<br />
ANEXO I – Informações sobre as instituições contactadas<br />
ANEXO II – Listagem dos projectos considerados<br />
ANEXO III – Estratégias para controlo do declínio do montado de sobro<br />
4
I - Introdução<br />
Na década de 80 surgem, principalmente na Europa (Bonneau & Guy, 1985; Delatour, 1983; Eichhorn &<br />
Paar, 1999; Landmann, 1985; Oleksyn & Przybvl, 1987; Ragazzi et al., 1995) e na América do Norte<br />
(Annonymus, 1989, Abrahams, 1996; Oak et al., 1996; Wargo, 1996), várias publicações assinalando um<br />
declínio acentuado e generalizado de várias essências florestais, entre as quais são particularmente<br />
focados os géneros Abies, Picea (os mais afectados), Pinus, Fagus, Quercus e Castanea.<br />
Parecia ter-se alcançado nessa altura, uma situação de agravamento geral, contínuo e dificilmente<br />
explicável do estado sanitário da floresta. Esta situação foi globalmente classificada como “declínio” por<br />
se verificar uma perda de vigor ou enfraquecimento da floresta sem a existência de sintomas específicos<br />
(Schütt, 1992).<br />
Enquadrava-se nesta designação o enfraquecimento de alguns montados de sobro (Quercus suber L.) e<br />
azinho (Quercus rotundifolia Lam.), principalmente nos países em que estas espécies se assumem com<br />
importância económica, social e/ou ecológica.<br />
Sabe-se com efeito, que nas florestas (Figura 1) certos factores de stress podem induzir uma reacção<br />
que directa ou indirectamente provocam uma diminuição gradual do vigor das árvores, seguida de uma<br />
redução das suas capacidades de defesa e do estabelecimento de condições favoráveis à instalação de<br />
agentes bióticos (ciclo de declínio). O que caracteriza esta situação é precisamente a incapacidade<br />
da árvore reagir a um conjunto de factores de stress.<br />
Face a esta situação, multiplicaram-se os simpósios nacionais e internacionais (Donaubauer, 1998;<br />
Dryer & Aussenac, 1996), tendo surgido repentinamente uma multiplicidade de artigos e a comunidade<br />
científica intensificou a comunicação, parecendo ficar mais próxima.<br />
Estas iniciativas levaram à formulação de várias hipóteses numa tentativa de explicar um fenómeno<br />
cujos contornos variam com os factores ecológicos, práticas silvícolas, espécies envolvidas e respectivas<br />
interacções.<br />
5
“Feedback” negativo (ciclo de recuperação do “stress”)<br />
Incidência<br />
de agentes<br />
nocivos<br />
Aumento<br />
das defesas<br />
da árvore<br />
Diminuição<br />
dos ataques<br />
“Feedback” positivo (ciclo do declínio da árvore)<br />
Diminuição<br />
do vigor<br />
Diminuição<br />
das defesas<br />
Crescimento<br />
dos agentes<br />
patogénicos<br />
Diminuição do nº de<br />
raízes, da superfície foliar<br />
Aumento de<br />
perturbações fisiológicas<br />
stress stress<br />
Figura 1 – Representação esquemática do declínio em ecossistemas florestais (Loehle, 1988).<br />
Uma análise ao trabalho desenvolvido durante as duas últimas décadas permite distinguir quatro fases<br />
que, embora sem uma sequência perfeita, se foram individualizando ao longo do tempo: 1. constatação<br />
do fenómeno; 2. despiste dos factores envolvidos; 3. aprofundamento dos conhecimentos sobre<br />
interacções dos factores; 4. definição de medidas para inverter a situação. Estas duas últimas fases que<br />
têm vindo a tomar forma ao longo do tempo, demarcam-se ligeiramente da constante abordagem da<br />
situação, constatando-se assim, um claro reconhecimento de que a eficácia das intervenções (para a<br />
recuperação e conservação dos ecossistemas), requeria valor acrescentado ao conhecimento técnicocientífico<br />
já disponível.<br />
É contudo de salientar que a perda de vigor não se generaliza à espécie enquanto tal, mas sim a zonas<br />
geográficas e povoamentos relativamente bem localizados, em oposição a situações onde o vigor<br />
continua a prevalecer.<br />
Este documento tem como objectivo elaborar uma síntese dos resultados mais relevantes do trabalho<br />
desenvolvido sobre os factores associados ao enfraquecimento do ecossistema com os seguintes<br />
objectivos: contribuir para uma visão global do actual estado dos conhecimentos; propor algumas<br />
medidas para inverter a situação; reunir informação para o delineamento de algumas linhas prioritárias<br />
de investigação<br />
Vigor da árvore<br />
(biomassa viva)<br />
Vigor da árvore<br />
(biomassa viva)<br />
stress morte<br />
6
II – Constatação do fenómeno de declínio<br />
Embora desde os finais do século XIX e primeira metade do século XX tenham sido assinalados vários<br />
surtos de mortalidade no montado de sobro em Portugal (Câmara-Pestana, 1898, 1899; Lopes-Pimentel,<br />
1946; Natividade, 1950; Neves, 1950; Oliveira, 1931; Ramires, 1898), foi durante as três últimas décadas<br />
que o fenómeno de perda de vigor foi encarado com preocupação.<br />
Têm sido constatados dois tipos de sindromas. O mais comum é traduzido por desfolhas que tornam a<br />
copa progressivamente mais transparente, incidindo fundamentalmente na sua periferia, rebentação<br />
anormal de ramos epicórmicos, presença de manchas inicialmente escuras e húmidas principalmente no<br />
tronco e nos ramos mais grossos, apresentando exsudados viscosos. Ao nível destas manchas os<br />
tecidos subjacentes desagregam-se e formam uma pasta húmida, endurecendo com o tempo e tornando<br />
impraticável o descortiçamento nessas zonas afectadas. Este tipo de sintomas processa-se durante um<br />
período de tempo mais ou menos longo, difícil de precisar, usualmente designado por “morte lenta”.<br />
Outro tipo de sindroma caracteriza-se pela seca da folhagem que rapidamente adquire um tom castanho<br />
permanecendo em, grande parte, aderente aos ramos. A morte das árvores ocorre num período de<br />
tempo muito curto entre 2 e 4 semanas e é designado por “morte súbita”. Neste caso não se verifica a<br />
presença de outros sintomas para além de uma seca súbita e generalizada da árvore.<br />
Em Portugal, têm vindo a ser efectuadas avaliações quantitativas do fenómeno (Carvalho et al., 1992;<br />
Macara, 1975; Martins 1988, 1991; Mascarenhas et al., 1992; Santos & Martins, 1992; Sousa, 1990;<br />
Tavares & Cabrita, 1990), as quais podem genericamente dividir-se em dois tipos fundamentais: as que<br />
incidiram sobre vastas áreas procurando detectar grandes manchas de zonas afectadas e as que<br />
recorreram a observações no terreno e registo de alguns parâmetros em parcelas previamente<br />
seleccionadas. Uma apreciação geral dos resultados obtidos mostra uma discrepância nos valores quer<br />
para as taxas de mortalidade quer para a percentagem de árvores com perda de vigor. Esta discrepância<br />
pode no entanto estar associada não só aos métodos de avaliação usados mas também à diversificação<br />
das zonas de montado. Efectivamente, os métodos de avaliação que incidem em vastas áreas (ex.:<br />
análise diacrónica por foto interpretação; fotografia aérea I.V. falsa cor) apenas detectam manchas<br />
afectadas em áreas de grandes dimensões, enquanto que as observações no terreno incidem sobre<br />
parcelas de dimensões mais reduzidas e são efectuadas a nível individual (árvore a árvore), permitindo<br />
7
identificar sintomas menos acentuados de perda de vigor pelo que os valores encontrados podem ser<br />
mais elevados.<br />
A análise diacrónica por foto-interpretação, efectuada nos concelhos de Santiago do Cacém, Grândola e<br />
Sines e abrangendo cerca de 73.720 ha mostrou que a área de sobreiros dispersos decresceu<br />
substancialmente no intervalo 1958-67 e que em 1992 estavam reduzidas a cerca de um terço da área<br />
existente em 1958 (Carvalho et al., 1992). De acordo com os mesmos autores, embora a área total<br />
ocupada pelo sobreiro apenas tivesse sofrido redução significativa nas zonas de sobreiros dispersos, a<br />
área total ocupada, de modo geral, mantém-se, mas nas zonas de densidade média e elevada verificouse<br />
um acentuado decréscimo de densidades no período 1957-87.<br />
Os estudos efectuados nos concelhos de Mora, Aviz e Arraiolos (área de 5300 ha) também evidenciaram<br />
uma diminuição da área total de ocupação dos montados da região (8% da área de ocupação destes<br />
povoamentos em 1970, correspondendo, a maior parte, a povoamentos de azinho) ainda que a maior<br />
alteração tenha ocorrido na diminuição da densidade dos povoamentos. Para a azinheira a classe<br />
de maior densidade (Az2) diminuiu cerca de 5303 ha (40% da área desta classe em 1970) e no caso do<br />
sobreiro, a diminuição da classe de maior densidade (Sb2) foi de cerca de 2557 ha (25% da área da<br />
classe em 1970).<br />
No entanto, uma avaliação global segundo os dados do inventário florestal nacional (1902 a 2006), refere<br />
que a área de sobreiro e azinheira em Portugal aumentou significativamente de 1928 para 1956 e que a<br />
partir daí não sofreu alterações relevantes (Figura 2). Recentemente e como resultado de programas de<br />
florestação, estima-se que a área de montado tenha mesmo aumentado cerca de 18% (Pereira et al.,<br />
1999).<br />
Evolução da área (ha)<br />
800000<br />
700000<br />
600000<br />
500000<br />
400000<br />
300000<br />
200000<br />
100000<br />
0<br />
evolução da área-ha<br />
1910 1928 1956 1981 1987 1988 1991 1995 2005<br />
sobreiro azinheira<br />
Figura 2- Evolução da área e da densidade dos povoamentos de sobreiro e azinheira em Portugal<br />
segundo os dados do Inventário Florestal Nacional (Tomé, 2006).<br />
Parcelas Parcelas (%)<br />
40<br />
35<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
0-40 40-80 80-120 120-160 160-200 ≥200<br />
Classes de Nº árv/ha)<br />
IFN1995 IFN2005<br />
8
A ausência de regeneração que tem sido verificada na maior parte dos povoamentos parece ser,<br />
no entanto, a questão mais preocupante (Martins, 1991), já que pode vir a pôr em risco a<br />
perpetuidade e a conservação dos povoamentos de sobro e azinho (esta situação é mais grave no caso<br />
dos povoamentos de sobro do que nos de azinho).<br />
De acordo com os dados do ICP Forests (DGRF, 2006), baseados numa escala de classes de desfolha<br />
(Figura 3), verifica-se que o padrão de árvores com desfolha superior a 25% (danos moderados a<br />
acentuados), não é uniforme ao longo do tempo. Na década de 90 (1990 a 1992) notou-se um acréscimo<br />
da desfolha que veio a decrescer para voltar a aumentar gradualmente a partir de 1999. Curiosamente o<br />
padrão de respostas de ambas as espécies parece ser idêntico com excepção dos últimos anos (a partir<br />
de 2003 em que parece haver uma tendência para a situação se agravar no caso do sobreiro).<br />
% de árv. com desfolha superior a 25%<br />
60,0<br />
50,0<br />
40,0<br />
30,0<br />
20,0<br />
10,0<br />
0,0<br />
1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005<br />
sobreiro azinheira<br />
Figura 3- Valores da desfolha moderada a acentuada (> a 25%) no sobreiro e azinheira em<br />
Portugal, respeitantes ao período de 1988 a 2005 (DGRF, 2006).<br />
Também com base em dados cedidos pela Direcção Geral dos Recursos Florestais (Figura 4),<br />
respeitantes ao período 1991-98, sobre autorizações corte/arranque de sobreiros decrépitos e mortos,<br />
verifica-se que o pedido de corte incidiu muito mais no sobreiro do que na azinheira e que este tem sido<br />
mais ou menos constante ao longo do tempo.<br />
Uma tentativa de localizar estes valores por freguesias (Figura 5) mostra que toda a zona a sul do Tejo<br />
se encontra afectada (Pereira et al., 1999) mas que são fundamentalmente as zonas de Santiago do<br />
9
Cacém, Grândola, Coruche e Ponte de Sôr as que apresentam núcleos com níveis de recorrência de<br />
desbaste mais acentuados, o que é confirmado por Barros et al. (2002).<br />
Nº de árvores<br />
300000<br />
250000<br />
200000<br />
150000<br />
100000<br />
50000<br />
0<br />
1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004<br />
Data<br />
Sobreiro Azinheira<br />
Figura 4- Dados relativos ao número total de árvores secas cujo abate foi autorizado anualmente,<br />
durante o período 1988-2004 (fonte: DGRF, 2006).<br />
Figura 5 - Distribuição espacial da mortalidade. a) Localização por freguesias dos pedidos de<br />
abate superiores a 4 arv./ha. b) Aferição qualitativa da carta inicial efectuada pelas Associações<br />
Florestais (fonte: DGRF, 2006).<br />
10
Uma aferição da carta efectuada a partir dos pedidos de abate superiores a 4 árv./ha foi posteriormente<br />
efectuada de uma maneira qualitativa pelas Associações Florestais já que a carta inicial poderia falsear<br />
um pouco os resultados, penalizando as regiões onde os proprietários estão sensibilizados para o<br />
problema (solicitam frequentemente o abate dos sobreiros) e atenuando as regiões onde o absentismo<br />
do proprietário se faz sentir.<br />
Relativamente à evolução da produção de cortiça, Mendes (1997) refere que a produção total de cortiça<br />
nos novénios de 70-78, 79-87 e de 88-96 é respectivamente 89%, 73% e 69% da produzida no novénio<br />
de 61-69. Ainda o mesmo autor considera discutível se este decréscimo corresponde apenas a uma<br />
regressão do potencial produtivo do montado, já que para além dos surtos de mortalidade verificados na<br />
década de 80 (decorrentes da sucessão de largos períodos de seca), outros factores conjunturais<br />
resultantes da instabilidade social vivida no Alentejo no período 1975-83, poderão estar implicados. A<br />
este propósito, sob o título "Os sobreiros estão a morrer", a Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR)<br />
alerta para a necessidade de tomar medidas urgentes para inverter a situação, num momento em que a<br />
produção de cortiça (principalmente a cortiça de qualidade) vai progressivamente decrescendo e a<br />
procura se intensifica devido ao aumento da produção vinícola (Dia, 1999).<br />
Noutros países como Espanha (Gotarredona, 1992; Jacobs et al., 1992), França (Mirault, 1996), Itália<br />
(Francheschini et al, 1999) Marrocos (Harrachi, 1996; Yousfi, 1995) e Tunísia (Jamaa & Hasnaoui, 1996),<br />
os resultados alcançados pareciam traduzir uma situação semelhante. A este propósito Graf et al. (1992)<br />
referem que as florestas do noroeste de Marrocos sofreram uma redução da sua área de cerca de 30%<br />
nos últimos quinze anos, tendo sido o montado de sobro o mais afectado. Também Luciano & Prota<br />
(1995), apontam para quebras de 40% e 60% na produção anual de cortiça nos casos em que a desfolha<br />
foi respectivamente de 50% e 100%.<br />
Hoje em dia, apesar das análises comparativas da extensão e gravidade dos danos serem difíceis, pela<br />
ausência de metodologias uniformes e de dados quantitativos que permitam uma definição mais precisa<br />
da situação, .sabemos que este fenómeno varia grandemente consoante os países e os locais, não<br />
apresentando por isso um padrão constante.<br />
11
III – Despiste dos factores<br />
O fenómeno do declínio, tem merecido, através de vários estudos e projectos, abordagens coerentes<br />
que contribuíram para o despiste dos factores envolvidos.<br />
Sem querer pôr em causa que ao longo do espaço e do tempo um ecossistema possa vir a ser afectado<br />
por um factor desfavorável que, em dado momento, se torne prevalente no processo de enfraquecimento<br />
das árvores, é de modo geral consensual que a progressiva perda de vigor das Quercíneas é<br />
fundamentalmente desencadeada por múltiplos factores (Figura 6).<br />
Tempestade<br />
Tempestade,<br />
Tempestade<br />
Tempestade,<br />
neve e<br />
granizo<br />
granizo<br />
Causas naturais<br />
Condições climáticas<br />
Árvores<br />
danificadas<br />
Excesso de<br />
calor<br />
Invasão de<br />
insectos<br />
Deficiência<br />
em água<br />
Perturbações<br />
nas relações<br />
água-planta<br />
Enfraquecimento das<br />
essências florestais<br />
Gestão do povoamento<br />
Povoamentos<br />
puros<br />
Doenças<br />
radicualres radiculares radicualres radiculares<br />
Cortes e<br />
exploração<br />
Degradação<br />
do solo<br />
Acção do homem<br />
Calcamentodo<br />
solo, resíduos<br />
MORTE DA FLORESTA<br />
Destruição do<br />
estado do<br />
povoamento<br />
Árvores<br />
caídas<br />
Perturbações no<br />
equilíbrio biocenótico<br />
Turismo e Actividades<br />
humanas extra-florestais<br />
Incêndios<br />
Figura 6 – Principais factores associados ao declínio do montado de sobro em Portugal.<br />
Caça<br />
Modificação<br />
do microclima<br />
Poluição<br />
12
De facto, da idéia inicial de identificar factores isolados do desequilíbrio do ecossistema (p. ex. doenças<br />
e pragas), passou-se rapidamente para a identificação de uma cadeia de factores integrados num<br />
contexto mais vasto de ecossistema florestal.<br />
Entre a multiplicidade de factores que têm sido referidos, as propriedades físicas e químicas do solo<br />
(Ausenac et al., 1992; Bernardo et al., 1992; Bréda, 1999; Roxo et al., 2005; Sousa et al., 1999), os<br />
factores climáticos, fundamentalmente secas prolongadas (David et al., 1992; Mánka et al., 1998;<br />
Valentini et al, 1992), a incidência de pragas e doenças (Bakry et al., 1999; Francheschini et al., 1999;<br />
Sechi et al., 2002; Wargo, 1996), são frequentemente citados como determinantes neste processo. Por<br />
outro lado, a acção do homem nas suas componentes de gestão do povoamento e do sob-coberto, a<br />
poluição atmosférica e os incêndios florestais são também constantemente referidos como<br />
desempenhando um papel determinante nalgumas situações específicas.<br />
13
III.1 - Factores climáticos<br />
Normalmente, o crescimento das árvores inicia-se na Primavera, sendo apenas interrompido se a<br />
secura estival for muito acentuada ou com valores baixos de temperaturas mínimas de Outono<br />
(Costa et al., 2002; Oliveira et al., 2002). O crescimento radial ocorre assim entre Março e Outubro com<br />
um máximo em Junho – Julho sendo que no início da Primavera é incrementado pela pluviosidade no<br />
Inverno e no Outono por elevados valores de pluviosidade no Verão (Oliveira et al., 2002).<br />
Por outro lado, a quantidade de folhas, varia de árvore para árvore, e a sua emissão parece depender<br />
mais da temperatura do que da pluviosidade. A queda das folhas antigas acompanha a emissão de<br />
novas folhas, podendo prolongar-se até ao Verão. No caso do sobreiro e azinheira é vulgar os ciclos de<br />
três anos na constituição de novas folhas.<br />
É ponto assente que começam a ser visíveis também na região Mediterrânica (Gracia, 2006; Oszako,<br />
2004) alguns efeitos devido à acção das mudanças climáticas (alterações no padrão e na repartição da<br />
precipitação e temperatura), nomeadamente:<br />
• aumento das temperaturas e diminuição da precipitação;<br />
• alterações no padrão de distribuição da precipitação;<br />
• maior frequência de extremos climáticos (p. ex. Invernos severos, geadas tardias,<br />
Verões muito quentes e secos).<br />
No entanto, é difícil de isolar cada um dos factores ambientais, principalmente porque são muitas vezes<br />
as inter-relações entre factores que ocasionam desequilíbrios fisiológicos nas árvores.<br />
Os efeitos fisiológicos que a acção conjunta da Precipitação (P) e da Temperatura (T) podem exercer na<br />
vegetação, nas suas vertentes P alta/T baixa e P escassa/T alta encontram-se esquematizados na<br />
Figura 7 (Larcher, 1975), já que a interacção entre teor em água e temperatura é extremamente<br />
importante para o desenvolvimento do coberto arbóreo.<br />
Um deficit de água associado a temperatura elevadas induz uma diminuição da taxa fotossintética e um<br />
aumento da actividade respiratória. Esta redução da fotossíntese pode provocar uma diminuição do<br />
crescimento e um atrofiamento radicular (Bonneau, 1985). A assimilação fica assim comprometida. Nas<br />
situações de excesso de água, são as temperaturas baixas que jogam um papel preponderante,<br />
principalmente se estas intervêm subitamente.<br />
Em Portugal, foram registados períodos de extrema secura durante os séculos XIX (Roxo & Casimiro,<br />
1999) e XX (Roxo et al., 2005), tendo alguns deles sido claramente associados a notícias sobre<br />
ocorrência de elevadas taxas de mortalidade no montado (David et al., 1992), no entanto o<br />
14
desfasamento entre ambos sugere que a seca é um factor predisponente e não uma causa. A análise<br />
do regime de precipitação para diversas estações climatológicas do litoral Alentejano, durante um<br />
período de cerca de 60 anos, permitiu também observar um agravamento gradual na magnitude das<br />
secas, com a redução das precipitações primaveris (David et al., 1992).<br />
Precipitação<br />
abundante<br />
Nebulosidade<br />
abundante<br />
Atraso no<br />
início do<br />
crescimento<br />
Período<br />
vegetativo<br />
curto<br />
Radiação incidente<br />
escassa<br />
Temperatura<br />
do solo<br />
baixa<br />
Diminuição da<br />
fotossíntese<br />
Poucas<br />
divisões das<br />
células do<br />
câmbio<br />
Danos por<br />
geadas<br />
Temperatura<br />
baixa<br />
Temperatura<br />
da planta<br />
baixa<br />
Redução do<br />
metabolismo e do<br />
desenvolvimento<br />
Diminuição do<br />
efeito das<br />
fitohormonas<br />
Anel anual<br />
estreito<br />
Escasso<br />
alargamento<br />
celular<br />
Precipitação<br />
reduzida<br />
Nebulosidade<br />
escassa<br />
Período<br />
vegetativo<br />
curto<br />
Radiação incidente<br />
intensa<br />
Humidade<br />
atmosférica<br />
baixa<br />
Redução do<br />
crescimento<br />
Reduzido<br />
alargamento celular<br />
Temperatura<br />
alta<br />
Evaporação<br />
rápida<br />
Más<br />
condições<br />
hídricas<br />
Diminuição da<br />
fotossíntese<br />
Anel anual<br />
estreito<br />
Figura 7 - Efeitos fisiológicos provocados pela interracção da Precipitação e da Temperatura.<br />
Temperatura<br />
da planta<br />
elevada<br />
Aumento<br />
da<br />
respiração<br />
Escassez de<br />
assimilados<br />
Pouca divisão<br />
celular<br />
Pouca<br />
diferenciação<br />
do xilema<br />
A partir da década de 80, vários estudos no âmbito da fisiologia e ecofisiologia, têm vindo a focar os<br />
mecanismos geradores de alterações funcionais que se prendem com a deficiência de água no solo<br />
(Epron & Dryer, 1996; Griffin et al., 1991a; 1991b; Matteucci et al., 1992; Méthy et al., 1996; Oliveira et<br />
al., 1992; Roupsard et al., 1996), como consequência de longos períodos de seca. Sabe-se<br />
efectivamente que estas mudanças podem afectar algumas funções da árvore, com consequências ao<br />
nível do crescimento, fenologia e reprodução. Estas alterações podem provocar situações de aumento<br />
de stress e de diminuição da vitalidade dos carvalhos, mudanças na cobertura e na estrutura vegetal e<br />
uma redução ou um deslocamento das áreas de distribuição actual das espécies.<br />
Solo<br />
seco<br />
Diminuição do<br />
efeito das<br />
fitohormonas<br />
Folhagem<br />
escassa<br />
15
Apesar de não se conseguir ainda estimar os efeitos que as mudanças climáticas podem estar a ter no<br />
declínio e na resiliência destes povoamentos, sabe-se de um modo geral que:<br />
• a redistribuição da precipitação induzida pela presença física das árvores traduz-se numa<br />
acumulação de precipitação, sob a copa, nos quadrantes virados aos ventos dominantes<br />
(corresponde em média a cerca de 22% da precipitação bruta). Este aspecto é determinante<br />
para a explicação da heterogeneidade espacial da vegetação herbáceo-arbustiva dos<br />
montados;<br />
• a transpiração, relevante durante períodos sem chuva, corresponde a cerca de 72% da<br />
evapotranspiração total;<br />
• quando está muito quente e o ar está seco, os carvalhos sofrem facilmente de stress devido à<br />
seca; o enraizamento em profundidade, com eventual exploração de níveis freáticos durante o<br />
período de secura estival, constitui uma característica típica de sobrevivência à secura estival<br />
das espécies arbóreas do montado. A profundidade de enraizamento/acesso a níveis freáticos<br />
que normalmente se verifica até 30-50 cm de profundidade pode atingir nalguns casos os 15/20<br />
metros de profundidade;<br />
• no período estival, a reserva em água do solo superficial desempenha um papel acessório e de<br />
reduzida importância, assumindo as reservas de água de profundidade o papel central na<br />
sustentação hídrica das árvores. Estas características são, aliás, comuns e típicas de<br />
povoamentos arbóreos em regiões com certo grau de aridez ( Schenk & Jackson, 2005);<br />
• os povoamentos arbóreos que dependem, durante o período seco, de reservas hídricas de<br />
profundidade (nomeadamente do nível freático), são extremamente sensíveis a rebaixamentos<br />
desses níveis decorrentes de alterações climáticas e/ou de captações de água para<br />
abastecimento humano. Situações deste tipo poderão ser causadoras de stress hídrico adicional<br />
e/ou mesmo mortalidade arbórea (Cooper et al., 2003). Em Portugal e em Espanha (Martinez-<br />
Vilalta et al., 2003), e em anos de seca como os de 1994 e 2005, observa-se normalmente<br />
grande mortalidade;<br />
• alterações no processo de transpiração das árvores são facilmente induzidas. Ainda que estes<br />
efeitos não tenham sido devidamente quantificados, quanto mais baixa é a relação entre a<br />
transpiração actual e o máximo possível de transpiração, mais seco é o ar (Oszako, 2004);<br />
• disfunções importantes podem também ser provocadas no sistema de circulação de água na<br />
planta (dependentes da espécie de carvalho em causa). Cavitação e consequentemente<br />
embolismo podem ocorrer quando as tensões nos vasos capilares excedem determinados<br />
valores limites (Ausenac et al., 1993). Como consequência, a condutividade hidráulica diminui<br />
fortemente;<br />
• a produção de carbono anual (glúcidos) através da fotossíntese é também afectada. Nestes<br />
casos, em que se pode operar um balanço negativo do carbono (produção inferior ao consumo),<br />
vai ser induzida a utilização das reservas da árvore (amido) no processo de respiração,<br />
originando-se um aumento dos glúcidos assimiláveis em circulação na árvore. Este processo em<br />
situações críticas pode induzir a morte da árvore;<br />
16
• as altas temperaturas e o défice de pressão de vapor atmosférico parecem limitar a condutância<br />
estomática em azinheira (e provavelmente também em sobreiro) que, extensível a toda a copa,<br />
se reflecte num decréscimo do consumo de água pela árvore. Por outro lado, as baixas<br />
temperaturas de Inverno podem ter efeitos nefastos na árvore, por afectarem a condutividade<br />
hidráulica durante este período do ano. Se temperaturas baixas estiverem associadas a altas<br />
intensidades luminosas podem provocar foto-inibição que pode ser tão acentuada como no<br />
Verão. Sem mecanismos fenológicos ou estruturais que lhe permitam evitar a foto-inibição a<br />
azinheira desenvolve processos de foto-dissipação a nível fisiológico que lhe permitem tolerá-la<br />
(Oliveira & Peñuelas, 2001).<br />
No entanto, os carvalhos mediterrânicos desenvolveram alguns mecanismos de sobrevivência para<br />
algumas condições climáticas desfavoráveis. O sobreiro e a azinheira, por exemplo, evitam a<br />
desidratação através do fecho dos estomas ou da abcisão das folhas, e estão fortemente dependentes<br />
da disponibilidade de água obtida a partir de sistemas radiculares bem desenvolvidos, factores que<br />
compensam as perdas de água por transpiração.<br />
Azinheiras e sobreiros ocupam normalmente, áreas geográficas de reduzida precipitação anual e<br />
elevada evapotranspiração e, entre elas constata-se uma maior resistência à secura da azinheira em<br />
relação ao sobreiro nas mesmas condições edafo-climáticas, nomeadamente:<br />
• as diferenças entre sobreiro e azinheira provavelmente radicam na maior capacidade da<br />
azinheira para evitar a desidratação dos tecidos, já que parece ter uma maior resistência<br />
hidráulica no pecíolo das folhas, sugerindo um funcionamento mais eficiente do processo de<br />
abcisão das folhas em períodos de extrema secura;<br />
• registou-se uma grande diferença entre árvores adultas de sobreiro e azinheira nos<br />
custos da produção anual de biomassa aérea, sendo que são maiores em sobreiro e mais<br />
dependentes da composição dessa biomassa do que da sua quantidade. Esta conclusão<br />
contribui para a discussão sobre o valor adaptativo da relação entre custos energéticos<br />
de crescimento e a longevidade foliar (Oliveira & Martins-Loução, 2002);<br />
• a azinheira desenvolve alguns mecanismos que lhe permitem sobreviver e crescer em<br />
condições de maior aridez. O conhecimento das características de adaptação da azinheira<br />
serão obviamente importantes pois poderão levantar pistas para futuras estratégias de<br />
manutenção dos montados de sobro face às alterações climáticas;<br />
• os sobreiros adultos dependem em geral, da água armazenada em horizontes mais profundos<br />
(de fontes de água subterrânea) do solo como forma de garantir a sobrevivência em períodos<br />
particularmente secos. O grande desenvolvimento do sistema radicular em extensão e<br />
profundidade fundamenta uma das principais estratégias de sobrevivência à secura. O mesmo<br />
não sucede em relação a plantas jovens que devido à reduzida formação de novos ápices<br />
radiculares e/ou à dificuldade em alcançarem os horizontes mais profundos do solo, apresentam<br />
elevadas taxas de mortalidade.<br />
17
Por outro lado, a intensidade de radiação solar surge também como outro dos factores que numa microescala<br />
pode acentuar as alterações climáticas gerais, principalmente se considerarmos que foram<br />
verificadas diferenças entre os graus de desfolha evidenciados pelas árvores e a sua exposição a<br />
diferentes azimutes. As exposições a Sul estão frequentemente associadas a perturbações fisiológicas<br />
mais acentuadas (Sousa et al., 1999).<br />
18
III.2 - Factores edáficos<br />
O Alentejo apresenta uma grande diversidade física e litológica que se traduz na existência de uma<br />
enorme variedade de solos originando uma diversificação do seu uso. No entanto, a predominância<br />
são solos originários de xistos (Ex, Px e Vx) ou de areias e arenitos (Vt e Ppt), de um modo geral<br />
caracterizados por:<br />
• nos solos de xistos há uma maior ocorrência de baixas e de encosta em relação aos arenitos<br />
que apresentam predominância de zonas aplanadas de cotas elevadas;<br />
• as encostas viradas a sul predominam relativamente às viradas a norte;<br />
• os dois tipos de solos (xistos e arenitos) são pobres em matéria orgânica, fósforo (P) assimilável,<br />
cálcio (Ca), sódio (Na) e boro (B). Um estudo conduzido no Norte do país, sobre o efeito do B,<br />
mostrou que a deficiência deste microelemento causa a morte repetida da rebentação terminal<br />
com a consequente perda da dominância apical;<br />
• os dois tipos de solos (xistos e arenitos) apresentam ainda uma reacção pouco ácida com altos<br />
níveis de hidrogénio de troca e baixo grau de saturação em bases e teores médios de<br />
Capacidade de Troca Catiónica Total, mas os níveis de manganês (Mn) são elevados. A relação<br />
potássio/magnésio (K/Mg) é equilibrada em ambos os tipos de solo enquanto que a relação<br />
Ca/Mg se revela desequilibrada nos xistos em desfavor do Ca. Os teores em K, Mg de troca e<br />
de Zn são baixos nos solos de xistos e de arenitos.<br />
Quando se trata de analisar os factores edáficos é importante ter presente que a dinâmica nutricional da<br />
árvore ocorre normalmente nos 50 cm superficiais do solo.<br />
Por outro lado, a dinâmica dos nutrientes nos tecidos do sobreiro, está fortemente relacionada com a<br />
fenologia da árvore. Os teores de azoto (N), P, K, Ca e Mg nas folhas tendem a ser máximos durante o<br />
Verão e Outono enquanto os raminhos mantêm estes valores relativamente constantes ao longo do ano.<br />
Também as concentrações de compostos orgânicos, particularmente de sacarose, de quercitol e de<br />
ácido quínico variam grandemente ao longo do ano, distinguindo-se fundamentalmente três períodos<br />
que correspondem à Primavera/início do Verão, Verão e Outono/Inverno.<br />
Estas significativas alterações na composição mineral das folhas ao longo do ano, em sobreiro,<br />
têm seguramente implicações na capacidade das plantas para resistir a condições climáticas<br />
adversas (Oliveira et al., 1996; Passarinho et al., 2006).<br />
Na decomposição da folhada em sobreiro, o K é o nutriente libertado com maior rapidez. As<br />
concentrações de celulose mantêm-se praticamente inalteráveis durante os 3 primeiros anos mas, as de<br />
lenhina aumentam. Nestes montados, a lenta mineralização da folhada pode promover a<br />
manutenção, a longo prazo, de um fundo de nutrientes (p. ex. N e K) que ficam disponíveis<br />
19
durante curtos períodos do ano, quando a temperatura e humidade favorecem a actividade<br />
microbiana do solo.<br />
Ensaios efectuados fundamentalmente no Ribatejo e Alentejo, procuraram estabelecer associações<br />
entre a intensidade dos danos observados e algumas das características do solo. Alguns factores<br />
edáficos (p. ex. fertilidade estrutura física, composição química) ou de localização (p. ex. fisiografia,<br />
orientação das encostas) foram relacionados com o declínio do ecossistema (Bernardo et al., 1992;<br />
Gomes, 2004; Sousa et al., 1995, 1999), ainda que a sua relação seja complexa dado o elevado número<br />
de factores intervenientes e respectivas interacções. As conclusões são nomeadamente:<br />
• o sobreiro é normalmente pouco exigente em nutrientes, e independentemente da pobreza<br />
nutricional dos solos, podem obter os nutrientes nas quantidades necessárias (Oliveira et al.,<br />
1994; 1996);<br />
• o teor mais elevado, a maior disponibilidade de macronutrientes nos litossolos de xisto<br />
relativamente aos solos litólicos de arenitos, não encontra expressão correspondente na<br />
composição química da biomassa foliar das copas;<br />
• o estado nutricional dos sobreiros, avaliado pela análise e diagnóstico foliar, não depende do<br />
teor dos nutrientes no solo mas antes de três grupos de factores:<br />
o forma em que os nutrientes se encontram no solo,<br />
o características do complexo de troca,<br />
o disponibilidade de água no solo;<br />
• o declínio vegetativo do sobreiro está relacionado com o estado de degradação do solo,<br />
sendo mais significativo em solos delgados de xistos, solos de materiais detríticos grosseiros,<br />
solos de antigos depósitos detríticos sobrejacentes a formações metamórficas de xistos, e em<br />
solos com descontinuidades texturais acentuadas em profundidade (Bárron, 2005; Cabral &<br />
Sardinha, 1992; Gomes, 2004; Roxo et al, 2005; Sousa et al., 1999);<br />
• a degradação dos solos contribui para a criação de roturas no ciclo de nutrientes,<br />
entendendo-se esta última como consequência de processos de erosão, de redução da matéria<br />
orgânica e do pH, aumento da razão carbono (C)/N, alteração dos equilíbrios no complexo de<br />
troca, degradação da estrutura do solo e aumento da densidade aparente na camada superficial;<br />
• o aumento da desfolha está, de modo geral, associado a uma acidificação do solo (diminuição<br />
do pH, do grau de saturação em bases e do hidrogénio de troca) (Cabral & Lopes, 1992);<br />
• a desfolha associa-se à diminuição da concentração de K, Ca e Mg no solo; os teores de<br />
alguns micronutrientes (p. ex. Mn, Zn, cobre (Cu), B e alumínio (Al)), podem interferir com o<br />
estado vegetativo do montado, embora apresentando tendências específicas que diferem com os<br />
tipos de solo (Bernardo et al., 1992; Cabral & Lopes, 1992; Gomes 2004). Relativamente ao Al,<br />
verificou-se estar ainda fortemente associado à forte acidez de troca presente em solos de<br />
montados em xistos (Gomes 2004);<br />
• alterações no regime hídrico do solo parecem ser determinantes na perda de vigor dos<br />
povoamentos (Méthy et al., 1996; Oliveira et al., 1992). Os carvalhos sofrem especialmente<br />
quando existem em solos ou muito arenosos ou muito compactos (Maciaszek, 1989). Os solos<br />
20
arenosos perdem a água muito rapidamente enquanto que nos solos compactos o sistema<br />
radicular está frequentemente inundado ainda na Primavera provocando perturbações na<br />
fisiologia da árvore nomeadamente no processo respiratório;<br />
• as encostas viradas a Norte e Este favorecem, de modo geral, o estado vegetativo do montado.<br />
As taxas mais elevadas de declínio ocorrem em situações de “baixa”, nomeadamente vales<br />
abertos, em solos de xisto e de arenitos.<br />
Mais recentemente, observaram-se outras relações importantes de características do solo com o<br />
crescimento dos sobreiros, nomeadamente quanto à litologia, à espessura efectiva, à espessura do<br />
horizonte superficial, à textura, razão C/N e razão Ca/Mg no horizonte superficial (Gomes, 2004).<br />
21
III.3 - Acção do Homem<br />
Apesar da acção do homem, ao longo dos anos no processo de selecção natural do sobreiro para<br />
produção de cortiça continua a existir uma forte variabilidade genética entre e dentro as populações de<br />
sobreiro originando diferenças de carácter fenotípico, reprodutivo e de comportamento (Varela, 2000;<br />
2003). A confirmação desta variabilidade foi demonstrada pelos índices de polimorfismo e pela análise<br />
de sistemas isoenzimáticos (Nóbrega, 1996; Romão et al., 1998; Silva et al., 1999).<br />
III.3.1 – Gestão do povoamento<br />
A grande maioria das intervenções no montado relacionadas com o seu enfraquecimento (Figura 8), têm<br />
sido sucessivamente alvo da atenção de técnicos e investigadores tendo por base os conhecimentos<br />
legados por Natividade (1950), alicerçados em observações efectuadas ao longo de várias décadas que,<br />
à época, não foi possível quantificar, devido á falta de métodos de avaliação abrangentes e precisos.<br />
Têm sido assim referidos:<br />
• a sobre-exploração de recursos em que se enquadraram fundamentalmente a cerealicultura<br />
intensiva, o pastoreio excessivo e a produção de cortiça sem atender à hierarquização dos<br />
objectivos produtivos e sem a devida adequação à potencialidade produtiva dos povoamentos<br />
(Cabral & Sardinha, 1992). Em 1988, os dados do inventário apontavam que cerca de 60 a 65%<br />
do montado era utilizado para agricultura e/ou pastagem (Martins 1988);<br />
• medidas incorrectas de gestão do povoamento, como o uso de maquinaria pesada e de<br />
fertilizantes nas culturas sob-coberto, constituem outros factores que têm sido sistematicamente<br />
associados ao declínio do montado. As desmatações periódicas com grades de disco<br />
principalmente em solos delgados ou pouco espessos agravam o estado vegetativo dos<br />
sobreiros. Em 1988, os dados do inventário referiam que em cerca de 50% dos povoamentos de<br />
sobro a regeneração natural era nula ou praticamente inexistente (Martins, 1988). Também a<br />
apanha indiscriminada de cogumelos diminui a frequência de fungos simbiontes (existem<br />
referências a cerca de duas centenas de macromicetas) o que provoca uma redução da taxa<br />
de micorrização das plantas criando-se assim menores eficiências fotossintéticas.<br />
• medidas culturais inadequadas ao nível da árvore, nomeadamente o descortiçamento e<br />
podas excessivas. A prática de coeficientes de descortiçamento excessivos agrava o estado<br />
vegetativo dos sobreiros. Em 1988, os dados do inventário apontavam também que cerca de<br />
46% das árvores descortiçadas apresentavam valores do coeficiente de descortiçamento<br />
superior a 3 (Martins, 1988).<br />
22
Há que salientar que este conhecimento é, em muitos casos, marcado pelo empirismo, desconhecendose,<br />
em parte, a perturbação funcional da árvore que conduz à perda de vigor e da sua capacidade de<br />
responder positivamente a agressões posteriores. Apesar das lacunas de conhecimento fundamental<br />
nesta matéria, estabeleceram-se associações entre procedimentos que afectam a capacidade de<br />
resistência da árvore e o enfraquecimento do montado de sobro e azinho o que permitiu a divulgação de<br />
práticas de gestão para repor, em parte, o equilíbrio do ecossistema.<br />
Tratamentos<br />
químicos<br />
Distúrbios nas<br />
populações de<br />
insectos<br />
Práticas silvícolas<br />
Fertilizações Lavouras Desmatação Desbastes<br />
e cortes<br />
Perturbações<br />
nos ciclos<br />
biogeoquímicos<br />
Aceleração<br />
da erosão<br />
do solo<br />
Gestão e exploração do povoamento<br />
Destruição<br />
das raízes<br />
superficiais<br />
Podas e<br />
desramações<br />
Destruição da<br />
regeneração<br />
natural<br />
Microclima<br />
Descortiçamento<br />
Desequilíbrios<br />
no ambiente<br />
Maior susceptibilidade aos factores de stress<br />
Condições<br />
edáficas<br />
Usos alternativos do solo<br />
Cerealicultura Pastagem<br />
Modificação do estrato<br />
herbáceo e arbustivo<br />
Exposição a<br />
agentes<br />
extremos<br />
Competição<br />
inter e intraespecífica<br />
Figura 8 – Acções do homem que poderão actuar como factores de desequilíbrio da comunidade<br />
florestal.<br />
Deve, no entanto, ser referido que, face à divulgação de conhecimentos, a atitude dos agricultores<br />
mudou na sua maioria, começando a reger-se por normas de gestão mais adequadas, mas, apesar<br />
disso, o montado não registou globalmente indícios de recuperação. Actualmente, o mato e o pousio são<br />
dominantes (predomínio de matos nos arenitos e de pousio nos xistos) e, a pastagem tem uma fraca<br />
representatividade em ambos os tipos de solos. Por outro lado, na área a Sul do Tejo, não se verificou<br />
qualquer tipo de associação entre a ocupação do solo e o declínio do montado.<br />
23
III.3.2 – Poluição atmosférica<br />
Os efeitos directos e indirectos da poluição do ar foram considerados na década de 80 como uma das<br />
causas do declínio dos carvalhos na Europa Central (Landmann, 1985), transformando-se um pouco na<br />
escola de pensamento da altura (Bonneau & Guy, 1985). À noção já existente de poluição a “curta<br />
distância” que se fazia exercer perto dos grandes centros industriais motivada por elevadas<br />
concentrações de poluentes, acrescentou-se a noção de poluição a “longa distância” que se fazia sentir<br />
longe dos centros industriais e caracterizada por originar um efeito crónico com picos acidentais e<br />
temporários (Landmann, 1985; Guderian,1977) motivada por pequenas concentrações de poluentes mas<br />
que exerce efeitos cumulativos actuando em larga escala nos povoamentos (Figura 9).<br />
O reconhecimento de que uma exposição longa a concentrações relativamente baixas de poluentes<br />
poderiam causar efeitos adversos na “performance” da planta em grandes áreas, mesmo na ausência de<br />
qualquer sintoma visível, forneceu um grande impulso no conhecimento (Ashmore et al., 1985).<br />
Há poluição do ar desde que a presença de uma substância estranha ou uma variação importante na<br />
proporção dos seus constituintes seja susceptível de provocar um efeito adverso (Kress & Skelley,<br />
1982). Basicamente os poluentes podem ser, consoante a sua origem, agrupados em duas categorias<br />
(Bazire, 1985):<br />
• poluentes primários emitidos directamente para a atmosfera, na sua forma original;<br />
• poluentes secundários, formados na atmosfera a partir dos poluentes primários, envolvendo<br />
inúmeras transformações químicas, que podem alcançar as plantas pelo ar (deposição seca) ou<br />
pela água das chuvas (deposição húmida).<br />
Efeito indirecto<br />
Efeito directo cumulativo<br />
de poluentes em<br />
concentrações reduzidas<br />
Efeito directo dos<br />
poluentes em<br />
concentrações elevadas<br />
Alterações ao nível do<br />
solo<br />
Figura 9 – Principais mecanismos da poluição atmosférica, envolvidos no declínio da floresta.<br />
24
O conhecimento actual de poluição engloba assim, na sua essência, um conjunto variado de substâncias<br />
e de fenómenos a elas associados (Quadro 1).<br />
Quadro 1– Principais poluentes atmosféricos<br />
Poluentes<br />
Poluentes secundários<br />
primários Dep. seca Dep. húmida<br />
Dióxido de enxofre Ião sulfito<br />
Ião sulfato<br />
Ácido sulfúrico<br />
Óxidos de azoto Dióxido de azoto Ião nitrato<br />
Ácido nítrico<br />
Amónia Ião amónio<br />
Hidrocarbonetos<br />
Etileno<br />
Fluoretos<br />
Poeiras<br />
Monóxido de<br />
carbono<br />
Ozono<br />
Nitrato de<br />
perociacetilo<br />
As relações causa/efeito que podem ser estabelecidas entre a floresta e a poluição atmosférica<br />
(Guderian, 1977; Kress & Skelley, 1982) são no entanto complexas, e estão associadas<br />
fundamentalmente ao tipo de poluente em causa (composição química, concentração, tempo de<br />
exposição, quantidade do poluente absorvido pelas plantas por unidade de tempo). No entanto, as<br />
características do povoamento (p. ex. variabilidade genética, idade, estádio de desenvolvimento,<br />
capacidade de resistência, vigor) e do local (movimento das camadas de ar, regime de ventos,<br />
precipitação, temperatura, topografia, microclima), podem originar sintomas diferentes nas plantas (Ling<br />
& Ashmore, 1987).<br />
O principal local de acção dos poluentes atmosféricos é o interior das folhas, afectando o funcionamento<br />
normal dos estomas. As consequências da acção do poluente podem também ser variadas (Figura 10),<br />
pelo que não existe uma sintomatologia específica. Assim, pode ocorrer nas plantas diferentes tipos de<br />
danos (Ling & Ashmore, 1987), nomeadamente:<br />
• danos agudos, resultantes da acção pontual de produtos tóxicos em concentrações elevadas.<br />
Os seus efeitos severos são limitados no tempo e no espaço e podem provocar a morte da<br />
planta;<br />
• danos crónicos, resultantes quer de uma periodicidade de exposição, quer de uma acção<br />
prolongada de uma certa concentração do poluente. Os seus efeitos originam enfraquecimentos<br />
25
lentos acompanhados de uma quebra de produtividade, distúrbios no ciclo vegetativo e<br />
modificação gradual no coberto vegetal;<br />
• lesões invisíveis, resultantes de exposições contínuas a concentrações baixas de um dado<br />
poluente. Os seus efeitos exercem-se essencialmente através de um distúrbio das reacções<br />
metabólicas da planta, podendo aumentar a sensibilidade a outros factores de “stress” sem<br />
sintomas visíveis.<br />
Ozono<br />
Dióxido de<br />
enxofre<br />
Sulfatos<br />
Óxidos de<br />
azoto<br />
Amónia<br />
Nitratos<br />
Ião<br />
amónio<br />
Diminuição<br />
da fotossíntese<br />
Abertura<br />
estomática<br />
Danos na cutícula<br />
e membrana<br />
Translocação<br />
reduzida de H.C.<br />
Acumulação nos<br />
cloroplastos<br />
Efeito antagónico<br />
na absorção de<br />
outrso outros outrso outros nutrientes<br />
nutrientes<br />
Acidificação do<br />
conteúdo celular<br />
Chuvas ácidas<br />
Perda por<br />
lixiviação de<br />
K, Ca, Mg<br />
das folhas<br />
Acidificação do<br />
solo. Deficiências<br />
em Ca e Mg.<br />
Toxicidades<br />
Desequilíbrios na<br />
respiração e na<br />
transpiração<br />
Enfraquecimento<br />
do sistema<br />
radicular<br />
da micorrização<br />
Alteração da<br />
actividade<br />
fisiológica<br />
Dificuldade na<br />
absorção de água<br />
e sais minerais<br />
Maior<br />
susceptibilidade<br />
Figura 10 – Efeitos fisiológicos provocados pelos principais poluentes atmosféricos (Sousa,<br />
1990).<br />
26
Por outro lado, os efeitos indirectos dos poluentes também podem ser tanto ou mais importantes que os<br />
efeitos directos, nomeadamente aqueles que se verificam ao nível da modificação do seu meio biofísico,<br />
com particular incidência para o que se passa ao nível do solo, nomeadamente:<br />
• acidificação do solo;<br />
• desequilíbrio nutricional e lixiviação de nutrientes fundamentais como Mg, Ca e K. Por exemplo,<br />
a existência de concentrações elevadas de amónia favorecem a sua absorção em detrimento da<br />
de nitratos. Também a absorção de Mg é suprimida pela presença de Al ou de iões de amónio;<br />
• aumento da concentração de elementos tóxicos no solo. Clareiras que se formam no seio da<br />
floresta podem ser uma consequência da poluição de metais pesados como o Zn e o Cu;<br />
• alteração da fauna microbiana do solo. A fixação do azoto atmosférico pelo Rhizobium sp. É, por<br />
exemplo, afectada pela acidez do solo, cuja causa parece ser atribuída à indução de uma<br />
deficiência em molibdénio (Mo) (Alexander, 1980). Também a presença em excesso de N<br />
amoniacal e nítrico, cria perturbações na micorrização.<br />
Contudo, o papel da poluição do ar na vitalidade da floresta continua a ser ambígua. No caso das<br />
essências florestais, tanto a sua longevidade como a sua capacidade de acumulação dos poluentes,<br />
torna ainda mais difícil a determinação exacta do seu efeito e dos níveis de toxicidade (Bonneau, 1985).<br />
A maior parte dos trabalhos têm sido efectuados em ambiente controlado utilizando-se plântulas ou<br />
árvores jovens e os resultados não podem ser facilmente extrapolados para povoamentos adultos em<br />
condições naturais (Bonneau, 1985). No entanto, continua a ser considerada como um factor de<br />
predisposição importante no processo de declínio dos carvalhos.<br />
Relativamente ao caso do declínio do montado de sobro e azinho, são escassos os estudos que<br />
abordam a poluição atmosférica. Sabe-se contudo que a industrialização da região de Sines tem<br />
contribuído para a deterioração da qualidade do ar resultante de emissões atmosféricas e consequente<br />
deposição de poluentes. A avaliação da situação tem sido feita através de bio-monitorização com<br />
líquenes (p. ex. projecto SinesBioar). A relação entre a ocorrência de poluentes atmosféricos e o declínio<br />
dos montados não foi, no entanto, analisada.<br />
Alguns trabalhos têm vindo a ser efectuados em Portugal numa tentativa de serem avaliadas as<br />
concentrações de poluentes atmosféricos. Para o caso de dióxido de enxofre, uma interpolação<br />
estatísticas das suas concentrações (campanha de tubos difusores feita de 17 a 31 de Julho de 2000),<br />
cobrindo todo o continente numa malha de 25x25 Km, permitiu assinalar que a zona de Santiago de<br />
Cacém e serra de Grândola evidenciaram concentrações elevadas de SO2 (Figura 11) (comunicação<br />
pessoal Amílcar Soares/IST).<br />
27
Figura 11 – Níveis de dióxido de enxofre no nosso país (Julho 2000).<br />
28
III.4 – Incêndios florestais<br />
Os incêndios são um agente causador de desequilíbrios na floresta podendo induzir modificações<br />
profundas dos ecossistemas, que para além de destruir directamente numerosas árvores afecta também<br />
muitas outras que tenham sido apenas afogueadas ou mesmo que não tenham sofrido a passagem<br />
directa do fogo. No entanto, para muitos ecologistas estes tipo de perturbações são elementos-chave<br />
dos processos ecológicos e não desastres que requerem a intervenção do homem (Lindenmayer et al.,<br />
2004). Estudos paleontológicos revelaram que ocorreu uma alternância histórica de períodos em que os<br />
fogos foram frequentes e outros em que foram raros (Beschta et al., 1995).<br />
O aumento da ocorrência de incêndios florestais em todo o mundo demonstrou contudo que é<br />
impossível ao Homem manter a floresta nos moldes actuais, devendo ser usado o conhecimento da<br />
dinâmica florestal e actual de modo a promover os processos biológicos necessários para a vitalidade da<br />
floresta (Pfilf et al., 2002).<br />
Também em Portugal, a ocorrência de incêndios florestais tem aumentado nas últimas décadas. Em<br />
particular os povoamentos de sobro e de azinho têm sido grandemente afectados pelo fogo (Figura 12).<br />
Os dados das áreas ardidas entre 1990 e 1999 resultam do cruzamento entre o mapa híbrido<br />
COS95/Corine, a cartografia das áreas queimadas obtidas através de imagens de satélite Landsat e os<br />
valores da Área ardida por espécies entre 2001 e 2006 (Figura 13).<br />
Area (ha)<br />
100.000<br />
10.000<br />
1.000<br />
100<br />
2003<br />
47787 ha<br />
Average 1984 - 2002= 1720 ha / year<br />
10<br />
1984 1987 1990 1993 1996 1999 2002<br />
2004<br />
10946 ha<br />
Figura 12 - Ocorrência de incêndios florestais em Portugal em montado de sobro e azinho (1984-<br />
2004) (Catry, 2006).<br />
29
Os factores que afectam a sobrevivência da árvore após-fogo são, nomeadamente:<br />
• aqueles que estão relacionados com a capacidade individual de resistência ao fogo (espessura<br />
da casca e dimensão da árvore);<br />
• aqueles que estão relacionados com o tipo de incêndio florestal (época do ano, altura do fogo e<br />
intensidade);<br />
• aqueles que estão relacionados com o local (declive, exposição, cobertura arbustiva).<br />
Lisboa<br />
#Y<br />
#Y<br />
Leiria<br />
#Y<br />
#Y<br />
Setúbal<br />
V. Castelo<br />
#Y<br />
Porto<br />
#Y<br />
#Y<br />
Braga<br />
#Y<br />
Aveiro<br />
Coimbra<br />
Santarém<br />
#Y<br />
Vila Real<br />
Viseu<br />
#Y<br />
Évora<br />
#Y<br />
Beja<br />
#Y<br />
#Y<br />
Faro<br />
#Y<br />
#Y<br />
Guarda<br />
#Y<br />
Figura 13 – Localização dos povoamentos de sobro que sofreram incêndios florestais de 1984-<br />
2004 (fonte: DGRF, 2006).<br />
O sobreiro e a azinheira são espécies tipicamente mediterrânicas que desenvolveram ao longo da sua<br />
evolução mecanismos de resistência e recuperação após fogo. Assim, principalmente para o caso do<br />
sobreiro (cortiça) a mortalidade que ocorre é muito baixa comparativamente a outras essências florestais<br />
(Amandier, 2004; Pintus & Ruiu, 2004; Santiago, 2004). As árvores mais velhas (de maiores dimensões)<br />
nas exposições sul, com cortiça fina e um sub-coberto denso são particularmente susceptíveis. De<br />
acordo com os resultados das mudanças na paisagem, foi observado que a presença de arbustos,<br />
principalmente nas zonas secas, favorece uma reduzida sobrevivência do sobreiro (Silva & Catry, 2006).<br />
#Y<br />
Castelo Branco<br />
Portalegre<br />
Bragança<br />
#Y<br />
N<br />
W<br />
S<br />
0 25 50 Km<br />
E<br />
30
Os incêndios florestais juntam-se a outros factores de mortalidade e provavelmente envolvendo efeitos<br />
sinergéticos com alguns deles. Por outro lado, as alterações climáticas e o aumento da frequência da<br />
seca nas regiões mediterrânicas aumentam a probabilidade de ocorrência de incêndios florestais.<br />
31
III.5 – Agentes bióticos identificados em associação com o declínio<br />
O declínio do montado em Portugal está intimamente associado a padrões fitossanitários<br />
complexos, aceitando-se como válido o pressuposto de que “declínio” e ocorrência de níveis elevados<br />
de populações de agentes nocivos se acompanham, sem que haja, na grande maioria dos casos,<br />
certezas sobre os iniciadores do processo sequencial de enfraquecimento das árvores.<br />
Os trabalhos desenvolvidos têm, por um lado, focado situações específicas de compatibilidade entre<br />
agentes nocivos e a árvore e por outro lado, o estabelecimento de associações entre factores<br />
desfavoráveis em presença e quadros sintomatológicos decorrentes.<br />
Existe um razoável conhecimento sobre os agentes com maior impacte no montado, tendo sido<br />
estudadas o tipo de relações que estabelecem com o hospedeiro, assim como o seu ciclo<br />
biológico, a sua dinâmica de populações e as influências de outros factores bióticos e abióticos<br />
no seu comportamento, sendo também avançadas algumas medidas essencialmente preventivas<br />
para o controlo dos seus níveis populacionais.<br />
A co-evolução dos ecossistemas e dos seus inimigos naturais permitiu que se desenvolvessem e se<br />
aperfeiçoassem mecanismos reguladores de correlação de forças nos sistemas patogénio-hospedeiro<br />
(Alfaro et al., 1999; Nelson, 1979). Em consequência, uma elevada diversidade de relações estão<br />
envolvidas nestes sistemas sugerindo adaptações recíprocas. Outros tipos de factores, nomeadamente<br />
factores climáticos, influenciam a evolução e diversificação destas interacções actuando directamente<br />
nos organismos e indirectamente através de modificações na susceptibilidade dos hospedeiros e na<br />
agressividade dos patogénios.<br />
De facto, várias estratégias usadas por ambos os intervenientes de defesa (hospedeiro) e de ataque<br />
(pragas e doenças) têm vindo a ser expressas por vários autores, (Bois & Lieutier, 1999; Norris, 1979;<br />
Williams, 1979) e revelam uma complexidade bastante acentuada no processo de selecção de um<br />
hospedeiro favorável e estratégias de colonização (Figura 14).<br />
Os mecanismos de defesa podem ser: estruturais (desenvolvimento de barreiras físicas com formação<br />
de tecido cicatricial e/ou compartimentação de tecidos), químicos (constitutivos e induzidos), fisiológicos<br />
e fenológicos (cuja intensidade varia com a maior ou menor capacidade de reacção dos hospedeiros).<br />
Quanto às estratégias de ataque estas podem ser: químicas (produção de enzimas de degradação,<br />
elicitinas, toxinas, reguladores de crescimento), biológicas (tipo de ataque, colonização massiva, técnicas<br />
de chamamento, simbioses com outros agentes de enfraquecimento).<br />
32
Relativamente ao sobreiro/azinheira embora se tivesse atingido um razoável conhecimento da<br />
entomofauna e da micoflora que lhe estão associadas, pouco se conhece sobre interrelações entre<br />
populações de agentes nocivos e a árvore, o que constitui uma lacuna importante no delineamento de<br />
estratégias de protecção (Natividade, 1950).<br />
Estratégias de ataque<br />
do agente nocivo<br />
Desenvolvimento de estruturas<br />
especializadas<br />
Produção de substâncias químicas<br />
Enfraquecimento por ataques sucessivos<br />
Colonização massiva<br />
Efeito sinergético de vários organismos<br />
Reconhecimento de hospedeiros favoráveis<br />
Figura 14 - Relações agente nocivo - hospedeiro e mecanismos envolvidos (Cabral et al., 1994).<br />
III.5.1 - Doenças<br />
Estruturas físicas de defesa<br />
Produção de compostos secundários<br />
Compartimentação de tecidos<br />
afectados<br />
Alteração físico-química dos tecidos<br />
Existência de estruturas regeneradoras<br />
dos tecidos atacados<br />
Alterações fenológicas<br />
Mecanismos de defesa<br />
do hospedeiro<br />
Os mecanismos geradores de compatibilidade entre hospedeiros e agentes nocivos não estão ainda<br />
bem determinados, mas entre as possíveis explicações para este fenómeno Griffin et al. (1992) sugerem<br />
as seguintes: 1 - aumento da concentração de aminoácidos e outros compostos estimulantes da<br />
actividade de agentes nocivos; 2 - decréscimo da concentração de substâncias inibidoras do<br />
desenvolvimento de fungos; 3 - permanência de patogénios no estado latente nos tecidos do hospedeiro<br />
permitindo uma resposta imediata na sequência de uma situação de stress; 4 - redução de reservas de<br />
energia na árvore com o decorrente decréscimo da sua capacidade de defesa. Apesar destas hipóteses<br />
terem sido testadas no sistema choupo - Hypoxylon mamatum (Wahl.) Mill. O mesmo autor conclui que<br />
nenhuma delas (só por si) permite esclarecer as interacções hospedeiro-patogénio. Potencialmente<br />
todas concorrem para gerar susceptibilidade, condicionada pelo genoma do hospedeiro e do agente<br />
nocivo e pelas condições ambientais ao longo do tempo.<br />
Em Portugal são assinaladas cerca de seis dezenas de populações de fungos associados ao montado<br />
de sobro e azinho, a grande maioria das quais são saprófitas e simbiontes (Santos et al. 1998).<br />
33
Uma grande parte das populações de agentes comprovadamente patogénicos para o sobreiro e<br />
azinheira são fungos que, de modo geral são endófitos e só se manifestam (com sinais no hospedeiro)<br />
em fases mais ou menos adiantadas de declínio o que indica que o seu desenvolvimento é, em termos<br />
globais, condicionado pelo estado de vigor da árvore. Entre estes agentes, os que são referenciados<br />
como tendo maior impacte no montado de sobro e azinho são: Phytophthora cinnamomi Rands e<br />
Armillaria mellea (Vahl:Fr.) Kumm. no sistema radicular; Botryosphaeria spp., Biscogniauxia<br />
mediterranea (de Not) Kuntze (Syn Hypoxylon mediterraneum (De Not.) Mill.), Coryneum<br />
modomium (Sacc.) Griff. & Maubl. e Endothiella gyrosa Sacc. no tronco e ramos (Figura 15).<br />
Relativamente a estes agentes as opiniões convergem no sentido de que algumas espécies do género<br />
Botryosphaeria e P. cinnamomi actuam como agentes primários e os restantes como agentes<br />
secundários.<br />
FUNGOS<br />
Espécie<br />
Armillaria spp.<br />
Biscogniauxia mediterranea<br />
Diplodia mutila<br />
Phytophthora spp.<br />
Árvores<br />
jovens<br />
3<br />
3<br />
4<br />
4<br />
Códigos<br />
Árvores Adultas<br />
Figura 15 – Classes de agressividade para os principais fungos associados ao declínio do<br />
sobreiro e azinheira.<br />
Phytophthora cinnamomi. É, de modo geral, considerada como um dos agentes com efeitos mais<br />
graves em ecossistemas florestais (Newhook, 1982). Sendo o agente causal de uma doença multicíclica<br />
(Mackenzy et al., 1983), gera facilmente situações epidémicas devido à rápida mudança de baixos níveis<br />
populacionais para extremamente elevados (Weste, 1983). A patogenicidade de P. cinnamomi tem sido<br />
demonstrada através de ensaios conduzidos em condições controladas (Brasier, 1996; Caetano et al.,<br />
2004; Cobos et al., 1992; Luque et al., 2000; Marcelino, 2001; Pimentel, 1944) e de prospecções em<br />
viveiro e povoamentos cujos resultados evidenciam a associação entre os danos observados e a elevada<br />
frequência de ocorrência do patogénio (Balci & Halmschlager, 2003; Cobos et al., 1992; Maurel et al.<br />
3<br />
3<br />
4<br />
4<br />
Classes de Agressividade<br />
sem probabilidade<br />
de ocorrência<br />
cria perturbações de<br />
ordem fisiol ógica<br />
sem grande<br />
impacte no<br />
hospedeiro<br />
cria perturbações de<br />
ordem fisiol ógica<br />
levando a um<br />
enfraquecimento<br />
gradual do<br />
hospedeiro<br />
provoca a morte do<br />
hospedeiro<br />
Árvore jovem - Até 10 anos<br />
34
2001; Moreira, 2002; Tuset et al. 1996; Vittraino et al. 2002), sendo de salientar, pela importância<br />
económica de que se revestem, os casos do castanheiro (Erwin & Ribeiro, 1996), cipreste de Lawson<br />
(Torgensen, 1954), eucalipto, particularmente Eucalytus marginata Sm. (Podger et al., 1965), carvalhos<br />
(Mircetich et al., 1977) e pinheiro (Campbell & Copeland, 1954). A presença do fungo nos solos pode<br />
contribuir, juntamente com outros factores, para a fraca regeneração e morte de plântulas do sobreiro e<br />
azinheira. A presença de espécies arbustivas sensíveis pode contribuir para a manutenção de elevado<br />
nível de inóculo do patogénio.<br />
No âmbito da Biologia Molecular vários estudos têm sido desenvolvidos no sentido de esclarecer a<br />
interacção entre o patogénio e o sobreiro, fundamentalmente dirigidos para a detecção de proteínas<br />
responsáveis pelo processo infeccioso e pela resposta do hospedeiro face à agressão (Archer et al,<br />
2000) e para a detecção do patogénio no solo (Coelho et al., 1997)<br />
Armillaria mellea. Face ao desmembramento do grupo mellea em várias espécies, a identificação<br />
destes agentes foi revista e confirmada com base em métodos morfológicos e moleculares<br />
(Bragança, 1999, Bragança et al., 2004). Relativamente aos efeitos negativos neste ecossistema,<br />
embora exista a percepção de que A. mellea (sensu stricto) apresenta, particularmente em zonas<br />
degradadas do montado, uma incidência significativa, os danos não estão quantificados. A. mellea é<br />
considerada para algumas espécies florestais extremamente virulenta mas no caso das Quercíneas e<br />
particularmente para o sobreiro, é de uma modo geral aceite que age como agente secundário.<br />
Embora fora do contexto deste documento, relativamente ao envolvimento deste fungo como produtor<br />
de metabolitos responsáveis pelo “gosto a rolha” (Lissia, 2000; Pés & Vodret, 1971) os resultados do<br />
projecto POCTI nº 11237, não permitiram confirmar este fungo como agente depreciador da qualidade<br />
da rolha com impacte em sabores desagradáveis ao vinho (Santos et al., 2005).<br />
Botryosphaeria spp. Relativamente à frequência de ocorrência não existem dados quantitativos, e,<br />
tanto quanto nos é dado conhecer, não foi efectuada uma cobertura representativa a nível nacional que<br />
nos permita aferir sobre a sua distribuição no montado. No entanto, as observações efectuadas na zona<br />
sul do país apontam para a espécie identificada pela primeira vez em Portugal por Fonseca (1991a),<br />
como B. stevensii (anamorfo – Diplodia mutila (Fr.:Fr.) Mont.) acompanha a distribuição do<br />
montado com uma frequência elevada em árvores de várias classes etárias, sãs e em diferentes<br />
graus de declínio. Recentemente foi descrita uma nova espécie- Botryosphaeria corticola A. J.<br />
Phillips, Alves et Luque, sp. nov. (anamorfo: Diplodia corticola A. J. Phillips, Alves et Luque, sp. nov.)<br />
sendo referido que esta espécie foi provavelmente confundida com B. stevensii e B. quercuum<br />
(Schw.: Fr.) Sacc. (Alves et al., 2004). De qualquer modo, quer se trate de B. stevensii ou B. corticola (ou<br />
de ambas), as opiniões convergem no sentido de que se está perante agentes primários que se<br />
incluem na micoflora endofítica, estreitamente associados ao declínio e com um forte impacte no<br />
montado de sobro e azinho.<br />
35
Biscogniauxia mediterranea. O carvão do entrecasco tem uma elevada frequência de ocorrência em<br />
povoamentos muito degradados incidindo de modo sistemático em árvores na última fase de declínio ou<br />
mortas e em material vegetal (tronco e ramos) jazendo no solo. Com base em observações de campo e<br />
ensaios conduzidos em condições naturais e controladas concluiu-se que: o fungo faz parte do conjunto<br />
das populações endofíticas, expressando-se com sinais exteriores em hospedeiros muito enfraquecidos<br />
que perderam a capacidade de defesa, o que explica a fraca associação entre o processo sequencial de<br />
perda de vigor das árvores e a incidência deste agente. O desenvolvimento do fungo só se processa em<br />
tecidos muito degradados ou mortos apresentando um comportamento prevalentemente saprofítico<br />
(Santos & Martins, 1992; Santos, 2003).<br />
De qualquer modo observações recentes sobre o aumento da incidência da doença principalmente em<br />
árvores jovens, levanta algumas dúvidas sobre se estaremos em presença de B. mediterranea ou se<br />
outras espécies afins (provavelmente outras espécies de Hypoxylon) não poderão estar envolvidas. A<br />
reforçar a ideia de que algo de novo poderia ter surgido Vannini et al., (1999) e Schiaffino et al.<br />
(2002), através de métodos moleculares detectaram uma grande variabilidade genética em B.<br />
mediterranea o que, de acordo com Vannini (1998), se explica pela existência de micélio heterotálico e<br />
características do ciclo biológico. Este facto poderá indiciar a existência de variedades infra-específicas.<br />
Coryneum modomium. Este fungo foi detectado pela primeira vez em Portugal em sobreiro e azinheira<br />
por Fonseca (1991b), sendo apontado, tal como por B. stevensii como causador de seca dos ramos<br />
periféricos da copa. No entanto, não é fácil concluir sobre o seu impacte no montado, por um lado<br />
porque as observações efectuadas indicam que não terá uma incidência relevante e por outro, porque<br />
surge associado a B. stevensii tornando difícil a separação do efeito dos dois agentes.<br />
Endothiella gyrosa. Tem sido referenciada como agente causal da doença denominada “ferrugem do<br />
entrecasco” atribuindo-se-lhe um comportamento variável (desde patogénio secundário a simples<br />
sapróbio). Contudo, com base em trabalhos em curso a nível nacional e internacional, levantam-se<br />
questões relativamente ao impacte que este fungo tem actualmente no montado de sobro e azinho.<br />
III.5.2 – Pragas<br />
Em Portugal e de acordo com Ferreira & Ferreira (1986, 1989) são conhecidas noventa e duas espécies<br />
de insectos que podem causar danos em sobreiro e azinheira, ainda que nem todas tenham<br />
repercussões económicas. De um modo geral, os insectos que atacam as folhas (desfolhadores)<br />
desempenham um papel de enfraquecimento das árvores, reduzindo o seu crescimento mas, em geral<br />
não as matam. Por outro lado, os insectos que atacam o tronco e ramos, podem causar a morte das<br />
árvores, sobretudo se estas já se encontrarem debilitadas.<br />
Contudo, foi constatada uma evolução qualitativa e quantitativa nas populações destes agentes durante<br />
o século XX (Cabral & Santos, 1992; Ferreira & Ferreira, 1989; Sousa, 1995; Sousa et al. 1995),<br />
36
provavelmente devido a desequilíbrios que se operaram nestes ecossistemas e que induziram alterações<br />
no seu comportamento e/ou nas suas densidades populacionais. De facto, as primeiras notícias sobre<br />
pragas no montado datam de princípios do séc. XX e referiam-se à lagarta do sobreiro (Lymantria díspar<br />
L.) que veio a atingir na época de 1945/58 os seus maiores níveis populacionais (Nogueira, 1967),<br />
originando que, durante esse período, cerca de 80.000 ha tenham sido tratados com o DDT (Figo, 1972).<br />
As causas deste surto foram então definidas, atribuindo-se todas as responsabilidades às conhecidas<br />
campanhas do trigo e cultura de outras gramíneas (p. ex. intensa preparação dos terrenos, destruição do<br />
sub-bosque). Ataques significativos da cobrilha dos ramos e da cobrilha da cortiça começaram também a<br />
ser registados nessa altura (Neves, 1944).<br />
Em 1945/50, aparecem os primeiros surtos de outras pragas, que até aí se encontravam em densidades<br />
populacionais baixas, e que originaram não só danos localizados (áreas restritas) como a portésia<br />
(Euproctis chrysorrhoea L.) mas também danos generalizados (toda a área de montado), como o burgo<br />
(Tortrix viridana L.) e a falera (Phalera bucephala L.) (Natividade, 1950; Neves, 1950). Assume-se que a<br />
campanha de combate à limantria, esteve na origem destas ocorrências, já que ao diminuir<br />
drasticamente as populações de um desfolhador, criou simultaneamente as condições para o<br />
desenvolvimento de outros.<br />
Os tratamentos químicos sucessivos que vieram a ser feitos, consoante os desfolhadores que iam<br />
aparecendo em níveis populacionais elevados, continuaram a contribuir para a implementação de<br />
desequilíbrios profundos numa entomofauna que se encontrava em equilíbrio.<br />
Na década de 60, ainda que o burgo se mantivesse em vastas áreas de montado (níveis populacionais<br />
elevados), o cenário volta a mudar já que aparecem novos desfolhadores como a lagarta verde<br />
(Periclista andrei Konow e P. dusmeti Konow) que pelas suas características comportamentais eram<br />
muito difíceis de combater pela luta química (Nogueira, 1967).<br />
Em 1972, para além do burgo, da lagarta do sobreiro, da portésia e da lagarta verde, voltam a aparecer<br />
outras espécies de desfolhadores (Tortricoides tortricella Hübn., Phycita spissicella Fab., Catocala<br />
nymphagoga Esp. e Archips xylosteana L.), que nalgumas zonas atingiram ainda níveis elevados<br />
(Nogueira & Ferreira, 1972).<br />
Finalmente a partir da década de 80 e, coincidindo com a degradação progressiva do ecossistema, são<br />
detectados em Portugal grandes surtos de um insecto que ataca o tronco e ramos de sobreiros e<br />
azinheiras, Platypus cylindrus F. (Ferreira & Ferreira, 1989) que, apesar de ser referido no paísl desde<br />
1870 nunca tinha criado danos graves (apenas tinha sido detectado em árvores muito enfraquecidas ou<br />
mortas). Simultaneamente danos provocados por desfolhadores deixam de ser referidos e detectam-se<br />
novos aumentos populacionais da cobrilha da cortiça, Coroebus undatus (Fab. Mars.) e da cobrilha dos<br />
ramos, C. florentinus (Herbst.).<br />
37
Nos últimos dois anos, curiosamente voltam a detectar-se ataques provocados por desfolhadores<br />
(lagarta do sobreiro e lagarta verde) em extensas áreas de montado a sul do rio Tejo. Em Portugal, a<br />
inventariação da entomofauna do sobreiro refere 33 espécies de lepidópteros desfolhadores (12,2% do<br />
total de espécies descritas), todas consideradas nocivas (Silva, et al., 1968), Parece contudo que este<br />
número de espécies possa estar subestimado, já que para Espanha são descritas 86 espécies em<br />
azinheira e 71 em carvalho-negral (Q. pyrenaica Willd.) (Soria, 1988), De facto, estudos posteriores<br />
efectuados em Portugal, assinalaram de facto que apenas metade das espécies capturadas já tinham<br />
sido descritas para o sobreiro (Sousa & Bonifácio, 1998). Assim, as espécies Drepana uncinula<br />
(Borkhausen), Operophtera brumata (L.), Cyclophora porata (L.), Ennomos alnaria (L.), Peribatodes<br />
rhomboidaria (Denis & Schiff.), Dryobotodes eremita F. e Bena prasinana (L.), são espécies novas para o<br />
sobreiro, apesar de já descritas para Portugal por Cruz & Gonçalves (1977) enquanto que a ocorrência<br />
de Phycita torrenti Aj. em Portugal era apenas dada como provável (Agenjo, 1962).<br />
Em síntese, verifica-se que associada a esta evolução qualitativa e quantitativa ocorreu também uma<br />
mudança nos hábitos alimentares e nas dimensões dos insectos que foram sucessivamente<br />
constituindo pragas.<br />
Contudo, a situação parece ser diferente consoante os países da bacia mediterrânica. Assim, no Norte<br />
de Africa (El Antry, 1994; Hamdaoui, 1994) e em Itália (Luciano & Prota, 1995) os desfolhadores,<br />
particularmente L. díspar, continuam a ser referidos como directamente associados ao declínio<br />
(provocando desfolhas completas em milhares de ha), ainda que em Marrocos, P. cylindrus seja também<br />
referido com uma praga do sobreiro sendo mesmo classificado como uma praga primária desta essência<br />
florestal (Villemant & Fraval, 1991).<br />
Actualmente, existem várias espécies de insectos que são potencialmente consideradas como<br />
associadas ao declínio do montado de sobro em Portugal (Cabral & Sardinha, 1992;d Sousa, 1995),<br />
nomeadamente:<br />
1- <strong>DE</strong>SFOLHADORES – lagarta do sobreiro (Lymantria dispar), lagarta verde (Periclista andrei e P.<br />
dusmeti), portésia (Euproctris chrysorrhoea), burgo (Tortrix viridana), archips (Archips<br />
xylosteana), falera (Phalera bucephala) e lagarta de libré (Malocosoma neustria L.)<br />
2- MINEIROS – orchestes (Orchestes spp.)<br />
3- BROCAS DO ENTRECASCO - cobrilha da cortiça (Coroebus undatus) e da cobrilha dos ramos<br />
(Coroebus florentinus)<br />
4- <strong>DE</strong>STRUIDORES DO FRUTO – balanino (Curculio elephas Gyll.) e lagarta da castanha (Cydia<br />
splendana Hübner)<br />
5- XILÓFAGOS – plátipo (Platypus cylindrus), xiléboro (Xyleborus monographus Fab.), Capricórnio<br />
das quercíneas (Cerambyx cerdo L.)<br />
6- <strong>DE</strong>STRUÍDORES DA CORTIÇA – formiga da cortiça (Crematogaster scutellaris Olivier).<br />
38
O papel de cada um destes agentes no processo de declínio pode ser muito diferente, dependendo<br />
fundamentalmente do tipo de agressividade característico da espécie (Figura 16) e da extensão e<br />
intensidade de ataque. É, de um modo geral, aceite que os desfolhadores actuam como factores<br />
primários, enquanto que os xilófagos são considerados como factores secundários.<br />
INSECTOS<br />
Espécie<br />
Cerambix cerdo<br />
Coroebus florentinus<br />
Coroebus undatus<br />
Curculio elephas<br />
Crematogaster scutellaris<br />
Cydia splendana<br />
Euproctis chrysorrhoea<br />
Lymantria dispar<br />
Malocosoma neustria<br />
Orchestes spp.<br />
Phalera bucephala<br />
Platypus cylindrus<br />
Tortrix viridana<br />
Xyleborus dispar<br />
Árvores<br />
jovens<br />
Figura 16 – Classes de agressividade para os principais insectos associados ao declínio do<br />
sobreiro e azinheira.<br />
- Os Desfolhadores<br />
O ataque de desfolhadores, de um modo geral, pode ser facilmente reconhecido já que as árvores<br />
apresentam toda uma série de lesões foliares facilmente visualizadas. Estas lesões podem induzir<br />
desequilíbrios fisiológicos sobretudo através da redução dos processos fotossintéticos e podem reflectirse,<br />
nomeadamente:<br />
• a curto prazo, na redução do crescimento em altura e em diâmetro, na quebra da frutificação;<br />
• a longo prazo, ao criar condições de debilidade das árvores e susceptibilidade ao aparecimento<br />
de outras pragas e /ou doenças e envelhecimento precoce.<br />
1<br />
1<br />
1<br />
1<br />
2<br />
1<br />
3<br />
3<br />
3<br />
1<br />
3<br />
1<br />
3<br />
4<br />
Códigos<br />
Árvores Adultas<br />
Archips xylosteana 3<br />
3<br />
Classes de Agressividade<br />
3<br />
3<br />
3<br />
2<br />
2<br />
2<br />
3<br />
3<br />
3<br />
1<br />
3<br />
4<br />
3<br />
4<br />
sem probabilidade<br />
de ocorrência<br />
cria perturbações de<br />
ordem fisiol ógica<br />
sem grande<br />
impacte no<br />
hospedeiro<br />
cria perturbações de<br />
ordem fisiol ógica<br />
levando a um<br />
enfraquecimento<br />
gradual do<br />
hospedeiro<br />
provoca a morte do<br />
hospedeiro<br />
Árvore jovem - Até 10 anos<br />
39
No entanto, a árvore tem diferentes mecanismos de resposta e de defesa ao ataque de um desfolhador<br />
só que essa capacidade de se defender está directamente relacionada com o seu vigor fisiológico. Para<br />
os carvalhos sabe-se que as folhas formadas após uma desfolha apresentam teores de taninos mais<br />
elevados o que irá afectar o desenvolvimento biológico das lagartas em caso de novos ataques de<br />
desfolhadores.<br />
O impacte de um ataque deste tipo depende também das características das populações dos<br />
desfolhadores, nomeadamente:<br />
• das características intrínsecas ao tipo de alimentação do insecto em causa (do tipo de<br />
lesões que cria, da quantidade de alimento que necessita). As lesões chegam a ser nalguns<br />
casos específicas de determinadas espécies;<br />
• das características intrínsecas ao ciclo biológico do insecto. Uma ideia precisa do ciclo<br />
biológico é extremamente importante de modo a prever-se a altura do ano em que podem<br />
ocorrer danos nas folhas. O ciclo biológico para uma dada espécie mostra que podem ocorrer<br />
grandes variações consoante os locais. Os resultados já obtidos serviram também para alertar<br />
os riscos associados à extrapolação simples e directa entre locais com condições ecológicas<br />
semelhantes e até mesmo entre regiões do mesmo país, sem que sejam previamente verificadas<br />
no campo (Sousa & Bonifácio, 1998);<br />
• da ocorrência de diferentes espécies de insectos. Durante todo o ano existem lagartas<br />
alimentando-se das folhas dos sobreiros e azinheiras, ocorrendo maior diversidade nos meses<br />
de Abril e Maio e em Agosto/Setembro, esta última devido à existência de uma segunda geração<br />
anual de algumas espécies de desfolhadores (Sousa & Bonifácio, 1998);<br />
• da densidade populacional do desfolhador. Muitas vezes verifica-se uma desfolha acentuada<br />
apesar das baixas densidades populacionais das diferentes espécies encontradas. Com efeito, o<br />
desfasamento temporal dos ciclos de vida das diferentes espécies poderá provocar uma<br />
situação de desfolha contínua das árvores, como reflexo da sinergia entre as populações de<br />
desfolhadores quando em baixas densidades (Sousa & Bonifácio, 1998).<br />
- Os xilófagos<br />
De entre os xilófagos, P. cylindrus sofreu uma explosão populacional recente inserindo-se numa<br />
sucessão de agentes bióticos que intervêm no ciclo de declínio do sobreiro em Portugal.<br />
Estudos recentes efectuados em Portugal permitiram então um melhor conhecimento tanto da<br />
bioecologia deste insecto como dos factores da árvore ou do povoamento que podem favorecer o<br />
sucesso dos ataques provocando assim a morte dos sobreiros.<br />
Até há bem pouco tempo os ataques provocados por este insecto limitavam-se a árvores mortas ou<br />
muito enfraquecidas. No entanto, a sua explosão actual (ataques deste tipo têm sido frequentemente<br />
verificados em sobreiros um pouco por todo o país) sugere uma ligação estreita entre a sua presença e o<br />
processo de declínio dos montados, o qual parece ter sido induzido essencialmente por desequilíbrios de<br />
40
ordem edafo-climática (p. ex. a seca e a alteração das bases de troca ao nível do solo). É de referir que<br />
outros insectos e fungos patogénicos podem também estar associados a este processo de<br />
enfraquecimento do montado de sobro, os quais também têm vindo a ser identificados nalguns casos.<br />
P. cylindrus é um coleóptero que passa a maior parte da sua vida (2 anos) no interior da árvore,<br />
construindo durante todo este tempo um sistema bastante complexo de galerias que se repartem<br />
essencialmente no interior desse hospedeiro. Assim, quando se dá a colonização de uma árvore<br />
(Primavera a Outono) os insectos entram em número muito elevado no interior da árvore<br />
(essencialmente junto à base do tronco) e começam o processo de acasalamento e construção de<br />
galerias (durante este período os ataques são difíceis de serem visualizados). Só na Primavera do ano<br />
seguinte é que irão começar a sair os primeiros descendentes (altura em que a actividade começa a ser<br />
muito forte e os ataques passam então a ser de fácil visualização) os quais vão saindo gradualmente<br />
durante um longo período de tempo, geralmente até ao Outono desse ano. Na Primavera do ano<br />
seguinte voltam a sair mais descendentes, pelo que durante dois anos consecutivos a mesma árvore<br />
atacada pode estar a fornecer insectos que irão atacar novos sobreiros.<br />
De entre os factores da árvore que parecem favorecer a colonização por estes insectos pode-se<br />
destacar por um lado o enfraquecimento das árvores e por outro lado o descortiçamento (ano do<br />
descortiçamento e seguinte). De facto, foi verificado que as árvores que são descortiçadas (de salientar<br />
que o descortiçamento é efectuado precisamente na altura em que os insectos andam à procura de<br />
novas árvores para colonizarem) são mais susceptíveis de virem a ser atacadas do que as árvores não<br />
descortiçadas.<br />
III.3.3 – Outros agentes<br />
Relativamente a nemátodos, bactérias e vírus, até ao momento, não são referenciadas situações claras<br />
de associação com o declínio do montado.<br />
Para o caso de vírus que infectam Quercus, é conhecido o caso de ssRNA tobamoviruses isolado de Q.<br />
robur L. na Alemanha e o caso do Oak Ringspot Virus detectado em Q. marilandica Muenchh and Q.<br />
velutina Lam. nos EUA (Büttner & Führling, 1996; Hahn, 2003; Steinmöller, 2004). Em sobreiros com<br />
sintomas necróticos foram entretanto identificados em Portugal dois tipos diferentes de partículas virais<br />
(Nóbrega et al., 2004; Serrano et al., 2003). A este propósito foi implementado um protótipo com<br />
aplicação na detecção de vírus em plantas lenhosas incluindo o sobreiro e azinheira.<br />
41
IV – Aprofundamento do conhecimento sobre interacções dos factores<br />
envolvidos<br />
Há dois modelos explicativos da perda de vigor dos carvalhos aceites por grande número de cientistas: o<br />
modelo da cadeia da doença clássica de Keller (Oszako, 2004) no qual conjuntos de factores actuam<br />
sucessivamente e o modelo em espiral desenvolvido por Manion (1981) que consiste na actuação<br />
simultânea no espaço e no tempo de três grandes grupos de factores. Inicialmente, factores de<br />
predisposição actuando a longo prazo (p.ex. clima, factores do local, poluição do ar, genótipo, etc.) que<br />
predispõem as árvores ao efeito de factores de indução que causam danos directos nas árvores (p. ex.<br />
insectos desfolhadores, fungos, condições adversas de clima pontuais, etc.) e finalmente, o grupo dos<br />
factores de aceleração que em última análise é o responsável pela morte da árvore (p. ex. pragas e<br />
doenças).<br />
O modelo de Manion tem sido aquele que de um modo geral tem sido utilizado para explicar o fenómeno<br />
da perda de vigor do montado de sobro em Portugal (Cabral & Sardinha, 1992; Sousa, 1990), tendo sido<br />
feita uma tentativa para determinar quais os factores explicativos (Quadro 2).<br />
Quadro 2 - Principais factores associados ao declínio montado de sobro<br />
Factores de Predisposição Factores de Indução Factores de Aceleração<br />
Sobrexploração de recursos Aumento dos desfolhadores Fungos patogénicos<br />
Perturbações no solo (excesso de<br />
Al e Zn e deficiências de Ca e K)<br />
Secas períodicas (1943-45;<br />
1975-76; 1980-83)<br />
Cerealicultura intensiva Descortiçamento excessivo<br />
Pastoreio excessivo Podas exageradas<br />
Gestão inadequada<br />
Erosão acentuada do solo<br />
Acidificação do solo<br />
Uso frequente de maquinaria<br />
agrícola pesada<br />
Pragas<br />
42
No entanto a análise do problema torna-se ainda mais complexa pela quantidade de interacções que se<br />
criam necessariamente entre os factores envolvidos (Figura 17). Basicamente, será a interacção entre os<br />
diferentes factores bióticos e abióticos que provoca a diminuição progressiva do vigor da árvore. Esta<br />
perda de vitalidade conduz a uma redução da sua capacidade de se defender, criando assim condições<br />
favoráveis à instalação dos agentes patogénicos.<br />
Vitalidade das árvores<br />
Poluição<br />
atmosférica<br />
Incêndios<br />
florestais<br />
Insectos<br />
Fungos<br />
Fungosdo<br />
solo<br />
Factores<br />
climáticos<br />
Factores edáficos<br />
Figura 17 – Inter-relações entre variáveis associadas ao declínio.<br />
Gestãodo Gestão Gestãodo Gestão do<br />
povoamento<br />
Gestãodo solo<br />
solo<br />
e da vegetação<br />
sob-coberto<br />
É um facto que a identificação das interacções e sinergismos entre os factores de declínio<br />
existentes no sistema (bióticos e abióticos) está longe de estar esgotada (face ao dinamismo do<br />
ecossistema e à natureza das acções obviamente limitadas no espaço e no tempo), principalmente<br />
porque os montados na região mediterrânea são ecossistemas perturbados pela pressão gerada pela<br />
intervenção do Homem e por constrangimentos ecológicos e assim naturalmente fragilizados e<br />
vulneráveis, nem sempre conseguindo resistir a alterações do equilíbrio planta-ambiente.<br />
43
IV.1 – Como as condições edafo-climáticas se relacionam com os outros factores<br />
Muitos especialistas consideram que o declínio dos carvalhos pode ser originado pela acção simultânea<br />
de factores de clima e de solo como causa primária, já que as interrelações que se estabelecem entre<br />
estes dois grupos de variáveis são muito importantes, nomeadamente:<br />
• o efeito de um período longo de seca é agravado nos povoamentos existentes em solos pouco<br />
profundos;<br />
• o efeito de um encharcamento é particularmente grave em solos muito argilosos e compactos;<br />
• desequilíbrios na toalha freática são particularmente importantes em solos pouco profundos;<br />
• o efeito das condições climáticas influencia directamente a humidade e a disponibilidade dos<br />
nutrientes do solo;<br />
• a redistribuição da precipitação induzida pela presença física das árvores traduz-se num<br />
enriquecimento em nutrientes, sob a copa e principalmente junto à base do tronco, e num<br />
aumento, sob a copa, de biomassa da vegetação herbácea.<br />
Por outro lado, a acção conjunta dos factores edafo-climáticos desempenha um papel extremamente<br />
importante na “performance” dos agentes bióticos, nomeadamente:<br />
• os microorganismos do solo são uma das componentes que apresentam profundos<br />
desequilíbrios motivados pela acidificação do solo, podendo pôr em causa os ciclos<br />
biogeoquímicos (Francis et al, 1980);<br />
• o equilíbrio árvore/micorriza é facilmente perturbado por influências do meio;<br />
• existe uma forte correlação entre regime hídrico e frequência e intensidade da manifestação de<br />
pragas (Bjorkman & Larsson, 1997; Kamata & Tanube, 1998) e de doenças (Luisi et al., 1992;<br />
Vannini et al., 1992; Vannini & Mugnozza., 1991). Os longos períodos de seca têm sido<br />
sistematicamente apontados como elementos preponderantes na criação de condições para o<br />
seu desenvolvimento;<br />
• a associação de P. cinnamomi com o declínio do sobreiro e azinheira é mais frequente em solos<br />
delgados de textura finas e, pobres em N e P;<br />
• P. cylindrus está associado a perturbações nutricionais no solo nomeadamente acidificação,<br />
teores reduzidos de Ca e K e concentrações elevadas de Al e Zn (Sousa & Inácio, 2005).<br />
44
IV.2 – Como a acção do homem pode condicionar o efeito dos outros factores<br />
A acção do homem pode ser desencadeada de uma maneira directa (gestão do povoamento, do solo e<br />
da vegetação sob-coberto) ou de uma maneira indirecta (poluição atmosférica, incêndios florestais) mas,<br />
qualquer uma delas pode influenciar significativamente o efeito de outros factores (bióticos e abióticos)<br />
no processo de declínio dos montados.<br />
Relativamente á gestão do ecossistema, alguns estudos levados a cabo sugerem que:<br />
• o descortiçamento provoca uma evaporação significativa de água pelo entrecasco que pode<br />
igualar ou até ultrapassar a que corresponde à transpiração da copa. Como reacção a árvore<br />
evidencia um fecho estomático, mais ou menos prolongado, dependente da intensidade do<br />
descortiçamento, do vigor vegetativo da árvore, da disponibilidade hídrica e da época do ano em<br />
que ocorre a despela (Correia et al., 1992);<br />
• a regeneração da camada suberosa envolve após o descortiçamento custos adicionais, o<br />
que se reflectirá no crescimento de tecidos e órgãos. A actividade assimilatória é reduzida,<br />
sendo afectados os processos fotoquímicos. Mesmo que o recurso a reservas possa sustentar a<br />
regeneração da cortiça, a sua reposição deverá afectar o balanço energético nos anos<br />
subsequentes à despela pois competirá com o crescimento e reprodução. Alguns estudos<br />
indicam abrandamento do crescimento da copa pelo menos durante 4 ou 5 anos após a despela,<br />
contrastando com o considerável aumento radial do tronco (essencialmente devido à camada<br />
suberosa) observado nos primeiros anos (Oliveira, et al., 2002);<br />
• a selecção de árvores a serem colonizadas por P. cylindrus depende de factores associados não<br />
só com as características do povoamento (idade) mas também com o descortiçamento<br />
(intensidade e período) (Sousa & Debouzie, 2002);<br />
• sistemas de exploração que impliquem a mobilização periódica da camada superficial do solo,<br />
provocam desequilíbrios no complexo de troca do solo que se vão reflectir na ocorrência<br />
de desequilíbrios nutricionais nas árvores;<br />
• a desmatação periódica com grade de discos, efectuada em solos que manifestem<br />
desequilíbrios biogeoquímicos, pode contribuir para a criação de roturas no ciclo de<br />
nutrientes, devido principalmente ao corte de raízes finas necessárias para uma assimilação<br />
adequada de nutrientes;<br />
• a desmatação periódica com grade de discos ou com motorroçadora manual agravou o estado<br />
sanitário nos sobreiros das parcelas localizadas em litossolos de xisto relativamente às parcelas<br />
de solos litólicos de arenitos, provavelmente por se verificar nestes últimos maior volume útil de<br />
solo para o desenvolvimento radicular (cerca de 3,5 vezes mais) permitindo poupar as raízes<br />
mais profundas à acção das gradagens periódicas;<br />
• a desmatação pode agravar os desequilíbrios provocados na árvore devido à aplicação de<br />
coeficientes de descortiçamento excessivos;<br />
45
• a técnica de desmatação influencia significativamente a regeneração natural do sobreiro e da<br />
azinheira. A aplicação de motorroçadoras, em solos de arenito, resultou em taxas mais<br />
elevadas de regeneração natural do sobreiro relativamente à gradagem, não se verificando<br />
regeneração natural nas parcelas instaladas nos litossolos de xisto;<br />
• usos do solo alternativos podem ter efeitos positivos ou negativos. Em solos delgados de<br />
xistos a instalação de pastagens à base de aveia e espécies similares, para pastoreio directo<br />
e/ou silagem, esgota o fundo de fertilidade do solo, conduz à redução do teor de matéria<br />
orgânica do solo e da densidade aparente da camada superficial, aumenta a compacidade do<br />
solo e reduz a taxa de infiltração da água;<br />
• o pastoreio e o tipo de gado têm de estar adequados às potencialidades do local para não<br />
exercerem efeitos negativos na preservação e continuidade do montado.<br />
Relativamente ao efeito indirecto da acção do homem, alguns estudos levados a cabo sugerem que:<br />
• a poluição atmosférica pode provocar pululações graves de pragas e de doenças (Kress &<br />
Skelley, 1982). A poluição não intervêm de uma maneira clara e massiva, mas a sua interacção<br />
com factores climáticos (os mais aptos a desestabilizar profundamente um ecossistema florestal)<br />
é tal, que consoante os casos, o enfraquecimento visual pode ou não, vir a ser induzido.<br />
Também algumas experiências levadas a cabo com Pinus sylvestris L. mostraram que solos<br />
deficientes em nutrientes predispõem mais facilmente as plantas aos efeitos da poluição<br />
provocada por dióxido de enxofre (Sousa, 1990);<br />
• também a poluição atmosférica pode aumentar o impacte negativo provocado por condições<br />
edafo-climáticas menos favoráveis. Não há nenhum efeito negativo directo no N nos carvalhos<br />
mas ele diminui a resistência das árvores à geada e favorece os ataques dos insectos que<br />
encontram tecidos mais ricos em N que se tornam mais atractivos para a alimentação;<br />
• as árvores total ou parcialmente queimadas e afogueadas são muito atractivas a serem<br />
colonizadas por insectos. As temperaturas elevadas que se criam causam alterações fisiológicas<br />
e químicas e a libertação mais intensa de certos compostos voláteis, criando-se assim as<br />
condições favoráveis para o posterior ataque epidémico de vários insectos e fungos (Billings et<br />
al., 2004; Dixon et al., 1988; Purdon et al., 2002).<br />
46
IV.3 – Como os agentes bióticos exercem sinergismos com os outros factores<br />
Ainda que a ocorrência de pragas e doenças, em muitos casos simultânea, não configure uma sucessão<br />
clara de acontecimentos, no espaço e no tempo, tem ajudado, no entanto, a entender o quadro geral em<br />
que normalmente evolui a degradação dos ecossistemas florestais (Loehle, 1988; Manion, 1991; Sinclair,<br />
1965), nomeadamente:<br />
• desfolhas sucessivas causadas por insectos desfolhadores criam perturbações nas reservas<br />
energéticas (amido) e finalmente reduzem a vitalidade das árvores;<br />
• o consumo sucessivo de folhagem das árvores cria também modificações (aumento do fluxo<br />
luminoso, redução na competição entre plantas) no estrato arbustivo e herbáceo (Dajoz, 1980);<br />
• o consumo rápido das folhas, pela formação de uma manta morta mais abundante provoca no<br />
solo, um aumento rápido na circulação de elementos minerais e uma aceleração da actividade<br />
dos organismos decompositores (Dajoz, 1980);<br />
• as elevadas taxas de mortalidade observadas são vulgarmente relacionadas com a incidência de<br />
xilófagos e doenças radiculares como último elo de uma cadeia de factores desfavoráveis.<br />
Deve contudo reforçar-se a opinião generalizada de que a incidência de agentes nocivos está<br />
estreitamente relacionada com factores que extravasam a simples relação patogénio-hospedeiro e<br />
que influenciam, de modo determinante, o comportamento deste binómio.<br />
Por outro lado, embora a Patologia e a Entomologia sejam consideradas disciplinas distintas, os efeitos<br />
que pragas e doenças causam no hospedeiro resultam, em grande parte dos casos, de sinergias e de<br />
dependências simbióticas insecto-fungo, necessárias para a sobrevivência e dispersão de agentes<br />
nocivos (Lieutier et al., 1989; Sousa & Inácio, 2005), nomeadamente:<br />
• as simbioses entre P. cylindrus e alguns fungos (cerca de 17 fungos foram encontrados em<br />
associação com este insecto), principalmente na transmissão de fungos considerados<br />
potenciais patogénios para o sobreiro (Acremonium sp., estado conidial de Ceratocystis sp.;<br />
Nodulisporium sp., forma imperfeita de Hypoxylon sp.; Fusarium solani (Mart.) Sacc.,<br />
considerado patogénico para outras essências florestais; Raffaelea ambrosiae Arx & Hennebert,<br />
forma imperfeita de Ophiostoma sp.) (Sousa et al., 1997; Sousa & Inácio, 2005);<br />
• embora se pense que a disseminação de outros fungos patogénicos para o sobreiro é feita<br />
também através de insectos, a informação actualmente disponível sobre essas simbioses é<br />
praticamente nula;<br />
• de um modo geral, as glandes atacadas por insectos (C. elephas e C. splendana) suportam<br />
também a proliferação de fungos o que, não tendo incidência na germinação, reduz<br />
significativamente a sobrevivência e vigor das plantas. O tratamento térmico é eficaz.<br />
47
V – Proposta de medidas para inverter a situação<br />
Apesar do claro reconhecimento de que a eficácia das intervenções (para a recuperação e conservação<br />
dos ecossistemas), requer valor acrescentado ao conhecimento técnico-científico já disponível, é, no<br />
entanto, possível extrair do trabalho até agora desenvolvido, um conjunto de conhecimentos que passa,<br />
pela análise da situação ao nível do ecossistema, pela aplicação de medidas que minizem os<br />
desequilíbrios nos padrões fisiológicos das árvores e pela aplicação de meios de lutas aos agentes<br />
nocivos.<br />
Deste modo, ainda que inconscientemente, têm vindo a ser progressivamente delineadas estratégias de<br />
protecção particularmente assentes numa “Silvicultura de Prevenção” que passa necessariamente<br />
pela proposição de medidas de curto prazo (meios de controlo dos factores bióticos, reforço da<br />
capacidade técnica de apoio aos agricultores) que incidem nas situações visíveis de desequilíbrio,<br />
acompanhadas simultaneamente por toda uma série de medidas de médio/longo prazo (adequação de<br />
sistemas de exploração à diversidade das estações, reordenamento da área do montado no contexto do<br />
reordenamento rural e fertilizações) que se pretende que venham a incidir nos mecanismos<br />
desencadeadores do processo de instabilidade e que efectivamente provoquem a recuperação da<br />
vitalidade dos povoamentos.<br />
No entanto, se é um facto que com base no trabalho desenvolvido se definiram algumas medidas<br />
concretas de actuação (Anexo III), não é menos certo que estas medidas emergem fundamentalmente<br />
de um avanço marcado pelo empirismo, isto é, sabe-se que a incidência de um determinado factor<br />
produz um certo efeito mas desconhece-se, em termos científicos (pelo menos em parte) os fenómenos<br />
que se desencadeiam entre um e outro. "Ficar por aqui" em termos de conhecimento seria "fechar<br />
portas" à inovação e, face à dinâmica dos ecossistemas, eternizar procedimentos e assistir à falência de<br />
processos.<br />
48
V.1 – Métodos de diagnóstico e de classificação da situação<br />
Um dos primeiros problemas que se tem colocado consiste precisamente na avaliação do padrão<br />
espacio-temporal de extensão dos danos já que, como não foi delineada nenhuma estratégia a nível<br />
nacional, os dados existentes são pontuais e provêm da utilização de diferentes metodologias e por isso<br />
impossíveis de comparar.<br />
As principais acções da componente de diagnóstico da situação do montado em Portugal são,<br />
nomeadamente:<br />
• estabelecimento de uma monitorização periódica da floresta de sobro e azinho na óptica de<br />
manutenção da sustentabilidade do montado que deverá ser efectuado com base numa<br />
“Estratégia Nacional de Recolha de Informação sobre o Estado Sanitário das Florestas”. Deste<br />
modo poder-se-á efectuar uma determinação da evolução espacio-temporal da extensão dos<br />
danos através da uniformização de uma metodologia de avaliação de danos em todos os<br />
povoamentos de sobreiro e de azinheira;<br />
• caracterização dos montados, mapeamento (que relacione o padrão topográfico, condições do<br />
solo e clima com o declínio, incluindo, quando pertinente, informação adicional ao nível da<br />
hidrogeologia e níveis freáticos) e georeferenciação das áreas de risco e/ou de insucesso em<br />
projectos de florestação;<br />
• identificação dos factores responsáveis pelo risco da não perpetuação da floresta. Efectuar o<br />
diagnóstico das causas de sintomas/sinais anómalos, fundamentalmente dos agentes bióticos<br />
com maior impacte (P. cinnamomi, D. mutila, B. mediterranea, C. undatus e P. cylindrus);<br />
• a criação de uma base de dados relativamente aos factores (bióticos, abióticos, silvícolas,<br />
sociais) relacionados com o declínio dos povoamentos. As abordagens parciais que apontavam<br />
para "causas únicas" do declínio estão a ser sucessivamente substituídas por avaliações<br />
efectuadas a partir de estudos pluridisciplinares enquadrados na complexa realidade dos<br />
montados.<br />
Neste sentido, é da maior importância o estabelecimento de uma tipologia do montado. Trabalhos<br />
preliminares apontam já algumas indicações neste sentido (14 tipos finais de montados dos quais 7<br />
de sobro), propondo alternativas para zonas específicas do país através da integração de tipologias<br />
sectoriais, nomeadamente quanto:<br />
• ao tipo de solo e das suas características morfológicas, físicas e químicas para definir as<br />
formas de intervenção;<br />
• à estrutura dos povoamentos florestais (caracterizada por indicadores dendrométricos, que<br />
permitiram avaliar a densidade, grau de coberto, “idade” dos povoamentos e também a<br />
regeneração);<br />
• ao estado fitossanitário dos povoamentos (caracterizado pelas médias nas diferentes classes<br />
de desfolha);<br />
49
• às séries de vegetação que constituem indicadores da sucessão ecológica, a partir das quais é<br />
possível distinguir tipologias com utilidade para a caracterização do sistema agro-silvo-pastoril<br />
de montado (cada uma das sigma-associações de montado configura ecossistemas<br />
diferenciados que implicam a tomada de atitudes de gestão diferenciadas);<br />
• solos (classificados segundo as características consideradas relevantes para as relações soloplanta<br />
e uso e gestão dos solos);<br />
• aos sistemas de exploração (caracterizados por indicadores económicos e de estrutura);<br />
• às actividades e práticas culturais com incidência na conservação dos montados.<br />
A segunda etapa consiste no estabelecimento de planos de protecção integrada dos montados (a<br />
instalar ou já instalados) que passam pela implementação de estratégias de vigilância periódica (com<br />
maior incidência em povoamentos de elevado risco), definição de sistema de gestão adequados a cada<br />
situação concreta e caso necessário recomendação de meios de luta para controlar as populações de<br />
agentes bióticos que estejam a causar danos (Figura 18).<br />
Bases para a Protecção Integrada do Montado<br />
Novos<br />
povoamentos<br />
Estratégia para<br />
a sua instalação<br />
Tomada<br />
de decisão<br />
Avalaição<br />
da situação<br />
Meios de<br />
controlo<br />
Povoamentos<br />
existentes<br />
Vigilância<br />
Factores de<br />
desequilíbrio<br />
Bióticos Abióticos<br />
Figura 18 – Modelo de Protecção Integrada para o sobreiro e azinheira.<br />
Gestão do<br />
povoamento<br />
50
V.2 - Gestão do montado adaptada às novas condições<br />
Dada a presença de povoamentos arbóreos cujo vigor vegetativo evidenciam sintomas severos de<br />
decrepitude, podemos tomar consciência de que nos encontramos perante uma “fase de alerta com<br />
carácter de urgência”, caracterizada fundamentalmente por:<br />
• desfolha moderada das árvores ou mesmo já nalguns casos perante danos graves (desfolha<br />
acentuada);<br />
• mortalidade contínua de sobreiros e azinheiras;<br />
• densidade e área de coberto que vão gradualmente ficando, na generalidade, baixas;<br />
• presença de conformações vegetais sucessionais desvantajosas dos pontos de vista da<br />
racionalidade económica, ecológica e sobretudo da perpetuidade do coberto arbóreo (ausência<br />
de regeneração).<br />
A inversão da tendência degradativa destes sistemas passa forçosamente pela via da gestão do<br />
montado adaptada a novas situações em sintonia com os princípios ecológicos elementares. Contudo, o<br />
montado português estende-se por um mosaico de situações edafo-climáticas perfeitamente<br />
distintas e identificáveis, apesar das formas de exploração se orientarem por princípios que não têm<br />
em conta esta diversidade das condições naturais. A gestão dos montados de sobro deve ser<br />
desenvolvida segundo sistemas adequados às condições particulares de cada povoamento.<br />
A atitude do homem tem vindo a modificar-se no sentido de melhorar a sua intervenção e torná-la<br />
conforme com o equilíbrio do ecossistema. Algumas destas normas têm sido amplamente divulgadas ao<br />
longo de várias décadas e infelizmente algum do conhecimento fundamental tem vindo a ser esquecido.<br />
Em termos ecológicos, o ideal seria a implementação de medidas de fundo de planeamento e<br />
reordenamento do espaço de montado, mantendo o princípio da complementaridade de usos (uso<br />
múltiplo), que provocasse uma alteração da escala espacial a que cada um destes usos ocorre,<br />
começando ao nível regional passando ao nível da propriedade e finalizando ao nível do local.<br />
Assim, a nível regional a nova perspectiva é a implementação de uma gestão espacial em mosaico<br />
das propriedades, por folhas, em manchas de montado. O ordenamento, a intensidade e o tipo de<br />
usos a fazer nessas folhas deverá depender do estado ou tipo de mancha florestal presente e do<br />
tipo de sistema de exploração da herdade, nomeadamente:<br />
• manchas onde não se farão o mínimo de intervenções (prevenção contra fogos, podas de<br />
formação e desbastes selectivos), com vista a melhorar as condições de solo, a promover o<br />
adensamento e vigor vegetativo do coberto arbóreo, por um período dependente das condições<br />
locais, mas nunca inferior a cerca de 10 anos, para que a regeneração possa vingar;<br />
• manchas onde a exploração florestal seja dominante, sem pastoreio ou mobilizações, onde<br />
manchas ou núcleos de azinhais e sobreirais possam aproximar-se do carácter<br />
51
predominantemente florestal mais denso, conduzidas numa lógica de silvicultura tendente a<br />
maximizar a rentabilidade e a sustentabilidade ecológica, onde a regeneração natural é<br />
possível se ser implementada;<br />
• manchas onde se poderá fazer um uso múltiplo, em que para além da exploração do coberto<br />
arbóreo se poderia ter um uso pastoril;<br />
• manchas de melhores solos dominaria o uso agrícola e pastoril.<br />
Ao nível da propriedade, as explorações com montado devem basear-se em planos de gestão que<br />
contenham uma cartografia florestal (que inclua um estudo de solos) detalhada (escala 1:5.000 ou<br />
1:10.000), um inventário florestal do montado, com especial atenção para a qualidade da cortiça, uma<br />
zonagem de detalhe da compatibilidade com usos alternativos do solo (nomeadamente pastagem),<br />
estratégia de protecção da regeneração natural e um plano de correcção de desequilíbrios detectados ao<br />
nível do solo. Aconselha-se também que todos eles estejam integrados digitalmente num sistema de<br />
informação geográfica (SIG).<br />
V.2.1 – Estratégias para incrementar a fertilidade dos solos<br />
Os resultados obtidos são globalmente concordantes assinalando que a disponibilidade de água e de<br />
nutrientes deverá ser um dos principais factores a considerar no âmbito de uma estratégia de<br />
conservação e recuperação do ecossistema. As conclusões de outros trabalhos realizados a nível<br />
internacional estão, em termos gerais, de acordo com as conclusões acima expressas.<br />
Esta estratégia de conservação e recuperação do ecossistema passa então por:<br />
• incentivar o aumento da fertilidade do solo;<br />
• melhorar as suas características físicas através de instalação de sistemas de exploração<br />
sob coberto adequados às potencialidades actuais destas áreas. Na situação actual de<br />
alteração profunda das condições naturais de funcionamento destes ecossistemas, o<br />
desenvolvimento da vegetação arbustiva espontânea sob coberto em pouco contribuirá para o<br />
alcance destes objectivos na medida em que haverá tendência para a fixação de espécies<br />
arbustivas concorrentes do sobreiro no mesmo período do ano. A instalação de pastagens<br />
permanentes de sequeiro sob-coberto, com espécies fixadoras de azoto, tem sido<br />
experimentada e realizada com sucesso quer na perspectiva de melhoria das características dos<br />
solos, quer como meio de combate à ocupação destes espaços pela vegetação arbustiva;<br />
• efectuar correcções do nível de fertilidade do solo de acordo com os desequilíbrios em macro<br />
e micronutrientes.<br />
52
V.2.2 - Regeneração e Produção de plantas<br />
De acordo com as avaliações levadas a efeito, um dos problemas fundamentais prende-se com a<br />
diminuição da densidade do montado associado à ausência de regeneração natural. As estratégias a<br />
seguir são, nomeadamente:<br />
• manter os recursos genéticos da espécie;<br />
• o montado deverá ser adensado com um papel mais relevante no condicionamento do<br />
microclima sob coberto;<br />
• em zonas de maior potencialidade (formas de relevo ondulado de solos aligeirados, profundos e<br />
com boa permeabilidade e em solos aligeirados de grés grosseiro), o montado deve ser<br />
reinstalado com modernas tecnologias e com plantas de maior potencialidade suberícola;<br />
• privilegiar a regeneração natural sempre que possível (conservação de recursos genéticos do<br />
sobreiro, melhor adaptabilidade das plantas ao local, menor investimento, ausência de choque<br />
de transplante, desenvolvimento de um sistema radicular equilibrado, formação de simbioses<br />
naturais) assegurando as condições necessárias à sua manutenção;<br />
• proteger a regeneração natural sempre que se verifiquem actividades que danifiquem as<br />
plantas (pastoreio, caça e outras) através quer da instalação de protectores individuais quer da<br />
divisão da propriedade em folhas (afolhamento rotativo) (Varela, 2000);<br />
• recurso à regeneração artificial (através de sementeira e de plantação de acordo com as<br />
condições do local e os objectivos de gestão), de modo a contrariar rapidamente a regressão<br />
da área ocupada.<br />
A implementação destas estratégias passa por:<br />
• recomendar o uso de material do local, ou seja da mesma região de proveniência, ou de<br />
locais edafo-climáticos o mais semelhante possível, enquanto não se dispuser de resultados<br />
de ensaios de proveniências devidamente comprovados. Os resultados dos ensaios já existentes<br />
(17 ensaios de proveniências e 10 ensaios de descendências baseados em 34 proveniências de<br />
toda a área natural do sobreiro, nomeadamente de Portugal, Espanha, Marrocos, Argélia,<br />
Tunísia), poderão vir a contribuir significativamente neste sentido. Os dados preliminares,<br />
mostram que por enquanto se devem evitar proveniências exóticas por mostrarem grande<br />
variabilidade da espécie ao nível das características adaptativas (Almeida et al., 2005; Varela,<br />
2003);<br />
• seleccionar povoamentos para colheita de bolota para uso em futuras rearborizações com<br />
base nos dados já existentes sobre o comportamento reprodutivo do sobreiro no que diz respeito<br />
a parâmetros da dinâmica da espécie em número de indivíduos reprodutores, contribuição<br />
relativa para a informação genética da semente, anos de safra e de contra-safra. A existência<br />
actual de sete regiões de proveniência definidas com base em critérios ecogeográficos será<br />
também uma mais valia nesta selecção (Varela, 1998);<br />
53
• colher as sementes nos anos de safra e evitar-se colheitas de semente para florestação nos<br />
anos de contra-safra; os maus anos de floração masculina são em regra também maus anos<br />
de bolota (Varela, 1994, 2000);<br />
• colmatar as dificuldades existentes na conservação da semente a longo prazo (difícil de<br />
manter para além dos seis meses). Os trabalhos efectuados (nacionais e internacionais) têm<br />
visado testar e avaliar as etapas de maturação da semente, o momento da colheita (estado<br />
fisiológico), o ritmo de secagem, o conteúdo de água, a aplicação da termoterapia, a temperatura<br />
e o contentor. Sabe-se hoje que o sucesso da conservação depende muito da rapidez do<br />
processamento. As sementes devem ser colhidas e manuseadas imediatamente e devem ser<br />
colocadas em sacos de rede ou em caixas perfuradas de modo a permitir o arejamento<br />
(actividade metabólica das sementes recalcitrantes). Por outro lado, a viabilidade das sementes<br />
durante a conservação depende essencialmente do teor de água das sementes, em especial do<br />
embrião (compreendido entre 40-42%) e o tratamento térmico (45ºC durante 2 horas) provou ser<br />
eficaz no controlo dos insectos e fungos durante o processamento e armazenamento das<br />
glandes e não afecta a qualidade das plantas (Belletti et al., 2001);<br />
• melhorar as técnicas de produção de plantas que têm vindo a ser utilizadas pelos viveiristas.<br />
O conhecimento adquirido recentemente permite que o processo tradicionalmente utilizado<br />
(estratificação) na manipulação das sementes possa ser substituído com vantagem pela<br />
conservação. A aplicação de reguladores de crescimento (GA3) na chumbagem da semente<br />
vai permitir uma produção mais rápida de plantas (diminuição do período de emergência da<br />
planta);<br />
• optimizar a produção de plantas vigorosas através da utilização de contentores, substratos e<br />
idade das plantas, apropriados em condições naturais. Neste sentido, o substrato é referido<br />
como o factor com maior influência na sobrevivência e no crescimento inicial das plantas e<br />
que a utilização de plantas mais novas mostra um efeito favorável no seu desenvolvimento<br />
e na formação de novas raízes;<br />
• utilizar técnicas de micorrização de plantas (em laboratório ou em viveiro). Os trabalhos<br />
recentes têm sido promissores neste sentido;<br />
• não se deve arborizar com plantas que apresentem as seguintes características: a) feridas não<br />
cicatrizadas, b) seca parcial ou total, c) caule múltiplo, d) colo danificado, e) raízes principais<br />
intensamente enroladas ou torcidas, f) raízes secundárias inexistentes ou seriamente cortadas,<br />
g) danos graves causados por organismos nocivos, h) indícios de aquecimento, de fermentação<br />
ou humidade, devidos ao armazenamento em viveiro;<br />
• a aclimatação de plântulas de sobreiro micropropagadas sob condições de humidade elevada<br />
produziu alterações morfo-fisiológicas e uma considerável redução na perda de água<br />
relativamente às não aclimatizadas, o que permitiu reduzir taxas de mortalidade das plantas<br />
após transferência para condições de estufa (Romano & Martins Loução, 2003)<br />
54
V.2.3 – Técnicas de Produção<br />
As técnicas de produção deverão ser adaptadas consoante a tipologia do montado e sempre numa<br />
óptica de preservação do ecossistema. As novas estratégias passam assim por:<br />
• em zonas de pior qualidade da cortiça deve proceder-se à reconversão em talhadia tendo<br />
como efeitos a obtenção de cortiça virgem facilmente incorporável na indústria, a<br />
valorização ecológica e rendimentos a curto prazo. De facto, a elevada correlação entre<br />
algumas variáveis biométricas e variáveis de produção sugerem que a exploração em talhadia<br />
deve ser orientada para maximizar o “perímetro gerador” de cortiça (nº de lançamentos x<br />
perímetro médio na base dos lançamentos);<br />
• em zonas de boa produção de cortiça os dados existentes permitem já a criação de alguns<br />
modelos de produção que estimem a produção a partir da circunferência sobre cortiça e da<br />
altura máxima de descortiçamento. A previsão da produção será uma ferramenta técnica<br />
útil na gestão corrente dos montados de sobro;<br />
• o descortiçamento é desaconselhado em árvores que apresentem um grau de desfolha<br />
próxima de 50%, ou pelo menos, o coeficiente de descortiçamento deverá ser fortemente<br />
reduzido;<br />
• no descortiçamento deve-se seguir os seguintes conselhos: a) o período mínimo de<br />
descortiçamento deve ser de nove anos e nunca superior a 15 anos, b) não descortiçar em dias<br />
de chuva ou com vento quente e seco, c) evitar as feridas no entrecasco;<br />
• dever-se-á reduzir as podas privilegiando as de formação e as sanitárias (eliminar ramos<br />
mortos e/ou afectados por agentes nocivos (poda sanitária) e dar uma forma e dimensão<br />
equilibradas da copa (poda de manutenção). Alguns trabalhos a nível internacional referem<br />
contudo que nas situações em que se verifica um balanço negativo do carbono (produção<br />
inferior ao consumo), a poda pode ajudar a diminuir as necessidades da árvore em carbono;<br />
• os desbastes são essenciais no caso de elevadas densidades e na presença de plantas com<br />
más características, para aumentar o potencial produtivo.<br />
V.2.4 – Usos complementares do solo<br />
Numa perspectiva consertada de sustentabilidade económica e ecológica para os montados,<br />
diferentes usos complementares do solo podem ser recomendados se forem tidas em consideração<br />
alguns pressupostos (Teixeira & Varela, 1991), nomeadamente:<br />
• a protecção à regeneração e a plantação de jovens árvores seja uma das condições<br />
essenciais a ter em consideração;<br />
• a actividade agrícola seja reduzida, nomeadamente a cultura de cereais e de forragens<br />
esgotantes;<br />
• o maneio dos matos deve ser efectuado, com o recurso a desmatadoras de corte superficial,<br />
compatibilizando a minimização do risco de incêndio, evitar competição excessiva, facilitar as<br />
operações de descortiçamento e deve obedecer a critérios adequados como a escolha de<br />
55
técnicas ponderadas face às características edafo-climáticas, características do povoamento e<br />
objectivos de ocupação do solo;<br />
• recomenda-se a utilização de medidas passivas contra incêndios, especialmente nas áreas a<br />
descortiçar nomeadamente, efectuar a limpeza dos matos em volta dos sobreiros pelo menos<br />
dois anos antes do descortiçamento e mantê-la até 3 anos após o descortiçamento. Também se<br />
recomenda isolar mediante áreas corta-fogos, superfícies máximas de 50 ha;<br />
• a desmatação deve estar condicionada pelo declive: a) para declives entre 8 e 20% não se<br />
podem fazer desmatações contínuas, b) para declives entre 20 e 35% só se permitem<br />
desmatações pontuais ou por faixas sempre que não provocarem alterações do solo, c) para<br />
declives superiores a 35% só se permitem desmatações pontuais. Nas zonas declivosas (> a<br />
20%) pode-se dispor o mato em cordões segundo as curvas de nível para contrariar a erosão<br />
superficial;<br />
• a reconversão da vegetação na vegetação das pastagens vivazes naturais potenciais. As<br />
pastagens naturais poderão ser eficientemente melhoradas com a introdução de misturas<br />
de sementes à base de leguminosas anuais de ressementeira natural sem mobilização do solo;<br />
• a preparação do solo deve estar condicionada pelo declive: a) para declives entre 8 e 20%<br />
proíbem-se as preparações do terreno na linha do declive máximo, b) para declives superiores a<br />
20% só são permitidas as preparações pontuais segundo as curvas de nível;<br />
• a instalação de pastagens contribuem para o aumento do rendimento do montado e contribuem<br />
para a conservação e melhoria dos solos desde que a escolha do tipo de pastagem se subordine<br />
à potencialidade produtiva do local, à intensidade de pastoreio (função da espécie e carga<br />
animal) e do maneio do gado;<br />
• a utilização de leguminosas nas pastagens contribuem para o melhoramento da do solo,<br />
designadamente aumentando a matéria orgânica. A inoculação das sementes das leguminosas<br />
com as bactérias Rhizobium seleccionadas é um factor decisivo, em muitos solos, para o<br />
sucesso da instalaçãodas pastagens, podendo originar aumentos de produção superiores a<br />
100% e aumentos da matéria orgânica seca entre 50 -140%;<br />
• o maneio adequado do pastoreio consoante o tipo de pastagem. De um modo geral, a<br />
implementação de pastoreio ovino ou porco de montanheira em encabeçamento adequado<br />
serão opções a considerar. No entanto, nalguns casos, o sistema de pastoreio misto (gado<br />
caprino, ovino e bovino) poderá ser interessante. No caso concreto de sistemas agrosilvopastoris<br />
em solos de xistos com formas de relevo ondulado largo ou em solos avermelhados<br />
de depósitos detríticos de “raña”, deverá encarar-se a redução dos encabeçamentos, dos<br />
períodos de pastoreio e de permanência de animais no terreno ou mesmo a sua substituição por<br />
animais que reduzam a compactação dos solos;<br />
• outros aproveitamentos igualmente compatíveis com o uso múltiplo do montado como, produção<br />
de cogumelos e de plantas aromáticas e medicinais, fauna silvestre, turismo e recreio são<br />
também aspectos a ter em conta desde que se condicionem às potencialidades dos<br />
povoamentos.<br />
56
V.2.5 – Áreas ardidas<br />
Deve ser feita uma avaliação dos danos após o incêndio para a definição das estratégias a adoptar,<br />
nomeadamente:<br />
• identificar as árvores que não vão recuperar (entrecasco danificado em mais de 40%; sobreiros<br />
em que a cortiça tinha 3 anos ou menos de idade) para corte. Identificar os casos em que se<br />
poderá favorecer a rebentação de toiça (idade inferior a 40 anos ou CAP inferior a 90 cm);<br />
• a permanência de madeira cortada com casca nas áreas ardidas é um foco de dispersão de<br />
insectos nocivos para áreas não atingidas pelo fogo por fornecerem o substrato para o aumento<br />
das suas populações. Assim, a intervenção atempada nas áreas ardidas é vital, não só para<br />
evitar a desvalorização da madeira como também para salvaguardar o património florestal<br />
remanescente;<br />
• descortiçar os sobreiros quando estejam refeitos dos efeitos do fogo (pelo menos 75% da copa<br />
apresenta folhagem);<br />
• destruição da crosta impermeável do solo (geralmente formada após um incêndio florestal),<br />
efectuando uma mobilização ligeira do solo ou em declives acentuados fazer passar um rebanho<br />
de ovinos ou caprinos;<br />
• identificar os casos com riscos de erosão do solo e definir qual a melhor estratégia para o seu<br />
controle (sementeira de herbáceas, colocação de cordões vegetais, armação do terreno).<br />
57
V.3 – Meios de controlo para pragas e doenças<br />
Desde os finais do século XIX até aos nossos dias, a protecção de plantas relativamente a pragas e<br />
doenças sofreu uma forte evolução que passou pelo "sonho" da exclusão, erradicação e imunização,<br />
ecologicamente inaceitáveis e economicamente impraticáveis, passa pelo entusiasmo gerado pela luta<br />
química (com dificuldades óbvias de implementar em ecossistemas florestais) e ressurge nas três<br />
últimas décadas como uma ciência de síntese com forte pendor pluridisciplinar. E é assim que se evolui<br />
da designação de "controlo de pragas e de doenças" para "gestão de pragas e de doenças", a<br />
primeira direccionada para acções de curto prazo, em relação a situações pontuais e a segunda<br />
sugerindo uma estratégia integrando acções em contínuo e com efeitos a médio/longo prazo.<br />
Apesar de tudo, as alternativas disponíveis para o controlo de pragas e doenças na floresta continuam a<br />
ser escassas e a situação em Portugal agrava-se um pouco mais já que muitos dos produtos usados<br />
internacionalmente carecem no nosso país de homologação.<br />
Os diferentes meios de luta (luta cultural, biotécnica e química) só podem ser utilizados, de acordo com a<br />
legislação em vigor. Por outro lado, a selecção do(s) meio(s) de luta (se possível devem ser utilizados<br />
em conjunto de maneira a complementarem a sua acção e aumentar a eficácia) deverá ser adaptada ao<br />
agente em questão, às características do povoamento (espécie, idade, densidade, localização, etc.), ao<br />
tipo de órgão atacado ao grau de perigosidade e de intensidade de ataque e à época do ano.<br />
Neste contexto e face ao conhecimento actual da situação do montado e à necessidade de<br />
compatibilizar interesses ecológicos e económicos, a minimização dos efeitos de agentes nocivos<br />
passa, à partida, por:<br />
• a protecção do montado deverá sempre privilegiar as medidas de carácter preventivo, que<br />
passam desde logo por uma adequada gestão dos povoamentos;<br />
• observância de todas as medidas que garantam, a montante, a manutenção do estado de<br />
vigor das árvores e preservação da sua capacidade de defesa;<br />
• diminuir as populações de desfolhadores caso a sua densidade populacional e área de<br />
distribuição seja elevada;<br />
• monitorizar cuidadosamente a presença de ataques de xilófagos, nomeadamente de P.<br />
cylindrus e actuar caso os ataques sejam graves;<br />
• na presença de ramos e raminhos secos efectuar podas sanitárias, queimando-se os despojos<br />
na propriedade e desinfectando as ferramentas com produtos não proibidos pelo Código<br />
Internacional de Prácticas Rolheiras;<br />
• relativamente aos fungos, se bem que várias medidas de luta, genética (a mais desejável e<br />
eficaz), química (a utilizar em casos pontuais epidémicos) ou biológica (na maioria dos casos na<br />
fase de in vitro) tenham sido propostas, a falta de resultados consistentes levanta dúvidas<br />
58
elativamente à eficácia da sua implementação, podendo dizer-se que necessitam um reforço da<br />
investigação e da extensão;<br />
• destruir as árvores mortas, a morrerem ou com sintomas acentuados de decrepitude<br />
(desfolha próxima de 90% apresentando, por norma, manchas com exsudados no tronco e<br />
ramos);<br />
• utilizar medidas específicas de luta em casos pontuais de carácter epidémico, desde que<br />
acompanhadas por um técnico competente;<br />
• não devem ser utilizados produtos químicos organoclorados e organofosforados no<br />
tratamento de pragas e doenças. Também produtos excluídos pela legislação de materiais em<br />
contacto com alimentos não poderão ser utilizados.<br />
- Os Desfolhadores<br />
São geralmente recomendadas medidas de luta biotécnica que são de um modo geral muito eficazes, de<br />
baixos custos, não apresentam impactos ambientais e baseiam-se em técnicas que condicionam e<br />
manipulam o comportamento do agente, nomeadamente:<br />
• controlo permanente dos desfolhadores com insecticidas biológicos (p. ex. Foray, Dimilin,<br />
Bacilan, Bactospeine, Thuridan) ou, caso seja permitido, com pesticidas de contacto ou<br />
residuais. A sua aplicação depende da dimensão da área a tratar (áreas pequenas a partir do<br />
solo, áreas maiores aplicações aéreas com avionetas). De qualquer modo, qualquer aplicação<br />
exige que se sigam as recomendações de segurança e se ajuste o tratamento às condições<br />
meteorológicas do momento;<br />
• instalação de armadilhas com feromonas/atraentes para captura de adultos (específicas<br />
consoante a espécie) ou de intercepção (generalistas). O local de colocação da armadilha tem<br />
enorme influência na eficácia da própria armadilha e deve ser seleccionado de acordo com o<br />
comportamento da agente em causa. Também a determinação do período de colocação das<br />
armadilhas é extremamente importante, exigindo um conhecimento do ciclo de vida do agente a<br />
capturar;<br />
• colocação de bandas adesivas nas árvores (principalmente para os desfolhadores com grande<br />
mobilidade);<br />
• controlo biológico através de aves, insectos predadores, parasitóides e alguns<br />
microrganismos: bactérias (Bacillus thuringiensis Berlinier), vírus (Nucleopolyhedrosis - NPV),<br />
fungos (Bauveria bassiana (Bals.) Vuillemin), nemátodos. As técnicas passam por promover e<br />
fomentar os agentes de mortalidade já existentes nos povoamentos (instalação de ninhos,<br />
abrigos, alimentadores para aves insectívoras e morcegos) ou integrar novos agentes de<br />
mortalidade na floresta (produção em massa e introdução de predadores ou parasitóides e<br />
pulverizações com microorganismos como é o caso da bactéria B. thuringiensis contra<br />
lepidópteros desfolhadores do sobreiro.<br />
59
A luta biotécnica é no entanto muito específica para cada agente e apresenta a desvantagem de que<br />
para muitos não são ainda conhecidas estratégias de actuação.<br />
- Os Xilófagos<br />
Até ao momento não existem métodos de controlo eficazes no combate a P. cylindrus em sobreiro e<br />
azinheira. Assim, as medidas que podem ser preconizadas são essencialmente de prevenção e de<br />
prospecção através da luta cultural (desbastes, cortes e remoção de material lenhoso). Pretende-se<br />
intervir e manipular o povoamento florestal de modo a manter as pragas e doenças em níveis baixos de<br />
densidade (método preventivo) ou de modo a diminuir o seu impacto (método combativo), desde que<br />
realizadas no “timing correcto”, nomeadamente:<br />
• as árvores atacadas devem ser abatidas o mais rapidamente possível. É necessário ter em<br />
atenção que durante dois anos consecutivos estão continuamente a sair novos insectos da<br />
mesma árvore que irão atacar outras árvores. Este abate deve ser efectuado antes da Primavera<br />
de modo a impedir a saída dos insectos;<br />
• a madeira das árvores abatidas deve ser torada, retirada o mais rapidamente possível e<br />
depositada longe dos povoamentos (mesmo em árvores abatidas os insectos podem continuar a<br />
desenvolver-se) ou coberta com plástico de polietileno com pulverização insecticida (piretróide<br />
de síntese);<br />
• tratamento dos cepos (p. ex. enterramento ou aplicação de insecticida de contacto e cobertura<br />
com plástico;<br />
• após o abate devem ser efectuadas prospecções cuidadas (árvore a árvore) durante os anos<br />
seguintes, de modo a que se possam identificar as novas árvores atacadas, as quais devem ser<br />
também abatidas sempre que for detectado um ataque;<br />
• para o sobreiro, o descortiçamento deve ser adiado enquanto não forem tomadas as medidas<br />
preconizadas nos pontos anteriores;<br />
• a médio prazo prevê-se a possibilidade de instalação de armadilhas com feromonas/atraentes<br />
para captura de adultos. O desenvolvimento de armadilhas iscadas com atractivos<br />
semioquímicos no controlo das populações de P. cylindrus em montado de sobro mostra grande<br />
potencial uma vez que surgem como alternativa ao uso de insecticidas orgânicos e, por outro<br />
lado, apresentam um elevado grau de especificidade.<br />
- Outras pragas<br />
Para as cobrilhas (brocas do entrecasco) não existem métodos de controlo eficazes. Assim, as medidas<br />
que podem ser preconizadas são essencialmente de prevenção e de prospecção através do corte e<br />
queima de ramos e raminhos secos para a cobrilha dos ramos e a destruição das larvas na altura do<br />
descortiçamento para a cobrilha da cortiça. Para os destruidores do fruto, o tratamento térmico é<br />
eficaz nas glandes atacadas por insectos (C. elephas e C. splendana).<br />
- Os Fungos patogénicos<br />
É do conhecimento geral que existe grande dificuldade em controlar populações patogénicas do sistema<br />
radicular, devido fundamentalmente à sua sobrevivência no solo durante longos períodos de tempo.<br />
60
Relativamente aos dois agentes A. mellea e P. cinnamomi e dada a não aquisição de resultados<br />
consistentes relativamente à luta biológica, química e genética, apontam-se fundamentalmente as<br />
seguintes normas gerais para doenças radiculares: quando da instalação de novos povoamentos há que<br />
ter em conta se a área considerada foi anteriormente ocupada por espécies susceptíveis aos agentes em<br />
causa e no caso afirmativo a área deve ser sujeita a um longo período de repouso para diminuir o<br />
potencial de inoculo; deve recorrer-se à fertilização sempre que tenham sido constatadas carências em<br />
nutrientes particularmente dos que têm sido associados à doença em causa; devem ser removidos do<br />
solo despojos de abates, desmatações e podas para evitar a sobrevivência do fungo e o aumento do<br />
inóculo; o solo não deverá ser sujeito a lavoura profunda para evitar a dessiminação do inóculo por áreas<br />
provavelmente ainda não contaminadas. De qualquer modo, há que referir que em relação a A. mellea,<br />
alguns autores apontam para a utilização de algumas espécies de Trichoderma e de Basidiomycota<br />
como antagonistas. Relativamente a P. cinnamomi (fungo radicular apontado como um dos principais<br />
responsáveis pelo declínio dos montados), torna-se urgente apostar em meios preventivos e curativos.<br />
Para além das medidas culturais preventivas atrás mencionadas que podem ser aplicadas (p. ex: evitar<br />
podas e descortiçamentos excessivos, minimizar as mobilizações do solo) está apenas homologado o<br />
uso de uma substância para a recuperação das árvores atacadas: fosetil-alumínio, um fungicida<br />
sistémico que actua tanto como preventivo como curativo, estimulando as defesas naturais das árvores.<br />
É também autorizado o uso de soluções nutritivas, aplicadas por injecção ao tronco, compostas por P<br />
(2,38%) e K (2,12%) que melhoram o estado fisiológico da árvore. Ainda dentro da luta química,<br />
resultados preliminares dos ensaios efectuados em condições controladas mostram que uma<br />
pulverização de Pentóxido de Fósforo à dose de 1 ml/l poderá ser eficaz no controlo desta doença.<br />
- Os fungos do tronco e ramos<br />
No que respeita a B. mediterranea, não existem medidas efectivas de controlo, o que se deve em grande<br />
parte à falta de conhecimentos no que respeita às fases iniciais da infecção. A melhor estratégia contra<br />
esta doença é manter as árvores em boas condições de crescimento, o que passaria, desejavelmente,<br />
por uma fertilização adequada dos solos e por um status hídrico conveniente. A única medida<br />
preconizada é o abate e remoção do material infectado no povoamento de forma a evitar as infecções<br />
secundárias e a disseminação da doença.<br />
Relativamente a D. mutila, fungo endófito frequentemente isolado de Quercus spp. na região<br />
Mediterrânica, para além das medidas culturais de melhoramento do estado fisiológico das árvores e<br />
manutenção das condições sanitárias do montado (remoção da lenha de poda para redução de inóculo)<br />
não existem medidas de controlo mais específicas desta doença dos sobreiros. Existem no entanto<br />
alguns meios químicos utilizados para outras espécies de Diplodia que poderiam ser extrapolados para o<br />
caso do sobreiro.<br />
61
VI – Lacunas de conhecimento para a projecção de linhas de<br />
investigação<br />
Atingiu-se uma fase do conhecimento que permite analisar as situações numa abordagem<br />
multidisciplinar, integrar conhecimentos, estabelecer estratégias e projectar linhas de trabalho. As<br />
lacunas de conhecimento para a projecção de linhas de investigação centralizam-se em quatro grandes<br />
áreas:<br />
• conhecer a Fisiologia da árvore no âmbito dos mecanismos associados ao vigor, capacidade<br />
de adaptação e resistência às condições do meio ambiente;<br />
• identificar os mecanismos de perda de vitalidade na árvore e no povoamento, com<br />
particular ênfase para a extensão e gravidade do problema (espacial e temporal), métodos de<br />
diagnóstico precoce e factores envolvidos;<br />
• avaliar as interracções (dependências e sinergismos) entre factores que directa e<br />
indirectamente estão associados à perda de vitalidade (árvore e povoamento);<br />
• como inverter a situação, medidas directas de controlo para pragas e doenças e medidas<br />
indirectas que possam vir a mitigar ou inverter o processo de declínio.<br />
Assim, numa primeira fase, particular atenção terá de ser dada à progressão de trabalhos de<br />
investigação que analisem a situação ao nível do ecossistema e numa segunda fase ao estudo das<br />
interrelações entre os padrões (fisiológicos) do enfraquecimento das árvores e o comportamento dos<br />
agentes nocivos com o decorrente aumento da susceptibilidade da árvore na óptica do sistema insectosfungos-hospedeiro-ambiente.<br />
Finalmente, devem ser definidas estratégias específicas para cada situação e desenvolverem-se<br />
trabalhos para a avaliação de métodos de controlo eficazes, de modo a travar-se o processo e iniciar-se<br />
a recuperação e revitalização do montado de sobro. A procura de meios de controlo para alguns agentes<br />
bióticos associados ao declínio do montado de sobro terá de ser uma preocupação constante já que as<br />
hipóteses de tratamento, homologadas em Portugal são de um modo geral muito escassas para o sector<br />
florestal.<br />
A conjugação dos diversos factores descritos deverá gerar uma dinâmica de acção da investigação<br />
suberícola em parceria com o sector público/sector privado da produção e transformação.<br />
Complementarmente será necessário a criação de mecanismos de aproximação entre os diversos<br />
países da bacia mediterrânica com representatividade no sector suberícola.<br />
62
VI.1 – Conhecer a fisiologia da árvore<br />
VI.1.1 - Mecanismos associados ao vigor<br />
• Mecanismos fisiológicos implicados (modelação);<br />
• mapear com rigor o sistema radicular, quer lateralmente, quer em profundidade. Relacionar<br />
esta “geografia” com os os padrões de absorção de água pelas raízes a partir das possíveis<br />
fontes;<br />
• estado hídrico dos sobreiros avaliado através de alguns indicadores (água na planta);<br />
• avaliação do estado nutricional dos sobreiros através da análise foliar (necessidades em<br />
nutrientes e micronutrientes; nível normal de reservas em amido na árvore); a identificação de<br />
indicadores de nutrição dos sobreiros pela análise foliar e das correlações com a produção de<br />
cortiça;<br />
• variabilidade genética das populações de sobreiro, identificação dos genótipos mais<br />
adequados, conservação de recursos genéticos;<br />
• regeneração natural do sobreiro (densidade e crescimento).<br />
VI.1.2 - Capacidade de adaptação e de resistência às condições do meio ambiente<br />
• Mecanismos de adaptação a variações da repartição anual da precipitação;<br />
• identificar as fontes de abastecimento de águas às raízes de sobreiros (água do solo e água<br />
subterrânea) e quantificar a sua importância relativa na manutenção do estado hídrico das<br />
plantas no período estival;<br />
• quantificar a contribuição dos ecossistemas para a fixação de CO2;<br />
• características do desenvolvimento no espaço do sistema radicular;<br />
• avaliação da componente subterrânea destes ecossistemas arbóreos em relação à competição<br />
entre indivíduos vizinhos (água e nutrientes);<br />
• mecanismo da perda de água após o descortiçamento (sobreiro);<br />
• dinâmica e composição do banco de sementes do solo, colonização e estabelecimento da<br />
vegetação;<br />
• mecanismos físicos e químicos de defesa das árvores face ao ataque de agentes nocivos;<br />
• o papel das simbioses ectomicorrízicas na vitalidade das árvores.<br />
63
VI.2 - Identificar os mecanismos de perda de vitalidade na árvore e no<br />
povoamento<br />
VI.2.1 – Extensão e gravidade do problema (espacial e temporal)<br />
• Uniformização de uma metodologia de avaliação de danos;<br />
• monitorização integrada do comportamento dos montados;<br />
• criação de uma base de dados;<br />
• elaboração de cartografia sobre a extensão e gravidade do problema;<br />
• acções de formação para divulgação e utilização de tabelas de diagnóstico do estado dos<br />
montados e sua utilização no apoio à decisão.<br />
VI.2.2 – Métodos de diagnóstico precoce<br />
• Verificação dos métodos utilizados actualmente para caracterizar o estado de declínio<br />
(desfolha, descoloração, exsudações);<br />
• determinação de métodos expeditos para avaliar os estados hídrico e nutricional das árvores;<br />
• novos métodos de diagnóstico (p. ex. o estado de degradação dos glúcidos mobilizáveis como<br />
um indicador de declínio).<br />
VI.2.3 – Factores envolvidos<br />
• Efeito da água (precipitação e solo):<br />
o comportamento, em diferentes regimes hídricos;<br />
o relação entre as variações nos níveis das águas subterrâneas e a vitalidade do<br />
arvoredo;<br />
o mecanismos de resistência à secura e seu impacte na sobrevivência das árvores face às<br />
alterações climáticas globais.<br />
• Desequilíbrios ao nível do solo:<br />
o identificação de carências nutritivas destas quercíneas;<br />
o conhecimento das relações da análise foliar com a fertilidade do solo, os dados de<br />
produção, o estado vegetativo e sanitário das árvores;<br />
o conhecimento da variabilidade espacial/regional do estado nutricional de sobreiros e<br />
azinheiras.<br />
• Efeito da poluição atmosférica:<br />
o diagnóstico da sintomatologia visível a nível foliar (presença de necroses e clorose) e<br />
avaliação do estado vegetativo das árvores expostas a poluição intermitente e<br />
contínua;<br />
64
o estabelecimento de relações entre a concentração de poluentes atmosféricos e o<br />
estado vegetativo das árvores.<br />
• Determinação de factores bióticos:<br />
o detecção e caracterização de populações potencialmente patogénicos (insectos, fungos,<br />
vírus, bactérias e nemátodos);<br />
o avaliação da possível existência de sub-espécies com possibilidade de recorrer a novos<br />
métodos (morfológicos, fisiológicos e biomoleculares);<br />
o pesquisa de novos agentes no processo de declínio (p. ex. infecções causadas por<br />
vírus);<br />
o estudo mais aprofundado de alguns aspectos menos claros da dinâmica de populações<br />
dos principais agentes nocivos.<br />
• Efeito das técnicas de gestão (descortiçamento, poda, lavouras):<br />
o conhecer a influência das usuais práticas de condução e exploração do arvoredo: no<br />
crescimento e vitalidade das árvores, nas características da cortiça e das glandes;<br />
o comparar a influência de diferentes modalidades de gestão do sob coberto: no<br />
crescimento e vitalidade das árvores, nas características da cortiça e das glandes, no<br />
estabelecimento de micorrizas e na biodiversidade.<br />
65
VI.3 – Avaliar as interacções (dependências e sinergismos) entre factores<br />
• Interacção entre factores ambientais (água-temperatura, água-solo, poluição-solo).<br />
• O papel das pragas e doenças na perda de vitalidade:<br />
o avaliação do papel dos desfolhadores na quebra de vitalidade do povoamento;<br />
o comportamento de agentes nocivos em diferentes regimes hídricos e de fertilização;<br />
o detecção e caracterização de prováveis substâncias tóxicas para o hospedeiro<br />
resultantes da actividade metabólica dos fungos;<br />
o infestação por fungos radiculares, nomeadamente a P. cinnamomi;<br />
o avaliação do poder patogénico dos fungos;<br />
o micoflora associada à cortiça na árvore e prováveis implicações na qualidade das<br />
pranchas.<br />
• As relações entre o ataque de agentes nocivos e os mecanismos de defesa da árvore:<br />
o estruturas físicas de defesa e alterações fisiológicas, relativamente à colonização por<br />
fungos (P. cinnamomi, D. mutila e B. mediterranea) e insectos (P. cylindrus, C. elephas e<br />
C. splendana);<br />
o mecanismos de colonização e de selecção (químico, fisiológico) do hospedeiro pelos<br />
insectos xilófagos (P. cylindrus).<br />
• Insectos vectores de fungos patogénicos e de outros agentes de enfraquecimento (vírus).<br />
66
VI.4 – Como inverter a situação<br />
VI.4.1 - Medidas directas de controlo para pragas e doenças<br />
• Determinação de índices críticos de risco da incidência de pragas e de doenças;<br />
• identificação de meios de controlo da dispersão de determinados agentes bióticos<br />
(xilófagos e fungos radiculares), quer através de métodos relacionados com a exploração do<br />
montado, quer através de biotécnicas;<br />
• definição de planos de Protecção Integrada dos povoamentos.<br />
VI.4.2 - Aplicação de medidas que a curto/médio prazo, possam vir a mitigar ou inverter o<br />
processo de declínio<br />
• Definição de estratégias de intervenção (de curto, médio e longo prazo), de modo a travar-se o<br />
processo e iniciar-se a recuperação e revitalização do montado (ANEXO III).<br />
• Produção de plantas:<br />
o aperfeiçoar as técnicas de processamento e conservação da semente;<br />
o conhecimento da variabilidade genética das populações de sobreiro, selecção dos<br />
genótipos mais adequados para produção de plantas de qualidade;<br />
o melhorar as técnicas de produção de plantas em viveiro, com demonstração das<br />
respectivas vantagens no aumento de sobrevivência e/ou no melhor desenvolvimento<br />
das plantas no campo.<br />
• Definição de um plano de silvicultura e gestão do montado atendendo ao seu estado<br />
fitossanitário e à potencialidade produtiva das estações:<br />
o estratégias de protecção da regeneração do montado;<br />
o determinar a influência do espaçamento entre árvores na respectiva vitalidade;<br />
o modelos de intervenção cultural na talhadia. Intensidade e periodicidade de<br />
desbastes na toiça, idade mais adequada, número de rebentos;<br />
o identificação de práticas culturais de mitigação do declínio;<br />
o promoção da gestão integrada dos recursos do montado, com a valorização de<br />
produtos alternativos (cogumelos comestíveis, plantas aromáticas, etc.).<br />
• Técnicas de recuperação dos solos (nutrientes e água):<br />
o a avaliação da resposta do arvoredo adulto e jovem à fertilização mineral (no<br />
crescimento anual e estado vegetativo das árvores e na produção e na qualidade<br />
da cortiça);<br />
o avaliação da aplicação de polímeros super-absorventes ao nível do solo;<br />
o desenvolver acções de controlo sobre excessivas captações de água subterrânea,<br />
tentando evitar o rebaixamento do nível freático e o consequente agravamento do stress<br />
hídrico das árvores da sua mortalidade;<br />
67
o avaliação de impactes da instalação de pastagens sob coberto na fenologia das<br />
árvores, no seu estado sanitário e nutricional, na produção e na qualidade da cortiça;<br />
o avaliação da fixação simbiótica do N2 atmosférico, em leguminosas semeadas em<br />
prados mistos (sequeiro e regadio, caso existam). Determinação da taxa de<br />
transferência do azoto da leguminosa para a gramínea;<br />
o selecção de simbioses ectomicorrízicas e implementação de técnicas de micorrização<br />
controlada, (ex.: Pisolithus tinctorius (Pers.) Coker & Couch e Scleroderma citrinum<br />
Pers.:Pers.) em povoamentos adultos e avaliação do seu efeito (sobrevivência e no<br />
crescimento de jovens plantas; na vitalidade de árvores adultas).<br />
68
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Variabilidade genética em Quecus suber. Jornadas da OCT/UTAD.<br />
SINCLAIR.W.A.1965. Comparision of recent decline of white ash, oak and sugar maple in north eastern<br />
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SORIA, S. 1988. Lepidópteros defoliadores de Quercus pyrenaica Willdenow, 1805. Bol. San. Veg.<br />
Plagas, fuera de série, 7, 302 p.<br />
SOUSA, E.M.R.1990. O Declínio da Floresta. Trabalho de síntese de acesso à categoria de Assistente<br />
de Investigação Instituto de Investigação Agrária, Estação Florestal Nacional, 54 pp.<br />
SOUSA, E.M.R.; <strong>DE</strong>BOUZIE, D. & PEREIRA, H.1995. Le rôle de l'insect Platypus cylindrus F.<br />
(Coleoptera: Platipodidae) dans le processus de dépérissement des peuplements du chêne liège<br />
au Portugal. Bulletin IOBC 18: 43-49.<br />
78
SOUSA, E.M.R. 1995. Les principaux ravageurs du chêne liège au Portugal. Leurs relations avec le<br />
déclin des peuplements. Bulletin IOBC 18: 18-23.<br />
SOUSA, E.M.R.S.; TOMAZ, l.l.; MONIZ, F.A. & BASTO, S.1997. La repartition spaciale des champignons<br />
associés à Platypus cylindrus Fab. (Coleoptera: Platypodidae). Phytopathologia Mediterranea,<br />
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SOUSA, E. & INÁCIO, M.L. 2005. New Aspects of Platypus Cylindrus Fab. (Coleoptera: Platypodidae)<br />
Life History on Cork Oak Stands in Portugal. Entomological Research in Mediterranean Forest<br />
Ecosystems. F. Lieutier & D. Ghaioule (Eds), INRA Editions, 280pp.<br />
SOUSA, E. M. R. & BONIFÁCIO, L. 1998. Actualização do conhecimento da entomofauna dos<br />
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de Entomologia, Évora, 1998.<br />
SOUSA, E.M. & DÉBOUZIE, D. (2002). Caractéristiques bioécologiques de Platypus cylindrus au<br />
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STEINMÖLLER, M. BANDTE & C. BÜTTNER, GESUN<strong>DE</strong> PFLANZEN, 2004. Investigations into the<br />
pathogen of chlorotic ring spots on oak trees (Quercus robur) 56 (1), 11-16 (2004).<br />
TAVARES, M. & CABRITA, P.1990. Um caso de insucesso florestal. O montado de sobro, o eucaliptal e<br />
o pinhal manso nos Perímetros Florestais da Cabeça Gorda e Salvada. Estação Florestal<br />
Nacional. Lisboa. 73 pp.<br />
TEIXEIRA C. L. & VARELA F. 1991 -Contribuição para o estabelecimento de normas de instalação e<br />
condução do montado de sobro. Dir. Geral das Florestas.<br />
TOMÉ, M. 2006. Current Status of cork and holm oak forests in Portugal. Apresentação no Séminário “A<br />
vitalidade dos povoamentos de sobreiro e azinheira : situação actual, estado do conhecimento e<br />
medidas a tomar”. Évora, Portugal, 25-27 Outubro.<br />
TORGENSEN, D. C. 1954. Root rot of Lawson cypress and other ornamentals caused by Phytophthora<br />
cinnamomi. Contrib. Boyce Thompson Inst. 17: 359-373.<br />
TUSET, J. J.; HINAREJOS, C. & COBOS, J. M. 1996. Implicatión de Phytophthora cinnamomi Rands en<br />
la enfermedad de la “seca” de encinas e alcornocales. Boletin de Sanidad Vegetal Plagas, 22:<br />
491-499.<br />
VALENTINI, R.; SCARASCIA MUGNOZZAG, G.; GIORDANO, A. & VANNINI, A. 1992. Water relations of<br />
mediterranean oaks: possible influences on their dieback. International Congress "Recent<br />
Advances in Studies on Oak Decline". Selva di Fasano, (Brindisi), Italy, pp. 439-446<br />
VANNINI, A. 1998. Population variability and endophitic behaviour of Hypoxylon mediterraneum on<br />
Quercus cerris. Proceedings of the IUFRO Workshop, Working Party 7.02.06.<br />
“Disease/Environment Interactions in Forest Decline”, Vienna, Austria, pp 203.<br />
VANNINI, A.; MAZZAGLIA, A. & ANSELMI, N. 1999. Use of ramdom amplified polymorphic DNA (RAPD)<br />
for detection of genetic variation and proof of the heterothalic mating system in Hypoxylon<br />
mediterraneum. European Journal of Forest Pathology, 29: 209-218.<br />
79
VANNINI, A. & MUGNOZZA, G. 1991. Water stress: a predisposing factor in the pathogenesis of<br />
Hypoxylon mediterraneum on Quercus cerris. European Journal of Forest Pathology, 21:193-201.<br />
VANNINI, A.; VALENTINI, R.; SANTURBANO, M. & TIRONE, G.1992. Possible relationship among<br />
embolism, water potential and susceptibility to Hypoxylon mediterraneum of some mediterranean<br />
oaks. Proceedings of an International congress "Recent Advances in Studies on Oak Decline"<br />
Selva di Fasano (Brindisi) Italy, pp.449-455.<br />
VARELA M. C.,1994. Overview on ongoing research on Quercus suber in Portugal. Workshop on inter<br />
and intraspecific variation in European Oaks: Evolutionary implications and practical<br />
consequences. Bruxelas 15, 16 de Junho de 1994. pp. 277-294 . Agro-Industrial Research<br />
Division DG XII- E.2 EUR 16717 EN. Office for Official Publications of the European<br />
Communities. Brussels.Luxembourg, 1996.<br />
VARELA, M.C. 1998 Regions of provenance for cork oak in Portugal, pp 37-42 Third report of<br />
EUFORGEN cork oak network/Firts meeting of FAIR 1 Ct 95 0202 sassari, Italy. June 1996.<br />
VARELA MC -2000 - Red Europea de Conservación de Recursos Genéticos de los Robles<br />
Mediterráneos Investigación Agrária, Fuera de Série nº2.<br />
VARELA MC- 2003- "HANDBOOK of the concerted action on cork oak FAIR 1 CT 95 0202" Editor e coautor<br />
do livro - Estação Florestal Nacional, Oeiras, 120 pág. -ISBN 972-95736-7-0 produzido<br />
em 2000 e publicado em 2003 PDF em http://www.efn.com.pt/1fairct0202.html<br />
VILLEMANT, C. & FRAVAL, A.1991. La Faune du Chêne Liège. Actes Edissions. Institute Agronomique<br />
et Vétérinaire Hassan II. Rabat.<br />
VITTRAINO, A. M.; BARZANTI, G. P.; BLANCO, M. C.; RAGAZZI, A.; CAPRETTI, P.; PAOLETTI, E.;<br />
LUISI, N. & VANINI, A. 2002. Occurrence of Phytophthora species in oak stands in Italy and their<br />
association with declining oak trees. Forest Pathology 32: 19-28.<br />
WARGO, P.M. 1996. Consequences of environmental stress on oak: predisposition to pathogens.<br />
Annales des Sciences Forestières, 53: 359-368.<br />
WESTE, G. 1983. Population dynamics and survival of Phytophthora cinnamomi. In “ Phytophthora: its<br />
Biology, Taxonomy, Ecology and Pathology (eds. D. C. Erwin, S. Bartinici-Garcia, P. H. Tsao) pp<br />
237-257.<br />
WILLIAMS, P. H.1979. How fungi Induce Diseases. In How Pathogens Induce Diseases (Eds. James<br />
G.Horstfall, Ellis B. Cowling) pp. 163-178 Academic Press, London.<br />
YOUSFI, M.1995. Les constraints exercés sur le chêne liège au Maroc. Exemple de la Mamora. Bulletin<br />
IOBC 18: 43-49.<br />
80
ANEXO I<br />
Informações sobre as instituições contactadas<br />
AGOSTO – <strong>DE</strong>ZEMBRO / 2006
Entidades a quem foi pedida colaboração<br />
Entidades que deram resposta<br />
Associações<br />
Achar Achar - Isabel Melo<br />
Aflops Aflops – Luís Unas<br />
Ansub Ansub - João Azevedo Gomes<br />
FloraSul<br />
Escolas Superiores Agrárias<br />
Beja<br />
Bragança ESABragança – João Azevedo<br />
Castelo Branco<br />
Coimbra<br />
Elvas<br />
Santarém ESASantarém – Ana Teresa Jorge<br />
Viseu<br />
Fundações<br />
Ciência e Tecnologia - FCT FCT - Lígia Amâncio<br />
Gestores de Programas<br />
AGRO Poadr – Fátima Abreu<br />
Institutos<br />
IFADAP IFADAP/INGA – Susana Caetano<br />
IFADAP/INGA – Jorge Guerreiro<br />
INETI INETI – Teresa Leão<br />
INETI – Carlos Campos Morais<br />
INIAP - Presidência<br />
(EAN) EAN – António Mexia<br />
(ENMP) ENMP – José Potes<br />
Politécnico Castelo Branco IPCastelo Branco – Walter Lemos<br />
Superior Agronomia - CEF ISA-CEF – Helena Pereira<br />
Superior Agronomia - <strong>DE</strong>F ISA – <strong>DE</strong>F – Helena Pereira<br />
Superior Técnico - CMRP<br />
Superior Técnico - <strong>DE</strong>QB<br />
ITQB ITQB – Cândido Pinto Ricardo (cartão<br />
visita)<br />
Universidades<br />
Algarve Univ.Algarve – Mª Emília Costa<br />
Univ. Algarve – Alfredo Cravador<br />
Univ. Algarve – José Ferraz<br />
Aveiro Univ. Aveiro – Carlos Borrego<br />
Coimbra Univ Coimbra – Marisa Azul<br />
Lisboa – CEBV CEBV - Graça Oliveira<br />
CEBV – Amélia Martins-Loução<br />
Lisboa – Jardim Botânico Jardim Botânico - Amélia Loução<br />
Nova Lisboa Nova Lisboa – Maria Rosa Paiva<br />
Trás-os-Montes e Alto Douro UTAD – Aloísio Loureiro<br />
UTAD – Teresa Fonseca<br />
ii
ANEXO II<br />
Listagem dos projectos nacionais considerados
TITULOS<br />
INSTITUIÇAO<br />
PROPONENTE<br />
RESPONSAVEL DO PROJECTO FONTE <strong>DE</strong> FINANCIAMENTO INICIO FIM ENTIDA<strong>DE</strong>S PARTICIPANTES<br />
Leosuber-formação em subericultura Fundecit-Espanha João Pedro Azevedo Gomes Leonardo da Vinci 1997 1999 ANSUB<br />
Estudo de Métodos de Conservação de Lande Universita-Itália Fair 1998 2000<br />
Calibrador Ansub João Pedro Azevedo Gomes<br />
PAMAF-Med 3.4-viveiros e<br />
material de base<br />
Caracterização Florestal para implementação de indicadores de GFS FPFP PAMAF-Med3-PDF estudos<br />
1997 1999<br />
Montado-Promoção do Potencial Produtivo do Montado ATD LIFE ambiente 2000 2002<br />
Caracterização do Potencial Produtivo do Montado na Serra de<br />
Grândola e Pinhal Manso em Alcácer do Sal<br />
AERSET PAMAF-Med 4 2000 2001<br />
Regeneração Natural e Artificial do Sobreiro e Gestão Sustentada do<br />
Montado<br />
ISA Prof. João Santos Pereira IFADAP-AGRO 8 2003 2006 ANSUB<br />
Gestao Florestal Sustentavel em Novos Montados de Sobro-sua<br />
demonstraçao e divulgaçao<br />
ISA Prof. Margarida Tomé IFADAP-AGRO 8 2003 2006 ANSUB<br />
Aplicação em larga de técnicas imunológicas na detecção e selecção<br />
de sobreiros produtores de boa cortiça<br />
INETI EFN, FFUL, Florasul<br />
Ant Communities of Portugal Maria Rosa Paiva 1995 1999<br />
The Biodiversity Assessment Tools Project (EVK2-CT1999-00041) Maria Rosa Paiva 2000 2003<br />
O uso e a ocupação do solo e a diversidade de fungos micorrizicos<br />
nos ecossistemas de montado portugueses (Alentejo)<br />
IMAR-Instituto do mar<br />
Departamento de Botânica da<br />
F.C.T.U.C.<br />
1999 2001<br />
ITM project ("Implementing Tree Growth Models as Forest<br />
Management Tools"<br />
Universidade de Évora OLKS-CT-2000-01349<br />
Corkasses:field assessement and modelling of cork production and<br />
quality<br />
Universidade de Évora Fair/CT/1438<br />
Métodos de Avaliação e Monitorização de Caracteristicas Florestais<br />
para Gestão Sustentada da Floresta<br />
Universidade de Évora PRAXIS XXI-3/3.2/flor/2114<br />
Monitorização da Resposta ao Stress Ambiental em Povoamentos de<br />
Sobreiro<br />
Universidade de Évora<br />
Prof. Alfredo Jaime Morais<br />
Cravador<br />
PRAXIS XXI-3/3.Flor/2122/95<br />
Qualidade da estação influência na sobrevivência de plantações<br />
jovens de sobreiro e azinheira<br />
Universidade de Évora<br />
Prof. Alfredo Augusto Cunhal<br />
gonçalves Ferreira<br />
PAMAF/4018<br />
Aspectos moleculares da formação da cortiça em Quercus suber Universidade do Algarve<br />
Prof. Alfredo Jaime Morais<br />
Cravador<br />
POCTI/AGR/39011/2001<br />
Estudo comparativo de dois métodos de aplicação e de 3 produtos<br />
quimicos para o controlo da doença de declínio do Sobreiro<br />
Universidade do Algarve<br />
Prof. Alfredo Jaime Morais<br />
Cravador<br />
Leader<br />
Desenvolvimento de um sistema de informação para a gestão<br />
ambiental e económica do ecosistema<br />
Universidade do Algarve<br />
Prof. Alfredo Jaime Morais<br />
Cravador<br />
Protocolo/Montado<br />
Contribuição para o estudo das causas do declínio do sobreiro em S.<br />
Universidade do Algarve<br />
Brás de Alportel<br />
Ana Cristina Moreira FE<strong>DE</strong>R 1992 1993<br />
Contribuição para o estudo das causas do declínio do sobreiro em S.<br />
Universidade do Algarve<br />
Marcos da Serra<br />
Ana Cristina Moreira FE<strong>DE</strong>R 1992 1993<br />
Involvement of Phytophtora fungi in the mediterranean ecosystems<br />
oak decline<br />
Unversidade do Algarve Ana Cristina Moreira EC AIR 3-CT 94-1962 1995 1998<br />
Estudo do envolvimento de Phytophthora cinnamomi no declínio de<br />
Quercus suber<br />
Universidade do Algarve Ana Cristina Moreira PRAXIS XXI 1997 2000<br />
Detection and Distribuition towards to the control of Phytophthora<br />
cinnamom i,the causal agent of Quercus suber declin<br />
Universidade do Algarve Ana Cristina Moreira Nato-Science 1997 2000<br />
ISA, DRAA, Ass. Dos Produtores<br />
Florestais do Concelho de Coruche e<br />
Lim´itrofes<br />
Prot. Cooperação entre APFSC e Ualg-<br />
Leader<br />
Protocolo Esp. Cooperação DRAAL-<br />
UALG (montado/dehesa)<br />
Protocolo Esp. Cooperação DRAAL-<br />
UALG(montado/dehesa)<br />
Nato-science for stability Programme<br />
phaseII(Pocork oak 2 Project)
TITULOS<br />
INSTITUIÇAO<br />
PROPONENTE<br />
RESPONSAVEL DO PROJECTO FONTE <strong>DE</strong> FINANCIAMENTO INICIO FIM ENTIDA<strong>DE</strong>S PARTICIPANTES<br />
Estudo da produção e conservação de sistemas de pastoreio<br />
extensivos em zonas de montado de azinho<br />
ENMP<br />
INTERREG II-Projecto<br />
nº98.7.01.01<br />
Demonstração da sustentabilidade da pecuária extensiva praticada<br />
no ecossistema montado<br />
ENMP AGRO8.1-Projecto nº49<br />
Promoção da gestão integrada, conservação e sustentabilidade de<br />
montados<br />
Desenvolvimento de um sistema de informação para a gestão<br />
ENMP PARIPIPI-Projecto E<br />
ambiental e económica do ecosistema/Dehesa Montado na<br />
ENMP INTERREG III-Sub-Program 4<br />
Estremadura e Alentejo<br />
Melhoramento do Montado/Dehesa e valorização de produtos<br />
agrários procedentes de sistemas extensivos mediterrânicos<br />
ENMP INTERREG III-Sub-Program 5<br />
Áreas de demonstração da gestão de montados de sobro ACHAR<br />
AGRO- Medida 8.1-1º<br />
concurso<br />
ISA, ACHAR, DGRF<br />
Regeneração Natural e Artificial do Sobreiro e Gestão Sustentada do<br />
Montado<br />
ACHAR<br />
AGRO- medida 8.1-2º<br />
concurso<br />
ISA,UE, IMAR, ACHAR, DGR, ANSUB,<br />
FLORASUL, APFC<br />
Gestão Florestal Sustentável em Novos Montados de Sobro-sua<br />
demonstração e divulgação<br />
ACHAR ISA, ERENA, ANSUB<br />
Impacto de Phytophthora cinnamomi associado ao strsse hidrico no<br />
declinio do sobreiro e da azinheira<br />
Ana Cristina Moreira AGRO 416 2004 2007<br />
Influência de modalidades de gestão na conservação/recuperação de<br />
montados de sobreiro, produção de cortiça e valorização ambiental<br />
Filomena Nóbrega AGRO 446 2004 2007<br />
Caracterização de sobreiros e azinheiras tolerantes ao declinio e<br />
avaliação de medidas de contolo biológico<br />
UALG Alfredo Cravador Fundo Florestal Permanente 2006 2008<br />
Estudo da variabilidade Genética do Sobreiro com vista ao<br />
Melhoramento e a Conservação de Recursos Genéticos<br />
IBET/ ITQB<br />
Cândido Pinto Ricardo/ Maria do<br />
Loreto Monteiro (ESAB )<br />
Praxis XXI sobreiro contrato nº<br />
3/3.2/ FLOR/2100/95<br />
1997 2000 ESAB, EFN, FCUL, INETI, ISA, UA<br />
Melhoramento da produção e qualidade de sobreiros IBET/ ITQB Maria Helena Almeida Projecto PAMAF 4027 1996 1999<br />
ISA, EFN, DRA, Alent,IBET, UE,<br />
ACAPE, EMPORSIL<br />
Repovoamento com sobreiro: variabilidade genética e biologia da<br />
semente conservada<br />
IBET/ ITQB Maria Helena Almeida<br />
Projecto POCTI/ AGG<br />
/41359/2002<br />
2003 2006<br />
CREOAK-Conservation and Restoration of European cork OAK<br />
woodlands:a unique ecosystem in the balance<br />
J. S. Pereira EU project 2002 2006 9 Parceiros Europeus<br />
MND-Mediterranean Terrestrial Ecosystems and Increasing Drought<br />
vulnerabily assessment<br />
J. S. Pereira/ IBIMET/ CNR Itália EU project,5 Framework 2002 2005 9 Parceiros Europeus<br />
ESTABLISH-Molecular ecophysiology as tool for the selection of<br />
highly stress resistant poplar species for multipurpose forests<br />
J. S. Pereira EU project 2000 2004 9 Parceiros Europeus<br />
Optimization of Cork-Oak seed management in support of community<br />
policies for reforestation and cork production<br />
Maria Helena Almeida/Coord.<br />
Pierro Belleti: Univ. Turin, ITALY<br />
EU project 1998 2001 10 Parceiros Europeus<br />
Estudo do envolvimento de Phytophthora cinnamomi no declinio de<br />
Quercus suber<br />
Jose F. P. Ferraz FE<strong>DE</strong>R/JNICT/UALG<br />
Caracterização da variabilidade genética da Quercus suber L. Maria Helena Almeida JNICT, PBIC/AGR/2282/95 1995 1998 ISA /EFN /ESA BRAGANÇA<br />
Optimização da regeneração assistidas da floresta de sobreiro Maria Helena Almeida ICCT ISA/INREREF<br />
Participação no Projecto Estudo da variabilidade genética do sobreiro<br />
com vista ao melhoramento e a conservação de recursos genéticos<br />
UTPAM FCT 1997 2001<br />
Estudos Moleculares de formação da cortiça em Quercus suber UTPAM FCT<br />
ZYMV-Produção de anticorpos monoclonais anti-ZYMV (Zucchini<br />
yellow mosaic virus<br />
UTPAM/DB Alda Clemente PIDDAC do INETI 1992 1994 INETI, EAN<br />
Improving Nucleic Acid Techniques for detection of Plant Viruses<br />
(NATO PO- Plant virus<br />
UTPAM/DB Alda Clemente<br />
Programa Science for<br />
Stability/NATO<br />
1995 1999 INETI, EAN, BIOED, PLANSEL e UAL
TITULOS<br />
INSTITUIÇAO<br />
PROPONENTE<br />
RESPONSAVEL DO PROJECTO FONTE <strong>DE</strong> FINANCIAMENTO INICIO FIM ENTIDA<strong>DE</strong>S PARTICIPANTES<br />
Avaliação da aplicabilidade de anticorpos anti-ARN de cadeia dupla<br />
(dsRNA) no diagnóstico de um largo espectro de viroses em plantas<br />
UTPAM/DB Alda Clemente PAMAF 6152/ INIA 1997 2000 INETI, EAN, BIOED, PLANSEL<br />
Novas utilizações da cortiça -Materiais compositos<br />
Optimização do processo de separação da cortiça das podas do<br />
UTC Luis Gil<br />
Contrato de Desenvolvimento<br />
Industrial<br />
Programa Comunitário da<br />
1985 1987<br />
sobreiro (falcas) e aproveitamento industrial do pó de cortiça com<br />
UTC Luis Gil<br />
Acção de Investigação sobre 1987 1990<br />
outros desperdicios<br />
Materiais<br />
Aglomerados de cortiça: Caracterização e novos materiais UTC Luis Gil Programa Forest 1990 1993<br />
Protótipo de descasque de cortiça UTC Luis Gil Programa Value 1993 1994<br />
PROCORK - European Research on cork oak and cork UTC Luis Gil Programa AIR 1994 1996<br />
Aspectos moleculares da formação da cortiça em Quercus Suber UTC Luis Gil SAPIENS 2002<br />
Floresta e Ambiente On-line - Promoção de produtos florestais UTC Luis Gil AGRO Medida 3.6<br />
SUBERWOOD - Strategy and technological development for a<br />
sustainable wood+cork forestry chain<br />
Helena Pereira CE 2001 2005<br />
ULTRA - Multisensor system for internal charactesation of wood and<br />
cork<br />
VTT , Finlândia CE 2001 2003 Helena Pereira<br />
Estudos fundamentais sobre a cortiça e detecção precoce da<br />
qualidade da cortiça<br />
ISA Helena Pereira FCT 1998 2000<br />
Biopolimeros poli-glicerideos e poli-aromaticos constituintes da<br />
cortiça e de outos tecidos protectores<br />
ISA J. Graça FCT 2000 2003<br />
Optimização da expansão e aglomeração natural da cortiça no fabrico<br />
de aglomerado negro<br />
Corticeira Amorim Helena Pereira PEDIP 2003<br />
Estudo de Processos Bioquimicos no Sobreiro EFN Filomena Nobrega PIDDAC 1993 1995<br />
Contribuição para o Melhoramento do Sobreiro ISA Raul Filipe Xisto Bruno de Sousa PAMAF 1996 2000 EFN<br />
Processo Hidricos, Pedológicos e Biológicos em Montados de Sobro<br />
e Azinho<br />
PRAXIS 1995 1998<br />
Infecção de Quercus suber por Armillaria sp. Consequências na<br />
Qualidade da Cortiça para Rolha<br />
EFN<br />
Maria Natércia Duarte de Sousa<br />
Santos<br />
PRAXIS XXI 1993 2001<br />
Bases para a Recuperação do Montado de Sobro na Região<br />
Alentejana<br />
Caracterizaço da Estabilidade e Variabilidade genética de<br />
EFN<br />
Maria Natércia Duarte de Sousa<br />
Santos<br />
PAMAF-Med 4 1997 1999 FCUL, DRAA, ESACB, ADP<br />
Povoamentos de Sobreiro e sua Correlação com a Qualidade da<br />
PIDDAC 1999 2001<br />
Propagação vegetativa de Sobreiros Cortiça Produtores de Cortiça de<br />
Qualidade em Parque de Clones: Caracterização Molecular e<br />
Desenvolvimento de Metodologias Ecofisiologica para a Cartografia de Inventário<br />
EFN<br />
Maria Isabel Carrasquinho de<br />
Freitas Roldão<br />
PIDDAC 1999 2001<br />
Florestal dos Montados de Sobro a Partir de Informação Proveniente<br />
de Imagens de Satélite e de SIG's<br />
EFN Irene San Payo Cadima PIDDAC 2002 2004<br />
Caracterização de Proteínas Associadas com a Suberina do Sobreiro PIDDAC 2001 2003<br />
Factores Ecofisiológicos Criticos `a sustentabilidade dos Montados de<br />
Sobro e Azinho<br />
EFN<br />
Teresa Maria Santana Barreto<br />
Soares David<br />
PIDDAC 2001 2003<br />
Variabilidade Genética da Azinheira e do Sobreiro. A Transplantação<br />
como Ferramenta para a Conservação dos Recursos Genéticos<br />
PIDDAC 2002 2004<br />
Propagação vegetativa do Sobreiro por Meio de Produção de<br />
Semente não Fecundada<br />
PIDDAC 2002 2004
TITULOS<br />
Promoção da Gestão integrada, conservação e sustentabilidade do<br />
montado de sobro: Interrelação da fertilidade e Biologia do Solo com<br />
o Sistema Biológico do Montado<br />
Grwth and Yield Model for Cork Oak Stands Management: Influence<br />
of Edaphic and Climatic Factors<br />
Resposta de Sobreiros no Estado Juvenil `a Fertilizaçao em<br />
Povoamentos de Regenaraçao Natural e de Arborização<br />
Estudo da variabilidade Genética do Sobreiro com vista ao<br />
Melhoramento e a Conservação de Recursos Genéticos<br />
Importância do controlo genético na sustentabilidade dos sistemas<br />
florestais e agro-florestais de sobreiro em Portugal<br />
Demonstração da gestão de montados de sobro apoiada em<br />
inventário florestal e modelos de crescimento e produção<br />
Desenvolvimento experimental e demonstração de técnicas de<br />
produção do sobreiro em Trás-os-Montes<br />
Estabelecimento de áreas de demonstração da gestão de montados<br />
de sobro<br />
Novos aproveitamentos de sobreiro:produtos de madeira de alta<br />
qualidade<br />
Valorização produtiva, ambiental e económica das areas de montado<br />
(Valmont)<br />
Interacções insectos-fungos no montado de sobro: bases para a<br />
definição de novos meios de luta<br />
Propagação vegetativa de sobreiro por meio de produção de semente<br />
não fecundada<br />
Factores Ecofisiológicos Criticos à sustentabilidade dos Montados de<br />
Sobro e Azinho<br />
Influência de técnicas de uso do solo no estado vegetativo dos<br />
sobreiros e na produção de cortiça<br />
Certificação da semente de Quercus suber através de marcadores<br />
moleculares<br />
Espécies lenhosas mediterrânicas dos montados: sobrevivência à<br />
secura<br />
Sistema regional de prevenção contra pragas e doenças em espaços<br />
florestais<br />
Sistema regional de prevenção contra pragas e doenças em espaços<br />
florestais<br />
FORSEE - Gestão sustentável da floresta: uma rede europeia de<br />
zonas piloto para aplicação operacional<br />
Modelo de crescimento e produção orientada para a gestão do<br />
montado de sobro em Portugal (tarefa 2)<br />
Contribuição para o estudo do insecto Platypus cylindrus F.<br />
directamente associado ao declínio do sobreiro<br />
Optimização da gestão da semente de Sobreiro como suporte de<br />
politicas comunitárias de reflorestação e produção de cortiça<br />
INSTITUIÇAO<br />
PROPONENTE<br />
EFN<br />
ISA<br />
RESPONSAVEL DO PROJECTO FONTE <strong>DE</strong> FINANCIAMENTO INICIO FIM ENTIDA<strong>DE</strong>S PARTICIPANTES<br />
Maria Carolina Mariano Cardeira<br />
Varela<br />
Maria do Sameiro Patricio / Luis<br />
Filipe Nunes<br />
ISA Margarida Tomé PROJECTO AGRO 8.1<br />
UTAD Aloisio Loureiro PROJECTO AGRO 8.1<br />
ACHAR Carlos A. Neto PROJECTO AGRO 8.1<br />
ISA Helena Pereira PROJECTO AGRO 8.1<br />
ISA Nuno Cortes PROJECTO AGRO 8.1<br />
EFN<br />
EFN<br />
EFN<br />
Edmundo Manuel Rodrigues de<br />
Sousa<br />
Mari Carolina Mariano Cardeira<br />
Varela<br />
Teresa Maria Santana Barreto<br />
Soares David<br />
PARLE 2001 2004<br />
SAPIENS 2001 2004<br />
PIDDAC 2002 2004<br />
PRAXIS 1996 1999<br />
PIDDAC<br />
PIDDAC<br />
PIDDAC<br />
U.Evora Ario Lobo de Azevedo PIDDAC<br />
EFN<br />
EFN<br />
EFN<br />
EFN<br />
Maria de Lourdes Conceição<br />
Costa Ramos dos Santos<br />
Teresa Maria Santana Barreto<br />
Soares David<br />
Edmundo Manuel Rodrigues de<br />
Sousa<br />
Edmundo Manuel Rodrigues de<br />
Sousa<br />
EFN Rui Fernando de Oliveira e Silva<br />
EFN<br />
EFN<br />
EFN<br />
Alberto Macedo de Azevedo<br />
Gomes<br />
Edmundo Manuel Rodrigues de<br />
Sousa<br />
Maria de Lourdes Conceição<br />
Costa Ramos dos Santos<br />
PIDDAC<br />
2006 2008<br />
Programa POCTI 2005 2008 ISA<br />
Programa AGRIS:Acção 3<br />
Gestão sustentável e<br />
Estabilidade Programa AGRIS:Acçao Ecológica das 3<br />
2003 2007<br />
FLORASUL, Univ. Évora e ESA de Beja,<br />
DRAAlentejo<br />
Gestão sustentável e 2004 2007 AFFLOPS<br />
Estabilidade Ecológica das<br />
Projecto UE - Programa<br />
INTERREG III B<br />
2001 2004<br />
Este Projecto tem 25 Parceiros de<br />
Portugal, Espanha, França e Irlanda<br />
Programa POCTI 2001 2003 ISA e Univ .Évora<br />
Cooperação Cientifica e<br />
Tecnologica Internacional -<br />
Cooperação bilateral<br />
2002 2004<br />
Projecto UE - Programa FAIR 1998 2001<br />
Centre Nacional de la Recherche<br />
Forestiére (Marrocos )<br />
Univ.Politecnica de Madrid e Inst. Del<br />
Frio (Espanha) e Univ.di Torino e<br />
Stazione Sperimentale del<br />
Sughero(Italia) e Centre for Plant<br />
Breeding and Reproduction<br />
Research(Holanda) e ISA
TITULOS<br />
INSTITUIÇAO<br />
PROPONENTE<br />
RESPONSAVEL DO PROJECTO FONTE <strong>DE</strong> FINANCIAMENTO INICIO FIM ENTIDA<strong>DE</strong>S PARTICIPANTES<br />
Conhecimento fundamental sobre cortiça e avaliação da qualidade EFN Mario José Pinto Esteves Tavares PRAXIS XXI 1998 2001 ISA e IICT<br />
Rede europeia para avaliação dos recursos genéticos de sobreiro<br />
para o seu uso apropriado em estratégias de melhoramento e<br />
conservação genética<br />
Rede europeia para avaliação dos recursos genéticos de sobreiro<br />
para uso em melhoramento e conservação de genes (Microacção<br />
com a Argélia Marrocos e Tunísia)<br />
Processo Hidricos, Pedológicos e Biológicos em Quercus suber e<br />
Quercus rotundifolia<br />
Optimização da qualidade da cortiça desde a rolha ate ao montado<br />
de sobro:novas tecnologias de processamento e novas metodologias<br />
de avaliação da qualidade da cortiça na rolha, na pracha e no mato -<br />
QUALICORK<br />
Associação da eficácia de medidas de controlo das populações do<br />
insecto Platypus cylindrus . Estudo do efeito das relações insectofungos<br />
no agravamento do estado sanitário do montado<br />
Importancia do controlo genetico na sustentabilidade dos sistemas<br />
florestais e agro-florestais de sobreiro em Portugal<br />
O sector corticeiro na Península Iberica:evolução recente e<br />
perspectivas a médio prazo<br />
EFN<br />
EFN<br />
EFN<br />
EFN<br />
EFN<br />
EFN<br />
Maria Carolina Mariano Cardeira<br />
Varela<br />
Maria Carolina Mariano Cardeira<br />
Varela<br />
Teresa Maria Santana Barreto<br />
Soares David<br />
Miguel Maria Nugent Pestana da<br />
Silva<br />
Edmundo Manuel Rodrigues de<br />
Sousa<br />
Maria Carolina Mariano Cardeira<br />
Varela<br />
EAN Inocêncio de Jesus Seita Coelho<br />
Projecto UE - Programa FAIR 1997 2000<br />
Projecto UE 1997 2000<br />
INRA e Institut Mediterrane du Liege<br />
(França);INIA(Espanha):Univ.delle Studi<br />
della Tuscia(Italia);Institut fur<br />
Forrestgenetic(Alemanha) e Swedish<br />
University of Agricultural Sciences<br />
(Suecia) e ISA<br />
CNRF(Marrocos),INRGREF(Tunisia)e<br />
INRF(Argelia).<br />
Programa Praxis XXI 1997 2000 ITQB, INETI, ESA Brag.ISA e FCL<br />
Protocolo celebrado entre a<br />
RELVAS II e EFN<br />
2005 2007<br />
Fundo Florestal Permanente 2006 2009<br />
Acção Integrada Luso-<br />
Espanhola<br />
2007 2008<br />
2004 2005<br />
RELVAS II - Rolhas de Champagne, SA,<br />
Associação de Produtores Florestais de<br />
Coruche e Concelhos limitrofes, Instituto<br />
Superior Técnico e INIAP/EFN<br />
ACHAR - Associação Produtores<br />
Florestais Charneca e INIAP/EFN<br />
ISA(responsavel), Escola Superior<br />
Agrária de Bragança, Direcção Geral de<br />
Recursos Florestais, Federação dos<br />
Produtores Florestais de Portugal e<br />
INIAP/EFN<br />
Universidade Católica do Porto e da<br />
Univ. da Extremadura, Inst. de<br />
Economia Geografica, CIFOR, Univ.<br />
Complutense, Univ. de Girona e Museu<br />
del Suro de Palafrugell(Espanha)<br />
EZN, EAN, Efn, ENMP<br />
Carlos Alberto Gonçalves<br />
Carmona Belo<br />
PARIPIPI 2001 2004<br />
Univ. Algarve, ISA, DRRA, FMV e Univ.<br />
Evora<br />
Caracterização do estado actual dos montados de sobro no Nordeste<br />
Transmontano<br />
UTAD Carlos Pacheco Marques PAMAF-IED 1996 1999 UTAD, ESA de Bragança, DGFA<br />
Involvement of Phytophtora cinnamomi in the decline disease of<br />
Quercus suber epidemiologicaland Molecular studies<br />
POCTI/AGR/34389/2000<br />
A doença do declinio do sobreiro e da azinheira:Estudo da etiologia<br />
da doença e de medidas para o seu contolo<br />
Estudo da variabilidade Genética do Sobreiro com vista ao<br />
INTERREG III<br />
Termina<br />
do<br />
Melhoramento e a Conservação de Recursos Genéticos<br />
FCT-<br />
Mediterranean woody species of montados:surviving the drought ISA Teresa Soares David ProgramaPOCI/AGR/59152/20 2005 2008 EFN, ISA<br />
Carbwoodcork- Simulação do efeito de diferentes estratégias de<br />
04<br />
gestão e de alterações climáticas na produço~de madeira/cortiça e<br />
ISA Margarida Tomé POCI/AGR/57279/2004 2005 2008 CEF/ISA<br />
no sequestro de carbono para as principais especies da floresta<br />
Vulnerabilidade do montado de sobro às alterações climáticas: uma<br />
abordagem de modelação<br />
ISA J.S.Pereira POCTI/CLI/60413/2004 2005 2007 CEF(ISA),Univ. Évora /Univ. Bayreuth<br />
AGROREB Regeneração natural e artificial do sobreiro e a gestão<br />
sustentada do montado<br />
ISA J.S.Pereira<br />
AGRO(nº<br />
contrato:2003.09.002363.5)<br />
2004 2006<br />
CEF(ISA) IMAR, ACHAR, FLORASUL,<br />
ANSUB, Univ. Evora, DGRF, APFC<br />
Reforestation with cork oak: Genetic variability and seed storage<br />
biology<br />
ISA Maria Helena Almeida POCTI/41359/AGG/2001 2003 2007 CEF(ISA), UTQB, INETI, ESACB
ANEXO III<br />
Estratégias para Controlo do declínio do Montado de Sobro
Desfolhadores<br />
Tratamento<br />
consoante<br />
os casos<br />
Injecção no<br />
tronco com<br />
fungicida<br />
e/ou<br />
insecticida<br />
Protectores<br />
Alternância de<br />
faixas/manchas<br />
de vegetação<br />
Pousio<br />
Declínio Declínio Decl nio<br />
Análise do Panorama<br />
Geral<br />
Identificação dos Principais<br />
Problemas<br />
Identificação em Ortofotomapa das Zonas Afectadas<br />
Carta de Solos<br />
Topografia do terreno<br />
Caracterização dos povoamentos e dos sistemas de gestão<br />
Factores Bióticos Factores Abióticos<br />
Pragas Doenças<br />
Antrópicos<br />
Métodos<br />
Preventivos<br />
Platypus Platypus<br />
Armadilhas<br />
c/ atractivos<br />
Descortiçamento<br />
condicionado<br />
Controlo<br />
Enterramento<br />
dos toros<br />
(produção de<br />
carvão)<br />
Métodos<br />
Curativos<br />
Abate e<br />
toragem<br />
de árvores<br />
atacadas<br />
Com rega<br />
prévia<br />
Carvão do<br />
entrecasco<br />
Desinfecção<br />
do material<br />
corte e<br />
extracção<br />
Cobertura<br />
dos toros<br />
com filme de<br />
polietileno<br />
Pulverização<br />
insecticida<br />
Phytophthora<br />
Phytophthora<br />
Aplicação<br />
de Aliette<br />
Isolamento<br />
de áreas<br />
afectadas<br />
Pastagem<br />
anual<br />
Sistema de<br />
Gestão do<br />
Sob-coberto<br />
Fertilizante<br />
Controlo<br />
Pastagem<br />
permanente<br />
Corte de raízes<br />
Redução da<br />
regeneração natural<br />
Regeneração Corte raízes<br />
Calendarização<br />
de um sistema<br />
menos<br />
intensivo:<br />
-maquinaria<br />
-encabeçamento<br />
Mato<br />
Protege a<br />
regeneração natural<br />
Concorrência de<br />
elementos nutritivos<br />
e água<br />
Controlo<br />
Fertilização<br />
Sistema de<br />
Gestão do<br />
Povoamento<br />
Podas Descortiçamento<br />
Eliminação de<br />
agentes<br />
Promoção de um<br />
bom fuste<br />
Enfraquece a<br />
árvore<br />
Despojos<br />
no local<br />
Controlo<br />
Remoção com<br />
destino apropriado<br />
Elevada<br />
intensidade<br />
e/ou<br />
frequência<br />
excessiva<br />
Controlo<br />
Rentabilidade<br />
Enfraquece a<br />
árvore<br />
Redução da intensidade e<br />
frequência<br />
Aplicação de cicatrizantes<br />
Formação de podadores<br />
Feridas<br />
provocadas<br />
Controlo<br />
Solos Água Poluição<br />
Análises<br />
Químicas<br />
Fertilização<br />
Micorrização<br />
Melhoria da<br />
disponibilidade<br />
de água<br />
Adição de<br />
produtos<br />
higroscópios<br />
Elevado coeficiente<br />
de descortiçamento<br />
Diminuição<br />
Formação de<br />
descortiçadores<br />
Avaliação da<br />
disponibilidade<br />
de água no solo<br />
Controlo<br />
Diminuição<br />
Modelos<br />
(médio/longo<br />
prazo)<br />
I.S.T.<br />
F.C.<br />
Zona de<br />
encharcamento<br />
-Valas de<br />
drenagem<br />
Zona de<br />
falta de água<br />
-Valas de<br />
retenção