13.04.2013 Views

Joaquim Gomes de Souza e as Controvérsias Sobre o Uso das

Joaquim Gomes de Souza e as Controvérsias Sobre o Uso das

Joaquim Gomes de Souza e as Controvérsias Sobre o Uso das

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

JOAQUIM GOMES DE SOUZA E AS<br />

CONTROVÉRSIAS SOBRE O USO DAS<br />

SÉRIES DIVERGENTES NO SÉCULO XIX<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

131<br />

Carlos Sanchez Fernan<strong>de</strong>z<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Havana ( Cuba )<br />

Cícero Monteiro <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco<br />

Resumo: <strong>Joaquim</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> (1829-1864) é um dos tantos<br />

exemplos <strong>de</strong> inteligência <strong>de</strong>saproveitada na História da Ciência no<br />

Br<strong>as</strong>il. Sendo o primeiro graduado a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r uma tese <strong>de</strong> Doutorado<br />

em Ciênci<strong>as</strong> Físic<strong>as</strong> e Matemátic<strong>as</strong>,s em nosso país, foi ousado e lutou<br />

com insistência, por seu reconhecimento científico na Europa. Este<br />

artigo trata d<strong>as</strong> relações entre <strong>as</strong> su<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> matemátic<strong>as</strong> e <strong>as</strong><br />

controvérsi<strong>as</strong> em torno do uso legítimo <strong>de</strong> séries divergentes no século<br />

XIX. Começa com uma breve apresentação sobre sua vida, para em<br />

seguida <strong>de</strong>screver, concisamente, <strong>as</strong> característic<strong>as</strong> da polêmica sobre<br />

o uso <strong>de</strong> séries divergentes. Finalmente revela <strong>as</strong> consi<strong>de</strong>rações<br />

crític<strong>as</strong> dos autores sobre o uso <strong>de</strong>st<strong>as</strong> séries em seus trabalhos.<br />

Abstract: <strong>Joaquim</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> is one of the many<br />

exemples of unrecognised intelligence in the Br<strong>as</strong>il’s History<br />

of Sciences. <strong>Joaquim</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> (1829-1864) w<strong>as</strong> the<br />

first graduate to support a doctoral thesis on Physical and<br />

Mathematical Sciences in Brazil. He w<strong>as</strong> audacious and fought<br />

with insistence for his scientific recognition in Europe. His<br />

effort w<strong>as</strong> fruitless, though. This paper is concerned with the<br />

relations between the <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>’s mathematical works<br />

and the controversy about the legitime use of divergent series<br />

in the nineteenth century. It brings a brief introduction of


132 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

<strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>. Then, it succintly <strong>de</strong>scribes the characteristics<br />

of the polemic about the use of divergent series. Finally, it<br />

reveals the critical consi<strong>de</strong>rations of these authors concerning<br />

<strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>’s Works.<br />

Palavr<strong>as</strong> chaves: Análise Matemática, Br<strong>as</strong>il, Século XIX,<br />

<strong>Joaquim</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>.<br />

1 <strong>Joaquim</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> (A vida)<br />

Respeite os homens que dão prova <strong>de</strong> ousadia,<br />

mesmo que eles frac<strong>as</strong>sem.<br />

O Jovem Sêneca [ 1-65, d.C. ]<br />

Quando em 1749 o Marquês <strong>de</strong> Pombal estabeleceu o livre<br />

comércio do Grão-Pará e Maranhão, se iniciava-se o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sócio-econômico e cultural da província do Maranhão. Não foram<br />

pouc<strong>as</strong> <strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> portugues<strong>as</strong> que migraram para lá, incentivad<strong>as</strong><br />

pelos gran<strong>de</strong>s latifúndios que recebiam para habitar e explorar a<br />

região. É <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>st<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> que <strong>de</strong>scen<strong>de</strong> o ilustre <strong>Joaquim</strong><br />

<strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>. N<strong>as</strong>cido no Maranhão, em 1829, filho do Major<br />

Ignacio José <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>, possuidor <strong>de</strong> uma excelente posição<br />

social e uma razoável fortuna, que lhe permitiu educar os filhos n<strong>as</strong><br />

melhores escol<strong>as</strong> do país [BARBOSA, 1984, p. 25-27].<br />

Depois <strong>de</strong> alguns atropelos em seus primeiros anos escolares,<br />

em São Luís, capital do Maranhão e em Olinda, Pernambuco, on<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>veria estudar Direito, seu pai resolveu enviá-lo para o Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, com a pretensão <strong>de</strong> torná-lo militar <strong>de</strong> carreira, e para<br />

isso, a Escola Militar do Rio <strong>de</strong> Janeiro era o ambiente i<strong>de</strong>al. Esta<br />

escola, criada em 1810, por D. João VI, tinha como objetivo a<br />

formação <strong>de</strong> oficiais do exército, entretanto, p<strong>as</strong>sou a ter também<br />

o primeiro Curso <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> Físic<strong>as</strong> e Matemátic<strong>as</strong> do Br<strong>as</strong>il. Este<br />

é o início da matemática superior em nosso país, e para se ter uma<br />

idéia da sua qualida<strong>de</strong> o quadro <strong>de</strong> professores era composto por<br />

11 conferencist<strong>as</strong> e 5 substitutos, todos portugueses ou br<strong>as</strong>ileiros<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

graduados n<strong>as</strong> Universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Coimbra ou Lisboa. A Carta <strong>de</strong><br />

Lei que criou a Aca<strong>de</strong>mia Real Militar, também apontava quais os<br />

livros <strong>de</strong>viam ser adotados (por exemplo), Para o ensino da<br />

Álgebra e do Cálculo Diferencial e Integral se recomendava a<br />

famosa obra <strong>de</strong> LACROIX (1810), "Traité du Calcul Differentiel et<br />

du Calcul Intégral". Des<strong>de</strong> a sua fundação, a Aca<strong>de</strong>mia já contava<br />

com traduções d<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> mais populares <strong>de</strong> Euler, Bézout, Monge,<br />

Laplace e Legendre, entre outros e, algum tempo <strong>de</strong>pois, já se<br />

escreviam textos didáticos para uso da própria escola 1 .<br />

Quando <strong>Joaquim</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> matriculou-se na Escola<br />

Militar, com apen<strong>as</strong> 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, seus conhecimentos matemáticos<br />

se reduziam a habilida<strong>de</strong>s aritmétic<strong>as</strong> elementares e um pouco <strong>de</strong><br />

geometria plana. Depois <strong>de</strong> terminar o primeiro ano, com a saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>bilitada <strong>de</strong>vido ao esforço físico exigido <strong>de</strong>sisti do curso <strong>de</strong><br />

Engenharia e matriculou-se na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. As ciênci<strong>as</strong> naturais o atraiam, em especial a Física, a qual<br />

se incluía nos primeiros anos daquele curso. Seu interesse pela<br />

Matemática n<strong>as</strong>ce, <strong>as</strong>sim, indiretamente, na tentativa <strong>de</strong> conhecer<br />

<strong>as</strong> aplicações <strong>de</strong>ssa matéria n<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong>. Os resultados dos<br />

seus esforços pessoais levam-no, em 1847, a solicitar da Congregação<br />

da escola, prestar exames referentes aos quatro anos do Curso <strong>de</strong><br />

Ciênci<strong>as</strong> Físic<strong>as</strong> e Matemátic<strong>as</strong>. Depois <strong>de</strong> muita polêmica em<br />

torno <strong>de</strong>ste fato, em 10 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1848, recebe o título <strong>de</strong><br />

Bacharel em Ciênci<strong>as</strong> Físic<strong>as</strong> e Matemátic<strong>as</strong> e apen<strong>as</strong> cinco meses<br />

<strong>de</strong>pois, em 14 <strong>de</strong> outubro do mesmo ano, com 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> sua tese <strong>de</strong> doutorado: dissertação sobre o modo <strong>de</strong><br />

indagar novos <strong>as</strong>tros sem o auxílio d<strong>as</strong> observações diret<strong>as</strong>, cujos<br />

argumentos se b<strong>as</strong>eavam no <strong>de</strong>scobrimento, em 1846, do planeta<br />

Netuno e na Mecânica Celeste <strong>de</strong> Laplace. Esta foi a primeira tese<br />

<strong>de</strong> Matemática, <strong>de</strong>fendida em uma instituição br<strong>as</strong>ileira, para a<br />

obtenção do título <strong>de</strong> Doutor em Ciênci<strong>as</strong> Físic<strong>as</strong> e Matemátic<strong>as</strong>.<br />

Em 1848, é nomeado professor substituto da Escola Militar, dando<br />

início, no ano seguinte, a f<strong>as</strong>e <strong>de</strong> investigações científic<strong>as</strong> em sua curta<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

133


134 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

existência. Sem um veículo especializado no qual pu<strong>de</strong>sse divulgar os seus<br />

trabalhos, começa a publicá-los na revista literária chamada Guanabara,<br />

que, na época, circulava no Rio <strong>de</strong> Janeiro [SOUZA, 1850 e 1851].<br />

Em 1854, sentindo-se preso às limitações científic<strong>as</strong> do Br<strong>as</strong>il,<br />

pe<strong>de</strong> permissão ao governo para ir à Europa. Sua liberação foi<br />

justificada pel<strong>as</strong> du<strong>as</strong> missões para <strong>as</strong> quais fora <strong>de</strong>signado: estudar<br />

o sistema penitenciário com o objetivo <strong>de</strong> melhorar os procedimentos<br />

usados na C<strong>as</strong>a <strong>de</strong> Correção da Corte (Rio <strong>de</strong> Janeiro), da qual<br />

era secretário; e obter informações sobre os observatórios <strong>as</strong>tronômicos<br />

[LEAL, 1987, tomo II, p. 245-246]. Ao chegar em Paris, on<strong>de</strong><br />

fixou residência, começa a <strong>as</strong>sistir a diferentes cursos <strong>de</strong> Matemática<br />

na Sorbonne e estabelece contatos com os matemáticos franceses<br />

e ingleses. Durante os anos <strong>de</strong> 1855 e 1856 apresenta vários<br />

trabalhos na Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> da França e na Royal Society<br />

of London 2 .<br />

Não recebendo a <strong>de</strong>vida acolhida para a publicação <strong>de</strong> seus<br />

trabalhos na França e Inglaterra, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>, em 1856, viajar para a<br />

Alemanha e, por sugestão <strong>de</strong> amigos, entrega ao editor F. A.<br />

Brockhaus, em Leipzig, uma obra intitulada: "Recueil <strong>de</strong> mémoires<br />

d’Analyse e Physique Mathematiques", que além <strong>de</strong> reunir todos<br />

os seus trabalhos, continha a sua Filosofia Geral d<strong>as</strong> Matemátic<strong>as</strong>.<br />

A unificação dos métodos analíticos que, segundo ele [BLAKE,<br />

1889], consistia em um método unificador <strong>de</strong> toda a Ciência e seria<br />

consi<strong>de</strong>rada a sua mais importante obra.<br />

No início <strong>de</strong> 1857, no auge <strong>de</strong> sua produção científica, recebe<br />

um comunicado do irmão dizendo que ele havia sido eleito para<br />

representar a província do Maranhão no Parlamento Br<strong>as</strong>ileiro e<br />

que, portanto, <strong>de</strong>via regressar o mais rápido possível ao Br<strong>as</strong>il.<br />

A entrada <strong>de</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> na política encerra sua f<strong>as</strong>e <strong>de</strong><br />

investigações científic<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> este fato não o privou <strong>de</strong> continuar<br />

como professor, agora, catedrático da disciplina <strong>de</strong> Cálculo Diferencial<br />

e Integral. Mesmo <strong>as</strong>sim, não encontramos nenhum registro <strong>de</strong><br />

trabalhos científicos escritos por ele <strong>de</strong>pois<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

<strong>de</strong> 1857. Sabemos, entretanto, que, já como <strong>de</strong>putado, insiste,<br />

enviando ,à Paris, um extrato <strong>de</strong> sua primeira Memória, m<strong>as</strong> recebe<br />

a resposta <strong>de</strong> que por ser este muito extenso, não po<strong>de</strong> ser<br />

publicado nos Comptes Rendus da Aca<strong>de</strong>mia 3 .<br />

Em 1859, aparece em Leipzig, Alemanha, uma "Anthologie<br />

Universelle: choix <strong>de</strong>s meilleures poésies lyriques <strong>de</strong> diverses<br />

nations dans les langues originales", obra literária escrita durante<br />

sua permanência na Europa, e que mostra o grau <strong>de</strong> sua erudição<br />

[SOUZA, 1859].<br />

<strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> foi eleito representante <strong>de</strong> sua província pelo<br />

Partido Liberal, em três legislatur<strong>as</strong> consecutiv<strong>as</strong> (1857-1860,<br />

1861-1864, 1864-1867) [SOUZA, 1996].<br />

No final <strong>de</strong> 1863, os problem<strong>as</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que o perseguiam<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, se agravaram. Deposita su<strong>as</strong> últim<strong>as</strong> esperanç<strong>as</strong><br />

na medicina inglesa, porém não obtém sucesso. E <strong>as</strong>sim, com<br />

apen<strong>as</strong> 35 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, morre em Londres em junho <strong>de</strong> 1864.<br />

Em 1881, o ministro do Br<strong>as</strong>il em Berlin, é encarregado <strong>de</strong><br />

financiar a publicação da obra entregue ao editor Brockhaus. O<br />

"Mélanges <strong>de</strong> Calcul Intégral" foi publicado em março <strong>de</strong> 1882.<br />

Haviam se p<strong>as</strong>sado qu<strong>as</strong>e 30 anos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ele o escrevera, e<br />

apen<strong>as</strong> uma insignificante in<strong>de</strong>nização aprovada pelo Parlamento<br />

Br<strong>as</strong>ileiro foi suficiente para que a editora os public<strong>as</strong>se; entretanto,<br />

gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> seus escritos já haviam se perdido, em particular,<br />

"Filosofia Geral d<strong>as</strong> Matemátic<strong>as</strong>", que po<strong>de</strong>ria ter sido sua obra<br />

prima.<br />

2 O <strong>Uso</strong> d<strong>as</strong> Séries Divergentes no Século XIX.<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

135<br />

“Temos que admitir que muit<strong>as</strong> séries são tais<br />

que não po<strong>de</strong>mos utilizá-l<strong>as</strong> <strong>de</strong> imediato com<br />

segurança, exceto como método <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrimento,<br />

cujos resultados tenham que ser comprovados


136 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

posteriormente, e sem dúvida alguma o inimigo<br />

mais ferrenho d<strong>as</strong> séries divergentes faz uso<br />

<strong>de</strong>l<strong>as</strong> em particular” [DE MORGAN, 1844].<br />

No século XVIII, existia certo consenso em relação <strong>as</strong> so-m<strong>as</strong><br />

infinit<strong>as</strong> e, em particular, com <strong>as</strong> séries <strong>de</strong> potênci<strong>as</strong>:<br />

1.-As séries são parte essencial e imprescindível do cálculo<br />

infinitesimal;<br />

2.- As séries constituem uma extensão da álgebra <strong>de</strong> polinômios;<br />

3.-Toda função po<strong>de</strong> ser representada em forma <strong>de</strong> série.<br />

M<strong>as</strong> também existiam idéi<strong>as</strong> que não eram aceit<strong>as</strong> por to-dos:<br />

1.- Toda série possui uma única função geratriz.<br />

2.- Uma série, mesmo sendo divergente, po<strong>de</strong> ser útil para<br />

aproximações numéric<strong>as</strong>.<br />

3.- Uma série po<strong>de</strong> representar uma função em operações<br />

analític<strong>as</strong>, mesmo que ela seja divergente.<br />

É bem sabido que Euler foi um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensor <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> est<strong>as</strong><br />

idéi<strong>as</strong> e que era também consciente do risco <strong>de</strong> usar séries divergentes,<br />

m<strong>as</strong> preferia arriscar-se ao erro, a <strong>de</strong>ixar um problema sem<br />

solução.<br />

O tratamento que Euler dá <strong>as</strong> som<strong>as</strong> infinit<strong>as</strong> representa o<br />

paradigma do século XVIII e se reflete, como ciência normal, nos<br />

melhores textos da época, como na primeira edição do famoso<br />

"Traité du Calcul differentiel et du Calcul intégral <strong>de</strong> Lacroix", que<br />

apareceu em 1797. M<strong>as</strong> na segunda edição <strong>de</strong> 1810, mostrando<br />

a precaução exigida pela nova era, Lacroix vai chamar a atenção<br />

sobre o fato <strong>de</strong> que a série nem sempre tem o valor da função que<br />

representa. Mantendo, <strong>as</strong>sim, a idéia <strong>de</strong>fendida por Euler <strong>de</strong> que<br />

a série está <strong>as</strong>sociada a função, e em qualquer operação analítica,<br />

série e função entram com <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> consi<strong>de</strong>rações [LACROIX,<br />

1810, v.1, p. 4].<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

Esta mudança, refletida em um dos textos mais influentes da<br />

época, indica o começo <strong>de</strong> uma radicalização crítica que vai gerar<br />

a Ida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> Revoluções, <strong>as</strong>sim chamada pelo historiador inglês<br />

Hobsbawn:<br />

“No one could fail to observe that the<br />

world w<strong>as</strong> transformed more radically<br />

than ever before in this era ... It is hardly<br />

surprising that patterns of though <strong>de</strong>rived<br />

from the rapid social changes, the profound<br />

revolutions, the systematic replacements<br />

sof customary or traditional institutions<br />

by radical rationalist innovations, should<br />

become acceptable ...” [HOBSBAWN, 1962,<br />

p. 477].<br />

Com relação à soma <strong>de</strong> séries, este radicalismo racionalista<br />

se observa em toda a geração formada n<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> décad<strong>as</strong> da<br />

Escola Politécnica <strong>de</strong> Paris, nos quais uma atitu<strong>de</strong> crítica, revolucionária,<br />

ante a situação social, fazem aflorar todos os redutos em prol <strong>de</strong><br />

uma conscientização social.<br />

Porém, mais importante do que a preocupação em legitimar<br />

a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> um valor para a soma infinita, nesta primeira etapa,<br />

o que realmente ocupava a atenção dos analist<strong>as</strong>, era o problema<br />

da representação e aproximação. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representar<br />

analiticamente funções arbitrári<strong>as</strong>, por séries <strong>de</strong> funções elementares,<br />

se fazia cada vez mais importante. As técnic<strong>as</strong> eulian<strong>as</strong>, <strong>de</strong>senvolvid<strong>as</strong><br />

em um contexto funcional restrito, se tornavam insegur<strong>as</strong> e pouco<br />

confiáveis, sobretudo para o racionalista radical. A representação<br />

por séries <strong>de</strong> Fourier serviu para mostrar o tipo <strong>de</strong> problema<br />

surgido na física matemática no início do século XIX e que exigia<br />

uma rigorização do método. Tal rigorização, para que fosse construtiva,<br />

<strong>de</strong>via negar dialeticamente a prática matemática anterior, procurando<br />

eliminar uma mínima parte d<strong>as</strong> soluções dad<strong>as</strong> aos problem<strong>as</strong><br />

priorizados do século XVIII. Era necessário um sacrifício no nível<br />

empírico, em benefício da elevação do nível racional teórico.<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

137


138 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

É completamente natural que neste momento tendo ocorrido<br />

uma dis-criminação contra o uso d<strong>as</strong> séries divergentes. Uns,<br />

porque compreendiam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> legislar sobre os direitos<br />

<strong>de</strong> cada cl<strong>as</strong>se para servir <strong>de</strong> representantes d<strong>as</strong> funções mais<br />

rebel<strong>de</strong>s (como é o c<strong>as</strong>o <strong>de</strong> Abel e Cauchy que, em seus estudos,<br />

eram cautelosos no trato com <strong>as</strong> séries divergentes, m<strong>as</strong> não<br />

proibiam categoricamente o seu uso); outros, porque sua mentalida<strong>de</strong><br />

estreita não lhes permitia compreen<strong>de</strong>r o correto e necessário<br />

sentido dialético da negação e dogmatizavam mecanicamente o<br />

rigor dos mestres, proscrevendo o uso <strong>de</strong> tudo o era comprovadamente<br />

convergente, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> qualquer outro valor heurístico<br />

ou prático. A maioria, porque o temor congênito <strong>de</strong> errar por<br />

incapacida<strong>de</strong> os levaria a autolimitar-se ao uso <strong>de</strong> um instrumento<br />

cuja potencialida<strong>de</strong> era misteriosa: convencer que uma série sendo<br />

divergente dá uma boa aproximação e serve <strong>de</strong> representante em<br />

operações analític<strong>as</strong>, não é <strong>as</strong>sunto fácil, mesmo hoje na era da<br />

informática.<br />

Aqueles que continuavam priorizando o lado prático, heurístico,<br />

do uso d<strong>as</strong> séries divergentes, entraram na polêmica. M<strong>as</strong><br />

a diferença do que havia ocorrido no século XVIII é que agora,<br />

a maioria se agrupava em torno dos mais radicais. É interessante<br />

notar como <strong>as</strong> comunida<strong>de</strong>s científic<strong>as</strong> européi<strong>as</strong> <strong>as</strong>sumiram posições<br />

diferentes diante <strong>de</strong>sta polêmica.<br />

A geração da Analytical Society <strong>de</strong> Cambridge foi pioneira<br />

pela não aceitação do rigor europeu, pois estava formada no culto<br />

aos algoritmos e admitia, sem muita cautela, o uso d<strong>as</strong> series<br />

divergentes:<br />

“... the attempt to exclu<strong>de</strong> the use of<br />

divergent series in symbolical operations<br />

would necessarily impose a limit upon the<br />

universality of algebraic formulae and<br />

operations which is altogether contrary<br />

to the spirit of the science...” [PEACOKS,<br />

1833, p. 282].<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

Assim pensavam, ou atuavam, com b<strong>as</strong>e em tais convicções,<br />

<strong>de</strong>ntre outros, De Morgan, J.R. Young, R. Moon, S. Earnshaw,<br />

T. Jarret. Alguns obtiveram importantes resultados, como é o c<strong>as</strong>o<br />

<strong>de</strong> GREEN (1837) e STOKES (1857) os quais, resolveram com<br />

maestria problem<strong>as</strong> cuja resolução numérica, através d<strong>as</strong> séries<br />

divergentes, era paradoxalmente muito mais precisa e rápida que<br />

utilizando <strong>as</strong> séries convergentes 4 .<br />

A socieda<strong>de</strong> alemã, mesmo dividida e sendo econômica e<br />

politicamente mais débil, apresentou, diante <strong>de</strong>sta polêmica, uma<br />

gama <strong>de</strong> concepções pouco sistemátic<strong>as</strong>. M. Ohm, por exemplo,<br />

mantinha pontos <strong>de</strong> vista mais conservadores os quais, estavam em<br />

conflito com Schlomilch, Grunert e Dirksen.<br />

Por sua vez, Grunert e Schlomilch <strong>de</strong>sprezavam o rigor dogmático<br />

que Dirksen <strong>de</strong>fendia. Jacobi, não precisamente por honra ao<br />

espírito humano, e sim por seus interesses em investigações<br />

aplicad<strong>as</strong>, usa séries <strong>as</strong>sintótic<strong>as</strong>. Dirichlet, por sua vez, vai procurar<br />

o rigor do estilo da escola francesa 5 .<br />

Na França, mais revolucionária e romântica, encontramos<br />

repetidos chamados ao papel heurístico d<strong>as</strong> séries divergentes. O<br />

mesmo Cauchy, que tanto <strong>de</strong>fendia o rigor, utilizaria séries divergentes<br />

em su<strong>as</strong> investigações aplicad<strong>as</strong> 6 , em diferentes problem<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

ond<strong>as</strong>, ótica e <strong>as</strong>tronomia; mais tar<strong>de</strong>, quando já era um profissional<br />

experiente, escreveu em um artigo ...para por em evidência <strong>as</strong><br />

vantagens que podia oferecer o emprego da série <strong>de</strong> Stirling e<br />

muit<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> séries da mesma natureza, apesar <strong>de</strong> sua divergência<br />

[CAUCHY, 1843].<br />

Poisson, Navier, Lamé, Liouville, <strong>de</strong>ntre outros, aprovavam<br />

o uso cauteloso d<strong>as</strong> séries d<br />

ivergentes nos problem<strong>as</strong> <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> equações diferenciais<br />

e, com freqüência, <strong>as</strong> utilizaram sem<br />

a precaução requerida. Assim, por exemplo, Liouville 7 não se <strong>de</strong>u<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

139


140 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

conta do erro que se cometia ao substituir a solução por termos<br />

<strong>de</strong> uma série <strong>as</strong>sintótica, nem tampouco analisou <strong>as</strong> condições<br />

sobre <strong>as</strong> quais isso é factível.<br />

Devemos <strong>as</strong>sinalar que esta polêmica se manteve até o final<br />

do século, quando a acumulação <strong>de</strong> c<strong>as</strong>os anômalos e rebel<strong>de</strong>s<br />

impussam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rever o que era negado e voltar <strong>as</strong><br />

condições iniciais do modo <strong>de</strong> sistematização em um nível qualitativo<br />

superior, encerrando-se, <strong>as</strong>sim, um ciclo dialético. M<strong>as</strong> este salto<br />

qualitativo, que leva a síntese dialética aos princípios heurísticos<br />

eulianos e ao rigor crítico-teórico, não era possível sem um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

interno da teoria d<strong>as</strong> funções, em especial, <strong>de</strong> uma compreensão<br />

mais ampla do problema da representação analítica. Por outro<br />

lado, tinha-se que produzir mudanç<strong>as</strong> extern<strong>as</strong> n<strong>as</strong> comunida<strong>de</strong>s<br />

científic<strong>as</strong> que são, afinal <strong>de</strong> cont<strong>as</strong>, responsáveis pela elaboração,<br />

sistematização e aplicação do saber matemático.<br />

Tod<strong>as</strong> est<strong>as</strong> mudanç<strong>as</strong> vão se processando sincronicamente<br />

até produzir o salto qualitativo. Entretanto, <strong>as</strong> condições objetiv<strong>as</strong><br />

e subjetiv<strong>as</strong> não amadureceram o suficiente para propiciarem a<br />

modificação racional da prática matemática 8 , ou seja, <strong>as</strong> contradições,<br />

que mo<strong>de</strong>lavam o seu <strong>de</strong>senvolvimento, levavam a situações paradoxais<br />

e, por conseguinte, justificavam <strong>as</strong> polêmic<strong>as</strong>, o que não quer dizer<br />

que se justifique a discriminação e a intolerância, como nos parece<br />

ocorrer com <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>.<br />

3 Consi<strong>de</strong>rações Crític<strong>as</strong> <strong>Sobre</strong> o <strong>Uso</strong> d<strong>as</strong> Séries<br />

Divergentes por <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

Il doit donc y avoir quelque chose <strong>de</strong> réel et <strong>de</strong><br />

légitime dans l’emploi et l’usage qu’on fait <strong>de</strong>s<br />

suites divergentes, quelqu’on ne puisse p<strong>as</strong><br />

tout-a-fait justifier leur emploi [SOUZA, 1882,<br />

p. 37].<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

<strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> resume su<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> sobre séries divergentes<br />

em sua segunda Memória, que apresentou na Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Francesa<br />

Ciênci<strong>as</strong>. Ali está na segunda página, a confissão <strong>de</strong> seu pecado:<br />

Mais si les metho<strong>de</strong>s dont j’ai fait usage<br />

dans la Mémoire cité 9 , sont tout-à-fait<br />

rigoureuses, on ne peut p<strong>as</strong> en dire <strong>de</strong><br />

même <strong>de</strong> toutes celles dont nous allons<br />

faire usage ici, puisque je me sers <strong>de</strong><br />

certains développements en séries, dont<br />

la convergence n’est p<strong>as</strong> démontrée, et<br />

dont l’emploi, par consequent, d’après<br />

quelques géomètres, n’est p<strong>as</strong> très legitime.<br />

Mais si nous p<strong>as</strong>sons par <strong>de</strong>ssus ces difficultés<br />

qui n’existaient p<strong>as</strong> il y a seulement quelques<br />

années, et qui n’existent p<strong>as</strong> même aujourd<br />

hui pour plusieurs géomètres, tous ou<br />

presque tous faisant usage <strong>de</strong> suites dont<br />

la convergence n’est p<strong>as</strong> prouvée ou ne<br />

peut p<strong>as</strong> être <strong>de</strong>montrée... on verra que<br />

nous avons résolu le fameux problème<br />

dont la solution a été inutilment cherchée<br />

<strong>de</strong>puis <strong>de</strong>ux cents années... [SOUZA,1882,<br />

p. 2] 10 .<br />

Des<strong>de</strong> o início, este ousado jovem queria mostrar seu valor<br />

em meio a intolerância crítica, m<strong>as</strong> teve a má sorte <strong>de</strong> manejar<br />

arm<strong>as</strong> proibid<strong>as</strong>. Porém insiste, procurando uma justificativa:<br />

Mais quel sens donner à la série quand<br />

ses termes au lieu <strong>de</strong> s’évanouir pour <strong>de</strong>s<br />

valeurs croissantes <strong>de</strong> n, conservent toujours<br />

une gran<strong>de</strong>ur finie ou croissent d une<br />

manière quelconque sans avoir même d<br />

autre espèce <strong>de</strong> limite que l’infini? Aucun;<br />

a moins qu’on n’en f<strong>as</strong>se p<strong>as</strong> une nouvelle<br />

convention... [SOUZA, 1882, p. 33].<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

141


142 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

Ou seja, seu entendimento é <strong>de</strong> que o problema resi<strong>de</strong> nos<br />

convencionalismos <strong>de</strong> moda que freiam <strong>as</strong> possibilida<strong>de</strong>s heurístic<strong>as</strong>,<br />

mesmo naquel<strong>as</strong> situações que ainda não se sabe como resolver<br />

- e aí estava o seu drama - Apresentava a solução que, somente<br />

30 anos <strong>de</strong>pois, dariam Stieltjes, Poincaré e Borel: se <strong>de</strong>ve fazer<br />

uma nova convenção. Esta afirmação se concretiza, mais tar<strong>de</strong>,<br />

quando se <strong>de</strong>fine <strong>de</strong> uma maneira mais ampla os conceitos <strong>de</strong><br />

somabilida<strong>de</strong> e representação analítica.<br />

Na página seguinte, <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> mostra que conhece<br />

perfeitamente a teoria euliana e que, para ele, o importante é o<br />

caráter representativo da série n<strong>as</strong> operações analític<strong>as</strong>:<br />

... nous regar<strong>de</strong>rons la série du second<br />

membre, quand elle est divergente, comme<br />

une espèce <strong>de</strong> symbole remplaçant la fonction<br />

f(x); et cela n’a p<strong>as</strong> le moindre inconvénient<br />

pourvu qu’à la fin <strong>de</strong>s calculs nous remplacions<br />

toutes les sèries ou expressions symboliques,<br />

<strong>de</strong> ce genre qu’on rencontrera par leurs<br />

fonctions géneratrices [SOUZA, 1882, p.<br />

34].<br />

Para uma justa análise crítica d<strong>as</strong> concepções <strong>de</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Souza</strong>, consi<strong>de</strong>ramos imprescindível, partir d<strong>as</strong> seguintes premiss<strong>as</strong><br />

metodológic<strong>as</strong>:<br />

1°.- Não se po<strong>de</strong> julgar da mesma forma alguém que, como<br />

ele, se formou com tant<strong>as</strong> limitações e poucos estímulos científicos,<br />

e os que tiveram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescer em uma atmosfera<br />

propícia e com condições revolucionári<strong>as</strong> para a investigação<br />

científica.<br />

2°.- Não era possível que ele, nem nenhum <strong>de</strong> seus ilustres<br />

contemporâneos mais atualizados nos avanços da Análise, pu<strong>de</strong>sse<br />

conseguir compreen<strong>de</strong>r o alcance dos princípios <strong>de</strong> Euler, e os<br />

sintetizar dialeticamente com os ditames do rigor, sem uma ampla<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

e profunda compreensão da analítica que ainda estava por vir. E<br />

isto somente se consegue <strong>de</strong>pois dos trabalhos <strong>de</strong> Weierstr<strong>as</strong>s,<br />

Poincaré, Hadamard e outros, que abrem <strong>as</strong> fontes d<strong>as</strong> quais se<br />

nutre a obra contemporânea <strong>de</strong> Borel [SANCHEZ FERNANDEZ,<br />

1994], primeira formulação sistemática <strong>de</strong> uma teoria <strong>de</strong> séries<br />

divergentes.<br />

Por outro lado, po<strong>de</strong>mos ainda dizer que a sua formação como<br />

engenheiro e como <strong>as</strong>trônomo, recebida na Aca<strong>de</strong>mia Militar <strong>de</strong><br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro e em seus estudos autodidat<strong>as</strong>, o levou a compreen<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> maneira diferente o sentido da convergência e sua negação.<br />

Poincaré foi um dos primeiros a apresentar esta característica em<br />

seus "Métho<strong>de</strong>s nouvelles <strong>de</strong> la mécanique céleste".<br />

Il y a entre les géometres et les <strong>as</strong>tronomes<br />

une sorte <strong>de</strong> malentendu au sujet <strong>de</strong> la<br />

signification du mot convergence. Les<br />

géomètres, préoccupés <strong>de</strong> la parfaite rigueur<br />

et souvent trop indifferénts à la longuer<br />

<strong>de</strong> calculs inextricables dont ils conçoivent<br />

la possibilité, sans songer à les entreprendre<br />

effectivement, disent qu’un série est<br />

convergente quand la somme <strong>de</strong>s termes<br />

tend vers une limite <strong>de</strong>terminée, quand<br />

même les premiers termes diminueraient<br />

très lentement. Les <strong>as</strong>tronomes, au contraire,<br />

ont coutume <strong>de</strong> dire qu’une série converge<br />

quand les vingt premiers termes, par exemple,<br />

diminuent très rapi<strong>de</strong>ment, quand même<br />

les termes suivants <strong>de</strong>vraient croître<br />

indéfiniment...<br />

Les <strong>de</strong>ux règles sont légitimes: la première<br />

dans les recherches théoriques; la secon<strong>de</strong><br />

dans les applications numériques...<br />

[POINCARÉ, 1893, v. 2, cap. 8].<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

143


144 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

Borel, em sua Memória premiada pela Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> Paris, <strong>de</strong>ixou claro, através <strong>de</strong> seu estilo dialético, em que<br />

consiste o sentido, aparentemente paradoxal, dos resultados corretos<br />

que se obtém com o emprego <strong>de</strong> séries divergentes:<br />

Le paradoxe disparait si l’on songe à la<br />

différence profon<strong>de</strong>, sur laquelle nous<br />

avons insisté plus haut, entre les séries<br />

naturelles, auxquelles conduisent <strong>de</strong>s<br />

problèmes simples, et les séries fabriquées<br />

artificiellement. Ces <strong>de</strong>rnières, lorsqu’elles<br />

sont convergentes, ont sans doute une<br />

valeur numérique...; lorsqu’elles sont<br />

divergentes, on n’en peut absolutement<br />

rien dire. On conçoit qu il puisse en être<br />

tout autrement <strong>de</strong>s séries naturelles [BOREL,<br />

1899, p. 51].<br />

Poincaré e Borel, autorida<strong>de</strong>s indiscutíveis, nos permitem<br />

analisar corretamente o tratamento que <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> dá ao uso<br />

d<strong>as</strong> séries divergentes:<br />

1°.- As séries aparecem em seus trabalhos <strong>de</strong> forma natural,<br />

ligad<strong>as</strong> a solução <strong>de</strong> equações íntegro-diferenciais;.<br />

2°.- O seu interesse era obter uma representação analítica da<br />

solução, que servisse como aproximação n<strong>as</strong> manipulações operativ<strong>as</strong>;.<br />

Se relembrarmos um critério b<strong>as</strong>tante difundido à época, o<br />

qual encontramos refletido, por exemplo, em [DE MORGAN,<br />

1849, v.8, part II, p. 182-203], po<strong>de</strong>mos agregar outro argumento<br />

a seu favor:<br />

3°.- Ele usa <strong>as</strong> séries divergentes como meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrimento<br />

e não como meio <strong>de</strong> sistematização teórica.<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

Isto está explícito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a introdução <strong>de</strong> sua Memória :<br />

Je dois encore ajouter qu’après avoir<br />

déduit <strong>de</strong> l’equation (7) plusieurs solutions<br />

fondées sur <strong>de</strong>s dévéloppements en séries,<br />

je suis venu à bout <strong>de</strong> la resoudre, en<br />

mettant tout-à-fait les suites <strong>de</strong> côté, ne<br />

m’appuyant que sur <strong>de</strong>s intégrales définies,<br />

et par conséquent, donnant à la solution<br />

toute la rigueur désirable [SOUZA, 1882,<br />

p. 2].<br />

E para os que não se convencem da legitimida<strong>de</strong> do uso que<br />

fez d<strong>as</strong> séries <strong>as</strong>sintótic<strong>as</strong>, na "Addition au Mémoire sur <strong>de</strong>s<br />

métho<strong>de</strong>s générales d’intégration", afirma:<br />

... on peut toujours mettre <strong>de</strong> cotés les<br />

c<strong>as</strong> douteux, n’employant que <strong>de</strong>s suites<br />

divergentes qui expriment <strong>de</strong>s fonctions<br />

générales ...<br />

[SOUZA, 1882, p. 70].<br />

É o mesmo emprego d<strong>as</strong> séries divergentes naturais, como<br />

diria Borel.<br />

Então, perguntamos: Por que a Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

Paris não publicou os seus trabalhos? Por resultados incorretos?<br />

Por ter empregado o uso <strong>de</strong> séries divergentes? Por ele ser<br />

br<strong>as</strong>ileiro?<br />

Não é fácil respon<strong>de</strong>r a ess<strong>as</strong> interrogações. A verda<strong>de</strong> é que<br />

ele não recebeu, em momento algum, uma resposta oficial, embora<br />

tenha insistido em inúmer<strong>as</strong> oc<strong>as</strong>iões perante a Comissão <strong>de</strong>signada<br />

para analisar sua obra.<br />

A "Mémoire sur les métho<strong>de</strong>s générales d’intégration" foi<br />

apresentada ao Instituto, em 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1855, e enviada a uma<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

145


146 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

comissão constituída por M.M. Bienaymé, Lamé e Liouville, como<br />

relator. A mesma comissão, a qual posteriormente, se acrescentou<br />

Cauchy, teria que analisar também outra memória com o seguinte<br />

título: "Construccíon <strong>de</strong> algun<strong>as</strong> fórmul<strong>as</strong> sumatori<strong>as</strong> y reducción<br />

a sum<strong>as</strong> finit<strong>as</strong> <strong>de</strong> l<strong>as</strong> diferentes series" que entran en la "Memoria",<br />

<strong>as</strong>sim como um opúsculo sobre o som, que foram apresentad<strong>as</strong> em<br />

16 <strong>de</strong> julho do mesmo ano 11 .<br />

Em 9 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1856, volta apresentar, na mesma Aca<strong>de</strong>mia,<br />

uma Adição à sua primeira Memória, na qual preten<strong>de</strong> provar<br />

que seus resultados são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do uso heurístico que fez<br />

d<strong>as</strong> séries divergentes para obtê-los, uma vez que estava convencido<br />

<strong>de</strong> que a <strong>de</strong>mora em obter um parecer da comissão, se <strong>de</strong>via a este<br />

uso polêmico.<br />

Porém toda insistência é em vão:<br />

M. <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> prie l’Aca<strong>de</strong>mie <strong>de</strong><br />

vouloir bien hâter le travail <strong>de</strong> la commission<br />

qui a ètè chargèe <strong>de</strong> l’examen <strong>de</strong> ses<br />

diverses communications concernant <strong>de</strong>s<br />

questions d’analyse mathèmatique. M. <strong>de</strong><br />

<strong>Souza</strong> <strong>de</strong>vant prochainement quitter la<br />

France et probablement pour n’y plus<br />

revenir, désire vivement obtenir sur ses<br />

travaux un jugement <strong>de</strong> l’Aca<strong>de</strong>mie 12 .<br />

É incrível a persistência <strong>de</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>, pois mesmo já<br />

estando no Rio <strong>de</strong> Janeiro, envia um extrato <strong>de</strong> sua primeira<br />

Memória 13 . Desta vez obtém a resposta <strong>de</strong> que o seu extrato é<br />

muito longo para encontrar lugar nos Comptes Rendus. Ao que<br />

tudo indica, isto esgota sua paciência, <strong>de</strong>cidindo em não mais<br />

insistir (quem sabe também o tenha convencido, infelizmente, a<br />

<strong>de</strong>ixar su<strong>as</strong> investigações científic<strong>as</strong> e <strong>de</strong>dicar-se a uma reconfortante<br />

carreira política em sua amada Pátria).<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

A famosa comissão, se se reuniu, não elaborou parecer algum<br />

ou, se o elaborou, seu relator - M. Liouville - não se preocupou<br />

em redigi-lo. Desta forma, a Aca<strong>de</strong>mia limitou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

que outros contemporâneos lessem e critic<strong>as</strong>sem a obra <strong>de</strong> tão<br />

competente br<strong>as</strong>ileiro. Pelo menos uma crítica construtiva po<strong>de</strong>ria<br />

tê-lo estimulado a continuar su<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong>.<br />

Em sua autobiografia, expressa, da seguinte forma, a respeito<br />

<strong>de</strong>ste episódio:<br />

"D<strong>as</strong> questões escrit<strong>as</strong> acima, <strong>as</strong>sim como<br />

<strong>de</strong> outr<strong>as</strong> mais gerais, <strong>de</strong>i gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> soluções b<strong>as</strong>ead<strong>as</strong> ou em séries<br />

convergentes, ou em métodos inteiramente<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> séries, <strong>de</strong>duzindo sempre,<br />

como c<strong>as</strong>os particulares d<strong>as</strong> minh<strong>as</strong> fórmul<strong>as</strong>,<br />

<strong>as</strong> soluções <strong>de</strong> Liouville. Esta Memória,<br />

a menos importante talvez d<strong>as</strong> que tenha<br />

escrito, foi apresentada ao Instituto <strong>de</strong><br />

França, que até hoje não quis dar parecer,<br />

sendo Liouville o relator; o que tenho o<br />

direito, creio, <strong>de</strong> atribuir a “la petite<br />

jalousie”, tendo o célebre Lamé, um dos<br />

comissários a quem eu instigava para<br />

que a comissão <strong>de</strong>sse parecer, escrito<br />

uma carta que dizia: -“J’ai lu votre mémoire,<br />

il pruve que vous êtes un bom analyste;<br />

je vous salue comme tel et pense que mes<br />

collègues ne seront p<strong>as</strong> d’un autre opinion”.<br />

É certo que nos trabalhos <strong>de</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> existem freqüentes<br />

referênci<strong>as</strong> a métodos e resultados <strong>de</strong> Liouville [SOUZA, 1882,<br />

p. 75-84, 219], m<strong>as</strong> a reconhecida competência matemática <strong>de</strong>ste<br />

ilustre cientista nos parece que foi o suficiente para que ele não<br />

<strong>de</strong>sse a <strong>de</strong>vida atenção <strong>as</strong> hipóteses levantad<strong>as</strong> pelo jovem estrangeiro.<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

147


148 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

É bem verda<strong>de</strong> que havia razões óbvi<strong>as</strong> que dificultavam a<br />

tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões pela comissão dirigida por Liouville:<br />

1°.- o seu objetivo pretensioso em criar um método geral <strong>de</strong><br />

resoluções <strong>de</strong> equações íntegro-diferenciais, <strong>as</strong> quais só haviam<br />

sido tratad<strong>as</strong> em muitos poucos c<strong>as</strong>os particulares;<br />

2°.- a utilização, como ferramenta principal, d<strong>as</strong> aproximações<br />

e representações por séries divergentes, mesmo que somente fosse<br />

como meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração, abria um espaço para a dúvida e a<br />

<strong>de</strong>sconfiança;<br />

3°.- o fato <strong>de</strong> ser ele um br<strong>as</strong>ileiro<strong>de</strong>sconhecido, aumenta <strong>as</strong><br />

chances <strong>de</strong> possíveis erros em um ambiente social b<strong>as</strong>tante presunçoso.<br />

Est<strong>as</strong> três razões consi<strong>de</strong>rad<strong>as</strong> em seu conjunto, bem po<strong>de</strong>riam<br />

haver incidido n<strong>as</strong> <strong>de</strong>liberações da comissão. O que não<br />

se justifica é a falta <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> humana em o privar <strong>de</strong> uma<br />

indicação do seu valor e <strong>de</strong> uma resposta <strong>de</strong> alento e estímulo.<br />

Liouville, com sua maturida<strong>de</strong> profissional e como relator da<br />

Comissão, estava em magnífic<strong>as</strong> condições para cumprir esta<br />

missão honrosa, a qual possivelmente daria à história da matemática<br />

br<strong>as</strong>ileira do século XIX, um nome glorioso.<br />

Ao finalizar sua Memória sobre os métodos gerais <strong>de</strong> integração,<br />

<strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> faz uma <strong>de</strong>claração que <strong>de</strong>nota sua<br />

amargura e su<strong>as</strong> <strong>de</strong>sesperanç<strong>as</strong>:<br />

...Mais, si je suis forcé à m’arreter ici et<br />

s’il ne m’est p<strong>as</strong> permis <strong>de</strong> voir dèroulée<br />

<strong>de</strong>vant mes yeux la scène où mon imagination<br />

s’était tant <strong>de</strong> fois jetée, j’aurai du moins<br />

le plaisir d’avoir ouvert le chemin pour<br />

les autres... [SOUZA, 1882, p. 69]<br />

Qu<strong>as</strong>e 30 anos se p<strong>as</strong>saram até que se public<strong>as</strong>sem <strong>as</strong> su<strong>as</strong><br />

memóri<strong>as</strong> perdid<strong>as</strong>. Depois <strong>de</strong> serem publicad<strong>as</strong>, <strong>Gomes</strong> Teixeira,<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

ex-Reitor da Universida<strong>de</strong> do Porto, Portugal, introduz um comentário<br />

sobre a obra <strong>de</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> na Revista <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> Matemátic<strong>as</strong><br />

e Astronômic<strong>as</strong>, .na qual, além <strong>de</strong> <strong>as</strong>sinalar a beleza da Memória,<br />

afirma que os resultados são também <strong>de</strong> muita importância, que<br />

revelam, no ilustre analista br<strong>as</strong>ileiro, uma inteligência elevada.<br />

Esta mesma revista, sque consta a opinião <strong>de</strong> <strong>Gomes</strong> Teixeira,<br />

publica um artigo <strong>de</strong> Otto <strong>de</strong> Alencar Silva (1875-1912), que sem<br />

dúvida é um pioneiro na pesquisa matemática no Br<strong>as</strong>il, na qual<br />

expressa que a obra <strong>de</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> lhe serviu <strong>de</strong> inspiração 14 .<br />

Em 1918, Manoel do Amoroso Costa (1875-1928) publicou<br />

um artigo intitulado "<strong>Sobre</strong> um teorema <strong>de</strong> Cálculo Integral" fundamentado<br />

em um dos resultados <strong>de</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>. Este artigo ele conclui<br />

com <strong>as</strong> seguintes palavr<strong>as</strong>:<br />

Compreen<strong>de</strong>-se que este corolário do<br />

teorema po<strong>de</strong> fornecer úteis indicações<br />

na integração <strong>de</strong> equações lineares, sem<br />

contudo conduzir a um método geral aplicável<br />

a tais equações, como pretendia <strong>Gomes</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Souza</strong>. Como quer que seja, o teorema<br />

em si é interessante e merecia ser tirado<br />

do olvido, o que constitui o objeto <strong>de</strong>sta<br />

nota... [COSTA, 1918].<br />

Valeu a ousadia <strong>de</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>. Não encontrou o respeito<br />

e a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong>sejada, como não encontraram nessa mesma<br />

época Abel e Galois, sendo europeus e com maiores condições.<br />

M<strong>as</strong> abriu o caminho para outros como Otto <strong>de</strong> Alencar e Amoroso<br />

Costa.<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

149


150 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

5 Anexo<br />

Comptesrendus<br />

Herdomadaires<br />

M. J. GOMEZ DE SOUZA soumet au jugement <strong>de</strong> l’Académie<br />

un travail ayant pour tire: Mémoires sur la détermination <strong>de</strong><br />

fonctions inconnues qui rentrent sous le signe d’intégration définie.<br />

Ce travail, qui se compose <strong>de</strong> sept f<strong>as</strong>cicules, est renvoyé à<br />

l’examen d’nne Commission composée <strong>de</strong> MM. Liouville, Lamé,<br />

Bienaymé.<br />

TOME QUARANTIÈME<br />

Janvier - juin 1855<br />

M. J. GOMEZ DE SOUZA soumet au jugement <strong>de</strong> l’Académie<br />

<strong>de</strong>ux nouveaux Mémoires d’analyse mathématique et un Mémoire<br />

sur la théorie du son.<br />

Renvoi à l’examen <strong>de</strong>s Commissaires nommés pour <strong>de</strong> précé<strong>de</strong>ntes<br />

communications <strong>de</strong> l’auteur, MM. Liouville, Lamé, Bienaymé.<br />

TOME QUARANTE ET UNIÈME<br />

Juillet - Décembre 1855<br />

M. GOMEZ DE SOUZA commence la lecture d’une Mémoire<br />

intitulé: Addition à un Mémoire sur la détermination <strong>de</strong>s fonctions<br />

inconnues qui rentrent sous le signe d’intégration définie.<br />

(Commissaires précé<strong>de</strong>mment nommés:MM.sLiouville, Lamé,<br />

Bienaymé.)<br />

ANALYSE MATHÉMATIQUE.- Secon<strong>de</strong> addition au Mémoire<br />

sur la détermination <strong>de</strong>s fonctions inconnues qui entrent sous<br />

le signe d’intégration défine; par M. GOMEZ DE SOUZ<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

(Commissaires précé<strong>de</strong>mment nommés:MM.Cauchy,Liouville,<br />

Lamé, Bienaymé.)<br />

Dans la Letre qui accompagne cet envoi, l’auteur <strong>de</strong>man<strong>de</strong><br />

l’autorisation <strong>de</strong> reprendre trois Notes présentées par lui le 16<br />

juillet 1855. Ces Mémoires n’ayant p<strong>as</strong> été l’objet d’un Rapport,<br />

l’auteur est autorisé à les reprendre.<br />

TOME QUARANTE-DEUXIÈME<br />

Janvier - Juin 1856<br />

M. GOMEZ DE SOUZA, professeur à la Faculté <strong>de</strong> Mathématiques<br />

<strong>de</strong> Rio-Janeiro, soumet au jugement <strong>de</strong> l’Académie un<br />

travail portant pour titre: “Mémoire sur la détermination <strong>de</strong>s fonctions<br />

inconnues qui rentrent sous le signe d’intégration définie”.<br />

Ce travail trè-étendu, et qui est acompagné d’un extrait luimème<br />

trop long pour trouver place dans le Compte rendu, est<br />

renvoyé à l’examen <strong>de</strong> la Commission déjà désignée pour d’autres<br />

communications du mème auteur, Commission qui se compose <strong>de</strong><br />

MM. Liouville, Lamé et Bienaymé.<br />

TOME QUARANTE-QUATRIEME<br />

Janvier - Juin 1857<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

151


152 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

6 Not<strong>as</strong><br />

1 - Mais <strong>de</strong>talhes sobre o <strong>de</strong>senvolvimento da matemática superior, no<br />

Br<strong>as</strong>il, encontram-se, por exemplo, em [CASTRO, 1955] e em [SILVA,<br />

1992].<br />

2 - No prefácio do Mélanges <strong>de</strong> Calcul Intégral [SOUZA, 1882], Charles<br />

Henry, bibliotecário da Sorbonne, faz um <strong>de</strong>talhado relato sobre a<br />

cronologia da apresentação <strong>de</strong>stes trabalhos. Na última seção <strong>de</strong>ste artigo,<br />

retornaremos a este tema. Ver, também, anexo.<br />

3 - Comptes Rendus XLIV, p. 477 (ver anexo).<br />

4 - Numa recente monografia [RAMIS, 1993, p. 15], se po<strong>de</strong> encontrar<br />

uma valoração atualizada do chamado fenômeno <strong>de</strong> Stokes. É importante<br />

<strong>as</strong>sinalar que, precisamente, foi Stokes quem apresentou a Royal Society of<br />

London <strong>as</strong> Memóri<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>. Veja prefácio dos Mélanges <strong>de</strong><br />

Calcul Intégral [SOUZA, 1882, p. v], on<strong>de</strong> Charles Henry escreve: Le<br />

professeur Stokes présentait <strong>de</strong> sa part à la Société Royale <strong>de</strong> Londres, dans<br />

la séance du 12 <strong>de</strong> juin 1856, une courte note... C’est le resumé rapi<strong>de</strong> d’un<br />

mémoire que avait été soumis le 18 <strong>de</strong> juin 1855 à la Académie <strong>de</strong>s Sciences<br />

<strong>de</strong> Paris.... Os autores não conseguiram este documento da Royal Society of<br />

London.<br />

5 - Maiores <strong>de</strong>talhes po<strong>de</strong>m ser encontrados no clássico artigo <strong>de</strong><br />

Burkhardt. [BURKHARDT, 1911].<br />

6 - Por exemplo, em su<strong>as</strong> investigações sobre difração da luz, veja<br />

Comptes Rendus 15, 1842, 554-556, 573-578 = Oeuvres (1) 7, 149-157.<br />

7 - Este artigo <strong>de</strong> Liouville é interessante, porque nele Liouville dá uma<br />

aplicação diferente, <strong>as</strong>semelhando-se ao tratamento que, alguns anos mais<br />

tar<strong>de</strong>, daria <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> ao resolver uma equação íntegro-diferencial.<br />

Liouville foi o relator da comissão encarregada <strong>de</strong> revisar os trabalhos <strong>de</strong><br />

<strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>. Nestes trabalhos, encontramos, em repetid<strong>as</strong> oc<strong>as</strong>iões,<br />

crític<strong>as</strong> à falta <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong> dos resultados <strong>de</strong> Liouville; esta é uma d<strong>as</strong><br />

hipóteses sobre o porquê da Comissão não ter emitido parecer. No próximo<br />

parágrafo tratamos com mais <strong>de</strong>talhes este <strong>as</strong>sunto. [LIOUVILLE, 1837,<br />

Journal <strong>de</strong> Math. 2, 16-35].<br />

8 - Ver [KITCHER,1984], no qual se <strong>de</strong>fine que sentido rigoroso d<strong>as</strong>e<br />

a esta terminologia. Para o leitor que enten<strong>de</strong> russo, recomendamos a<br />

monografia <strong>de</strong> Barabachev [BARABACHEV, 1983], que se inteirará<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

melhor d<strong>as</strong> concepções dos autores.<br />

9 - <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> se refere a primeira Memória apresentada a<br />

Aca<strong>de</strong>mia Francesa <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong> e que nunca foi publicada.<br />

10 - Chamamos à atenção do leitor, sobre a data da publicação, que é<br />

qu<strong>as</strong>e 30 anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ser concebida a idéia.<br />

11 - Para maior comodida<strong>de</strong> do leitor colocamos em anexo <strong>as</strong> referênci<strong>as</strong><br />

dos Comptes Rendus, que testemunham <strong>as</strong> apresentações <strong>de</strong>stes trabalhos.<br />

13 - Comptes Rendus, XLIV, p. 477.<br />

14 - SILVA, C. P. da,. Otto <strong>de</strong> Alencar Silva: Um pioneiro da pesquisa<br />

matemática no Br<strong>as</strong>il, Dpto. <strong>de</strong> Matemática UFPR, Relatório interno, serie<br />

A, n°09<br />

7 Referênci<strong>as</strong> Bibliográfic<strong>as</strong><br />

BARABACHEV, A. G. Dialética do <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

conhecimento matemático. Moscou: Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Moscou, 1983.<br />

BARBOSA, E. A c<strong>as</strong>a-gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Domingos. Terezina:<br />

FUFPI, 1984.<br />

BASSECHES, B. Acheg<strong>as</strong> para uma bio-bibliografia <strong>de</strong><br />

<strong>Joaquim</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>. Curitiba: Anuário da Socieda<strong>de</strong><br />

Paranaense <strong>de</strong> Matemática, n.2,p.18-25, 1955.<br />

BLAKE, A. V. A. S. Dicionário bibliográfico br<strong>as</strong>ileiro.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Imprensa Nacional, v. 4, 1889.<br />

BOREL, E. Leçons sur les séries divergentes. 2 ed. Paris:<br />

Gauthier - Villars, 1928. Reimpresso por Editions Jacques<br />

Gabay, 1988.<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

153


154 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

-----. Mémoire sur les séries divergentes. Paris: 1899.<br />

BURKHARDT, H. Uber <strong>de</strong>n gebranch divergentes reihen<br />

in <strong>de</strong>r zeit von 1750 -1860. Math. Annalen 70, p.s169-<br />

206, 1911.<br />

CASTRO, F. M. O. A matemática no Br<strong>as</strong>il. In: As<br />

ciênci<strong>as</strong> no Br<strong>as</strong>il. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Melhoramentos,<br />

1955.<br />

CAUCHY, A. Sur l’emploi légitime <strong>de</strong>s séries divergentes.<br />

Comp. Rend. 17, 370 -376 = Oeuvres v. 1, n. 8, p.18-<br />

25, 1843.<br />

CORRÊA, L. Souzinha. Belo Horizonte: Littera Maciel,1984.<br />

COSTA, M. do A. <strong>Sobre</strong> um teorema <strong>de</strong> Cálculo Integral. Revista<br />

da Soc. Br<strong>as</strong>ileira <strong>de</strong> Ciênci<strong>as</strong>,1918.<br />

DEMORGAN, A. Differential and integral calculus.<br />

Lon-don: 1836. publ. 1842.<br />

-----. Transactions cambr. Phil. Soc. London: 8, part. II,<br />

182-203, 1844, publi. 1849.<br />

FREIRE, L. <strong>Joaquim</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>. Sua vida e sua obra.<br />

Revista Br<strong>as</strong>ileira <strong>de</strong> Matemática, v.3, n.1, p.1-8,<br />

1963.<br />

GREEN, G. Trans. cambridge phil. Soc. 6, 457-462 =<br />

Math. Papers, 225-230, 1837.<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

HARDY, G. H. Divergent series. Oxford. Clarendon<br />

Press, 1949.<br />

HOBSBAWN, E. The age of revolution 1789-1848. New York/<br />

Toronto: Mentor Book, 1962.<br />

KITCHER, Ph. The nature of mathematical knowledge.<br />

Oxford: Oxford University Press, 1984.<br />

KLINE, M. El pensamiento matemático <strong>de</strong> la antigüedad<br />

a nuestros dí<strong>as</strong>. Madrid: Alianza Editorial, 1994, v. 3,<br />

cap. 47, La Teoria <strong>de</strong> Series Divergentes.<br />

LACROIX, S. F. Traité du calcul differentiel et du<br />

calcul intégral. 2 ed. Paris: 1810. v. 1<br />

LEAL, A. H. Pantheon maranhense: ensaios biográficos<br />

dos maranhenses ilustres já falecidos. 2 ed. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: “Documentos maranhenses”, tomo II, 1987.<br />

LOPES, J. L. <strong>Joaquim</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>. Ciência e socieda<strong>de</strong>.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Centro Br<strong>as</strong>ileiro <strong>de</strong> Pesquis<strong>as</strong> Físic<strong>as</strong>,<br />

n. 5, 1989.<br />

MALGRANGE, B. Sommation <strong>de</strong>s séries divergentes.<br />

Expo. Math. T13, n.2-3, p.165-223, 1995.<br />

PEACOCKS, G. Report on the recent progress and<br />

present state of certain branches of analysis. Brit.<br />

<strong>as</strong>soc. reports 3, 188-282, 1833.<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

155


156 Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

POINCARÉ, H. Métho<strong>de</strong>s nouvelles <strong>de</strong> la mécanique<br />

céleste. Paris: 1893.<br />

PORTELA, J. B. <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong> e sua obra. São Luís:<br />

Anunciação, 1975.<br />

RAMIS, J. P. Séries divergentes et théories <strong>as</strong>ymptotiques.<br />

Paris: Societé Mathématique <strong>de</strong> France / Instítut Henri<br />

Poincaré, 1993.<br />

REIFF, R. Geschichte <strong>de</strong>r unendlichen reihen. H. Lanppsche<br />

Buchhandlung. Martin Sandiz, 1889. Reimpresso em<br />

1969.<br />

SANCHEZ FERNANDEZ, C. Revalorizacion <strong>de</strong> la oha<br />

temprana <strong>de</strong> Emile Borel sobre sumacion <strong>de</strong> series<br />

divergentes. Revista LULL, v.17, p.437-467, 1994.<br />

SHARTZMAN, S. A formação da comunida<strong>de</strong> científica<br />

no Br<strong>as</strong>il. São Paulo: Nacional, 1979.<br />

SILVA, C. P. A matemática no Br<strong>as</strong>il: uma história <strong>de</strong><br />

seu <strong>de</strong>senvolvimento. Curitiba: Editora da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, 1992.<br />

SOUZA, C. M. <strong>de</strong>,. <strong>Joaquim</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>de</strong> <strong>Souza</strong>: discursos<br />

parlamentares <strong>de</strong> um matemático do Império. São<br />

Luís: Editora da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Maranhão,<br />

1996.<br />

SOUZA, J. G. <strong>de</strong>,. Dissertação sobre o modo <strong>de</strong> indagar<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.


Carlos Fernan<strong>de</strong>z, Cícero <strong>de</strong> <strong>Souza</strong><br />

novos <strong>as</strong>tros sem auxílio d<strong>as</strong> observações diret<strong>as</strong>.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Typographia <strong>de</strong> Teixeira & Cia., ii + 53<br />

p., Tese (doutorado),1848.<br />

----- .Resolução d<strong>as</strong> equações numéric<strong>as</strong>. Revista Guanabara.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro:n.1, p.183-190, 229, 1850.<br />

-----. Primeira memória sobre métodos gerais <strong>de</strong> integração.<br />

Revista Guanabara. Rio <strong>de</strong> Janeiro: n.2, p.15-24, 61-<br />

64, 93-95, 251-256, 339-359, 1851.<br />

-----. Anthologie Universelle: choix <strong>de</strong>s meilleures poesies<br />

lyriques <strong>de</strong> diverses nations dans les langues originales.<br />

Leipzig: F. A. Brockhaus, 1859.<br />

-----. Mélanges <strong>de</strong> calcul intégral. Leipzig: F. A.<br />

Brockhaus, VII + 280, p.1882. (publicado postmorten)<br />

STOKES, G. On the numerical calculation of a cl<strong>as</strong>s of<br />

<strong>de</strong>finite integrals and infinite series. Trans. Cambridge<br />

Phil. Soc. 9, 166-187 = Math. and Phys. Papers 2, 329-<br />

357, 1857.<br />

I<strong>de</strong>ação,Feira <strong>de</strong> Santana, n.3, p.131-157, jan./jun. 1999.<br />

157

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!