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TRADUÇÃO FIEL: A QUEM? A QUÊ? POR QUÊ?1 ... - Lenita Esteves

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elementos externos podem influir na fidelidade de um tradutor, mesmo a despeito dele.<br />

Assim como um autor não tem controle sobre a sua obra, apesar de alguns autores, como é<br />

o caso de Tolkien, tentarem ao máximo garantir esse controle, o tradutor não tem controle<br />

sobre o texto que produz, mesmo antes de ele estar finalizado. No caso de determinações<br />

feitas por editores, julgo que se deve buscar um espaço de negociação, de diálogo, para que<br />

o tradutor possa expor suas idéias. O mesmo se aplica à relação tradutor/revisor. O ideal é<br />

que tradutor e revisor “conversem” e troquem idéias a respeito do texto. Isso acontece em<br />

alguns casos, mas não é regra. A regra é que o tradutor perca seu texto de vista após<br />

entregá-lo aos editores. Não é sempre que a editora reenvia o texto para o tradutor, para que<br />

este possa julgar as interferências ou sugestões do revisor. Julgo que um trabalho em<br />

equipe, com diálogo e negociação, pode produzir uma tradução mais rica e com menos<br />

falhas.<br />

♣<br />

Costuma-se dizer, na área da tradução, que a teoria não auxilia a prática em<br />

nada. Mas quando se fala em tradução e quando se faz tradução, há sempre uma teoria<br />

subjacente, mesmo que não tenhamos consciência disso. Se, na prática, o tradutor sabe que<br />

a fidelidade é uma noção relativa, que se constrói de modos diversos dependendo da<br />

situação em que se encontra, a teoria que se refere a essa prática deve ser condizente com<br />

ela.<br />

Eu já fazia traduções (em sua maioria de textos técnicos) há algum tempo<br />

quando tive o primeiro contato com a teoria, o que não quer dizer que não eu tivesse eu<br />

mesma uma teoria. Esse primeiro contato aconteceu num curso oferecido pela Unicamp, do<br />

qual participei como aluna especial.<br />

Nesse curso ouvi coisas que condiziam com as minhas opiniões sobre a<br />

tradução. Ficou claro para mim, desde o início, que a teoria da tradução passava por uma<br />

espécie de reforma, uma revisão que apontava caminhos que não haviam sido trilhados<br />

antes. Mesmo correndo os riscos de uma atitude redutora, tentarei resumir em poucas linhas<br />

quais eram as novidades, quais eram esses novos caminhos apontados para o teórico da<br />

tradução. As conclusões a que chegávamos durante o curso, baseadas nos textos que líamos,<br />

eram as de que a tradução não é uma atividade de segunda categoria, o tradutor não é um<br />

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