14.04.2013 Views

a estação hidrobiológica da ilha do pinheiro: um ... - HCTE - UFRJ

a estação hidrobiológica da ilha do pinheiro: um ... - HCTE - UFRJ

a estação hidrobiológica da ilha do pinheiro: um ... - HCTE - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>um</strong>a opção. Ele bem que tentou, mas o Instituto ignorou seus apelos. Assim, Lejeune se a<strong>da</strong>ptou: em<br />

1958 publicava <strong>um</strong>a análise demoli<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s efeitos <strong>da</strong> poluição marinha na Baía. Lejeune então<br />

reinventou o propósito <strong>da</strong> Estação Hidrobiologia: ao invés de <strong>um</strong> laboratório de pesquisa de ciência<br />

pura, a Ilha <strong>do</strong>s Pinheiros tornou-se <strong>um</strong> centro de monitoramento <strong>da</strong> poluição de água. 1<br />

Lejeune de Oliveira trabalhou na Estação de Hidrobiologia de Pinheiro Ilha por 40 anos, de<br />

1937 a 1977. A bióloga Luiza Krau, que viria a se tornar sua esposa, também trabalhou ali por 30 anos.<br />

Durante este tempo, eles publicaram dezenas de artigos sobre a biologia <strong>da</strong> Baía de Guanabara,<br />

transforman<strong>do</strong> a Ilha <strong>do</strong> Pinheiro n<strong>um</strong>a experiência única para hidrobiologia no Brasil e, certamente,<br />

<strong>um</strong>a fonte privilegia<strong>da</strong> para entender as mu<strong>da</strong>nças para a Baía de Guanabara.<br />

O trabalho de Lejeune e Luiza se destaca entre os pioneiros <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s de poluição marinha<br />

no Brasil. Foram os primeiros, por exemplo, a propor indica<strong>do</strong>res biológicos para medir a poluição na<br />

Baía de Guanabara. A longevi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> seu trabalho – quase 40 anos de coletas de <strong>da</strong><strong>do</strong>s - é por si só<br />

surpreendente longa em <strong>um</strong> contexto onde a descontinui<strong>da</strong>de era a norma. Esta persistência derivou<br />

principalmente de seus esforços pessoais para manter viva a Estação de Hidrobiologia. A localização<br />

mesma <strong>da</strong> <strong>ilha</strong>, além disto, em <strong>um</strong>a ensea<strong>da</strong> isola<strong>da</strong>, perto <strong>da</strong> área para onde a ci<strong>da</strong>de em breve se<br />

expandiria, evidenciava as transformações ambientais dramáticas que ain<strong>da</strong> não se percebiam no<br />

resto <strong>da</strong> baía – quase <strong>um</strong>a profecia simbólica <strong>da</strong> sorte futura de Guanabara.<br />

O vínculo com <strong>um</strong> instituto científico de renome internacional como o Instituto Oswal<strong>do</strong> Cruz,<br />

com <strong>um</strong>a presença já tradicional na Baía de Guanabara, fazia de Lejeune e Luiza autori<strong>da</strong>des<br />

reconheci<strong>da</strong>s para poluição na baía e <strong>da</strong> Ilha <strong>do</strong> Pinheiro, <strong>um</strong> espaço de debate político e estratégico<br />

sobre o tema. Por ela passaram to<strong>do</strong>s os que, naqueles quarenta anos, tiveram qualquer ligação com<br />

o manejo <strong>da</strong> Baía de Guanabara em <strong>um</strong> momento ou em outro, seja como visitante, aluno ou<br />

pesquisa<strong>do</strong>r. Uma boa parte <strong>do</strong> networking e definição de contatos entre cientistas e tecnocratas em<br />

relação à Baía de Guanabara teve lugar na Ilha <strong>do</strong> Pinheiro, <strong>do</strong>c<strong>um</strong>enta<strong>do</strong>s por Lejeune de Oliveira<br />

nos relatórios anuais ao Instituto Oswal<strong>do</strong> Cruz. Estes relatórios abrem, assim, <strong>um</strong>a janela preciosa<br />

não só sobre o cotidiano de <strong>um</strong> cientista brasileiro no século XX, mas também sobre as relações entre<br />

ciência, política e meio ambiente.<br />

Lejeune de Oliveira começou seus quarenta anos de trajetória no Oswal<strong>do</strong> Cruz como tantos<br />

cientistas aspirantes <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1930. Era aluno de medicina quan<strong>do</strong> foi convi<strong>da</strong><strong>do</strong> em 1937 por <strong>um</strong><br />

pesquisa<strong>do</strong>r já estabeleci<strong>do</strong> <strong>do</strong> Instituto Oswal<strong>do</strong> Cruz, para ser seu assistente. Henrique de<br />

Beaupaire Aragão, <strong>um</strong> <strong>do</strong>s seus supervisores, era <strong>um</strong> entusiasta de hidrobiologia, e levou o jovem<br />

Lejeune para pesquisas de campo na Lagoa Rodrigo de Freitas e <strong>da</strong> Baía de Guanabara desde 1939.<br />

1 Lejeune Pacheco Henrique de Oliveira, "Poluição <strong>da</strong>s Águas Marítimas: Estragos <strong>da</strong> Flora e <strong>da</strong> Fauna no Rio de<br />

Janeiro," Memórias <strong>do</strong> Instituto Oswal<strong>do</strong> Cruz 56, no. 1 (1958): 39-59.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!