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Ordinári - Câmara dos Deputados

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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA<br />

REVISÃO E REDAÇÃO<br />

SESSÃO: 147.1.52.O<br />

DATA: 20/08/03<br />

TURNO: Vespertino<br />

TIPO DA SESSÃO: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

LOCAL: Plenário Principal - CD<br />

INÍCIO: 14h<br />

TÉRMINO: 19h04min<br />

DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO<br />

Hora Fase Orador<br />

14:20 PE LUIZ BASSUMA<br />

Incluí<strong>dos</strong> os seguintes discursos: do Deputado Antonio Carlos Mendes<br />

Thame proferido na Sessão <strong>Ordinári</strong>a da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> nº 022,<br />

realizada em 24 de julho de 2003; do Deputado Antonio Carlos Mendes<br />

Thame proferido na Sessão <strong>Ordinári</strong>a da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> nº 026,<br />

realizada em 30 de julho de 2003; dois do Deputado Paes Landim<br />

proferi<strong>dos</strong> na Sessão <strong>Ordinári</strong>a da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> nº 144, realizada<br />

em 18 de agosto de 2003.


CÂMARA DOS DEPUTADOS<br />

Ata da 147ª Sessão, em 20 de agosto de 2003<br />

Presidência <strong>dos</strong> Srs. ...................................................................<br />

ÀS 14 HORAS COMPARECEM OS SRS.:<br />

João Paulo Cunha<br />

Inocêncio Oliveira<br />

Luiz Piauhylino<br />

Geddel Vieira Lima<br />

Severino Cavalcanti<br />

Nilton Capixaba<br />

Ciro Nogueira<br />

Gonzaga Patriota<br />

Wilson Santos<br />

Confúcio Moura<br />

João Caldas<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................<br />

...................................................................


CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

I - ABERTURA DA SESSÃO<br />

O SR. PRESIDENTE (Ciro Nogueira) - A lista de presença registra na Casa o<br />

comparecimento de 409 Srs. Deputa<strong>dos</strong>.<br />

trabalhos.<br />

Está aberta a sessão.<br />

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos<br />

O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.<br />

II - LEITURA DA ATA<br />

O SR. CLAUDIO CAJADO, servindo como 2º Secretário, procede à leitura da<br />

ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.<br />

O SR. PRESIDENTE (Ciro Nogueira) - Passa-se à leitura do expediente.<br />

O SR. ..........................................................., servindo como 1º Secretário,<br />

procede à leitura do seguinte<br />

III - EXPEDIENTE<br />

401


se ao<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (Ciro Nogueira) - Finda a leitura do expediente, passa-<br />

IV - PEQUENO EXPEDIENTE<br />

Concedo a palavra ao Sr. Deputado Dr. Heleno.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. DR. HELENO (PP-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a TV Globo exibiu, no último dia 10 de julho do corrente, em<br />

seu programa Fantástico, uma reportagem na qual abordou um grave problema<br />

relacionado com veículos que, após perda total, são “esquenta<strong>dos</strong>”, voltando a<br />

trafegar livremente em todo o território nacional. Naquela oportunidade, o programa<br />

mostrou documentos e imagens comprobatórias do fato, enfatizando que esses<br />

veículos, antes de serem regulariza<strong>dos</strong>, sofrem inspeções por órgão credenciado<br />

pelo INMETRO.<br />

Por várias vezes tenho assumido a tribuna desta Casa para relatar o<br />

excelente trabalho desenvolvido pelo INMETRO, que acompanho de perto, e que<br />

tem à sua frente o excelente Dr. Armando Mariante, um grande empreendedor,<br />

responsável pelo trabalho de ponta que vem sendo desenvolvido naquela<br />

organização. Aquele órgão, inclusive, foi recentemente visitado por autoridades<br />

americanas, que teceram inúmeros elogios acerca do trabalho ali desenvolvido.<br />

Por essa razão, gostaria de esclarecer que a competência do INMETRO se<br />

restringe ao aspecto relativo à capacidade técnica do organismo de inspeção<br />

credenciado — OIC, e não abarca qualquer responsabilidade pelo registro e pelo<br />

licenciamento do veículo, o que na reportagem do Fantástico não ficou claro; na<br />

verdade, ficou parecendo que o INMETRO seria o responsável pela verificação de<br />

eventuais adulterações no registro e no licenciamento de veículos.<br />

É de bom alvitre, portanto, que se esclareça que o organismo de inspeção<br />

credenciado é uma empresa à qual o INMETRO reconhece competência para<br />

executar serviços de inspeção de segurança veicular; ou seja, o credenciamento do<br />

INMETRO indica para a sociedade quais as empresas que estão capacitadas,<br />

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tecnicamente, a executar esses serviços. Portanto, requisitos de identificação <strong>dos</strong><br />

veículos, previstos no art. 114 do Código de Trânsito Brasileiro, não fazem parte do<br />

escopo das atividades <strong>dos</strong> organismos de inspeção, sendo competência exclusiva<br />

da autoridade estadual responsável pelo registro e pelo licenciamento do veículo.<br />

Faz-se necessário este esclarecimento, Sr. Presidente, visto que o INMETRO,<br />

órgão detentor de tão alto conceito no cenário nacional e internacional, não pode ser<br />

maculado pela imprensa com o envolvimento em notícias dessa natureza.<br />

Era o que eu tinha a dizer.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PL-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, é com muito pesar que venho à tribuna<br />

desta Casa para relatar uma tragédia que envolve o mercúrio, um <strong>dos</strong> metais mais<br />

pesa<strong>dos</strong> e tóxicos do planeta. Está acontecendo em Minas um fenômeno inédito,<br />

nunca registrado no País: mercúrio em forma metálica começou a sair da terra em<br />

uma área rural do Município de Descoberto, a 370 quilômetros de Belo Horizonte. O<br />

metal já contaminou o solo e possivelmente atingiu os cursos d’água da região.<br />

A situação é bastante preocupante, pois quem come peixes contamina<strong>dos</strong><br />

pode desenvolver doenças neurológicas irreversíveis, crises renais agudas, e para<br />

as grávidas o perigo é ainda maior: o metal causa deformação <strong>dos</strong> fetos.<br />

O fenômeno foi notado pela primeira vez em dezembro, por uma moradora da<br />

região, após a remoção de uma rocha por uma máquina, simplesmente para alargar<br />

o caminho. O mercúrio estava debaixo da rocha e fatalmente escorreu, devido à<br />

inclinação do terreno. Medidas imediatas foram tomadas pelas autoridades locais; o<br />

perigo, porém, ainda é enorme.<br />

Sr. Presidente, passa por aquela região o Córrego Rico, mais precisamente a<br />

15 metros do foco de contaminação, e 300 metros adiante ele deságua no Ribeirão<br />

Grama, cujas águas abastecem as populações de Descoberto e São João<br />

Nepomuceno, seguindo para o Rio Novo, que corre para a represa Maurício,<br />

freqüentada por pescadores.<br />

Srs. Deputa<strong>dos</strong>, saibam que os solos que apresentam concentrações de<br />

mercúrio acima de 25 miligramas por quilograma são considera<strong>dos</strong> contamina<strong>dos</strong>.<br />

Pois bem, a análise do solo da região, feita pela Fundação Estadual do Meio<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Ambiente, indicou concentrações de mercúrio que variam de 269 a 936 miligramas<br />

por quilograma, o que realmente assusta e preocupa a to<strong>dos</strong>.<br />

Para o biofísico Olaf Malan, da UFRJ, não há motivo para alarme se os peixes<br />

não estiverem contamina<strong>dos</strong>, mas os exames ainda não estão prontos.<br />

Outro projeto já foi preparado pelas Universidades do Rio de Janeiro, de Juiz<br />

de Fora e de São Paulo para examinar os moradores do local. O que nos resta é<br />

torcer para que essa população esteja totalmente livre do mercúrio, o solo seja<br />

imediatamente tratado e as águas tenham sido poupadas <strong>dos</strong> efeitos brutais desse<br />

metal.<br />

É o que tenho a dizer.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. LAEL VARELLA (PFL-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, vários países estão reformando suas<br />

previdências. A França, depois de muitos confrontos e manifestações, acabou de<br />

aprovar a sua reforma. A Alemanha está em fase de discussão. No Brasil, já<br />

aprovamos mudanças em primeiro turno de votação. Importantes pontos foram<br />

modifica<strong>dos</strong> para equilibrar as contas da Previdência Social e também harmonizar<br />

as diferenças entre os inativos do serviço público e os da iniciativa privada.<br />

Para melhor compreensão dessas modificações, apresento aqui um resumo<br />

de seus principais pontos.<br />

Primeiro, quanto à aposentadoria integral, os atuais servidores mantêm esse<br />

direito, ou seja, receberão na aposentadoria o mesmo salário da ativa, mas terão de<br />

preencher 3 requisitos: idade mínima de 55 anos as mulheres e 60 anos os homens,<br />

tempo de contribuição de 30 anos as mulheres e 35 anos os homens, e 20 anos de<br />

trabalho no serviço público.<br />

Com a reforma, acaba a aposentadoria integral para os futuros servidores.<br />

Quanto à paridade, os atuais servidores terão esse direito parcialmente<br />

garantido, ou seja, o reajuste será igual para os salários <strong>dos</strong> servidores da ativa e os<br />

proventos <strong>dos</strong> aposenta<strong>dos</strong>, e a lei definirá que vantagens pecuniárias ficarão de<br />

fora.<br />

Com a reforma, acaba também a paridade para os futuros servidores.<br />

O abono de permanência, para o servidor que se aposentar antes de atingir a<br />

nova idade mínima, de 55 anos para a mulher e 60 anos para o homem, até 31 de<br />

dezembro de 2005, ficará sujeito a um redutor de 3,5% por ano de antecipação da<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

aposentadoria. Para quem se aposentar antecipadamente depois de 1º de janeiro de<br />

2006, o redutor será de 5%.<br />

Os servidores que cumprirem os requisitos para se aposentar pelas regras de<br />

hoje, ou seja, idade mínima de 48 anos as mulheres e de 53 anos os homens e<br />

tempo de contribuição de 30 anos as mulheres e 35 anos os homens, mas<br />

resolverem permanecer trabalhando, não pagarão a contribuição previdenciária de<br />

11%.<br />

Instituiu-se o teto previdenciário. Os futuros servidores receberão no máximo<br />

R$ 2.400,00 na aposentadoria. A reforma prevê a criação de fun<strong>dos</strong> de previdência<br />

complementar fecha<strong>dos</strong>, com contribuição definida, para os servidores que quiserem<br />

receber acima desse limite. Foi criada também a cobrança de contribuição<br />

previdenciária para os servidores aposenta<strong>dos</strong> e para os pensionistas. Nos Esta<strong>dos</strong><br />

e Municípios, os inativos que ganham até R$ 1.200,00 ficarão isentos do pagamento<br />

de contribuição; na União, a faixa de isenção é de até R$ 1.440,00.<br />

Estabeleceu-se ainda um teto salarial. O valor máximo para os salários pagos<br />

pelo Poder Público na União será o do subsídio <strong>dos</strong> Ministros do STF, hoje<br />

correspondente a R$ 17.300,00. Haverá também subtetos salariais nos Esta<strong>dos</strong>. O<br />

limite <strong>dos</strong> salários <strong>dos</strong> desembargadores é de 90,25% da remuneração <strong>dos</strong><br />

Ministros do STF, ou seja, R$ 15.613,25. E foram incluí<strong>dos</strong> no subteto salarial do<br />

Poder Judiciário os Procuradores estaduais. Para os servidores do Executivo<br />

estadual o limite é a remuneração <strong>dos</strong> Governadores, e os funcionários <strong>dos</strong><br />

Legislativos nos Esta<strong>dos</strong> não poderão ganhar mais do que os Deputa<strong>dos</strong> estaduais.<br />

Quanto às pensões, para os futuros pensionistas do serviço público, haverá<br />

pagamento integral até o limite de R$ 2.400,00. A parcela que exceder esse valor<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

sofrerá um desconto de 30%. Os servidores que morrerem em atividade, antes de se<br />

aposentarem ou de cumprirem as novas regras estabelecidas pela reforma, também<br />

deixarão pensões integrais de até R$ 2.400,00, com o mesmo redutor.<br />

Para o INSS, ou seja, para a aposentadoria <strong>dos</strong> trabalhadores da iniciativa<br />

privada, o teto sobe de R$ 1.869,34 para R$ 2.400,00.<br />

Sr. Presidente, esperamos que essa emenda seja aprovada na próxima<br />

semana, em segundo turno, na <strong>Câmara</strong>, e depois, conforme acordo, no Senado<br />

Federal, sem novas modificações. Os direitos <strong>dos</strong> atuais inativos foram preserva<strong>dos</strong>,<br />

uma regra de transição garante os direitos <strong>dos</strong> atuais servidores, e as novas regras<br />

servirão para aqueles que ingressarem no serviço público.<br />

Feito esse esclarecimento, passo a outro assunto.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o estatuto que prevê o desarmamento<br />

é uma proposta equivocada, e resultará numa lei de falsa utilidade, que só<br />

desarmará os homens honestos, cumpridores da lei, e deixará livres os bandi<strong>dos</strong>,<br />

para continuarem cometendo crimes.<br />

Especialistas do setor de segurança, como os Secretários estaduais, alertam<br />

para os malefícios desse projeto, e também o Promotor de Justiça Marcelo Ribeiro,<br />

que o classifica de “estatuto de rendição do cidadão diante do criminoso”.<br />

O Dr. Ribeiro, de 54 anos, acostumou-se a bater de frente com a<br />

criminalidade. Nos últimos 16 anos vem combatendo implacavelmente os acusa<strong>dos</strong><br />

de crimes na 2ª Vara do Júri de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Recentemente<br />

obteve a condenação de um traficante de drogas a 39 anos de prisão por homicídio<br />

qualificado. Com mais de 1.000 júris em seu currículo, é intransigente quando se<br />

trata de proteger os cidadãos honestos. Talvez por isso seja mais uma voz que se<br />

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levanta contra o chamado estatuto do desarmamento. A nova lei, aprovada<br />

preliminarmente no Senado, poderá decretar a morte de ainda mais inocentes daqui<br />

para a frente, na medida em que torna quase impossível para os homens de bem se<br />

protegerem com uma arma de fogo, quando se sabe que os criminosos não<br />

respeitam qualquer restrição quando o assunto é usar armas para violentar a lei e a<br />

sociedade. Numa entrevista, na coluna de DiegoCasagrande.com.br, o Dr. Ribeiro<br />

explica suas razões:<br />

“...ele inverte a ordem das coisas. Desarma o cidadão, e nós<br />

sabemos que o criminoso não será desarmado. Por sua vez, ele cria<br />

uma expectativa maior de sucesso para o criminoso, que vai ter a<br />

quase certeza, no mínimo, de que o cidadão estará desarmado. E nós<br />

sabemos muito bem que o pior agressor é racional, e portanto vai<br />

contar com essa possibilidade de encontrar homens desarma<strong>dos</strong>. A<br />

expectativa dele vai ser maior. E com isso vai se sentir mais estimulado<br />

à prática de delitos, como, por exemplo, delitos contra o patrimônio,<br />

que hoje preocupam bastante.<br />

DiegoCasagrande.com.br: O senhor então acredita que os<br />

crimes vão aumentar?<br />

Marcelo Ribeiro: Em primeiro lugar, os crimes contra o<br />

patrimônio, em especial o latrocínio. Nós temos uma reportagem aqui<br />

na revista Veja que nos dá exatamente esta dimensão. Está aqui:<br />

“roubo seguido por morte — taxa por 100 mil habitantes”, Porto Alegre<br />

e Porto Velho estão em primeiro lugar. Então, essa lei vai fazer com<br />

que esses índices de crimes contra o patrimônio, principalmente os<br />

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crimes violentos, com violência e grave ameaça à pessoa, aumentem<br />

consideravelmente. Primeiro, por desarmar o cidadão; isso eu acho o<br />

mais grave. Uma coisa interessante é que nós temos um índice<br />

assustador de mortes no trânsito e nem por isso vem uma lei dizendo<br />

que não vão mais fabricar automóveis no Brasil. Nós temos uma lei que<br />

prevê os crimes de trânsito e que é um absurdo de frouxa, quando<br />

deveria ser muito mais rigorosa, para diminuir esses índices de<br />

mortalidade no trânsito, que são assustadores no Brasil. Mas não há<br />

preocupação com isso. Que interessante! O automóvel é uma arma,<br />

pior que o revólver para matar. Eu costumo dizer que o sujeito pode se<br />

ver livre de um assaltante, mas dificilmente vai escapar das mãos de<br />

um motorista alcoolizado, dirigindo em excesso de velocidade. Mas o<br />

poder público não está preocupado com isso. Então eu só posso<br />

entender que exista um interesse maior por trás dessa lei do<br />

desarmamento. Principalmente porque uma categoria vai poder andar<br />

armada, afora outras previstas em lei, que seriam aqueles que<br />

trabalham nas empresas privadas de segurança. Entende? Eu acho<br />

que existe um interesse maior por trás disso.<br />

DiegoCasagrande.com.br: Existe alguma estatística, algum<br />

indício fático, real, de que o criminoso vai deixar de usar arma, na<br />

medida em que o porte ilegal for criminalizado?<br />

Marcelo Ribeiro: Não existe isso. Até porque não existe<br />

controle da grande maioria das armas circulantes nas mãos <strong>dos</strong><br />

criminosos. Não há como fiscalizar isso, não há como desarmar o<br />

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criminoso, porque existe todo um tráfico de armas por trás disso tudo.<br />

Então, não há como controlar. Vai ser mais fácil controlar o cidadão, o<br />

homem de bem que tem uma arma. Eu quero grifar o seguinte: ter uma<br />

arma não significa que se vá delinqüir. O homem de bem que tem uma<br />

arma não a tem para delinqüir, mas somente para defender a sua<br />

família. Bem diferente do criminoso, que tem uma arma que é o seu<br />

instrumento de trabalho. Trabalho entre aspas. Veja bem, eu acho que<br />

nós deveríamos ter uma lei que mantivesse na cabeça do criminoso a<br />

concepção de que a atividade dele é uma atividade de risco, porque<br />

pode encontrar um cidadão armado que poderá matá-lo. A lei deveria<br />

ser para isso. Mas não, nós vamos ter uma lei com uma posição<br />

completamente contrária, que vai pregar a capitulação diante do<br />

criminoso. Porque em desarmando o cidadão só resta para o cidadão<br />

uma coisa: entregar-se para o criminoso.<br />

DiegoCasagrande.com.br: Caso seja aprovado como está esse<br />

estatuto do desarmamento, os cidadão vão respeitar essa lei?<br />

Marcelo Ribeiro: Eu acho que nós vamos ter um índice<br />

altíssimo de desobediência. Porque o cidadão, consciente de que a<br />

Constituição Federal lhe assegura o direito de defesa, e a legítima<br />

defesa pressupõe o uso <strong>dos</strong> meios de que disponha o cidadão no<br />

momento em que atacado injustamente, consciente de que a<br />

Constituição lhe dá esse direto, vai continuar a andar armado. Até<br />

mesmo porque, se estiver ilegalmente portando uma arma e matar uma<br />

pessoa em legítima defesa, o crime de porte ilegal de arma fica<br />

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absorvido pelo homicídio. E se ele vier a ser absolvido, por legítima<br />

defesa, a excludente de ilicitude cobre to<strong>dos</strong> os delitos. Se ele portar<br />

ilegalmente uma arma e matar uma pessoa em legítima defesa, ele vai<br />

responder só por homicídio, ficando absorvido o porte de arma, porque<br />

seria um crime-meio, em relação ao crime-fim, que foi praticado em<br />

legítima defesa. Então, ele vai acabar sendo absolvido. E mesmo<br />

considerando que existe uma conduta punível, que é possuir uma<br />

arma, que seria anterior ao porte, pelo qual ele poderia pagar, eu<br />

duvido, com a experiência que tenho de promotor no júri, que os<br />

cidadãos que compõem o conselho de sentença condenem uma<br />

pessoa, absolvam-na do homicídio e condenem por possuir arma<br />

ilegalmente. Duvido que isto ocorra”.<br />

Essa entrevista foi publicada em 15 de agosto de 2003.<br />

Sr. Presidente, a população deseja atitudes concretas contra o crime, e não<br />

medidas que terminem facilitando o crime. O Estado do Rio de Janeiro aplicou essa<br />

política de desarmamento <strong>dos</strong> homens honestos e os criminosos só fazem festejar e<br />

aterrorizar a população.<br />

Atitudes concretas seriam mudanças no Estatuto da Criança e do<br />

Adolescente, agilização da Justiça e modernização das polícias.<br />

Tenho dito.<br />

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O SR. CARLOS NADER (PFL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, regularmente, o Rio de Janeiro tem sido<br />

exposto à opinião pública nacional como um Estado onde impera a violência, a<br />

desordem, o crime organizado. É dever das autoridades fluminenses combater com<br />

inteligência e rigor as diversas faces do crime que amedrontam a população;<br />

todavia, é preciso frisar que o Rio vem pagando um alto preço pela ineficiência <strong>dos</strong><br />

órgãos federais, como a Polícia Federal, por exemplo, no combate ao tráfico de<br />

drogas, ponto de partida da escalada de violência que aterroriza os habitantes do<br />

Estado e da Capital, em particular.<br />

As autoridades do Rio de Janeiro costumam defender-se alegando que o<br />

Estado não produz maconha, não produz cocaína nem armas de grosso calibre,<br />

como as que são encontradas em poder <strong>dos</strong> traficantes. As drogas chegam ao Rio<br />

por via terrestre, marítima ou aérea, e to<strong>dos</strong> estamos cansa<strong>dos</strong> de saber que<br />

fiscalizar nossas fronteiras, identificar e combater as rotas utilizadas pelos traficantes<br />

são atribuições da Polícia Federal.<br />

No início desta semana, ficou claro que as drogas chegam ao Estado do Rio<br />

vindas de várias partes do País, principalmente das Regiões Sul e Centro-Oeste. Na<br />

tarde de domingo, policiais rodoviários de Penedo, em Itatiaia, próximo à divisa com<br />

o Rio de Janeiro, apreenderam cerca de 20 quilos de maconha e 7 de cocaína num<br />

carro com placa de São Paulo. Menos de 12 horas depois, nova apreensão, no<br />

mesmo posto: quase 50 quilos de maconha, e outra vez num carro com placa de<br />

São Paulo. Nos 2 casos, as drogas destinavam-se a traficantes do Rio de Janeiro.<br />

Não custa lembrar, Sr. Presidente, que, antes de ser descoberta, a droga<br />

passou por pelo menos meia dúzia de postos da Polícia Rodoviária Federal, e se<br />

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não fossem os patrulheiros de Itatiaia provavelmente teria chegado ao seu destino,<br />

pois dali para frente há apenas 3 postos antes da chegada ao Rio de Janeiro.<br />

O episódio mostra também a quantidade de drogas que, só pela via terrestre,<br />

só pela Via Dutra, é enviada to<strong>dos</strong> os dias para a Capital fluminense. E, vale<br />

ressaltar, tem sido exemplar a conduta <strong>dos</strong> patrulheiros do trecho da estrada no sul<br />

fluminense, onde se registram as maiores apreensões em toda a extensão da<br />

rodovia.<br />

Por isso, Sr. Presidente, estamos aqui para cobrar mais eficiência da Polícia<br />

Federal. É muito simples responsabilizar o Rio de Janeiro por suas deficiências, mas<br />

é preciso também estabelecer o grau de responsabilidade que os órgãos federais<br />

têm pela insegurança que cotidianamente sente o povo do nosso Estado.<br />

A Polícia Federal não tem efetivo suficiente para um trabalho eficaz em<br />

nossas fronteiras, sabemos disso, mas também sabemos que, enquanto essa<br />

desculpa estiver valendo para justificar a ineficiência, cidadãos fluminenses estarão<br />

pagando um preço além da conta por um problema que não tem origem no Estado.<br />

Esperamos, sinceramente, que o Governo Federal assuma a sua responsabilidade<br />

perante o Rio, e contribua, de forma decisiva e o mais brevemente possível, para<br />

inibir a ação do tráfico fora <strong>dos</strong> domínios do Estado.<br />

Peço a autorização de V.Exa. para que este pronunciamento seja divulgado<br />

pelos órgãos de comunicação da Casa.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. CLAUDIO CAJADO (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, com muito orgulho assistimos, durante 2<br />

semanas, à atuação vitoriosa da equipe brasileira que participou <strong>dos</strong> Jogos Pan-<br />

Americanos de Santo Domingo.<br />

Ao apagar da pira, no complexo olímpico Juan Pablo Duarte, a delegação<br />

brasileira havia conseguido cumprir o que se havia proposto. Superou as 101<br />

medalhas — 25 de ouro — , obtidas em Winnipeg, em 1999.<br />

Além disso, a participação brasileira no evento teve o mérito de revelar atletas<br />

e modalidades que não eram conhecidas. Isso, graças à Lei Agnello/Piva, que<br />

destinou verbas públicas às diversas confederações olímpicas, o que beneficiou<br />

todas as modalidades esportivas nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo e<br />

provocou a democratização na distribuição de medalhas. Foi o melhor Pan de to<strong>dos</strong><br />

os tempos para o Brasil. O Brasil investiu US$ 6 milhões nesses jogos.<br />

Em Santo Domingo (2003), primeira competição de grande porte de que o<br />

Brasil participa desde que os repasses da lei começaram a chegar às entidades<br />

dirigentes do esporte, em fevereiro de 2002, modalidades que não haviam subido ao<br />

pódio em Winnipeg, em 1999, puderam fazê-lo. Outras observaram aumento<br />

significativo em número de medalhas. Na maioria <strong>dos</strong> casos, a relação entre o<br />

melhor desempenho e as verbas repassadas às confederações é direta.<br />

Natação e atletismo, tradicionais e principais fontes de prêmios nesse tipo de<br />

competição, conquistaram várias medalhas para o País. Entretanto, nos últimos<br />

Jogos Pan-Americanos, luta, pentatlo moderno, tae kwon do, futebol e saltos<br />

ornamentais, que em Winnipeg, em 1999, não haviam subido ao pódio, ganharam<br />

um entre os três melhores lugares em pelo menos uma das disputas. Isso sem<br />

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computar conquistas inéditas, como medalhas na força olímpica feminina do tiro ou<br />

na ginástica rítmica individual.<br />

Nos Jogos Pan-Amaricanos de 1999, brasileiros de 25 modalidades diferentes<br />

foram contempla<strong>dos</strong> com medalhas. Em 2003, esse número subiu para 30 entre as<br />

37 competições em que o País esteve representado.<br />

O número de esportes nacionais que ganharam pelo menos uma medalha de<br />

ouro também cresceu de 11 para 13. Apesar de não termos conquistado premiação<br />

em algumas modalidades em que éramos favoritos, compensamos em outras, como<br />

a canoagem, o futebol, a patinação artística e o tênis de mesa, que fizeram o Hino<br />

Nacional tocar na República Dominicana.<br />

Outras modalidades que haviam conquistado medalhas em Winnipeg (1999)<br />

puderam observar melhora quantitativa em seu desempenho, como é o caso do<br />

remo — de 1 medalha de prata passo para 3 de prata e 3 de bronze; da ginástica<br />

artística — de 1 medalha de prata e 2 de bronze para 5 de prata e 5 de bronze; e do<br />

tênis de mesa — de 2 medalhas de bronze para 1 de ouro, 2 de prata e 1 de bronze.<br />

Em 2002, a Lei Agnello/Piva destinou cerca de R$ 19 milhões às<br />

confederações que participaram do Pan. Neste ano, até julho, R$ 16 milhões já<br />

haviam sido repassa<strong>dos</strong> à Confederação Olímpica Brasileira. A previsão inicial, que<br />

deve ser superada pelo aumento na arrecadação das loterias — fonte <strong>dos</strong> recursos<br />

da lei —, era de que as entidades receberiam R$ 25 milhões este ano.<br />

A evolução no desempenho de remo, canoagem, ginástica, saltos<br />

ornamentais, tênis de mesa e judô pode ser, em grande parte, atribuída a esse<br />

dinheiro. O remo, enfim, formou uma equipe olímpica permanente ao ter condições<br />

de proporcionar uma infra-estrutura aos atletas — importou 44 remos e três barcos<br />

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da Espanha. Para isso, contou com R$ 900 mil da Lei Agnello/Piva e mais R$ 200<br />

mil do Ministério <strong>dos</strong> Esportes, em 2002.<br />

Quero, na condição de Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da<br />

Atividade Física, parabenizar toda a delegação brasileira pela brilhante atuação nos<br />

Jogos Pan-Americanos em 2003, em especial os atletas baianos que se destacaram<br />

em várias modalidades.<br />

Para tanto, gostaria de informar que estou dando entrada, hoje, em<br />

requerimento para que a <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> possa fazer a entrega da Medalha<br />

de Mérito Legislativo ao Presidente do Comitê Olímpico, Sr. Carlos Arthur Nuzman e<br />

ao atleta Hudson de Souza — destaque brasileiro no atletismo, representantes<br />

legítimos de toda a equipe que participou <strong>dos</strong> Jogos Pan-Americanos de Santo<br />

Domingo em 2003.<br />

Eis o teor do requerimento:<br />

“Sugiro a concessão de Medalha de Mérito<br />

Legislativo da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> ao Presidente do<br />

Comitê Olímpico Brasileiro, Sr. Carlos Arthur Nuzman, e<br />

ao atleta Hudson de Souza”.<br />

Sr. Presidente, nos termos do art. 114, caput, do Regimento Interno da<br />

<strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>, sugiro a V.Exa.— apoiado no inciso II do art. 5º do Ato da<br />

Mesa nº 16, de 1983 — a concessão da Medalha de Mérito Legislativo da <strong>Câmara</strong><br />

<strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> ao Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Sr. Carlos Arthur<br />

Nuzman, e ao atleta Hudson de Souza, pelas razões que acabo de expor.<br />

Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. Estamos há 7 meses<br />

assistindo atemoriza<strong>dos</strong> ao Governo Federal cometer várias contradições,<br />

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desencontros e outros desregramentos políticos, sem que haja por parte do<br />

Presidente Lula posicionamento mais efetivo acerca da real postura que o Chefe do<br />

Executivo assumirá diante dessas distorções.<br />

E quando as coisas começam a dar errado, nem uma, nem duas, nem dez<br />

trocas de Ministro terão efeito se aquele que manda nos Ministros não assumir<br />

posição mais clara diante da situação.<br />

Vimos assistimos diariamente à radicalização e à escalada de violência de<br />

movimentos sociais, como o MST e os sem-teto. Uma verdadeira afronta ao Estado<br />

Democrático de Direito.<br />

E é do Presidente Lula que aquela fatia da população, que anda assustada<br />

com esses últimos acontecimentos, espera uma afirmação mais clara — em<br />

palavras e gestos — de que a lei será cumprida e a ordem garantida.<br />

É certo, e até louvável, que Lula seja fiel a suas raízes no movimento sindical<br />

e social. Muito natural que queira evitar ao máximo o confronto com as origens.<br />

Afinal, é sempre duro ver no companheiro de ontem o adversário de hoje.<br />

Mas o mesmo Lula que veste o boné do MST soube fazer as alianças<br />

necessárias ao centro para, finalmente, na quarta tentativa, ganhar a eleição. E<br />

compôs seu Governo também com representantes dessas forças.<br />

O Presidente sabe que este não é um Governo só do PT, que não ganhou a<br />

eleição sozinho. É um Governo do PT e de outros setores que a ele se aliaram e ali<br />

estão representa<strong>dos</strong>.<br />

Com praticamente 7 meses de Governo, portanto, não se trata mais de se<br />

indagar de que lado do balcão está o Presidente.<br />

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Essa preliminar foi, ou deveria ter sido, superada lá atrás. Ao se eleger e<br />

constituir o Governo de centro-esquerda que formou, Lula tornou-se<br />

necessariamente o árbitro de um conjunto diversificado de forças. Pode, às vezes,<br />

pender para lá, às vezes, para cá, mas não deve perder nunca o norte das<br />

promessas de campanha de um Governo voltado para o social e para a distribuição<br />

da renda.<br />

E é por aí que, numa Esplanada com tal diversidade de forças e de opiniões,<br />

arriscada sempre a emitir mensagens dúbias à população, a palavra e a orientação<br />

moderadora do Presidente adquirem tanto peso nessas horas delicadas. Afinal, qual<br />

a posição do Governo e quem fala por ele?<br />

No caso <strong>dos</strong> movimentos sociais, a dupla sinalização oscila do alarmismo ao<br />

jogo do faz-de-conta que nada está acontecendo. Nem uma nem outra atitude levam<br />

a lugar algum, assim como não resolve mais deixar a cargo de Ministro — por mais<br />

fortes que sejam —, o recado de que a lei será cumprida e a ordem garantida.<br />

Esperamos do Presidente Lula a derradeira e moderada palavra para enfim<br />

dirimir toda incerteza e insegurança que hoje paira no cenário nacional.<br />

Para finalizar, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, quero dizer que foi com<br />

muito pesar que recebemos, no início desta tarde, a notícia do falecimento do<br />

diplomata brasileiro e Chefe da Missão das Nações Unidas no Iraque, Sérgio Vieira<br />

de Mello.<br />

Nascido no Rio de Janeiro em 15 de março de 1948, Mello era doutor em<br />

Filosofia, Letras e Ciências Humanas pela Universidade de Paris I. Filho de<br />

diplomata, falava fluentemente inglês, francês, espanhol e italiano.<br />

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A carreira na ONU se iniciou em 1969, quando assumiu o cargo de editor<br />

assistente de secretariado de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra<br />

(Suíça).<br />

No início <strong>dos</strong> anos 70, foi oficial de campo em Bangladesh e no Paquistão.<br />

Nos anos seguintes, passou pelo Chipre, Sudão, Moçambique, Peru e Líbano. Em<br />

1983 voltou a Genebra, onde permaneceu até 1993.<br />

Em outubro do mesmo ano, foi enviado à Bósnia como representante<br />

especial do secretariado geral para a antiga Iugoslávia. Depois de um breve retorno<br />

a Genebra, passou alguns anos nos EUA, na sede mundial da ONU em Nova York.<br />

Já em 1999, foi ao Kosovo como representante especial do secretariado-geral<br />

das Nações Unidas. De outubro do mesmo ano a maio de 2002, foi enviado ao<br />

Timor Leste como representante da ONU na transição governamental do país.<br />

Nesse período, ele chegou ao ponto mais alto da estrutura de direitos humanos da<br />

entidade, substituindo a irlandesa Mary Robinson.<br />

Em maio de 2003, o brasileiro foi designado para a missão no Iraque pelo<br />

Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan. Sua principal tarefa seria trabalhar a<br />

construção de um governo de transição o mais rápido possível, como a primeira<br />

etapa para um governo legítimo e representativo no Iraque — destruído depois do<br />

conflito com os EUA.<br />

Com mais esta absurda e descabida ação terrorista, perdemos não só um<br />

importante representante brasileiro nas Nações Unidas, mas também um homem<br />

digno, ousado, defensor <strong>dos</strong> direitos humanos e que tinha pela frente o maior de<br />

to<strong>dos</strong> os desafios: reconstruir um país.<br />

Muito Obrigado.<br />

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O SR. JOSUÉ BENGTSON (PTB-PA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, é com muito entusiasmo que anunciamos, para este mês de agosto, o<br />

tão esperado lançamento do Pólo de Fruticultura da Amazônia, em nosso Estado, o<br />

Pará, em evento de projeção nacional, que contará com a presença do Presidente<br />

Luiz Inácio Lula da Silva.<br />

O Pólo, que deverá impulsionar de maneira inédita a agricultura da região, é a<br />

expansão de uma pioneira e bem sucedida iniciativa da Central de Cooperativas<br />

Nova Amafrutas, que desde o ano 2000 reúne trabalhadores agroindustriais,<br />

produtores rurais e agricultores familiares, e vem funcionando com o apoio integrado<br />

de instituições federais e internacionais e do Governo do Pará. Atualmente, a Nova<br />

Amafrutas agrega 1.033 famílias de produtores rurais, em 14 Municípios do<br />

Nordeste do Pará; com a implantação do Pólo, esse número deverá crescer para 4<br />

mil famílias, distribuí<strong>dos</strong> em mais de 100 núcleos, implanta<strong>dos</strong> em 29 Municípios da<br />

mesma região. A expectativa é de que sejam produzidas na região mais de 86 mil<br />

toneladas de frutas tropicais, como maracujá, laranja, abacaxi, acerola, manga,<br />

limão, tangerina, caju e goiaba, entre outras.<br />

É importante salientar, Sr, Presidente, que a Nova Amafrutas já assinou<br />

contrato com o Banco da Amazônia, em Belém, para financiar a aquisição <strong>dos</strong><br />

equipamentos que vão compor a nova unidade de produção. A indústria, que este<br />

ano deverá processar 12 mil toneladas de maracujá para chegar a mil toneladas de<br />

suco concentrado, deverá diversificar seu foco, a partir da produção do Pólo.<br />

Incorporará o processamento das várias frutas mencionadas, em projeto que deverá<br />

ser executado até 2008, com custo previsto de R$ 13 milhões, a serem financia<strong>dos</strong><br />

pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social — BNDES, pelo<br />

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Banco do Brasil e pela Agência de Desenvolvimento da Amazônia. A partir de então,<br />

estima-se que a produção de suco concentrado atingirá o patamar de 70<br />

toneladas/ano, e o faturamento da Central de Cooperativas, que está estimado este<br />

ano em R$ 7,4 milhões, deverá atingir a marca de R$ 34,5 milhões em 2008.<br />

Gostaríamos de lembrar, Sr. Presidente, que todo esse sucesso decorreu da<br />

adoção de uma solução alternativa, de caráter eminentemente solidário e<br />

sustentável, para resolver a questão originada com a falência da Amafrutas Ltda.,<br />

uma empresa localizada no Município de Benevides, no Pará, cujo fechamento<br />

levaria ao desemprego dezenas de trabalhadores e traria sérios prejuízos a 800<br />

famílias de agricultores locais, envolvidas no cultivo de maracujá. A gravidade da<br />

situação ensejou a intervenção do ex-Governador Almir Gabriel, no sentido de<br />

desenvolver um plano de apoio à formação da Nova Amafrutas. O compromisso,<br />

reiterado pelo atual Governador, Simão Jatene, à época Secretário Especial de<br />

Produção, foi fundamental para o sucesso do projeto, que hoje instaura uma nova<br />

fase na fruticultura regional.<br />

O Estado continuará, aliás, participando ativamente da implantação,<br />

oferecendo um apoio essencial em termos de assistência técnica e crédito agrícola,<br />

além de investir na recuperação das estradas de acesso às comunidades<br />

produtoras.<br />

São excelentes, pois, as perspectivas trazidas pela implantação do Pólo,<br />

tanto econômica quanto socialmente. Gostaríamos, em especial, de destacar a<br />

função modelar aí configurada, exemplo prático de viabilidade para projetos<br />

solidários e auto-sustentáveis na agricultura nacional. No caso, a Central de<br />

Cooperativas atua na agroindústria — segmento prioritário no plano estadual —,<br />

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assegurando a verticalização interna da produção local. Ali, to<strong>dos</strong> os agricultores<br />

serão integra<strong>dos</strong> às cooperativas que formam a Nova Amafrutas, e serão também<br />

donos da empresa, garantindo-se assim preços justos para a produção.<br />

Esperamos que o exemplo da Nova Amafrutas literalmente frutifique,<br />

conquistando os merca<strong>dos</strong> agrícolas da Amazônia e de todo o País, na certeza de<br />

que aí se encontra a melhor solução para o desenvolvimento justo, seguro e auto-<br />

sustentável.<br />

Sr. Presidente, solicito que este meu pronunciamento seja divulgado nos<br />

meios de comunicação da Casa e no programa A Voz do Brasil.<br />

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O SR. RUBENS OTONI (PT-GO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, parabenizo a Comissão de Agricultura e Política Rural da<br />

Casa pela audiência pública de alto nível realizada nesta manhã, na qual foi<br />

debatida a implantação do biodiesel no País. Lá estiveram presentes representantes<br />

do Ministério da Ciências e Tecnologia e do setor alcooleiro, além de técnicos e<br />

cientistas da Universidade de São Paulo, que nos colocaram a par do grande<br />

desafio de fazer com que o biodiesel se torne economicamente viável para o Brasil.<br />

Esse combustível ecologicamente correto, não poluente e renovável pode<br />

livrar-nos da dependência do petróleo. O Governo Lula demonstrou sensibilidade, ao<br />

assinar o decreto que instituiu um grupo de trabalho para elaborar uma proposta<br />

viável para o biodiesel no País.<br />

Aproveito a oportunidade para registrar, com muito orgulho e muita honra, um<br />

importante evento que se realizará neste final de semana no meu Estado. Na<br />

próxima sexta-feira acompanharemos, na cidade de Goianésia, a inauguração da<br />

primeira central termoelétrica de Goiás para co-geração de energia a partir do<br />

bagaço da cana-de-açúcar. Trata-se de uma importante iniciativa, que, para nosso<br />

orgulho, contou com o investimento da segunda maior usina do Estado, a Jales<br />

Machado, que não mediu esforços para que esse empreendimento se tornasse<br />

realidade.<br />

Isoladamente, essa central de energia termoelétrica exigiu um investimento<br />

da ordem de R$ 28 milhões. Desde 2002, outros R$ 24 milhões, em valores<br />

aproxima<strong>dos</strong>, vêm sendo investi<strong>dos</strong> na ampliação e na modernização da usina, que<br />

ainda deverá receber uma injeção de mais R$ 14 milhões no próximo ano, a serem<br />

distribuí<strong>dos</strong> entre as áreas de moenda, evaporação, secagem de açúcar, cozimento<br />

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e empacotamento. No total, a usina investirá quase R$ 70 milhões, entre recursos<br />

próprios e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social — BNDES,<br />

que entrará com cerca de R$ 38 milhões.<br />

Sr. Presidente, a implantação desse projeto, que deverá ser concluído em<br />

2004, obedece ao planejamento estratégico definido há cerca de 3 anos, quando a<br />

unidade atingiu a plena capacidade de produção. O investimento permitirá que a<br />

usina amplie sua capacidade em 54% até 2008, passando das pouco mais de 1,3<br />

milhão de toneladas de cana-de-açúcar moídas na safra 2002/2003 para cerca de 2<br />

milhões de toneladas. Trata-se de um considerável avanço. E a Usina Jales<br />

Machado, que completa 23 anos em novembro próximo, espera produzir em 2008<br />

2,6 milhões de sacas de 50 quilos de açúcar, algo ao redor de 180.000 toneladas,<br />

num salto de quase 64%, na comparação com o volume produzido na safra<br />

2002/2003, quando respondeu por aproximadamente um quarto da produção do<br />

Estado de Goiás.<br />

Sr. Presidente, a inauguração que deverá acontecer nesta sexta-feira é<br />

motivo de júbilo para o nosso Estado e exemplo para o País. Nunca será demais<br />

ressaltar: vamos inaugurar a primeira central termelétrica do Estado de Goiás, para a<br />

geração de energia a partir do bagaço de cana-de-açúcar.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

Durante o discurso do Sr. Rubens Otoni, o Sr. Ciro<br />

Nogueira, 4º Secretário, deixa a cadeira da presidência,<br />

que é ocupada pelo Sr. Colbert Martins, § 2º do art. 18 do<br />

Regimento Interno.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Colbert Martins) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado<br />

Leônidas Cristino.<br />

O SR. LEÔNIDAS CRISTINO (PPS-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, em primeiro lugar, felicito V.Exa. por ocupar a Presidência. Fico feliz com<br />

o fato de um representante do PPS estar ocupando a direção <strong>dos</strong> nossos trabalhos.<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, é com muita alegria que ocupo a tribuna desta Casa<br />

para registrar um grande trabalho de extensão que vem sendo realizado pela<br />

Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Trata-se de uma nova versão do<br />

Projeto Rondon, uma experiência renovada e sintonizada com os novos tempos,<br />

mas que conserva o mesmo espírito de solidariedade que caracterizou o projeto<br />

original, que incorporou o imaginário de integração e desenvolvimento nacional e<br />

acabou extinto no ocaso da década de 1980.<br />

To<strong>dos</strong> nós sabemos a importância da extensão universitária, tanto para a<br />

melhoria da qualidade de ensino e o aperfeiçoamento da formação sócio-profissional<br />

<strong>dos</strong> estudantes através da aplicação da teoria aprendida na sala de aula,<br />

proporcionando aos alunos uma vivência prática de seu conhecimento, quanto para<br />

a aproximação e integração da Universidade com a sociedade, para que se cumpra<br />

sua função social.<br />

Em outras oportunidades, aqui mesmo desta tribuna, já destaquei a<br />

importância do papel desempenhado pela Universidade Estadual Vale do Acaraú<br />

(UVA) para toda região norte do Ceará, como pólo de excelência, tanto para o<br />

desenvolvimento cultural e científico, nos vários campos das Ciências, quanto para a<br />

formação técnica de educadores para todas as instâncias do ensino, desde a escola<br />

infantil até a pós-graduação.<br />

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As ações extensionistas da UVA a que me refiro neste instante vêm sendo<br />

postas em prática por meio do Campus Avançado Marechal Rondon, instalado em<br />

maio de 2002 no Município de Reriutaba, na região noroeste do Estado, e que é<br />

resultado da parceria entre a Universidade e a Associação Rondonista do Ceará.<br />

Hoje, os frutos desse trabalho já podem ser percebi<strong>dos</strong> pelas comunidades<br />

atendidas, que sentem de perto a real participação da Universidade em suas vidas,<br />

manifestada pelas atividades desenvolvidas nos diversos campos do conhecimento<br />

científico.<br />

São vários projetos setoriais já em funcionamento, nasci<strong>dos</strong> da própria<br />

necessidade e demanda das comunidades, dentre os quais podem ser destaca<strong>dos</strong>:<br />

• O Projeto de Hipertensão e Diabetes, desenvolvido pelos alunos do Curso de<br />

Enfermagem, que atende mais de 1.200 pessoas;<br />

• O Projeto Ovinocaprinocultura, em que os alunos do Curso de Zootecnia<br />

atendem famílias de baixa renda e fornecem orientação e treinamento a pequenos<br />

pecuaristas sobre higiene, manipulação, manejo e cuida<strong>dos</strong> sanitários <strong>dos</strong> animais;<br />

• O projeto de Apicultura Familiar, também desenvolvido pelos estudantes do<br />

Curso de Zootecnia, que, além de distribuir colméias, indumentária e utensílios<br />

apícolas, realiza treinamento com os apicultores;<br />

• O Projeto Educação Ambiental, desenvolvido por alunos do Curso de<br />

Geografia, que beneficia várias escolas;<br />

• O Projeto de Informática, que oferece cursos básicos de computação;<br />

• O projeto Alimentação Alternativa, desenvolvido pelos alunos do Curso de<br />

Química, que busca oferecer novas opções alimentares às comunidades, como, por<br />

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exemplo, o aproveitamento de resíduos de cascas de frutas consumidas pela<br />

população;<br />

• O Projeto Pró-Água, também desenvolvido pelos estudantes do Curso de<br />

Química, que analisa a qualidade da água consumida pela população, procurando<br />

oferecer melhores condições de saúde;<br />

• O Projeto Farmácia Viva, desenvolvido pelos estudantes do Curso de Biologia,<br />

que busca difundir o valor terapêutico das plantas com comprovada eficácia<br />

medicinal;<br />

• O projeto desenvolvido pelos alunos do Curso de Medicina, voltado para a<br />

detecção, transmissão, tratamento e prevenção da hanseníase, doença com grande<br />

incidência no Município e vizinhanças, e que contempla também o treinamento de<br />

Agentes de Saúde e o trabalho de educação e esclarecimento à população.<br />

Como se pode perceber, Sr. Presidente, esse é um trabalho amplo e produtivo<br />

da Universidade, que presta um serviço comunitário relevante, ocupando o espaço<br />

social muitas vezes esquecido pelas políticas públicas.<br />

Quero, portanto, nesta oportunidade, renovar meu irrestrito apoio à<br />

Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e congratular-me com o seu Reitor,<br />

Prof. José Teodoro Soares, com os Coordenadores do Projeto Rondon e com os<br />

corpos docente e discente pelo trabalho exemplar que vêm realizando.<br />

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O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, depois do aplaudido pronunciamento do<br />

Presidente do Banco Central, em São Paulo, perante a elite empresarial do País,<br />

indicando a retomada gradual do crescimento econômico, espera-se que, na reunião<br />

do COPOM, nas próximas horas, seja anunciada expressiva redução na taxa SELIC,<br />

abrindo perspectivas bem mais auspiciosas para os que desejam investir em nosso<br />

País.<br />

Especialistas em mercado financeiro admitem que a diminuição tão<br />

aguardada possa alcançar, pelo menos, 2 pontos percentuais, o que direcionaria a<br />

tendência para próximas decisões sob o mesmo aspecto, até chegar-se a um<br />

patamar compatível com nossas aspirações, embasando a vitalização de nossas<br />

atividades produtivas.<br />

Há entre os que debatem as oscilações da nossa política de juros o<br />

entendimento de que poderá o Brasil chegar ao final do exercício com um limite ao<br />

redor de 20%, embora o Sr. Henrique Meirelles não haja confirmado essa auspiciosa<br />

versão, que se insere num prognóstico perfeitamente exeqüível pelas nossas<br />

autoridades da área econômica.<br />

O Vice-Presidente, José Alencar, bem mais contido em suas declarações<br />

sobre o tema, não tem persistido em situar-se nesse novo contexto, deixando que o<br />

BACEN, sem pressão de sua parte, delibere a respeito, a não ser a investida do<br />

próprio empresariado, expressado por entidades como a FIESP, dirigida pelo Sr.<br />

Horacio Lafer Piva.<br />

Em meio a tudo isso, o Congresso apresta-se a apreciar, amanhã, nesta<br />

Casa, o parecer do Deputado Virgílio Guimarães sobre a reforma tributária, com<br />

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flexibilizações que teriam sido recomendadas pelo Ministro Antonio Palocci, menos<br />

intransigente diante das postulações naturais <strong>dos</strong> segmentos diretamente<br />

interessa<strong>dos</strong> na magna questão.<br />

Sabe-se que o compartilhamento da CPMF continua sendo um caminho<br />

indicado pelos Governadores, além, naturalmente, da CIDE, cuja arrecadação<br />

estimada, no exercício de 2004, pode chegar a 12 bilhões de reais.<br />

Na simultaneidade dessas duas temáticas — redução de juros e reformulação<br />

de nossa sistemática de tributação —, caminham Legislativo e Executivo, numa<br />

conjugação de esforços que se espera possa resultar benéfica para o povo<br />

brasileiro.<br />

O parecer do Deputado Virgílio Guimarães — a exemplo do que ocorreu com<br />

o do Deputado José Pimentel, na Previdência — também experimentará reajustes<br />

inevitáveis, num processo de diálogo, que terminará ao recomendar reestu<strong>dos</strong><br />

parciais que não podem ser comparadas à processualística fatiada, como tem sido<br />

alardeado pelos veículos de comunicação social.<br />

Recorde-se que, na Legislatura passada, essa tentativa chegou a ser<br />

sugerida pelo Ministro Pedro Malan, encontrando rejeição imediata por parte <strong>dos</strong><br />

Deputa<strong>dos</strong> Germano Rigotto e Mussa Demes, que então exerciam a Presidência e a<br />

Relatoria da Comissão Especial respectiva.<br />

Esses dois fatos — a aguardada redução de juros e a decisão em torno do<br />

parecer do Deputado Virgílio Guimarães — passam a ocupar as atenções <strong>dos</strong><br />

círculos políticos, financeiros e administrativos, em razão da inquestionável<br />

relevância de que se revestem itens tão polêmicos e complexos.<br />

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O COPOM deve divulgar, até amanhã, o novo percentual, e espera-se que se<br />

confirme o sibilino palpite, engenhosamente embutido no discurso do dirigente<br />

máximo do Banco Central do Brasil.<br />

O SR. PRESIDENTE (Colbert Martins) - Também temos essa esperança,<br />

Deputado Mauro Benevides.<br />

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Bassuma.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Colbert Martins) - Concedo a palavra ao Deputado Luiz<br />

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DISCURSO DO SR. DEPUTADO LUIZ BASSUMA QUE, ENTREGUE À<br />

REVISÃO DO ORADOR, SERÁ POSTERIORMENTE PUBLICADO.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. JOSÉ CARLOS ELIAS (PTB - ES. Pronuncia o seguinte discurso.) -<br />

Sr. Presidente, Sras e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a globalização teve papel preponderante<br />

para a evolução e aperfeiçoamentos <strong>dos</strong> veículos de comunicação.<br />

Os veículos de comunicação se diversificaram e proporcionaram maior<br />

aproximação e intercâmbio a to<strong>dos</strong> os segmentos econômicos e sociais. O volume<br />

de informações a que a sociedade tem acesso cria um sentimento de alegria,<br />

tristeza, perplexidade e, muitas vezes, alguns se questionam e fazem julgamentos<br />

sem conhecer os verdadeiros fatos.<br />

A história da comunicação nos revela inúmeros fatos: uns com fundamentos,<br />

outros conduzi<strong>dos</strong> aleatoriamente, produzindo interpretações e questionamentos<br />

sem nenhum respaldo científico e profissional.<br />

As notícias apresentadas à sociedade devem ser levantadas, analisadas e<br />

cuida<strong>dos</strong>amente elaboradas, e o princípio é estabelecer a verdade e evitar dúvidas<br />

de dupla interpretação.<br />

As observações ora apresentadas têm como objetivo a reflexão sobre fatos<br />

de que to<strong>dos</strong> os dias temos conhecimento. Muitas das vezes, cometemos erros e,<br />

toma<strong>dos</strong> por impulsos, damos início a julgamentos e interpretações precipitadas, o<br />

que produz conseqüências desastrosas a pessoas ou instituições que sempre<br />

primaram pela boa imagem e honradez.<br />

Julgo necessário e oportuno exemplificar fato recentemente ocorrido no<br />

Município de Jaguaré, localizado no norte do Espírito Santo, quando de uma<br />

auditoria realizada na Prefeitura deste Município pela Controladoria Geral da União.<br />

Na síntese do relatório de fiscalização, constatou-se que recursos financeiros<br />

no valor de R$297.000,00, destina<strong>dos</strong> originalmente à recuperação de estradas e<br />

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distribuição de materiais de construção, foram aplica<strong>dos</strong> em objeto diferente do<br />

pactuado em convênio de recuperação da Barragem Jundiá.<br />

Sobre a aplicação de recursos federais na construção da Barragem no<br />

Córrego Jundiá, não houve erro da Prefeitura e, sim, do SIAFI — Sistema Integrado<br />

de Administração Financeira, da União, que, segundo a própria Controladoria, não<br />

procedeu à alteração do objeto do convênio firmado entre a Prefeitura e o Ministério<br />

da Integração Nacional.<br />

O convênio objetivou reconstruir trecho de estrada e distribuição de material<br />

de construção com a alteração autorizada pelo Governo Federal. Objetivou-se<br />

priorizar a construção de barragem que havia sido destruída pelas enchentes de<br />

2001 e, com isso, garantir a normalidade no abastecimento de água tratada à<br />

população da cidade.<br />

Porém, veículos de comunicação, na busca de informações, encontraram no<br />

site da Procuradoria a síntese do relatório, em que estava inserida a situação<br />

levantada, e produziram a notícia com o seguinte título: “Auditoria aponta<br />

irregularidades na Prefeitura de Jaguaré”.<br />

Tal notícia coloca a Prefeitura e seu gestor em situação extremamente<br />

delicada e os expõe a julgamentos e interpretações maliciosas.<br />

Perguntamos: se for constatada a veracidade <strong>dos</strong> fatos, após conclusão final<br />

do relatório da Procuradoria, será que os veículos de comunicação que anteciparam<br />

os fatos irão esclarecer a verdade e se retratar junto a opinião pública? Será que os<br />

leitores desses veículos de comunicação e os munícipes que hoje questionam o<br />

passado e o presente do atual Prefeito, Sr. Evilázio Sartório Altoé, terão acesso às<br />

novas informações? Como terão certeza da honestidade de um cidadão, político e,<br />

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sobretudo, chefe de família, que durante sua trajetória de vida procurou trilhar o<br />

caminho da verdade e da justiça?<br />

É importante ressaltar que o Sr. Evilázio Sartório Altoé, Prefeito Municipal de<br />

Jaguaré, por meio de uma gestão austera e desenvolvimentista, conseguiu elevar a<br />

economia do Município da 36ª colocação para 11ª colocação no Estado do Espírito<br />

Santo, fato extremamente significativo pelo curto espaço de tempo, além de ter sua<br />

Administração aprovada pelos munícipes por unanimidade.<br />

O que podemos fazer para repararmos erros dessa natureza? Como<br />

podemos ter certeza de que os munícipes irão acreditar na nova versão <strong>dos</strong> fatos?<br />

Estas e outras perguntas fazem parte de um conjunto de prerrogativas que<br />

devem prevalecer, quando buscamos os erros e acertos e, principalmente, quando<br />

temos a responsabilidade em divulgar os fatos.<br />

Outro assunto, Sr. Presidente. O Governo Federal tem dado sinais de que<br />

pretende criar alternativas de combate ao desemprego no Brasil. Uma delas, sem<br />

dúvida nenhuma, que considero das mais importantes, é o incentivo às cooperativas,<br />

principalmente àquelas de funcionários de empresas com dificuldades financeiras.<br />

Segundo o Ministro do Trabalho, Jaques Wagner, "o desemprego é um<br />

problema mundial; daí que o cooperativismo também é uma forte tendência do<br />

mundo inteiro”. Segundo ainda o Ministro, “há uma disposição do Governo para com<br />

a manutenção <strong>dos</strong> postos de trabalho e o apoio aos trabalhadores que queiram se<br />

organizar para evitar que as empresas fechem”.<br />

Segundo da<strong>dos</strong> da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o Brasil<br />

tem hoje 147 cooperativas de produção criadas a partir de empresas que estavam<br />

em dificuldades financeiras, nos diversos setores produtivos.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Além de oferecer condições para criação de cooperativas, o Governo também<br />

estuda medidas para renegociações de dívidas, de empréstimos, e ainda de<br />

qualificação profissional.<br />

Sr. Presidente, diante das incertezas econômicas mundiais, a organização da<br />

mão-de-obra ociosa, de modo a propiciar, no mínimo, sua sobrevivência, surge<br />

como medida salutar, capaz de desonerar os governos <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> com sua<br />

sustentação, manutenção e proteção. Depois de requerer uma ação governamental<br />

normativa, modesto suporte financeiro e alguma orientação técnica, depois disso, a<br />

adoção do cooperativismo se encarregaria de resgatar a auto-estima das pessoas e<br />

sua capacidade produtiva.<br />

Assim tem sido no Espírito Santo, em que a força do cooperativismo contagia<br />

com iniciativas bem-sucedidas na área educacional, rural, com as indústrias etc.<br />

No Espírito Santo, o cooperativismo não é tratado como solução mágica, mas<br />

é tido como uma frutífera estratégia de incentivo ao desenvolvimento econômico.<br />

Por tudo isso, Sras. e Srs. Parlamentares, é que acredito na força das<br />

cooperativas e na iniciativa do Governo Federal em resgatar essa importante<br />

atividade. Lembro que em alguns países da Europa 8% do PIB saem do sistema<br />

cooperativista.<br />

Parabéns ao Governo por desenvolver projetos para estimular os<br />

trabalhadores a se organizarem em cooperativas!<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. EDISON ANDRINO (PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, tenho retornado insistentemente a esta tribuna<br />

para destacar a urgência na adoção de medidas para a recuperação do setor<br />

pesqueiro em nosso País. Visivelmente longe de explorar todo seu potencial, o<br />

Brasil, com mais de 8 mil quilômetros de costa, é apenas o 26º no ranking mundial<br />

da produção do pescado.<br />

Brasil.<br />

Vejamos, Sr. Presidente, os desafios por que passa a indústria atuneira no<br />

O atum é o peixe comercialmente mais rentável no mundo, e a variedade<br />

albacora-laje, capturada principalmente pela frota baseada em Itajaí, Santa Catarina,<br />

está entre as mais importantes. Não fazendo jus à enorme disponibilidade da<br />

espécie, a frota atuneira nacional é inadequada e insuficiente. O atraso na sua<br />

modernização vem impedindo o crescimento mais acelerado do ritmo de produção, a<br />

despeito da tendência mundial de colocar em destaque a produção oriunda da pesca<br />

de tunídeos como produto de exportação por excelência.<br />

Estima-se que, atualmente, das 150 embarcações que operam dentro da<br />

Zona Econômica Exclusiva (ZEE), entre as 12 e 200 milhas náuticas da costa, cerca<br />

de 47 são legitimamente brasileiras, e todas fabricadas originalmente para<br />

atividades costeiras, adaptadas mas tecnologicamente defasadas, com níveis de<br />

rentabilidade muito baixos. A frota ideal seria de 250 barcos, que os estaleiros<br />

nacionais poderiam construir em até 3 anos, com financiamento adequado do Fundo<br />

de Marinha Mercante, numa conta que ficaria em torno de US$600 milhões. Ou seja,<br />

estamos deixando de operar satisfatoriamente na Zona Econômica Exclusiva,<br />

justamente onde se abriga um <strong>dos</strong> maiores potenciais de produção de atuns e afins,<br />

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espécies altamente migratórias que encontram nas águas tépidas da Corrente do<br />

Brasil, ambiente favorável para reprodução e alimentação.<br />

Sr. Presidente, o Brasil corre o risco de perder o direito de pescar em suas<br />

próprias águas, se não investir na construção de uma frota legitimamente nacional.<br />

Pelas regras da Convenção das Nações Unidas sobre Direitos do Mar, o país que<br />

não tiver condições de pescar em suas próprias águas deverá, obrigatoriamente,<br />

ceder esse direito de pesca a outras nações.<br />

Situação peculiar e que demonstra a crise da produção atuneira foi a ocorrida<br />

no início deste ano, quando o Conselho Nacional de Pesca — CONEPE solicitou a<br />

redução do imposto de importação de atum congelado para a indústria conserveira,<br />

cuja alíquota é de 11,5%. O argumento baseou-se na pequena oferta do produto<br />

pelos barcos brasileiros, insuficiente para o crescente consumo de atum. A frota de<br />

isca viva, primordial na captura das espécies de atum utilizadas para a conserva,<br />

tende a diminuir em face do agravamento do conflito que passou a existir entre os<br />

pescadores de atum e os pescadores de sardinha. A constante presença das<br />

embarcações atuneiras nas áreas da pesca artesanal tem causado problemas, tais<br />

como a redução <strong>dos</strong> estoques marinhos e a conseqüente diminuição da renda para<br />

a subsistência das comunidades das regiões de entorno, onde as embarcações<br />

capturam iscas, predominantemente a sardinha. Esta é a principal espécie pescada<br />

no Brasil, mas seu volume de pesca anual teve uma diminuição de 90%, comparado<br />

ao <strong>dos</strong> anos 1970. Uma das propostas apresentadas recentemente aos pescadores<br />

catarinenses, para evitar o risco de colapso nos estoques, foi a de que os próprios<br />

pescadores artesanais ficassem responsáveis pela pesca e venda do produto para a<br />

indústria atuneira.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Ou seja, Sr. Presidente, em face desses e inúmeros outros problemas, a<br />

indústria de conserva de atum não tem matéria-prima suficiente e necessita da<br />

importação do produto. Ou aumentamos a produção nacional ou haverá a<br />

estagnação do setor. Sem a redução das tarifas, os países do Pacto Andino, que<br />

estão isentos da taxação, serão os nossos fornecedores preferenciais. E, mesmo<br />

com a isenção que possibilitará a busca em outros merca<strong>dos</strong>, como a África do Sul e<br />

Tailândia, estaremos criando empregos nesses países, empregos que poderíamos<br />

estar viabilizando aqui, em nosso País.<br />

Sr. Presidente, a produção nacional continua nos mesmos níveis do passado.<br />

A pesca nacional parou no tempo. Enfatizo os problemas da alta tributação da<br />

produção nacional, a falta de subsídio para o óleo diesel marítimo e a falta de<br />

pesquisa, responsáveis pela atual crise na captura de atum.<br />

Nobres colegas, integrante da Frente Parlamentar da Pesca nesta Casa há<br />

quase 10 anos, percebo que a dinâmica <strong>dos</strong> recursos pesqueiros depende da<br />

existência de informações consistentes. Deposito minhas esperanças, Sras. e Srs.<br />

Deputa<strong>dos</strong>, na nova Secretaria Especial de Pesca e Aqüicultura e no recente<br />

anúncio do Presidente Lula do repasse de R$2,3 bilhões para modernizar o setor de<br />

pesca no País.<br />

Ao Poder Público, ilustres Parlamentares, cabe promover o desenvolvimento<br />

sustentável da atividade pesqueira como fonte de alimentação, emprego e renda,<br />

conciliando a sustentabilidade da pesca com a obtenção de melhores resulta<strong>dos</strong><br />

econômicos e sociais. E tenho a certeza, Sr. Presidente, de que, com a renovação e<br />

modernização da frota, a criação de linhas de crédito para as empresas pesqueiras,<br />

os cuida<strong>dos</strong> que o pescado exige desde a sua captura até o seu beneficiamento e a<br />

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estratégia a ser adotada para estimular o consumo, o setor pesqueiro nacional<br />

estará em breve situado entre os mais produtivos do mundo, contribuindo<br />

significativamente para a geração de empregos e renda no Brasil.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. NELSON MARQUEZELLI (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, ocupo a tribuna no dia de hoje, 20 de<br />

agosto, para prestar minha homenagem à Maçonaria pelo transcurso do Dia<br />

Internacional do Maçom. Assim, cumprimento to<strong>dos</strong> os irmãos maçons, em especial<br />

os que aqui no Parlamento trabalham para que este País se transforme no Brasil<br />

que to<strong>dos</strong> desejamos, com mais desenvolvimento e menos criminalidade.<br />

Diz-se que não se pode falar de política e Maçonaria, mas toda a história de<br />

nossa Fraternidade é sustentada por ações políticas. Entre nós não se pode discutir<br />

política partidária, mas política dentro <strong>dos</strong> mais eleva<strong>dos</strong> princípios maçônicos é<br />

nossa obrigação discutir. Na época <strong>dos</strong> essênios e <strong>dos</strong> Cavaleiros Templários, as<br />

ordens iniciáticas tinham por objetivo a evolução de seus membros, mas,<br />

principalmente, contribuir com a evolução de toda a humanidade. Na verdade, essa<br />

é a essência de toda organização que tem verdadeiramente Deus como sua luz e<br />

objetivo.<br />

Nossa ordem sabidamente é marcada por realizações em prol <strong>dos</strong> povos,<br />

como a Revolução Francesa, a Independência <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> da América, a<br />

Inconfidência Mineira e a Independência do Brasil, para falar apenas de algumas.<br />

Mas hoje é preciso que façamos mais para tornar mais feliz o nosso povo,<br />

acuado pelo crime organizado e pelos desman<strong>dos</strong> de administrações públicas<br />

corruptas que transferem para a população seus desatinos através da cobrança de<br />

taxas e impostos, exatamente como na antiga Roma. É hora, companheiros, de<br />

aproximarmo-nos do Grande Oriente do Brasil, do irmão Laelso Rodrigues, Grão-<br />

Mestre Geral, e, em pé e em ordem, formar fileiras e efetivamente contribuirmos<br />

para que os diversos trabalhos que lá estão se desenvolvendo tenham nossa<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

participação pessoal. Destaco, no momento, o Projeto Maçonaria Contra as Drogas,<br />

um projeto em favor da vida que se vem desenvolvendo com a parceria da<br />

Secretaria Nacional Antidrogas — SENAD, da Presidência da República, e mantém<br />

convênio com a Associação Brasileira de Estu<strong>dos</strong> do Álcool e Outras Drogas —<br />

ABEAD.<br />

Com crédito do Grande Oriente do Brasil, seriedade e competência do<br />

trabalho preventivo, o Projeto envolve to<strong>dos</strong> os Grandes Orientes Estaduais e mais<br />

de 2.200 Lojas Maçônicas, além de integração com Prefeituras Municipais,<br />

Secretarias de Saúde e Educação, com espaço nos Conselhos Estaduais de<br />

Entorpecentes. Trata-se de trabalho que foi distinguido e reconhecido pela SENAD,<br />

com homenagem especial.<br />

Senhores, a Maçonaria brasileira desempenha papel preponderante na<br />

melhoria da qualidade de vida do ser humano. Sob a orientação do Grande Oriente<br />

do Brasil, devemos nos integrar a esse Projeto até porque é opinião unânime, entre<br />

os especialistas e estudiosos <strong>dos</strong> problemas de drogas, que o melhor combate ao<br />

seu uso é a ação preventiva.<br />

Ao finalizar meu pronunciamento, convoco to<strong>dos</strong> os irmãos e Deputa<strong>dos</strong>,<br />

bem como os muitos irmãos que fazem parte do Poder Executivo e do Poder<br />

Legislativo a colaborar com o Projeto Maçonaria Contra as Drogas, para que uma<br />

vez mais possamos atuar de forma convincente, agora contra este monstro que<br />

dilacera famílias e corrói a sociedade. É urgente pois que unamos esforços para<br />

manter a bandeira de prevenção ao uso de drogas sempre presente em cada lar<br />

brasileiro.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Deixo um tríplice abraço a to<strong>dos</strong> os irmãos maçônicos brasileiros e expresso<br />

meu desejo de construirmos um país melhor para que as futuras gerações honrem o<br />

nosso trabalho.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB-RJ. Sem revisão da oradora.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, este País perdeu 2 destaca<strong>dos</strong> brasileiros.<br />

O Embaixador Sérgio Vieira de Mello precisa receber de to<strong>dos</strong> nós as mais<br />

altas homenagens, na medida de seu esforço humanitário e de sua história. O que<br />

mais me chamou a atenção em sua vida e carreira diplomática foi sua atuação no<br />

Timor-Leste, por cuja independência vários Parlamentares lutaram. O Deputado<br />

Aldo Arantes, do meu partido, coordenava o trabalho em favor da independência e<br />

redemocratização daquele país e em oposição ao genocídio perpetrado pela<br />

Indonésia contra aquele povo. Todo esforço foi feito e aquela população de língua<br />

portuguesa finalmente conseguiu seu espaço.<br />

Foi exatamente Sérgio Vieira de Mello, Alto Comissário das Nações Unidas,<br />

que coordenou o trabalho de reconstrução do Timor-Leste. Com uma equipe<br />

integrada também por outros brasileiros, Sérgio Vieira de Mello ajudou a elaborar a<br />

Constituição daquele país. Esse fato marcou muito sua trajetória e atraiu para si a<br />

simpatia do mundo inteiro, além de ter marcado sua coragem, coerência política e<br />

visão pacifista nos confrontos com atitudes de arbitrariedade e injustiça em várias<br />

localidade do mundo.<br />

Pareceram-me de grande acinte as declarações de George W. Bush e Tony<br />

Blair de solidariedade à família de Sérgio Vieira de Mello, em nome da paz e contra<br />

o terrorismo, dadas como se não tivessem nenhuma responsabilidade sobre o<br />

acontecimento, com a trágica morte de Sérgio Vieira de Mello e de outras pessoas,<br />

assassinadas pelo terrorismo de estado norte-americano, que tem como<br />

coadjuvante o Governo inglês. Sinceramente, to<strong>dos</strong> devemos condenar de forma<br />

veemente o terrorismo, mas devemos afirmar que o maior terrorista do mundo, que<br />

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tem como meio de cultura o terrorismo de estado oficial, é exatamente o império<br />

norte-americano.<br />

Chamo a atenção para o seguinte fato: como, ao lado de um prédio rodeado<br />

por um muro de 3 metros e meio, com seguranças do exército norte-americano,<br />

pôde estacionar um caminhão-bomba, e bem embaixo da janela do diplomata<br />

brasileiro? Isso nos intriga. É bom que se reflita sobre o fato, que certamente já está<br />

sendo investigado, porque Sérgio Vieira de Mello era um homem que batalhava por<br />

um governo civil no Iraque, eleito pelo povo. Sendo essa sua bandeira, e sua<br />

proteção estando entregue ao Exército norte-americano, como pôde ocorrer esse<br />

atentado, furando um esquema de segurança, em tese, eficaz?<br />

Minhas homenagens ao destacado brasileiro — que era carioca, sua mãe<br />

mora no Rio de Janeiro —, manifestando nossa solidariedade a sua família.<br />

Ao mesmo tempo, ressalto a preocupação com esse atentado, que ainda não<br />

está esclarecido e que deve ser melhor apurado, principalmente a responsabilidade<br />

do Governo norte-americano.<br />

A segunda homenagem que presto é a outro destacado brasileiro que o País<br />

perdeu recentemente, Sérgio Arouca, que hoje faria 62 anos de idade.<br />

Ele foi defensor não só no Brasil, mas na América Latina, da saúde pública.<br />

Coordenou a criação <strong>dos</strong> serviços de saúde da Nicarágua no período pós-<br />

revolucionário e atuou em Cuba. Trata-se de pessoa que deu contribuição enorme à<br />

saúde pública, e não só no Brasil. Eu disse, no dia do seu velório, que se ia o<br />

homem errado, na hora errada. Afinal, todo o seu acúmulo de experiências daria<br />

imensa contribuição ao País neste momento histórico que vivemos. Mas ele foi<br />

embora.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

A forma que temos para homenagear Sérgio Arouca é continuar a luta que é<br />

sua e nossa, construída ao longo <strong>dos</strong> anos, que deixou muitos herdeiros e muitas<br />

novas gerações.<br />

Neste momento, digo em alto e bom tom que não podemos aceitar, inclusive<br />

em nome dessa histórica luta, o veto à Lei de Diretrizes Orçamentárias aposto pelo<br />

Governo, relativamente ao § 2º do art. 59. Depois de tanta batalha por uma verba<br />

constitucionalmente destinada à saúde. Pelo veto da LDO, os recursos podem ser<br />

usa<strong>dos</strong> não apenas em ações de serviço de saúde, mas serem dirigi<strong>dos</strong> para outros<br />

destinos, que podem ter relação enorme com saúde. Mas não se trata de ações e<br />

serviços de saúde, porque são retira<strong>dos</strong> direitos de programas, resultantes de uma<br />

luta na qual teve enorme participação o ex-Deputado e sanitarista Sérgio Arouca, ex-<br />

Presidente da FIOCRUZ e Coordenador da 8ª Conferência Nacional de Saúde, onde<br />

se discutiu, de forma culminante e democrática, o Sistema Único de Saúde,<br />

impresso no texto constitucional.<br />

Infelizmente, temos de registrar nossa insatisfação com a reforma tributária.<br />

Não é admissível que, a esta altura da vida e da luta política, tenhamos mais uma<br />

desvinculação de recursos da Seguridade Social, no caso a CPMF, criada para a<br />

saúde, que depois ganhou percentual para a Previdência e para o combate à<br />

pobreza, mas que neste momento se desvincula integralmente desses objetivos. As<br />

outras contribuições rubricadas da Seguridade foram retidas este ano do Tesouro,<br />

numa média de 50%, desvinculando-as inclusive da sua atividade-fim.<br />

O apelo que faço ao Governo, ao Relator e a esta Casa é no sentido de que<br />

não permitam essa violência contra a população brasileira. Quando discutimos<br />

saúde, discutimos direito à vida, direito fundamental da cidadania. Não podemos, em<br />

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nome do superávit e do ajuste fiscal profundo, colocar em risco a vida de seres<br />

humanos.<br />

Portanto, Sr. Presidente, manifesto minha indignação ao atentado que<br />

resultou na morte de Sérgio Vieira de Mello, meu pesar pelo passamento do<br />

sanitarista Sérgio Arouca, e meu protesto por essa violência que se comete contra a<br />

área de saúde em momento tão importante da vida nacional.<br />

Durante o discurso da Sra. Jandira Feghali, o Sr.<br />

Colbert Martins, § 2º do art. 18 do Regimento Interno,<br />

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.<br />

Geraldo Resende , § 2º do art. 18 do Regimento Interno.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Geraldo Resende) - Concedo a palavra ao Sr.<br />

Deputado Antonio Cambraia.<br />

O SR. ANTONIO CAMBRAIA (PSDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, na segunda-feira passada, ocorreu a leitura<br />

incompleta do relatório da proposta de reforma tributária. Amanhã, quinta-feira, será<br />

iniciada sua discussão.<br />

Mas, ao se analisar o substitutivo do Relator, chega-se à conclusão de que<br />

não atende aos interesses nacionais. Atende apenas ao Governo Federal, na<br />

medida em que constitucionaliza a CPMF, tão criticada pelo PT no passado,<br />

tornando-a permanente, e prorroga a chamada Desvinculação da Receita da União<br />

— DRU até 2007. E também prevê aumento de impostos e contribuições, haja vista<br />

a tributação das importações de mercadorias e serviços, inclusive com a COFINS.<br />

Por outro lado, a proposta de reforma não atende aos Governos Estaduais e<br />

Municipais, que não participarão dessa famigerada contribuição, nem de outros<br />

tributos, exceto o Imposto de Renda e o IPI, que compõem o Fundo de Participação<br />

<strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> e o Fundo de Participação <strong>dos</strong> Municípios. Os Esta<strong>dos</strong> também perdem<br />

os incentivos fiscais, que são instrumentos de propulsão do desenvolvimento das<br />

regiões mais pobres deste País.<br />

Os Esta<strong>dos</strong> também não têm a garantia da compensação sobre a<br />

desoneração das exportações. Os Esta<strong>dos</strong> exportadores que trazem divisas para o<br />

País, uma vez sendo essas exportações desoneradas, precisam ser compensa<strong>dos</strong>.<br />

Mas não o serão totalmente, pois, de forma bastante tímida, a proposta remete o<br />

assunto para a lei complementar, e apenas com base no IPI, diminuindo ainda mais<br />

a participação <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> e Municípios do bolo da arrecadação tributária.<br />

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O setor produtivo também não está sendo atendido. Sua grande<br />

reivindicação, que é desonerar a produção de máquinas, de equipamentos<br />

industriais e agrícolas, não foi contemplada de forma satisfatória no substitutivo do<br />

Relator.<br />

O discurso do Governo do PT é de que irá desonerar a produção por ser a<br />

única forma de desenvolver o País, de gerar emprego e renda, mas, na prática, não<br />

está correspondendo ao discurso. E quem perde é a população brasileira. Na<br />

medida em que a carga tributária vai ser aumentada, ela vai passar a pagar mais<br />

impostos, se é que ainda se pode pagar mais imposto neste País.<br />

Em suma, Sr. Presidente, é isso que está no substitutivo do Relator, que<br />

praticamente transcreveu a proposta do Governo.<br />

Por outro lado, estabelecer que a <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> deve aprovar a<br />

proposta tal como veio do Executivo e deixar para o Senado a tarefa de modificar o<br />

texto é tirar a principal atribuição desta Casa elaboradora de leis, cuja atribuição não<br />

podemos diminuir ou relegar a segundo plano.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.<br />

e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, na terça-feira, utilizando-se do Grande Expediente, o Deputado<br />

João Caldas contestou a licitação da PETROBRAS e usou toda uma argumentação<br />

para defender uma empresa que sequer citou o nome, mas que é a Marítima. S.Exa.<br />

disse que essa empresa tem 25 anos de serviços presta<strong>dos</strong> à PETROBRAS, o que<br />

é verdade. Só que não foram na construção de plataformas. A Marítima, do Sr.<br />

German Efromovich, prestava serviços apenas de apoio à PETROBRAS.<br />

O que mais nos chama a atenção é que o nobre Deputado disse que é uma<br />

companhia 100% brasileira, o que não é verdade. Na 5ª licitação da Agência<br />

Nacional de Petróleo, a Marítima foi desqualificada porque sua controladora, a<br />

empresa Sinergy Group Corp., sediada na Ilha de Niue, não se enquadrou dentro<br />

das exigências da ANP. Na 4ª licitação, ela era controlada pela empresa Rainier<br />

Engineering Limited, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas.<br />

O que nos chama mais a atenção é que a Marítima tinha um capital da ordem<br />

de 1 milhão de dólares, mas chegou a acumular contratos com a PETROBRAS da<br />

ordem de 2 bilhões de dólares; ou seja, no passado recente, a PETROBRAS<br />

mandou construir 11 plataformas de petróleo no exterior, e o Sr. German Efromovich<br />

estava direta ou indiretamente ligado a esse processo de licitação, pois venceu<br />

praticamente os 11 contratos, sendo que muitos deles nem tiveram carta-convite,<br />

como a construção da P-36, a maior de todas. Ele foi convidado, ganhou e teve seu<br />

contrato assinado. Em nenhum desses contratos entregou as plataformas no prazo<br />

determinado e pelo valor estipulado no contrato. Tanto é assim que, no caso da P-<br />

36, a PETROBRAS teve de desembolsar mais 40 milhões de dólares, fora do<br />

contrato, para receber a plataforma num prazo menor. Mesmo na gestão passada,<br />

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quando Hartung era o Presidente da PETROBRAS, a empresa precisou romper com<br />

a Marítima o contrato para construção de 2 plataformas porque não tinham sido<br />

entregues no prazo. A Marítima entrou na Justiça contra a PETROBRAS.<br />

Ora, nada mais natural que a PETROBRAS deixar de convidar uma empresa<br />

que a esteja processando na Justiça por estar defendendo seus interesses e <strong>dos</strong><br />

seus acionistas, uma vez que a Marítima não conseguia cumprir seus contratos.<br />

Quero parabenizar a PETROBRAS, seus diretores, o Diretor de Produção,<br />

Guilherme Estrela, e a Ministra Dilma Rousseff pela postura diante do assunto.<br />

É preciso relembrar que a construção de plataformas de petróleo esteve no<br />

centro da disputa presidencial, quando, no final do Governo Fernando Henrique, foi<br />

feita a licitação para construção da P-50, que ocorreu em Cingapura. O então<br />

candidato Lula assumiu o compromisso diante da Nação de, se eleito, estabelecer<br />

um percentual de nacionalização dessas plataformas, para que pudessem ser<br />

construídas no Brasil, gerando empregos aqui. Assim foi feito. Tão logo assumiu, a<br />

nova diretoria da PETROBRAS modificou os editais de licitação estabelecendo<br />

percentual de nacionalização. O BNDES, colocando na ordem do dia o “S” do Social,<br />

abriu uma carteira de 1,2 bilhões de dólares para financiar a construção dessas<br />

plataformas.<br />

Sr. Presidente, estamos assistindo, acima de tudo, à materialização do<br />

compromisso do candidato Lula de que passaríamos a construir as nossas<br />

plataformas de petróleo.<br />

Quero também frisar que o BNDES acabou de liberar o financiamento para a<br />

construção de 4 navios petroleiros e mais uma série de 22 outros. É o início da<br />

renovação da FRONAPE, que está praticamente sucateada.<br />

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O argumento do Deputado João Caldas não se justifica, portanto. Longe de<br />

tentar anular esta licitação, este Parlamento tem de apoiar a iniciativa porque<br />

representa um gesto concreto de fé no Brasil, nos trabalhadores brasileiros. Assim,<br />

teremos condições de reerguer a construção naval neste País a partir da postura<br />

corajosa do Presidente Lula, que se materializou nas ações concretas <strong>dos</strong> diretores<br />

da PETROBRAS.<br />

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O SR. SIMÃO SESSIM (PP-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, to<strong>dos</strong> os anos, sempre no mesmo mês de<br />

agosto, sou tomado pela forte emoção que domina o meu já cansado coração, num<br />

momento como este em que presto minhas sinceras e honrosas homenagens aos<br />

56 anos de emancipação político-administrativa de Nilópolis, cidade berço da minha<br />

infância, que me embalou desde criança e de onde guardo até hoje doces<br />

inesquecíveis lembranças.<br />

Falar do mais de meio século de Nilópolis é reviver a minha própria vida como<br />

cidadão, como homem e chefe de família que goza da felicidade de ter sido amado<br />

por uma mulher maravilhosa, mãe extraordinária, que infelizmente já não nos priva<br />

da sua companhia, do seu afago, do seu carinho e do seu amor; mas que deixou os<br />

nossos frutos cresci<strong>dos</strong> e amadureci<strong>dos</strong> nas figuras de nossos filhos e netos, com<br />

quem compartilho momentos diários de felicidade e ternura.<br />

Tenho dito, sempre nesta ocasião, que a minha emoção é duplamente<br />

gratificante. Afinal, foi nesta terra que vi levantar o alicerce a sustentar minhas<br />

fantasias, aventuras e projetos de adolescente; da mesma forma que é esta mesma<br />

terra que hoje deposita sobre os meus ombros a importante e dignificante tarefa de<br />

defender os interesses <strong>dos</strong> meus irmãos conterrâneos na mais alta tribuna das<br />

discussões desta Nação, que é o Congresso Nacional, em Brasília.<br />

Já tive a oportunidade de agradecer de público a manifestação de carinho e<br />

confiança que recebi nas urnas em 2002, quando a população da minha querida<br />

Nilópolis me distinguiu pela 7ª vez consecutiva como seu mandatário na <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong><br />

Deputa<strong>dos</strong>, honraria, aliás, que se sucede desde que fui escolhido também como<br />

seu Prefeito, em 1972.<br />

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Tudo isso, e muito mais, Sr. Presidente, se confunde de tal maneira com as<br />

lembranças da cidade de Nilópolis, a ponto de me dar a certeza de que não há no<br />

mais íntimo de nós mesmos presença maior do que a do chão em que viemos ao<br />

mundo, da família em que nascemos e do povo a que pertencemos. Desse modo,<br />

torno-me também testemunha viva da luta, do sofrimento, das esperanças, sonhos e<br />

conquistas em busca do desenvolvimento da cidade de Nilópolis, que hoje é motivo<br />

de orgulho do seu povo ordeiro, trabalhador, destemido e, sobretudo, vencedor.<br />

Nada melhor para retratar Nilópolis do que a letra do seu próprio hino, de<br />

autoria do nosso querido Cláudio Aragão da Guia, para quem esta cidade tem um<br />

“povo forte, varonil, marco de esperança neste imenso chão-Brasil”, tornando-se<br />

com isso “um povo hospitaleiro e feliz”. Povo, aliás, que tem nomes como João e<br />

Manuel Alves Mirandela, Franklin de Carvalho, Manoel Reis, Maestro Djalma do<br />

Carmo, Ernesto Car<strong>dos</strong>o, Anacleto de Queiroz e tantos outros anônimos que<br />

tocaram o desenvolvimento desta cidade, acreditando num futuro promissor para<br />

to<strong>dos</strong> os seus irmãos que nela habitam e prosperam.<br />

Nilópolis pode até ser o menor Município brasileiro. Mas, com certeza, é um<br />

gigante na sua generosidade. De nada adiantou nos tirar um pedaço enorme de<br />

terra, como os 13 quilômetros quadra<strong>dos</strong> de ameaças e medo para a população<br />

vizinha a Gericinó. Até porque, nos 9 quilômetros quadra<strong>dos</strong> que nos restaram vive<br />

um verdadeiro exército de guerreiros, lutadores destemi<strong>dos</strong>, que usam a arma da<br />

cidadania para transformar a nossa querida Nilópolis numa trincheira contra as<br />

injustiças.<br />

Hoje, somos uma cidade modelo, bela, charmosa, atraente e famosa dentro e<br />

fora do País; seja pelo encanto da nossa Beija-Flor, pela qualidade de vida de seus<br />

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filhos, que tem acesso pleno à Educação, além de esgoto, pavimentação, água<br />

encanada e iluminação pública em praticamente 100% de seus logradouros.<br />

Não resta a menor dúvida de que no decorrer desses 56 anos de<br />

emancipação político-administrativa de Nilópolis, nos fizemos conheci<strong>dos</strong> pelo amor<br />

à cidade, pela disposição para a luta, pela solidariedade humana, pelo espírito<br />

fraterno com que nos empenhamos em favor do desenvolvimento econômico e da<br />

prosperidade social.<br />

Por isso mesmo, Sr. Presidente e nobres deputa<strong>dos</strong>, pesam sobre mim, como<br />

homem público de Nilópolis, tanto a tradição do passado quanto o desafio do futuro.<br />

Obriguei-me, na prefeitura e na <strong>Câmara</strong> Federal, a ombrear com meus antecessores<br />

e fazer-me digno do exemplo de trabalho, de dedicação e de perseverança com que<br />

concorreram para o progresso de Nilópolis. E, assim sendo, vejo, sem falsa<br />

humildade, as realizações com que venho contribuindo, embora modestamente,<br />

para a grandeza da minha terra e para o bem-estar do meu povo.<br />

Saneamento, pavimentação, iluminação, construção de viaduto e de praças,<br />

estação de transferência de lixo, terminal rodoviário, Escola Técnica Federal são<br />

exemplos de obras realizadas. E para isso lutei com todas as minhas forças, certo<br />

de que não tenho feito mais do que a minha obrigação, como político e,<br />

principalmente, como cidadão nilopolitano.<br />

O nosso empenho em trazer mais benefícios para Nilópolis não pára por aí.<br />

Aguardamos ainda a liberação de dinheiro, fruto de emenda de minha autoria ao<br />

Orçamento da União, prevista ainda para este ano, e que visa à aquisição de<br />

unidade móvel de saúde, construção, ampliação e modernização de creches, à<br />

construção de uma quadra poliesportiva, além de outros benefícios.<br />

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Muita coisa ainda está por fazer. Mas, com certeza, Nilópolis, a partir de<br />

agora, haverá de conhecer um novo tempo de realizações para o seu povo,<br />

acompanhando o fluxo de modernização do mundo, nas áreas de saúde, educação,<br />

cultura, serviços públicos, transporte e meio ambiente, inclusive no tocante ao<br />

funcionalismo público municipal.<br />

Ao Prefeito Farid Abrão, ao Vice-Prefeito Oswaldo Costa — nosso querido<br />

Ratinho; ao Presidente da <strong>Câmara</strong> Municipal, Vereador Roberto Carneiro, a minha<br />

manifestação de fé no sentido de vê-los lutando cada vez mais para que Nilópolis<br />

conquiste o seu espaço em busca do progresso e do desenvolvimento; ao povo de<br />

Nilópolis, enfim, resta dizer o meu muito-obrigado pelo carinho, pela confiança e o<br />

estímulo para que eu possa continuar dando a minha modéstia contribuição na luta<br />

em defesa <strong>dos</strong> ideais do meu povo que clama por paz, felicidade e justiça social.<br />

Muito obrigado!<br />

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O SR. LUCIANO ZICA (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, assomo à tribuna emocionado para tratar de assunto que<br />

não queria mencionar: o debate sobre o papel da empresa Marítima, seus negócios<br />

com a PETROBRAS no passado e as situações denunciadas por outros Deputa<strong>dos</strong><br />

que me antecederam.<br />

Em primeiro lugar, resgato algumas considerações. Infelizmente, o<br />

companheiro João Caldas, em pronunciamento realizado desta tribuna no período<br />

do Grande Expediente de terça-feira, cometeu uma série de equívocos que precisam<br />

ser esclareci<strong>dos</strong>. Uma das acusações feitas pelo Deputado à direção da<br />

PETROBRAS, que o faz tentar inviabilizar as licitações em curso na empresa, é o<br />

fato de ela estar cometendo incoerência e ilegalidade ao realizar o processo<br />

licitatório por carta-convite. É importante resgatarmos esse ponto, uma vez que<br />

debatemos o tema após a aprovação da Lei nº 9.478 e durante o processo de<br />

quebra do monopólio do petróleo. Como poderíamos assegurar à PETROBRAS a<br />

atuação no mercado aberto, mas tendo de se submeter às regras da Lei de Licitação<br />

nº 9.666?<br />

No mercado aberto a empresa pública é tolhida na sua agilidade se tiver de<br />

se submeter àquela norma legal, importante para o serviço público, mas descabida<br />

para um ramo de negócio como aquele.<br />

Diante dessa questão, o próprio Governo Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o,<br />

baseado na Emenda Constitucional nº 9, no art. 67 da Lei nº 9.478, que regulamenta<br />

a quebra do monopólio, estabelecido pelo Decreto nº 2.745, de 24 de agosto de<br />

1998, flexibilizou o critério das licitações para a PETROBRAS e deu tratamento que<br />

permitisse à empresa trabalhar no mercado competitivo com a devida agilidade.<br />

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O compromisso assumido pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva inclui o<br />

crescimento do Brasil com vistas a economizar divisas, gerar empregos, dar garantia<br />

de acompanhar a execução dessas obras, de forma a garantir a segurança das<br />

operações.<br />

No processo de licitação das Plataformas P-51 e P-52, 11 empresas se<br />

apresentaram. Destas, 3 foram desqualificadas. Apesar de a empresa Marítima ter<br />

conseguido participar do processo por meio de liminar, ela foi desqualificada por<br />

absoluta falta de sustentação de seus documentos. Apresentou como garantia para<br />

um negócio milionário um capital de 50 milhões de dólares. A outra empresa<br />

desqualificada apresentou os mesmos documentos, na velha tradição da Marítima<br />

anteriormente, associando-se a grandes maracutaias para abocanhar negócios e<br />

transferir aos estaleiros estrangeiros a construção dessas plataformas.<br />

É importante lembrar que debatemos fortemente o assunto aqui por ocasião<br />

do triste acidente que levou ao fundo do mar a P-36. Esta Casa foi unânime no<br />

sentido de que a grande responsabilidade pelo acidente com a P-36 foi da Marítima.<br />

O desaparecimento de 9 companheiros no fundo do mar, a 1.800 metros, tem a<br />

marca da irresponsabilidade dessa empresa, que, felizmente, a PETROBRAS<br />

desqualificou da concorrência.<br />

Cumprimento a direção da PETROBRAS pela iniciativa de exigir índice de<br />

nacionalização na construção das plataformas, de investir no conhecimento, na<br />

capacidade do povo brasileiro e de eliminar aqueles que querem enriquecer com a<br />

desgraça do nosso povo.<br />

Para concluir meu pronunciamento, apelo ao amigo Deputado João Caldas<br />

para que analise esses documentos e não cometa o equívoco de defender o<br />

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representante dessa empresa, Sr. German Efromovich, que hoje deveria estar na<br />

cadeia pelos crimes que cometeu contra nosso País e pelas vidas que ceifou,<br />

conseqüência da irresponsabilidade da sua empresa.<br />

Deputado João Caldas, V.Exa. é homem sério, conhecedor do nosso papel<br />

nesta Casa, e bem poderia analisar a situação e rever sua posição. Com certeza,<br />

V.Exa. estará prestando um grande serviço ao País.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Geraldo Resende) - Esta Presidência gostaria de<br />

registrar a ilustre presença no plenário desta Casa da Senadora Cecília Romero, do<br />

México. (Palmas.)<br />

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O SR. PRESIDENTE (Geraldo Resende) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado João Batista.<br />

O SR. JOÃO BATISTA (PFL-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o período de contribuição e a idade mínima para<br />

aposentadoria têm gerado muita polêmica, em virtude da visão do que seja<br />

aposentadoria. A princípio, é o próprio cidadão quem paga sua aposentadoria.<br />

Ninguém paga aposentadoria do amigo ou do vizinho. Existem entidades<br />

capacitadas, preparadas para calcular os perío<strong>dos</strong> de carência para que uma<br />

quantia monetária, aplicada de forma inteligente, possa render um montante<br />

desejado ao final de um tempo determinado.<br />

Para que isso corra, basta estabelecer os prazos de contribuição do<br />

assegurado e o valor futuro de sua aposentadoria. Dessa forma, desaparece a<br />

celeuma criada em torno desses e de outros temas controversos, tais como<br />

aposentadorias privilegiadas, tempo de contribuição etc.<br />

É de justiça que perío<strong>dos</strong> diferencia<strong>dos</strong> de contribuição correspondam a<br />

contribuições diferenciadas. Assim, para o mesmo valor de aposentadoria, a<br />

contribuição de quem vai se aposentar aos 25 anos de recolhimento deve ser maior<br />

do que a de quem vai se aposentar aos 30 anos, que, por sua vez, deve pagar mais<br />

do que aquele que vai se aposentar aos 35 anos de serviços presta<strong>dos</strong>.<br />

É de se observar que todas as pendengas e privilégios são bani<strong>dos</strong> com essa<br />

perspectiva. Por exemplo, os magistra<strong>dos</strong> e os servidores poderão se aposentar,<br />

após determinado tempo, desde que contribuam mensalmente de forma a que suas<br />

contribuições rendam, no final do período, os proventos almeja<strong>dos</strong>. Isso porque os<br />

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demais trabalhadores e contribuintes não são obriga<strong>dos</strong> a arcar com a<br />

aposentadoria de magistrado ou de servidor algum.<br />

A verdade é que os recursos da Previdência não têm sido administra<strong>dos</strong><br />

como uma poupança que o contribuinte confia ao Estado, ao Governo, para<br />

gerenciá-la economicamente, de tal forma que possa render, ao final do período de<br />

integralização, os dividen<strong>dos</strong> necessários ao pagamento de sua aposentadoria.<br />

Por isso mesmo, o Governo, que, ao longo de décadas, não administrou a<br />

Previdência e pulverizou seus recursos em tantos outros projetos (construção de<br />

Brasília, Ponte Rio–Niterói, por exemplo), está na obrigação de arcar com o ônus de<br />

sua omissão. Assim sendo, todas as aposentadorias, e muito especialmente aquelas<br />

já concretizadas ou prestes a se concretizar, são de responsabilidade do Governo.<br />

Não cabe aos aposenta<strong>dos</strong> nem aos contribuintes responsabilidade alguma pela<br />

escassez <strong>dos</strong> recursos que compete ao Governo administrar.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

Durante o discurso do Sr. João Batista, o Sr.<br />

Geraldo Resende, § 2º do art. 18 do Regimento interno,<br />

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.<br />

Leônidas Cristino, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao Sr.<br />

Deputado João Matos.<br />

O SR. JOÃO MATOS (PMDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, hoje darei entrada, junto à Mesa desta Casa, a projeto de lei<br />

que, após competente tramitação, transformar-se-á na Lei Nacional de Adoção. Na<br />

elaboração do projeto contribuíram diversas autoridades, sobretudo do Judiciário,<br />

além de estudiosos no assunto da adoção. De maneira especial, destaco a<br />

participação <strong>dos</strong> membros da Comissão de Apoio à Convivência Familiar, formada<br />

por representantes de diversas Unidades da Federação, como Pernambuco, São<br />

Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal, entre outros.<br />

Quero objetivamente apresentar os pontos que coloquei na justificativa do<br />

projeto de lei.<br />

A recente vigência do novo Código Civil implicou mudanças profundas no<br />

ordenamento jurídico brasileiro, seja aperfeiçoando, seja trazendo novos problemas<br />

à vida do cidadão comum. No caso do instituto da adoção, lamentavelmente,<br />

ocorreu a segunda das hipóteses: aí configura-se um verdadeiro retrocesso<br />

legislativo, porque dispositivos estão eiva<strong>dos</strong> de inconstitucionalidade, talvez por seu<br />

texto básico ser anterior à Constituição Federal e ao Estatuto da Criança e do<br />

Adolescente.<br />

Os juristas são unânimes em louvar as qualidades do Estatuto da Criança e<br />

do Adolescente na parte que diz respeito à adoção, merecendo apenas alguns<br />

ajustes microlocaliza<strong>dos</strong>. Além da excelência da qualidade do referido estatuto, o<br />

fato é que esse ramo do direito, incluído na Constituição Federal, vem se tornando<br />

paulatinamente instituto de Direito Público, sendo um subsistema jurídico totalmente<br />

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autônomo, não fazendo sentido sua inclusão no corpo do Código Civil recém-<br />

aprovado.<br />

Resumidamente, apresento algumas inovações que serão introduzidas na<br />

legislação após aprovado o novo projeto. Dentre outras, o projeto apresenta as<br />

seguintes propostas:<br />

1) definição conceitual do instituto da adoção, não existente no ECA nem no<br />

novo Código Civil;<br />

2) hipóteses em que a adoção pode ser concedida, colocando-se o instituto<br />

como um direito do adotando e uma possibilidade para o adotante, desde que não<br />

seja possível a manutenção na família natural;<br />

3) assegura o direito à revelação da condição de adotivo, retomando o<br />

conceito do ECA de ser lavrado novo registro civil;<br />

4) define quem pode adotar e quem pode ser adotado;<br />

5) obriga a criação de cadastros de adotantes e adotáveis em todas as<br />

Comarcas, com um banco de da<strong>dos</strong> estadual e outro nacional, estabelecendo-se<br />

prazos para sua implantação e sanção para os recalcitrantes;<br />

6) restringe as hipóteses de dispensa de prévio cadastramento e fixa regras<br />

claras para o Estágio de Convivência;<br />

aos adultos;<br />

7) distingue regras para adoção de crianças e adolescentes das aplicáveis<br />

8) disciplina a adoção internacional, como manda a Constituição Federal e a<br />

Convenção de Haia;<br />

9) retoma os conceitos básicos da perda do poder familiar que estavam<br />

conti<strong>dos</strong> no Estatuto e foram prejudica<strong>dos</strong> com o novo Código Civil;<br />

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10) regula os procedimentos das diversas ações respeitantes à adoção, à<br />

perda do poder familiar, assim como disciplina um adequado sistema recursal;<br />

11) prevê obrigatoriedade de alocação de recursos públicos em favor de<br />

projetos direciona<strong>dos</strong> para a convivência familiar e comunitária, além da permanente<br />

qualificação <strong>dos</strong> operadores do sistema;<br />

12) prevê a possibilidade de criação de organismos credencia<strong>dos</strong> para<br />

fomentar as adoções nacionais;<br />

13) impõe a existência de uma Guia de Abrigamento como fórmula de minorar<br />

o excessivo número de institucionalizações desnecessárias que ocorrem em todo o<br />

País;<br />

14) obriga os Conselhos Tutelares a disporem de um cadastro das crianças e<br />

adolescentes por eles abrigadas, punindo-se as pessoas físicas e jurídicas que não<br />

nortearem suas ações segundo os princípios dessa lei;<br />

15) obriga a preservação de informes sobre os abriga<strong>dos</strong> em instituições por<br />

50 anos, legitimando os dirigentes <strong>dos</strong> abrigos para que proponham ações de<br />

decretação da perda do poder familiar, nos casos de omissão de quem detenha<br />

legítimo interesse ou do Ministério Público;<br />

16) institui o subsídio-adoção;<br />

17) amplia o auxílio maternidade;<br />

18) cria o auxílio-paternidade para pais adotivos solteiros;<br />

19) prevê incentivo no Imposto de Renda para adotantes de casos<br />

particularmente difíceis, como os de grupos de irmãos, crianças portadoras do vírus<br />

HIV, e outros casos considera<strong>dos</strong> especiais.<br />

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, essas as considerações acerca do<br />

projeto de lei, que em boa hora dá entrada para tramitação nesta Casa e que<br />

disciplinará num único instrumento legal todas as tratativas, requisitos e<br />

encaminhamentos a respeito da adoção no Brasil.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. SEBASTIÃO MADEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. SEBASTIÃO MADEIRA (PSDB-MA. Pela ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, estou dando entrada a projeto de lei que dispõe sobre o<br />

uso da água. Esse ativo, hoje cada vez mais raro em alguns países, no Brasil,<br />

graças a Deus, é ainda abundante, mas se requer racionalidade em seu consumo.<br />

Nas habitações coletivas, o consumo da água, diferentemente do uso da energia,<br />

cuja medição é individual, é rateado entre os moradores. Então, este projeto dispõe<br />

sobre a obrigatoriedade de medição individual do consumo de água em unidades<br />

residenciais localizadas em edifícios ou outras edificações coletivas e dá outras<br />

providências. Os prédios construí<strong>dos</strong> a partir da aprovação deste projeto serão já<br />

adequa<strong>dos</strong> à nova lei e os prédios antigos terão, segundo o projeto, o prazo de 5<br />

anos para se adequarem.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao Sr.<br />

Deputado Casara.<br />

O SR. CASARA (PSDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, venho a esta tribuna para parabenizar o Sr. Governador do<br />

Estado de Rondônia pela atitude e iniciativa de nomear, para assumir o Comando da<br />

Policia Militar do Estado de Rondônia, no dia 19/08/2003, a Coronel PM Angelina<br />

<strong>dos</strong> Santos Correa Ramires, em substituição ao Coronel PM Clademir Faller. Ela irá<br />

comandar um efetivo composto por quase 5 mil policiais militares, entre homens e<br />

mulheres. O mais importante é que entre as ações que a nova Comandante<br />

pretende implantar está a valorização do policial militar, com sua recondução a<br />

cargos e funções, direcionando o efetivo para a atividade operacional com a nova<br />

redistribuição nas áreas, a par da restruturação e organização da corporação.<br />

Torna-se de relevância essa nomeação pelo fato de a Coronel Angelina <strong>dos</strong><br />

Santos ser a primeira mulher a assumir um comando efetivo da Polícia Militar no<br />

País.<br />

Na corporação, a oficial PM já exercera diversas funções, tais como:<br />

Comandante da Companhia Independente Feminina, Comandante do Batalhão<br />

Feminino, Assessora Militar do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia,<br />

Diretora Executiva da ASTIR e Diretora de Pessoal e Coordenadora Administrativa.<br />

jornada!<br />

Desejamos à Comandante Angelina <strong>dos</strong> Santos pleno êxito nessa sua nova<br />

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O SR. COLBERT MARTINS (PPS-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, neste 20 de agosto o mundo comemora o Dia<br />

Internacional do Maçom. Por mais que se tenham muitos estudiosos debruçado<br />

sobre as pegadas históricas da Maçonaria, sempre lhes foi impossível precisar a<br />

data ou, pelo menos, a época exata de seu surgimento. Os rituais, a partir <strong>dos</strong><br />

iniciáticos, procuram ligá-la ora aos egípcios, ora aos caldeus, mas também aos<br />

fenícios, aos gregos e romanos. Nada disso: trata-se de um movimento de busca de<br />

identidade do homem, ali quando, em épocas passadas, a humanidade entendeu<br />

necessário definir-se ou, melhor dizendo, encontrar-se.<br />

Maçom é a palavra francesa para pedreiro. Não por acaso muitos de seus<br />

símbolos estão entre aqueles instrumentos utiliza<strong>dos</strong> pelos mestres de maçonaria,<br />

aqueles que, até a Idade Média, eram os grandes construtores daquelas catedrais<br />

que, até os dias de hoje, são demonstração cabal da capacidade do ser humano de<br />

criar beleza, harmonia, fraternidade.<br />

Esta, talvez, a palavra chave: fraternidade. Ela decorre, possivelmente, do<br />

corporativismo obreiro que é a característica da essência maçônica.<br />

Ordem de caráter iniciático, ali os que chegam se iniciam como Aprendizes,<br />

passam, depois, a Companheiros e, por último, a Mestres, exatamente como<br />

naquelas corporações de ofício que caracterizam a organização do trabalho<br />

medieval.<br />

Mas a tolerância é outra definição. A Maçonaria não impede qualquer de seus<br />

membros de pesquisar a verdade, o conhecimento das coisas terrenas ou do que<br />

entenderem mais além. É preciso, antes de mais nada, que se tenha a fé absoluta<br />

em um Ser Superior, aquele que os maçons denominam o Grande Arquiteto do<br />

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Universo, denominação ainda radicada na origem corporativa, maçônica, desse<br />

grande movimento.<br />

Essa variedade de sentires e fazeres, de agir no mundo em meio de sua<br />

sociedade pode ser exemplificada com exemplos bem concretos. Entre os grandes<br />

expoentes da política, no mundo, encontramos os maçons Lincoln, Roosevelt e<br />

Kamal Artaturc, o fundador da moderna Turquia. Nas artes, Shakespeare e Chaplin,<br />

Mozart e Lizt, Voltaire, com seu virulento anticlericalismo. Na política brasileira,<br />

desde o Imperador Pedro I, Caxias, Osório, o Barão de Rio Branco, Deodoro da<br />

Fonseca, o Proclamador da República, Joaquim Nabuco, Benjamim Constant, até os<br />

tempos mais modernos, com Nereu Ramos, Adhemar de Barros e Jânio Quadros.<br />

Esse mosaico imenso de posicionamentos políticos, de interpretações do<br />

mundo pela arte, de decisões de caráter nacional e internacional que, ao fim e ao<br />

cabo, influenciaram toda a humanidade, tudo isso pode estar refletindo, de alguma<br />

forma, a maneira de agir, o comportamento fraterno <strong>dos</strong> chama<strong>dos</strong> pedreiros livres<br />

— livres para pensar e para agir.<br />

É assim pensando que queremos, em nome da bancada do Partido Popular<br />

Socialista nesta <strong>Câmara</strong>, saudar e louvar os maçons do Brasil e do mundo, a to<strong>dos</strong><br />

agradecendo o que, dia a dia, ano a ano, século após século, vêm fazendo em prol<br />

da humanidade.<br />

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ordem.<br />

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O SR. CARLOS ALBERTO LERÉIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela<br />

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. CARLOS ALBERTO LERÉIA (PSDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, quero registrar que, no último dia 15, acompanhando o<br />

Governador Marconi Perillo e vários Parlamentares desta Casa, inclusive <strong>dos</strong><br />

Deputa<strong>dos</strong> Leandro Vilela e Vilmar Rocha, aqui presentes, participamos da<br />

inauguração da igreja do povoado de Muquém, Município de Niquelândia, na região<br />

da Serra da Mesa, do norte goiano, perto de Uruaçu, tendo à frente o Bispo D. José<br />

Chaves. O evento foi transmitido pela Rede Vida, que é uma rede de televisão<br />

católica, e a Rede Católica de Rádio.<br />

A romaria a Muquém realiza-se há mais de 100 anos, tendo sido iniciada na<br />

época da escravidão, e todo 15 de agosto, dia de Nossa Senhora da Abadia,<br />

milhares de pessoas vão àquele povoado.<br />

Muito obrigado.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado Leandro Vilela.<br />

O SR. LEANDRO VILELA (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, acabo de participar em Goiânia do Dia de<br />

Mobilização <strong>dos</strong> Produtores Rurais, organizado pela Federação da Agricultura do<br />

Estado de Goiás, a FAEG. Foi um ato em favor da paz no campo e pela produção, e<br />

contra as invasões irregulares promovidas pelo Movimento <strong>dos</strong> Trabalhadores Sem<br />

Terra.<br />

A manifestação reuniu representantes de 125 sindicatos e milhares de<br />

produtores rurais, além de representantes de outros segmentos do setor produtivo.<br />

Participaram ainda do evento a Organização das Cooperativas do Brasil e a<br />

Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura.<br />

Na ocasião, os produtores rurais puderam manifestar sua justa revolta contra<br />

as invasões irregulares de terras. Somente em Goiás, de janeiro para cá, houve 13<br />

invasões de fazendas produtivas e 88 acampamentos foram monta<strong>dos</strong> na beira de<br />

estradas, reunindo mais de 7.500 famílias.<br />

Incorporei-me à manifestação convicto de que o aumento das invasões e o<br />

tom agressivo adotado pelo MST não contribuem em nada com o projeto de reforma<br />

agrária, que entendo justo e necessário. Manifestações como a organizada pela<br />

FAEG são importantes para alertar e estimular o Governo Federal a agir com mais<br />

rigor contra a ilegalidade. Sempre fui favorável à justiça no campo e à reforma<br />

agrária em terras improdutivas, mas isso não se faz desrespeitando-se a lei, o direito<br />

à propriedade, e utilizando-se de mecanismos como a violência e a intimidação.<br />

Essas atitudes devem ser repudiadas e combatidas com vigor, em nome do respeito<br />

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aos direitos civis e ao Estado Democrático. Como disse o próprio Presidente Lula,<br />

notório defensor da justiça no campo, “reforma agrária não se faz na marra”. É<br />

preciso, no entanto, que S.Exa. transforme essa retórica em ação de Governo, para<br />

coibir a intolerável ilegalidade praticada hoje pelo Movimento <strong>dos</strong> Sem-Terra.<br />

A omissão das forças oficiais serve como estímulo a outros movimentos,<br />

como já ocorre em São Paulo com o Movimento <strong>dos</strong> Sem-Teto. Hotéis e<br />

apartamentos em construção são invadi<strong>dos</strong> sem a menor cerimônia, como se fosse<br />

a coisa mais normal do mundo, resultado da omissão e da impunidade de que têm<br />

desfrutado os invasores de terra. O Governo, quando deixa impune o elemento que<br />

invade uma terra que não é sua, dá o aval para que um integrante do Movimento<br />

<strong>dos</strong> Sem-Teto entre na sua casa e passe a dormir na sua cama como se fosse a<br />

dele. Amanhã serão os sem carro que nos expulsarão <strong>dos</strong> nossos automóveis para<br />

com eles passearem livremente, como se fossem seus proprietários. Do ponto de<br />

vista legal, não há diferença entre esses exemplos.<br />

Os acampamentos irregulares cresceram assustadoramente: 148% apenas<br />

nos primeiros 6 meses deste ano. Em todo o Brasil, são mais de 600 mil pessoas<br />

acampadas, nada menos do que 1.300 acampamentos irregulares em 22 Esta<strong>dos</strong> e<br />

no Distrito Federal, uma situação altamente preocupante.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, cumprimento a FAEG, a OCB e a<br />

SGPA pela mobilização que iniciaram em Goiás. Que ela possa ajudar a sensibilizar<br />

o Governo. É preciso que as forças oficiais enxerguem esse problema com a<br />

preocupação que ele inspira, dando à sociedade uma resposta rápida.<br />

A reforma agrária é importante, desde que feita dentro <strong>dos</strong> limites da<br />

legalidade e com méto<strong>dos</strong> eficientes. Mas, antes da implantação de qualquer<br />

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modelo, é preciso estabelecer normas que impeçam a proliferação das invasões.<br />

Apresentei uma sugestão a esta Casa: um projeto que proíbe o assentamento de<br />

famílias que façam parte de acampamentos irregulares. Seria uma forma de inibir a<br />

adesão das famílias realmente interessadas em cultivar a terra a esses movimentos<br />

que partem para a ilegalidade. Não tenho dúvida de que a reforma agrária é<br />

importante para o Brasil, mas ela só alcançará seus objetivos se for enérgica com os<br />

fora-da-lei e eficiente na criação de condições para aqueles que realmente querem a<br />

terra para produzir.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, já estive nesta tribuna para falar do<br />

vigor econômico e <strong>dos</strong> encantos naturais de Chapadão de Céu, cidade situada no<br />

extremo sudoeste de Goiás, na divisa com o Mato Grosso do Sul, e agora, às<br />

vésperas de seu aniversário de fundação, não poderia deixar de homenagear mais<br />

uma vez aquele próspero Município, que me adotou como filho.<br />

Amanhã, 21 de agosto, a concretização do maior sonho do sau<strong>dos</strong>o Alberto<br />

Rodrigues da Cunha completa 21 anos. São 2 décadas de vitórias, de<br />

desenvolvimento, de eficiência nos serviços públicos, de qualidade de vida para a<br />

população e muitas alegrias.<br />

Chapadão do Céu, Município que, de acordo com a Organização das Nações<br />

Unidas, tem o maior Índice de Desenvolvimento Humano entre os do Estado e é um<br />

<strong>dos</strong> 100 maiores do Brasil, é hoje um oásis de prosperidade e beleza no interior<br />

deste País. A juventude não o impede de ser atualmente o maior produtor brasileiro<br />

de girassol e oscilar entre o terceiro e o quinto lugar no ranking <strong>dos</strong> Municípios<br />

goianos que mais produzem grãos, com destaque para a soja e o milho. E com sua<br />

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imensa vocação para o ecoturismo e o turismo rural, Chapadão do Céu é um <strong>dos</strong><br />

principais portais de entrada para o Parque Nacional das Emas.<br />

Algumas cidades nascem de um feliz acaso. Chapadão do Céu surgiu do<br />

desejo e da coragem de Alberto Rodrigues da Cunha, e fortaleceu-se graças ao<br />

trabalho de seus pioneiros habitantes. No início da década de 80, motivado pelo<br />

desprendimento, Alberto Rodrigues decidiu compartilhar toda a beleza daquelas<br />

terras com outras pessoas, e pediu à arquiteta Marta Garcia Cunha, sua filha, que<br />

projetasse o loteamento que deu origem ao Município. Em poucos anos, o projeto,<br />

que começou com algumas casas, um posto de gasolina, um poço semi-artesiano,<br />

um reservatório de água e a Usina Hidrelétrica do Rio Formoso, transformou-se em<br />

uma cidade bonita, moderna, agradável, dotada de toda a infra-estrutura básica.<br />

Ainda em 1982, o lugar ganhou sua primeira escola, denominada Fruto da Terra; 2<br />

anos depois foi construído o primeiro posto de saúde, e em 1985 o primeiro<br />

armazém graneleiro.<br />

Os produtores rurais e os empresários locais desempenharam um papel<br />

fundamental para a consolidação do Município, especialmente com a Associação<br />

Pró-Desenvolvimento de Chapadão do Céu, criada em 1987. A emancipação política<br />

tornou-se uma conseqüência inevitável de todo aquele dinamismo econômico e<br />

social. Em 1991 foi assinado o decreto que desmembrava Chapadão do Céu de<br />

Aporé, mas apenas em 1993, com a posse do primeiro Prefeito, Alberto Rodrigues<br />

da Cunha, deu-se a instalação oficial do Município.<br />

Sob o comando de seu fundador, Chapadão do Céu passou a viver um<br />

período de intenso e acelerado desenvolvimento, que perdura até os dias atuais. Os<br />

sucessores de Alberto Rodrigues da Cunha mantiveram com brilhantismo o ritmo de<br />

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realizações. Pedro Guerrini, Joênio Alves de Araújo e atualmente Eduardo Peixoto<br />

souberam administrar com planejamento e probidade absoluta, estimulando a<br />

vocação local para o turismo e a agricultura, dotando o Município da infra-estrutura<br />

necessária e priorizando o atendimento aos menos favoreci<strong>dos</strong>. Graças ao trabalho<br />

de to<strong>dos</strong> eles, hoje Chapadão do Céu tem 100% do seu esgoto tratado, usina de<br />

reciclagem de lixo e todas as suas crianças na escola.<br />

Merece destaque a administração ecologicamente correta, moderna e<br />

arrojada de Eduardo Peixoto. Digno do comando dessa belíssima cidade, marcada<br />

por uma arquitetura dinâmica e criativa e por uma arborização ostensiva, Eduardo<br />

Peixoto tem feito vultosos investimentos em saúde e educação, visando à melhora<br />

da qualidade de vida da população. O Projeto Florescer, que, por meio de atividades<br />

como artes, artesanato e esportes, mantém mais de 200 crianças longe das ruas, é<br />

um <strong>dos</strong> frutos do senso de responsabilidade social aguçado de tão valoroso Prefeito.<br />

Aproveito a oportunidade para cumprimentar os habitantes de Chapadão do<br />

Céu, seus pioneiros, produtores rurais, empresários e valorosos líderes, pela<br />

coragem de trabalhar diuturnamente na construção de seu paraíso terreno. Saibam<br />

que poderão sempre contar com minha atenção e meu empenho.<br />

Aos presentes, que ainda não tiveram o prazer de conhecer tão belo<br />

Município, fica o convite: visitem Chapadão do Céu.<br />

Encerro este pronunciamento usando a frase escrita de improviso na placa da<br />

primeira escola do Município, que resume tudo que aqui foi dito: “Maravilhoso é o<br />

sonho que se torna realidade”.<br />

Muito obrigado.<br />

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O SR. COSTA FERREIRA (PFL-MA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, quero manifestar minha dor e meu sentimento<br />

de pesar às famílias das vítimas do atentado terrorista ocorrido ontem em Bagdá,<br />

Capital do Iraque, em especial à família do embaixador brasileiro Sérgio Vieira de<br />

Mello. E meu repúdio ao terrorismo e a toda sorte de violência.<br />

O saldo aterrador que registrou até ontem, segundo os noticiários, vinte<br />

mortos e uma centena de feri<strong>dos</strong>, deu seqüência ao círculo vicioso que torna a vida<br />

humana insignificante.<br />

Entre as vítimas inocentes estava o embaixador Sérgio Vieira de Mello, de 55<br />

anos, enviado especial da ONU ao Iraque. Ele se notabilizou pelo excelente trabalho<br />

desenvolvido em áreas deflagradas e como a melhor opção em meio à discórdia. No<br />

Kosovo, sua gestão imparcial e agregadora foi de vital importância à manutenção<br />

da ordem, num quadro de grave instabilidade, depois do banho de sangue<br />

promovido pela campanha Sérvia de “limpeza étnica”. No Timor Leste, o cenário<br />

também era grave: massacres promovi<strong>dos</strong> por milícias indonésias armadas, êxodo<br />

em massa das populações urbanas assombradas, saques constantes e total falência<br />

administrativa, desencadeada pela proclamação de independência do Timor Leste<br />

da Indonésia.<br />

Vieira de Mello arregimentou forças que permitiram à nova nação dar com<br />

segurança seus primeiros passos de independência. Concluiu bem a transição<br />

político-administrativa que evoluiu para o governo legitimamente eleito do nativo<br />

Xanana Gusmão.<br />

Para o Iraque, portanto, o nome de Sérgio Vieira de Mello figurava como a<br />

opção mais recomendável. As páginas recentes de seu curriculum histórico, que fez<br />

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coro ao testemunho de amigos e colegas de profissão, atestam sua competência.<br />

Infelizmente, a sanha sanguinária <strong>dos</strong> terroristas cegou-os para essa realidade.<br />

Vieira de Mello foi confundido com o embargo ao Iraque e, talvez, como agente infiel<br />

a ser eliminado — uma convicção comum no discurso <strong>dos</strong> terroristas.<br />

Os iraquianos perderam, com a morte do embaixador brasileiro, o melhor<br />

instrumento para seu recomeço. O Brasil, um <strong>dos</strong> mais expressivos cidadãos fora do<br />

mundo esportivo. Que sua morte, no holocausto <strong>dos</strong> escombros da sede da ONU,<br />

sirva para uma evolução humana em meio a essa violência sem propósito.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. BISMARCK MAIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. BISMARCK MAIA (PSDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, impõe-me o dever de justiça registrar minha alegria em ver V.Exa. na<br />

Presidência <strong>dos</strong> trabalhos desta Casa, pois também representa o povo do Ceará,<br />

mais especificamente a zona norte do Estado, o nosso querido Município maior,<br />

Sobral, e certamente poderá dirigir os destinos daquela cidade muito em breve, se<br />

Deus quiser.<br />

Outro assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>. Uma danosa ação<br />

contra os interesses <strong>dos</strong> produtores brasileiros de caju está prestes a ser<br />

perpetrada. Corre esse segmento extremamente ativo da economia brasileira, em<br />

especial da Região Nordeste, cujo produtor mais importante é o Estado do Ceará,<br />

um sério risco. O perigo de assistir à exportação in natura de castanha de caju,<br />

matéria-prima que, por mais absurdo que possa parecer, vai abastecer, inclusive,<br />

países que concorrem diretamente com o Brasil, como a Índia e o Vietnã.<br />

Se essa ameaça de fato se concretizar, o Brasil vai perder competitividade no<br />

mercado mundial. Essa história, no entanto, não é nova para aqueles que vivem da<br />

produção agrícola. Conhecem-na, e profundamente, os produtores de café.<br />

Tornou-se o Brasil um fornecedor, no passado, do melhor arábica do mundo,<br />

exportado in natura para os grandes atravessadores do mercado mundial.<br />

Empresários que, conscientes de que melhor do que produzir e exportar em bruto é<br />

beneficiar o produto, agregar valores, atingiram níveis absur<strong>dos</strong> de lucratividade;<br />

enquanto o cafeicultor brasileiro continua a lutar com imensas dificuldades.<br />

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É uma equivocada estratégia de comercialização estimular a exportação de<br />

matéria-prima. Principalmente por parte de um setor que tem consistência e relevo<br />

em nossa pauta de exportação. E, também, por sua notável capacidade de absorção<br />

de mão-de-obra primária.<br />

Por isso, encareço, Sr. Presidente, ao Ministro Luiz Fernando Furlan que<br />

determine aos técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />

Exterior realizar o melhor <strong>dos</strong> seus esforços para reavaliar o assunto.<br />

Afinal, terá início, em setembro, a safra do caju, e se não for revertida a<br />

decisão que vai possibilitar enormes lucros a quem não produz, a quem, na verdade,<br />

se beneficia do esforço do produtor nordestino, estaremos voltando a incidir em um<br />

pecado que o Brasil já cometeu e que não legou ao País, de fato, nenhum benefício.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao Deputado<br />

Eduardo Gomes.<br />

O SR. EDUARDO GOMES (PSDB-TO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a reforma tributária tem sido responsável por<br />

críticas injustas aos Governadores brasileiros. A culpa é do Governo Federal, que<br />

insiste num modelo que atende seus interesses, mas impõe sacrifícios a Esta<strong>dos</strong> e<br />

Municípios.<br />

As reivindicações <strong>dos</strong> Governadores acabam sendo mal interpretadas. É<br />

lamentável, porque eles estão lutando por uma reforma tributária melhor para to<strong>dos</strong><br />

os brasileiros.<br />

Os Governadores não são ambiciosos. Não se trata de aumentar a fatia no<br />

bolo <strong>dos</strong> impostos. Eles não defendem seus próprios interesses. O que os<br />

Governadores querem é estancar a sangria na arrecadação <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong>. Uma<br />

sangria imposta unicamente pelo Governo Federal. Em 1988, 80% <strong>dos</strong> recursos<br />

arrecada<strong>dos</strong> pela União eram compartilha<strong>dos</strong> com Esta<strong>dos</strong> e Municípios. Apenas<br />

20% do que a União arrecadava eram isentos de partilha. Quinze anos depois,<br />

apenas 47% são compartilha<strong>dos</strong>. A União agora embolsa 53%. São duas vezes e<br />

meia o que arrecadava em 1988.<br />

A carga tributária correspondia, naquele ano, a 24% do PIB. Hoje, chega a<br />

36%. Novos tributos cria<strong>dos</strong> sob a rubrica de "contribuições" estão na origem dessas<br />

distorções. Eles não são compartilháveis, e estão portanto excluí<strong>dos</strong> da receita a ser<br />

rateada.<br />

A última grande má notícia para os Esta<strong>dos</strong> está na redução do percentual de<br />

cobrança do IPI <strong>dos</strong> automóveis. Afetou-se a receita de Esta<strong>dos</strong> e Municípios<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

quando se poderia conceder o benefício com a redução da COFINS. Só a União<br />

seria impactada.<br />

Moral da história: os Governadores brasileiros não são os vilões; são as<br />

vítimas. A arrecadação da União cresceu demais, e a de Esta<strong>dos</strong> e Municípios<br />

despencou. O Presidente Lula é o primeiro a reconhecer que eles estão quebra<strong>dos</strong>.<br />

A reforma tributária em discussão manipula a cobrança do ICMS. Ela sugere<br />

uma legislação única, que reduz de 44 para 5 as alíquotas do imposto, e retira <strong>dos</strong><br />

Governadores a autonomia de legislar sobre um tributo estadual. O pretexto é o de<br />

sempre: acabar com a "guerra fiscal".<br />

É um pretexto surrado para uma desculpa esfarrapada.<br />

Outra proposta é a de manter a Desvinculação da Receita da União, que<br />

torna 20% das receitas inacessíveis ao compartilhamento. São incluí<strong>dos</strong> também<br />

tributos legalmente vincula<strong>dos</strong>, como os destina<strong>dos</strong> à saúde e à educação.<br />

Uma terceira proposta é transformar a CPMF em imposto permanente, com<br />

alíquota idêntica à cobrada atualmente.<br />

Diante de um quadro que torna as dificuldades ainda mais agudas, o mínimo<br />

que os Governadores poderiam propor era que a CPMF passasse a ser<br />

compartilhada. O Governo Federal resiste, fala grosso. A questão é que, se a CPMF<br />

não se tornasse permanente, a receita que arrecada deixaria de existir em 2004.<br />

Neste caso, por que não dividir o que agora se tornará real e definitivo? Por que não<br />

dividir hoje o que amanhã estaria fadado a desaparecer?<br />

O Governo fala em Fome Zero e em recursos para a área social. É muito<br />

nobre. Neste caso, até se poderia pensar em abrir mão desta ou daquela receita.<br />

Não seria novidade, porque é o que mais têm feito Esta<strong>dos</strong> e Municípios. Mas e<br />

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quando os recursos são usa<strong>dos</strong> para produzir superávit primário? E quando os<br />

recursos têm como objetivo o aplauso do FMI? E quando os recursos se destinam a<br />

cobrir os custos recordes <strong>dos</strong> juros das dívidas interna e externa?<br />

A verdade é que Esta<strong>dos</strong> e Municípios não podem mais depender da caridade<br />

do Governo Federal. Caridade é coisa nobre. Assistência é coisa nobre. Mas nobre<br />

é caridade com os necessita<strong>dos</strong>, com os famintos, com os miseráveis. Caridade com<br />

o FMI é uma coisa. Caridade para pagar juros obscenos é outra. É caridade com o<br />

chapéu alheio para quem não merece. Os Governadores não querem o aplauso do<br />

FMI ou da comunidade financeira internacional. Esses apoios até são importantes,<br />

mas os governadores e o Congresso Nacional precisam é do aplauso de sua gente.<br />

É para eles que se deve olhar.<br />

Tirar receita <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> é um crime contra a economia popular. É impedir o<br />

Executivo de realizar programas com os quais se comprometeu. É trafegar na<br />

contramão do social.<br />

O Governo Lula acaba de produzir o maior superávit primário da história do<br />

Brasil, e ele ainda é insuficiente para pagar os juros pratica<strong>dos</strong> no País.<br />

O Congresso Nacional e os Governadores também esperam, como toda a<br />

sociedade, pela redução expressiva <strong>dos</strong> juros. Se o Banco Central reduzir em 1% a<br />

taxa de juros, economizará os 6 bilhões de reais que Esta<strong>dos</strong> e Municípios teriam<br />

direito a repartir se o Governo Federal aceitasse compartilhar a CPMF.<br />

Um pouco de bom senso não faria mal neste momento. Olhar para o próprio<br />

umbigo nunca é bom. Principalmente quando este umbigo é o de um governo<br />

supostamente ancorado no social. Está na hora de provar que o social é mais do<br />

que uma ferramenta de marketing. Está na hora de olhar para o conjunto da<br />

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população, para Esta<strong>dos</strong> e Municípios que vivem hoje à beira da insolvência. Ou se<br />

faz isso agora, ou será muito tarde.<br />

O Congresso Nacional tem a responsabilidade de produzir este alerta e de se<br />

associar à angústia de Governadores e Prefeitos em todo o Brasil. To<strong>dos</strong> viemos de<br />

um Estado ou Município aos quais devemos nossos mandatos e nossa lealdade.<br />

Isso está acima de diferenças político-partidárias. A reforma tributária que aí está<br />

não serve para o Brasil. Vamos lutar para mudá-la. Em nome do povo brasileiro.<br />

Por último, Sr. Presidente, solicito a V.Exa. a transcrição nos Anais desta<br />

Casa de artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, de autoria do Governador de<br />

Sergipe, João Alves Filho, muito bem escrito, que aborda de forma transparente<br />

para a população brasileira que a reforma deve ser para to<strong>dos</strong> os brasileiros, e não<br />

apenas uma reforma que reforce o poder do Governo Federal de arrecadar impostos<br />

à custa do povo brasileiro.<br />

Muito obrigado.<br />

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR<br />

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 487 A 487-B)<br />

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O SR. GONZAGA PATRIOTA (PSB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, uma das principais características de nossa<br />

gente é sua religiosidade. A religião cristã católica cultivada por grande parte da<br />

população brasileira é um forte elemento de coesão de nossa gente pacífica e<br />

trabalhadora. Por toda parte onde passamos neste grande País vemos as<br />

manifestações de fé de nosso povo, unido em uma mesma religião cristã, com<br />

manifestações variadas e múltiplas que enriquecem e enaltecem nossa cultura com<br />

diversidade, mas também com harmonia e respeito.<br />

Dentro desse espírito saúdo a Diocese de Petrolina pela organização das<br />

festividades que dão início ao jubileu de 80 anos da fundação da Diocese de<br />

Petrolina e de 75 anos de construção da Catedral, tão importante para a devoção<br />

das famílias. Ressalto sobretudo as homenagens que são diariamente feitas à<br />

Padroeira local, Nossa Senhora Rainha <strong>dos</strong> Anjos. É maravilhoso ver, Sr.<br />

Presidente, como o local de culto é freqüentado pelo grande e pelo humilde, pelo<br />

culto e pelo iletrado. Ali to<strong>dos</strong> são bem recebi<strong>dos</strong>, to<strong>dos</strong> são iguais, to<strong>dos</strong> são<br />

irmãos, to<strong>dos</strong> ouvem a mesma palavra que deve ser praticada em to<strong>dos</strong> os outros<br />

espaços da sociedade.<br />

É preciso lembrarmos também do maravilhoso trabalho realizado por todas as<br />

pastorais, movimentos eclesiásticos e sociais, grupos de oração, pelos poderes<br />

constituí<strong>dos</strong> de toda a sociedade petrolinense, bem como por todas as famílias<br />

católicas.<br />

Nossa homenagem sincera e fraterna a toda a comunidade católica de<br />

Petrolina na pessoa de seu Bispo, Dom Paulo Car<strong>dos</strong>o da Silva, um verdadeiro<br />

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pastor das ovelhas, cujo lema é Evangelizare Pauperibus (evangelizar os pobres), e<br />

que tem feito um belo trabalho em nome do Grande Pastor, Jesus Cristo.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. PAULO FEIJÓ (PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, na condição de Deputado Federal, tenho o<br />

compromisso de acompanhar atentamente os rumos do País, principalmente no que<br />

se refere ao processo econômico, e, com igual preocupação, verificar a<br />

implementação de programas por parte do Governo Federal que se disponham a<br />

intervir, de forma positiva, na melhoria da qualidade de vida <strong>dos</strong> brasileiros.<br />

Consideramos, Sr. Presidente, que o Governo Federal ainda não conseguiu<br />

efetivamente imprimir uma marca particular que possa identificar o atual mandato,<br />

notadamente no que se refere às agendas social e econômica do Brasil. As<br />

iniciativas até aqui dotadas não representam potencial de transformação da<br />

realidade brasileira, pelo menos em curto prazo, e não sensibilizam a sociedade, por<br />

não trazerem em seu bojo o mesmo contexto de transformação com o qual o PT<br />

massificou a população, durante todo o período em que esteve na Oposição e no<br />

decorrer da campanha eleitoral de 2002.<br />

Nos últimos dias, assistimos ao surgimento de várias declarações do<br />

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que alega ser possível para o Brasil encerrar o<br />

segundo semestre de 2003 dentro do que se convencionou chamar, nas rodas<br />

palacianas, de “espetáculo de crescimento”. Trata-se de afirmação de otimismo que<br />

gostaríamos que se materializasse em resultado positivo para o País, na medida em<br />

que, como cidadão brasileiro não posso me furtar a torcer pelo êxito da<br />

administração federal, em benefício da sociedade, que está desejosa de que se<br />

tenha início, realmente, o processo de recuperação da economia nacional.<br />

Na condição de Deputado, com origens arraigadas no interior do Estado do<br />

Rio de Janeiro, tenho pleno conhecimento do quanto é importante para a vida de<br />

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centenas de milhares de pessoas que estas possam contar com o apoio do Governo<br />

Federal, em parceria com entidades filantrópicas, com Prefeituras Municipais, para<br />

que se tornem concretos projetos nas áreas, por exemplo, de saúde, de educação,<br />

ou para realização de investimentos em saneamento e em infra-estrutura.<br />

As verbas federais, em grande parte, são necessárias, na forma de<br />

contrapartida ou de aporte principal, para que as Prefeituras de menor capacidade<br />

de arrecadação, com menor estrutura financeira, consigam viabilizar atendimentos<br />

fundamentais às suas populações. Este tipo de presença da União nas comunidades<br />

não representa favor, é bom que se registre, mas obrigação do Estado para com o<br />

munícipe, que paga seus impostos e contribui com o desenvolvimento da Nação.<br />

O cidadão comum quer que os postos de saúde liga<strong>dos</strong> ao SUS de seu<br />

Município prestem serviços de qualidade; quer ter assegurado o acesso para seus<br />

filhos, para sua família, a uma rede pública de atendimento à saúde, sem desejar<br />

saber se ela é viabilizada por recursos de ordem federal, estadual ou municipal. Isso<br />

é um direito que lhe cabe e sobre o qual não é preciso identificar responsáveis para<br />

que seja exercido.<br />

Entretanto, é preciso destacar com certa apreensão a informação divulgada<br />

por veículos de comunicação de respeitabilidade no País e que aponta para um<br />

corte dramático do Governo em investimentos na área social, principalmente com o<br />

contingenciamento de recursos, tendo em vista o cumprimento de acor<strong>dos</strong><br />

assumi<strong>dos</strong> com o Fundo Monetário Internacional (FMI).<br />

O Governo Federal está retendo recursos importantes que deveriam ser<br />

aplica<strong>dos</strong> na área social, adotando a argumentação do controle da estabilidade<br />

econômica, mas com uso de referências extremamente recessivas, que podem<br />

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afetar o desempenho da cadeia produtiva nacional, com ondas de recessão ainda<br />

mais intensas do que as sinalizadas até agora. A contenção <strong>dos</strong> investimentos<br />

nasce do compromisso do Governo do PT em alcançar, ao final de 2003, superávit<br />

de 4,5% do PIB.<br />

A opinião externada neste pronunciamento nasce da observação do fato de<br />

que o empresariado brasileiro, o micro e o pequeno empreendedor passam por um<br />

período crítico, em que são força<strong>dos</strong> a registrar perdas incomparáveis de ordem<br />

financeira, o que requer ação imediata do Governo Federal, no sentido de<br />

estabelecer incentivos para a retomada do desenvolvimento.<br />

Era o que eu tinha a dizer.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. DR. HÉLIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. DR. HÉLIO (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, em primeiro lugar, quero associar-me aos oradores que me<br />

antecederam nas manifestações de pesar pelo falecimento do Sr. Nelson Schincariol<br />

— um trágico episódio que é do conhecimento de todo o Brasil — e nos votos de<br />

solidariedade aos familiares do empresário.<br />

A mesma comoção que se abate sobre a cidade de Itu e arredores verifica-se<br />

em Campinas, onde assistimos ao crescimento da violência, com novos casos de<br />

seqüestro a cada dia. Campinas está cansada de estar nas páginas policiais, de ser<br />

conhecida como uma das capitais do seqüestro.<br />

É por isso que chamo a atenção das nossas autoridades federais, estaduais e<br />

municipais para a necessidade de maior combate ao crime organizado. Temos um<br />

índice de homicídios cada vez maior na nossa região, e cito, com pesar, essa última<br />

ação na região de Itu, que levou a vida de um empresário de reconhecido valor.<br />

Era o registro que tinha a fazer, chamando a atenção das nossas autoridades<br />

para o aumento da violência na região de Campinas.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado Nilson Mourão.<br />

O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Pronuncia o seguinte discurso.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, quero registrar nos Anais desta Casa<br />

importante encontro realizado no último domingo, dia 17 de agosto, em Rio Branco,<br />

no Acre, por iniciativa deste Parlamentar, em parceria com o Movimento Fé e<br />

Política e com o Movimento Político pela Unidade.<br />

Sob o tema A Fraternidade na Política, cristãos liga<strong>dos</strong> a várias<br />

denominações religiosas que militam em diversos parti<strong>dos</strong> políticos se reuniram num<br />

fórum para discutir a participação e a contribuição <strong>dos</strong> cristãos no mundo da política.<br />

Participaram <strong>dos</strong> debates cerca de 80 pessoas, representantes de diversas<br />

entidades do movimento social e do Estado.<br />

O Movimento da Unidade, expressão político-social do Movimento <strong>dos</strong><br />

Focolares, ligado à Igreja Católica, foi representado pelas Sras. Márcia Baraúna<br />

Pinheiro, da Coordenação Nacional, sediada em Vargem Grande Paulista, São<br />

Paulo, e Maria de Nazaré Marques, da Coordenação da Região Norte, com sede em<br />

Manaus, Amazonas.<br />

O encontro, de caráter estadual, foi preparativo ao III Encontro Nacional do<br />

Movimento Fé e Política, que acontecerá nos dias 20 e 21 de setembro, em Goiânia,<br />

com a participação, entre outras autoridades, da Ministra do Meio Ambiente, Marina<br />

Silva, e do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Nessa oportunidade,<br />

militantes cristãos de todo o Brasil estarão reuni<strong>dos</strong> para celebrar a dimensão<br />

política da fé, fortalecendo a caminhada rumo à construção de uma sociedade justa<br />

e solidária.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Entre as decisões tomadas no último final de semana, ficou acertada a<br />

participação de alguns companheiros que representarão o Acre no III Encontro, em<br />

Goiânia.<br />

Sr. Presidente, na condição de homem de fé, cristão católico, de formação<br />

espiritual e política oriun<strong>dos</strong> das Comunidades Eclesiais de Base, tenho mandato<br />

reconhecidamente identificado com a luta <strong>dos</strong> movimentos sociais e <strong>dos</strong> cristãos do<br />

meu Estado, porque acredito nas potencialidades libertadoras do Evangelho de<br />

Jesus, como caminho capaz de realizar as aspirações mais profundas do homem.<br />

Minha militância nos movimentos sociais e na política foi despertada pelas<br />

mensagens do Evangelho. Dessa forma, venho atuando e incentivando a<br />

participação <strong>dos</strong> cristãos na vida partidária, inclusive com candidaturas, que podem<br />

ampliar nossas forças no combate à exclusão social e na construção de uma<br />

sociedade que garanta oportunidades iguais, paz, justiça e harmonia entre os<br />

homens.<br />

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que determine a divulgação deste<br />

pronunciamento pelos meios de comunicação da Casa.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. CORONEL ALVES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. CORONEL ALVES (Bloco/PL-AP. Pela ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, venho a esta tribuna neste momento para registrar, com<br />

muita satisfação, que amanhã, na cidade de Belém do Pará, acompanharemos a<br />

comitiva do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na solenidade de posse <strong>dos</strong> novos<br />

dirigentes da Agência de Desenvolvimento da Amazônia — ADA, criada para<br />

substituir a SUDAM. O órgão será importante para o desenvolvimento da região<br />

amazônica.<br />

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que autorize a divulgação do meu<br />

pronunciamento nos meios de comunicação da Casa e no programa A Voz do Brasil.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao Deputado<br />

Zezéu Ribeiro.<br />

O SR. ZEZÉU RIBEIRO (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, mais uma vez dirijo-me a este Plenário para<br />

denunciar o desvio de recursos públicos em proveito próprio, por meio da prática<br />

recorrente de improbidade administrativa, da corrupção e da total ausência de<br />

transparência no trato da coisa pública.<br />

Refiro-me, Sr. Presidente, ao Prefeito de Conceição do Coité, na Bahia, o Sr.<br />

Wellington Passos de Araújo, do PFL, que, conforme matéria divulgada pelo jornal A<br />

Tarde, de Salvador, edição de 18 de agosto de 2003, financiou a construção de uma<br />

fábrica para a sua própria família com recursos públicos do Município e incentivos do<br />

Governo do Estado. A inauguração da fábrica contou inclusive com a participação do<br />

Governador Paulo Souto.<br />

No momento em que esta Casa está debruçada sobre as reformas de que o<br />

País necessita para voltar a crescer com distribuição de renda, quero ressaltar, Sras.<br />

e Srs. Parlamentares, que a fiscalização e o combate à corrupção são pré-requisitos<br />

para o uso correto <strong>dos</strong> recursos públicos. Se hoje faltam recursos para educação,<br />

saneamento, estradas etc., em Conceição do Coité um <strong>dos</strong> maiores responsáveis<br />

por isso é a própria administração municipal, que assalta os cofres públicos.<br />

A matéria do Jornal A Tarde relata que tudo começou no ano de 2000,<br />

quando uma área de 6 hectares foi desapropriada pelo então Prefeito Ewerton Rios<br />

de Araújo Filho, primo de Wellington Passos de Araújo, o atual Prefeito. Na época, a<br />

Prefeitura indenizou os proprietários da área desapropriada, alegando que nesse<br />

terreno seriam construídas casas populares para beneficiar centenas de famílias<br />

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carentes da região do sisal. Resumindo, Sr. Presidente, esse projeto foi engavetado<br />

e o terreno foi doado para 2 fábricas: a Via Uno, de calça<strong>dos</strong>, e a Cotesi, têxtil,<br />

sendo essa última de propriedade do pai do atual Prefeito, do próprio Prefeito e de<br />

seus irmãos.<br />

Documentos disponíveis comprovam a apropriação de bens da Prefeitura,<br />

que incluem não apenas o terreno, mas também os recursos para custear a<br />

construção da fábrica. Só de terraplanagem foram gastos R$ 378 mil. A informação<br />

que temos é de que o custo total da fábrica foi de R$ 4 milhões, <strong>dos</strong> quais mais de<br />

R$ 3 milhões vieram do Governo estadual. Portanto, Srs. Parlamentares, trata-se de<br />

um caso clássico de desvio <strong>dos</strong> recursos públicos e de uso do poder político em<br />

proveito particular.<br />

Não temos dúvidas, Sr. Presidente, de que estamos diante de um caso que<br />

requer a cassação do mandato do Prefeito e, a fim de que se restabeleça o correto<br />

uso do dinheiro público, a imediata devolução ao Erário <strong>dos</strong> recursos desvia<strong>dos</strong>.<br />

Para tanto, as lideranças políticas locais, com amplo apoio da sociedade, estão<br />

representando junto ao Ministério Público para que se instaure uma ação civil<br />

pública objetivando resguardar os recursos do Município e do Estado da Bahia.<br />

Por fim, Sr. Presidente, no cumprimento <strong>dos</strong> meus deveres como<br />

Parlamentar, estarei acompanhando mais esse caso de corrupção, conclamando<br />

meus pares para se somarem no trabalho de erradicação da corrupção, a fim de<br />

construirmos um País em que a gestão pública se paute pela transparência, pela<br />

eficiência e pela correta aplicação <strong>dos</strong> recursos públicos na solução <strong>dos</strong> graves<br />

problemas do nosso povo.<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. SERAFIM VENZON (PSDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, a atividade agropecuária pinta de ouro a coroa do Governo Fernando<br />

Henrique, quando houve um incremento extraordinário da agricultura e da pecuária.<br />

O grande aumento das exportações, seja da soja, do milho, do frango, seja da<br />

carne suína depende muito de tarifas e do empenho fitossanitário do Governo. Por<br />

isso tenho certeza de que o Ministério da Agricultura também continuará a se<br />

empenhar para que o Brasil possa exportar. Tenho certeza de que cada dólar<br />

exportado significa, acima de tudo, empregos para mais pessoas aqui.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, embora as exportações mundiais de<br />

carne estejam aumentando, o Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da<br />

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) também identificou o<br />

crescimento paralelo das restrições impostas pelos maiores merca<strong>dos</strong> importadores<br />

do produto. Estimativas do Departamento de Agricultura <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong><br />

indicam o crescimento de 4% nas exportações mundiais de carne bovina em 2003,<br />

comparado ao ano 2002, passando para 6,62 milhões de toneladas em equivalente<br />

carcaça. No entanto, dois grandes importadores, Rússia e Japão, estão criando<br />

obstáculos às compras externas do produto, impondo quotas tarifárias e<br />

aumentando as alíquotas de importação.<br />

A previsão do USDA para as importações japonesas, este ano, é de 850 mil<br />

toneladas em equivalente carcaça, o que significa 25% de aumento sobre o volume<br />

importado em 2002, totalizando 40% da elevação das compras mundiais de carne<br />

bovina em 2003.<br />

As fortes importações no primeiro trimestre do ano fiscal 2003/2004 levaram o<br />

Japão a impor medidas de salvaguarda, a partir de 1º de agosto de 2003 e até 31 de<br />

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março de 2004, elevando o imposto de importação de 38,5% para 50%. As<br />

importações japonesas de carne bovina in natura fresca/refrigerada superaram as<br />

63,5 mil toneladas no primeiro trimestre do ano fiscal, mas a medida deverá reduzir<br />

as compras externas até o final do ano.<br />

Quanto às importações de carne congelada, o volume ainda não ultrapassou<br />

o nível que dispara o gatilho das medidas de salvaguarda e permanecerão com<br />

alíquota de 38,5%.<br />

A restrição imposta pelo Governo japonês deverá provocar aumentos no<br />

preço do produto, dificultando o crescimento das compras externas. Apesar da<br />

reação <strong>dos</strong> países exportadores, o Japão alegou que a decisão está de acordo com<br />

as normas da OMC.<br />

O Governo russo estabeleceu, a partir de abril, a implementação de quota<br />

tarifária para importação de carne bovina, fixada em 420 mil toneladas, com<br />

cobrança de imposto de 15%, não inferior a 150 euros por tonelada. Importações<br />

acima da quota tarifária estão sujeitas à tarifa de 60%, não inferior a 600 euros por<br />

tonelada.<br />

A quota tarifária para importações de carne bovina congelada deve vigorar até<br />

2010. Para maio a dezembro de 2003, a quota foi fixada em 315 mil toneladas,<br />

sendo 90% aloca<strong>dos</strong> aos importadores com base no volume importado entre<br />

2000/2002 e os 10% restantes para leilões abertos.<br />

As exportações brasileiras de carne bovina para a Rússia alcançaram US$<br />

45,9 milhões em 2002. De janeiro a junho de 2003, as vendas atingiram US$ 34,6<br />

milhões, devendo fechar o ano em cerca de US$ 70 milhões.<br />

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A quota tarifária para carne bovina da Rússia é livre, podendo ser disputada<br />

pelos exportadores, beneficiando o Brasil, que tem forte competitividade frente à<br />

União Européia.<br />

De janeiro a julho, as vendas externas de carne bovina in natura e<br />

industrializada somaram US$ 765,7 milhões, com um aumento de 31,3% sobre o<br />

mesmo período de 2002. Em volume, as vendas externas totalizaram 726,5 mil<br />

toneladas, com aumento de 44,3%. Os preços médios da carne bovina in natura, em<br />

julho, foram de US$ 1.893 por tonelada, superiores em 22% à média de janeiro, que<br />

foi de US$ 1.549. No caso da carne industrializada, o aumento do preço médio, no<br />

mesmo período, foi de 8%, subindo para US$ 2.046 por tonelada.<br />

Por último, Sr. Presidente, quero informar a V. Exa. e aos demais membros<br />

desta Casa que, às 15h, a Frente Parlamentar da Saúde reúne-se para discutir os<br />

efeitos do veto ao § 2º do art. 59, cujo efeito prático é a diminuição <strong>dos</strong><br />

investimentos na saúde.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. ZÉ GERALDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. ZÉ GERALDO (PT-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, com muita honra, quero registrar nesta Casa que amanhã farei parte da<br />

comitiva do Presidente da República que estará em Belém para anunciar a recriação<br />

da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia. Recriaremos a SUDAM<br />

para coordenar o planejamento na Amazônia e investir recursos na área econômica<br />

e social de que aquela região tanto precisa.<br />

O Presidente Lula também visitará a Nova Amafruta, empresa que estava<br />

falida, mas que daqui a 2 anos beneficiará 4 mil famílias que produzirão frutas.<br />

Transformaremos aquela região no maior pólo de fruticultura do Estado do Pará.<br />

Precisamos aproveitar as frutas da Amazônia, além das já produzidas no Estado do<br />

Pará.<br />

O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - A Mesa divulgará o<br />

pronunciamento de V.Exa. nos meios de comunicação da Casa.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Concedo a palavra ao Deputado<br />

Milton Cardias.<br />

O SR. MILTON CARDIAS (PTB-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, conviver com a dura realidade do aumento nos<br />

índices de violência tem sido infeliz constante da nossa geração. Já me manifestara<br />

em outras ocasiões alertando as autoridades sobre alguns <strong>dos</strong> motivos que tem<br />

levado a essa situação, pois várias são as origens e as formas da prática da<br />

violência entre nós. Uma delas tem sido o anúncio escandaloso da oferta de sexo<br />

publicado abertamente por muitos jornais brasileiros que tem como vítimas as<br />

nossas crianças e adolescentes.<br />

Devemos atentar com muita seriedade para essa circunstância, Sr.<br />

Presidente, pois constitui função institucional do Ministério Público da União a<br />

defesa <strong>dos</strong> direitos e interesses coletivos, especialmente da criança e do<br />

adolescente, cabendo-lhe também zelar pelo efetivo respeito <strong>dos</strong> serviços de<br />

relevância pública e <strong>dos</strong> meios de comunicação social aos princípios, garantias,<br />

condições, direitos, deveres e vedações previstos na Constituição Federal e na lei<br />

relativos à comunicação social (art. 5º, incisos III, “e”, e IV, da Lei Complementar n.º<br />

75/93).<br />

É competência também do Ministério Público da União promover o inquérito<br />

civil e a ação civil pública para a proteção <strong>dos</strong> interesses individuais indisponíveis,<br />

difusos e coletivos, inclusive os relativos à criança e ao adolescente, nos termos do<br />

art. 6º, VII, “c”, do Estatuto dessa instituição.<br />

Na propositura da ação fundada nos arts. 201, V e VIII, e 212 do Estatuto da<br />

Criança e do Adolescente, deve-se, portanto, atentar-se para a condição peculiar da<br />

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criança e do adolescente, procurando-se evitar que a personalidade deles sofra<br />

influências indevidas que possam ocasionar, no futuro, indesejáveis desvios de<br />

caráter.<br />

Diante desse quadro, parece-nos inequívoco que os jornais publica<strong>dos</strong> no<br />

País têm desobedecido aos mandamentos do Estatuto da Criança e do Adolescente,<br />

ao permitirem que o Caderno de Classifica<strong>dos</strong> veicule textos de livre acesso ao<br />

menor, com teor provocativo e estimulador do sexo fácil, levando muitas crianças à<br />

utilização do telefone para satisfazer o interesse despertado, já que são comuns os<br />

anúncios de “favores sexuais”.<br />

Tal situação a que não raro são expostos nossos adolescentes tem gerado<br />

intensa preocupação por parte <strong>dos</strong> pais, porque seus filhos, ainda em estágio<br />

incompleto de desenvolvimento, são coloca<strong>dos</strong> em contato com um mundo de<br />

inúmeros riscos, inclusive para a sua saúde mental e física.<br />

Aliás, a conduta de tais jornais, ao veicularem referidas publicações sem<br />

qualquer restrição ao seu acesso, parece subsumir-se ao tipo previsto no art. 78 da<br />

Lei n.º 8.069/90, que trata da prevenção especial relativa ao lazer e à cultura e<br />

dispõe:<br />

“Art. 78. As revistas e publicações contendo<br />

material impróprio ou inadequado a crianças e<br />

adolescentes deverão ser comercializadas em<br />

embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo”.<br />

Ademais, é proibida a venda à criança ou ao adolescente de revistas e<br />

publicações a que alude o art. 78, conforme determina o art. 81, inciso V, do<br />

Estatuto da Criança e do Adolescente.<br />

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Ao infringir tais normas, estão os editores de jornais a praticar infração<br />

administrativa sancionada pelo art. 257 desse Estatuto, sujeitando-se à pena de<br />

multa de até 20 salários de referência, podendo a mesma ser duplicada em caso de<br />

reincidência, sem prejuízo da apreensão da revista ou publicação.<br />

Do exposto, Sr. Presidente e nobres pares desta Casa de Leis, informo-lhes<br />

que encaminhei ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios representação<br />

noticiando tais Irregularidades, e espero, como cidadão e pastor evangélico, sejam<br />

apura<strong>dos</strong> os fatos menciona<strong>dos</strong> e tomadas as providências pertinentes para que<br />

cesse tal prática e restem observadas as disposições da Lei n.º 8.069/90.<br />

Em nome <strong>dos</strong> bons costumes e apetecendo por um Brasil feliz, repleto de<br />

valores morais, com um futuro sem violências e seguro às nossas crianças,<br />

agradeço a atenção de to<strong>dos</strong> desejando que Deus, em Cristo Jesus, nos abençoe.<br />

Meu muito obrigado.<br />

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O SR. NELSON BORNIER (PSB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a economia popular, sustentáculo das<br />

populações de baixa renda, continua sofrendo duros golpes no seu dia-a-dia graças<br />

aos desacertos da política governamental voltada para os mais diferentes setores de<br />

atividades, na maioria <strong>dos</strong> casos sem o mínimo conhecimento da realidade<br />

brasileira.<br />

Isso, Sr. Presidente, apesar <strong>dos</strong> constantes anúncios feitos pelo Governo<br />

dando conta de que a inflação está sob controle, de que o Brasil tem uma economia<br />

estável e outras formas de convencimento que não conferem com o orçamento<br />

familiar de cada um.<br />

De nada adiantam estatísticas oficiais indicando que a inflação no mês está<br />

abaixo do esperado, assim como as de que a do semestre passado não passou de<br />

um percentual imaginário, quando, em verdade a situação é bem outra.<br />

Sobem os preços <strong>dos</strong> combustíveis e, em conseqüência, <strong>dos</strong> produtos<br />

produzi<strong>dos</strong> por aqueles que deles dependem. Ou seja, a corda sempre acaba<br />

arrebentando do lado mais fraco.<br />

Como se isso não bastasse, Sr. Presidente, o Governo passado, por conta<br />

do descaso, obrigou a população a reduzir o consumo de energia elétrica. Hoje<br />

temos o absurdo de constantes majorações na tarifa, como se isso não tivesse<br />

reflexo negativo na população como um todo.<br />

Ora, Sr. Presidente, não nos esqueçamos de que a tarifa de energia elétrica<br />

aumentou, nos últimos sete anos, mais de 140%, o que corresponde a mais ou<br />

menos 20% por ano.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Agora temos mais uma contradição em que se envolvem os tecnocratas da<br />

administração pública, que estão definindo um novo modelo institucional para o setor<br />

elétrico do País. Mas temos um pequeno problema, Sr. Presidente.<br />

Com este novo modelo proposto, o Ministério de Minas e Energia enfrentará<br />

grandes riscos, <strong>dos</strong> quais o primeiro é a inadimplência. Não é preciso ser um<br />

experto para saber que nossa carga tarifária do setor elétrico é elevada.<br />

E o pior, Sr. Presidente, é que o tal novo modelo não prevê qualquer<br />

alteração deste quadro.<br />

Sr. Presidente, concordamos plenamente com a preocupação das<br />

autoridades na busca de soluções que procurem amenizar nossos problemas no<br />

setor energético, principalmente num país como o nosso, onde mais se<br />

desperdiça energia elétrica. Mas os resulta<strong>dos</strong> iniciais precisam ser, de certo modo,<br />

alentadores, para que não se use de soluções mais drásticas como o apagão.<br />

Ideal seria, Sr. Presidente — e aqui fica a sugestão —, que os usuários<br />

ficassem em primeiro plano, para que não se fique cometendo asneiras contra os<br />

direitos do consumidor. Serviço prestado ao público de modo geral é coisa séria e<br />

não pode ficar avaliando o consumidor.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. FERNANDO GONÇALVES (PTB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a cidade de Nova Iguaçu estará realizando a<br />

1ª Feira de Reciclagem da Baixada Fluminense e a 7ª Semana de Meio Ambiente,<br />

eventos da maior importância porque têm o objetivo de sensibilizar a população para<br />

as questões ligadas ao lixo e ao meio ambiente e de propor alternativas para a<br />

utilização de material reciclável.<br />

Inaugurada ontem pelo Prefeito Mário Marques, a Feira estará aberta ao<br />

público até o próximo domingo, 23 de agosto, com exposição de equipamentos, de<br />

artesanato e objetos para casa feitos com vidro, papelão, garrafas pet e outros<br />

materiais, além de palestras sobre esse palpitante assunto.<br />

Sr. Presidente, a iniciativa adquire dimensão de caráter nacional, uma vez<br />

que estão confirmadas as presenças não apenas do Vice-Governador do Rio de<br />

Janeiro, Luiz Paulo Conde; do gerente de Meio Ambiente da FIRJAN, Luiz Augusto<br />

Carneiro Azevedo; do gerente regional do SEBRAE, Décio Lima; do Coordenador do<br />

Programa de Coleta Seletiva de Belo Horizonte, Itamar Gomes Cabral; de<br />

representantes da Associação Brasileira da Indústria de Vídeo, Sefan David, da<br />

Universidade Federal Fluminense, Carmem Lúcia Roquete Pinto e de inúmeras<br />

empresas e outras entidades.<br />

Integram a parceria com a Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu, na<br />

organização do evento, o SESC, em cuja sede se realiza a Feira, o SEBRAE, o<br />

Instituto Nova Iguaçu, a S.A. Paulista e o Carrefour.<br />

É importante destacar também, Sr. Presidente, os temas constantes da pauta<br />

do ciclo de palestras e debates: Evolução da coleta seletiva em nível municipal e no<br />

Brasil; Central de Tratamento de Resíduos de Nova Iguaçu, aspectos técnicos e<br />

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ambientais; Experiências para gestão de políticas em reciclagem; Experiências de<br />

catadores: o exemplo de Jacutinga; Reciclagem de resíduos da agroindústria com<br />

tecnologia limpa.<br />

Uma novidade muito interessante será a apresentação da empresa sueca<br />

MRT Systems, mostrando os riscos de contaminação de mercúrio, diante da prática<br />

tão comum de serem jogadas as lâmpadas nos chama<strong>dos</strong> lixões.<br />

Congratulo-me com os idealizadores e organizadores da 1ª Feira de<br />

Reciclagem da Baixada Fluminense, que demonstram a crescente preocupação<br />

conjunta do Poder Público e da iniciativa privada em estudar e aplicar as medidas<br />

necessárias, mediante o uso de modernas tecnologias, visando melhorar a<br />

qualidade de vida em nossas cidades.<br />

Nova Iguaçu e a Baixada Fluminense afirmam-se, com tais iniciativas, na<br />

vanguarda desse tema de extraordinária importância para a definição de políticas<br />

públicas, de ações governamentais e de empreendimentos do setor privado, que<br />

devem obedecer aos princípios do interesse maior da sociedade, qual seja, o bem-<br />

estar coletivo.<br />

Estou certo de que esta semana de exposição e de debates a respeito do<br />

meio ambiente constituirá um marco não apenas para a Baixada Fluminense e o<br />

Estado do Rio de Janeiro, mas como verdadeira referência para o adequado<br />

tratamento de lixo nas áreas urbanas de todo o País.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. JOSÉ MENDONÇA BEZERRA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, há duas semanas assumi esta<br />

tribuna para protestar e demonstrar minha grande preocupação com a situação de<br />

calamidade econômica que vivem os Municípios e os Esta<strong>dos</strong> da Federação, que<br />

vêm sofrendo com a queda nunca antes vista do FPM e FPE.<br />

Pois bem, Sr. Presidente, acho que esta nossa preocupação vem tomando<br />

corpo e, para minha felicidade, o meu partido, o PFL, realizou na última quinta-feira,<br />

dia 14 de agosto, um grande evento, que se denominou Encontro Nacional de<br />

Prefeitos. Esse evento veio demonstrar que o Partido da Frente Liberal não tem a<br />

intenção tão-somente de questionar o atual Governo, mas, sim, de apresentar<br />

propostas que possam buscar a melhoria da qualidade de vida da população<br />

brasileira.<br />

Foi um encontro delineado no início de julho, quando começaram a surgir as<br />

primeiras queixas <strong>dos</strong> Prefeitos com a queda <strong>dos</strong> repasses do FPM e das cobranças<br />

para receber parte das contribuições concentradas no Poder Federal. Com uma<br />

participação expressiva de Deputa<strong>dos</strong>, Senadores, de mais de quatrocentos<br />

Prefeitos e ainda Vereadores eleitos pela nossa legenda, o assunto principal do<br />

evento foi questionar a melhor distribuição da CPMF, da CIDE, dentre outros<br />

impostos, o cumprimento do pacto federativo e, ainda, uma política que possa<br />

definir uma justa distribuição <strong>dos</strong> recursos entre quem tem mais (União) e os que<br />

têm menos (Municípios e Esta<strong>dos</strong>).<br />

Sr. Presidente, é conhecida de to<strong>dos</strong> a importância vital de que se reveste o<br />

FPM para a grande maioria <strong>dos</strong> Municípios brasileiros, pois acreditem, desses<br />

recursos repassa<strong>dos</strong> aos Municípios, 60% são para o pagamento da folha de<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

funcionários, cerca de 13% vão para o pagamento das dívidas com a União, 12%<br />

para a saúde e algo em torno de 25% para educação. Perguntamos: o que sobra?<br />

Nada. Como os Prefeitos e Governadores podem fazer alguma coisa pela<br />

população? Como se vai investir em saúde, segurança e melhorias para os mais<br />

carentes? Não tem outra fórmula, é dividindo o bolo tributário com igualdade. A<br />

Constituição de 1988 estabeleceu que a receita tributária seria dividida de forma que<br />

a União ficaria com 40%, os Esta<strong>dos</strong> com 40% e os Municípios com 20%. Mas hoje<br />

as receitas estão cada dia menores para os Esta<strong>dos</strong> e Municípios, enquanto a União<br />

permanece com 60% do que o País arrecada. Se fosse possível comparar, é o<br />

mesmo que ocorre com a Confederação Brasileira de Futebol, que cada vez fica<br />

mais rica, enquanto os clubes vivem à míngua. A continuar assim, o Sistema<br />

Federativo será completamente desmontado. O nosso déficit público vai ficar como<br />

sempre, incontrolável, e o pior, os Esta<strong>dos</strong> e Municípios continuarão servindo<br />

sempre como meros instrumentos de administração da estabilidade financeira.<br />

Sr. Presidente, Sra. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, é chegada a hora e temos que decidir.<br />

Não vai haver lugar para indefinição. Estamos com uma excelente oportunidade<br />

política em nossas mãos, que acredito ser única. É este o momento de mudanças<br />

constitucionais, mais precisamente a reforma tributária, onde precisamos redefinir<br />

os critérios a serem adota<strong>dos</strong> com relação especialmente à CPMF e à CIDE.<br />

Sabemos que será uma batalha árdua, mas temos que nos preparar e trabalhar<br />

muito para aprovar as normas que distribuam receitas da mesma forma como<br />

são repassa<strong>dos</strong> os recursos do Fundo de Participação <strong>dos</strong> Municípios e <strong>dos</strong><br />

Esta<strong>dos</strong>.<br />

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Ao aplaudir entusiasticamente o Encontro Nacional <strong>dos</strong> Prefeitos, realizado<br />

pelo meu partido, quero aproveitar esta oportunidade para também registrar com<br />

regozijo e aplausos a criação pelos Srs. Senadores da Frente Parlamentar Pró-<br />

Municípios, que será com certeza um grande movimento político em defesa da<br />

melhor distribuição da arrecadação tributária nacional. Quero aqui, neste momento,<br />

Sr. Presidente, conclamar os meus nobres pares a também subscreverem o<br />

documento que criou a referida Frente e assim torná-la um movimento em defesa<br />

de toda a sociedade brasileira.<br />

Hoje, lendo os jornais, não me surpreendi com as notícias de que a<br />

repercussão dessa movimentação pró-Municípios e Esta<strong>dos</strong> tem conseguido o<br />

entusiasmo de muitos brasileiros. Observei com orgulho que a bandeira <strong>dos</strong><br />

Municípios, que foi levantada pelo PFL na semana passada, está se tornando um<br />

movimento com a participação de outros grandes parti<strong>dos</strong>, como o PSDB e PMDB,<br />

que entendem a necessidade de transformar essa frente na voz <strong>dos</strong> Prefeitos e<br />

Governadores, que, sem dúvida, irá ecoar fortemente na defesa de uma reforma<br />

tributária que garanta o equilíbrio <strong>dos</strong> entes federa<strong>dos</strong>.<br />

Por fim, Sr. Presidente, faz-se indispensável que a discussão em curso da<br />

reforma tributária seja encaminhada em função <strong>dos</strong> interesses efetivos da Nação<br />

brasileira e que os recursos advin<strong>dos</strong> dessa arrecadação se revertam em benefícios<br />

e serviços de boa qualidade para a população.<br />

Muito obrigado.<br />

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O SR. ANTÔNIO CARLOS BIFFI (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o esporte de Mato Grosso do Sul está em<br />

festa. A população do Estado recebe a nadadora Ana Carolina Muniz, medalha de<br />

prata nos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo. A atleta conquistou o segundo<br />

lugar na prova de revezamento 4x200 junto com as atletas Monique Ferreira,<br />

Mariana Brochado e Paula Baracho.<br />

Ana Carolina chegou ontem a Campo Grande e desfilou em carro aberto do<br />

Corpo de Bombeiros pelas principais ruas da cidade, recebendo todo o carinho da<br />

população, que ficou orgulhosa em ver uma sul-mato-grossense no pódio de uma<br />

competição tão importante.<br />

Este bom resultado se deve, além do talento e da dedicação da atleta, à<br />

política de fortalecimento do esporte desenvolvida nos últimos quatro anos pelo<br />

Governo Zeca do PT. O técnico José Gehilson da Silva, que treina a atleta há oito<br />

anos, ressalta que Ana Carolina está numa boa fase por que hoje tem tranqüilidade<br />

para treinar. Ela conta com o apoio do Governo do Estado. Aos 19 anos, Ana<br />

Carolina chegou a sair de Campo Grande para se dedicar ao esporte, foi contratada<br />

pelo Corinthians e pelo Vasco, mas em 2001 a atleta voltou a defender as cores de<br />

Mato Grosso do Sul. Graças ao patrocínio da Fundação Estadual de Esporte, da<br />

UNIMED, da Mace e da UNIDERP, a nadadora consegue manter os treinamentos.<br />

Quero destacar que o exemplo de Ana Carolina Muniz é fruto das ações que<br />

o Governo Popular vem realizando ao gerir a política pública de esporte em Mato<br />

Grosso do Sul. A medalha da atleta recompensa todo o esforço em reconhecer e<br />

apoiar os atletas sul-mato-grossenses. E é com grande orgulho que presencio o<br />

trabalho desenvolvido no meu Estado causar alegria a toda a Nação brasileira.<br />

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Ana Carolina é só um entre os grandes valores do esporte de Mato Grosso do<br />

Sul. Temos a certeza que, com o respeito oferecido pelo Governo do Estado, logo<br />

outro sul-mato-grossense será motivo de festa para o povo brasileiro.<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a notícia da privatização possível do<br />

abastecimento de água da cidade de Petrolina, no sertão de Pernambuco — e pólo<br />

de uma das regiões agrícolas mais desenvolvidas do Nordeste, nos dias de hoje —,<br />

traz à reflexão o problema do abastecimento de água potável em todo o Brasil, pois<br />

o País tem o maior potencial hídrico do planeta, mas não se pode dar ao luxo de<br />

negligenciar o planejamento da sua utilização, com vistas ao futuro.<br />

Vale a pena recordar que o Brasil é, também, o terceiro País do mundo em<br />

capacidade instalada de geração hidroelétrica. Água e energia, como bem<br />

reconhece a ANA no seu relatório mais recente “O Estado das Águas no Brasil —<br />

2001/2002”, têm historicamente uma forte interdependência. Todavia, o desequilíbrio<br />

regional na disponibilidade da água — temos de concordar com os autores desse<br />

estudo — “exprime-se por secas recorrentes na Região Nordeste, acrescido da<br />

rápida elevação da demanda e da degradação <strong>dos</strong> rios na Região Sudeste”.<br />

A preocupação com o uso e preservação <strong>dos</strong> mananciais estendem-se a<br />

to<strong>dos</strong> os segmentos da sociedade brasileira, hoje em dia. E está refletida no recente<br />

ensaio de José Galizia Tundisi, publicado no mês passado: “Água no Século XXI —<br />

Enfrentando a Escassez”.<br />

O Poder Público tem sido pouco eficiente nesse campo, apesar <strong>dos</strong><br />

mananciais e das fontes existentes à disposição das nossas populações; e, cedo ou<br />

tarde, a iniciativa privada vai querer avançar sobre esse campo, assenhoreando-se<br />

de um mercado nada desprezível, pois, tanto quanto a energia elétrica, a água é um<br />

bem indissociável do ser humano e da nossa vida cotidiana e fator determinante da<br />

fixação ou migração <strong>dos</strong> grupos humanos ao longo da história.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, campeões da livre iniciativa e da economia de mercado,<br />

os serviços de abastecimento d’água permanecem em poder das autoridades,<br />

autarquias dependentes <strong>dos</strong> Governos municipais e/ou estaduais, a exemplo de<br />

muitos portos fluviais e marítimos daquele país.<br />

A ANA — Agência Nacional de Águas, ligada ao Ministério do Meio Ambiente<br />

no Brasil, ainda não definiu o modelo ou os modelos de exploração e gerenciamento<br />

<strong>dos</strong> serviços de abastecimento de água, mas sabemos que está em elaboração uma<br />

“política nacional de recursos hídricos”, que inclui a “gestão descentralizada e<br />

participativa”. Resta saber quais os limites desse projeto de gestão e participação,<br />

que podem levar a situações críticas, a exemplo do que ocorreu na África do Sul, na<br />

Argentina e na Bolívia — indicações que me chegam pela mídia —, ou a pontos de<br />

estrangulamento, como vem ocorrendo no caso das empresas distribuidoras de<br />

energia elétrica em vários Esta<strong>dos</strong> do Brasil, depois das privatizações do setor.<br />

A gestão <strong>dos</strong> chama<strong>dos</strong> “corpos d’água” em nosso País vem sendo pautada,<br />

em anos recentes, pela Agência Nacional de Águas, Conselho Nacional de<br />

Recursos Hídricos (criado em 1998) e Secretaria Nacional de Recursos Hídricos<br />

(SRH), no âmbito do Ministério do Meio Ambiente.<br />

Se já existe um arcabouço jurídico para o setor (Lei das Águas — Lei nº<br />

9.433/97), falta uma definição da política governamental que defina os tipos de<br />

exploração, em benefício <strong>dos</strong> consumidores. Nesse caso, cabe ao Congresso um<br />

papel da maior relevância no encaminhamento da discussão, para que não se<br />

repitam os desacertos cometi<strong>dos</strong> quando da privatização <strong>dos</strong> setores de<br />

telecomunicações e de energia elétrica, que se refletem, hoje, sobre toda população.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Tome-se um exemplo recente de abusos do setor em Pernambuco: a CELPE<br />

(do grupo Iberdrola) iniciou uma fiscalização <strong>dos</strong> medidores de energia elétrica de<br />

residências, exigindo que os usuários substituam as caixas onde são coloca<strong>dos</strong><br />

esses instrumentos por novas caixas padrão CELPE, em policarbonato, além de<br />

disjuntores, fabricadas por empresa que — segundo informações que me chegam —<br />

é ligada à concessionária. Uma caixa custa, em média, 105 reais, o disjuntor<br />

monofásico situa-se na faixa de preço entre 10 e 15 reais e o disjuntor trifásico situa-<br />

se na faixa de preço entre 35 e 45 reais. Trata-se de um custo adicional insuportável<br />

para o orçamento, já sacrificado, de uma família da classe média.<br />

Venho alertar, desta tribuna, o Governo para evitar que ocorra, no setor de<br />

abastecimento de água, qualquer medida que possa sobrecarregar, seja a nível de<br />

taxa ou contribuição, o orçamento já tão pesado <strong>dos</strong> contribuintes brasileiros, na<br />

consciência de que água é um bem essencial a nossa vida. É obrigação do Estado o<br />

seu suprimento e fornecimento aos cidadãos.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

A SRA. SELMA SCHONS (PT-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, nesta semana estivemos acompanhando a<br />

visita do Ministro da Saúde, Humberto Costa, ao Paraná para formalizar o<br />

credenciamento de 208 novos leitos de UTI em 17 hospitais do Estado. O Paraná<br />

contava com 28.500 leitos, sendo que apenas 2,8% são de UTI. Com os novos<br />

credenciamentos chegaremos a 3,42% <strong>dos</strong> leitos, bem próximo da meta do<br />

Ministério, que é de 4% por Estado. Até o final deste semestre o Ministério da Saúde<br />

irá credenciar 2.233 novos leitos e atender à demanda do SUS em todo o País.<br />

Essa é uma necessidade urgente para o País e sobretudo para a cidade de<br />

Ponta Grossa. Nos meses de junho e julho, aquele Município foi notícia no Brasil<br />

inteiro devido às mais de 38 mortes, em decorrência da falta de leitos disponíveis<br />

pelo SUS em nossa rede hospitalar.<br />

A visita do Ministro da Saúde a Curitiba atende a uma orientação do<br />

Presidente Lula. Demonstra a sensibilidade deste Governo e o compromisso em<br />

solucionar com a maior rapidez os problemas que afetam esse setor. Isto é um alívio<br />

para nós que estivemos intermediando diversas audiências nas quais o Prefeito da<br />

minha cidade, Péricles Holleben, os Secretários Municipais e Estaduais de Saúde,<br />

com outros Deputa<strong>dos</strong>, estiveram em Brasília, para relatar a necessidade de novos<br />

credenciamentos e a situação caótica que estávamos vivendo.<br />

A situação, de tão dramática, chamou a atenção do Ministério Público<br />

Federal, que interpelou ação exigindo a transferência de pacientes em situação de<br />

terapia intensiva para outras cidades do Estado.<br />

Com essas medidas tenho confiança de que não veremos mais nosso povo<br />

morrer por falta de leitos de UTI em nossos hospitais públicos.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Mas, Sr. Presidente, quero registrar ainda que a ida do Ministro Humberto<br />

Costa ao nosso Estado também tem relação com o importante lançamento do<br />

Programa de Combate à AIDS nas Escolas em nosso Estado.<br />

Esse programa, um convênio entre os Ministérios da Saúde e o da Educação,<br />

é fundamental para o sucesso do combate à Síndrome da Imunodeficiência<br />

Adquirida em todo o mundo. A formação de nossas crianças e jovens, com a<br />

orientação correta sobre os riscos das doenças sexualmente transmissíveis e sobre<br />

a prevenção à gravidez precoce, que é a base desse programa, demonstra o<br />

empenho do Governo Federal em reduzir as estatísticas dessas ocorrências entre<br />

jovens em idade escolar.<br />

Assumindo o Programa de Combate à AIDS nas Escolas, o Paraná está<br />

unindo esforços pela erradicação da AIDS no mundo. Até que a ciência, com todo o<br />

seu empenho, encontre em breve a vacina ou a cura total, a prevenção ainda é o<br />

melhor caminho para livrar nossa sociedade dessa chaga.<br />

Muito obrigada.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. SANDES JÚNIOR (PP-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, permitam-me trazer ao conhecimento desta<br />

Casa artigo do renomado jornalista Washington Novaes, publicado na edição de<br />

quinta-feira passada, dia 14 de agosto, no jornal O Popular, o mais importante diário<br />

de Goiás. O jornalista, um respeitado ambientalista, afirma o seguinte:<br />

“A cada dia tornam-se mais desconfortáveis a<br />

posição e a tarefa de quem se interessa e/ou trabalha<br />

com a dita questão ambiental (que na verdade abrange<br />

tudo). As notícias são sempre mais preocupantes. Mas<br />

como não se conseguem regras sem instituições capazes<br />

de mudar os padrões insustentáveis de produção e<br />

consumo no mundo — porque países, setores<br />

econômicos e pessoas não querem abrir mão do que têm<br />

como se pudessem escapar sozinhos das conseqüências<br />

—, a tendência é de que tudo siga pelos velhos caminhos.<br />

E se apontem os preocupa<strong>dos</strong> com essas questões como<br />

“negativistas”, “catastrofistas”. Como se o problema<br />

estivesse na visão deles, não na realidade e nas<br />

informações sobre esta.<br />

A área que parece a cada dia mais preocupante é a<br />

das mudanças climáticas. Quem lê jornal e vê TV tem<br />

acompanhado os dramas do verão no Hemisfério Norte.<br />

Dezenas de mortos na Europa por causa das altas<br />

temperaturas próximas ou até acima de 40 graus<br />

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centígra<strong>dos</strong>, incêndios devastadores, rios quase secando,<br />

geleiras desmoronando, o verão mais quente na Noruega<br />

desde 1925 e na França desde 1945, a mais alta<br />

temperatura nos Alpes suíços em 250 anos, China e Índia<br />

com temperaturas de até 50 graus em algumas regiões (e<br />

milhares de pessoas morrendo), escassez de energia,<br />

falta de água. A França se vê obrigada a resfriar com<br />

água gelada os reatores nucleares, temendo acidentes. A<br />

Inglaterra diminui a velocidade <strong>dos</strong> trens, para evitar fogo<br />

no atrito com os trilhos. A Áustria chega a recomendar<br />

aos casais que baixem o risco de acidentes cardíacos,<br />

reduzindo a atividade sexual.<br />

Sir John Houghton, ex-presidente do Painel<br />

Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC),<br />

afirma não ter dúvida de que ‘as mudanças climáticas já<br />

estão acontecendo’ e acusa o primeiro-ministro Tony Blair<br />

de ‘omisso’. Sua visão é compartilhada por Wilhelm<br />

Gerstengabe, do Instituto de Pesquisas do Clima em<br />

Potsdam, Alemanha. Segundo a Organização<br />

Meteorológica Mundial, maio foi o mês mais quente na<br />

Terra desde quando se registram temperaturas, em 1880.<br />

Porque ‘mudanças profundas’ estão acontecendo no<br />

clima.<br />

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John Schellnhuber, do Centro Tyndalll na área de<br />

mudanças climáticas, entende que as variações estão<br />

acontecendo muito mais rapidamente do que se<br />

esperava. O que se acreditava viria em 20 ou 30 anos já<br />

está acontecendo. E o Centro Hadley da Grã-Bretanha,<br />

muito conceituado na área, assegura que a atual onda de<br />

calor no hemisfério norte não se explica por ‘causas<br />

naturais’, nem por manchas solares ou atividade<br />

vulcânica. É conseqüência da ação humana.<br />

E provavelmente ainda vai piorar. Relatório de um<br />

comitê científico França-Bélgica-Espanha para a União<br />

Européia assegura (New Scientist, 24 de maio) que a<br />

concentração de carbono na atmosfera planetária vai<br />

dobrar em 30 anos, porque o mundo estará mais<br />

dependente de combustíveis fósseis e se reduzirá a<br />

participação de energias renováveis na matriz energética,<br />

de 13% para 8% do total, porque não haverá mais lenha<br />

para consumir nos países mais pobres, suas populações<br />

passarão a usar gás e se urbanizarão, consumindo mais<br />

energia (a cada dia, mais 160 mil pessoas se incorporam<br />

às áreas urbanas do mundo!).<br />

Os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, nesse período, aumentarão em<br />

50% seu consumo de energia; a Europa, em 18%. China<br />

e Índia triplicarão suas emissões de CO². Com isso tudo,<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

as emissões de gases que intensificam o efeito estufa<br />

nessas três décadas aumentarão 2,1% ao ano (hoje,<br />

1,8%). E por isso tudo, diz a Academia Sueca de<br />

Ciências, o aumento da temperatura terrestre ao longo do<br />

século 21 pode ultrapassar as possibilidades apontadas<br />

pelo IPCC (1,4 a 5,8 graus centígra<strong>dos</strong>).<br />

Ao longo da década de 90, os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>,<br />

maiores emissores de poluentes, aumentaram em 14%<br />

sua “contribuição”; a Austrália (maior exportador de<br />

carvão mineral), em 18%; o Japão, em 11%. Só a União<br />

Européia reduziu as suas emissões, em 3,5%.<br />

A entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, que<br />

obrigaria os países industrializa<strong>dos</strong> a reduzir suas<br />

emissões em 5,2% até 2012, pela média (o IPCC<br />

recomenda redução de 60%), continua emperrada, à<br />

espera da adesão da Rússia, que provavelmente a está<br />

retardando para ter tempo de vender seus ‘direitos de<br />

emissão de poluentes’ para outros países (porque seu<br />

PIB caiu 50% desde 1990 e, com ele, as emissões; o<br />

Protocolo lhe permite vender esses ‘direitos’ para outros<br />

países).<br />

Os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> sequer admitem que haja<br />

certezas nessa área das mudanças climáticas. Ainda no<br />

mês passado, o governo Bush anunciou um plano para<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

coordenar as pesquisas de 13 agências federais nessa<br />

área — mas não lhes destinou recursos financeiros.<br />

Poucas semanas antes, o mesmo governo mandara<br />

suprimir de um relatório da Agência de Proteção<br />

Ambiental trechos que admitiam ser o aquecimento global<br />

influenciado por ações humanas. Chegou a substitui-los<br />

por trechos de outro documento, financiado pelo Instituto<br />

Americano do Petróleo, que dizia o contrário. Mas acabou<br />

suprimindo ambos.<br />

O Brasil precisa cuidar muito mais dessa área.<br />

Embora ainda emita relativamente pouco (3% do total de<br />

gases que intensificam o efeito, para uma população que<br />

representa 3% da população mundial), nossa participação<br />

está crescendo por causa do desmatamento e das<br />

queimadas, que significam dois terços do que emitimos.<br />

Por outro lado, estu<strong>dos</strong> da Federação Internacional<br />

da Cruz Vermelha mostram que somos um <strong>dos</strong> países<br />

mais afeta<strong>dos</strong> por ‘desastres naturais’, como inundações,<br />

secas, contaminações por poluentes, acidentes etc.<br />

Foram quase 12 milhões de pessoas atingidas em uma<br />

década, com duas 2 mortes (no mundo, 2,4 bilhões de<br />

pessoas atingidas, contra 1,6 bilhão na década anterior).<br />

E já começamos a sentir também no campo<br />

econômico as conseqüências do aquecimento global.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Estudo da UNICAMP mostra que o Estado de São Paulo<br />

— que teve no café sua principal base econômica — já<br />

não pode plantá-lo, a não ser em altitudes elevadas<br />

(Campos do Jordão), onde as temperaturas são mais<br />

baixas. Porque a temperatura mais alta impede a floração<br />

completa do cafeeiro e reduz sua produção e qualidade<br />

do produto.<br />

A conclusões idênticas chegou para o Paraná,<br />

onde a cultura do café foi e é muito importante. Na área<br />

antes mais favorável, Norte e Noroeste, o aumento da<br />

temperatura está inviabilizando a cultura, que terá de se<br />

transferir para mais ao Sul, onde a umidade maior<br />

prejudicaria muito a qualidade. E, aponta o estudo, poderá<br />

haver prejuízos muito fortes também para o milho, frutas<br />

cítricas e cana-de-açúcar.<br />

Enfim, estu<strong>dos</strong>, advertências e evidências não<br />

faltam. Quando começaremos a mudar?”<br />

O referido artigo alerta para o fato de que o Brasil precisa se preparar o<br />

quanto antes para enfrentar o problema do aquecimento global. A agricultura<br />

mundial já sente diretamente os reflexos nocivos desse aquecimento. E o nosso<br />

País, como um grande celeiro mundial, não pode fechar os olhos para este grave<br />

problema.<br />

desta Casa.<br />

Sr. Presidente. Agradeço a atenção a mim dispensada pelos nobres pares<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. MARCELO ORTIZ (PV-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, é com grande emoção que venho a esta tribuna<br />

na data de hoje. No momento em que esta Casa de Leis passa por um <strong>dos</strong> perío<strong>dos</strong><br />

de maior exposição de toda sua história, os trabalhos momentaneamente cessam<br />

para que to<strong>dos</strong> nós, Parlamentares, prestemos as justas homenagens aos Clérigos<br />

Regulares de São Paulo no Brasil, os padres barnabitas, pelo transcurso de seu<br />

centenário de atuação.<br />

Como cristão católico apostólico romano, não posso ser apenas espectador e<br />

ouvinte das falas que em sua homenagem são proferidas. Sinto, como paulista, por<br />

gratidão e apreço, a necessidade de unir-me a to<strong>dos</strong> os brasileiros e com eles<br />

lembrar os ensinamentos e os feitos por essa maravilhosa ordem, fundada pelo<br />

abnegado missionário Santo Antônio Maria Zacarias, eletrizante pregador, profundo<br />

humanista, apaixonado pela humanidade, exemplar discípulo da fé e admirável<br />

homem de ação.<br />

Os Clérigos Regulares de São Paulo logo passaram a ser conheci<strong>dos</strong> como<br />

barnabitas, porque a primeira comunidade se reunia na igreja dedicada aos<br />

apóstolos Paulo e Barnabé. Daí as pessoas os chamarem de "os padres de São<br />

Barnabé". Assim, para barnabitas foi um passo.<br />

Num tempo de relaxação geral, Santo Antônio Maria Zacarias reavivou a fé<br />

promovendo uma intensa vida de renovação interior, centrada no Crucificado e no<br />

culto da Eucaristia, cerne da vida da Igreja.<br />

Para ganhar mais almas para Cristo, no dia 21 de agosto de 1903,<br />

desembarcaram simultaneamente em Recife e Belém os primeiros padres<br />

barnabitas. Em Belém assumiram a direção do Seminário Diocesano, e os que<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

desembarcaram em Recife ficaram em Olinda por três meses, depois seguiram para<br />

Petrolina, onde se estabeleceram.<br />

Em 1906 os barnabitas chegaram ao Rio de Janeiro e assumiram a direção<br />

das Paróquias de Santa Cruz e Guaratiba. Em 1921, os barnabitas tomam posse da<br />

Paróquia Nossa Senhora de Loreto, em Jacarepaguá.<br />

Sr. Presidente, ressalto o valoroso trabalho missionário desempenhado na<br />

Província do Sul. Em São Paulo, os padres barnabitas exercem o ministério cristão<br />

na paróquia dedicada a São Rafael; lá se encontram os padres barnabitas Teodósio<br />

e João. Na Comunidade de Belo Horizonte, exercem três atividades, em três locais:<br />

no Colégio Pe. Machado, no Seminário e na Paróquia Cristo Crucificado, onde estão<br />

Pe. Sebastião, Pe. Luiz Antônio, Pe. Fernando Capra e Pe. Fernando Negreiros.<br />

No Rio de Janeiro mantém a do Catete, comunidade mais antiga, de 1909,<br />

onde fica o Colégio Zaccaria, a segunda, desde 1921, é o Loreto, comunidade<br />

paroquial, e a terceira é a comunidade de Copacabana, a Paróquia S. Paulo<br />

Apóstolo e o Colégio Guido de Fontgalland, com a obra social de Miguel Pereira.<br />

Finalizando, Sr. Presidente, peço a Deus que dê força aos barnabitas para<br />

que não se sintam cansa<strong>dos</strong>, nem desanima<strong>dos</strong> pelos empreendimentos que foram<br />

planta<strong>dos</strong> pelos seus antecessores, e que exigem sempre mais empenho e coragem<br />

<strong>dos</strong> que hoje exercem a obra do Pai em nosso Brasil.<br />

Parabéns ao Padre Victor Baderacchi, Supervisor Provincial. Que nosso<br />

Senhor Jesus Cristo esteja com todo o Povo de Deus, possibilitando que os<br />

barnabitas continuem a levar sua palavra às nações de todo o mundo.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. FÁBIO SOUTO (PFL-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, venho a esta tribuna saudar o Governador da<br />

Bahia, Paulo Souto, pela verdadeira revolução que vem promovendo na agricultura<br />

do Estado.<br />

Uma das suas bem-vindas inovações é a implantação do Programa de<br />

Revitalização da Produção Agrícola na Região Nordeste da Bahia. Lançado no dia 2<br />

de maio deste ano, o programa contará com um aporte de recursos de R$ 12,7<br />

milhões, oriun<strong>dos</strong> da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional e da<br />

Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola — EBDA, coordenadoras do<br />

programa, mais 10% de contrapartida das associações comunitárias beneficiadas.<br />

A região nordeste da Bahia é responsável pela totalidade da safra de inverno<br />

do Estado, e por esta razão foi escolhida para receber esses investimentos na<br />

revitalização de sua produção. O programa irá beneficiar 22 Municípios da região,<br />

por meio da concessão de tratores com implementos agrícolas e garagem coletiva,<br />

kits de produtividade, contendo sementes certificadas e insumos, bem como<br />

assistência técnica especializada para a formação de bancos de sementes<br />

comunitários.<br />

Outra louvável iniciativa do Governador Paulo Souto foi o início do plantio<br />

comercial de trigo na Bahia, na Chapada Diamantina, Município de Ibicoara. O<br />

projeto é plantar, inicialmente, cerca de 500 hectares, utilizando variedades<br />

desenvolvidas pela EMBRAPA e já testadas com sucesso pela EBDA.<br />

O trigo irrigado rendeu na região 5 mil quilos/hectare, enquanto a média<br />

nacional é de somente 4 mil quilos/hectare. Além <strong>dos</strong> 500 hectares planta<strong>dos</strong> pela<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

iniciativa privada, a EBDA manterá uma área experimental de 2 hectares, onde<br />

trabalhará com novas variedades do grão.<br />

A Bahia possui clima e solo muito favoráveis a esse tipo de plantio, e a<br />

introdução do trigo na sua pauta agrícola poderá representar uma mudança radical<br />

no perfil produtivo do Estado, que consome 450 mil toneladas anuais do produto.<br />

Com o Programa de Produção e Comercialização de Trigo no Estado, os<br />

produtores da região da Chapada Diamantina, que hoje vivem principalmente do<br />

cultivo da batata, vão poder utilizar o cereal para a rotação de cultura no inverno,<br />

diminuindo a ociosidade das terras.<br />

Sr. Presidente, nobres colegas, é uma grande satisfação para mim<br />

acompanhar o empenho do Governador Paulo Souto em impulsionar a agricultura da<br />

Bahia.<br />

Quero, pois, parabenizar o Governador Paulo Souto por sua competência e<br />

largueza de horizontes, e reafirmo minha plena disposição em apoiar todas as<br />

medidas que contribuam para o fortalecimento do setor agrícola na Bahia e no<br />

Brasil.<br />

Obrigado.<br />

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O SR. MOREIRA FRANCO (PMDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, apesar de reconhecer a seriedade de propósitos<br />

do nobre Deputado José Roberto Arruda, que, por meio do Projeto de Lei nº 875,<br />

pretende mudar a sede da Agência Nacional de Petróleo do Rio de Janeiro para<br />

Brasília, tenho certeza de que se tal mudança for efetivada estaremos cometendo<br />

um erro sem precedentes.<br />

Não foi por acaso que a ANP organizou sua sede no Rio. As inúmeras<br />

oportunidades de negócios surgidas com o fim do monopólio da PETROBRAS e a<br />

desregulamentação do setor de petróleo e gás natural têm atraído novos<br />

investidores, tanto de origem estrangeira quanto nacional. Resultado: o Rio de<br />

Janeiro é hoje um caso raro em que uma única cidade abriga a sede de todas as<br />

empresas de um mesmo setor. As empresas petrolíferas recém-estabelecidas no<br />

País transformaram o Rio em “capital brasileira do petróleo”.<br />

Justamente por sua importância no cenário nacional e internacional, a cidade<br />

foi escolhida como sede do XVII Congresso Mundial de Petróleo, realizado em<br />

setembro de 2002. Por sua vez, a exposição Rio Oil & Gas, montada a cada 2 anos,<br />

já está consagrada como um <strong>dos</strong> maiores e mais importantes eventos mundiais do<br />

setor.<br />

O Rio de Janeiro destaca-se como importante centro produtor de petróleo —<br />

a Bacia de Campos produz 90% do que é consumido no Brasil — e consumidor de<br />

deriva<strong>dos</strong>, além de contar com a terceira maior refinaria do País, a REDUC, com<br />

capacidade para processar 242 mil barris/dia. De acordo com da<strong>dos</strong> da Organização<br />

Nacional da Indústria de Petróleo — ONIP, também com sede no Estado do Rio,<br />

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cerca de 45% das empresas nacionais capacitadas para fornecer materiais e<br />

equipamentos para o setor estão localizadas no Rio.<br />

A ANP, Srs. Deputa<strong>dos</strong>, é uma autarquia integrante da Administração Pública<br />

Federal que tem por finalidade promover a regulação, a contratação e a fiscalização<br />

econômica integrada da indústria do petróleo. O órgão regulador, de acordo com seu<br />

estatuto, buscará satisfazer a demanda atual da sociedade mantendo com ela uma<br />

integração efetiva. Para cumprir seu papel de forma eficiente, é natural que a<br />

agência reguladora fique sediada no maior Estado produtor, principalmente porque é<br />

lá que estão as empresas a serem reguladas e fiscalizadas.<br />

Em seu projeto de lei, o Deputado José Roberto Arruda defende que, se a<br />

sede mudasse para Brasília, a ANP ficaria eqüidistante de pressões regionais que<br />

podem colocar em risco a eficiência do órgão. Ora, não é a localização geográfica<br />

que determina a tarefa da ANP de estabelecer regras que propiciem a criação de um<br />

mercado mais competitivo e conseqüentemente tragam vantagens ao Brasil e aos<br />

consumidores. Para o País, essas vantagens poderiam ser traduzidas numa maior<br />

arrecadação fiscal e na diminuição das importações de petróleo; para os<br />

consumidores, na melhora na qualidade <strong>dos</strong> deriva<strong>dos</strong> de petróleo e em uma política<br />

de preços que reflita o comportamento do mercado internacional. Acredito que tais<br />

preceitos estão sendo cumpri<strong>dos</strong> pela agência de forma transparente.<br />

Ainda de acordo com a justificativa do projeto de lei, a transferência da sede<br />

para Brasília contribuiria para a perfeita integração e o permanente contato entre a<br />

agência e os órgãos da Administração Federal. Cabe destacar que a ANP mantém<br />

em Brasília as seguintes áreas: Procuradoria Geral, Setor de Análises e<br />

Julgamentos de Processos, Unidade Regional de Fiscalização da Região Centro-<br />

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Oeste e Norte, Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas e Assessoria<br />

Parlamentar. Não tenho dúvidas de que todas essas áreas foram instaladas na<br />

Capital do País justamente para que pudessem integrar-se às demandas da<br />

Administração Federal, sem que para isso fosse necessária a presença da Diretoria.<br />

Srs. Deputa<strong>dos</strong>, quanto custaria à Administração, e particularmente às<br />

empresas de petróleo, hoje instaladas no Rio, a transferência da sede da ANP para<br />

Brasília? Por estar sediada na mesma cidade das empresas que fiscaliza, a agência<br />

tem condições de cumprir de forma ágil e eficaz o seu trabalho. Se sua sede for<br />

transferida, corremos o risco de gerar um enorme gasto e criar mais demandas<br />

burocráticas sem obter os resulta<strong>dos</strong> espera<strong>dos</strong>.<br />

Faço, portanto, um apelo ao nobre Deputado José Roberto Arruda, tão<br />

combativo representante do povo de Brasília, no sentido de que reavalie sua<br />

posição.<br />

Sr. Presidente, passando a outro assunto, a <strong>Câmara</strong> Brasileira da Indústria da<br />

Construção — CBIC enviou ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana<br />

passada, um Programa Emergencial de Obras que, se implementado pelo Governo<br />

Federal, terá um impacto positivo imediato na economia do País. O programa prevê<br />

a contratação de 26 mil unidades habitacionais e a retomada de centenas de obras<br />

contratadas em 2002, cujos recursos foram suspensos.<br />

De acordo com o CBIC, se for implantado, o projeto implicará os seguintes<br />

benefícios imediatos: geração de cerca de 243 mil empregos diretos e indiretos,<br />

incremento de R$ 496 milhões na massa de salários e de R$ 205 milhões no<br />

recolhimento de impostos.<br />

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A falta de crédito para o setor de construção civil trouxe como conseqüência,<br />

nos últimos 12 meses, a redução de aproximadamente 70 mil empregos no Brasil.<br />

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, a atividade, soma<strong>dos</strong> to<strong>dos</strong> os serviços e<br />

operações industriais que integram sua cadeia produtiva, emprega diretamente<br />

cerca de 5,5 milhões de trabalhadores. Esse contingente representa 9% do total do<br />

pessoal ocupado na economia brasileira. E a cada 100 empregos diretos cria<strong>dos</strong><br />

nessa área surgem automaticamente outros 21 indiretos.<br />

Cabe ressaltar que a construção civil absorve um grande contingente de<br />

trabalhadores com pequena qualificação. Amplia-se, portanto, a importância social e<br />

econômica do setor, uma vez que no Brasil grande parte da população<br />

economicamente ativa ainda possui baixo nível de instrução. Nos últimos 8 anos, a<br />

partir do lançamento do Plano Real, os trabalhadores da construção civil<br />

acumularam um ganho da ordem de 9,23% acima da inflação, ganho real. E em<br />

relação ao tamanho das empresas, vale lembrar que 96% delas se caracterizam<br />

como pequenos e microemprendimentos.<br />

Sr. Presidente, o imenso débito com os brasileiros carentes de moradia, um<br />

<strong>dos</strong> principais itens da dívida social brasileira, vem acumulando-se principalmente<br />

entre as famílias mais pobres, residentes em áreas urbanas, com maior gravidade<br />

na Região Nordeste. As famílias que ganham até 3 salários mínimos são as mais<br />

atingidas, e as que estão nessa faixa de renda correspondem a 83% do déficit<br />

habitacional brasileiro.<br />

O Programa Emergencial de Obras é o resultado do reconhecimento de<br />

carências, de demandas sociais e econômicas e de oportunidades expressas nas<br />

definições de prioridades do Governo. Do ponto de vista da cadeia produtiva da<br />

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construção, a expectativa é atingir, em 2004, uma demanda da habitação igual à de<br />

2000, e de saneamento e infra-estrutura no mesmo nível de 1998 — ou seja,<br />

inversão da tendência de queda.<br />

Para concluir, Srs. Deputa<strong>dos</strong>, estamos esperando com grande expectativa a<br />

retomada do crescimento econômico. Não é preciso inventar a roda. As obras que<br />

constam no Programa Emergencial de Obras proposto pela CBIC correspondem a<br />

projetos já aprova<strong>dos</strong>, para os quais já existem recursos carimba<strong>dos</strong>, demandas<br />

priorizadas e estruturas de acompanhamento e fiscalização implanta<strong>dos</strong>. A<br />

implementação depende de decisão política.<br />

Obrigado.<br />

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O SR. VANDER LOUBET (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a omissão também tem merecido destaque<br />

especial e negativo na atual conjuntura. Por causa disso e daqueles que não<br />

conhecem a verdadeira política, a Nação sempre está nesse beco, diante de<br />

constantes problemas, aparentemente insolúveis. Muitos criticando, poucos<br />

apontando soluções.<br />

O atual Governo, tenham certeza disso, parte decididamente, com<br />

qualificação e competência, em busca de um desenvolvimento sustentável e<br />

garantidor de um futuro compatível com a grandeza deste País; no entanto, é<br />

preciso convencer e conscientizar os omissos no sentido da verdadeira destinação<br />

de um povo, de uma nação. É preciso o concurso de to<strong>dos</strong>, cada qual ciente e<br />

consciente de que lhe cabe uma tarefa para conduzir e realizar.<br />

Ao povo, os seus reais direitos: educação, saúde, alimentação, vestuário,<br />

liberdade, segurança, justiça e vida com dignidade e honra.<br />

Se temos, porém, esses e outros tantos direitos, temos também deveres e<br />

obrigações a zelar e cumprir. E ou nos ajustamos às verdades e aos princípios<br />

democráticos, ou falecerá toda a objetividade.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a ciência política ensina que são<br />

parti<strong>dos</strong> políticos os legitimamente cria<strong>dos</strong> e representativos do pensamento<br />

nacional; são os que conquistam a democracia, to<strong>dos</strong> os dias. As ideologias bem<br />

assentadas às nossas tradições e à nossa gente definirão de vez os rumos a seguir<br />

e os objetivos a serem alcança<strong>dos</strong>.<br />

As ideologias de força não se assentam às nossas convicções de ordem<br />

moral, ética, social e religiosa. Estamos no plano das idéias e das convicções, nos<br />

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alicerces mais profun<strong>dos</strong> da verdadeira política. Longe, portanto, de criticar esse ou<br />

aquele partido, é direito e dever de nossa geração a busca <strong>dos</strong> fins verdadeiros por<br />

meios e formas também verdadeiros. Aos que pensam o contrário, isto é, os que<br />

pensam que os meios justificam os fins, cabe perguntar sobre os seus propósitos,<br />

seus princípios, de que forma buscam o beneplácito popular e de que maneira se<br />

conduzem politicamente.<br />

Acima <strong>dos</strong> parti<strong>dos</strong> está a Nação brasileira. Acima das idéias está o caráter.<br />

A própria imprensa, não raras vezes, tem caracterizado a classe política por<br />

sua passividade, por sua omissão, haja vista que questões importantes para a vida<br />

nacional, que deveriam ser discutidas neste Parlamento, são debatidas por ela<br />

mesma, a imprensa, assim como pela OAB, pela CNBB, pelos Sindicatos, pelos<br />

cientistas, pelos professores etc.<br />

Precisamos, pois, produzir mais, adentrar mais a fundo em to<strong>dos</strong> os campos<br />

de atividade humana e reconhecer também que a base de tudo está no próprio<br />

homem, fundamento primeiro de toda a ordem jurídica e social.<br />

Muito obrigado.<br />

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O SR. ANTONIO NOGUEIRA (PT-AP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, ontem esta Casa viveu um momento histórico: a<br />

aprovação do Programa Primeiro Emprego, que vai criar, somente neste ano, mais<br />

de 150 mil empregos, e em 2004 outros 260 mil, estimulando a contratação de<br />

jovens entre 16 e 24 anos pelas pequenas, médias e grandes empresas.<br />

Esse antigo anseio da juventude brasileira, Sr. Presidente, veio a se<br />

concretizar somente no Governo de um partido que mostra coerência e fidelidade ao<br />

que sempre pregou antes de se tornar Governo. É uma conquista que vem trazer<br />

para as estruturas da União o que já vem sendo feito pelos Esta<strong>dos</strong> e Municípios<br />

administra<strong>dos</strong> pelo PT.<br />

Lembro, Sr. Presidente e nobres pares, que ainda na adolescência, como<br />

liderança secundarista, e mais tarde na Universidade Federal do meu Estado, liderei<br />

diversos movimentos no sentido de se propor às <strong>Câmara</strong>s Municipais e ao Governo<br />

estadual esse atendimento à juventude. Infelizmente não logramos êxito, porque à<br />

época governantes retrógra<strong>dos</strong> não admitiam a inclusão de nossa juventude no<br />

mercado de trabalho.<br />

Eu não tive, quando jovem, Sr. Presidente, assim como milhares de outros<br />

brasileiros hoje adultos, a oportunidade de ser agraciado com um primeiro emprego<br />

em que pudesse firmar-me profissionalmente e que me possibilitasse ajudar minha<br />

família. Tenho a grande convicção que a aprovação desse projeto somente foi<br />

possível graças à luta <strong>dos</strong> milhões desses jovens brasileiros do passado, que em<br />

passeatas, proposições e cobranças tornaram a proposta madura e viável para ser<br />

implementada pelo Governo Federal, depois de ampla discussão neste Congresso.<br />

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Mas, Sr. Presidente, se nós jovens de ontem não tivemos a oportunidade de<br />

ser contempla<strong>dos</strong> pelo programa, nossa maior satisfação agora será ver nossos<br />

filhos e irmãos mais novos poderem usufruir de tão importante medida, que vai<br />

empregar anualmente mais de 250 mil jovens brasileiros.<br />

De parabéns estão o Sr. Presidente Lula, o Congresso Nacional e<br />

principalmente a juventude brasileira, que há muito aguardava o fruto de tantas<br />

batalhas.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. LUIZ BITTENCOURT (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, venho a esta tribuna da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong><br />

lamentar a morte do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello e manifestar o mais<br />

veemente repúdio por todo e qualquer ato de terrorismo, que sempre representa o<br />

império da barbárie e da insensatez. Foi uma violência perpetrada contra a civilidade<br />

e mais ainda contra a própria humanidade.<br />

O brutal atentado que vitimou o Embaixador Sérgio Vieira de Mello,<br />

representante especial da Organizações das Nações Unidas no Iraque, revela a face<br />

sangrenta do fanatismo político, que deve ser condenado e combatido com todas as<br />

nossas forças. O mundo assistiu atônito à explosão de um carro-bomba lançado<br />

contra a sede da ONU em Bagdá, num gesto extremo que mereceu de to<strong>dos</strong> nós a<br />

mais profunda indignação. Foi um atentado contra uma instituição que, acima de<br />

tudo, prega a paz e pratica ações humanitárias, o que torna ainda mais absurdo e<br />

execrável o ato terrorista.<br />

Sérgio Vieira Mello, morto no triste episódio, tinha apenas 55 anos, e apesar<br />

da pouca idade já havia sido guindado ao patamar das grandes personalidades da<br />

diplomacia no mundo. Fluente em diversas línguas, notadamente em inglês e<br />

francês, estudou no Instituto Rio Branco e tinha doutorado em filosofia e ciências<br />

sociais pela Universidade de Paris. Experiente e reconhecido pela elegância, pelo<br />

trânsito e pela habilidade com que atuava no universo diplomático, foi destacado em<br />

maio de 2003 pelo Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, para chefiar a missão da<br />

instituição voltada para a reorganização nacional do Iraque. A indicação coroava<br />

anos de atuação em favor da paz e da reestruturação de países destruí<strong>dos</strong> pelo<br />

flagelo da guerra.<br />

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Credenciado pelo êxito do trabalho desenvolvido em missões delicadas em<br />

inúmeros países, o Embaixador brasileiro conhecia como poucos os efeitos<br />

devastadores da intolerância política. A maior parte de sua carreira foi dedicada ao<br />

Alto Comissariado da ONU para Refugia<strong>dos</strong>, em Genebra, na Suíça, tendo exercido<br />

funções em Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique e Peru. Entre 1981 e 1983, foi<br />

o principal assessor da ONU no Líbano, país que na época enfrentava a invasão de<br />

Israel. Atuou na proteção de civis na antiga Iugoslávia nos momentos mais críticos<br />

da guerra da Bósnia. Serviu ainda em Ruanda, onde comandou o trabalho de<br />

assistência humanitária às vítimas do maior genocídio já registrado no continente<br />

africano.<br />

Em 1998, Sérgio Vieira de Mello foi escolhido para dirigir o Escritório de<br />

Assuntos Humanitários da ONU. No ano de 1999, mediou a pacificação política e a<br />

declaração de independência do Timor Leste, tendo sido em seguida nomeado<br />

administrador para a reconstrução do território arrasado pela guerra. Também em<br />

1999, imediatamente após a entrada das tropas da Organização do Tratado<br />

Atlântico Norte — OTAN e a retirada <strong>dos</strong> sérvios nos Balcãs, foi convocado pela<br />

ONU para administrar provisoriamente a conflagrada região de Kosovo.<br />

Trata-se, portanto, de uma grande perda para o Brasil e para o mundo. O<br />

embaixador Sérgio Vieira de Mello era, sem dúvida alguma, uma das principais<br />

figuras da diplomacia, e sua densa atuação no campo humanitário fez seu nome ser<br />

lembrado para diversos cargos internacionais. Seguramente, ele vai fazer muita<br />

falta.<br />

Ao concluir este pronunciamento, tomo a iniciativa de sugerir ao Presidente<br />

da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>, o Deputado João Paulo Cunha, que esta Casa lance o<br />

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nome do diplomata tragicamente morto no Iraque, o Embaixador Sérgio Vieira de<br />

Mello, para a próxima edição do Prêmio Nobel da Paz, encampando uma grande<br />

campanha junto a outras instituições nacionais para conferir-lhe uma homenagem<br />

póstuma pela dimensão do trabalho que realizou em vida, sobretudo em favor das<br />

causas humanitárias.<br />

Lamento, mais uma vez, a morte tão precoce desse admirável diplomata, que<br />

sempre esteve a serviço da paz no planeta, e apresento neste momento de grande<br />

dor e revolta as mais profundas condolências, minhas e de todo o povo de Goiás, à<br />

família do Embaixador Sérgio Vieira de Mello.<br />

Era o que tinha dizer, Sr. Presidente.<br />

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O SR. JOSÉ CHAVES (PTB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o que diferencia um pessimista de um otimista?<br />

Poderia citar diversos aspectos, mas vou ficar com apenas um, o suficiente para me<br />

enquadrar no segundo grupo: o otimista, por pior que seja a situação, acredita na<br />

capacidade de superação do ser humano.<br />

É sob essa perspectiva que subo hoje à tribuna para defender a adoção<br />

imediata de medidas pelo Governo Federal que incentivem a construção civil.<br />

Não falo aqui do Plano Plurianual, que planeja os investimentos públicos para<br />

os próximos 4 anos. Falo <strong>dos</strong> projetos de infra-estrutura que estão em andamento<br />

pelo País afora, obras de habitação, saneamento e transportes. São ações que<br />

podem e devem ser ampliadas, pois melhoram as condições de vida da população<br />

de baixa renda, geram empregos, movimentam a economia.<br />

Como alertou a Confederação Nacional da Indústria, não dá mais para<br />

esperar. Não dá mais para retardar os investimentos em infra-estrutura e os<br />

incentivos ao crédito, sob pena de não somente perdermos 2003, mas<br />

comprometermos seriamente o ano de 2004.<br />

Reconheço que a redução da taxa básica de juros e do imposto compulsório<br />

indica que esse bom caminho começa a ser trilhado pela equipe econômica. Mas<br />

será suficiente?<br />

Recentemente, o Governo também anunciou a redução do Imposto sobre<br />

Produtos Industrializa<strong>dos</strong>, o IPI, para o setor automobilístico. O objetivo foi impedir<br />

que as montadoras fizessem demissões por causa da queda nas vendas. Não vou<br />

aqui afirmar que era uma medida desnecessária, pois sei da importância que esse<br />

segmento tem. No entanto, Sr. Presidente, o que defendo é a adoção de medidas<br />

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semelhantes em outras áreas, que enfrentam um período mais amplo de<br />

encolhimento das atividades.<br />

É o caso da indústria da construção civil, com indicadores extremamente<br />

preocupantes. Além disso, trata-se de um setor que se encaixa nos princípios<br />

defendi<strong>dos</strong> pelo Governo Federal, pois tem uma tremenda capacidade de empregar<br />

mão-de-obra e pouca dependência de insumos importa<strong>dos</strong>, não pesa na balança de<br />

pagamentos e une esforços do setor público e privado para melhorar a infra-<br />

estrutura social e econômica do País.<br />

Mas vamos aos números: em julho, pelo quarto mês consecutivo, o índice de<br />

produção física de materiais de construção, o ICC, caiu, em comparação com igual<br />

período do ano passado. A retração atingiu 11%. Com esse resultado, a queda<br />

acumulada no primeiro semestre do ano foi de 6,55%.<br />

Merece destaque a indústria de cimento. Também em junho, a produção de<br />

cimento, que tem um grande peso no ICC, declinou 12,84%. Na comparação <strong>dos</strong><br />

primeiros 6 meses com o mesmo período de 2002, a retração foi de 12,75%. Esses<br />

números refletem a retração do consumo, que, nessa mesma comparação, registrou<br />

uma redução de 9,8%.<br />

Esses da<strong>dos</strong> envolvem um aspecto funesto, que está longe da mera<br />

paralisação da obra de pedra e cimento. Falo do desemprego. Os segmentos de<br />

atividades que mais fecharam postos de trabalho no Brasil foram: o de infra-<br />

estrutura, que encolheu 9,20%; o de edificações, que caiu 3,73%, e o de montagem<br />

industrial, com redução de 3,26%. Esse desempenho reflete diretamente a retração<br />

do investimento público e privado no Brasil. Talvez nenhum outro setor tenha como<br />

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o de construção civil condições de aplacar a “obsessão de criar empregos”, citada<br />

exemplarmente pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso de posse.<br />

Sr. Presidente, na minha terra, no Recife, o IVV, índice que mede o<br />

comportamento das vendas do mercado imobiliário, mostrou que o setor teve uma<br />

queda de 33%, no primeiro semestre deste ano. A situação é tão grave que os<br />

empresários da área admitem será um resultado favorável se a queda no final deste<br />

ano for de 20% em comparação com 2002. O estoque de imóveis novos no Recife é<br />

o maior já registrado pelo estudo desde agosto de 1995, quando a Federação das<br />

Indústrias de Pernambuco deu início ao levantamento mensal do IVV.<br />

A construção civil é o principal termômetro do crescimento: 67% de tudo o<br />

que se investe no Brasil acaba passando, direta ou indiretamente, pelo setor. Apoiá-<br />

lo significa gerar novos empregos e manter os que já existem. De acordo com<br />

entidades da construção civil, mesmo com poucas obras, o setor emprega 4 milhões<br />

de pessoas.<br />

Como bem lembrou meu amigo Luís Roberto Ponte, ex-presidente da <strong>Câmara</strong><br />

Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor deve ser utilizado para iniciar<br />

um processo de desenvolvimento, tal qual aconteceu nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, com<br />

Franklin Delano Roosevelt e seu New Deal. Trata-se de um princípio simples:<br />

Roosevelt colocou a construção para trabalhar. Além de resolver problemas básicos,<br />

como moradia e saneamento, plantou as sementes do desenvolvimento. É evidente<br />

que não vivemos a mesma situação <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> após o crash de 1929, mas<br />

talvez seja necessário fazer uma releitura de John Maynard Keynes para este Brasil<br />

do início do Século XXI.<br />

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, para encerrar, gostaria de lembrar o<br />

que disse um dia o Presidente Tancredo Neves: “Enquanto houver, neste País, um<br />

só homem sem trabalho, sem pão, sem teto, sem letras, toda a prosperidade será<br />

falsa”.<br />

É esse País idealizado por Tancredo que precisamos construir.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. SIMPLÍCIO MÁRIO (PT-PI. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, em sua luta incansável pela implementação de<br />

projetos de desenvolvimento sustentado para o Piauí, o Governador do Estado,<br />

companheiro Wellington Dias, esteve hoje mais uma vez visitando diversos órgãos<br />

federais sedia<strong>dos</strong> em Brasília. Dentre outros, gostaria de destacar as reuniões na<br />

Secretaria de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP) e no Ministério<br />

do Meio Ambiente, nas quais tive a honra de acompanhar o Governador e outras<br />

autoridades do Estado do Piauí.<br />

Em ambos os casos, foram trata<strong>dos</strong> de assuntos da mais alta relevância para<br />

o Estado do Piauí.<br />

Por exemplo, com a Secretaria Nacional de Segurança Pública, o Governador<br />

reiterou a necessidade de levar adiante o Plano Estadual de Segurança Pública, já<br />

apresentado à SENASP, que prevê aporte do Governo Federal da ordem de R$ 39<br />

milhões. Lembrou ainda que o Piauí é governado pelo mesmo partido do Presidente<br />

Lula, razão por que as exigências da população e da própria opinião pública é maior<br />

em relação ao êxito das políticas públicas no âmbito estadual. Ainda mais quando<br />

tais políticas, como no caso da segurança pública, são exatamente a materialização<br />

das propostas contidas no Programa de Governo do Presidente Lula.<br />

Ainda se não fosse necessário esse importante lembrete, claro está que as<br />

políticas públicas do Estado do Piauí necessitam de uma urgente atenção, já que se<br />

encontram em processo acelerado de sucateamento. Isso é resultado do abandono<br />

<strong>dos</strong> últimos anos, em que o Piauí esteve imerso numa grave crise política, que<br />

resultou inclusive na cassação de um governador, situação que tem deixado a<br />

população refém do abandono.<br />

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A segurança pública, como se sabe, constitui uma missão indelegável do<br />

Estado. Assim sendo, é imprescindível recompor a capacidade de investimento do<br />

Estado nessa área, o que quer dizer — ao fim e ao cabo — garantir o funcionamento<br />

pleno das instituições democráticas, o que resultará na pacificação da sociedade.<br />

Realmente, Sr. Presidente e nobres colegas, não se quer que haja<br />

necessidade de transformar o Estado brasileiro num Estado policialesco, até mesmo<br />

porque as demandas de investimentos seriam de tal monta que inviabilizariam o<br />

tratamento de outros problemas graves, em especial os referentes à saúde e à<br />

educação. Lembro, a propósito, que essas são áreas que não devem de forma<br />

alguma ser esquecidas por qualquer governo, ainda mais um Governo de base<br />

popular como o nosso.<br />

O segundo órgão visitado pelo Governador Wellington Dias foi o Ministério do<br />

Meio Ambiente, ocasião em que foi celebrado o Acordo de Cooperação Técnica para<br />

Elaboração do Macrozoneamento Econômico e Ecológico da Bacia do Rio Parnaíba.<br />

O convênio, além do próprio Ministério do Meio ambiente, envolve ainda a<br />

Companhia de Desenvolvimento <strong>dos</strong> Vales do São Francisco e do Parnaíba<br />

(CODEVASF) e o Governo do Piauí, através da Secretaria de Meio Ambiente e<br />

Recursos Hídricos.<br />

O evento, que contou com a presença da Ministra do Meio Ambiente, Marina<br />

Silva, aponta a diretriz correta para uma visão de desenvolvimento matizada pelo<br />

conceito da sustentabilidade. Em síntese, o imperativo da sustentabilidade requer a<br />

consciência da tensão existente entre o desenvolvimento econômico e os limites <strong>dos</strong><br />

recursos naturais. No caso do convênio em foco, o principal recurso natural que está<br />

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em jogo é, na minha opinião, o que tem o sentido mais relevante e é o mais valioso,<br />

que é exatamente a água.<br />

Não é à toa que o Brasil é considerado um país de uma riqueza natural ímpar,<br />

já que possui água potável em abundância. Isso não quer dizer que seja inesgotável,<br />

razão por que se deve levar em consideração a necessidade urgente de sua<br />

preservação, ainda mais no Estado do Piauí, que tem boa parte do seu território<br />

incluída na região do semi-árido. Assim sendo, pode-se vislumbrar o alcance do<br />

convênio que ora se celebra, o que revela mais uma vez a sensibilidade do nosso<br />

Governo, tanto em âmbito federal quanto estadual, para incidir sobre o que é de fato<br />

relevante para o desenvolvimento.<br />

momento.<br />

Era isso, Sr. Presidente e nobres colegas, o que eu gostaria de registrar no<br />

Muito obrigado.<br />

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O SR. ELISEU PADILHA (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, uma das grandes referências do Rio Grande do<br />

Sul e do País em termos de ensino, num processo de socialização e formação do<br />

ser humano a partir de uma visão cristã, a Universidade Luterana do Brasil —<br />

ULBRA comemorou, neste final de semana, seu 31º aniversário.<br />

A instalação do curso de Administração em 16 de agosto de 1972 marca o<br />

início da atuação da ULBRA na área da graduação e, nesta ainda recente trajetória<br />

de 31 anos de atividade, inúmeras são as conquistas alcançadas que ultrapassam a<br />

própria esfera da educação.<br />

A ULBRA tem amplo lastro de atuação, desde o ensino infantil ao doutorado,<br />

mas com forte atuação nas áreas da saúde, da tecnologia e no esporte. Atualmente<br />

são mais de 76 mil alunos matricula<strong>dos</strong>, distribuí<strong>dos</strong> nas 19 escolas em seis Esta<strong>dos</strong><br />

brasileiros, oferecendo educação infantil, ensino fundamental, médio e técnico. Mas<br />

o principal destaque, sem dúvida, está nos cursos de graduação e pós-graduação,<br />

que respondem por mais de 63 mil pessoas matriculadas, quer no Rio Grande do<br />

Sul, quer nas unidades do Norte e Centro-Oeste brasileiros.<br />

Para alcançar esse avanço elogiável, acima de tudo, é preciso ter uma base<br />

sólida. E a ULBRA encontra seu suporte de confiabilidade, sua inspiração filosófica e<br />

teórica na fé cristã <strong>dos</strong> imigrantes alemães, que em 1911 implantaram a Escola São<br />

Paulo, que tinha por objetivo imediato educar seus filhos. Daquela instituição de<br />

ensino paroquial surge a Universidade Luterana do Brasil.<br />

Quero salientar, colegas Parlamentares, o principal diferencial da ULBRA,<br />

qual seja o de oportunizar o conhecimento baseado nos mais importantes<br />

parâmetros da verdade de Deus e na construção de uma sociedade com maior<br />

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justiça, mais humana e solidária. Neste sentido, a Universidade Luterana oferece<br />

aos alunos, professores, colaboradores e a toda a comunidade diversos exemplos<br />

de valorização da vida.<br />

Os princípios que caracterizam a ULBRA como instituição de ensino se<br />

renovam em diversas ações práticas que a universidade apresenta. Da sua unidade<br />

principal, no Município de Canoas, a Universidade Luterana do Brasil buscou<br />

aproximar o ensino superior de diferentes regiões do Rio Grande do Sul, em respeito<br />

às vocações locais. Com esta visão, a ULBRA implantou unidades em mais 22<br />

cidades gaúchas. Igualmente, a ULBRA atua nos Esta<strong>dos</strong> do Amazonas, Pará,<br />

Rondônia, Tocantins e no Distrito Federal, bem como em Portugal e no Uruguai.<br />

A ULBRA também assumiu um estágio de referência em termos de<br />

atendimento na área da saúde, com uma gama de serviços ambulatoriais e de<br />

diagnóstico de alta resolução. É preciso também elogiar a atuação da ULBRA na<br />

área hospitalar, responsável que é por dois hospitais em Porto Alegre e outro na<br />

cidade de Tramandaí. Com a chegada do Hospital Universitário em Canoas, em fase<br />

de implantação, o complexo hospitalar ULBRA poderá ultrapassar a capacidade de<br />

800 leitos de internação.<br />

To<strong>dos</strong> nós, sem dúvida, já acompanhamos as vitórias das equipes da ULBRA<br />

em diferentes modalidades esportivas. Os times de vôlei, de futebol de salão, de<br />

handebol, de basquete, de futebol, do atletismo e da ginástica são detentores de<br />

inúmeros títulos estaduais, nacionais e internacionais. Apenas para exemplificar: a<br />

equipe de futebol de salão da ULBRA já foi campeã da Liga Mundial em 1997,<br />

bicampeã da Copa Intercontinental e, neste ano, alcançou o tricampeonato da Liga<br />

Nacional de Futsal.<br />

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O apoio ao esporte se constitui numa insubstituível demonstração da ULBRA<br />

de valorização da vida, buscando criar referências positivas para os nossos jovens.<br />

Reflete, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, os princípios básicos da educação e da formação<br />

do ser humano.<br />

Por esta razão quero saudar, na figura do Reitor Ruben Eugen Becker, to<strong>dos</strong><br />

os seus professores, alunos e funcionários, para que saibam e registrem o quanto a<br />

ULBRA é motivo de orgulho para to<strong>dos</strong> nós e o quanto é merecedora da nossa<br />

homenagem pela passagem de seus 31 anos.<br />

Muito obrigado.<br />

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O SR. JOSÉ IVO SARTORI (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a comunidade de Caxias do Sul, no Rio Grande<br />

do Sul, comemora neste mês de agosto o transcurso de uma data que merece<br />

registro nesta Casa. Trata-se <strong>dos</strong> 90 anos do Hospital Nossa Senhora da Pompéia,<br />

o primeiro estabelecimento de saúde construído no Município, fruto da coragem e da<br />

determinação de um grupo de senhoras denominado Pio Solidário das Damas de<br />

Caridade, que hoje é comandado pela Sra. Maria Tereza Spaldim Verdi, a quem<br />

prestamos a nossa homenagem.<br />

Esse grupo de senhoras vem realizando ao longo do tempo uma reconhecida<br />

e louvável ação em defesa <strong>dos</strong> mais necessita<strong>dos</strong>. Sua participação e envolvimento<br />

vão além de participar da administração do hospital, refletindo no trabalho voluntário<br />

de acompanhamento aos doentes mais necessita<strong>dos</strong>.<br />

Voltando-se basicamente para as ações de caridade e solidariedade, o grupo<br />

direcionou seus esforços para a criação de um hospital. No dia 24 de junho de 1920,<br />

o Hospital Nossa Senhora da Pompéia era solenemente inaugurado.<br />

Em 1951, a Associação Damas de Caridade, adaptando-se à legislação<br />

canônica, passou a denominar-se Pio Sodalício Damas de Caridade. Mas os<br />

objetivos prosseguiram idênticos.<br />

O Hospital Pompéia é referência em urgência/emergência e em tratamento de<br />

alta complexidade para uma população potencial de 1 milhão de pessoas. Realiza<br />

cirurgias cardíacas, neurológicas, transplantes renais, retirada de múltiplos órgãos,<br />

dentre outras. Possui um centro de diagnóstico composto por equipamentos de alta<br />

resolutividade, como ecógrafos com doppler, tomografia computadorizada helicoidal,<br />

ressonância magnética, medicina nuclear, litotripsia extracorpórea, serviço de<br />

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hemodinâmica e hemodiálise, além de UTI para adultos e pediátrica. Conta com 317<br />

leitos, sendo que 62% desses destinam-se ao atendimento prestado pelo Sistema<br />

Único de Saúde — SUS.<br />

A gestão do Hospital Pompéia é constituída por um conselho de<br />

administração, denominado Pio Sodalício das Damas de Caridade, composto por 35<br />

representantes, tendo na Direção Executiva uma presidente e uma vice-presidente<br />

com mandato de dois anos.<br />

Geral.<br />

Desde março de 1990, Francisco Soares Ferrer exerce o cargo de Diretor-<br />

Para comemorar as nove décadas de existência do Hospital Pompéia,<br />

entidade e comunidade programaram diversas programações internas e externas.<br />

São ações voltadas à instalação de quiosques de doações de órgãos e à<br />

inauguração da nova sede da Escola de Educação Profissional em Saúde, o que<br />

comprova o trabalho de um hospital preocupado, comprometido e voltado também<br />

para a formação e qualificação <strong>dos</strong> profissionais de saúde.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, gostaríamos também de lembrar, em<br />

memória, uma figura muito querida em nossa comunidade, a Dona Paulina Moretto.<br />

Mãe do atual Bispo da Diocese de Caxias do Sul, Dona Paulina dedicou 50 anos de<br />

sua vida ao trabalho incansável de defesa do Hospital Pompéia, tendo sido sua<br />

presidente por 27 anos, até o seu falecimento.<br />

Quero lembrar também que o Hospital Pompéia é vencedor do Prêmio<br />

Qualidade RS 2003, o que comprova a competência e a qualidade de uma entidade<br />

que, há 90 anos, vem prestando serviços a toda a comunidade.<br />

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Portanto, Sr. Presidente, fica o registro e nossa homenagem a to<strong>dos</strong> que<br />

nesses 90 anos deram sua contribuição para que o Hospital Pompéia se tornasse<br />

referência no atendimento à saúde <strong>dos</strong> habitantes de Caxias do Sul e toda a região.<br />

Permita-me citar alguns nomes, como forma de homenagear a direção do Hospital,<br />

seu corpo clínico, servidores e colaboradores: o Diretor-Geral do Hospital Nossa<br />

Senhora da Pompéia, Sr. Francisco Soares Ferrer; a Presidente da mantenedora Pio<br />

Sodalício das Damas de Caridade, Sra. Maria Tereza Spalding Verdi; a Vice-<br />

Presidente da mantenedora, Sra. Zita Rech; a Gerente de Enfermagem, Sra. Marli<br />

Baierle; o Gerente do Serviço de Atendimento ao Cliente, Sr. Hugo Pan.<br />

Fica, portanto, nosso reconhecimento e a nossa gratidão aos homens e<br />

mulheres, muitos anônimos, que ao longo de 90 anos deram sua parcela de<br />

contribuição para salvar vidas e amenizar a dor alheia, principalmente da camada da<br />

sociedade mais desassistida e desamparada.<br />

Muito obrigado.<br />

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O SR. EDSON DUARTE (PV-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, há cerca de 20 dias, ruralistas do Rio Grande do<br />

Sul afirmaram publicamente que a soja transgênica seria plantada na marra. Em<br />

resposta, o Chefe da Casa Civil, Ministro José Dirceu, afirmou que a lei seria<br />

cumprida. Pois bem, Sr. Ministro, Sr. Presidente da República, a lei não está sendo<br />

cumprida, sua palavra não vale. Órgãos deste Governo não fazem cumprir a lei.<br />

Nem mesmo a Lei nº 10.688/03, fruto da famigerada MP nº 113, que liberou a<br />

soja transgênica ilegal, está sendo cumprida.<br />

Neste momento, os ruralistas do Sul festejam a omissão <strong>dos</strong> órgãos do<br />

Governo e novamente orientam os produtores a plantarem soja transgênica<br />

ilegalmente. Festejam a vitória da ilegalidade sobre a legalidade. Como fizeram<br />

antes, estão plantando soja Roundup Ready na marra e obrigando o povo brasileiro<br />

a engolir. Eles estão divulgando no Rio Grande que a decisão — equivocada — da<br />

Juíza Selene é o bastante para liberar o plantio. E não é. To<strong>dos</strong> nós sabemos que<br />

não é. O Governo sabe que não é. Ou seja, eles estão escancaradamente pregando<br />

a desobediência civil — e isso é crime, Sr. Presidente da República.<br />

No passado fizeram isso e tivemos que engolir nesta Casa uma MP<br />

legalizando o crime. Não se quis, tampouco, identificar e punir os criminosos. Foi um<br />

caso raro na história de haver crime e não haver criminoso. Como se vê, o crime<br />

compensa, tanto que os mesmos estão em ação. O mesmo tipo de crime está sendo<br />

perpetrado e nada acontece.<br />

Enquanto isso, a Monsanto, principal interessada, atua discretamente para<br />

garantir a contaminação da safra nacional com sua soja alienígena. Proprietária<br />

hegemônica da patente da soja RR, de qualquer modo ela sabe que lucra com a<br />

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atividade: vai cobrar royalties desses produtores de transgênicos — quer produzam<br />

na legalidade ou na ilegalidade.<br />

Que a Monsanto queira e estimule o crime, até entendemos. O que não<br />

entendemos é como o Governo se mantém apático diante do que está acontecendo.<br />

Lemos no jornal Brasil de Fato, edição de 3 de agosto de 2003, que o Decreto<br />

nº 4.680/03, que determina a rotulagem de todo alimento que contenha pelo menos<br />

1% de OGM, não está sendo cumprido. O decreto é de abril, estamos praticamente<br />

em setembro, e não se encontra um só produto no supermercado indicando a<br />

presença de transgênico como manda a lei. Diz na matéria que a ANVISA,<br />

responsável pela fiscalização <strong>dos</strong> produtos, nada fez, nada faz. O consumidor está<br />

levando para casa um produto que não respeita a legislação, porque a ANVISA se<br />

omite.<br />

Também com relação à rotulagem, o Ministério da Agricultura, conforme o<br />

mesmo jornal, nada faz. O MAPA alega que falta a regulamentação do decreto. O<br />

nome disso é omissão.<br />

Mas as omissões do Governo não param por aí. Encaminhamos um<br />

requerimento de informações ao MAPA, indagando sobre as ações deflagradas para<br />

o cumprimento da MP nº 113 (Lei nº 10.688). E as respostas nos deixaram<br />

horroriza<strong>dos</strong>. O MAPA não esta segregando a soja transgênica, não está<br />

estimulando sua exportação, nem mesmo adotou medidas que impeçam seu uso<br />

como semente.<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o que temos aqui é um caso explícito de improbidade<br />

administrativa. Por isso, junto com o IDEC, Greenpeace e demais entidades que<br />

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compõem a “Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos”, estamos entrando<br />

com ação contra o Sr. Ministro da Agricultura.<br />

Entraremos com ação idêntica contra o Ministério da Saúde, por causa da<br />

omissão da ANVISA. E ainda contra o Ministério da Justiça. Sim, porque nem a<br />

Polícia Federal está agindo para coibir o contrabando de soja ilegal. Há pelo menos<br />

5 anos que entra semente de soja transgênica no Rio Grande do Sul. O fato tem<br />

sido alardeado pela imprensa; todo mundo sabe onde existe plantio. É crime, mas a<br />

Polícia Federal não acha. Enviamos requerimento de informações ao Ministro da<br />

Justiça, sobre as ações da Polícia Federal. Perguntamos, inicialmente, sobre as<br />

investigações desenvolvidas pela PF para apurar a entrada de soja contrabandeada.<br />

A resposta: não foi feita nenhuma investigação sobre a entrada de soja. E no Rio<br />

Grande do Sul, em 6 anos de ação (omissão), foco do contrabando, a PF só<br />

conseguiu apreender 246 sacas.<br />

Perguntamos ao MAPA quantos fiscais estão envolvi<strong>dos</strong> na fiscalização da<br />

soja transgênica. A resposta enviada é evasiva, tenta nos confundir ao dizer que a<br />

questão está inserida entre os procedimentos de rotina. Não há motivo para uma<br />

fiscalização especial por parte <strong>dos</strong> fiscais federais agropecuários. Em outros termos,<br />

se aparece um foco de aftosa, que é perigoso para o gado, o MAPA se mobiliza;<br />

mas se aparece soja transgênica, que é bom para a Monsanto e muito ruim para a<br />

saúde da população e o meio ambiente, o caso é de rotina.<br />

Indagamos ainda ao MAPA — dentro das ações “de rotina” — quanto de soja<br />

transgênica, ilegal, foi apreendida a partir de 1996, quando começaram as<br />

denúncias de contrabando na área. O Ministério informa que esta informação “não<br />

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está sistematizada para pronto atendimento”. Indagamos aqui se o Ministério é<br />

desorganizado ao ponto de não ter a informação ou se se trata de má fé.<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, gostaríamos de enviar um recado ao Sr. Presidente<br />

da República, a quem o povo colocou no Governo para que fizesse mudanças e não<br />

para manter o que havia antes.<br />

Companheiro Lula, lamentavelmente, vamos ao Ministério Público Federal<br />

pedir abertura de processo contra seus Ministros por não cumprirem a lei e deixarem<br />

o povo brasileiro exposto aos interesses da Monsanto e suas parceiras de crime.<br />

Infelizmente, Presidente, seu Governo ainda não aprendeu o que são os<br />

transgênicos e o que eles representam como símbolo do modelo perverso de<br />

agricultura que existe no Brasil. Nós até admitimos que alguns Ministros e<br />

assessores defendam os transgênicos e os interesses da Monsanto, mas não<br />

aceitaremos jamais que o companheiro Lula se torne defensor desses interesses e<br />

— como Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o — coloque o Estado ao lado deles e contra o<br />

povo brasileiro. Ao omitir-se na questão <strong>dos</strong> transgênicos, ao permitir que criminosos<br />

ajam abertamente contra a lei existente, o Governo Luiz Inácio Lula da Silva iguala-<br />

se a to<strong>dos</strong> os outros que passaram por aqui.<br />

Obrigado.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Leônidas Cristino) - Passa-se ao<br />

V - GRANDE EXPEDIENTE<br />

Concedo a palavra ao primeiro orador inscrito, Sr. Deputado Silas <strong>Câmara</strong>,<br />

PTB do Amazonas, e que dispõe de até 25 minutos.<br />

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O SR. SILAS CÂMARA (PTB-AM. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, inicio minha participação hoje na <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong><br />

parabenizando o Sr. Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que, no<br />

próximo dia 21, estará fazendo justiça com um gesto de extrema relevância para a<br />

região amazônica: a recriação da SUDAM. O Governo que ora comanda a Nação<br />

brasileira merece nosso aplauso nesse sentido.<br />

Ameaças inéditas de paralisação povoaram o noticiário nacional nas 2<br />

primeiras semanas deste mês de agosto: a primeira veio do Poder Judiciário, tanto<br />

no âmbito federal quanto estadual; a segunda foi anunciada por Prefeitos do País<br />

inteiro, em especial os das pequenas e médias cidades brasileiras. Além de fechar<br />

as portas das Prefeituras, muitos dirigentes municipais adotaram medidas ainda<br />

mais drásticas para compensar a queda no repasse de verbas federais para os<br />

Municípios, como a demissão em massa de funcionários e até mesmo o corte do<br />

cafezinho, do combustível e do uso do telefone.<br />

O motivo para tanta inquietação <strong>dos</strong> Prefeitos foi a crise deflagrada pelo corte<br />

de 1 bilhão de reais nos repasses da União aos Municípios nos meses de maio e<br />

junho, em conseqüência da queda da arrecadação federal no período. Esse<br />

montante, acompanhado do encolhimento no valor das transferências registrado nos<br />

outros meses do primeiro semestre deste ano, resultou em uma perda total de<br />

arrecadação de 2,4 bilhões de reais para as Prefeituras brasileiras em comparação<br />

com o mesmo período do ano passado.<br />

Isso não é tudo. De acordo com o Presidente da Confederação Nacional <strong>dos</strong><br />

Municípios, além de a receita do ICMS ter sofrido neste ano uma queda real de 3% a<br />

5% ao mês, as projeções do Tesouro Nacional anunciam um quadro pouco<br />

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alentador para as Prefeituras ainda nesse segundo semestre, por conta de nova<br />

queda na arrecadação federal, que deverá acontecer já no mês que vem. Tudo<br />

indica, portanto, que no fim do ano, quando às despesas normais de uma Prefeitura<br />

se acrescentam outras, como as do 13º salário e férias, os Prefeitos enfrentarão com<br />

certeza dificuldades ainda maiores para honrar seus compromissos.<br />

O FPM, que corresponde a um percentual de 22,5% da arrecadação do<br />

Imposto de Renda e do Imposto de Produtos Industrializa<strong>dos</strong>, como sabemos, é a<br />

principal fonte de recursos orçamentários <strong>dos</strong> Municípios brasileiros, uma vez que<br />

representa, em média, cerca de 75% de toda a receita municipal no País. Os<br />

repasses da União para as Prefeituras, feitos nos dias 10, 20 e 30 de cada mês, são<br />

atrela<strong>dos</strong>, porém, ao volume da arrecadação federal. Ao mesmo tempo, o valor da<br />

verba repassada é proporcional ao tamanho da população de cada Município. Isso<br />

faz com que a crise financeira nacional repercuta, com toda a sua força, sobre os<br />

pequenos e médios Municípios brasileiros.<br />

Sr. Presidente, aproveito para registrar as reclamações quase que coletivas<br />

<strong>dos</strong> Municípios brasileiros contra o censo populacional levantado pelo IBGE, um<br />

verdadeiro desastre para alguns Municípios brasileiros, principalmente do Estado do<br />

Amazonas, que têm tido perdas constantes dada a irresponsabilidade no<br />

levantamento feito na região.<br />

A redução da atividade econômica é apontada pelo Presidente da<br />

Confederação Nacional <strong>dos</strong> Municípios como a principal causa do aperto pelo qual<br />

passam os Prefeitos brasileiros no momento. Só no que respeita ao IPI <strong>dos</strong><br />

automóveis, a queda nos primeiros 6 meses do ano foi de cerca de 23%. Mas isso<br />

ainda não é o que afeta significativamente a economia <strong>dos</strong> pequenos Municípios.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Sobre estes, o que pesa mesmo é a redução no repasse do FPM, uma vez que,<br />

além de quase não possuírem produção industrial, nem atividades de peso que<br />

possibilitem uma participação significativa no bolo do ICMS, eles apresentam baixos<br />

níveis de arrecadação também em relação aos impostos de natureza tipicamente<br />

local, como é o caso do IPTU e do ISS.<br />

No caso do Estado do Amazonas, por exemplo, se formos levar em conta as<br />

estatísticas oficiais, a arrecadação tributária no interior, ou seja, no espaço territorial<br />

fora da Capital, Manaus, cresceu aproximadamente 110% no período entre 1996 e<br />

2000, girando em torno de algo como 20 milhões de reais. Mas esse crescimento<br />

deveu-se, em grande parte, ao incremento da arrecadação nos Municípios de Coari<br />

e Presidente Figueiredo, relacionada à exploração do petróleo e da cassiterita. No<br />

ano de 2000, por exemplo, <strong>dos</strong> 39 milhões arrecada<strong>dos</strong> de ICMS em todo o interior<br />

do Estado, aproximadamente 30 milhões vieram desses 2 Municípios, enquanto os<br />

outros 52 arrecadaram apenas 34% do total, ou seja, 9 milhões de reais.<br />

A participação <strong>dos</strong> recursos próprios na receita <strong>dos</strong> Municípios amazonenses<br />

é, portanto, quase nula, tendo em vista a baixa arrecadação de tributos municipais.<br />

As arrecadações do Imposto Sobre Serviços, o ISS, do Imposto Predial e Territorial<br />

Urbano, o IPTU, e do Imposto sobre Transmissão de Bens Inter Vivos, o ITBI, são<br />

itens que constam das prestações de contas das Prefeituras, porém apenas de<br />

forma figurativa, pois seus valores quase nunca são preenchi<strong>dos</strong>, e, quando são,<br />

podem ser considera<strong>dos</strong> insignificantes. Já no que respeita ao repasse das verbas<br />

federais para o Estado do Amazonas, da<strong>dos</strong> do IBGE relativos ao ano 2000<br />

demonstram que essa área estratégica, que abriga o maior Estado brasileiro, possui<br />

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Municípios que passam anos sem receber recursos federais, salvo os obrigatórios,<br />

por força constitucional.<br />

O exemplo do Estado do Amazonas é emblemático, Sr. Presidente, e repete-<br />

se por várias outras regiões do Brasil. Por outro lado, a recessão que hoje se abate<br />

sobre o País apresenta a particularidade de, além de atingir duramente a<br />

arrecadação municipal, contribuir para onerar ainda mais os custos de oferta e<br />

manutenção <strong>dos</strong> serviços presta<strong>dos</strong> localmente pelas Prefeituras, já que, com o<br />

orçamento mais apertado, uma maior quantidade de pessoas passa a recorrer com<br />

mais freqüência a serviços públicos como creches e postos de saúde.<br />

Mas a origem desse verdadeiro caos que se abateu sobre as finanças<br />

municipais brasileiras, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, tem endereço sabido e conhecido.<br />

Ela reside na falta de sensibilidade que vem sendo demonstrada por to<strong>dos</strong> os<br />

Governos que o Brasil já teve até hoje para com o maior <strong>dos</strong> flagelos que se abate<br />

sobre a população brasileira, o desemprego. O desemprego, Sr. Presidente, não<br />

apenas antecede a fome, como também contribui para perpetuá-la. A brutal<br />

recessão que toma conta do País atualmente só vem comprometer ainda mais os<br />

abala<strong>dos</strong> alicerces do crescimento e da prosperidade, tanto no âmbito da União<br />

quanto <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> e <strong>dos</strong> Municípios. A estes últimos resta então, a esta altura,<br />

muito pouco o que cobrar, uma vez que já cortaram todas as gorduras possíveis e<br />

fizeram tudo o que podiam para ajustar-se à Lei de Responsabilidade Fiscal.<br />

Quanto às críticas constantes do Governo Federal aos Municípios, essas<br />

apenas demonstram, na nossa opinião, a tradicional insensibilidade <strong>dos</strong> governantes<br />

para com a população brasileira, em favor de interesses distantes, fora do alcance e<br />

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da compreensão do cidadão comum, para o qual a mais importante das batalhas é a<br />

própria sobrevivência e a <strong>dos</strong> seus dependentes.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, são muitos os compromissos e as<br />

obrigações que o Congresso Nacional tem para com a população brasileira. Mas<br />

entre eles destacam-se a permanente vigilância e a atuação incisiva na luta<br />

incessante para corrigir distorções e desvios que ameaçam o bem-estar <strong>dos</strong><br />

cidadãos.<br />

Ainda para este mês, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE<br />

— deverá confirmar oficialmente o que já vem sendo evidenciado há bastante<br />

tempo: o Brasil mergulhou na recessão. Nós estamos vivendo, neste momento, o<br />

segundo trimestre consecutivo de retração econômica no País. O Produto Interno<br />

Bruto nacional, que representa a soma de todas as riquezas produzidas<br />

internamente, encolheu pelo menos 1% entre abril e junho deste ano. E o recado do<br />

IBGE é claro: ou se criam agora condições para a retomada do crescimento, ou o<br />

Governo perderá o controle sobre a inquietação social que já se faz notar não só nas<br />

cidades, mas também no campo.<br />

Não cabe, portanto, no momento atual, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, culpar as<br />

Prefeituras pela crise fiscal e tributária que se abate sobre a Nação brasileira. As<br />

razões dessa crise são mais profundas, e suas causas e conseqüências devem ser<br />

enfrentadas sem meias palavras. A concentração territorial da riqueza no Brasil é<br />

brutal. Hoje, 84% da arrecadação <strong>dos</strong> impostos municipais, ou seja, ISS, IPTU e<br />

ITBI, são gera<strong>dos</strong> em cerca de 30 das maiores cidades do País. Às pequenas, resta<br />

compor receitas com recursos repassa<strong>dos</strong> para os fun<strong>dos</strong> de participação, cuja<br />

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arrecadação vem caindo progressivamente, por conta do desaquecimento da<br />

atividade econômica no País.<br />

Ouço com muito prazer o aparte do Deputado Valdenor Guedes.<br />

O Sr. Valdenor Guedes - Deputado Silas <strong>Câmara</strong>, quero parabenizá-lo por<br />

esse importante pronunciamento que V.Exa. faz hoje, em que mostra acima de tudo<br />

as dificuldades pelas quais passam os Municípios brasileiros. Há poucos dias,<br />

realizou-se um encontro de Prefeitos do nosso Estado, em Macapá, quando<br />

debatemos o problema <strong>dos</strong> Municípios, que estão morrendo. A Constituição de 1988<br />

repassou muitos encargos para o Município e, em contrapartida, não lhe deu as<br />

condições necessárias para suportá-los. Hoje, o Município tem tantos encargos,<br />

como cuidar do ensino infantil, creches, escolas, transporte escolar, que já não<br />

agüenta mais. É nele que essas necessidades acontecem. Muitos Municípios, não<br />

só os do seu Estado, mas os da Amazônia e os das outras regiões do Brasil, estão<br />

com a arrecadação do ISS e do IPTU quase chegando a zero. Ou seja, não<br />

arrecadam nada, a não ser o Fundo de Participação do Município, que cada vez<br />

mais diminui. O FPM depende do Imposto de Renda e do IPI. Isso, logicamente, traz<br />

grandes dificuldades para o Município. Vemos, nobre Deputado Silas <strong>Câmara</strong>, que a<br />

preocupação de V.Exa. procede. E. no entanto, a reforma tributária poderá trazer<br />

ainda maiores dificuldades sociais e jurídicas. O nosso Partido Progressista até fez<br />

uma emenda propondo que 10% da CPMF fossem destina<strong>dos</strong> aos Municípios, mas,<br />

por ser uma contribuição, talvez não seja possível. Tenho certeza absoluta de que o<br />

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva atentará para a distribuição de renda no nosso<br />

País, a começar pelos Municípios, para que milhares de pessoas que moram no<br />

meio rural não saiam do campo para inchar a capital, gerando enormes problemas<br />

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— a mão-de-obra do interior chega barata e desqualificada nas capitais. Parabéns,<br />

Deputado, pelo brilhante pronunciamento. Se o nobre Relator da reforma tributária,<br />

Deputado Virgílio Guimarães, tiver ouvido o pronunciamento de V.Exa., certamente<br />

o acatará em muitos pontos importantes. Muito obrigado.<br />

O SR. SILAS CÂMARA - Obrigado, Deputado Valdenor Guedes. Incorporo<br />

com muito prazer o aparte de V.Exa. ao meu pronunciamento, ao mesmo tempo em<br />

que lhe retribuo os elogios. V.Exa. é um <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> que demonstram grande<br />

preocupação com os Municípios brasileiros. Mas falta conscientizar boa parte das<br />

autoridades brasileiras sobre a realidade de que o local em que o povo vive, do qual<br />

depende, é o Município. Por isso, deve ser abençoado com distribuição mais justa e<br />

adequada de renda.<br />

Ouço com prazer o nobre Deputado Dr. Hélio.<br />

O Sr. Dr. Hélio - Nobre Deputado Silas <strong>Câmara</strong>, quero fazer um breve aparte<br />

para deixar registrado o orgulho que temos em ter V.Exa. presente na Comissão de<br />

Ciência e Tecnologia, Deputado sempre atuante na defesa da causa e das<br />

necessidades do Amazonas. V.Exa. tem sido intransigente nessa luta. O<br />

pronunciamento de V.Exa. é profundo e chama a atenção do Congresso Nacional,<br />

em particular desta Casa, para assuntos da mais alta relevância como as reformas<br />

previdenciária e tributária. Cabe a nós resguardar a credibilidade da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong><br />

Deputa<strong>dos</strong> quando estamos diante de uma CPI, como a do BANESTADO. Por certo,<br />

a população brasileira espera que to<strong>dos</strong> os fatos sejam passa<strong>dos</strong> a limpo, que se<br />

dêem respostas prontas e claras à sociedade sobre todo o dinheiro mandado para<br />

fora do País e, ao fim, que ele retorne e seja aplicado como bem público. Parabéns<br />

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a V.Exa. pelo brilhantismo da sua atuação neste plenário e na Comissão de Ciências<br />

e Tecnologia.<br />

O SR. SILAS CÂMARA - Agradeço a V.Exa. o aparte, Deputado Dr. Hélio,<br />

que incorporo na íntegra ao meu pronunciamento.<br />

Não é difícil, portanto, Sr. Presidente, entender a crise que se instalou em<br />

mais de 4.400 <strong>dos</strong> 5.561 Municípios brasileiros nos últimos anos. O principal motivo<br />

para isso pode ser atribuído à dependência de verbas da União por parte da maioria<br />

das Prefeituras de todo o País.<br />

Sr. Presidente, tenho falado freqüentemente ao Plenário desta Casa a<br />

respeito da urgente necessidade de o Governo Federal liberar as emendas<br />

individuais <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> e das emendas das bancadas estaduais, que beneficiam<br />

as Prefeituras brasileiras, principalmente as que têm até 30 mil habitantes, cuja<br />

arrecadação é apequenada, achatada. Essas emendas existem para dinamizar a<br />

economia <strong>dos</strong> Municípios.<br />

Estamos chegando praticamente ao mês de setembro, e os recursos ainda<br />

não foram encaminha<strong>dos</strong> aos Municípios. Alguns deles, com obras licitadas,<br />

empenhadas, contratadas e executadas em até 70%, não receberam um centavo<br />

sequer para pagar os fornecedores, emprega<strong>dos</strong>, empreiteiros, o que geraria renda,<br />

emprego e dignidade para a população local.<br />

Ainda estou muito esperançoso porque o Governo Lula foi eleito por pregar a<br />

distribuição de renda e manifestar preocupação com a Nação brasileira. E qual seria<br />

a grande preocupação social com a Nação brasileira se não a construção da<br />

dignidade e da capacidade de gerar investimentos nos Municípios brasileiros? O<br />

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Poder Executivo e o poder municipal convivem, diariamente, com as mesmas<br />

dificuldades que a população menos favorecida do País enfrenta.<br />

A Lei de Responsabilidade Fiscal foi um avanço para o País, mas engessou<br />

as pequenas Prefeituras. O que antes fazia parte da área social, hoje pertence a<br />

outros setores. E as verbas são engessadas, têm de ser direcionadas a serviços<br />

determina<strong>dos</strong>, que certamente precisam de tais investimentos. Porém, entre a vida<br />

do Munícipe e construções de concreto, por força da lei, o Prefeito é obrigado a<br />

escolher o concreto e desprezar a vida humana, a saúde, o bem-estar social da<br />

população.<br />

Por isso, Sr. Presidente, os Prefeitos dependem de repasses federais para<br />

pagar salários, para manter a máquina administrativa funcionando e dar dignidade<br />

ao seu povo. Existe uma diferença muito simples de entender: na década de 80, os<br />

Municípios brasileiros chegavam a receber 23% do bolo tributário nacional.<br />

Atualmente, apesar de o Brasil ter passado da carga tributária de 27% do PIB, ela<br />

chegou a quase 42%, os Municípios recebem apenas 13% da arrecadação total do<br />

País. O que quer dizer isso? Cresceram os volumes de arrecadação do Governo<br />

Federal, <strong>dos</strong> Governos Estaduais, e os Municípios continuaram no mesmo patamar<br />

da década de 80. Os serviços que o Governo Federal transferiu para os Municípios<br />

estão totalmente desestrutura<strong>dos</strong>. A saúde não funciona. A educação subsiste por<br />

causa do FUNDEF, e olhe lá. Em alguns Municípios, nem isso acontece.<br />

Os Prefeitos estão totalmente amarra<strong>dos</strong>, porque estão diante da Lei de<br />

Responsabilidade Fiscal que os obriga a transformar seus recursos em<br />

determina<strong>dos</strong> segmentos. Além disso, não houve acréscimo de nenhum centavo do<br />

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dinheiro repassado para os Municípios, embora o Governo Federal tenha crescido,<br />

em muito, o bolo da arrecadação — isso também ocorre nos Esta<strong>dos</strong>.<br />

É nosso dever, neste momento de discussão das reformas, em especial da<br />

tributária, sermos sentinelas do povo — não apenas para que não haja crescimento<br />

real da tributação no Brasil.<br />

A arrecadação tributária precisa passar por uma transformação que beneficie<br />

quem quer produzir e gerar emprego. Os recursos não devem ficar apenas com o<br />

Governo Federal ou Estadual, têm de ser repassa<strong>dos</strong> para os Municípios.<br />

O Governo Lula tem de acabar com uma situação que se repete: a vinda de<br />

Prefeitos a Brasília, de pires na mão, para pedir pelo amor de Deus dinheiro para<br />

seus Municípios investirem. A distribuição do que é arrecadado pela União e pelos<br />

Esta<strong>dos</strong> tem de ser justa.<br />

Temos de tirar os Prefeitos, que também são autoridades do Poder Executivo,<br />

que lidam diretamente com o povo, da mão de terceiros. Eles não podem continuar<br />

sendo humilha<strong>dos</strong> e manipula<strong>dos</strong> politicamente nos perío<strong>dos</strong> de campanha eleitoral.<br />

É nosso dever lançar desta tribuna veemente protesto contra a política<br />

recessiva que aí está. Afinal ela não apenas ameaça jogar por terra as aspirações<br />

mais urgentes e justas <strong>dos</strong> brasileiros por um futuro digno, como imobiliza Esta<strong>dos</strong> e<br />

Municípios na tarefa de lutar pela melhoria da qualidade de vida da população.<br />

As reformas fiscal e tributária em andamento podem ser até o caminho viável<br />

para atingir esse objetivo, mas a Nação precisa estar convencida disso. Esse<br />

convencimento só virá se o Governo Federal mostrar que é capaz de passar do<br />

discurso à ação, adotando medidas urgentes que permitam a retomada do<br />

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crescimento no País, garantindo não apenas comida no prato do brasileiro, mas<br />

também emprego e, portanto, dignidade.<br />

Muito obrigado.<br />

Durante o discurso do Sr. Silas <strong>Câmara</strong>, o Sr.<br />

Leônidas Cristino , § 2º do art. 18 do Regimento Interno,<br />

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.<br />

João Caldas, 4º Suplente de Secretário.<br />

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O SR. FRANCISCO APPIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. FRANCISCO APPIO (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que considere como lida a manifestação que faço<br />

sobre os Hospitais Filantrópicos e as Santas Casas, especialmente as do meu<br />

Estado, o Rio Grande do Sul e, no caso da minha região, o Hospital Nossa Senhora<br />

da Oliveira, cuja situação está cada vez mais grave pela falta de recursos.<br />

Muito obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - A Mesa recebe a solicitação de V.Exa.<br />

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ORADOR<br />

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINA 572)<br />

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O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Dando continuidade ao Grande<br />

Expediente, concedo a palavra ao nobre Deputado José Pimentel.<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL (PT-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, na próxima terça-feira, dia 26, votaremos em segundo turno<br />

a PEC nº 40, que trata da reforma da Previdência.<br />

Vamos então manter a exigência de 30 anos de contribuição para a mulher e<br />

35 anos para o homem, independentemente da idade, para a aposentadoria. Nessa<br />

regra estão incluí<strong>dos</strong> to<strong>dos</strong> os trabalhadores assalaria<strong>dos</strong> da indústria, do comércio,<br />

do setor de serviços, os autônomos, como também os servidores públicos<br />

municipais, estaduais e federais e das estatais, a exemplo <strong>dos</strong> do Banco do Brasil,<br />

da PETROBRAS e <strong>dos</strong> Correios. Esse segmento de trabalhadores representa 94%<br />

<strong>dos</strong> que hoje estão de alguma forma vincula<strong>dos</strong> ao sistema previdenciário.<br />

Seguindo a mesma sistemática, vamos manter a aposentadoria especial <strong>dos</strong><br />

trabalhadores da educação básica — ensino infantil, fundamental e médio. Nestas<br />

condições, uma professora vinculada ao regime geral terá uma redução de 5 anos<br />

no tempo de contribuição. Ou seja, aposenta-se com 25 anos de contribuição; o<br />

professor, aos 30, ambos independentemente da idade. E to<strong>dos</strong> aqueles que<br />

ingressarem no regime geral terão o mesmo tratamento.<br />

Também estamos mantendo os trabalhadores da agricultura familiar, do setor<br />

extrativista e artesanal da pesca na categoria especial. Nesse segmento, as<br />

aposentadorias serão por idade: a mulher, aos 55 anos; o homem, aos 60,<br />

independentemente de tempo de contribuição.<br />

Estamos assim agindo por entender fundamental uma política de<br />

transferência de renda da cidade para o campo, até porque hoje 82% da população<br />

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brasileira vive na área urbana e apenas 18% na área rural. Na cidade, podemos até<br />

não ter carro para passear ou bicicleta para andar, mas se na nossa panela não tiver<br />

o arroz e o feijão não teremos como sobreviver. E só teremos esses alimentos se<br />

houver gente trabalhando na roça. A esses trabalhadores, portanto, devem ser<br />

dadas condições de permanecer com dignidade no campo — a eles e às respectivas<br />

famílias. A maneira que nós, da área urbana, encontramos para retribuir o que eles<br />

nos dão é exatamente transferindo riqueza da cidade para o campo.<br />

Neste ano, com a fixação do salário mínimo em 240 reais, o que atinge 6<br />

milhões e 900 mil aposenta<strong>dos</strong> e pensionistas da área rural, vamos destinar mais de<br />

20 bilhões de reais para garantir o pagamento <strong>dos</strong> benefícios. Quem é reside em<br />

qualquer cidade do interior, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, sabe que<br />

em cada uma delas, do dia 1º do mês ao dia 15, o comércio é muito forte. E o<br />

principal fator de alavancagem das atividades comerciais são os trabalhadores e<br />

trabalhadoras pensionistas e aposenta<strong>dos</strong> do regime geral vincula<strong>dos</strong> à área rural.<br />

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Coriolano Sales.<br />

O Sr. Coriolano Sales - Deputado José Pimentel, é um prazer vê-lo na<br />

tribuna expender suas idéias sobre a reforma da Previdência. Pergunto a V.Exa<br />

acerca d emenda que apresentei à PEC nº 40. Com o propósito de criar a renda<br />

mínima para a terceira idade, propus o seu estabelecimento para homens com mais<br />

de 65 anos de idade e mulheres acima de 60 anos, mesmo para os que não tenham<br />

contribuído para a Previdência Social, tempo diminuído em 5 anos quando se<br />

tratasse de trabalhador rural ou de pessoa na atividade artesanal ou pesqueira. Ao<br />

entrar no plenário, lembrei-me dessa proposição, mas não sei qual o destino que<br />

V.Exa deu a ela. Esse programa não era demagógico; ele preconizava a criação de<br />

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renda mínima responsável que interferiria na base da sociedade, sobretudo na<br />

população de baixa renda, porque alcançava aqueles que não contribuíram para a<br />

Previdência Social e que hoje são verdadeiros párias da sociedade, pois vivem de<br />

esmolas <strong>dos</strong> Governos Federal, Estaduais e Municipais ou de setores assistenciais<br />

da sociedade brasileira. A minha emenda tinha a finalidade de criar a renda mínima<br />

de maneira responsável — repito — para proteger aqueles que estão chegando à<br />

terceira idade, ou que nela já estão, mas que não têm acesso aos benefícios da<br />

Previdência Social. Gostaria de saber qual o destino que V.Exa. deu a essa emenda.<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Deputado Coriolano Sales, a preocupação de<br />

V.Exa. diz respeito a 57% da população brasileira economicamente ativa, que<br />

produz a riqueza nacional, mas não têm nenhuma proteção social, nem mesmo<br />

previdenciária. A exemplo da emenda de V.Exa, uma série de outras enriqueceu o<br />

debate nesta Casa. A idéia foi acolhida por ampla maioria, constitucionalizando o<br />

direito de as pessoas de baixa renda se integrarem à previdência pública brasileira<br />

com uma contribuição diferenciada. Grupo de trabalho constituído no Ministério da<br />

Previdência já definiu que a contribuição será de 8% sobre o salário mínimo —<br />

atualmente a contribuição é de 20%. Vamos reduzir a contribuição mensal, hoje de<br />

48 reais, para R$19,20 — redução de 60% —, exatamente para criar condições a<br />

fim de que 57% da nossa população economicamente ativa, que não conta com<br />

nenhuma proteção previdenciária, possa futuramente estar incluída no sistema. É<br />

verdade que a inclusão de todo esse contingente tem como pressuposto a adoção<br />

de um modelo de crescimento econômico com justiça social, mas é indispensável<br />

que demos à Previdência condições para que esse contingente seja efetivamente<br />

incluído.<br />

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Temos 18 milhões e 700 mil brasileiros com mais de 18 anos de idade com<br />

renda superior a um salário mínimo — queremos incluí-los no sistema ainda no<br />

Governo Lula. Exatamente por isso, no § 12 do art. 201 da Constituição Federal,<br />

estamos constitucionalizando a inclusão da população de baixa renda, a fim de que<br />

no dia de amanhã não tenhamos mais no Brasil cidadãos de primeira, segunda ou<br />

terceira classes no nosso sistema previdenciário.<br />

Ouço, com prazer, o nosso companheiro do Estado da Paraíba, Deputado<br />

Wilson Santiago.<br />

O Sr. Wilson Santiago - Nobre Deputado, no decorrer <strong>dos</strong> debates na<br />

Comissão Especial, V.Exa. conquistou muitos admiradores pelo bom trabalho que<br />

desenvolveu. Acompanhei de perto seu trabalho na Relatoria da PEC nº 40 e ratifico<br />

minha admiração a V.Exa. por ter sempre defendido o direito <strong>dos</strong> pequenos, <strong>dos</strong><br />

mais sacrifica<strong>dos</strong>, <strong>dos</strong> oprimi<strong>dos</strong>, daqueles que to<strong>dos</strong> os dias buscam amparo no<br />

Poder Público. Por exemplo: apesar de muitas tentativas em contrário, V.Exa.<br />

assegurou, desde o início, os direitos do pequeno trabalhador do campo,<br />

especialmente do semi-árido nordestino. Não preciso estender-me, pois V.Exa. tem<br />

recebido elogios por onde tem andado. Mas faz-se necessário neste instante<br />

registrar o empenho de V.Exa. na defesa <strong>dos</strong> pequenos deste País, que no Nordeste<br />

representam 95% da população. Sempre estive a seu lado, porque reconheço,<br />

como de resto to<strong>dos</strong> os brasileiros, seu trabalho, que há de ficar como exemplo na<br />

história do Brasil. Parabéns a V.Exa.<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Obrigado, nobre Deputado Wilson Santiago.<br />

Destaco o trabalho por V.Exa. realizado na reforma previdenciária , em especial<br />

relativamente à Defensoria Pública, que atende os mais sofri<strong>dos</strong> e os excluí<strong>dos</strong>,<br />

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principalmente aqueles que lutam para ter seus benefícios previdenciários<br />

reconheci<strong>dos</strong> e assegurada sua inclusão no sistema de proteção, que é<br />

fundamental.<br />

Por isso quero registrar o desempenho que V.Exa. teve na Comissão<br />

Especial, principalmente para que fosse acolhido o pleito da Defensoria Pública ao<br />

lado das reivindicações do Ministério Público — duas faces de sistema judiciário<br />

brasileiro.<br />

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Adelor Vieira, que muito tem trabalhado<br />

a respeito da questão previdenciária.<br />

O Sr. Adelor Vieira - Nobre Deputado José Pimentel, desejo também de<br />

deixar registrado meus aplausos ao brilhante trabalho que fez desenvolveu na<br />

relatoria da PEC nº 40. Hoje, neste período da sessão, ao trazer alguns<br />

esclarecimentos que julgo fundamentais sobre a matéria, V.Exa. continua<br />

contribuindo não só com o Governo, mas com toda a sociedade brasileira, ainda<br />

perplexa com o desenrolar <strong>dos</strong> fatos. Muitos foram atingi<strong>dos</strong>; outros, talvez até mal<br />

intenciona<strong>dos</strong>, procuram fazer mobilizações e distorcer a verdade. No início do seu<br />

pronunciamento, ao falar sobre os professores, disse V. Exa. que os professores do<br />

regime geral continuam tendo aqueles 5 anos de diferenciamento no tempo de<br />

serviço, que são justos, pelas especificidades da função que desempenham. De<br />

igual forma, certamente V.Exa. também vai adentrar na questão do professor<br />

servidor público. Essa categoria, que tanto trabalha no ensino de crianças, de<br />

adolescentes e de adultos, se for bem informada, conforme V.Exa. agora está<br />

fazendo e esta Casa tem procurado fazer, certamente transmitirá nas salas de aula<br />

a verdade sobre essa reforma que trará grandes benefícios para nossa sociedade.<br />

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Ao finalizar, repito: realmente V.Exa. fez um trabalho que gratifica a to<strong>dos</strong> nós,<br />

Parlamentares, e muito nos honra ter tido V.Exa. como Relator da Proposta de<br />

Emenda à Constituição nº 40.<br />

o aparte.<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Nobre Deputado Adelor Vieira, agradeço a V. Exa.<br />

Quero registrar que no serviço público temos, somente na União, 952 mil<br />

aposenta<strong>dos</strong> e pensionistas. Para esses servidores já era garantida, no texto original<br />

da Proposta de Emenda à Constituição nº 40, a paridade nos exatos termos da<br />

decisão do Supremo Tribunal Federal, além da extensão de todo e qualquer<br />

reajuste, toda e qualquer promoção, todo e qualquer benefício concedido aos<br />

servidores em atividade a. É o que está previsto no art. 8º do substitutivo aprovado<br />

nesta Casa.<br />

Cento e dois mil servidores públicos federais que já preencheram os<br />

requisitos para aposentadoria. Em qualquer tempo que eles requererem<br />

aposentadoria, a concessão se dará de acordo com a lei da época em que eles<br />

cumpriram o tempo para obtenção <strong>dos</strong> benefícios — é o diz o art. 3º do substitutivo<br />

—, mantendo-se a integralidade e a paridade. Se tivermos, Deputado Adelor Vieira,<br />

qualquer norma mais vantajosa, esta será estendida a esses servidores.<br />

Por outro lado, 750 mil servidores da União ainda não preencheram as<br />

condições para aposentadoria. Para esses, a proposta inicial não mantinha nem a<br />

integralidade nem a paridade. No debate feito na Casa, que contou com a<br />

participação do Presidente João Paulo Cunha e a mediação da Comissão Especial,<br />

na qual foram ouvidas entidades representativas do movimento de servidores, como<br />

a Central Única <strong>dos</strong> Trabalhadores, além de outras, asseguramos a integralidade da<br />

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remuneração do dia da aposentadoria a to<strong>dos</strong> aqueles que tomaram posse no<br />

serviço público até dezembro de 1998.<br />

Para que fique registrado nos Anais, desejo enfatizar que no mundo só dois países<br />

mantêm a integralidade nas aposentadorias do serviço público: Portugal e Brasil. A<br />

média mundial é entre 70% e 75%.<br />

Para os futuros servidores estamos aplicando programa do Governo Lula, que<br />

contém previdência pública básica com piso de um salário mínimo e teto de 2 mil e<br />

400 reais. As regras são iguais para o trabalhador da iniciativa privada da indústria,<br />

do comércio ou do setor serviços e autônomo e do serviço público. A partir desse<br />

teto, há previdência complementar.<br />

Para o servidor público, a previdência complementar é feita por fundação<br />

pública estatal. Fizemos assim para permitir a autocrítica daqueles que ontem diziam<br />

ter a proposta como objetivo a privatização da Previdência, porque no texto,<br />

Deputado Adelor Vieira, não há uma única palavra que leve à privatização da<br />

Previdência. Aliás, estamos sendo muito critica<strong>dos</strong> pelos lobistas do Parlamento e<br />

da sociedade por ter estatizado o seguro por acidente de trabalho. Com a<br />

estatização, criamos condições para a adoção de política que vise reduzir o alto<br />

índice de acidente de trabalho que hoje permeia as atividades laborais, em especial<br />

a construção civil.<br />

Exatamente por isso, temos consciência da necessidade da construção de<br />

uma Previdência pública fortalecida, o que é feito por meio desta reforma, que<br />

promove reparos em outras, anteriores, que haviam contribuído para o<br />

enfraquecimento da Previdência pública brasileira.<br />

Ouço o Deputado Alceu Collares, nosso companheiro de Comissão Especial.<br />

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O Sr. Alceu Collares - Nobre Deputado José Pimentel, que não sejam as<br />

minhas primeiras palavras de justificação da discordância com as posições de<br />

V.Exa., que tantos elogios recebeu por ter cumprido seu dever de Relator — tenho<br />

uma concepção de homem público: o homem público que cumpre os deveres do seu<br />

cargo não merece elogios, quando muito, merece registro —, quanto pelo<br />

encaminhamento dessa tentativa de reforma da Previdência... (Pausa.)<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Estou lhe ouvindo, Deputado Alceu Collares.<br />

O Sr. Alceu Collares - Tenho dificuldade para falar quando o interlocutor não<br />

me ouve. É um problema meu, não <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>.<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Até porque o registro de V.Exa. fez parte <strong>dos</strong><br />

trabalhos da Comissão.<br />

O Sr. Alceu Collares - A democracia se faz com o contraditório, com as<br />

divergências, com os conflitos. E V.Exa...<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Claro. Tanto é verdade que, no meu tempo de<br />

exposição, estou concedendo aparte a V.Exa., com todo o carinho.<br />

O Sr. Alceu Collares - Pois é, posso fazer exatamente esta cobrança: o PT e<br />

o PDT votaram contra o PL-9. O projeto atual o adotou na sua totalidade e ainda lhe<br />

acrescentou idéias. Só falta pedir nas ruas que apóiem o PL-9 de Fernando<br />

Henrique Car<strong>dos</strong>o. Vou tentar limitar o aparte, que não pode ser discurso paralelo.<br />

Lamentavelmente, os membros do PT cometeram um erro muito grande no<br />

momento em que estabeleceram que a previdência complementar de natureza<br />

pública teria contribuição definida. V. Exa., estudioso que é, Ricardo Berzoini e<br />

principalmente Luiz Gushiken, doutor em previdência social, sabem que esse<br />

caminho afasta o Estado de qualquer responsabilidade pelos erros nos<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

investimentos feitos com os recursos daqueles que porventura entrarem num fundo<br />

de pensão com contribuição definida. Nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, 92% <strong>dos</strong> fun<strong>dos</strong> são de<br />

contribuição definida. Estão com um prejuízo de provavelmente 60%, a partir da<br />

fraude contábil de empresas. Deixo claro a V.Exa. que estamos argumentando com<br />

da<strong>dos</strong> técnicos. Essa forma de fundo de pensão vai colocar o PT na direção <strong>dos</strong><br />

fun<strong>dos</strong> de pensão de todas as estatais, como, aliás, já ocorre hoje. A PREVI e a<br />

PETROS estão nas mãos do PT. Lamentavelmente, to<strong>dos</strong> os fun<strong>dos</strong> apresentam<br />

grandes furos, grandes déficits, e querendo passar a usar — na PREVI, inclusive —<br />

o INPC na atualização <strong>dos</strong> benefícios, hoje é feita pelo IGP-M, e pagar ao<br />

beneficiário um valor menor. Chamo a atenção de V.Exa., pois há tempo ainda de<br />

fazer a correção. Com o respeito que tenho a V. Exa., afirmo que se trata de um<br />

assalto aos recursos financeiros.<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Obrigado, Deputado Alceu Collares, pela<br />

participação e registro.<br />

O Sr. Alceu Collares - V.Exa. está cortando a minha palavra.<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL - O tempo é meu.<br />

O Sr. Alceu Collares - V.Exa. tem direito de cortar a palavra, mas deve dizer:<br />

corto sua palavra.<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL - É uma deferência conceder o aparte a V.Exa.<br />

(O Sr. Presidente faz soar as campainhas.)<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - A palavra está assegurada ao orador.<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Deputado Alceu Collares, V.Exa. foi Governador do<br />

Rio Grande do Sul e os gaúchos sabem o Estado que administrou.<br />

Ouço, com prazer, o nobre Deputado Zé Geraldo.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O Sr. Zé Geraldo - O Deputado Alceu Collares deve ter outro motivo para<br />

estar tão revoltado com a reforma da Previdência. Precisamos descobrir qual é. O<br />

povo brasileiro, certa vez, elegeu Presidente da República um candidato que disse<br />

que ia acabar com os marajás. Isso será possível com a reforma que aprovamos..<br />

Com ela, essa história de aposentado receber 30 mil, 40 mil, 50 mil reais por mês vai<br />

acabar. Talvez esteja aí a razão da grande revolta do Deputado Alceu Collares, que<br />

chegou a dizer que a reforma era um assalto ao servidor. S.Exa. deve ter seus<br />

motivos. Mas estamos governando para que to<strong>dos</strong> os trabalhadores tenham<br />

garantida a aposentadoria no futuro. Deputado José Pimentel, participei ativamente<br />

<strong>dos</strong> debates e das votações da proposta e acompanhei passo a passo o belíssimo<br />

trabalho que V.Exa. realizou. Estamos oferecendo justiça social por meio de uma<br />

reforma que, com certeza, foi a possível . Parabenizo V.Exa. Daqui para a frente<br />

caberá a nós esclarecer à sociedade a proposta que acabamos de votar na Casa.<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Agradeço o aparte a V.Exa., Deputado Zé Geraldo.<br />

Concedo, com prazer, aparte à nobre Deputada Selma Schons.<br />

A Sra. Selma Schons - Deputado José Pimentel, parabenizo V.Exa. pelo<br />

trabalho imenso que realizou e pela forma democrática com que tem conseguido<br />

conduzir a relatoria dessa proposta, já votada em primeiro turno, que, entre outras<br />

intenções, pretende incluir no sistema 40 milhões de brasileiros — bóia-frias,<br />

serventes de pedreiro, etc. —, hoje sem qualquer perspectiva, pois só conseguiram<br />

contribuir para a Previdência por 2 ou 3 anos. Parabéns, repito, pela forma como<br />

V.Exa. conduziu esse processo. No segundo turno votaremos novamente a favor da<br />

proposta, para assegurar mais justiça social ao povo brasileiro.<br />

O SR. JOSÉ PIMENTEL - Obrigado, Deputada.<br />

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Registro que, pela primeira vez em sua história, o Brasil fixa um teto máximo<br />

de remuneração: 17. 343 reais, equivalente a 70 salários mínimos, para o servidor<br />

público federal. O conjunto de pessoas que recebe aposentadoria e pensão<br />

superiores a esse valor, no dia seguinte ao da promulgação dessa emenda terá de<br />

se submeter ao redutor.<br />

Sr. Presidente, diversos Deputa<strong>dos</strong> tiveram a grandeza de registrar que não<br />

poderiam votar o projeto em face de algumas particularidades. Outros, porém, que<br />

sempre defenderam uma Previdência diferenciada, não puderam dizer o mesmo,<br />

porque o somatório de suas aposentadorias ou pensões, lamentavelmente, supera<br />

os 17.343 reais. Aqueles que divergiram e registraram seu posicionamento têm meu<br />

respeito. Quanto àqueles que simplesmente utilizaram a tribuna para tentar manter<br />

seus privilégios, lamento muito... Mas isso faz parte do Estado democrático.<br />

Muito obrigado.<br />

DISCURSO ENCAMINHADO PELO GABINETE<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, o Regime Geral de Previdência<br />

Social – RGPS, cujo plano de benefícios regula-se pela Lei nº 8.213, de 24 de julho<br />

de 1991, fornece proteção aos seus segura<strong>dos</strong>, os quais se classificam em<br />

obrigatórios e facultativos. O RGPS possui 21,1 milhões de beneficiários, <strong>dos</strong> quais<br />

13,8 milhões, ou seja, quase 66% do total, recebe benefício de até um salário<br />

mínimo. São 7,1 milhões na clientela urbana e 6,7 milhões na clientela rural.<br />

O plano de benefícios do RGPS contempla as seguintes prestações:<br />

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1 – aposentadoria por tempo de contribuição: renda mensal igual a 100% do<br />

salário-de-benefício, sendo concedida após 30 anos de contribuição, para as<br />

mulheres, e 35 anos de contribuição, para os homens;<br />

2 – aposentadoria especial: renda mensal igual a 100% do salário-de-<br />

benefício, sendo concedida após 15, 20 ou 25 anos de exercício de atividade<br />

considerada prejudicial à saúde e à integridade física;<br />

3 – aposentadoria por idade: renda mensal igual a 70% do salário-de-<br />

benefício, mais 1% por ano de contribuição até o máximo de 100%, sendo<br />

concedida após cumprida carência de 15 anos de contribuição (para os segura<strong>dos</strong><br />

urbanos, o benefício é concedido após 60 anos, se mulher, ou 65 anos, se homem;<br />

e para os segura<strong>dos</strong> rurais, os limites de idade são de 55 anos, se mulher, e de 60<br />

anos, se homem);<br />

4 – aposentadoria por invalidez: renda mensal igual a 100% do salário-de-<br />

benefício (sofre majoração de 25% quando o segurado necessita de ajuda<br />

permanente de outra pessoa);<br />

5 – auxílio-doença: renda mensal igual a 91% do salário-de-benefício, sendo<br />

concedido aos incapacita<strong>dos</strong> para o trabalho por período superior a 15 dias<br />

consecutivos;<br />

6 – pensão por morte: renda mensal igual a 100% da aposentadoria, sendo<br />

concedida, independentemente de carência, aos dependentes do segurado falecido<br />

(cônjuges ou companheiros e filhos menores de 21 anos ou inváli<strong>dos</strong> — sem<br />

comprovação de dependência econômica — e irmãos menores de 21 anos ou<br />

inváli<strong>dos</strong> e pais — com comprovação de dependência econômica);<br />

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7 – salário-maternidade: renda mensal igual à remuneração da segurada com<br />

duração de 120 dias;<br />

8 – auxílio-reclusão: mesmas condições estabelecidas para as pensões;<br />

9 – auxílio-acidente: renda mensal igual a 50% do salário-de-benefício , sendo<br />

concedido a título de indenização ao segurado que retorna ao trabalho, mas o<br />

executa com dificuldade em razão de seqüelas resultantes de acidente;<br />

10 – salário-família: valor de R$ 13,48 por filho menor de 14 anos ou inválido,<br />

devido aos segura<strong>dos</strong> emprega<strong>dos</strong> e avulsos que possuam remuneração inferior a<br />

R$ 560,81 (valores váli<strong>dos</strong> a partir de 1º de junho de 2003).<br />

Pelas regras de transição previstas na Emenda Constitucional nº 20/98, os<br />

segura<strong>dos</strong> do RGPS, filia<strong>dos</strong> anteriormente a 1998, ainda podem aposentar-se por<br />

tempo de contribuição em termos proporcionais, mas devem comprovar idade<br />

superior a 48 anos, se mulher, ou 53 anos, se homem. Adicionalmente devem<br />

cumprir com um tempo equivalente a 40% da diferença entre os 30 anos ou 25 anos<br />

de serviço, exigi<strong>dos</strong> pela legislação anterior, e o tempo de serviço que possuíam na<br />

data da publicação da referida Emenda Constitucional.<br />

Plano de Custeio<br />

O RGPS é um regime de repartição simples, ou seja, é fundamentado na<br />

solidariedade intergeracional. Vários são os países que possuem regimes<br />

previdenciários com igual natureza, como, por exemplo, a Alemanha, a França e os<br />

Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>.<br />

Contribuintes<br />

Da<strong>dos</strong> da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, 2001,<br />

revelam que <strong>dos</strong> 70,6 milhões de trabalhadores brasileiros (exclusive estatutários e<br />

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militares) apenas 30 milhões contribuem para a Previdência Social. Ou seja, 40,6<br />

milhões não possuem cobertura alguma de regime previdenciário. Desses 40,6<br />

milhões, 18,7 milhões de pessoas possuem rendimento mensal acima de um salário<br />

mínimo e podem ser considera<strong>dos</strong> como economicamente capazes de contribuir e<br />

ter, em contrapartida, direito ao plano de benefícios, desde que sejam<br />

implementadas algumas medidas de estímulo a sua adesão ao regime.<br />

A contribuição previdenciária segue a seguinte sistemática:<br />

1 – emprega<strong>dos</strong>, inclusive domésticos, e trabalhadores avulsos<br />

Salário-de-contribuição (R$) Alíquotas (%)<br />

Até 560,81 7,65<br />

De 560,82 até 720,00 8,65<br />

De 720,01 até 934,67 9,00<br />

De 934,68 até 1.869,34 11,00<br />

(Valores váli<strong>dos</strong> a partir de 1º de junho de 2003)<br />

2 – contribuintes individuais e facultativos — 20% sobre a remuneração ou o<br />

salário declarado (facultativos) até o limite de R$ 1.869,34;<br />

3 – empregadores<br />

3.1 – empregadores em relação a seus emprega<strong>dos</strong>;<br />

. 20% sobre a remuneração (as instituições financeiras pagam 22,5% sobre a<br />

remuneração);<br />

.1%, 2% ou 3% sobre a remuneração, a depender do grau de risco da<br />

atividade preponderante (essas alíquotas são acrescidas de 12, 9 ou 6 pontos<br />

percentuais, incidindo, porém, sobre a remuneração <strong>dos</strong> segura<strong>dos</strong> que possuem<br />

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direito à aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição,<br />

respectivamente);<br />

3.2 – empregadores em relação à prestação de serviços de coopera<strong>dos</strong> —<br />

15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura da prestação do serviço (mais 9%,<br />

7% ou 5% sobre a mesma base, em relação a atividades que autorizem<br />

aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição, respectivamente);<br />

3.3 – empregadores em relação à prestação de serviços contrata<strong>dos</strong> com<br />

cessão de mão-de-obra ou de empresas de trabalho temporário — 11% sobre o<br />

valor bruto da nota fiscal ou fatura da prestação do serviço (mais 4%, 3% ou 2%<br />

sobre a mesma base, em relação a atividades que autorizem aposentadoria especial<br />

após 15, 20 ou 25 anos de contribuição, respectivamente);<br />

3.4 – empregadores em relação à prestação de serviços de contribuintes<br />

individuais — parcela patronal: 20% sobre a remuneração a eles paga — parcela do<br />

contribuinte individual recolhida pelo empregador: 11% sobre a remuneração<br />

obedecido o teto de R$ 1.869, 34;<br />

4 – empregadores domésticos — 12% sobre a remuneração a eles paga;<br />

5 – produtores rurais pessoas físicas e trabalhadores rurais em regime de<br />

economia familiar (segura<strong>dos</strong> especiais) — 2,1% sobre a comercialização da<br />

produção;<br />

6 – produtores rurais pessoas jurídicas e consórcios simplifica<strong>dos</strong> de<br />

produtores rurais — 2,6% sobre a comercialização da produção;<br />

7 – associações desportivas — 5% da receita bruta;<br />

8 – SIMPLES — as empresas optantes contribuem com alíquotas variáveis<br />

sobre o faturamento, a depender de faixas de faturamento estabelecidas em lei. (A<br />

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Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, instituiu o SIMPLES para microempresas e<br />

empresas de pequeno porte, substituindo o IRPJ, PIS/PASEP, CSLL, CONFINS, IPI<br />

e contribuição previdenciária sobre a folha de salários pelo pagamento mensal<br />

unificado com base no faturamento.)<br />

Mudanças propostas na PEC 40/2003 e substitutivo<br />

As três mudanças fundamentais constantes <strong>dos</strong> textos da reforma da<br />

Previdência são: 1 - elevação do teto de contribuição e de benefícios, passando de<br />

R$ 1.869,34 para R$ 2.400,00; 2 - reforço ao caráter exclusivamente público do<br />

seguro de acidentes do trabalho, reinserindo-o no conjunto <strong>dos</strong> eventos cobertos<br />

pelo regime geral de previdência social; 3 - previsão de sistema especial de inclusão<br />

para atender aos trabalhadores de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios<br />

no valor de um salário mínimo.<br />

A primeira medida expressa a recomposição do valor teto de 10 salários<br />

mínimos fixado nas Leis nºs 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, e<br />

abrangerá cerca de 3,5 milhões de contribuintes com remuneração acima do teto<br />

atual. As despesas com benefícios, por sua vez, sofrerão, em contrapartida, uma<br />

elevação gradual.<br />

A segunda medida visa assegurar proteção mais efetiva ao segurado do<br />

regime geral nos eventos de acidentes do trabalho, sem que tenha de contribuir<br />

adicionalmente para que seguradoras privadas lhe proporcione essa cobertura.<br />

E, finalmente, a terceira mudança tem por objetivo criar as condições<br />

necessárias para que os trabalhadores de baixa renda possam se filiar à Previdência<br />

Social. A lei disciplinadora da matéria irá, portanto, prever mecanismos de estímulo<br />

à adesão ao regime de geral de previdência social, por intermédio da aplicação de<br />

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alíquota mais reduzida de contribuição, bem como do estabelecimento de carência<br />

mais flexível para fins de acesso à aposentadoria por idade, quando se tratar de<br />

benefício de valor igual ao do salário mínimo.<br />

Segundo da<strong>dos</strong> da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD,<br />

2001, cerca de 40,6 milhões de trabalhadores brasileiros não contribuem para a<br />

Previdência Social, sendo que 18,7 milhões possuem rendimento mensal acima de<br />

um salário mínimo e podem ser considera<strong>dos</strong> como economicamente capazes de<br />

aderirem ao regime geral de previdência social.<br />

A alteração promovida no texto constitucional dirige-se, portanto, a esse<br />

contingente de pessoas e busca criar as condições para que lei possa definir regras<br />

que estimulem sua integração à Previdência Social.<br />

Recomendações de mudanças infraconstitucionais<br />

A reforma constitucional de 1998 enfatizou o caráter contributivo do regime<br />

geral de previdência social. Agora, cumpre realçar o seu caráter redistributivo, de<br />

modo que o seu fortalecimento expresse a efetiva redução <strong>dos</strong> níveis de<br />

desigualdade e pobreza do País.<br />

Política de transferência de renda da área urbana para a rural<br />

A importância social e o impacto distributivo da concessão <strong>dos</strong> benefícios<br />

rurais reclamam uma abordagem diferenciada. Entende-se que a necessidade de<br />

financiamento <strong>dos</strong> benefícios pagos à clientela rural deve ser explicitada e<br />

devidamente coberta com recursos provenientes de outras contribuições sociais.<br />

Política de distribuição de renda por meio de aumentos reais<br />

concedi<strong>dos</strong> ao salário mínimo<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

A recuperação do piso de benefícios expressa a necessidade de reforçar as<br />

medidas de combate à exclusão na terceira idade e de redução da pobreza. A<br />

importância da previdência como mecanismo de redução da pobreza é confirmada<br />

pela dimensão de sua abrangência. Segundo o IBGE, para cada beneficiário da<br />

Previdência Social existem 2,5 pessoas beneficiadas indiretamente. Desse modo, a<br />

Previdência Social atingiu, em 2002, com o pagamento de seus benefícios, 74<br />

milhões de pessoas, ou seja, 41,2% da população brasileira.<br />

Combate à sonegação e à fraude<br />

O fortalecimento institucional da Previdência Social requer o reaparelhamento<br />

do Instituto Nacional do Seguro Social e da Empresa de Processamento de Da<strong>dos</strong><br />

da Previdência Social – DATAPREV, introduzindo-lhes novas tecnologias e controles<br />

para que seja possível alcançar melhores resulta<strong>dos</strong> nas ações de combate à<br />

sonegação e à fraude.<br />

Isenções tributárias e compensação previdenciária<br />

As isenções ou subsídios garanti<strong>dos</strong> pela legislação tributária e que afetem a<br />

arrecadação previdenciária devem ser necessariamente compensa<strong>dos</strong>, a fim de que<br />

sejam cumpri<strong>dos</strong> os compromissos assumi<strong>dos</strong> pelo RGPS com seus segura<strong>dos</strong>.<br />

Ampliação do esforço de recuperação de créditos<br />

É necessário ampliar as ações de recuperação <strong>dos</strong> créditos previdenciários<br />

para assegurar um fluxo mais intenso de receitas para o regime geral de previdência<br />

social.<br />

Revisão na sistemática de partilha <strong>dos</strong> recursos arrecada<strong>dos</strong> via SIMPLES<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

A arrecadação das contribuições via SIMPLES tem resultado em prejuízo<br />

para o INSS, relativamente à situação anteriormente em vigor. É preciso rever a<br />

sistemática de partilha de recursos.<br />

Fiscalização das instituições filantrópicas<br />

As entidades filantrópicas que gozam de isenção da contribuição<br />

previdenciária precisam ser rigorosamente fiscalizadas, a fim de seja garantido o<br />

cumprimento de suas finalidades e justificada a manutenção do tratamento fiscal<br />

privilegiado de que desfrutam.<br />

Acor<strong>dos</strong> judiciais e contribuições previdenciárias.<br />

Nos acor<strong>dos</strong> judiciais <strong>dos</strong> quais resultem contribuições previdenciárias a<br />

recolher deve-se registrar em separado seus valores e providenciar o imediato<br />

repasse ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Esses valores atualmente<br />

são recolhi<strong>dos</strong> à Secretaria da Receita Federal, sendo, em seguida, repassa<strong>dos</strong> ao<br />

INSS.<br />

Melhoria nos serviços de atendimento<br />

Significativa melhoria <strong>dos</strong> serviços somente será alcançada com a<br />

implementação da gestão quadripartite, a qual deve ser aplicada às estruturas das<br />

Superintendências Regionais.<br />

Compromissos de manutenção de direitos<br />

Além das recomendações anteriormente apresentadas, cumpre ressaltar<br />

alguns compromissos que merecem constar como direitos <strong>dos</strong> segura<strong>dos</strong> do regime<br />

geral de previdência, cuja manutenção se justifica pelas características próprias da<br />

sociedade brasileira.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Manter diferencia<strong>dos</strong> os limites de tempo de contribuição e de idade para<br />

homens e mulheres<br />

Segundo o IBGE, em sua “Síntese <strong>dos</strong> Indicadores Sociais - 2002”, a<br />

diferença salarial é presente em todas as faixas de instrução quando se segmenta o<br />

mercado de trabalho segundo o sexo. As mulheres que possuem até o segundo<br />

grau ganham 57,1% da remuneração recebida por homem com mesmo grau de<br />

instrução.<br />

Manter a aposentadoria por tempo de contribuição sem limite de idade<br />

Tendo em vista a aplicação do fator previdenciário na determinação do valor<br />

do benefício, não há razão para que seja exigido limite de idade para acesso à<br />

aposentadoria por tempo de contribuição.<br />

Manter a aposentadoria especial <strong>dos</strong> professores<br />

Também devem ser resguarda<strong>dos</strong> os direitos previdenciários especiais <strong>dos</strong><br />

professores do ensino fundamental e médio, como reconhecimento da importância<br />

da educação para o desenvolvimento econômico e social do País.<br />

por idade<br />

Manter idade reduzida <strong>dos</strong> trabalhadores rurais para efeito de aposentadoria<br />

Os trabalhadores rurais devem continuar sendo protegi<strong>dos</strong> como “segura<strong>dos</strong><br />

especiais”, em razão da especificidade de sua atividade, marcada pelo árduo<br />

exercício do trabalho e, também, pela intermitência do fluxo de renda dele<br />

proveniente.<br />

Manter a imunidade constitucional <strong>dos</strong> aposenta<strong>dos</strong> e pensionistas do RGPS<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Os aposenta<strong>dos</strong> e pensionistas do RGPS permanecerão isentos da<br />

contribuição previdenciária, conforme previsto no art. 195, II, da Constituição<br />

Federal.<br />

Regime Próprio de Previdência - Futuros servidores<br />

Os servidores que vierem a ser admiti<strong>dos</strong> a partir da promulgação da futura<br />

emenda constitucional estarão integralmente submeti<strong>dos</strong> às regras permanentes<br />

constantes do art. 40 da Constituição. Nessas condições tais servidores:<br />

a) terão as aposentadorias pelo regime próprio <strong>dos</strong> servidores limitadas ao<br />

teto <strong>dos</strong> benefícios do regime geral da previdência social - RGPS, ora fixado em R$<br />

2.400,00, desde que o ente a que preste serviço tenha instituído regime de<br />

previdência complementar para seus servidores;<br />

b) as aposentadorias voluntárias serão concedidas aos 60 anos de idade e 35<br />

de contribuição, para os homens, e aos 55 anos de idade e 30 de contribuição, para<br />

as mulheres, à exceção de situações especiais (professores do ensino fundamental<br />

e médio, atividades exercidas em condições especiais que prejudiquem a saúde ou<br />

a integridade física), desde que tenham cumprido tempo mínimo de 10 anos de<br />

efetivo exercício no serviço público e 5 anos no cargo efetivo em que se dará a<br />

aposentadoria;<br />

c) os proventos de aposentadoria serão calcula<strong>dos</strong> com base nas<br />

contribuições vertidas aos regimes previdenciários a que o servidor tenha estado<br />

vinculado, devidamente atualizadas, na forma da lei;<br />

d) a pensão por morte será igual ao valor <strong>dos</strong> proventos do servidor falecido<br />

após a aposentadoria, ou ao valor da remuneração do servidor ainda em atividade à<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

data de seu falecimento, até o limite de R$ 2.400,00, acrescido de 70% da parcela<br />

excedente a este limite;<br />

e) os proventos e as pensões serão reajusta<strong>dos</strong> para preservar seus valores<br />

reais, conforme critérios estabeleci<strong>dos</strong> em lei;<br />

f) a contribuição previdenciária sobre os proventos, quando aposenta<strong>dos</strong>, e<br />

sobre as pensões, quando faleci<strong>dos</strong>, incidirá apenas sobre a parcela que exceder o<br />

teto de benefícios do RGPS (R$ 2.400,00);<br />

g) o servidor que tenha completado as exigências para a aposentadoria<br />

voluntária e optar por permanecer em exercício fará jus a abono de permanência no<br />

valor de sua contribuição previdenciária até completar 70 anos de idade.<br />

Atuais servidores que ainda não tenham cumprido<br />

to<strong>dos</strong> os requisitos para a aposentadoria<br />

Os que tenham ingressado no serviço público antes da promulgação da futura<br />

emenda constitucional e que não tenham ainda implementado os requisitos exigi<strong>dos</strong><br />

para qualquer tipo de aposentadoria poderão:<br />

1 – optar pelas regras permanentes constantes do art. 40 da Constituição,<br />

acima apresentadas;<br />

2 – optar pela aposentadoria de acordo com as condições definidas pelo art.<br />

7º do texto aprovado em 1º turno, nas seguintes condições:<br />

a) a aposentadoria será concedida aos 60 anos de idade e 35 de contribuição,<br />

para os homens, e aos 55 anos de idade e 30 de contribuição, para as mulheres,<br />

desde que tenham cumprido 20 anos de efetivo exercício no serviço público, 10<br />

anos de carreira e 5 anos de efetivo exercício no cargo em que se dará a<br />

aposentadoria;<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

b) os proventos serão integrais e calcula<strong>dos</strong> com base na remuneração do<br />

cargo efetivo em que se dará a aposentadoria;<br />

c) os proventos de aposentadoria serão revistos na mesma proporção e na<br />

mesma data, sempre que se modificar a remuneração <strong>dos</strong> servidores em atividade,<br />

na forma da lei.<br />

3 – Se admiti<strong>dos</strong> no serviço público até 16 de dezembro de 1998 (data da<br />

publicação da Emenda Constitucional nº 20), optar pela aposentadoria de acordo<br />

com as regras estabelecidas pelo art. 8º da Emenda Constitucional nº 20, de 1998,<br />

com a redação alterada pelo art. 2º da futura emenda constitucional, nas seguintes<br />

condições:<br />

a) a aposentadoria será concedida aos 53 de idade, para os homens, e aos<br />

48 anos de idade, para as mulheres, desde que tenham cumprido 5 anos de efetivo<br />

exercício no cargo em que se dará a aposentadoria e que tenham tempo de<br />

contribuição de 35, para os homens, e de 30 anos, para as mulheres, acrescido de<br />

“pedágio” igual a 20% do tempo que faltava para atingir tais limites em 16 de<br />

dezembro de 1998;<br />

b) os proventos de aposentadoria serão calcula<strong>dos</strong> com base nas<br />

contribuições vertidas aos regimes previdenciários a que o servidor tenha estado<br />

vinculado, devidamente atualizadas, na forma da lei, que serão reduzi<strong>dos</strong> em 5%<br />

para cada ano antecipado em relação aos limites de idade estabeleci<strong>dos</strong> pela regra<br />

permanente (60 anos para os homens e 55 anos para as mulheres), ou em 3,5%<br />

para cada ano antecipado, em se tratando de servidores que venham a implementar<br />

os requisitos para a aposentadoria até 31 de dezembro de 2005;<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

c) os proventos de aposentadoria serão reajusta<strong>dos</strong> para preservar seus<br />

valores reais, conforme critérios estabeleci<strong>dos</strong> em lei;<br />

d) o servidor que tenha completado as exigências para a aposentadoria<br />

voluntária e optar por permanecer em exercício fará jus a abono de permanência no<br />

valor de sua contribuição previdenciária até completar 70 anos de idade.<br />

Atuais servidores que tenham cumprido os requisitos para a aposentadoria.<br />

Os servidores que tenham implementado os requisitos exigi<strong>dos</strong> para algum<br />

tipo de aposentadoria, com base nos critérios da legislação então vigente, estarão,<br />

de acordo com os arts. 3º, 4º e 8º do substitutivo, sujeitos às seguintes condições:<br />

a) exercer o direito à aposentadoria, a qualquer tempo, com proventos<br />

calcula<strong>dos</strong> de acordo com a legislação vigente à época em que tenham<br />

implementado tais requisitos ou nas condições da legislação vigente;<br />

b) os proventos de aposentadoria serão revistos na mesma proporção e na<br />

mesma data, sempre que se modificar a remuneração <strong>dos</strong> servidores em atividade,<br />

assegurada ainda a extensão de quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente<br />

concedi<strong>dos</strong> aos servidores em atividade (denominada regra da paridade);<br />

c) o servidor que tenha completado as exigências para a aposentadoria<br />

voluntária nessas condições, desde que conte com, no mínimo 25 anos de<br />

contribuição, se mulher, ou 30 anos de contribuição, se homem, e que venha a optar<br />

por permanecer em exercício, fará jus a abono de permanência no valor de sua<br />

contribuição previdenciária até completar 70 anos de idade;<br />

d) a contribuição previdenciária sobre os proventos, quando aposenta<strong>dos</strong>, e<br />

sobre as pensões, quando faleci<strong>dos</strong>, incidirá apenas sobre a parcela que exceder<br />

50% do teto de benefícios do RGPS (R$ 1.200,00) no âmbito <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong>, do<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Distrito Federal e <strong>dos</strong> Municípios, e sobre a parcela que exceder 60% do teto de<br />

benefícios do RGPS (R$ 1.440,00) no âmbito da União.<br />

Atuais aposenta<strong>dos</strong> e pensionistas<br />

Os inativos e os pensionistas já em gozo de benefícios estarão, de acordo os<br />

arts. 4º e 8º do substitutivo, sujeitos às seguintes condições:<br />

a) os proventos de aposentadoria e as pensões continuarão a ser revistos na<br />

mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração <strong>dos</strong><br />

servidores em atividade, assegurada ainda a extensão de quaisquer benefícios ou<br />

vantagens posteriormente concedi<strong>dos</strong> aos servidores em atividade (denominada<br />

regra da paridade);<br />

b) passarão a recolher contribuição previdenciária sobre os proventos e sobre<br />

as pensões, que incidirá apenas sobre a parcela que exceder 50% do teto de<br />

benefícios do RGPS (R$ 1.200,00) no âmbito <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong>, do Distrito Federal e <strong>dos</strong><br />

Municípios, e sobre a parcela que exceder 60% do teto de benefícios do RGPS (R$<br />

1.440,00) no âmbito da União.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. FERNANDO FERRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, esta Casa brevemente será palco de importante debate sobre a<br />

questão <strong>dos</strong> transgênicos. Ontem, em reunião na Casa Civil, colhemos informações<br />

sobre o andamento da matéria no Executivo, que deverá ser o responsável pela<br />

elaboração de projeto de lei a ser encaminhado a esta Casa.<br />

O Brasil terá de participar do debate mundial acerca do assunto. Temos de ter<br />

competência para promover uma discussão científica, com responsabilidade, a fim<br />

de não nos envolver em polêmica puramente ideológica ou emocional, o pior <strong>dos</strong><br />

caminhos para tratar de tema tão importante. O País deve ter competência para<br />

aproveitar seus quadros técnicos, as informações disponíveis e participar<br />

responsavelmente desse debate.<br />

A propósito da questão, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, quero<br />

expressar minha preocupação com a recente decisão do juíza Selene Maria de<br />

Almeida que, a pedido da Monsanto, cassou liminar que proibia a comercialização<br />

de produtos geneticamente modifica<strong>dos</strong> em todo o território nacional.<br />

Lembro que o cultivo e a venda estavam proibi<strong>dos</strong> desde 1999, por decisão<br />

do Juiz da 6ª Vara de Brasília, Antônio Prudente, em ação civil pública movida pelo<br />

IDEC. Segundo a Advocacia-Geral da União, a decisão da juíza não suplanta<br />

legislação recente sobre transgênicos que exige o estudo de impacto ambiental e o<br />

registro no Ministério da Agricultura da semente geneticamente modificada.<br />

Com essa atitude, no entanto, a juíza mina a forma madura e democrática<br />

que o Governo estava adotando na elaboração de projeto de lei sobre o cultivo e a<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

comercialização de transgênicos no Brasil, forma esta que vinha permitindo ampla<br />

discussão da qual participavam os Ministérios envolvi<strong>dos</strong> na questão, bem como<br />

técnicos que há muito vêm estudando o assunto.<br />

Por outro lado, sinaliza que a Monsanto pode se preparar para a venda de<br />

sementes destinadas à safra que terá início em setembro próximo sem o<br />

disciplinamento quanto à cobrança de royalties sobre o produto e sobre as<br />

comercialização de sementes pelos agricultores.<br />

A decisão da eminente juíza reabre a possibilidade da liberação desses<br />

produtos sem a devida precaução científica, sem o contexto institucional resolvido e<br />

sem a necessária informação aos consumidores relativamente ao tipo de produto<br />

estão usando.<br />

Sr. Presidente, em hipótese alguma sou contra o avanço da biotecnologia. Em<br />

hipótese alguma sou contra a pesquisa de novos processos que permitam combater<br />

a fome, a desnutrição e outros males decorrentes da ausência ou insuficiência de<br />

alimentos. Tanto que recentemente participei de viagem de estu<strong>dos</strong> sobre o assunto<br />

aos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> e à África do Sul. Aliás, com referência a essa viagem, estou<br />

entrando com uma ação de reparação contra certo jornalista que publicou matéria<br />

caluniosa contra mim.<br />

Sr. Presidente, a decisão da juíza não garante o avanço da biotecnologia<br />

comprometida com os reais interesses humanos. Na verdade, criará confusão no<br />

setor e poderá permitir a disseminação incontrolável, sem a necessária vigilância<br />

sanitária e ambiental, de sementes geneticamente modificadas. Irá, pois, servir<br />

apenas aos interesses de mercado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Quero, portanto, alertar os meus companheiros de Governo para o fato de<br />

que urge seja elaborado e encaminhado a esta Casa projeto de lei que discipline o<br />

uso dessa tecnologia, assegurando-se a mais ampla e democrática discussão do<br />

assunto.<br />

Neste sentido, convém lembrar a exortação do Sumo Pontífice João Paulo II<br />

em pronunciamento a respeito das biotecnologias, por ocasião do Jubileu da<br />

Agricultura Mundial, no sentido de que elas devam ser submetidas ao mais rigoroso<br />

controle científico e ético, para garantir que não dêem origem a desastres<br />

prejudiciais ao ser humano e ao futuro do planeta Terra.<br />

Na ocasião do Jubileu, ficou também claro a preocupação com os excessos<br />

que possam ser cometi<strong>dos</strong> com no que concerne ao estabelecimento <strong>dos</strong> direitos de<br />

propriedade intelectual que podem ser prejudiciais às nações em desenvolvimento.<br />

Sr. Presidente, quero encerrar trazendo a recomendação do Sumo Pontífice<br />

no que diz respeito ao exame da segurança do desenvolvimento de novos cultivares.<br />

Os méto<strong>dos</strong> utiliza<strong>dos</strong> nesses exames devem ser rigorosamente documenta<strong>dos</strong>, e<br />

tantos os méto<strong>dos</strong> quanto os resulta<strong>dos</strong> devem ser abertamente discuti<strong>dos</strong> e<br />

minuciosamente investiga<strong>dos</strong> pela comunidade científica internacional.<br />

Para o bem de nosso povo e de nosso País, julgo que a decisão da senhora<br />

juíza deve ser revista e prudentemente recomendar o mais rápido disciplinamento<br />

legal da questão por meio de envio, pelo Executivo, de projeto de lei ao Congresso<br />

Nacional.<br />

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O SR. MANATO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. MANATO (PDT-ES. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, diante da decisão tomada pela Agência Nacional de<br />

Petróleo de excluir 162 blocos da Bacia do Espírito Santo do leilão que realizará nos<br />

próximos dias 19 e 20 de agosto para exploração de petróleo, às vésperas de um<br />

evento para o qual certamente dezenas de empresas petrolíferas se preparavam<br />

para participar, junto-me à entidade Espírito Santo em Ação, movimento empresarial<br />

criado para defender com ética e democracia o desenvolvimento sustentado de<br />

nosso Estado, e desta tribuna manifesto publicamente o inconformismo com essa<br />

atitude da ANP.<br />

Não é admissível que uma organização ambiental internacional como a<br />

Conservation International tenha o poder de interferir na soberania de um país como<br />

o Brasil, baseada em argumentos discutíveis, com graves reflexos na economia de 2<br />

Esta<strong>dos</strong> como o Espírito Santo e a Bahia, que vêem bloqueadas suas possibilidades<br />

de crescimento e de criar um futuro melhor para seus habitantes, afetando, sem<br />

dúvida, e economia do nosso País.<br />

O Brasil ainda não atingiu a necessária e almejada auto-suficiência em<br />

petróleo. Por isso, é tão importante aproveitar todas as possibilidades de explorar<br />

novos campos, em terra ou no mar, que permitirão reduzir a dependência externa de<br />

nosso País.<br />

É inconcebível que uma preocupação ambiental com o Parque Nacional<br />

Marinho de Abrolhos, digno de toda atenção e cuidado em sua preservação, exclua<br />

blocos que se situam a 200 km de distância e sem qualquer influência ambiental<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

sobre a área que se pretende proteger. O processo já era detentor de toda gama de<br />

aprovação por parte <strong>dos</strong> órgãos ambientais nacionais, não existindo assim<br />

explicação plausível para a repentina decisão.<br />

Assim, Sr. Presidente, to<strong>dos</strong>, a bancada do Espírito Santo, a população<br />

capixaba, o movimento Espírito Santo em Ação, conclamamos para que essa<br />

decisão seja revista em tempo hábil, permitindo a participação de blocos da Bacia do<br />

Espírito Santo na quinta rodada de leilões da ANP. Portanto, solicitamos o empenho<br />

de V.Exa. na ajuda pela revisão imediata dessa decisão, que, além de ferir nossa<br />

soberania, compromete o futuro do Brasil e do Espírito Santo.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

A SRA. ALICE PORTUGAL - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB-BA. Pela ordem. Sem revisão da<br />

oradora.) - Sr. Presidente, estou encaminhando requerimento de informações ao<br />

Ministro <strong>dos</strong> Transportes para obter esclarecimentos sobre a privatização das<br />

ferrovias brasileiras ocorrida no Governo privatista do ex-Presidente Fernando<br />

Henrique Car<strong>dos</strong>o, um processo eivado de suspeitas e sem a mínima preocupação<br />

em resguardar os interesses nacionais.<br />

As metas anuais de transporte e de produção estabelecidas nos contratos de<br />

concessão não foram cumpridas pelas concessionárias, que, ao contrário de receber<br />

multas e punições, terminaram tendo suas metas revistas para baixo pela Secretaria<br />

de Transportes Terrestres, do Ministério <strong>dos</strong> Transportes, no curso do Governo<br />

anterior.<br />

Apesar de ter havido aumento médio de 23% no volume transportado desde<br />

1996, quando começou a desestatização do setor, as concessionárias não<br />

cumpriram o mínimo previsto nos contratos. Alegavam em sua defesa que as metas<br />

foram superestimadas e que o País enfrentava uma recessão econômica.<br />

Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o vendeu as malhas oeste, centro-leste, sudoeste,<br />

Teresa Cristina, nordeste, sul e paulista da Rede Ferroviária S.A., entre março de<br />

1996 e novembro de 1998. A mais cara foi a malha sudoeste, que custou 2,2 bilhões<br />

de reais, entre o valor da concessão e do arrendamento — uma espécie de aluguel<br />

—, e foi adquirida pela MRS Logística S.A.<br />

Sr. Presidente, a exemplo das concessionárias de serviços de energia e de<br />

telecomunicações, os grupos priva<strong>dos</strong> que exploram as ferrovias estão forçando<br />

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nosso Governo a redefinir os contratos que assinaram, a alterar a política tarifária, a<br />

financiar seus investimentos e até mesmo a voltar a ser sócio das ferrovias<br />

privatizadas, obviamente, com a participação minoritária e sem poder de decisão.<br />

Na Bahia, o sindicato <strong>dos</strong> ferroviários tem feito reiteradas denúncias em<br />

relação à Ferrovia Centro-Atlântica, mas, lamentavelmente, a situação continua<br />

dramática, com desemprego e desassistência.<br />

Peço ao Ministro <strong>dos</strong> Transportes que, em breve tempo, me responda às<br />

seguintes perguntas: quais as metas estabelecidas nos contratos firma<strong>dos</strong> com cada<br />

uma das concessionárias que exploram as ferrovias privatizadas? Todas as<br />

concessionárias cumpriram tais metas? As que não cumpriram, em que percentuais<br />

deixaram de honrar os termos pactua<strong>dos</strong> e quais penalidades sofrerão? Quantas<br />

linhas ferroviárias de transporte de carga e de passageiros haviam antes da<br />

privatização e quantas há hoje?<br />

Muito obrigada.<br />

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O SR. MURILO ZAUITH - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, ao fazer uso da palavra, não<br />

poderia deixar de registrar meu pesar, e creio de toda a Casa, pela morte do<br />

Embaixador Sérgio Vieira de Mello, um nome de destaque da nossa diplomacia,<br />

que, com sua atuação nas mais importantes missões patrocinadas pela<br />

Organização das Nações Unidas, contribuía para mostrar ao mundo a importância<br />

do Brasil no cenário político internacional, sobretudo em defesa da paz e do não-<br />

intervencionismo.<br />

Feito isto, gostaria de chamar a atenção desta Casa para as discussões em<br />

torno da reforma tributária. O que estamos vendo é o Governo, mais uma vez,<br />

querendo impor sua vontade.<br />

Num primeiro momento, vemos o Presidente Lula chamando os 27<br />

Governadores para trazer ao Congresso uma proposta de reforma tributária<br />

elaborada com o apoio destes. Num segundo momento, assistimos o Governo<br />

retalhando o texto e os próprios Governadores, diante disso, se recusando a se<br />

reunir com os Ministros, formando o início de uma ofensiva contra o relatório do<br />

Deputado Virgílio Guimarães.<br />

O texto da reforma tributária, como aconteceu com o da reforma da<br />

Previdência, mais uma vez foi produzido no Palácio do Planalto. Nele prevalece a<br />

vontade quase que exclusiva da equipe econômica do Governo. Para isso, foram<br />

deixa<strong>dos</strong> de lado os compromissos assumi<strong>dos</strong> com os Governadores, que já se<br />

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queixam que, se for aprovada como está proposto no relatório, a reforma tributária<br />

deixará os Esta<strong>dos</strong> numa situação pior do que a que se encontram.<br />

Faço um apelo aos nobre pares para que nos unamos a fim de garantir que<br />

os Esta<strong>dos</strong> e Municípios sejam ouvi<strong>dos</strong>. Não podemos permitir que o "rolo<br />

compressor" do Palácio do Planalto volte a funcionar e assistamos nossos Esta<strong>dos</strong> e<br />

Municípios se aprofundando em uma crise que, ao final, penalizará toda a<br />

população, que, fatalmente, será chamada a pagar a conta. Nosso povo não<br />

agüenta mais isso.<br />

Temos uma carga tributária das mais pesadas do mundo. E estamos<br />

discutindo uma proposta que nada ameniza essa situação. O Governo acha mais<br />

fácil cobrar mais impostos do que melhorar o desempenho da máquina<br />

arrecadadora, prefere sempre sacrificar a classe média a pôr em prática<br />

mecanismos administrativos e legais para combater a sonegação.<br />

Não podemos permitir que mais um assunto da maior importância para o País<br />

seja tratado à revelia da vontade <strong>dos</strong> segmentos interessa<strong>dos</strong>. O Governo precisa<br />

assimilar que os Governadores e Prefeitos querem contribuir para o<br />

desenvolvimento do País. Ninguém está pensando na sua situação isoladamente,<br />

mas na possibilidade de encontrar um caminho de melhor distribuição da carga<br />

tributária para que a Nação perceba de volta seu imposto, transformado-o na<br />

prestação de serviços que garanta uma melhor qualidade de vida para to<strong>dos</strong>.<br />

Sr. Presidente, solicito que meu pronunciamento seja divulgado no Programa<br />

A Voz do Brasil.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. SANDRO MATOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. SANDRO MATOS (PSB-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) - Sr. Presidente, venho à tribuna informar à Casa que me filiei ao Partido<br />

do Movimento Democrático Brasileiro, o PMDB. Tomei essa decisão, acompanhando<br />

nosso ex-Governador e atual Secretário de Segurança Anthony Garotinho e nossa<br />

Governadora Rosinha Garotinho, pensando em criar condições políticas para a<br />

bancada defender melhor nosso Estado do Rio de Janeiro, principalmente neste<br />

momento em que tramita no Legislativo a proposta de reforma tributária que abre<br />

oportunidade única de se corrigir a questão da distribuição tributária nas 3 esferas<br />

da Federação: municipal, estadual e federal. Distribuição essa que vem sendo<br />

altamente desvantajosa aos interesses de nosso Estado, principalmente no que se<br />

refere à cobrança do ICMS na ponta do consumo de petróleo, quando deveria ser na<br />

origem de produção. Só aí o Tesouro do Estado deixa de arrecadar mais de 1 bilhão<br />

de reais. Agora, com o crescimento da bancada do PMDB, que passa a ser a<br />

segunda maior desta Casa, temos condições de procurar reverter essa injustiça.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, muito me honra estar defendendo a<br />

legenda do PMDB, partido que nasceu do antigo MDB, um movimento que reuniu<br />

todas as forças da sociedade civil organizada para combater o regime militar, que<br />

havia se implantado no País em 1964. O MDB nasceu 1 ano depois, em 1965, com<br />

a extinção de to<strong>dos</strong> os parti<strong>dos</strong> políticos existentes naquela época. É um partido<br />

que, entre outras lideranças, teve no Dr. Ulysses Guimarães um verdadeiro D.<br />

Quixote da política brasileira, pois era feito, conforme definiu San Thiago Dantas, em<br />

um ensaio sobre a obra de Cervantes, de fé intangível, de pureza perfeita, de<br />

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fidelidade, amor, coragem, renúncia, dignidade e determinação, e de um atributo que<br />

a to<strong>dos</strong> define o dom de si mesmo. Assim, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, era o grande<br />

patrono do meu partido.<br />

Portanto, Sr. Presidente, não posso deixar de ressaltar o grande partido que<br />

me acolheu de braços abertos, com a maior dignidade e apoio, o Partido Socialista<br />

Brasileiro, partido de grandes nomes, como João Mangabeira, Jamil Haddad,<br />

Miguel Arraes e Roberto Amaral, a quem quero dar o testemunho de exemplo de<br />

homem público à frente do Ministério da Ciência e Tecnologia. Agradeço também<br />

aos meus companheiros do PSB de São João de Meriti, que tanto me ajudaram<br />

dando um grande apoio nessa luta em prol das causas do Município.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, como uma linha reta é composta pela<br />

interligação de vários pontos, a vida é feita pelo somatório de decisões. Saber<br />

decidir é uma virtude que distingue os homens de sucesso <strong>dos</strong> outros. Para vencer,<br />

temos que ser e fazer, to<strong>dos</strong> os dias.<br />

Como muito bem disse Romain Rolland, autor francês, Prêmio Nobel de<br />

literatura, no início do século passado, em seu livro A história de uma consciência:<br />

“Não que eu atribua à minha consciência uma importância exagerada neste universo<br />

de rapinas, mas por pouco que sejamos, por pouco que façamos, devemos sê-lo e<br />

fazê-lo”.<br />

Meus pares, sempre sou e sempre faço, por isso estou aqui nesta tribuna.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

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O SR. JOÃO FONTES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. JOÃO FONTES (PT-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, amanhã a Comissão Especial da Reforma Tributária votará o relatório do<br />

Deputado Virgílio Guimarães.<br />

Não posso acreditar, Sr. Presidente — e V.Exa. é de Alagoas, Estado<br />

produtor de petróleo —, que Deputa<strong>dos</strong> do Nordeste, de Sergipe, de Alagoas, da<br />

Bahia possam votar a reforma tributária conforme apresentada pelo Relator. Parece-<br />

nos que esse relatório veio voando do Gabinete Civil para que o Deputado Virgílio<br />

Guimarães apenas o assinasse.<br />

Sr. Presidente, S.Exa. se comprometeu em nosso Estado a cobrar o ICMS do<br />

petróleo em 2 para 1, ou seja, dois terços no destino e um terço na origem. Voltaram<br />

atrás nesse acordo. Lembro aos Deputa<strong>dos</strong> e Senadores de Sergipe que, antes <strong>dos</strong><br />

interesses de seus parti<strong>dos</strong> políticos, estão os <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> e os do Brasil.<br />

Os Esta<strong>dos</strong> e Municípios estão quebra<strong>dos</strong>. É preciso uma reforma tributária<br />

justa. É inadmissível que a União fique com toda a arrecadação da CPMF, prevista<br />

em 25 bilhões de reais este ano, e nada dê aos Esta<strong>dos</strong> e Municípios.<br />

Portanto, fica registrado nosso apelo para que os Deputa<strong>dos</strong> do Nordeste se<br />

irmanem nessa luta por uma reforma tributária justa, que proporcione distribuição de<br />

renda.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

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O SR. LUIZ ALBERTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. LUIZ ALBERTO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, em primeiro lugar, associo-me às<br />

homenagens prestadas ao Embaixador Sérgio Vieira de Mello. Conheci-o quando<br />

assumiu o cargo de Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, em<br />

substituição à Dra. Mary Robinson, e também encontrei-o em Brasília na posse do<br />

Presidente Lula.<br />

Sérgio Vieira de Mello cumpriu importante papel não só na diplomacia<br />

brasileira, mas também na internacional. Se sua vida não tivesse sido interrompida,<br />

seria indicado para receber o Prêmio Nobel da Paz, em virtude das tarefas que<br />

desempenhou para a promoção da paz em âmbito internacional. Provavelmente<br />

também seria guindado à condição de próximo Secretário-Geral das Nações Unidas.<br />

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para também render homenagem a<br />

outro brasileiro menos conhecido, dirigente sindical da Associação <strong>dos</strong> Funcionários<br />

Públicos da Universidade Federal da Bahia, que faleceu recentemente. Refiro-me ao<br />

companheiro Daniel Mateus, de 45 anos, cuja vida foi interrompida de forma<br />

absurda, lutando em prol <strong>dos</strong> trabalhadores.<br />

Sr. Presidente, não há dúvidas de que o Brasil vive um momento decisivo.<br />

Neste novo contexto, destaca-se um símbolo do novo modelo de gestão: a<br />

PETROBRAS. Quero deixar registrado meu posicionamento sobre os ataques <strong>dos</strong><br />

últimos dias e das últimas horas ao processo licitatório que a PETROBRAS<br />

recentemente encaminhou.<br />

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Não preciso defender esse processo, uma vez que a PETROBRAS sempre se<br />

comportou de forma legal. Contudo, alguns ainda não aceitaram a idéia de que a<br />

PETROBRAS não pode ser utilizada como moeda política, por interesse de grupos<br />

políticos, como era feito antes do Governo Lula. E defender uma empresa como a<br />

Marítima naquele processo licitatório é defender o crime. A Marítima sempre se<br />

portou na base da ilegalidade nos processos que envolvem a PETROBRAS.<br />

Então, respondendo ao Deputado José Carlos Aleluia, que está se<br />

especializando em atacar a direção da PETROBRAS, afirmo que se esta aceitasse a<br />

Marítima, estaria trilhando uma gestão temerária. Prefiro falar <strong>dos</strong> feitos <strong>dos</strong> últimos<br />

6 meses, em que a PETROBRAS bateu recorde histórico obtendo lucro de mais de 9<br />

bilhões de reais. Isso, sim, deve ser mostrado ao povo brasileiro.<br />

A recente divulgação <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> pela empresa, no primeiro<br />

semestre do Governo Lula, confirmam o que eu afirmei aqui, há algumas semanas:<br />

a nova administração da empresa preenche to<strong>dos</strong> os requisitos e competências<br />

necessários para o sucesso no setor petrolífero brasileiro. Não resta dúvida de que<br />

os nomes escolhi<strong>dos</strong> para preencher as funções de maior relevância agregam<br />

experiência na área, além de amplo trânsito nas questões sociais, um norte para<br />

este Governo.<br />

O lucro líquido consolidado da estatal, nestes primeiros 6 meses da nova<br />

gestão, foi o maior registrado em toda a história da PETROBRAS: mais de<br />

9 bilhões 370 milhões de reais. Este valor significa aumento de cerca de 223% sobre<br />

o mesmo período de 2002. Além disso, há o crescimento de 10,7% na produção<br />

total de óleo e gás natural da companhia, conjugando os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> no Brasil<br />

e no exterior.<br />

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No primeiro semestre de 2003, as importações de petróleo foram 6,7%<br />

menores, ao passo que as exportações de petróleo e deriva<strong>dos</strong> cresceram 3%. Por<br />

conta desses números, no primeiro semestre de 2003, a empresa brasileira transpôs<br />

mais uma fronteira, ao destinar parcela maior de sua produção ao mercado externo.<br />

Através deste procedimento, sem prejuízo do abastecimento interno, a<br />

PETROBRAS obteve seu primeiro superávit comercial em seus quase 50 anos de<br />

existência.<br />

A exuberante performance da PETROBRAS fez com que seu valor de<br />

mercado passasse de 15,5 bilhões de dólares para 20,7 bilhões de dólares. Esta<br />

valorização compatibiliza a empresa com as principais companhias petrolíferas do<br />

mundo.<br />

Ao mesmo tempo, a empresa continua primando pela responsabilidade social,<br />

mantendo-se como a maior contribuinte fiscal do País. Neste primeiro semestre,<br />

entre impostos, contribuições, royalties e participações governamentais, contabilizou<br />

um total de mais de 25 bilhões e 900 milhões de reais. Estes números significam<br />

aumento de arrecadação da ordem de 49%, em comparação com os 6 primeiros<br />

meses de 2002. O pagamento de royalties e participações governamentais cresceu<br />

mais de 88%, e o de impostos e contribuições, mais de 42%.<br />

Esta expansão não reflete apenas o aumento <strong>dos</strong> preços nos merca<strong>dos</strong><br />

interno e externo ou o crescimento da produção de petróleo, mas indica de forma<br />

incontestável que a classe trabalhadora pode ser gestora bem-sucedida do<br />

patrimônio público. Esta administração da PETROBRAS no Governo Lula é exemplo<br />

de que o povo brasileiro tem competência para gerir suas riquezas e ocupar com<br />

grande sucesso os espaços que até então lhe eram nega<strong>dos</strong>.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. MAURO PASSOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. MAURO PASSOS (PT-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, inicialmente, também me solidarizo com a família do Embaixador<br />

Sérgio Vieira de Mello, morto ontem de forma violenta. S.Exa. realizou brilhante<br />

trabalho na diplomacia brasileira em prol da paz.<br />

Aproveito para informar a Casa da audiência pública ocorrida hoje na<br />

Comissão de Ciência e Tecnologia, que culminou com o debate que se vem<br />

desenvolvendo na nossa Capital sobre o software livre. Trata-se de assunto com o<br />

qual to<strong>dos</strong> teremos de nos envolver em virtude da sua importância mundial. Só a<br />

redução de royalties no País será da ordem de 2 bilhões de reais por ano.<br />

Portanto, é imperativo que esta Casa e o próprio Governo Federal assumam o<br />

software livre como uma das grandes projeções futuras para a ciência e para o<br />

desenvolvimento nacional.<br />

Obrigado, Sr. Presidente.<br />

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A SRA. YEDA CRUSIUS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

A SRA. YEDA CRUSIUS (PSDB-RS. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -<br />

Sr. Presidente, requeiro à Presidência desta Casa que o Projeto de Lei nº 922, de<br />

1999, que trata da política de apoio à agricultura familiar, seja analisado também na<br />

Comissão de Economia, Indústria e Comércio da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>.<br />

Obrigada.<br />

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A SRA. DRA. CLAIR - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

A SRA. DRA. CLAIR (PT-PR. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, gostaríamos, neste momento, de manifestar<br />

nossa satisfação em receber mensagem do Governo Federal que retira de<br />

tramitação o Projeto de Lei nº 4.302, de 1998, que trata das terceirizações do serviço<br />

público e do contrato de trabalho.<br />

Esta mensagem contou com apoio da Ordem <strong>dos</strong> Advoga<strong>dos</strong> do Brasil e da<br />

Associação <strong>dos</strong> Advoga<strong>dos</strong> Trabalhistas. Esse projeto precarizava as relações de<br />

trabalho, uma vez que o contrato temporário, hoje de 3 meses, passaria para 9<br />

meses, podendo ser ampliado, o que o tornaria permanente, além de permitir a<br />

terceirização na atividade-fim da empresa e universalizar as relações de trabalho.<br />

Muito obrigada.<br />

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O SR. ARY VANAZZI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. ARY VANAZZI (PT-RS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, em nome do Movimento Nacional de Luta<br />

por Moradia (MNLM), a Central das Cooperativas Habitacionais do Rio Grande do<br />

Sul, o Movimento <strong>dos</strong> Pequenos Agricultores (MPA), o Movimento <strong>dos</strong><br />

Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento <strong>dos</strong> Trabalhadores<br />

Desemprega<strong>dos</strong> (MTD), organizadores da primeira Marcha pela Moradia no Estado<br />

do Rio Grande do Sul, vimos manifestar nossa estranheza pelo descumprimento, por<br />

parte do Ministério da Fazenda, do acordo firmado para a publicação da 5º Portaria<br />

do PSH, conforme segue.<br />

Primeiro, tenho certeza de que é dispensável tecer maiores comentários a<br />

respeito da problemática urbana das cidades brasileiras, fruto da política<br />

desenvolvida pelos governos neoliberais, subordina<strong>dos</strong> ao capital especulativo<br />

internacional.<br />

Segundo, a eleição de um Governo democrático e popular é a esperança de<br />

podermos reconstruir um Brasil para to<strong>dos</strong>.<br />

Terceiro, a criação do Ministério das Cidades é um sinalizador concreto da<br />

vontade deste Governo em apontar políticas públicas para amenizar a dura<br />

realidade urbana.<br />

Quarto, o direito a moradia está consagrado na nossa Constituição Federal,<br />

como um direito social fundamental aos cidadãos brasileiros.<br />

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Quinto, a situação das cidades é precária e atinge principalmente as pessoas<br />

mais pobres. Exemplo disso é o déficit habitacional, quando as famílias que ganham<br />

até 5 salários mínimos representam 85% desse déficit.<br />

Com intuito de contribuir na busca de solução para o grave problema<br />

apontado, desde o início do Governo Lula, vimos apresentando as experiências das<br />

cooperativas habitacionais no Rio Grande do Sul como uma forma de amenizar o<br />

grande déficit habitacional. Propomos que as cooperativas, como agentes<br />

promotores da política habitacional, estabeleçam parcerias com os governos,<br />

principalmente os comprometi<strong>dos</strong> com a questão social.<br />

Para reforçar essa política e evitar o apadrinhamento da velha política<br />

clientelista e assistencialista da maioria das Prefeituras, propusemos como pauta<br />

central da Marcha pela Moradia, realizada no início do mês de julho, que o Ministério<br />

da Fazenda publicasse, imediatamente, a 5º Portaria do PSH, possibilitando às<br />

cooperativas, urbanas e rurais, acessar diretamente o PSH.<br />

No dia 9 de julho, durante a ocupação do prédio do Ministério da Fazenda do<br />

Rio Grande do Sul, houve muita negociação em Brasília, com a representação da<br />

Marcha pela Moradia e o Governo Federal, representado pelo Ministério da Fazenda<br />

e das Cidades. Nessas negociações ficou acordado que seria possibilitado às<br />

cooperativas, urbanas e rurais, acessar o PSH diretamente.<br />

Causou-nos indignação e revolta, quando tivemos conhecimento, dia 11 de<br />

agosto de 2003, da publicação da portaria do PSH, que acabou excluindo as<br />

cooperativas habitacionais urbanas de acessar diretamente o programa. Esse recuo<br />

do Ministério da Fazenda forçosamente fará com que os movimentos populares<br />

retomem as mobilizações com muito mais intensidade nos próximos dias.<br />

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Nesse sentido, venho manifestar nosso descontentamento pelo<br />

descumprimento do acordo. Solicitamos ao Ministério da Fazenda que estude a<br />

possibilidade de mudança imediata da portaria publicada.<br />

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O SR. CORIOLANO SALES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. CORIOLANO SALES (PFL-BA. Pela ordem. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, cada vez mais cresce a<br />

convicção de que a proposta de reforma tributária aumenta a carga tributária, já<br />

bastante elevada.<br />

Ademais, consolida-se a concentração tributária no Brasil com o controle do<br />

ICMS pela União. A transferência do ITR — cobrança e arrecadação — para os<br />

Esta<strong>dos</strong> favorece alguns Esta<strong>dos</strong> e, para outros, nada ou muito pouco representará.<br />

Os Esta<strong>dos</strong> serão beneficia<strong>dos</strong> com o imposto sobre transmissão de bens causa<br />

mortis e doações, em caráter progressivo, de acordo com os graus de parentesco.<br />

A concentração tributária é manifesta em face do monopólio da arrecadação<br />

da CIDE e da CPMF, esta transformada em imposto sobre movimentação financeira,<br />

cuja partilha a União se recusa a admitir. Esta é uma questão de fundo da reforma<br />

tributária, que, em verdade, é mais uma “meia-sola” do que propriamente uma<br />

reforma verdadeira do sistema tributário, que é alterado única e exclusivamente para<br />

beneficiar o caixa da União.<br />

Com a pseudo-reforma, a carga tributária passará para mais de 40% do PIB,<br />

o que é uma violência contra os contribuintes. É, portanto, imprescindível que seja<br />

dividida a arrecadação da CIDE e da CPMF entre União, Esta<strong>dos</strong> e Municípios.<br />

Enquanto não é feita uma reforma tributária profunda, não há dúvida de que os<br />

entes federativos precisam participar da arrecadação da CIDE e da CPMF, que são<br />

impostos de larga possibilidade arrecadatória. Não é, pois, justo que apenas a União<br />

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seja beneficiada com a CIDE e com a CPMF, que cumularão os cofres do Tesouro<br />

Nacional com grandes somas.<br />

Outro aspecto da falsa reforma tributária é o que restringe a aplicação <strong>dos</strong><br />

benefícios fiscais a um prazo de 8 anos, mesmo os anteriormente concedi<strong>dos</strong>. Isso é<br />

inaceitável. Os Esta<strong>dos</strong> do Nordeste, do Norte e até do Centro-Oeste carecem <strong>dos</strong><br />

incentivos fiscais. E os benefícios fiscais já concedi<strong>dos</strong>? Essa limitação protege os<br />

Esta<strong>dos</strong> ricos contra os interesses <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> pobres ou mais pobres, que não<br />

conseguiram industrializar-se e, portanto, criar massa salarial em decorrência de um<br />

grande volume de empregos e de melhoria da renda individual.<br />

A proposta de reforma tributária, na versão do último parecer, é ruim, porque<br />

pune Esta<strong>dos</strong> e Municípios, favorece a União e amplia a escorcha sobre os<br />

contribuintes. É preciso modificá-la.<br />

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O SR. REINALDO BETÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. REINALDO BETÃO (Bloco/PL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, venho a esta tribuna para<br />

manifestar minha indignação com a atitude da Prefeita do Município de Magé, no Rio<br />

de Janeiro, onde fui eleito e sou domiciliado. Numa demonstração de perseguição<br />

política, ontem, ela chegou ao cúmulo de mandar tampar, com tinta preta, meu nome<br />

em uma homenagem que fiz, num outdoor, ao meu finado pai, além de destruir as<br />

faixas de manifestação que espalhamos na cidade, relacionadas às atividades<br />

sociais e culturais do Município. E a Prefeita pretende se filiar ao PT, partido do<br />

Presidente da República, o qual vê com veemência tal atitude. Mas ela é ditadora e<br />

vem nos perseguindo politicamente.<br />

Já protocolei representação contra a Prefeita do Município por abuso de<br />

poder. Magé, cidade que tem quase 138 anos, é o lugar onde resido, mantenho<br />

negócios e é a região pela qual fui eleito, mas não posso me manifestar<br />

publicamente lá a favor das atividades sociais e culturais promovidas no Município.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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O SR. PAULO MAGALHÃES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. PAULO MAGALHÃES (PFL-BA. Pela ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, há algum tempo, a sociedade<br />

brasileira clama por reformas. Nós, do PFL, usando da coerência que norteia o<br />

partido, não nos furtamos em um só momento a apoiar decisivamente a reforma<br />

previdenciária. Tínhamos convicção de sua importância para o País, e o povo a<br />

cobrava desta Casa.<br />

Hoje, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, defrontamo-nos com a reforma<br />

tributária, um texto que só beneficia a União, em detrimento de Esta<strong>dos</strong> e<br />

Municípios. Como nós, que apoiamos e fomos decisivos para a aprovação, em<br />

primeiro turno, da reforma previdenciária, podemos manter a mesma posição, se<br />

estamos assistindo à revolta de Esta<strong>dos</strong> e Municípios, por terem sido esqueci<strong>dos</strong><br />

em reforma tão importante ao País?<br />

A CPMF foi aprovada e, de provisória, tornou-se permanente. Aliás, vale<br />

ressaltar, eles eram contra a CPMF, mas hoje são a favor dela; nós, que éramos a<br />

favor e a aprovamos, na época, queremos continuar com o mesmo posicionamento.<br />

Mas precisamos alertar o Governo, o Ministro José Dirceu, tão importante<br />

mentor das ações governamentais, para que olhe os Municípios com mais carinho e<br />

mais atenção; para que permita que os Esta<strong>dos</strong> participem efetivamente da divisão<br />

do bolo e, também, segundo dispõe a Constituição, <strong>dos</strong> 25% da CIDE.<br />

Ora, como nós, nordestinos, que tanto ajudamos o Governo, podemos aceitar<br />

que nossos Esta<strong>dos</strong> fiquem sem incentivos fiscais, que atraem emprego e empresas<br />

aos nossos Esta<strong>dos</strong>, o que gera renda e ajuda a melhorar a qualidade de vida do<br />

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povo da Bahia, por exemplo? E não podemos aceitar que se retirem da CPMF os<br />

recursos do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza — proposta do Senador<br />

Antonio Carlos Magalhães —, que é uma marca do Congresso Nacional e que tem<br />

sido elemento importante para que o Governo cumpra os compromissos sociais, que<br />

ainda são muitos. É com os recursos desse fundo que o Governo tem resgatado<br />

parte da grande dívida social.<br />

Por isso, venho a esta tribuna rogar ao Governo e ao grande Presidente Lula<br />

que não tiremos a esperança do povo brasileiro, que continua acreditando no<br />

Presidente, mas cobra dele os compromissos de campanha.<br />

Neste momento, nós to<strong>dos</strong>, do Congresso Nacional, uni<strong>dos</strong>, alertamos o<br />

Presidente e os Ministros para o fato de que não podemos aceitar que Municípios,<br />

Esta<strong>dos</strong> e o povo brasileiro sejam esqueci<strong>dos</strong>.<br />

Muito obrigado.<br />

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O SR. LOBBE NETO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. LOBBE NETO (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, quero fazer uma reclamação, nos termos <strong>dos</strong> arts. 96 e 137 do<br />

Regimento Interno da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>.<br />

Consulto V.Exa. sobre se esta Casa recebeu a Mensagem nº 309, de 4 de<br />

julho do corrente, que dispõe sobre o encaminhamento ao Congresso Nacional do<br />

texto de projeto de lei que altera dispositivos da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de<br />

1990, que dispõe sobre o Regime Jurídico <strong>dos</strong> Servidores Públicos Civis da União,<br />

das Autarquias e das Fundações Públicas Federais. Foi feita a publicação no Diário<br />

Oficial da União no dia 7 de julho de 2003 e também em outro jornal.<br />

Espero que a Mesa possa nos responder por que isso ainda não foi publicado<br />

na Casa e em que fase de tramitação está o projeto.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Esta Presidência registra a presença na<br />

<strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> do Deputado Andrés Guzmán, da Bolívia, representante do<br />

Grupo Interparlamentar Boliviano-Brasileiro. (Palmas.)<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. CARLOS MOTA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. CARLOS MOTA (Bloco/PL-MG. Pela ordem. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, apresentei à Casa ontem o<br />

Projeto de Lei nº 1.745, que torna obrigatória a calibração de instrumentos,<br />

equipamentos e sistemas utiliza<strong>dos</strong> na realização de exames médicos ou emissão<br />

de lau<strong>dos</strong> por prestadores de serviço, de natureza pública ou privada, tais como<br />

laboratórios, hospitais, clínicas, consultórios e postos de saúde e profissionais das<br />

áreas médica e odontológica.<br />

A proposição objetiva a proteção da sociedade no que tange à utilização de<br />

instrumentos, equipamentos e sistemas emprega<strong>dos</strong> em exames e diagnósticos<br />

médicos, odontológicos e fisioterapêuticos, bem como para emissão de lau<strong>dos</strong> e<br />

relatórios <strong>dos</strong> mais diversos prestadores de serviços, públicos e priva<strong>dos</strong>, físicos e<br />

jurídicos, como os descritos acima.<br />

No meu entendimento — e acredito que grande parte da sociedade concorda<br />

comigo —, é de suma importância que se torne obrigatório o controle metrológico<br />

sobre instrumentos, equipamentos e sistemas utiliza<strong>dos</strong> para emissão de<br />

diagnósticos, pois a metrologia, ciência que estuda a confiabilidade das medições e<br />

<strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> emiti<strong>dos</strong> por esses aparelhos e sistemas estabelece que to<strong>dos</strong> eles<br />

trazem consigo um erro intrínseco inerente à qualidade <strong>dos</strong> materiais emprega<strong>dos</strong><br />

em sua construção e, portanto, devem ficar sujeitos a fiscalização e controle<br />

metrológico quanto a sua utilização e grau de qualidade.<br />

No Brasil, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade<br />

Industrial — INMETRO, autarquia federal vinculada ao Ministério do<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Desenvolvimento, criada pela Lei n.º 5.966, de 11 de dezembro de 1973,<br />

primeiramente denominado Instituto Nacional de Pesos e Medidas — INPM, com<br />

sede em Brasília e com o Laboratório Nacional de Metrologia situado no Município<br />

de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, é o órgão executor central do Sistema Nacional<br />

de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, que tem por finalidade a<br />

execução, em todo o território nacional, da política de metrologia legal, científica e<br />

industrial, de normalização industrial e de certificação de qualidade de produtos<br />

industriais, de acordo com as normas baixadas pelo Conselho Nacional de<br />

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial — CONMETRO, conforme dispõe o<br />

Decreto n o 74.206, de 4 de fevereiro de 1977.<br />

A Resolução n o 01/82, de 27 de abril de 1982, do CONMETRO, em seu<br />

Capítulo III, preceitua que os instrumentos de medir que tenham sido objeto de ato<br />

normativo, quando forem utiliza<strong>dos</strong> na concretização ou na definição do objeto de<br />

atos e negócios jurídicos de natureza comercial, civil, trabalhista, fiscal, parafiscal,<br />

administrativa e processual, deverão, obrigatoriamente, ter o seu modelo aprovado<br />

pelo INMETRO, corresponder ao modelo aprovado e sujeitar-se a calibrações<br />

periódicas.<br />

Pelo proposto, a obrigatoriedade acerca das calibrações periódicas refere-se,<br />

de forma sucinta, aos instrumentos médico-hospitalares e odontológicos e insere os<br />

casos de análises químicas e biológicas realizadas pelos mais diversos prestadores<br />

de serviços instala<strong>dos</strong> no País. Portanto, o que se propõe aqui é que haja atuação<br />

mais eficaz do Governo Federal, por intermédio <strong>dos</strong> seus órgãos de fiscalização,<br />

sobre instrumentos, equipamentos, sistemas, processos etc., utiliza<strong>dos</strong> para<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

emissão de lau<strong>dos</strong> ou relatórios que servirão de base para diagnósticos na área<br />

médica e odontológica.<br />

Analisando o tema em pauta, podemos observar no nosso dia-a-dia que em<br />

tudo temos de fazer pequenos ajustes para a devida correção. E muitos seriam os<br />

exemplos a mencionar, nas mais distintas áreas de atuação, com ou sem<br />

fiscalização do Governo, tais como: calibrar o pneu do carro, ajustar o relógio,<br />

calibrar a balança, o taxímetro, a bomba de gasolina, o medidor de energia elétrica,<br />

o hidrômetro, o bafômetro, o tacômetro (medidor de velocidade), o voltímetro, o<br />

amperímetro, o bloco padrão, o metro, a rosca etc. Inclusive, pode ser observado<br />

que, comparativamente, de to<strong>dos</strong> os instrumentos hoje controla<strong>dos</strong> e fiscaliza<strong>dos</strong><br />

pelo Governo Federal, talvez os instrumentos médicos e odontológicos sejam os<br />

mais importantes, em termos de significado e repercussão socioeconômica, porque<br />

já foi verificada a ocorrência de aparelhos de esfigmomanômetro (medidor de<br />

pressão) com erro de aproximadamente 50%. Ou seja, o paciente vai se consultar<br />

com um médico, encontra-se com a pressão normal, mas é analisado por um<br />

instrumento deficitário, o que pode resultar em tratamento indevido, chegando-se,<br />

até mesmo, a risco de vida.<br />

Portanto, Sras. e Srs. Parlamentares, a aprovação desta proposição traz bem<br />

incomensurável para toda a sociedade, principalmente para a população mais<br />

carente, protegendo a vida humana. Não é justo que, por falta de iniciativa do<br />

Congresso Nacional, o Estado mantenha a omissão diante de fato de natureza tão<br />

relevante para a proteção da vida humana e que reduz os custos de tratamentos<br />

médicos e odontológicos, evita erros médicos — como os casos recentemente<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

noticia<strong>dos</strong> envolvendo UTIs, incubadoras neonatal, tratamento de hemodiálise, entre<br />

outros — e responde aos clamores da sociedade.<br />

Entre outros equipamentos, instrumentos, sistemas ou processos que seriam<br />

fiscaliza<strong>dos</strong> e controla<strong>dos</strong> poderíamos citar: o esfigmomanômetro, o<br />

eletrocardiograma, o aparelho de encefalograma, a tomógrafo, o aparelho de Raios<br />

X, o aparelho para prova de função pulmonar, os aparelhos utiliza<strong>dos</strong> nos mais<br />

diversos exames químicos e biológicos (para análise de sangue, urina, fezes,<br />

biópsia), as incubadoras etc., o que sem dúvida vai proporcionar maior<br />

confiabilidade aos resulta<strong>dos</strong>, além de proporcionar aos profissionais da área de<br />

saúde (médicos, dentistas, enfermeiros, bioquímicos, fisioterapeutas) diagnóstico<br />

seguro para o seu paciente.<br />

Por fim, acrescento que to<strong>dos</strong> serão beneficia<strong>dos</strong> com a aprovação desta<br />

proposição: o Congresso Nacional, beneficiado pela tutela da saúde da população; o<br />

Governo Federal, pelo desempenho social e econômico alcançado pela proposta,<br />

com suporte na confiabilidade das instituições prestadoras de serviço; a sociedade,<br />

pela garantia da qualidade <strong>dos</strong> serviços presta<strong>dos</strong>; e os profissionais de saúde, pela<br />

confiabilidade <strong>dos</strong> diagnósticos constantes <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> a serem analisa<strong>dos</strong>.<br />

Conto com o empenho e a dedicação <strong>dos</strong> nobres pares desta Casa para a<br />

aprovação deste projeto do lei.<br />

Muito obrigado a to<strong>dos</strong>.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. ROBSON TUMA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. ROBSON TUMA (PFL-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, venho à tribuna, na condição de Parlamentar brasileiro preocupado com<br />

os incidentes na área de segurança ocorri<strong>dos</strong> nos últimos dias no País, mais<br />

especificamente em Itu, no meu Estado, São Paulo, onde foi assassinado o<br />

empresário Nelson Schincariol, parabenizar a Polícia por já ter prendido um<br />

suspeito, o que mostra que atua com eficiência.<br />

Mas quero deixar clara a minha preocupação e a <strong>dos</strong> meus pares com o<br />

assassinato desse grande empresário paulista. Não basta simplesmente<br />

prendermos aqueles que o mataram. A Schincariol atravessava grande processo de<br />

mudança de marca, sob o comando do grande marqueteiro Eduardo Fischer. Tal<br />

processo de mudança, é claro, pode ter levado ao assassinato do grande<br />

empresário.<br />

Estamos à disposição da Polícia Civil do Estado de São Paulo para todo e<br />

qualquer apoio político. Sei que o Governador e o Secretário de Justiça já tomaram<br />

todas as providências para prender quem matou o empresário e os mandantes do<br />

crime. Os indícios são óbvios de que não se trata apenas de simples tentativa de<br />

assalto.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. ALMIR MOURA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. ALMIR MOURA (Bloco/PL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, solidarizo-me com o Deputado Reinaldo<br />

Betão, que teve a memória de seu pai aviltada em um outdoor em Magé. Esse fato<br />

mostra que a política da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, ainda é feita nos<br />

moldes da truculência. Há pessoas na região que querem mostrar poder e que têm<br />

preocupação política.<br />

Sr. Presidente, externo ainda minha tristeza com a mudança do músico<br />

Hermeto Pascoal do bairro Jabour, no Rio de Janeiro, para Curitiba. Segundo o<br />

músico, ele não suporta mais os tiroteios, a guerra do tráfico na região. Em uma<br />

localidade próxima, denominada Sapa, existe uma guerra entre o Comando<br />

Vermelho e o Terceiro Comando.<br />

Lamento, porque era um orgulho para a zona oeste ter Hermeto Pascoal<br />

como residente, sobretudo para a comunidade do Bairro Jabour. Fui vizinho de<br />

Hermeto Pascoal, que está de mudança porque não suporta mais os tiroteios na<br />

região. Isso é triste para nós, do Rio de Janeiro.<br />

Apelo para a Governadora do Estado e para o Secretário de Segurança, a fim<br />

de que, quem sabe, garantam a segurança de Hermeto Pascoal e de sua família,<br />

para que ele permaneça naquele bairro, do qual já se tornou referência, e se<br />

manifestem pela imprensa a respeito desse episódio.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PASTOR REINALDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. PASTOR REINALDO (PTB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, inicialmente congratulo-me com a população da cidade de Santo<br />

Ângelo, no Rio Grande do Sul, onde nos próximos dias será realizada a Feira<br />

Nacional do Milho. Parabenizo o Prefeito Municipal, Dr. José Lima Gonçalves, e toda<br />

a sua equipe pela realização do evento.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a exemplo de outras vezes,<br />

compareço a esta tribuna para manifestar indignação. Lembro a to<strong>dos</strong> que a<br />

realidade só pode ser transformada se diante dela nos indignamos e conseguimos<br />

agir de forma lúcida a partir deste sentimento.<br />

Fato ocorrido em São Paulo, nos últimos dias, deixou-me a princípio pasmo<br />

e, logo depois, indignado. Não se trata da indignação irresponsável de quem sai<br />

atirando pedras, mas daquela capaz de levar a consciência humana à reflexão, ao<br />

repensar de suas práticas, ao redirecionamento de suas atitudes.<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o jornal Diário do Comércio estampou em primeira<br />

página, no último dia 31 de julho, a foto de um homem ensangüentado, boquiaberto,<br />

de olhar perdido. “O que poderia ter acontecido a ele?” — poderíamos perguntar<br />

diante da foto.<br />

Respostas, muitas seriam possíveis num país em que a violência ganha<br />

proporções assustadoras. Mas a que vimos naquelas páginas, nobres colegas, é no<br />

mínimo surpreendente. Jorge Galvão, o homem ensangüentado, é dono de uma<br />

lanchonete e foi agredido por não fechar as portas de seu comércio para atender às<br />

determinações <strong>dos</strong> camelôs da Rua 25 de Março, em São Paulo. Os camelôs que ali<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

atuam ? de forma ilegal, é bom que se diga ? reagiram duramente diante da ação<br />

da Prefeitura em defesa <strong>dos</strong> comerciantes legaliza<strong>dos</strong>, determinando a interrupção<br />

do comércio de rua naquele local.<br />

Poderíamos, de forma incauta, alegar que os camelôs têm direito de se<br />

manifestar, afinal só querem trabalhar. Mas conclamo to<strong>dos</strong> para uma necessária<br />

reflexão: é justa e legítima a manifestação daquelas pessoas sem trabalho, muito<br />

embora o trabalho informal certamente não contribua para melhorar as condições<br />

<strong>dos</strong> brasileiros tanto quanto a atividade formal. Há de se buscar uma solução, pois,<br />

assim como aqueles que exercem o comércio formal, os camelôs precisam manter<br />

sua família. Mas é necessário que a solução não seja conivente com a pirataria, com<br />

a sonegação, com ilicitudes que, fomentando a economia informal, colocam em risco<br />

a situação das pessoas.<br />

Portanto, a manifestação é compreensível e convém. Mas não convém a<br />

to<strong>dos</strong>, e isso não foi compreendido por aqueles que atiraram latas e garrafas no<br />

comerciante da foto. Cabe aqui a sabedoria das palavras do apóstolo Paulo, em sua<br />

primeira Epístola aos Coríntios: “Tudo é permitido, mas nem tudo convém; tudo é<br />

permitido, mas nem tudo edifica”.<br />

O País atravessa momento difícil. São muitas as manifestações, e são<br />

naturais porquanto o povo tem pressa. Foram-lhe usurpa<strong>dos</strong>, nas últimas décadas,<br />

direitos elementares. De um lado, uma minoria com muito; de outro, uma maioria<br />

quase sem nada.<br />

Diante disso, são de extrema importância os movimentos sociais, as<br />

manifestações da vontade popular a apontar as direções necessárias e o novo jeito<br />

de caminhar. Afinal, toda e qualquer manifestação, todo e qualquer protesto é lícito,<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

pois a liberdade de expressão nos é garantida pela Lei Magna do País. Mas é bom<br />

lembrar que, ainda que convenha a alguns, a manifestação pode não convir a<br />

outros. E, na medida em que não convenha a to<strong>dos</strong>, o direito de se manifestar ou<br />

não deve caber a uns e outros, distintamente.<br />

Entretanto, o fato ocorrido nos últimos dias em São Paulo mostra que nem<br />

to<strong>dos</strong> sabem fazer essa distinção. Fica claro ali que não está sendo garantido o<br />

direito supremo de calar, de se manter à margem desta ou daquela manifestação. E<br />

isso não edifica, não constrói, nobres colegas.<br />

É por esta razão que aqui venho manifestar minha indignação e clamar por<br />

discernimento. Que to<strong>dos</strong> aqueles que me ouvem repensem suas atitudes,<br />

compreendam a magnitude da expressão “respeito ao próximo”. Que saibamos<br />

to<strong>dos</strong> distinguir o que é permitido, o que convém e o que edifica. Só assim<br />

poderemos construir uma nação de fato livre, justa e solidária, como prevê a Carta<br />

Magna.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. JOÃO GRANDÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. JOÃO GRANDÃO (PT-MS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Mato Grosso do Sul tem a<br />

segunda maior população indígena País, com mais de 50 mil pessoas, e com isso<br />

grandes problemas que afetam grande parte das aldeias, principalmente as <strong>dos</strong><br />

guarani-kaiowá, no sul do Estado.<br />

Além da fome, da desnutrição, do suicídio e da falta de terra para todas as<br />

famílias, o trabalho nas usinas de álcool e açúcar sempre despertou polêmica,<br />

devido à forma como são elabora<strong>dos</strong> os contratos de trabalho.<br />

Para resolver o problema da exploração da mão-de-obra indígena nas usinas<br />

de álcool está sendo realizada, pela primeira vez em uma reserva indígena do País,<br />

audiência pública, contando com a participação do Ministro Lélio Bentes, do Tribunal<br />

Superior do Trabalho. Ao todo são 66 audiências entre os usineiros que empregam<br />

os indígenas e que estão com questões pendentes na Justiça.<br />

Esta audiência é um indicativo de que a problemática indígena tem solução,<br />

pois a luta iniciada há décadas pelo líder Marçal de Souza, assassinado em 1983,<br />

não foi em vão.<br />

Apesar das condições em que vivem os índios do Mato Grosso do Sul, temos<br />

muito a comemorar, como a demarcação da área do Panambizinho, que<br />

definitivamente vai para as mãos <strong>dos</strong> índios, e, por último, a aprovação da lei que<br />

cria o sistema de cotas para índios na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul<br />

(UEMS). Inclusive, quero destacar a aprovação pela Comissão de Educação e<br />

Cultura desta Casa de nosso pedido para a realização de audiência pública para<br />

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discutir a política de cotas para as universidades públicas brasileiras, contemplando<br />

to<strong>dos</strong> os índios do País.<br />

O Estado do Mato Grosso do Sul está dando exemplo positivo para toda a<br />

Nação, ao possibilitar o ingresso na UEMS das minorias excluídas pelo vestibular,<br />

que privilegia as pessoas com maior poder aquisitivo e que têm a oportunidade de<br />

estudar em escolas particulares e freqüentar cursinhos pré-vestibulares.<br />

Já no próximo vestibular da UEMS, marcado para acontecer em dezembro,<br />

está reservada cota de 20% das vagas em to<strong>dos</strong> os cursos para negros e 10% para<br />

índios. Esta conquista está prevista na Lei Estadual 2.605, de autoria do Deputado<br />

Estadual Pedro Kemp, do PT, luta esta que acompanhamos desde o inicio, quando<br />

hipotecamos nosso apoio à luta pela inclusão das minorias raciais e étnicas na<br />

universidade.<br />

Na condição de membro do Núcleo de Parlamentares Negros desta Casa,<br />

aproveitamos para ressaltar a importância desta conquista, que não é só do Mato<br />

Grosso do Sul, mas também de to<strong>dos</strong> os movimentos sociais liga<strong>dos</strong> às questões<br />

raciais e étnicas.<br />

Queremos também registrar a criação pela Universidade de uma comissão de<br />

estu<strong>dos</strong> para regulamentar a reserva das vagas, a fim de evitar problemas como os<br />

que ocorreram na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que também<br />

adotou o sistema de cotas, mas esteve envolvida na polêmica sobre a identificação<br />

da cor da pele, que era feita por declaração do próprio candidato.<br />

Com a aprovação do sistema de cotas na UEMS, o Mato Grosso do Sul, que<br />

tem importante parcela de sua população com descendência africana, várias<br />

comunidades de quilombolas e população indígena que supera 50 mil pessoas, sem<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

sombra de dúvidas, dá um grande exemplo para as demais universidades estaduais<br />

e federais do País.<br />

Ressalto que a comissão criada para avaliar as inscrições <strong>dos</strong> negros é<br />

composta por representantes do Movimento Negro, indica<strong>dos</strong> pelo Conselho<br />

Estadual de Defesa <strong>dos</strong> Direitos do Negro e pelo Fórum Permanente de Entidades<br />

do Movimento Negro do Mato Grosso do Sul, e, no caso <strong>dos</strong> índios, haverá a<br />

participação da FUNAI, que fornecerá declaração de descendência indígena e étnica<br />

em conjunto com uma Comissão Étnica criada em cada comunidade.<br />

Este é um momento de comemoração, porque a democracia racial e étnica<br />

está se concretizando no Mato Grosso do Sul, Estado que temos o orgulho de<br />

representar nesta Casa.<br />

Sr. Presidente, solicito que o meu pronunciamento seja divulgado pelos<br />

órgãos de comunicação da Casa<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. ZICO BRONZEADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. ZICO BRONZEADO (PT-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, quero, inicialmente, saudar o Deputado boliviano que nos visita hoje e<br />

que vem de uma cidade boliviana próxima da minha cidade. S.Exa. é da cidade de<br />

Cobija, na Bolívia, e eu sou de Brasiléia, no Acre. É com muita satisfação que<br />

recebo o Deputado boliviano, porque somos da mesma região, a Amazônia, e<br />

somos vizinhos.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, é chegada a hora de o Governo<br />

Federal honrar a dívida histórica que tem com o Estado do Acre. Durante muitos<br />

anos nosso Estado foi quase que esquecido pela União. Digo quase porque, para<br />

não dizer que o Estado estava totalmente abandonado, mingua<strong>dos</strong> recursos da<br />

União eram para lá carrea<strong>dos</strong>, como forma de barganhar interesses políticos em<br />

troca de votos <strong>dos</strong> Parlamentares acreanos para viabilizar a manutenção da força<br />

hegemônica das regiões mais desenvolvidas de nosso País.<br />

Como meus pares nesta Casa são sabedores, o desenvolvimento de uma<br />

região e a diminuição das desigualdades socioeconômicas somente são viabiliza<strong>dos</strong><br />

com investimento planejado em setores estratégicos, como forma de alavancar o<br />

setor produtivo gerador de emprego e renda, que promove a inserção social e<br />

econômica das pessoas, melhorando a qualidade de vida da população.<br />

Sr. Presidente, temos plena convicção de que o Presidente Lula resgatará<br />

essa dívida e desempenhará papel importante na liberação de recursos para o Acre,<br />

pois nosso Presidente conhece bem os problemas enfrenta<strong>dos</strong> pelo povo do nosso<br />

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Estado, porque lá esteve por dezenas de vezes, constatando in loco a nossa<br />

realidade.<br />

Nesse sentido, em recente audiência no Ministério do Planejamento,<br />

Orçamento e Gestão, realizada em Brasília, com a bancada parlamentar federal do<br />

Acre, contando ainda com a presença da maioria <strong>dos</strong> Prefeitos acreanos, o Ministro<br />

Guido Mantega anunciou, em primeira mão, que estarão contempla<strong>dos</strong> no Plano<br />

Plurianual de investimentos do Governo Lula, entre os anos de 2004 e 2007,<br />

investimentos importantes em obras de infra-estrutura no Acre, dentre elas o<br />

asfaltamento da BR-364, de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, rodovia que corta o<br />

Estado de leste a oeste; o asfaltamento da BR-317, no trecho compreendido entre<br />

Rio Branco e Boca do Acre, no Estado do Amazonas; a construção das pontes<br />

internacionais de Brasiléia, ligando o Brasil à Bolívia, e de Assis Brasil, ligando o<br />

Brasil ao Peru; e a construção da terceira ponte de Rio Branco, que vai ligar o anel<br />

viário da BR-364 entre os dois distritos da Capital acreana.<br />

Sr. Presidente, em Esta<strong>dos</strong> como o Acre, onde a iniciativa privada ainda é<br />

incipiente, o Governo Federal tem papel indispensável e fundamental no<br />

estabelecimento de uma infra-estrutura básica de transportes e energia, que, aliada<br />

a uma política de incentivos, garanta as condições para que os setores produtivos<br />

possam crescer e prosperar, rumo ao desenvolvimento sustentável da região.<br />

A base planificada para a alavancagem do desenvolvimento já se encontra<br />

disponível no Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Acre, onde estão<br />

definidas as áreas potenciais e os principais indicativos para os investimentos e<br />

execução de atividades produtivas, vislumbrando a otimização <strong>dos</strong> recursos<br />

naturais, materiais e humanos existentes.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Juntamente com as forças da União, o Governo do Acre, na pessoa esforçada<br />

e competente do Governador Jorge Viana e de sua equipe, com certeza dará novos<br />

rumos ao tão sonhado desenvolvimento sustentável de nosso Estado.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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ordem.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

A SRA. ALMERINDA DE CARVALHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela<br />

O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

A SRA. ALMERINDA DE CARVALHO (PSB-RJ. Pela ordem. Pronuncia o<br />

seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, durante a convocação<br />

extraordinária desta Casa, tivemos a oportunidade de discutir inúmeros projetos,<br />

muitos deles volta<strong>dos</strong> para a questão da violência, em especial o projeto que trata<br />

do desarmamento, do porte de armas.<br />

Porém, de uma hora para outra, o que era extremamente urgente e<br />

necessário, por questões outras, entram em compasso de espera, dando-se<br />

especial destaque a outros projetos, como se a causa da violência não fosse<br />

deveras preocupante.<br />

Ora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, é claro que as reformas da<br />

Previdência, tributária e política são urgentes, porém essas matérias encontram-se<br />

tramitando há muito tempo, e seus méritos não guardam relação estreita com a<br />

preservação e a defesa do maior bem que o Estado tem a tutelar: a vida do cidadão.<br />

Por causa <strong>dos</strong> números alarmantes da violência em nosso País, venho a esta<br />

tribuna apelar para V.Exa., Presidente desta Casa, e para to<strong>dos</strong> os Parlamentares, a<br />

que nos mobilizemos no sentido de dar tratamento prioritário na votação das<br />

matérias que visem coibir a violência em nosso País, pois seu mérito não tem<br />

caráter econômico e financeiro e sim de preservação e de proteção da vida de<br />

tantos inocentes.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O Sr. João Caldas, § 2º do art. 18 do Regimento<br />

Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada<br />

pelo Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. ROMEL ANIZIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. ROMEL ANIZIO (PP-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, destaco a importante contribuição do Partido<br />

Progressista no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pelo qual<br />

passaram nossos companheiros Francisco Turra e Pratini de Morais. Mesmo não<br />

sendo do nosso partido, o Ministro Roberto Rodrigues realiza brilhante trabalho à<br />

frente daquela Pasta, dando tudo de si para que o setor de agricultura e pecuária<br />

continue evoluindo.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, nestes 12 anos de mandato, na<br />

condição de membro integrante da Comissão de Agricultura e Política Rural, temos<br />

participado intensamente <strong>dos</strong> debates e atividades do Colegiado, sempre com o<br />

propósito de apoiar e fortalecer a atividade econômica rural, sobretudo as<br />

populações que dela dependem.<br />

Venho a esta tribuna hoje salientar que nosso trabalho não tem sido em vão:<br />

da<strong>dos</strong> recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que<br />

o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro cresceu 5,3% de janeiro a<br />

maio, enquanto que o da indústria retraiu-se em 0,1%. Ademais, projeções da<br />

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontam PIB de R$446,7<br />

bilhões para o agronegócio no final do ano, o que equivale ao dobro do apurado até<br />

o mês de maio do ano 2002.<br />

De acordo com matéria intitulada Agricultura Salva Economia, publicada no<br />

jornal Estado de Minas, em 13 de agosto último, assinada por Ciara Albernaz, “a<br />

agropecuária salvou a economia brasileira no primeiro semestre. Puxado pelas<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

exportações de soja (grãos, farelo e óleo), que cresceram 76,6% nos primeiros 7<br />

meses do ano, o agronegócio impediu que a recessão se agravasse no Brasil.<br />

Apenas o valor negociado da soja até julho corresponde a um quarto <strong>dos</strong> US$16,2<br />

bilhões de produtos agropecuários vendi<strong>dos</strong> pelo País, conforme informou a<br />

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)”.<br />

E acrescenta: “O valor bruto de produção do grão cresceu 54,8% durante o<br />

primeiro semestre, devido à colheita recorde de 51,2 milhões de toneladas este ano.<br />

A estimativa para o produto é fechar o ano com um valor de R$32 bilhões ou 20,46%<br />

do total estimado para o setor. O grão ainda renderá mais US$4 bilhões ao País até<br />

o final do ano, uma vez que a previsão é encerrar dezembro com US$8 bilhões de<br />

soja exportada, o que equivalerá a um crescimento de 33%, comparado ao resultado<br />

de 2002”.<br />

Com base no desempenho da nossa balança comercial, o Chefe do<br />

Departamento de Assuntos Internacionais e de Comércio Exterior da CNA, Antônio<br />

Donizeti, prevê que em 2003 o Brasil se firmará como o principal exportador mundial<br />

de carne e de soja.<br />

Ademais, Sr. Presidente, Sras. Srs. Deputa<strong>dos</strong>, relatório elaborado pela ONU<br />

indica que o Brasil tem potencial para se tornar o maior produtor agrícola nos<br />

próximos 12 anos. Segundo o documento, o Brasil dispõe de 90 milhões de hectares<br />

de terras aráveis, virgens, que podem ser utilizadas sem que se tenha de cortar uma<br />

só árvore. No setor de carnes bovinas, a ONU salienta que “a tradicional competição<br />

entre os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> e a Europa foi abalada pela chegada de novos atores na<br />

cena, vin<strong>dos</strong> da América do Sul, em particular do Brasil”.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

De 1990 para cá, o volume da produção agrícola brasileira aumentou em<br />

90%, e os investimentos no setor, em 99%. Todo esse investimento fez com que o<br />

Brasil tivesse neste ano safra recorde de 115 milhões de toneladas de grãos<br />

colhi<strong>dos</strong>. A agropecuária brasileira é, sem dúvida, o setor mais estratégico para a<br />

estabilização de nossa economia.<br />

Como bem salientou o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,<br />

Roberto Rodrigues, “a agricultura, a pecuária e o agronegócio são hoje o eixo da<br />

roda econômica”. Aliás, valemo-nos da oportunidade para destacar a forma dinâmica<br />

e eficiente de atuação do titular desta que consideramos uma das mais importantes<br />

Pastas ministeriais do Governo Lula. Neste semestre que se encerrou verificamos<br />

que o Ministro deu provas suficientes de competência para dirigir o agronegócio<br />

brasileiro.<br />

Era o que tínhamos a dizer.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. SILAS BRASILEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. SILAS BRASILEIRO (PMDB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.)<br />

- Sr. Presidente, encaminho à Mesa substitutivo da Comissão Especial sobre o<br />

Estatuto do I<strong>dos</strong>o, que está concluso, aprovado por unanimidade e em condições de<br />

ser votado.<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. FRANCISCO TURRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. FRANCISCO TURRA (PP-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, segundo pesquisas sobre o desempenho do agronegócio no Brasil,<br />

de cada 10 empregos cria<strong>dos</strong> 6 advêm do setor. E tudo que está ligado ao<br />

agronegócio sustenta hoje a economia do País, proporcionando crescimento<br />

extraordinário.<br />

Motivos é que não faltam este ano para o agronegócio brasileiro festejar. A<br />

Safra 2002-2003 atingiu 120 milhões de toneladas, antecipando em 1 ano a meta<br />

prevista para o próximo ano. Pela primeira vez, as exportações do complexo soja do<br />

Brasil — grão, farelo e óleo — superaram as exportações do complexo soja norte-<br />

americano. Nosso País ultrapassou a Austrália e já é o primeiro exportador de carne<br />

bovina do mundo.<br />

Relatório divulgado pela UNCTAD, órgão subordinado à ONU, prevê que o<br />

Brasil será, num prazo de 12 anos, o maior produtor agrícola do mundo. No início do<br />

ano, trabalho elaborado pela Secretaria de Agricultura <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> apontou<br />

futuro extraordinário para a agropecuária brasileira. Os resulta<strong>dos</strong> superam de longe<br />

o mais otimista <strong>dos</strong> relatórios já feitos por especialistas brasileiros acerca do<br />

potencial de expansão do nosso agronegócio. As atividades que giram em torno do<br />

campo exercem papel altamente estruturante sobre a economia nacional.<br />

A ampliação da produção agrícola e pecuária exige aumento da produção de<br />

sementes, adubos e defensivos, manutenção e construção de rodovias e ferrovias,<br />

armazéns, modernização <strong>dos</strong> portos. Tudo isso implica aumento da produção de<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

cimento, energia, comunicações, aço, para atender à fabricação de mais caminhões,<br />

trilhos, navios etc.<br />

Vale salientar que cada R$1,00 de renda gerada dentro da porteira resulta em<br />

mais R$2,42 de renda nos demais setores da economia, ou seja, na indústria de<br />

insumos e de processamento de produtos agropecuários e nos serviços agrega<strong>dos</strong> a<br />

essas atividades.<br />

Na esteira de cenários tão favoráveis, não passa um dia sem que alguma<br />

empresa ligada ao agronegócio anuncie investimentos na instalação ou ampliação<br />

de indústrias para atender à demanda do setor. De olho nas oportunidades que se<br />

abrem no campo, empresas nacionais e estrangeiras manifestam interesse em<br />

aumentar seus investimentos no setor. A indústria gaúcha Kepler Weber, por<br />

exemplo, terceira maior fabricante mundial de silos, armazéns e terminais portuários,<br />

anunciou que vai instalar nova fábrica em Campo Grande. Com isso, pretende se<br />

ajustar ao aumento da demanda nos próximos anos.<br />

Para se ter idéia do que isso representa, o Plano de Safra deste ano<br />

aumentou os financiamentos para a construção de silos e armazéns a nível de<br />

fazenda de R$100 milhões para R$500 milhões.<br />

A empresa Case New Holand, subsidiária da Fiat para fabricação de<br />

máquinas e tratores agrícolas, vai transferir sua unidade australiana de fabricação<br />

de colheitadeiras de cana-de-açúcar para o Brasil. A capacidade de produção da<br />

indústria já existente em Piracicaba será ampliada das 100 máquinas colheitadeiras<br />

atuais por dia para 500, num prazo de 3 anos. O mercado externo será o destino de<br />

70% do total da produção, embora a Case New Holand aposte também na<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

modernização das lavouras de cana-de-açúcar internamente, já que apenas 20% de<br />

sua produção são colhidas por máquinas.<br />

Resolução do CONAMA dispõe que até 2007 o sistema de produção da cana-<br />

de-açúcar deverá abolir o processo de queima da plantação para a colheita. O<br />

motivo é que esse processo gera intensa degradação do solo e poluição ambiental.<br />

São bastante alvissareiras as perspectivas para o álcool no mercado<br />

internacional, pois há interesse muito grande de diversos países na importação do<br />

produto do Brasil. A Suíça já anunciou seu interesse de importar 500 milhões de<br />

litros de álcool por ano. Os suíços estão interessa<strong>dos</strong>, inclusive, em financiar a<br />

produção de álcool no Brasil. O Japão pretende importar álcool para misturar à<br />

gasolina e com isso reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera. Grupo<br />

japonês está interessado em financiar não só a produção de álcool, mas também a<br />

construção de destilarias.<br />

Há também muito interesse no biodiesel, como forma de reduzir a poluição<br />

atmosférica. Está mais do que comprovado que a adição de 5% de óleo vegetal ao<br />

diesel pode reduzir significativamente a poluição. Aí também são excelentes as<br />

chances de participação do Brasil no mercado mundial.<br />

Não existe nenhum país em condições de competir com o nosso na produção<br />

de óleos vegetais. A variedade desses óleos é grande, podendo ser extraído<br />

especialmente da mamona, do dendê e da soja. Na medida em que crescem em<br />

todo o mundo as pressões para a melhoria do ar das grandes cidades, aumentam<br />

proporcionalmente as chances do biodiesel brasileiro. Para atender ao crescimento<br />

dessa demanda, que deverá ser explosiva nos próximos anos, temos parte <strong>dos</strong> 90<br />

milhões de hectares do cerrado ainda não ocupada.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Para assegurar a expansão da produção agrícola e <strong>dos</strong> negócios que giram<br />

ao seu redor, é fundamental que o Brasil continue apostando no desenvolvimento<br />

tecnológico. O apoio à pesquisa e às novas tecnologias garantiu o fantástico<br />

aumento da produtividade agrícola que vem sendo registrado e que não encontra<br />

paralelo em nenhum outro país e em nenhuma outra atividade econômica em nosso<br />

País. Condições favoráveis é o que não nos faltam. Temos terras em abundância, a<br />

maior reserva de água doce do mundo, Sol o ano inteiro e gente competente para<br />

tocar o agronegócio.<br />

Para que o Brasil conquiste de fato o espaço que a natureza e o homem lhe<br />

reservaram, só falta investir pesada e continuamente na geração de pesquisas e<br />

inovações tecnológicas.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. BISPO WANDERVAL - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. BISPO WANDERVAL (Bloco/PL-SP. Pela ordem. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, uso esta tribuna para manifestar<br />

meu descontentamento com a atitude do Sr. Ministro do Trabalho e Emprego,<br />

Jaques Wagner, que, num ato ímpar, destrinchou as “qualificações para o exercício<br />

profissional da prostituição” em nosso País, na contramão do que determina a Bíblia<br />

Sagrada e da defesa do direito civil das pessoas, especialmente das mulheres.<br />

Creio que to<strong>dos</strong> os gabinetes receberam o texto que solicito se faça inserir<br />

nos Anais desta Casa, o qual vem nos chama a atenção, bem como das autoridades<br />

de saúde do País, na pessoa do Sr. Ministro da Saúde, Humberto Sérgio Costa<br />

Lima, pelo proselitismo permissivo e desenfreado da chamada visão moderna de<br />

mundo e de suas relações.<br />

Fico preocupado, pois se a moda pegar, a morte, já banalizada em nosso<br />

País, tomará status e terá direito de ser regulamentada pelas autoridades, criando<br />

condições locais e forma de exercício da profissão para o meliante.<br />

O texto que inicia aqui, com algumas inserções que tomei a liberdade de<br />

fazer, tem a intenção de apresentar e alertar as autoridades pertinentes para a<br />

gravidade do assunto de que aqui tratamos.<br />

Prostituição, tráfico de mulheres, escravidão e criminalidade.<br />

1. Uma realidade alarmante.<br />

O tráfico de seres humanos e, de forma particular, de mulheres, para sua<br />

exploração sexual, é fenômeno que está adquirindo, por desgraça, dimensões<br />

alarmantes na Europa e também em nosso País. A proliferação em nossa sociedade<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

destas novas formas de escravidão constitui, para nós, motivo de grave<br />

preocupação.<br />

A sociedade em geral toma consciência do drama moral e humano que<br />

representa o tráfico de mulheres, privadas de todas as garantias e direitos,<br />

entregues, aproveitando-se sua situação de pobreza e dependência, a casamentos<br />

servis e introduzidas nas redes que controlam o lucrativo negócio da prostituição.<br />

Calcula-se que este negócio movimente anualmente mais de 7 bilhões de<br />

dólares no mundo. Um negócio tão florescente, administrado freqüentemente pelas<br />

mesmas redes de drogas e de lavagem de dinheiro, o que fez aumentar, de forma<br />

extraordinária e preocupante, o tráfico de seres humanos em to<strong>dos</strong> os continentes.<br />

2. As causas desta situação.<br />

O tráfico de mulheres é fenômeno que, ao menos em sua causa, guarda<br />

estreita relação com os fluxos migratórios.<br />

A primeira causa do tráfico de mulheres é a pobreza que as impede de<br />

satisfazer e atender suas necessidades vitais e, por isso, se vêem “obrigadas” a<br />

ganhar a vida desta maneira.<br />

Podemos citar como outra causa determinante a sociedade consumista em<br />

que vivemos, dominada pelas leis do mercado, e a banalização da sexualidade.<br />

Estas circunstancias são aproveitadas por pessoas sem escrúpulos para organizar a<br />

vergonhosa atividade do tráfico de mulheres para a prostituição.<br />

Entre outras causas, não podemos deixar de falar do “cliente” como fator<br />

chave. Sempre se fala das vítimas e <strong>dos</strong> traficantes e se esquece que o “cliente” —<br />

este em potencial — é colaborador fundamental para manter este degradante<br />

negócio.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Também há certa tolerância social e legal com as redes de tráfico. Os meios<br />

de comunicação e as modernas tecnologias, como Internet, ao mesmo tempo que<br />

desempenham a tarefa de informar e denunciar estas situações degradantes da<br />

pessoa humana, contribuem também para favorecê-las mediante a publicidade <strong>dos</strong><br />

anúncios de ofertas sexuais e pornografia. Convertem-se, assim, em função <strong>dos</strong><br />

ganhos, em cúmplices deste mercado de seres humanos. Seria um bom sintoma de<br />

recuperação moral cuidar deste tipo de mensagens que circulam por tão poderosos<br />

meios.<br />

3. As vítimas do tráfico.<br />

Como advertimos, são muitas as pessoas que lucram com o tráfico de<br />

mulheres e, contudo, a opinião pública não reage suficientemente ante esta miséria<br />

humana.<br />

A vida cotidiana destas mulheres é, em muitos casos, mais grave do que a<br />

antiga escravidão. Não é raro que permaneçam presas nos lugares onde exercem a<br />

prostituição e que vivam privadas de documentação, o que as faz irrelevantes para a<br />

sociedade.<br />

Quando essas mulheres decidem retornar a uma vida digna e livre, seu<br />

caminho de volta está cheio de dificuldades, pela coação das redes mafiosas e por<br />

não terem conseguido o sonho do bem-estar e a saída da miséria. Em geral, sofrem<br />

de sérios problemas psicológicos, provoca<strong>dos</strong> pelos traumas emocionais e pela<br />

experiência vivida.<br />

4. Atentado grave contra os direitos humanos.<br />

O tráfico de mulheres, propiciado por uma cultura exploradora e materialista,<br />

que esqueceu o caráter sagrado e a dignidade da pessoa humana, criada à imagem<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

de Deus (Gen. 1,27), é uma das mais escandalosas formas de redução do ser<br />

humano a mera mercadoria.<br />

Temos que reconhecer que o problema existe, ainda que boa parte das<br />

mulheres prostituídas das redes de tráfico tenham perdido seus direitos mais<br />

elementares. A entrada nesse mal social só vem aprofundar a marginalização em<br />

que já viviam. A mulher, autenticamente “vendida” nestas redes, vive numa situação<br />

de extremada pobreza.<br />

Fatalmente, essa flagrante injustiça destrói os valores éticos de nossa<br />

sociedade, pois um ser humano jamais poderia ser tratado como mercadoria, objeto<br />

utilizável, instrumento de satisfação, como uma coisa.<br />

Insistimos na urgente necessidade de educação da sociedade numa cultura<br />

assentada firmemente em valores como os elenca<strong>dos</strong> abaixo:<br />

I - a dignidade insubornável de to<strong>dos</strong> os seres humanos;<br />

II - respeito a seus direitos;<br />

III - reprovação ética e social de comportamentos degradantes ou que<br />

fomentem atos contra o ser humano, que o rebaixem da condição em que foram<br />

cria<strong>dos</strong>;<br />

É certo que no âmbito internacional existem instrumentos legais, subscritos<br />

pela maior parte <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong>, que conferem a estes a responsabilidade de proteger<br />

as vítimas do tráfico de pessoas. Porém, Sr. Presidente, são poucos os Esta<strong>dos</strong> que<br />

se comprometeram decidida e eficazmente com a luta contra este mal.<br />

É, por isso, urgente exigir a aplicação <strong>dos</strong> instrumentos legais, como a efetiva<br />

cooperação internacional e a necessária incorporação à legislação interna <strong>dos</strong><br />

Esta<strong>dos</strong>. Atos que constranjam a ação do Governo e das autoridades afetas ao<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

problema devem ser abraça<strong>dos</strong>, constantemente, por aqueles que são a favor <strong>dos</strong><br />

direitos humanos. E nosso País, convém lembrar, é subscritor da Carta Universal<br />

<strong>dos</strong> Direitos Humanos.<br />

Não podemos nos calar, de forma alguma, diante de tão grave situação.<br />

Creio, firmemente, numa proposta que corrija este desvirtuamento do<br />

comportamento humano.<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. JOÃO ALFREDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. JOÃO ALFREDO (PT-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, registramos nosso repúdio à violência<br />

patrocinada pelo dono do Supermercado Do Povo, no Estado do Ceará. Diretores do<br />

Sindicato <strong>dos</strong> Comerciários de Fortaleza foram vítimas da fúria violenta do Sr. Paulo<br />

Novais quando realizavam manifestação pacífica na frente do supermercado,<br />

situado no Bairro Henrique Jorge. Um motoqueiro encapuzado se aproximou e<br />

disparou 5 tiros de revólver contra os manifestantes. Apavora<strong>dos</strong>, os mesmo se<br />

deitaram no asfalto para se proteger e, por extrema felicidade, conseguiram sair<br />

ilesos do episódio. As marcas da violência ficaram no veículo da entidade: 5 marcas<br />

de bala.<br />

O Sindicato abrirá inquérito na Polícia Federal contra o Sr. Paulo Novais,<br />

proprietário do supermercado, principal suspeito de ser o mandante do crime. A<br />

moto utilizada pelo pistoleiro (uma Cargo com placa coberta) era igual às que<br />

estavam estacionadas em frente ao supermercado. Segundo alguns moradores do<br />

bairro, é comum a utilização da violência naquele estabelecimento. Além disso, o<br />

Sindicato também responsabilizará publicamente a ACESU (Associação Cearense<br />

de Supermerca<strong>dos</strong>) pela conivência com esse tipo de atitude.<br />

O motivo da manifestação era justamente a interferência patronal na livre<br />

organização <strong>dos</strong> trabalhadores. Ou seja, os donos <strong>dos</strong> Supermerca<strong>dos</strong> Do Povo,<br />

Lagoa, Pinheiro e Cometa, com o incentivo e o apoio da ACESU, inventaram um<br />

sindicato paralelo para “representar” os trabalhadores <strong>dos</strong> supermerca<strong>dos</strong> e, assim,<br />

fugir das obrigações trabalhistas previstas na Convenção Coletiva de Trabalho<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

assinada entre o Sindicato <strong>dos</strong> Comerciários e as entidades representativas <strong>dos</strong><br />

comerciantes de Fortaleza.<br />

Prova disso é que a diretoria que eles compuseram é formada pôr gerentes,<br />

chefes e prepostos das empresas acima citadas. A sociedade cearense não pode<br />

aceitar que atitudes tão atrasadas nas relações de trabalho continuem prevalecendo<br />

entre nós. Atos como este se assemelham aos pratica<strong>dos</strong> pelos patrões no século<br />

XVIII e sujam profundamente a imagem do empresariado que tanto fala em<br />

modernidade no nosso Estado.<br />

Fazemos um apelo para que a sociedade se manifeste em favor da apuração<br />

<strong>dos</strong> fatos e da punição <strong>dos</strong> culpa<strong>dos</strong> e nos solidarizamos com os manifestantes. É<br />

um absurdo que ocorram na Capital do Estado do Ceará atos de violência dessa<br />

natureza.<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. ZÉ GERALDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. ZÉ GERALDO (PT-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Srs. Deputa<strong>dos</strong>, no dia 5 de julho o nosso Governo encaminhou à<br />

Comissão Mista de Orçamento desta Casa projeto de crédito suplementar de 1<br />

bilhão de reais para o Ministério <strong>dos</strong> Transportes, <strong>dos</strong> quais 700 milhões de reais<br />

serão destina<strong>dos</strong> à recuperação e conservação das rodovias federais.<br />

Mas até agora o projeto não foi aprovado. Por isso, peço encarecidamente ao<br />

Relator e aos Deputa<strong>dos</strong> que o aprovem. Ele deveria começar a tramitar no dia 5 de<br />

agosto e já ter sido votado. O mês de setembro se aproxima. Na região amazônica<br />

ainda há Sol, mas temos apenas 120 dias para trabalhar.<br />

A Comissão Mista de Orçamento não pode mais segurar o projeto, porque as<br />

rodovias do País estão esburacadas e devem ser recuperadas. É o que cobra do<br />

Governo o povo brasileiro.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PAULO ROCHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. PAULO ROCHA (PT-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, quero registrar a decisão do COPOM de reduzir<br />

a taxa de juros básicos em 2,5%, definindo-a em 22% ao ano.<br />

Esta importante decisão terá grande repercussão na economia do nosso País.<br />

O Presidente da CUT se manifestou, dizendo que o COPOM vinha tomando atitude<br />

conservadora, mas agora apresenta posição mais ofensiva, o que incentivará a<br />

nossa economia a voltar a crescer e o Governo, a cumprir o seu programa, ou seja,<br />

incluir os pequenos e médios produtores no processo de desenvolvimento do nosso<br />

País.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

659


ordem.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO - Sr. Presidente, peço a palavra pela<br />

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO (PRONA-SP. Pela ordem. Sem<br />

revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, estou apresentando 2<br />

requerimentos de informação. O primeiro é para solicitar informações do Sr. Ministro<br />

da Justiça a respeito das classificações etárias <strong>dos</strong> programas de televisão e filmes.<br />

As constantes reclamações do público em geral em relação à inadequação do<br />

conteúdo das novelas e <strong>dos</strong> programas, no que diz respeito ao horário de exibição e<br />

a classificação etária, justificam tal iniciativa.<br />

O segundo requerimento é endereçado à Secretária Especial de Políticas<br />

para as Mulheres, Sra. Emília Fernandes, acerca do relatório apresentado à<br />

Organização das Nações Unidas em razão do Protocolo Facultativo à Convenção<br />

(CEDAW), indagando sobre o porquê da defesa do aborto na ONU.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado Neucimar Fraga, por 3 minutos.<br />

Em seguida, concederei a palavra aos Deputa<strong>dos</strong> Dr. Rosinha, Eduardo<br />

Valverde, Luiz Couto e Ivan Valente, também por 3 minutos.<br />

O SR. NEUCIMAR FRAGA (Bloco/PL-ES. Pela ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, as Igrejas Batistas do nosso Estado comemoram neste ano<br />

marco importante na história do povo evangélico do Espírito Santo e do Brasil,<br />

porque são festeja<strong>dos</strong> 100 anos de atividades de proclamação do Evangelho em<br />

solo capixaba.<br />

Gostaria de deixar registrado nos Anais desta Casa um pouco da história das<br />

Igrejas Batistas e da Convenção Batista do Estado do Espírito Santo.<br />

A história <strong>dos</strong> batistas capixabas teve início em 21 de agosto de 1903, data<br />

em que os missionários Zacarias C. Taylor e A. Z. Dunstan fundaram, com 60<br />

pessoas, a Igreja Batista em Alto Firme, na cidade de Brejetuba. Nessa mesma data<br />

também chegou ao Estado o missionário americano Loren Reno, fundador do<br />

Colégio Americano Batista de Vitória. Ainda nessa data, em 1903, destacamos a<br />

história da Primeira Igreja Batista de Vitória, fundada em 02 de setembro de 1903,<br />

pastoreada pelo Pastor Francisco José da Silva, pioneiro, primeiro pastor batista<br />

capixaba.<br />

A Primeira Igreja Batista de Vitória, além de ser parte integrante e<br />

fundamental da história <strong>dos</strong> batistas capixabas, também está em festa neste ano<br />

devido ao seu centenário de fundação, que ocorreu em 02 de setembro de 1903.<br />

O significado da palavra “convenção” é bem abrangente. Significa<br />

combinação, pacto, convênio, trato e acordo. Com base nestes significa<strong>dos</strong> percebe-<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

se que o termo usado pelos batistas do Estado do Espírito Santo transmite<br />

exatamente a proposta <strong>dos</strong> batistas, pois todas as igrejas se reúnem em torno de<br />

um mesmo ideal: a proclamação do nome de Jesus Cristo como Senhor e Salvador<br />

do homem. Dois princípios norteiam essa ação conjunta das igrejas batistas: a<br />

autonomia da igreja local e a cooperação das igrejas locais entre si.<br />

A partir da cooperação das igrejas surge a Convenção, que se reúne<br />

anualmente em assembléia para decidir assuntos do interesse de todas as Igrejas<br />

Batistas a ela filiadas. Esta assembléia tem a participação <strong>dos</strong> membros das igrejas,<br />

que são envia<strong>dos</strong> para a mesma, na condição de mensageiros, de um representante<br />

autorizado pela igreja para votar as matérias que forem apresentadas na<br />

assembléia.<br />

Mas não é somente de história que vivem as Igrejas Batistas do Estado do<br />

Espírito Santo. A Convenção, juntamente com todas as igrejas que a compõe, tem<br />

atuado de forma edificante junto à sociedade capixaba. Dentre diversos trabalhos,<br />

deixo aqui destacado a junta de Ação Social, que realiza projetos sociais buscando<br />

amenizar a dor e o sofrimento de pessoas carentes; o Lar Batista Albertine Meador,<br />

localizado em Laranjeiras, na Serra, formado por casas-lares que recebem crianças<br />

órfãs do sexo feminino; Lar Batista de Aribiri, casa-lar situada em Vila Velha, que<br />

abriga crianças órfãos do sexo feminino; Lar Espírito-Santense da Criança; Casa da<br />

Esperança, de apoio a adultos portadores do vírus HIV; Casa Vida; Centro de Apoio<br />

à Criança e ao Adolescente, que atende meninos e meninas em situação de risco<br />

social, e Centro de Apoio ao Marinheiro.<br />

Destacamos também a participação da Juventude Batista Capixaba, que faz<br />

um trabalho com a juventude do Estado.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Neste tempo, em que infelizmente boa parte de nossa juventude tem sofrido<br />

com as mazelas provocadas pelas drogas e pela violência, a Convenção dedica total<br />

atenção à juventude batista capixaba, pois acredita que já passou o tempo em que a<br />

afirmativa “o futuro é <strong>dos</strong> jovens” era algo novo. Hoje não é mais o futuro, mas, sim,<br />

o presente que é <strong>dos</strong> jovens. Conscientes de que sua ação deve ser eficaz e efetiva,<br />

a JUBAC empreende suas atividades voltas para o treinamento e assistência na<br />

área de liderança, sem esquecer do seu comissionamento maior, que é atender<br />

positivamente ao “ide e pregai” de Jesus. Para tanto, realiza projetos missionários<br />

que oferecem grandes oportunidades no sentido de que os jovens coloquem em<br />

prática a aprendizagem adquirida em retiros, congressos, clínicas e simpósios de<br />

lideranças, nas juventudes regionais e nas uniões de jovens nas igrejas locais,<br />

preenchendo assim o lugar no coração desta juventude, fechando a porta para as<br />

drogas e demais males que assolam nossa juventude.<br />

Quero parabenizar o Presidente da Convenção Batista Capixaba, Pastor<br />

Oliveira de Araújo, que, por desígnio de Deus, também é o Pastor Presidente da<br />

Primeira Igreja Batista de Vitória, que, nesta data também comemora os seus 100<br />

anos de fundação.<br />

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para parabenizar também a<br />

comunidade batista capixaba, to<strong>dos</strong> os pastores e líderes que conduzem os<br />

trabalhos batistas no Estado e, em especial, o Secretário-Executivo da Convenção<br />

Batista do Estado do Espírito Santo, Pastor Ilton Pereira.<br />

Antes de encerrar meu pronunciamento, quero citar um versículo da palavra<br />

de Deus: “Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem<br />

dúvida com alegria, colhendo os seus molhos”.<br />

663


Casa!<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Que Deus abençoe a todo o povo do Espírito Santo! Que Deus abençoe esta<br />

Muito obrigado.<br />

O Sr. Inocêncio Oliveira, 1º Vice-Presidente, deixa<br />

a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. João<br />

Paulo Cunha, Presidente.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. DR. ROSINHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, permaneci mais 2 dias em Montevidéu depois da sua partida, na<br />

semana passada. A repercussão da nossa visita na imprensa e nos meios políticos<br />

foi a melhor possível.<br />

Mas pedi a palavra também para registrar o nosso pesar pela morte do<br />

Embaixador Sérgio Vieira de Mello. Tenho percebido na imprensa internacional uma<br />

espécie de busca aos responsáveis pelo atentado. Ora, pelo menos um deles é<br />

muito fácil encontrar: está na Casa Branca e chama-se Bush, o primeiro a<br />

desrespeitar a Organização das Nações Unidas. O desrespeito a um órgão<br />

internacional faz com que qualquer outra força, terrorista ou não, sinta-se à vontade<br />

para desrespeitá-lo também. A Casa Branca não só desrespeitou a ONU, mas<br />

também destinou seu próprio Exército para atuar como guardião do hotel onde<br />

ficava o escritório da Organização.<br />

Diga-se de passagem, na ocasião em que nós Parlamentares brasileiros nos<br />

reunimos em Bagdá com inspetores da ONU, por coincidência no mesmo local onde<br />

houve o atentado, a segurança era feita pelo Exército iraquiano e não pelo Exército<br />

norte-americano.<br />

Os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> invadiram o Iraque, guerrearam, declararam-se vitoriosos,<br />

mantêm política de ocupação daquele território e até hoje cometem vários atos de<br />

violência por lá. É lógico que isso gera descontentamento político e cultural em toda<br />

a população iraquiana.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Sr. Presidente, repito: os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> são o principal responsável pelo<br />

atentado que matou o Embaixador brasileiro, bem como por diversos outros atos<br />

que ceifaram dezenas, centenas de vidas de solda<strong>dos</strong>, fora a de civis, que<br />

continuam sendo assassina<strong>dos</strong> pelo Exército norte-americano, responsável também<br />

pela morte de um jornalista da Agência Reuters.<br />

Ainda que o atentado tenha sido cometido pela organização Al Qaeda ou por<br />

qualquer outra organização terrorista, por trás de tudo está a provocação <strong>dos</strong><br />

Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>.<br />

Em artigo publicado na edição de hoje do jornal Folha de S.Paulo, Clóvis<br />

Rossi comenta a diferença desse tipo de guerra para as outras. Diz que a diferença<br />

é a fronteira, porque o terrorismo está no mundo todo, não tem limite.<br />

Mas os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> a provocam, portanto são os maiores culpa<strong>dos</strong>.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

A SRA. YEDA CRUSIUS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

A SRA. YEDA CRUSIUS (PSDB-RS. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, em suas edições de hoje os principais<br />

jornais do País registram declarações <strong>dos</strong> Ministros Waldir Pires e José Dirceu de<br />

que foram identificadas irregularidades em mais da metade <strong>dos</strong> gastos do Governo<br />

Federal no ano passado.<br />

É preciso que fique claro que o Governo Fernando Henrique nunca teve<br />

compromissos com o erro e a corrupção. Foi exatamente para combater o desvio e o<br />

mau uso do dinheiro público que o então Presidente Fernando Henrique criou a<br />

Corregedoria-Geral da União, depois transformada em Controladoria-Geral da<br />

União. Assim, os Ministros Waldir Pires e José Dirceu não detêm a patente da<br />

invenção da roda.<br />

Na administração passada, Ministros envolvi<strong>dos</strong> em denúncias de<br />

irregularidades e corrupção tiveram de pedir demissão. Já não podemos dizer o<br />

mesmo em relação a alguns Ministros do atual Governo.<br />

Se o PT está mesmo interessado em combater a corrupção, deveria também<br />

investigar as denúncias contra a Prefeitura de Santo André e a administração do PT<br />

no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro.<br />

O combate à corrupção e às irregularidades na administração pública não é<br />

monopólio, muito menos virtude do PT. É um dever de to<strong>dos</strong> os cidadãos.<br />

Por fim, Sr. Presidente, gostaria de dizer que não devemos buscar, pela cor<br />

das casas, os responsáveis pelo trágico assassinato do nosso Embaixador Sérgio<br />

Vieira de Mello. Quem o matou guiava um caminhão cheio de explosivos, e to<strong>dos</strong><br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

aqueles que o lideram devem ser responsabiliza<strong>dos</strong> pelo ato terrorista, que<br />

repudiamos.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. LUIZ COUTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, registro a presença na Casa <strong>dos</strong> Promotores de<br />

Justiça do Estado da Paraíba Dr. João Manoel de Carvalho e Dr. Marinho Mendes<br />

Machado, que prestaram depoimento sobre a exploração sexual de crianças e<br />

adolescentes em nosso Estado durante audiência pública realizada na Comissão<br />

Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o assunto.<br />

Também quero informar a to<strong>dos</strong> que participei do Fórum Internacional de<br />

Combate à Exploração Sexual na América Latina, realizado na Cidade do México.<br />

Dada a gravidade da situação, em breve farei pronunciamento especificamente<br />

sobre o assunto, oportunidade em que apresentarei relatórios sobre aquele evento.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, passo agora a abordar o tema<br />

principal deste meu pronunciamento.<br />

Ao longo de sua história, a região do semi-árido nordestino sofre com a seca<br />

que periodicamente maltrata as populações pobres nas áreas rurais, destruindo<br />

lavouras, matando animais e levando a fome a milhões de famílias do campo, sendo<br />

responsável por uma das maiores vergonhas brasileiras: a famigerada indústria da<br />

seca.<br />

Temática constante <strong>dos</strong> discursos de gerações e gerações de políticos<br />

nordestinos, essa chamada indústria, que é a face mais cruel e desumana da seca<br />

no semi-árido, continua — e to<strong>dos</strong> sabemos disso, nobres colegas — alimentando o<br />

clientelismo político e os currais eleitorais no Nordeste.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Aqueles que de alguma forma se contrapõem ao poder político das<br />

oligarquias pagam pela sua insubmissão, muitas vezes, com a vida de seus filhos,<br />

porque não são contempla<strong>dos</strong> com a água distribuída nos programas oficiais de<br />

emergência controla<strong>dos</strong> pelos coronéis.<br />

Também é notório o fato de que a maior parte das verbas destinadas a<br />

minimizar os efeitos da escassez de água em nossa região nunca chegou aos seus<br />

legítimos beneficiários. Muito dinheiro se perdeu nos caminhos da corrupção. Nada<br />

disso é novidade, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>.<br />

Muitos podem estar cansa<strong>dos</strong> de ouvir os incontáveis discursos que já se<br />

fizeram desta e de outras tribunas, País a fora, sobre os problemas da seca no semi-<br />

árido. Podem até ter razão. Muito se falou e muito se ganhou com a seca no<br />

Nordeste, mas pouco, muito pouco foi feito até hoje.<br />

É por isso que não podemos deixar de registrar nesta Casa a louvável<br />

iniciativa do Governo Federal, de implantação, nesta quarta-feira, de um programa<br />

que prevê soluções para o problema. Não se trata de combater a seca no semi-<br />

árido, porque a seca é a realidade climática da região e não se combate o clima. Ou<br />

alguém já ouviu falar de programa de combate à neve durante o inverno no Canadá,<br />

como já disse o Presidente Lula?<br />

O programa que o Governo Federal lançou hoje, por intermédio do Ministério<br />

Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, em parceria com os<br />

Ministérios da Defesa e da Integração Nacional, constitui amplo combate à indústria<br />

da seca. Prevê a construção de cerca de 1 milhão de cisternas e outras pequenas<br />

obras hídricas durante este Governo, em mais de mil Municípios localiza<strong>dos</strong> na<br />

região do semi-árido nordestino, começando imediatamente pelas localidades que<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

hoje se encontram em estado de emergência reconhecido pelo Ministério da<br />

Integração Nacional. A intenção do Governo é levar água a quem precisa e garantir<br />

a independência <strong>dos</strong> moradores dessas regiões, que não vão depender da boa<br />

vontade <strong>dos</strong> donos do poder local.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, está com os dias conta<strong>dos</strong> a prática<br />

assistencialista da distribuição de água em carros-pipa. Este Governo não vai<br />

compactuar com a formação de currais eleitorais a partir da miséria e do sofrimento<br />

do povo nordestino.<br />

As cisternas serão construídas pela Articulação do Semi-Árido (ASA), e os<br />

recursos para as obras virão do Ministério Extraordinário da Segurança Alimentar e<br />

Combate à Fome, da FEBRABAN e do Fundo de Combate e Erradicação da<br />

Pobreza. A população também será diretamente envolvida nestas pequenas obras.<br />

Cada cisterna vai atender a uma família ou a um grupo maior de famílias.<br />

O Ministério da Defesa participa do programa por meio do competente<br />

trabalho técnico e operacional do Exército Brasileiro, que realiza o mapeamento das<br />

áreas onde as obras serão realizadas. Sr. Presidente, o Exército é uma instituição<br />

que conta com a justa credibilidade da sociedade para fazer trabalho técnico, livre<br />

das eventuais intervenções danosas de oligarquias locais.<br />

Diferentemente <strong>dos</strong> anos anteriores, o Governo vai analisar a situação de<br />

cada Município para inibir a ação daqueles que ganham com a indústria da seca. O<br />

Ministério da Integração Nacional vai fornecer às Forças Armadas a lista de<br />

Municípios onde foi declarado estado de emergência, para a implantação imediata<br />

do programa.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O Exército vai deslocar suas unidades de geoprocessamento e iniciar o<br />

trabalho nos Municípios em estado de emergência. Certamente, nobres colegas,<br />

será difícil para um político da região recomendar aos oficiais de Engenharia que as<br />

benfeitorias devem ser feitas em suas terras ou na de seus apadrinha<strong>dos</strong>.<br />

Além do mapeamento e da construção das cisternas nestas localidades, o<br />

Governo também vai distribuir água, em caráter emergencial, isso porque,<br />

evidentemente, vivemos as conseqüências de planejamentos passa<strong>dos</strong>. Mas a partir<br />

do ano que vem milhares de famílias já poderão contar com a água que captaram<br />

durante os meses de chuva.<br />

A água vai chegar a quem precisa, diminuindo sensivelmente os índices de<br />

mortalidade infantil e o sofrimento de milhões de brasileiros. Com a água, entre<br />

outros benefícios, também chega a possibilidade do plantio, e a agricultura familiar é<br />

fortalecida.<br />

Fiz questão de registrar este fato porque a assinatura, hoje, deste acordo de<br />

parceria entre 3 importantes Ministérios do Governo Federal marca o início do<br />

desmonte da indústria da seca.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. EDUARDO VALVERDE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra. Diga-se de<br />

passagem, V.Exa. ficou até tarde ontem na reunião da CPMI do BANESTADO.<br />

O SR. EDUARDO VALVERDE (PT-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.)<br />

- É verdade, Sr. Presidente, tivemos muito trabalho ontem.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, farei breve homenagem à Comissão<br />

Pastoral da Terra (CPT) de Rondônia, que hoje comemora 20 anos de atividades no<br />

Estado. Além de estimular o aparecimento de novos movimentos sociais e a<br />

manifestação de grupos muitas vezes sem voz em nossa sociedade, a CPT vem<br />

mostrando aos trabalhadores rurais que é possível resistir e lutar pela garantia de<br />

seus direitos e de sua dignidade.<br />

Rondônia é área de ocupação recente em nosso País, que vivenciou, ao<br />

longo das décadas de 70 e 80, a criação de diversos projetos de assentamento.<br />

Muitas destas políticas atraíram populações de outras regiões, evidenciando brutal<br />

diferença entre os migrantes. Aqueles que possuíam capital financeiro e influência<br />

política se apropriaram de áreas bem localizadas e de terras férteis e, assim,<br />

puderam expandir seus negócios. Aqueles mais humildes que se deslocaram para<br />

Rondônia com o sonho de plantar e ter um pedaço de chão acabaram por valorizar<br />

as terras com o seu trabalho e depois sofreram com ações de grileiros e<br />

fazendeiros.<br />

É nesse cenário conflituoso que a CPT assumiu papel fundamental na<br />

conscientização da massa camponesa e na conquista de direitos para a população<br />

rural sem terra. Denunciando o trabalho escravo, a grilagem de terras, o trabalho<br />

infantil, assassinatos de lideranças, a CPT vem trazendo luz às discussões que<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

envolvem as questões do campo em nosso País, em especial no Estado de<br />

Rondônia.<br />

A construção de um Brasil mais justo envolve, de maneira inadiável, a<br />

democratização e o acesso à terra. Tenho certeza de que o Governo Lula fará todo<br />

o possível e talvez o impossível para realizar a reforma agrária, urgente e histórica.<br />

Estou certo também de que a CPT estará presente na elaboração e na aplicação<br />

desta reforma que mudará os rumos do Brasil para sempre.<br />

Cumprimento os integrantes da Comissão Pastoral da Terra de Rondônia e<br />

espero que continuem ao lado do trabalhador rural, na luta por mais justiça social.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. IVAN VALENTE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. IVAN VALENTE (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, quero registrar matéria do jornal O Estado de S.<br />

Paulo, intitulada “Estrangeiros querem comprar universidades”, que diz:<br />

“Investidores americanos, canadenses e europeus<br />

que aplicam seus dólares em fun<strong>dos</strong> de investimentos<br />

estrangeiros — e nunca tiveram contato com o setor<br />

educacional — estão perto de se transformar nos novos<br />

donos de universidades e faculdades brasileiras”.<br />

A reportagem em si já é uma denúncia. Eles consideram o setor<br />

extremamente lucrativo, porque movimenta 15 bilhões de reais e cresceu 157% nos<br />

últimos 9 anos, particularmente durante o Governo Fernando Henrique Car<strong>dos</strong>o. A<br />

reportagem mostra que o objetivo <strong>dos</strong> investidores é mesmo o lucro.<br />

O ex-Ministro da Educação, Paulo Renato Souza, que exerceu o cargo<br />

durante 8 anos, fundou a empresa de serviços Paulo Renato Souza Consultores e é<br />

um <strong>dos</strong> interessa<strong>dos</strong> em intermediar com os fun<strong>dos</strong> estrangeiros a compra de<br />

universidades brasileiras. Diz a matéria que não há barreira legal para investimentos<br />

desse tipo. Palavras do Ministro: “Em 1997, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) abriu<br />

essa possibilidade e nós a regulamentamos. Até então, o ensino superior não podia<br />

ter fins lucrativos.”<br />

Na Organização Mundial do Comércio, os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> pressionam para<br />

que o setor educacional seja considerado serviço e assim possibilitar a entrada de<br />

capital estrangeiro na educação. Não só a compra de universidades, mas também a<br />

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venda de serviços de pós-graduação se materializariam completamente na lógica<br />

comercial do lucro e da abertura de mercado. Para cá inclusive viriam universidades<br />

estrangeiras. Respeitando qual currículo exatamente? Respeitando qual ideário? O<br />

ideário da colonização do País. Além de transformar a educação em atividade<br />

puramente mercadológica recolonizaríamos o País.<br />

Não podemos aceitar que isso passe. Se a LDB permitiu isso, ela precisa ser<br />

mudada. Na Organização Mundial do Comércio não podemos aceitar, em hipótese<br />

alguma, que se abra o País para tal tipo de comércio.<br />

Mais do que nunca lastimamos profundamente que um ex-Ministro, que ficou<br />

8 anos à testa do Ministério da Educação, possa comandar essa intermediação e<br />

ganhar dinheiro com esse tipo de processo.<br />

Oportunamente voltaremos ao assunto nesta tribuna.<br />

Muito obrigado.<br />

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O SR. CHICO ALENCAR - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. CHICO ALENCAR (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, quero deixar registra<strong>dos</strong>, como muitos colegas<br />

já o fizeram, a nossa dor e o nosso pesar pelo atentado de ontem, no Iraque, mas<br />

também não posso deixar de dizer que essa situação de guerra é fruto de uma<br />

ocupação. A ONU, destruída ontem, foi aquela destruída pelos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, por<br />

Bush e Blair, quando se opôs a essa invasão e ocupação.<br />

Sr. Presidente, enquanto o Iraque estiver ocupado, as desgraças continuarão.<br />

Os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> e seus alia<strong>dos</strong> do neo-imperialismo são cúmplices na morte do<br />

nosso Embaixador Sérgio Vieira de Mello e de todas as pessoas das Forças de Paz<br />

da ONU, desprezada nas suas deliberações contra a invasão. Para muitos<br />

iraquianos o inimigo invasor é todo aquele que não fala sua língua. Na sua<br />

compreensão de povo humilhado e de nação ocupada, a ONU, que não conseguiu<br />

evitar os bombardeios, não pode reconstruir um país controlado pelas forças bélicas<br />

norte-americanas. Onde estão as bombas de destruição em massa e as armas<br />

químicas que justificariam a dominação? A mentira foi explodida inúmeras vezes<br />

nesta guerra, como em todas. As tragédias só acabarão no Iraque quando, com o<br />

apoio da comunidade internacional, o próprio povo iraquiano se tornar protagonista<br />

da reconstrução coletiva de seu país. Até lá, a irracionalidade prevalecerá.<br />

Na Semana Santa, em Roma, perante o Papa e toda a Cúria reunida na<br />

Basílica de São Pedro para a liturgia da Sexta-Feira Santa, o Padre Cantalamessa<br />

relembrou, como aviso a George Bush, filho, a fórmula usada por seu predecessor<br />

Abraham Lincoln para ganhar guerras. Àqueles que o reprovavam por ser fraco<br />

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demais com os inimigos, Lincoln respondeu: “Eu os destruo ao transformá-los em<br />

amigos”. Padre Cantalamessa continuou: “Há uma paz que não é como a Pax<br />

Romana do imperador Augusto, alcançada por vitórias militares”.<br />

Não há paz no Iraque. A vitória de Bush e Blair foi uma vitória de Pirro. Cada<br />

vida que se perde na nação ocupada é uma denúncia candente da estupidez da<br />

ocupação. A humanidade exige respeito às diferenças e à soberania <strong>dos</strong> povos,<br />

como o Embaixador Vieira de Mello tanto defendeu.<br />

Sr. Presidente, reitero que sou e continuarei vinculado ao Partido <strong>dos</strong><br />

Trabalhadores, ao qual tenho muita honra de pertencer. A estrelinha não vai sair do<br />

peito tão fácil assim. Vamos continuar lutando pela democracia, o socialismo, a<br />

participação popular e por um Brasil justo, junto com o PT.<br />

Muito obrigado.<br />

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O SR. DAVI ALCOLUMBRE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. DAVI ALCOLUMBRE (PDT-AP. Pela ordem. Pronuncia o seguinte<br />

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, encerra<strong>dos</strong> os Jogos Pan-<br />

Americanos, na República Dominicana, estamos ainda extasia<strong>dos</strong> com o<br />

desempenho de nossos atletas, sobretudo pelo grande número de medalhas<br />

conquistadas por jovens talentos.<br />

Entretanto, para nós, do pequeno Estado do Amapá, essa satisfação vem de<br />

forma ainda mais significativa. Pela primeira vez, em nossa recente história, um<br />

atleta amapaense, aos 21 anos, de nome Jáder de Souza, foi medalhista, e de ouro,<br />

inserindo seu nome na galeria <strong>dos</strong> grandes nomes do esporte brasileiro.<br />

Ainda recordamos a angústia deste rapaz pela incerteza de sua viagem,<br />

apesar de ter conseguido índice para competir nos Jogos Pan-Americanos, por não<br />

ter um patrocínio que lhe garantisse um mínimo de tranqüilidade para treinar e<br />

competir.<br />

O Governo do Estado do Amapá, através do Governador Waldez Góes,<br />

apostou no potencial deste atleta e patrocinou sua viagem e seu treinamento.<br />

De forma inconteste, Jáder de Souza nos brindou com uma medalha de ouro,<br />

mas que certamente é também de orgulho, de luta, de dedicação, e mostra ao Brasil<br />

que não conhece o Brasil o nosso Amapá e o nosso potencial.<br />

Mais significativo do que a medalha foi para to<strong>dos</strong> nós o gesto de simplicidade<br />

e de humildade por ele demonstrado ao lado de grandes nomes do esporte<br />

brasileiro. Em nenhum momento se esqueceu de enaltecer e elevar o nome de sua<br />

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terra, seu berço, que, dentro de um País imenso e injusto, clama também por seu<br />

espaço, por seu crescimento, por seu povo.<br />

Assim como Jáder de Souza, nossa luta nesta Casa será também no sentido<br />

de levar o Amapá ao pódio. Será a luta do desenvolvimento, da geração de<br />

empregos, da busca de alternativas e políticas públicas que possam devolver ao<br />

nosso povo todo o ouro que produzimos e toda a riqueza que geramos para este<br />

País.<br />

Ao atleta, nossos parabéns, por nos encher de orgulho e emoção. Ao<br />

Governador Waldez Góes, nossos agradecimentos por acreditar em nossos valores.<br />

Pois o Amapá é isso: surpresa, capacidade e brilhantismo.<br />

Muito obrigado.<br />

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ordem.<br />

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O SR. JOÃO HERRMANN NETO - Sr. Presidente, peço a palavra pela<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. JOÃO HERRMANN NETO (PPS-SP. Pela ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, ontem sofri a perda de um grande<br />

amigo. Quero partilhar com esta Casa a passagem deste homem no processo de<br />

construção da paz no mundo.<br />

Desde Kosovo, onde estivemos juntos, Sérgio Vieira de Mello correspondia<br />

aos anseios <strong>dos</strong> que procuravam construir uma nova ordem social no mundo,<br />

baseada e lastreada na justiça e na paz. Com Sérgio, passei em Kosovo momentos<br />

dificílimos, quando não havia nenhuma cobertura internacional tampouco forças de<br />

paz que nos mantivessem a integridade.<br />

A amizade foi crescendo. Voltamos a nos encontrar em Dili, no Timor Leste,<br />

onde fui representar a Organização das Nações Unidas para a construção da<br />

retirada das forças indonésias que trucidavam o povo de Maumere. Em Dili era<br />

impossível, de toda sorte, haver ordem. Não havia força de segurança, até porque<br />

os indonésios faziam de tudo para que as forças de libertação do povo timorense,<br />

trucidado em mais de 20 anos de luta, pudesse ter paz. Até que chegou Sérgio<br />

Vieira de Mello no comando da força da ONU.<br />

Junto com a Igreja Católica, com canadenses, franceses e um enorme<br />

número de brasileiros construímos uma nação que buscava a língua portuguesa,<br />

conseguimos a construção da primeira nação livre e independente do século XXI: o<br />

Timor Leste.<br />

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Sérgio e eu passamos a conviver em uma intimidade que pouco tive em<br />

minha vida, até porque a política não nos deixa aproximar severamente das<br />

pessoas. Senti nele não um brasileiro, mas um globetrotter, alguém que buscava<br />

fora do Brasil, representando o País, no fórum apropriado, a construção de uma<br />

nova ordem mundial, ordem que a Organização das Nações Unidas não soube,<br />

durante a breve existência deste companheiro, após o fim da bipolaridade União<br />

Soviética e Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, desempenhar.<br />

Enquanto havia o Conselho de Segurança e os vetos da União Soviética e<br />

<strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, a Organização das Nações Unidas ainda pôde triunfar. A partir<br />

daí, a ONU vem perdendo o seu papel. O Secretário-Geral da ONU, Koffi Annan,<br />

não soube conduzir corretamente os destinos da Organização, principalmente<br />

depois do império socialista dentro da Europa e, agora, em relação ao Iraque. Foi<br />

tíbia a posição da ONU em relação à hegemonia que os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> da América<br />

buscavam perante o mundo.<br />

Portanto, neste instante, quando morre em combate Sérgio Vieira de Mello,<br />

brasileiro voltado para o mundo, quando a ONU deixa de fazer o seu papel e<br />

sucumbe aos interesses de uma potência estrangeira, quero que, pela primeira vez,<br />

dentro da concessão do Prêmio Nobel da Paz, junto à ONU seja concedido, post<br />

mortem, o Prêmio Nobel da Paz a Sérgio Vieira de Mello, brasileiro, homem do<br />

mundo, que protagonizou a construção de uma nova ordem, batalhou pela paz e,<br />

acima de tudo, um brasileiro que engrandece aqueles que desejam justiça, paz e<br />

solidariedade.<br />

Que Sérgio Vieira de Mello, morto em combate, seja reconduzido a um lugar<br />

onde guardam a paz; que o Prêmio Nobel da Paz, post mortem, lhe seja concedido.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

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ordem.<br />

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O SR. FERNANDO DE FABINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. FERNANDO DE FABINHO (PFL-BA. Pela ordem. Pronuncia o<br />

seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, os trabalhadores e os<br />

produtores deste País estão sendo sufoca<strong>dos</strong> por uma carga tributária excessiva. O<br />

Brasil está sufocado sob o peso <strong>dos</strong> tributos.<br />

A arrecadação federal continua a bater recordes em relação ao mesmos<br />

meses do ano passado. Isso significa, trocando em miú<strong>dos</strong>, que o País está<br />

produzindo menos, o povo está ganhando menos, mas o tamanho da fatia do<br />

Governo na riqueza total não cessa de aumentar.<br />

Sr. Presidente, o Governo está matando a galinha <strong>dos</strong> ovos de ouro. O País<br />

não suporta mais o peso <strong>dos</strong> tributos. Os recursos do País estão sendo<br />

crescentemente esteriliza<strong>dos</strong> nas mãos do Governo, no pagamento de juros, em<br />

lugar de serem aplica<strong>dos</strong> em investimentos produtivos, para multiplicar empregos,<br />

para gerar renda e bem-estar.<br />

Enquanto o Governo arrecada mais para pagar juros, para locupletar os<br />

banqueiros e os rentistas nacionais e estrangeiros, o IBGE mostra que o<br />

desemprego aumenta, a renda da população diminui, a desigualdade e a pobreza<br />

continuam intactas, a produção fica estagnada, as vendas desabam, o País não<br />

cresce.<br />

Nossa carga tributária, que, no ano de 2002, já beirava os 37% do PIB,<br />

poderá, em 2003, chegar a cerca de 40% do PIB, segundo as estimativas de<br />

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especialistas de vários órgãos, como o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento<br />

Tributário), inclusive do CONFAZ.<br />

Se isso acontecer, o Brasil ficará situado junto <strong>dos</strong> mais ricos países<br />

europeus campeões de carga tributária no mundo, mas sem que nosso bem-estar<br />

possa comparar-se nem de longe ao deles.<br />

Nossa carga tributária, que vai passando <strong>dos</strong> 37% do PIB, já é o dobro das do<br />

México e da Argentina e é mais de 20% mais elevada que as cargas tributárias <strong>dos</strong><br />

Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, do Japão e da Suíça, as quais estão por volta de 30%.<br />

Não é só a carga tributária total que é excessiva. Ela é também distorcida,<br />

porque, no Brasil, mais de dois terços da carga tributária oneram a produção e o<br />

consumo, portanto, oneram os preços e o custo de vida, enquanto a renda e o<br />

patrimônio são pouco tributa<strong>dos</strong>, exatamente o contrário do que acontece na maioria<br />

<strong>dos</strong> países mais desenvolvi<strong>dos</strong>.<br />

Esse peso excessivo <strong>dos</strong> tributos não recai igualmente sobre to<strong>dos</strong> os<br />

brasileiros. Sabemos que a informalidade é grande neste País, e a sonegação é<br />

elevada, alcançando no mínimo 30%, numa estimativa conservadora, ou, mais<br />

provavelmente, perto de 50% da base contributiva potencial.<br />

Isso significa que os contribuintes formais estão suportando uma sobrecarga<br />

ainda maior, pois eles estão pagando também pelos outros, por aqueles que se<br />

evadem do dever fiscal ou simplesmente sonegam.<br />

Não quero aqui incriminar os que praticam evasão e os sonegadores, pois<br />

compreendo que a maioria <strong>dos</strong> empresários e trabalhadores fogem do Fisco não<br />

porque gostem desse esporte perigoso, mas por um imperativo de sobrevivência.<br />

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Temos, então, que mudar esse estado de coisas, esse sistema tributário<br />

falido que temos, obsoleto, injusto, mal repartido, confuso, um sistema tributário que<br />

pune o trabalho e a produção e encarece os preços, um sistema tributário que tem<br />

custos altíssimos de administração tanto para as empresas, quanto para o Governo<br />

e é ineficiente e iníquo.<br />

No entanto, uma revolução tributária viável está atualmente em nossas mãos.<br />

Podemos ter um sistema tributário simples, barato, quase “insonegável”, no qual<br />

to<strong>dos</strong> paguem, para que to<strong>dos</strong> possam pagar menos. É o tributo eletrônico sobre<br />

movimentações financeiras, leve, suave, moderno, eficiente, automático, sem<br />

obrigações, sem declarações, sem papelada, sem burocracia, sem horas perdidas<br />

com inúteis providências fiscais.<br />

O imposto único federal sobre movimentações financeiras é um modelo<br />

alternativo de reforma tributária que é viável para o País neste momento e está<br />

pronto para ser submetido à votação, pois a Comissão Especial que examinou a<br />

PEC nº 474, de 2001, já o aprovou por unanimidade no final do ano de 2002.<br />

Quero conclamar meus ilustres pares a nos debruçarmos sobre essa<br />

magnífica oportunidade que temos agora de implantar, na esfera federal, uma ampla<br />

experimentação com o tributo eletrônico sobre movimentações financeiras.<br />

Vamos substituir, com um imposto eletrônico sobre movimentações<br />

financeiras, essa parafernália de tributos imprestáveis, complica<strong>dos</strong> e injustos que<br />

temos aí, eliminando o IPI, o Imposto de Renda, a CSLL, eliminando todas as<br />

contribuições patronais sobre a folha de salários, estimulando o emprego formal,<br />

simplificando a vida de to<strong>dos</strong>, aliviando e suavizando a carga fiscal individual,<br />

repartindo entre to<strong>dos</strong> o encargo tributário, tudo isso sem prejuízo da simplificação<br />

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do ICMS, que é o principal objeto da reforma tributária proposta pelo Governo<br />

Federal.<br />

O Brasil está preparado para essa revolução tributária, porque tem um<br />

sistema eletrônico de processamento bancário que é reconhecidamente um <strong>dos</strong><br />

mais avança<strong>dos</strong> do mundo. Não precisamos ter complexo de inferioridade, não<br />

precisamos ficar esperando que outros países experimentem antes do que nós uma<br />

medida boa que está ao nosso alcance e não está ainda ao alcance deles. Não é<br />

porque não existe lá fora que deixaremos de fazer o que é bom para nós, não é<br />

porque não vicejam lá fora que deixaremos de saborear os frutos de nossa terra,<br />

que são bons para nós e estão ao nosso alcance.<br />

Os empresários e trabalhadores deste País aspiram à redenção tributária que<br />

nos pode trazer rapidamente justiça tributária e prosperidade econômica. Está ao<br />

alcance <strong>dos</strong> Parlamentares desta Casa ouvir essas aspirações e debater e votar a<br />

proposta do imposto único federal.<br />

Em nome da população brasileira, <strong>dos</strong> cidadãos contribuintes deste País, <strong>dos</strong><br />

empresários e trabalhadores do Brasil, quero manifestar repúdio contra a maneira<br />

como o Governo do PT está encaminhando a questão da reforma tributária.<br />

To<strong>dos</strong> esperavam um alívio da carga tributária, uma redução de tributos, uma<br />

simplificação da parafernália tributária, mas o que estamos vendo na PEC nº 41, que<br />

é a proposta do Governo, é uma reforma sem imaginação, uma reforma pífia, que<br />

não simplifica nada, que só mexe em aparências e penduricalhos, que não conserta<br />

a injustiça tributária que tem de ser consertada.<br />

A proposta de reforma tributária do Governo é apenas um disfarce para a<br />

voracidade do Governo, que objetiva, essencialmente, apenas duas coisas: uma, a<br />

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continuidade da DRU, que é a desvinculação das receitas, que o Governo deseja<br />

que fique ainda maior do que os 20% atuais, aumentando sua margem de manobra<br />

sobre os recursos financeiros do País; e outra, a eternização da CPMF, que é agora<br />

transformada e imortalizada em CMF permanente.<br />

Quero lembrar, Sr. Presidente, Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a ferocidade com que o PT,<br />

quando era partido da oposição, protestava contra a CPMF — até puniu seus<br />

Parlamentares que a ela foram favoráveis — e como o PT condenava a<br />

desvinculação das receitas em 20%. Agora, vem vorazmente cobiçar percentual<br />

ainda maior.<br />

Quero denunciar e registrar o oportunismo, a hipocrisia e o descaramento<br />

com os quais essas vestais da ética na política, do PT e associa<strong>dos</strong> vêm fazer agora<br />

exatamente o que condenavam com estridência quando estavam na Oposição.<br />

O Governo anterior investiu ingentes esforços na condução da reforma<br />

tributária, com o Presidente Germano Rigotto e o Relator Mussa Demes — projeto<br />

de reforma que o PT ajudou a engavetar. Pois agora vem o Governo do PT, como se<br />

tivesse nascido agora, como se estivesse agora descobrindo a pólvora, apresentar<br />

uma cópia aguada do projeto do Governo anterior. É uma cópia pífia, decepcionante,<br />

franzina, medrosa, um simulacro mutilado, que não faz jus à grande envergadura do<br />

projeto anterior, no qual se inspirou.<br />

O Governo do PT alega que diminuiu a envergadura do projeto anterior para<br />

evitar maiores discussões e facilitar o consenso, mas, na verdade, debaixo da<br />

aparência de uma reforma que é meramente ornamental, não disfarça seu objetivo<br />

único de fabricar maiores receitas em proveito próprio, esfolar mais ainda o<br />

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contribuinte brasileiro, já sobrecarregado, cobrar mais ainda do mesmo contribuinte<br />

que já está pagando.<br />

O Governo do PT, surpreendendo a Nação com uma voracidade sem fim,<br />

está matando a galinha <strong>dos</strong> ovos de ouro, está sufocando o País sob o peso de uma<br />

nova derrama fiscal.<br />

Ao conduzir a votação da Medida Provisória nº 107, o Governo do PT,<br />

contrariando todas as convicções anteriores do partido, cedeu vergonhosamente<br />

facilidades inacreditáveis para sonegadores de tributos, premiando bandi<strong>dos</strong> que se<br />

apropriam de tributos e contribuições reti<strong>dos</strong> sobre salários e sobre vendas, ao<br />

mesmo tempo que chicoteia os contribuintes honestos, fazendo aprovar um inédito,<br />

discriminatório e inflacionário aumento de tributação sobre o setor de serviços e<br />

sobre o setor financeiro.<br />

Agora, com a PEC nº 41, o Governo do PT completa seu intento de<br />

seqüestrar a riqueza do País para servir ao Governo, pleiteando uma DRU inchada,<br />

uma CMF permanente e seduzindo Governadores e Prefeitos, para captar seu<br />

apoio, acenando com uma festa de aumentos de tributos para to<strong>dos</strong>.<br />

A PEC nº 41 aumentará a tributação nefasta sobre o faturamento das<br />

empresas, aumentará a tributação do setor financeiro, que se traduz em aumento do<br />

custo do dinheiro, aumentará substancialmente o ICMS, aumentará o ITR, o ITCD, o<br />

ITBI, numa festa em que os governantes ganham em todas as esferas e ninguém se<br />

preocupa em dar satisfações ao contribuinte, que deverá pagar o ônus dessa<br />

derrama.<br />

O Governo do PT está paralisando a produção industrial, aumentando o<br />

desemprego, reduzindo a renda da população, estagnando o crescimento do País,<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

garroteando a riqueza da Nação para financiar a festa <strong>dos</strong> governantes e a<br />

multiplicação desenfreada de Ministérios, Secretarias, cargos e programas<br />

governamentais inócuos.<br />

Como já disse, jocosamente, um ilustre Parlamentar — eu vejo essa imagem<br />

com seriedade e preocupação —, o Governo do PT está levando as empresas à<br />

falência, os servidores ao estrangulamento e a população à inanição, de tal maneira<br />

que, logo mais, seremos to<strong>dos</strong> nós, no Brasil inteiro, clientes do Fome Zero,<br />

seremos to<strong>dos</strong> miseráveis e viveremos da caridade patrocinada pelo Governo do<br />

PT.<br />

Esta é a perspectiva que nos espera: se não reagirmos logo, vamos to<strong>dos</strong><br />

inscrever-nos no Fome Zero!<br />

Sr. Presidente, é por to<strong>dos</strong> reconhecido que a carga tributária praticada no<br />

Brasil é uma das mais elevadas do planeta.<br />

A elevada incidência <strong>dos</strong> tributos emperra o desenvolvimento econômico, com<br />

prejuízo para toda a sociedade. Deve-se ressaltar igualmente que, além de ter que<br />

pagar impostos altíssimos, o contribuinte brasileiro é obrigado a satisfazer a<br />

denominada “obrigação tributária acessória”, que consiste em interpretar a<br />

legislação tributária, escriturar os fatos tributáveis ocorri<strong>dos</strong>, manter contabilidade<br />

nos termos exigi<strong>dos</strong> pelas normas tributárias, calcular o tributo devido e pagá-lo no<br />

prazo. Qualquer erro que o infeliz contribuinte venha a praticar, mesmo que decorra<br />

da confusa legislação, acarretará pagamento a menor <strong>dos</strong> tributos que são devi<strong>dos</strong><br />

(de acordo com a interpretação do Fisco) e o sujeita ao pagamento de multas<br />

exacerbadas, além de juros (altíssimos).<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

A carga tributária no Brasil não somente é elevadíssima, como não é<br />

adequadamente distribuída pela população. Com efeito, tributa-se no Brasil mais<br />

gravosamente o rendimento do trabalho do que o do capital. Concedem-se<br />

excessivas isenções, muitas delas não plenamente justificáveis. Há abusos por parte<br />

de entidades ditas filantrópicas. E, por todo lado, verifica-se uma imensa sonegação,<br />

enquanto grande parte da economia esconde-se na “informalidade”, nome pelo qual<br />

é designada a criminosa atitude de sonegação de tributos.<br />

Estamos diante de um círculo vicioso. O empresário muitas vezes sonega,<br />

para poder sobreviver no mundo da competição, quando percebe que seus<br />

concorrentes estão sonegando. Aumentando-se o número de sonegadores, o Fisco<br />

torna-se mais faminto, ao perceber que a arrecadação tributária tende a cair.<br />

Imediatamente, o “leão” ruge e exibe suas garras legislativas: aumentam-se<br />

alíquotas ou criam-se novas exações.<br />

Recentemente, vimos surgir no País a temporada das “contribuições”: é a<br />

CPMF (Contribuição sobre Movimentação Financeira), é a CIDE (Contribuição de<br />

Intervenção no Domínio Econômico), incidente sobre a importação e a<br />

comercialização de petróleo e seus deriva<strong>dos</strong>, gás natural e seus deriva<strong>dos</strong> e álcool<br />

etílico combustível, é a contribuição para custeio do serviço de iluminação pública<br />

nos Municípios e no Distrito Federal.<br />

A Nação já não suporta mais.<br />

A reforma tributária que o povo exige é aquela que reduza a alta carga<br />

tributária e torne mais equânime a distribuição da carga tributária entre os diversos<br />

segmentos da população brasileira.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

A grande quantidade de leis tributárias não é sinônimo de riqueza. Muito pelo<br />

contrário, representa um caos normativo que a to<strong>dos</strong> confunde.<br />

Precisamos de menos leis, menos impostos (sem o disfarce de denominá-los<br />

de contribuição) e mais justiça fiscal. Sem dúvida, é preciso uma luta sem tréguas<br />

contra os sonegadores, porém somente sairemos vitoriosos dessa luta se<br />

conseguirmos ter uma ordem tributária mais justa.<br />

Cabe a este Congresso realizar a sua parte. Como representantes do povo,<br />

como representantes daqueles que pagam os impostos, não podemos mais permitir<br />

que a iniciativa das leis tributárias permaneça de fato nas mãos do Poder Executivo.<br />

Não podemos mais permitir que somente consigam sobreviver ao processo<br />

legislativo os projetos encaminha<strong>dos</strong> pelo Poder Executivo, vale dizer, pelo próprio<br />

Fisco.<br />

O Poder Executivo acaba de encaminhar ao Congresso Nacional os projetos<br />

de reforma tributária e de reforma previdenciária. Tais projetos embutem aumento da<br />

carga tributária: é o Imposto sobre Grandes Fortunas, são as alíquotas do futuro<br />

ICMS, que fugirá ao controle do Poder Legislativo, é a contribuição que se pretende<br />

cobrar <strong>dos</strong> funcionários públicos aposenta<strong>dos</strong>, etc.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, impõe-se a cada um de nós a<br />

vigilância cívica, para evitar que, a pretexto de realizarem-se as necessárias<br />

reformas de que o Brasil necessita, não se acabe por aumentar mais ainda a<br />

elevada carga tributária.<br />

Sr. Presidente, passo a abordar outro assunto. A Bahia ganhou, no dia 31 de<br />

julho próximo passado, o Centro de Reprodução Animal. Trata-se do laboratório<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

destinado à fertilização in vitro, o primeiro do Norte e do Nordeste a dispor dessa<br />

técnica.<br />

O primeiro laboratório de fertilização in vitro (FIV) do Norte e do Nordeste e o<br />

quarto do País foi inaugurado pelo Governador Paulo Souto e pelo Secretário da<br />

Agricultura, Pedro Barbosa. Sediado na Central de Laboratórios da Empresa Baiana<br />

de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), em Ondina, o Centro de Reprodução Animal<br />

é resultado de um convênio entre Governo do Estado e EMBRAPA e contou com um<br />

investimento de R$ 500 mil. O novo laboratório representa um salto para a pecuária<br />

seletiva do Estado, porque facilita o acesso <strong>dos</strong> produtores baianos à tecnologia<br />

para reprodução e ao material genético de alta qualidade.<br />

O centro tem capacidade instalada para produzir 300 embriões por mês. Já<br />

no primeiro ano de instalação, devem ser produzi<strong>dos</strong> mil embriões, mas a<br />

expectativa é de que esse número dobre a partir do segundo ano. A unidade baiana<br />

será gerida pela Associação Baiana <strong>dos</strong> Expositores (ABEXPO), entidade formada<br />

para esse fim, e começa a funcionar em agosto.<br />

De acordo com o Secretário da Agricultura, Dr. Pedro Barbosa, "O laboratório<br />

vai colocar a Bahia no front da seletividade. Será um importante instrumento para<br />

garantir a rapidez no processo de multiplicação de material genético de qualidade.<br />

Vale lembrar que o estado tem um <strong>dos</strong> principais rebanhos seletivos do país".<br />

A produção in vitro é utilizada para a multiplicação de animais de elevado<br />

padrão zootécnico, com características desejáveis, como precocidade e ganho de<br />

peso. A técnica tem crescido nacional e internacionalmente e vem se difundindo<br />

cada vez mais entre os grandes plantéis baianos. Uma das vantagens que<br />

apresenta é o alongamento da vida produtiva das fêmeas. Podem ser utiliza<strong>dos</strong><br />

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bezerras pré-púberes, vacas em início de gestação, com problemas de fertilidade e<br />

até mesmo animais senis.<br />

Para o Diretor da ABEXPO Ronaldo Oliveira Bittencourt, a comercialização<br />

através <strong>dos</strong> leilões de embriões produzi<strong>dos</strong> in vitro tem movimentado quantias<br />

consideráveis. Ele afirmou que "o preço médio alcançado por cada embrião é de R$<br />

20 mil, mas a depender do produto ele pode custar até R$ 200 mil".<br />

O produtor interessado em comprar produtos FIV ou serviços como coleta e<br />

implantação de embriões deve procurar a ABEXPO, onde será cadastrado para<br />

receber a visita <strong>dos</strong> técnicos. A Associação está fazendo a avaliação de custos para<br />

definição <strong>dos</strong> preços. Segundo o Diretor da Associação, "o custo <strong>dos</strong> produtos será<br />

menor que os encontra<strong>dos</strong> hoje no mercado brasileiro. Até porque o criador não<br />

precisará viajar para outros esta<strong>dos</strong> e o risco de perda do material por atraso na<br />

entrega ou problemas no translado é menor".<br />

Para se obterem produtos FIV, é preciso a aspiração <strong>dos</strong> ovários da fêmea e<br />

a manipulação <strong>dos</strong> gametas (células sexuais) fora do organismo materno. O sêmen<br />

utilizado na fertilização é oriundo de touros seleciona<strong>dos</strong> e passa por uma<br />

preparação antes de ser colocado junto com o material extraído das fêmeas, os<br />

ovócitos. Depois dessa etapa, a fecundação propriamente dita, os embriões são<br />

transferi<strong>dos</strong> para o cultivo, onde permanecem por 7 dias, até atingir o estágio de<br />

transferência para úteros de diversas vacas receptoras, que levarão a gestação a<br />

termo.<br />

A inseminação artificial, surgida em mea<strong>dos</strong> do século passado, foi o primeiro<br />

grande salto que os trabalhos de reprodução deram em favor do melhoramento<br />

genético <strong>dos</strong> animais. O objetivo dessa técnica é aproveitar ao máximo o sêmen <strong>dos</strong><br />

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melhores touros. O bezerro é o resultado do material genético do pai e da mãe. Em<br />

tese, um bezerro herda 50% das características de cada um. Se o touro for bom,<br />

imagina-se que pelo menos metade das características do bezerro que ele produzir<br />

terá boa qualidade.<br />

A FIV pretende aproveitar, em maior escala, o material genético da mãe. Com<br />

a técnica, retiram-se as células reprodutivas da vaca (ovócitos) e realiza-se a<br />

inseminação no laboratório, utilizando o sêmen de touros prova<strong>dos</strong>. A monta natural<br />

permite que uma vaca tenha, no máximo, um bezerro por ano. Com a FIV, a mesma<br />

vaca poderá produzir mais de 50 bezerros/ano. Para isso são necessárias as<br />

chamadas barrigas de aluguel: vacas que receberão os embriões produzi<strong>dos</strong> nos<br />

laboratórios.<br />

Realmente, as Regiões Norte e Nordeste do País há muito necessitam<br />

experimentar novas tecnologias, principalmente no meio rural, onde a concentração<br />

humana é maior naquelas áreas. To<strong>dos</strong> sabemos <strong>dos</strong> grandes problemas que vivem<br />

os nossos ruralistas e sertanejos, agricultores e pecuaristas, que, além de conviver<br />

com as agruras da seca, ficam à margem <strong>dos</strong> avanços tecnológicos experimenta<strong>dos</strong><br />

e implementa<strong>dos</strong> nas demais regiões do Brasil.<br />

O Governo da Bahia mais uma vez proporciona às Regiões Norte e Nordeste<br />

a possibilidade de ter maior proximidade com os avanços científicos que beneficiam<br />

a to<strong>dos</strong>, produtores, trabalhadores e estudiosos.<br />

Sr. Presidente, ocupo também esta honrosa tribuna para registrar o<br />

sesquicentenário da morte de Maria Quitéria de Jesus, a mulher-soldado, a primeira<br />

numa unidade militar e Patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército<br />

Brasileiro.<br />

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Maria Quitéria nasceu em São José de Itapororocas, no ano de 1797, na<br />

antiga Província da Bahia.<br />

Em 1822, sob o ideal de liberdade, o Recôncavo Baiano lutava contra o<br />

dominador português, que se negava a reconhecer a Independência do Brasil.<br />

Nesse clima, surge a figura de Maria Quitéria. A necessidade de efetivos fez com<br />

que a Junta Conciliadora de Defesa, sediada em Cachoeira, na Bahia, conclamasse<br />

os habitantes da região a se alistar para combater os portugueses.<br />

Maria Quitéria, uma humilde sertaneja baiana, atende ao chamado, motivada<br />

pelos ideais de liberdade que envolviam seus conterrâneos. Ante a posição contrária<br />

do pai, foge de casa e, com o uniforme de um cunhado, incorpora-se inicialmente ao<br />

Corpo de Artilharia e, posteriormente, ao de Caçadores, com nome de soldado<br />

Medeiros. O seu batismo de fogo ocorre em combate na foz do Rio Paraguaçu,<br />

ocasião em que ficam evidencia<strong>dos</strong> seu heroísmo invulgar e sua real identidade.<br />

Em fins de 1822, a intrépida baiana, já com saiote tipo highlander escocês<br />

sobre o uniforme militar, incorpora-se ao Batalhão <strong>dos</strong> Voluntários de D. Pedro I,<br />

tornando-se, desse modo, oficialmente a primeira mulher a assentar praça numa<br />

unidade militar em terras brasileiras.<br />

De armas na mão, participando de combates como o da Pituba e o de Itapuã,<br />

torna-se merecedora das mais honrosas citações de bravura, valor e intrepidez,<br />

passando a constituir-se em referência do heroísmo da mulher brasileira.<br />

Finda a campanha baiana, Maria Quitéria embarca para o Rio de Janeiro.<br />

A sua presença na Corte é cercada de muito respeito, em face da fama de<br />

sua coragem e da grande curiosidade decorrente das características de seu<br />

uniforme, por demais ousado para a época.<br />

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No dia 20 de agosto de 1823, D. Pedro I confere à gloriosa guerreira a honra<br />

de recebê-la em audiência especial. Sabedor da bravura e da maneira correta com<br />

que sempre se portara entre a soldadesca, num gesto de profunda admiração,<br />

concede-lhe o soldo de Alferes de Linha e a condecoração de Cavaleiro da Ordem<br />

Imperial do Cruzeiro, em reconhecimento à bravura e à coragem com que lutara<br />

contra os inimigos da Pátria.<br />

Maria Quitéria, no entanto, não se deixou levar pela vaidade e pelo fulgor da<br />

glória que conquistara. Depois de encerrada a guerra, a heroína recolheu-se ao<br />

silêncio do lar, falecendo no dia 21 de agosto de 1853, num "doloroso anonimato".<br />

Finalmente, em 28 de junho de 1996, Maria Quitéria de Jesus, por decreto do<br />

Presidente da República, passou a ser reconhecida como Patrono do Quadro<br />

Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.<br />

Sr. Presidente, nessa etapa da vida política da nação independente, as forças<br />

imperiais lutaram nas guerras pela consolidação da independência nas províncias da<br />

Bahia, do Maranhão, da Cisplatina e do Pará. Nesse contexto, o Exército mostrou<br />

bravura e coragem para incluir o Brasil no círculo das nações organizadas e<br />

soberanas.<br />

Na Bahia, os comanda<strong>dos</strong> do Tenente Luís Alves de Lima e Silva triunfaram<br />

com o Batalhão de Voluntários do Príncipe Dom Pedro, em que se assentou Maria<br />

Quitéria de Jesus, a soldado Medeiros, primeira mulher numa unidade militar. A<br />

nossa heroína da independência.<br />

Sr. Presidente, no Brasil atual, independente e livre, estamos vivendo<br />

momento de grande tensão. Com a ascensão do Sr. Lula da Silva à Presidência da<br />

República, o País que tinha medo julgou ter esperança, porém o que vemos é<br />

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aumentar o temor. Estamos vivenciando a anarquia no campo, com invasões<br />

irracionais e patrocinadas, com conflitos arma<strong>dos</strong> beirando a guerra civil. Chegamos<br />

ao ponto de ter esta Casa, seio da democracia e do diálogo, invadida por forças<br />

armadas, por ordem expressa de dirigentes que um dia estiveram na trincheira do<br />

ideal libertário. A situação do País é de proliferação crescente de miséria,<br />

desemprego e violência. Os jornalistas e repórteres, que outrora morriam na<br />

divulgação das barbáries das guerras, hoje são assassina<strong>dos</strong> em praça pública, por<br />

estarem desvendando a violência urbana, do tráfico de drogas, as invasões da terra.<br />

É chegada a hora de nos unirmos, sem vinculação político-partidária, apenas<br />

imbuí<strong>dos</strong> do resgate da ordem e do progresso, da união coesa em favor do Brasil,<br />

em benefício da população, da democracia, do crescimento e do desenvolvimento e<br />

da manutenção de nossa soberania. É chegada a hora de esta Casa apresentar ao<br />

País uma proposta de paz e de liberdade. Temos a missão precípua de ordenar<br />

legalmente o destino dessa Nação.<br />

À nossa heroína o nosso reconhecimento e nosso orgulho. É de espíritos<br />

como o de Maria Quitéria que o nosso País está carente. Precisamos nos unir em<br />

torno do ideário independente que moveu nossos heróis do passado. Precisamos<br />

nos libertar de vez da angústia, da violência e da criminalidade, da fome, do<br />

desemprego, do analfabetismo, da subserviência internacional. Somos, cada um de<br />

nós, responsáveis pela construção digna deste País maravilhoso, acolhedor e<br />

constituído por heróis, que se sobrepõem diuturnamente às agruras do Brasil, a seca<br />

nordestina, a violência e a criminalidade <strong>dos</strong> grandes centros do Sul e do Sudeste, a<br />

devastação amazônica, etc. Também somos heróis possuidores de grande beleza e<br />

riquezas naturais, de belas praias, rios e cascatas, do Pantanal mato-grossense.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Enfim, precisamos manter vivo em nossas mentes e ações que este País e este<br />

povo maravilhoso devem perpetuar os ideais libertários de nossos guerreiros.<br />

Viva Maria Quitéria! Viva a liberdade!<br />

Sr. Presidente, também quero, com muita tristeza, registrar nos Anais desta<br />

Casa o falecimento de Monsenhor Francisco Dalto, ocorrido no último dia 7 de julho,<br />

no Hospital Espanhol, em Salvador, aos 67 anos, por insuficiência renal. O corpo foi<br />

velado na Igreja Matriz do Sagrado Coração de Maria, na sua terra natal, onde era<br />

pároco. Na tarde do mesmo dia, foi celebrada santa missa das exéquias, presidida<br />

pelo Arcebispo Metropolitano D. Itamar Vian, concelebrada pelo Bispo Emérito D.<br />

Silvério Albuquerque e por muitos sacerdotes das Arquidioceses de Feira de<br />

Santana e de Salvador. Após a missa, uma grande multidão acompanhou o cortejo<br />

fúnebre até o Cemitério de Coração de Maria, onde foram sepulta<strong>dos</strong> os restos<br />

mortais do sau<strong>dos</strong>o sacerdote.<br />

Monsenhor Dalto, luz que não se apagou, choram to<strong>dos</strong>, a Igreja de Feira de<br />

Santana, as Paróquias de Santa Bárbara, Pedrão, Conceição do Jacuípe, Biritinga e<br />

São Gonçalo, seus amigos, afilha<strong>dos</strong>, irmãos e filhos na fé. A luz não se apagou,<br />

passou a refulgir nas planícies celestes.<br />

Homem culto, de enorme piedade e grande devoção, por onde passou<br />

imprimiu um timbre pessoal indelével. Venerava Nossa Senhora e guardava<br />

profunda fidelidade e adoração a Jesus Cristo.<br />

Deixou-nos inúmeros ensinamentos na sua frutuosa vida sacerdotal! Pregador<br />

convincente, grande formador, estimulou muitas vocações sacerdotais, acolhendo<br />

em sua casa dezenas de jovens vocaciona<strong>dos</strong>, cujo testemunho de vida levou até<br />

Jesus.<br />

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Frágil na aparência física, foi marcado pela doença, que lhe acompanhou por<br />

muitos anos. Mas, no que se refere às coisas da fé, o monsenhor era um valente,<br />

destemido e fiel soldado do Evangelho.<br />

Monsenhor Francisco João Dalto nasceu em Coração de Maria, na Bahia, no<br />

dia 11 de julho de 1935, concluiu os estu<strong>dos</strong> de Filosofia e Teologia no Seminário<br />

Central da Bahia, em Salvador, e foi ordenado sacerdote em 15 de agosto de 1963.<br />

E, em 1988, recebeu o título de Monsenhor (Capelão de Sua Santidade), concedido<br />

pela Papa João Paulo II.<br />

Monsenhor Dalto ou Padre Chiquito, como era conhecido por muitos, foi um<br />

bom pastor, um sacerdote fiel e obediente à Igreja. Nos seus quase 40 anos de<br />

sacerdócio, serviu com zelo e honra as diversas funções a ele designadas em Santa<br />

Bárbara, na Cidade Nova (Feira de Santana). Foi vigário paroquial em Lamarão e<br />

Biritinga, administrador paroquial em Pedrão e São Gonçalo <strong>dos</strong> Campos, pároco<br />

em Coração de Maria, sua terra natal, e na Senhor <strong>dos</strong> Passos (Feira de Santana).<br />

Foi chamado a assumir cargos importantes, sendo, por muitos anos, Vigário Geral,<br />

chanceler e membro do Conselho Presbiteral da Arquidiocese de Feira de Santana.<br />

Foi professor de Sociologia, Educação Moral e Cívica, História, Psicologia,<br />

Relações Humanas e Religião.<br />

Sr. Presidente, nós, que tivemos o privilégio de conviver com Monsenhor<br />

Dalto — no meu caso especial, tive a honra de participar da Santa Eucaristia e de<br />

comungar pela primeira vez pelas mãos abençoadas de Monsenhor Dalto, quando<br />

ele viveu em Santa Bárbara e exerceu a atividade de Pároco do Município —, somos<br />

testemunhas da grande obra que ele realizou. Por isso, neste momento de profunda<br />

dor, pedimos a Maria Santíssima que acolha seu filho, cobrindo-o de bênçãos, para<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

que possamos continuar nossa missão aqui, ampara<strong>dos</strong> pelo seu exemplo de fé e<br />

determinação cristã.<br />

nos proteja.<br />

Que Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora das Graças nos abençoe e<br />

Muito obrigado.<br />

700


ordem.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. TARCISIO ZIMMERMANN - Sr. Presidente, peço a palavra pela<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. TARCISIO ZIMMERMANN (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Brasil finalmente começa a<br />

cuidar do direito da juventude ao trabalho. Através da aprovação do Projeto de Lei nº<br />

1.395, de 2003, que cria o Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego, o Governo<br />

Federal passa a contar com um importante instrumento para a inclusão produtiva da<br />

juventude, sobretudo aquela em situação de maior necessidade e pobreza.<br />

A aprovação se dá justamente numa semana de grandes iniciativas do<br />

Governo: a retirada do Projeto nº 4.302, da Precarização do Trabalho e a decisão<br />

que tomou hoje o COPOM de reduzir em 2,5% a taxa de juros. São boas notícias<br />

para este País que acredita no futuro.<br />

Desnecessário dizer da importância desta iniciativa. As estatísticas indicam<br />

que 54 milhões de brasileiros vivem na mais profunda miséria, com renda inferior a<br />

R$ 70,00 por mês. O modelo econômico concentrador e excludente determina que<br />

os 10% mais ricos da população detenham 47,5% da renda produzida no País,<br />

enquanto que os 50% mais pobres ficam com apenas 12,5%. Essa realidade<br />

nacional se manifesta com maior intensidade sobre a juventude. Cerca de 30% <strong>dos</strong><br />

12 milhões de desemprega<strong>dos</strong> são jovens. São 3,6 milhões de pessoas na faixa<br />

etária <strong>dos</strong> 16 aos 24 anos, muitos vivendo em situação de pobreza e já com<br />

responsabilidades de chefe de família.<br />

A cada ano essa situação torna-se mais grave, uma vez que mais de um 1<br />

milhão de jovens ingressam no mercado de trabalho e, não encontrando empregos<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

formais, passam a engrossar as estatísticas do subemprego e do desemprego. A<br />

falta de perspectiva de futuro faz com que muitos tornem-se alvos fáceis do crime<br />

organizado ou vítimas do consumo de drogas ou do álcool, ou, ainda, sejam<br />

lança<strong>dos</strong> à condição de desalento e desespero.<br />

O programa apresentado é simples, bom e generoso. Assegura emprego<br />

formal, com carteira assinada e direitos trabalhistas, dando prioridade aos jovens<br />

pobres; apóia, preferencialmente, as micro e pequenas empresas através da<br />

transferência de R$ 200,00 mensais por jovem contratado; estimula a escolarização<br />

da nossa juventude e, finalmente, fortalece a parceria com Esta<strong>dos</strong> e Municípios e<br />

com a sociedade na sua implantação. O programa prevê ainda apoio financeiro a<br />

jovens em situação de risco engaja<strong>dos</strong> em atividades sociais comunitárias ou em<br />

programas de preparação para o trabalho.<br />

O relatório que acompanhou a tramitação do projeto reconhece a importância<br />

da experiência desenvolvida no Rio Grande do Sul, durante o Governo Olívio Dutra.<br />

Afirma: “Ressalte-se que a proposição reúne um grande número de contribuições<br />

provenientes do PL nº 7.060, de 2002, do Deputado Tarcísio Zimmermann, que<br />

trouxe, com essa proposição, a experiência consolidada em programa similar que<br />

instituiu e implementou no Rio Grande do Sul. “<br />

O Programa Primeiro Emprego do Rio Grande do Sul possibilitou, ao longo<br />

de pouco mais de 3 anos de execução, o acesso a empregos formais, com to<strong>dos</strong> os<br />

direitos trabalhistas e previdenciários, a mais de 20.500 jovens sem nenhuma ou<br />

com muito pouca experiência profissional.<br />

Registramos, com alegria e entusiasmo, a aprovação do projeto de lei do<br />

primeiro emprego. No entanto, agora começa a etapa decisiva em que serão<br />

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fundamentais os empresários e a mobilização do conjunto da sociedade. Nossa<br />

juventude precisa de esperança e de oportunidades. Nossa juventude precisa da<br />

certeza de que nosso País é solidário com suas angústias e tem a generosidade <strong>dos</strong><br />

que sabem que o futuro é agora e que neste futuro queremos to<strong>dos</strong> os brasileiros<br />

como cidadãos.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PAULO LIMA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. PAULO LIMA (PMDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, peço que seja inserido nos Anais desta Casa manifesto a favor da<br />

abertura do processo de venda de gás no País.<br />

A SINDIGÁS detém 96% do oligopólio e as pequenas empresas associadas à<br />

ANGÁS estão sufocadas. Gostaria que o Ministério de Minas e Energia olhasse com<br />

atenção este assunto relativo à liberdade de mercado, para poder abaixar o custo do<br />

gás.<br />

Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para parabenizar os atletas<br />

olímpicos, campeões no Pan-Americano de Santo Domingo, de Presidente<br />

Prudente, patrocina<strong>dos</strong> pela Prefeitura Municipal de Presidente Prudente e pela<br />

Universidade do Oeste Paulista, em especial o técnico da Seleção Brasileira, Prof.<br />

Jaime Neto.<br />

MANIFESTO A QUE SE REFERE O ORADOR<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 705 A 705-B)<br />

705


ordem.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. FRANCISCO DORNELLES - Sr. Presidente, peço a palavra pela<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. FRANCISCO DORNELLES (PP-RJ. Pela ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> começa<br />

a discutir amanhã o relatório da PEC da reforma tributária. O projeto está bem<br />

desenhado, tem aspectos positivos, como a unificação da legislação do ICMS, a<br />

unificação das alíquotas, a tentativa de se acabar com a guerra fiscal, desonerar a<br />

exportação e a produção. Mas existem 2 pontos para os quais quero chamar a<br />

atenção de to<strong>dos</strong> os Srs. Deputa<strong>dos</strong>.<br />

O primeiro deles é o que muda a sistemática de distribuição do ICMS <strong>dos</strong><br />

Esta<strong>dos</strong> aos Municípios.<br />

Atualmente os Esta<strong>dos</strong> distribuem aos Municípios pequenas parcelas do<br />

ICMS, de acordo com o local em que o imposto é pago, de acordo com a lei<br />

estadual. O Governo e o Relator querem modificar essa sistemática, de forma que<br />

lei complementar federal venha a estabelecer os critérios de distribuição do ICMS de<br />

Esta<strong>dos</strong> e Municípios.<br />

A União Federal deveria ficar fora desse processo, porque se trata de<br />

problema <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> e <strong>dos</strong> Municípios.<br />

Considero também um absurdo a progressividade do imposto de transmissão,<br />

já que o contribuinte é o comprador. Não faz sentido o comprador, no momento da<br />

compra o imóvel, pagar imposto de transmissão progressivo.<br />

Eram essas as considerações que gostaria de fazer sobre a proposta de<br />

reforma tributária do Governo. Espero que a Comissão faça as correções<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

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necessárias para aprovarmos esse projeto dentro das linhas e condições que<br />

possibilitem que se resolvam os maiores problemas do País.<br />

Obrigado, Sr. Presidente.<br />

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O SR. MAURO BENEVIDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o seguinte<br />

discurso) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a Associação <strong>dos</strong> Prefeitos do<br />

Estado do Ceará continua a mobilizar os seus integrantes para a luta em prol da<br />

recomposição das parcelas do Fundo de Participação <strong>dos</strong> Municípios, reduzidas<br />

substancialmente em detrimento <strong>dos</strong> interesses das comunas brasileiras.<br />

Recentemente, no plenário da Assembléia Legislativa, aquela prestigiosa<br />

entidade promoveu amplo debate em torno da reforma tributária, com a presença<br />

<strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> Mussa Demes e Virgílio Guimarães, aos quais foram transmitidas<br />

veementes solicitações destinadas a corrigir distorções no processo arrecadatório,<br />

em prejuízo de nossas Edilidades.<br />

Agora, num desdobramento regionalizado de encontros com idêntico objetivo,<br />

a APRECE programou outras iniciativas, conforme expediente enviado à bancada<br />

cearense no Congresso Nacional.<br />

Eis o texto da circular da APRECE:<br />

“Senhor Deputado, atualmente a grande maioria<br />

<strong>dos</strong> Municípios brasileiros passa por uma grave crise<br />

financeira. Faltam recursos até mesmo para aplicar nos<br />

setores básicos, o que compromete a qualidade de vida<br />

de nossas populações.<br />

Dando continuidade à nossa justa e legítima<br />

mobilização no sentido de restabelecer o poder <strong>dos</strong><br />

Municípios, vimos comunicar ao Exmo. Sr. Deputado que<br />

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a APRECE irá realizar 3 assembléias regionais para<br />

reafirmar as nossas reivindicações quanto à reforma<br />

tributária.<br />

As referidas assembléias regionais obedecerão ao<br />

seguinte cronograma:<br />

- dia 22 de agosto, de 2003, em Sobral, com os<br />

Municípios da Zona Norte;<br />

- dia 29 de agosto, de 2003, em Juazeiro do Norte,<br />

com os Municípios do Cariri;<br />

- dia 1º de setembro, de 2003, em Fortaleza, com<br />

os demais Municípios do Estado.<br />

Estas assembléias regionais a serem realizadas<br />

pela APRECE têm como principal objetivo reunir to<strong>dos</strong> os<br />

Prefeitos e seus legítimos representantes no Congresso<br />

Nacional para esclarecimentos sobre a real situação em<br />

que se encontram os nossos Municípios, e assim o total<br />

comprometimento de to<strong>dos</strong> com a repartição mais justa<br />

do bolo tributário arrecadado pela União, e contar com o<br />

apoio de nossa bancada federal durante a votação do<br />

texto da reforma tributária.<br />

Nesse sentido, vimos convidar o ilustre Deputado<br />

para participar da assembléia regional da APRECE a ser<br />

realizada no Município de Sobral, no Auditório da<br />

Prefeitura Municipal, no próximo dia 22 de agosto, às 9<br />

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horas, ocasião em que estarão presentes os Prefeitos <strong>dos</strong><br />

Municípios da Zona Norte, especialmente os conti<strong>dos</strong> na<br />

lista em anexo, e os Srs. Deputa<strong>dos</strong> Federais apoia<strong>dos</strong><br />

por estes respectivos Prefeitos. Caso V.Exa. tenha tido,<br />

para sua eleição, o apoio de algum desses Prefeitos, sua<br />

presença é indispensável.<br />

Esta associação espera, mais uma vez, contar com<br />

a presença de V.Exa., ao mesmo tempo em que aguarda,<br />

veementemente, por um apoio justo e legítimo. O<br />

movimento municipalista agradece a sua atenção.<br />

Cordialmente,<br />

Júlio César Lima Batista<br />

Prefeito de Aratuba e<br />

Presidente da A PRECE”.<br />

Sr. Presidente, esperam os Prefeitos cearenses, em perfeita sintonia com os<br />

colegas de outros Esta<strong>dos</strong>, que se restaure, integralmente, os repasses atingi<strong>dos</strong><br />

pelo contingenciamento procedido agora, o que há trazido inconformismo para<br />

aqueles administradores que cumprem, com exação, os seus encargos funcionais.<br />

Confio em que o Executivo Federal encontre uma alternativa capaz de<br />

restabelecer, sem deduções injustificáveis, os quantitativos devi<strong>dos</strong> às nossas<br />

municipalidades.<br />

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VI - ORDEM DO DIA<br />

PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - A lista de presença registra o<br />

comparecimento de 337 Senhores Deputa<strong>dos</strong>.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concederei a palavra entre uma<br />

votação e outra, se houver, aos Deputa<strong>dos</strong> Lindberg Farias, Josué Bengtson, Luiz<br />

Bassuma, Darcísio Perondi, Dr. Ribamar Alves, Henrique Fontana, Sandes Júnior,<br />

Moroni Torgan e Claudio Cajado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Passa-se à apreciação da matéria<br />

que está sobre a mesa e da constante da Ordem do Dia.<br />

Item 1.<br />

Continuação da votação, em turno único, do<br />

Projeto de Lei nº 4.572, de 1998, que cria o Programa de<br />

Estímulo ao Primeiro Emprego — PEPE e dá outras<br />

providências.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Sobre a mesa requerimento da<br />

bancada do PDT que requer destaque de votação em separado de emendas ao<br />

substitutivo do Relator do PL nº 1.394, de 2003, no seguinte teor:<br />

“Requeremos, nos termos do Regimento Interno,<br />

destaque para votação em separado da Emenda nº 24 ao<br />

substitutivo do Relator do PL nº 1.394, de 2003”.<br />

Assinam Deputa<strong>dos</strong> Leonardo Mattos, do PV, Neiva Moreira e outros.<br />

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destacada.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Votação da Emenda nº 24,<br />

O Deputado Leonardo Mattos está presente?<br />

O SR. MARCELO ORTIZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem a palavra V.Exa.<br />

O SR. MARCELO ORTIZ (PV-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, o Deputado Leonardo Mattos está vindo, mas vamos desistir.<br />

Ortiz?<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Vai desistir, Deputado Marcelo<br />

O SR. MARCELO ORTIZ - Vamos retirar o requerimento.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Fica esclarecido que a retirada é<br />

pertinente por se tratar de uma emenda.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Destaque de bancada, do PFL,<br />

nos seguintes termos:<br />

“Requeiro, nos termos do art. 161, § 2º do<br />

Regimento Interno, destaque para votação em separado<br />

da Emenda nº 3, de autoria do Deputado Paes Landim,<br />

apresentada ao Projeto de Lei nº 1.394, de 2003.<br />

Sala das Sessões, em 19 de agosto de 2003”.<br />

Assina Deputado José Carlos Aleluia, Líder do PFL.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - A Emenda nº 3 diz o seguinte:<br />

“Substituir, no art. 2º, a expressão ‘meio salário<br />

mínimo’ por ‘um salário mínimo’”.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado Murilo Zauith, para encaminhar contra.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, estamos em processo de votação do Projeto de Lei nº<br />

1.394, de 2003, que cria o Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego.<br />

Este projeto ainda precisa ser discutido, pois há várias emendas e destaques a<br />

serem vota<strong>dos</strong>.<br />

Quem não quer criar emprego para os jovens neste País, quando é sabido<br />

que, dia a dia, aumentam os índices de desemprego? O Governo lança o Programa<br />

Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego, mas este projeto precisa ser pensado<br />

mais profundamente.<br />

De acordo com o projeto do Governo, só se pode contemplar com o primeiro<br />

emprego a família que tiver renda per capita de meio salário mínimo. Meio salário<br />

mínimo é muito pouco, Sr. Presidente. Precisamos contemplar outras famílias, para<br />

que seus filhos tenham condições de ingressar no mercado de trabalho e vislumbrar<br />

um futuro melhor. Queremos inserir famílias que percebem um salário mínimo per<br />

capita — o que aumentará o rol de beneficia<strong>dos</strong> — e que também têm parentes<br />

liga<strong>dos</strong> a elas, que vivem sob o mesmo teto, para que tenham oportunidade de<br />

trabalhar.<br />

Por isso, reivindicamos encaminhamento melhor ao projeto, que se compõe<br />

de muitos artigos. Vai ser complicado para a empresa contratar um jovem, porque o<br />

texto impõe várias condições para tal. Há proposta mais adequada para encaminhar<br />

a matéria. Existem projetos que desoneram várias obrigações para que a empresa<br />

disponibilize vagas de trabalho.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Outro ponto falho refere-se à existência ou não de vínculo empregatício. As<br />

emendas baixam para 2% o recolhimento, da parte do empregador, do Fundo de<br />

Garantia, e o projeto não prevê nada disso. Queremos saber a opinião do Relator<br />

sobre este assunto e sobre como ficaria o caso de rapazes que deverão assumir o<br />

primeiro emprego.<br />

Estamos propondo o aumento da renda per capita de meio salário mínimo<br />

para um salário mínimo, a fim de elevar o poder aquisitivo das famílias brasileiras.<br />

Esta é a proposta do PFL.<br />

Muito obrigado.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para encaminhar, concedo a<br />

palavra ao Deputado Tarcisio Zimmermann, que falará contra a matéria.<br />

O SR. TARCISIO ZIMMERMANN (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, essa emenda é adequada para um outro País, não para o Brasil, que<br />

tem mais de 35 milhões de pessoas vivendo na mais absoluta pobreza. Infelizmente,<br />

a Nação não consegue prover o mínimo necessário para quase 50 milhões de<br />

pessoas.<br />

Quando um projeto como o Primeiro Emprego propõe prioridade clara para o<br />

jovem pobre, efetivamente busca combater a desigualdade social. Se fizermos boa<br />

reforma tributária, se o País voltar a crescer 7%, 8% ao ano e se pudermos garantir<br />

melhor distribuição de renda, no futuro talvez possamos criar um programa de<br />

Primeiro Emprego que atenda a jovens que não sejam oriun<strong>dos</strong> de famílias tão<br />

pobres.<br />

Portanto, quero pedir à bancada do PFL que dê prioridade nesse programa ao<br />

jovem pobre, ao excluído. Este precisa ter a certeza de que não disputará recursos<br />

com aqueles que podem se manter.<br />

721


de ordem.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. MURILO ZAUITH - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Questão de ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, o art. 192, § 7º, do Regimento Interno, diz:<br />

“Art. 192...................................................................<br />

§ 7º No encaminhamento da votação de emenda<br />

destacada, somente poderão falar o primeiro signatário, o<br />

autor do requerimento de destaque e o Relator...”.<br />

O Regimento não diz que outros Deputa<strong>dos</strong> possam fazer uso da palavra. Fui<br />

eu que encaminhei pelo requerimento de destaque e não há como contraditar.<br />

Portanto, o encaminhamento não está sendo feito conforme determina o<br />

Regimento Interno.<br />

O Sr. Tarcisio Zimmermann - No caso há dupla falta. Quem encaminhou a<br />

matéria não foi seu autor e quem a contraditou não foi o Relator.<br />

O SR. MURILO ZAUITH - O PFL é o autor do destaque, nobre Deputado.<br />

V.Exa. precisa ler o Regimento Interno.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Deputado Murilo Zauith, como<br />

V.Exa. está sempre atento ao Regimento Interno, observou bem que, de acordo com<br />

o § 7º do art. 192, o Deputado Tarcisio Zimmermann não poderia encaminhar.<br />

Penitencio-me perante V.Exa. Se quiser usar a palavra para reparar parte da fala do<br />

Deputado Tarcisio Zimmermann, poderá fazê-lo.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. MURILO ZAUITH - Sr. Presidente, quero apenas enaltecer o trabalho<br />

de V.Exa. nesta Casa e a forma democrática como tem conduzido as sessões,<br />

sendo escravo do Regimento Interno, do qual to<strong>dos</strong> nós o somos.<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 3,<br />

destacada pelo PFL.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputa<strong>dos</strong> que forem<br />

favoráveis à emenda permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

REJEITADA.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Sobre a mesa requerimento da<br />

bancada do PSDB, no seguinte teor:<br />

“Requeiro, nos termos do art. 161, II, e § 2º,<br />

combinado com o art. 117, IX do Regimento Interno,<br />

destaque para votação da Emenda nº 4, oferecida ao<br />

Projeto de Lei nº 1.394, de 2003, para inclusão no<br />

substitutivo ao Projeto de Lei nº 4.572, de 1998, que ‘cria<br />

o Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego – PEPE e<br />

dá outras providências’, oferecido pelo Relator designado<br />

em substituição à Comissão Especial”.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - A emenda do Deputado Walter<br />

Feldman diz o seguinte:<br />

“Serão atendi<strong>dos</strong> pelo Programa Nacional do<br />

Primeiro Emprego os jovens cadastra<strong>dos</strong> no SINE —<br />

Sistema Nacional de Emprego —, assim como to<strong>dos</strong> os<br />

jovens cadastra<strong>dos</strong> no sistemas estaduais e municipais<br />

de intervenção na empregabilidade de jovem nas<br />

condições expostas nesta lei”.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO - Sr. Presidente, como autor do<br />

destaque, gostaria de manifestar-me.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP. Pela ordem. Sem<br />

revisão do orador.) - Sr. Presidente, a emenda tem por objetivo aperfeiçoar o projeto<br />

do Governo.<br />

O Deputado Walter Feldman, autor da emenda, acaba de chegar. Se o nobre<br />

Presidente permitir, passarei a palavra a S.Exa, para fazer a defesa da emenda.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem a palavra o Deputado Walter<br />

Feldman, para encaminhar a votação.<br />

O SR. WALTER FELDMAN (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, apressamo-nos em debater a questão no<br />

plenário, tendo em vista o envolvimento de muitos Deputa<strong>dos</strong> e bancadas na<br />

questão da reforma tributária, que passará pela primeira apreciação na reunião<br />

convocada para amanhã, quando será apreciado o relatório do Deputado Virgílio<br />

Guimarães.<br />

Apresentamos a emenda e a discutimos com o Relator, Deputado Reginaldo<br />

Lopes, e com nossa bancada, tendo em vista a experiência que já se acumulou,<br />

não apenas em São Paulo, mas também em outros Esta<strong>dos</strong> brasileiros, sobre<br />

programas relativos à incorporação da juventude no início da sua profissionalização.<br />

Acreditamos, portanto, que já há experiência acumulada. Há, muitas vezes,<br />

por parte de alguns governantes, no plano nacional, estadual e municipal, um<br />

equívoco: ao iniciar o mandato, imaginam que estão redescobrindo a história, ou a<br />

roda da história, e que o acúmulo acorrido anteriormente ao seu mandato deve ser<br />

literalmente descartado.<br />

A sociedade brasileira passa por um grave período de crise, notadamente<br />

pela falta de emprego. Os índices alarmantes <strong>dos</strong> últimos meses constatam<br />

percentual próximo de 13% no plano nacional. Nas regiões metropolitanas,<br />

particularmente nas 6 que sofreram processo estatístico de avaliação, os índices são<br />

superiores a 20%, caracterizando, portanto, que de cada 10 cidadãos em plena<br />

capacidade produtiva e econômica, 2 estariam desemprega<strong>dos</strong>. Talvez seja um <strong>dos</strong><br />

índices de desemprego mais eleva<strong>dos</strong> na história brasileira.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Tendo em vista a impossibilidade nos tempos atuais do tão esperado<br />

espetáculo do crescimento, reconhecemos o esforço feito, porém, com certa<br />

dilatação no tempo proposto do início da implantação do Programa Primeiro<br />

Emprego, dando vazão, pelo menos parcialmente, à demanda não apenas da<br />

sociedade como um todo, mas particularmente das estruturas das entidades e das<br />

associações que representam a juventude.<br />

Argumentamos, através de várias emendas apresentadas quando da<br />

tramitação, basea<strong>dos</strong> em experiências anteriores já consolidadas — e cito aqui a<br />

experiência do Estado de São Paulo —, sobre a conveniência de se realizar<br />

convênios e aproveitar os cadastros já elabora<strong>dos</strong> nos sistemas públicos, estaduais<br />

e municipais, de cadastramento da população.<br />

Apresentamos outra emenda que permite que organizações populares —<br />

ONGs, sindicatos e associações de bairros, que também têm-se esforçado, com<br />

muito espírito comunitário — cadastrem a população desempregada. A partir daí,<br />

poderiam fazer movimentos e gestões próprias ou relacionadas aos órgãos públicos.<br />

A Emenda nº 4, apresentada por nós, tem por finalidade atender aos jovens<br />

cadastra<strong>dos</strong> já inscritos nos sistemas estaduais e municipais. O Relator, Deputado<br />

Reginaldo Lopes, acredita que isso já teria sido incorporado em seu parecer, na<br />

medida em que existe artigo que relaciona a possibilidade de convênios com órgãos<br />

públicos estaduais e municipais.<br />

Na nossa opinião, estamos dando uma definição mais apropriada. O PSDB,<br />

em sua reunião ordinária, considerou importante que apresentássemos este<br />

destaque a fim de que viesse ao Plenário para a apreciação <strong>dos</strong> Srs. Parlamentares.<br />

Muito obrigado.<br />

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pela ordem.<br />

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a emenda.<br />

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO - Sr. Presidente, peço a palavra<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP. Pela ordem. Sem<br />

revisão do orador.) - Sr. Presidente, pedi a palavra como autor do destaque para<br />

justificar perante a Casa o nosso procedimento de ontem, quando tentamos fazer a<br />

<strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong> votar o Projeto nº 98, de 1999, que nos parecia ideal. Não<br />

foi possível, perdemos e, democraticamente, nos submetemos ao resultado.<br />

Com relação a essa emenda, repito o que to<strong>dos</strong> disseram: temos pressa para<br />

gerar empregos. Daí a razão do destaque do Deputado Walter Feldman, que vai se<br />

utilizar não só <strong>dos</strong> cadastros do Sistema Nacional de Empregos, como também <strong>dos</strong><br />

cadastros municipais e estaduais.<br />

Dessa forma, acredito que ficará mais fácil, ou menos penoso, chegarmos à<br />

marca <strong>dos</strong> 10 milhões de empregos, promessa feita pelo então candidato Lula.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Antes de passar a palavra ao<br />

Relator, para encaminhar contra, registro a presença, na <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>, do<br />

Deputado Andrés Guzmán, do Parlamento boliviano, em visita oficial ao País.<br />

(Palmas.)<br />

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado Reginaldo Lopes, Relator da matéria.<br />

O SR. REGINALDO LOPES (PT-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, a emenda do PSDB é contraditória à emenda<br />

de plenário que o Relator acolheu e que está no substitutivo. Queremos dar<br />

transparência ao Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego. Aprovamos a<br />

divulgação, semestralmente, pela Internet, das estatísticas do Programa, feitas pelo<br />

Ministério do Trabalho e Emprego — jovens beneficia<strong>dos</strong>, jovens cadastra<strong>dos</strong>,<br />

idade, gênero, raça, e jovens atendi<strong>dos</strong> por Estado. Portanto, essa emenda vem na<br />

contramão da proposta de plenário que to<strong>dos</strong> aprovamos ontem.<br />

Existe também dificuldade operacional. Queremos que o procedimento seja<br />

padronizado, para atender à inscrição e ao encaminhamento <strong>dos</strong> jovens. O<br />

substitutivo também prevê que as entidades estaduais e municipais conveniadas ao<br />

SINE possam operar o Programa.<br />

O Congresso Nacional, se acatássemos esta emenda, perderia o poder de<br />

fiscalizar o Programa.<br />

Meu parecer é pela rejeição.<br />

Obrigado.<br />

733


destacada.<br />

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 4,<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Sr. Deputa<strong>dos</strong> que a aprovam<br />

permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

REJEITADA.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Sobre a mesa requerimento da<br />

bancada do PSDB, no seguinte teor:<br />

Assina o Deputado Eduardo Paes.<br />

“Requeiro, nos termos do art. 161, II, e §2º,<br />

combinado com o art. 117, IX do Regimento Interno da<br />

<strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>, destaque para votação da<br />

Emenda nº 6, oferecida ao Projeto de Lei nº 1.394, de<br />

2003, para inclusão no substitutivo ao Projeto de Lei nº<br />

4.572-A, de 1998, que ‘cria o Programa de Estímulo ao<br />

Primeiro Emprego — PEPE e dá outras providência”.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao Deputado<br />

Antonio Carlos Pannunzio, autor da matéria.<br />

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP. Sem revisão do orador.)<br />

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, sustentando a emenda do companheiro<br />

Eduardo Paes, nós, do PSDB, temos como objetivo conceder aos jovens que já se<br />

cadastraram no SINE, que atenderam a to<strong>dos</strong> os pré-requisitos para concorrer ao<br />

primeiro emprego, a possibilitar de uma ajuda de custo 3 vezes maior que a do<br />

Bolsa-Escola — limitada em 45 reais — até que ele seja contratado. Em função da<br />

estrutura burocrática que o sistema envolve, até que ele seja concretizado, teremos<br />

milhares de jovens na fila de espera.<br />

Sr. Presidente, quero agora usar o mesmo argumento que utilizei no destaque<br />

anterior: to<strong>dos</strong> temos pressa em criar empregos. Por isso mesmo, àqueles jovens<br />

que não puderem ainda estar enquadra<strong>dos</strong> no Programa, não por falta de vontade,<br />

nem pela falta da inscrição, mas pela burocracia inerente ao projeto de lei já<br />

aprovado no seu corpo principal nesta Casa, tentaremos ajudar com o nosso voto.<br />

E, repito, faremos um esforço para ajudar o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a<br />

realizar sua promessa de campanha de gerar 10 milhões de empregos em 4 anos.<br />

Votamos pela aprovação da Emenda nº 6.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado Eduardo Paes, autor da matéria.<br />

O SR. EDUARDO PAES (PSDB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, ontem, neste plenário, estabelecemos um acordo para<br />

votação desta importante matéria. Analisando como um todo o projeto mostra um<br />

pouco da incoerência deste Governo ao fazer uma reforma tributária sem olhar para<br />

o emprego, para a produção. O Governo apresenta um projeto tímido, que busca<br />

atender a uma parcela significativa da população brasileira, hoje sujeita aos<br />

problemas que a nossa sociedade enfrenta.<br />

Na noite de ontem, estabelecemos acordo para votar este projeto com toda<br />

tranqüilidade, observando as questões relevantes, que merecem ser incorporadas<br />

ao texto, que precisam ser discutidas.<br />

A emenda que proponho, Sr. Presidente, é muito simples. O Projeto de<br />

Estímulo ao Primeiro Emprego estabelece uma série de regras e critérios para que<br />

uma empresa contrate um jovem, que basicamente deve estar inscrito no Sistema<br />

Nacional de Empregos até que seja contemplado.<br />

Chamo a atenção do Plenário, especialmente do Deputado Professor<br />

Luizinho, que se comprometeu a ouvir com muita atenção esta proposta. A emenda<br />

que apresentei, que agora destacamos com o intuito de aprová-la, propõe que os<br />

inscritos no SINE, enquanto não forem incluí<strong>dos</strong> no PEPE, façam jus a receber um<br />

valor pequeno, básico, a fim de que não sofram as tentações de ofertas fáceis, que<br />

aumentam os problemas que nossa sociedade, muito especialmente nossa<br />

juventude, enfrenta.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Sr. Presidente, o Governo passado, do PSDB, de Fernando Henrique<br />

Car<strong>dos</strong>o, avançou muito no foco <strong>dos</strong> programas sociais. Quando digo avançou no<br />

foco, chamo a atenção para o importante fato de que as políticas públicas na área<br />

social, tendo em vista a exigüidade de recursos que há no Orçamento,<br />

fundamentalmente devem atingir aqueles que realmente precisam.<br />

Obviamente, esta emenda representa um custo a mais para a sociedade<br />

brasileira, para o Governo, mas significa a possibilidade de dirigir recursos à área<br />

social, atingindo, de maneira eficiente, eficaz e efetiva, o grupo sujeito aos<br />

problemas que a sociedade enfrenta. Essa é a questão fundamental.<br />

Se eu tivesse de fazer uma grande crítica ao Governo do PT, não seria pela<br />

recessão econômica que estamos sofrendo; não seria pela reforma tributária — que<br />

olha para o aumento da carga de tributo — que está sendo apresentada à Casa;<br />

certamente não seria pela traição aos servidores públicos e ao Estado brasileiro. Se<br />

eu tivesse de fazer uma grande crítica ao Governo do PT, ela se voltaria para as<br />

políticas sociais.<br />

Querem, por simples perseguição de ordem eleitoral e política, destruir o<br />

sistema de políticas sociais desenvolvido no Governo anterior, que não era o<br />

sistema ideal, merecia avanços, mas tinha esta característica: eram políticas sociais<br />

que buscavam incorporar e alimentar os ativos — capital físico, humano e social —<br />

que cada um de nós, cidadãos, temos a nossa disposição e que precisam de<br />

políticas públicas competentes para serem incorpora<strong>dos</strong>.<br />

Portanto, o PT daria um passo enorme, Deputado Professor Luizinho, se<br />

incorporasse esta emenda, que pode beneficiar segmento importante de nossa<br />

sociedade, uma quantidade enorme de jovens, Deputado Lindberg Farias, que<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

ficarão fora do Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego. Estes jovens<br />

receberiam valor 3 vezes maior que o pago pelo Bolsa-Escola.<br />

Agradeço a atenção aos Srs. Parlamentares.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao Relator da<br />

matéria, Deputado Reginaldo Lopes.<br />

O SR. REGINALDO LOPES (PT-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, nobres Sras. Deputadas e Deputa<strong>dos</strong>, a emenda de autoria do<br />

Deputado Eduardo Paes tem boas intenções, mas não aponta de onde sairão os<br />

recursos para atender aos 2 milhões de jovens que têm possibilidade de se<br />

inscrever no programa.<br />

Para atender à solicitação do nobre colega, acatamos a emenda apresentada<br />

pelo Deputado Tarcisio Zimmermann, que permite que 4,2 milhões de jovens que<br />

estão na inatividade, não estudam nem procuram emprego, sejam incluí<strong>dos</strong> no<br />

programa, estabelecido em 2 incisos: concede prazo de 90 dias para que se<br />

matriculem em escola regular e lhes permite participar de programas de educação<br />

de jovens e adultos.<br />

Somando os jovens na inatividade e desemprega<strong>dos</strong>, que estão matricula<strong>dos</strong><br />

em escola regular de ensinos médio e fundamental, temos 7 milhões e 600 mil. O<br />

mérito e o objetivo deste programa é não associar a educação ao trabalho e permitir<br />

que o jovem tenha acesso ao trabalho formal por tempo indeterminado.<br />

Então, proponho a rejeição desta emenda, porque o mérito está garantido:<br />

acesso ao trabalho formal. O Brasil, com todo o espetáculo de crescimento, precisa<br />

garantir, na lógica de Estado, a inserção do jovem no mercado de trabalho, que tem<br />

de ser protegido por um projeto de Nação, e este inicia a discussão e propõe<br />

políticas de juventude pela lógica de Estado.<br />

Então, o parecer é pela rejeição.<br />

741


destacada.<br />

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 6,<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para orientar a bancada, concedo<br />

a palavra ao Deputado Moroni Torgan.<br />

O SR. MORONI TORGAN (PFL-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, este é um <strong>dos</strong> destaques em que frisamos o aperfeiçoamento da<br />

legislação.<br />

No mérito, somos favoráveis ao Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego,<br />

mas, na verdade, não seriam necessários muitos recursos, se o objetivo é propiciar<br />

ao jovem acesso ao primeiro emprego.<br />

Acredito que o destaque do Deputado Eduardo Paes aprimora o Programa de<br />

Estímulo ao Primeiro Emprego e dá aos jovens a garantia de que, uma vez se<br />

inscrevendo, vão ter na prática a chance do primeiro emprego, e não vai ficar só na<br />

teoria essa possibilidade.<br />

Por essa razão, o PFL aprova o destaque, vota favoravelmente a ele, a fim de<br />

dar a to<strong>dos</strong> os jovens brasileiros a oportunidade de acesso ao primeiro emprego.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a emenda.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Aqueles que foram favoráveis<br />

permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

REJEITADA.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Destaque da bancada do PV, com<br />

apoio do PFL, requerendo, nos termos do Regimento Interno, destaque para votação<br />

em separado da Emenda nº 25 ao substitutivo do Relator do Projeto de Lei nº 1.394,<br />

de 2003.<br />

A emenda diz o seguinte:<br />

“Art. 1º - Fica acrescido ao art. 2º do substitutivo do<br />

Relator ao Projeto de Lei nº 1.394, de 2003, o seguinte<br />

parágrafo:<br />

§ - ficam garanti<strong>dos</strong>, no mínimo, 5% das vagas do<br />

Programa Nacional do Primeiro Emprego às pessoas<br />

portadoras de deficiência, definidas como tal na forma da<br />

lei”.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para encaminhar, concedo a<br />

palavra ao nobre Deputado Leonardo Mattos, que falará a favor da matéria.<br />

O SR. LEONARDO MATTOS (PV-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, primeiro, cumprimento o Governo, pela iniciativa, e o Relator, Deputado<br />

Reginaldo Lopes, meu companheiro de Minas Gerais.<br />

A princípio, o conteúdo deste projeto preocupou-me bastante, porque em<br />

nenhum momento visava atingir segmento substantivo de nossa sociedade: os<br />

portadores de deficiência, que procuro representar nesta Casa. Depois de conversar<br />

com o Deputado Reginaldo Lopes, consegui que S.Exa. absorvesse a minha<br />

preocupação e incluísse esse importante segmento no formato final do projeto.<br />

no projeto.<br />

Portanto, peço a retirada da emenda, pela decisão do Sr. Relator de incluí-la<br />

Muito obrigado.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Destaque de bancada do PFL<br />

requerendo, com base no Regimento Interno da Casa, para votação em separado da<br />

Emenda nº 10, de autoria do Deputado Paes Landim, apresentada ao Projeto de Lei<br />

nº 1.394, de 2003.<br />

Assina o nobre Líder José Carlos Aleluia.<br />

A emenda diz o seguinte:<br />

“Substituir no inciso II, parágrafo único, art. 6º, a<br />

expressão ‘até 20%’ por ‘até 25%’”.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para encaminhar, concedo a<br />

palavra ao nobre Deputado Murilo Zauith, que falará contra a matéria.<br />

O SR. MURILO ZAUITH (PFL-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Srs. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, este projeto, que tem o objetivo de criar emprego para os<br />

jovens brasileiros, possui nada mais nada menos do que 13 artigos, fora parágrafos<br />

e incisos. É muito complicado. O Relator ainda não disse se haverá garantia de<br />

registro em carteira, se vai haver vínculo empregatício.<br />

Vou citar alguns aspectos deste projeto: criação de postos de trabalho para<br />

jovens, a fim de prepará-los para o mercado de trabalho e ocupações alternativas<br />

geradoras de renda; qualificação de jovens entre 16 e 24 anos para o mercado de<br />

trabalho, e incentivo social, sem vínculo empregatício anterior, com renda per capita<br />

familiar de meio salário, matricula<strong>dos</strong> em escolas de 1º e 2º graus. Esses jovens têm<br />

de participar de um cadastro nacional nos Municípios, e suas famílias não podem<br />

receber subvenção governamental, a exemplo de Bolsa-Escola, Auxílio-Desemprego<br />

ou outros benefícios do Governo Federal.<br />

O Executivo diz que vai subsidiar o programa, se houver disponibilidade de<br />

recursos. Quer dizer, nada promete. Inclui no projeto de lei que a empresa vai ser<br />

ressarcida de certo valor, se houver dinheiro.<br />

Sr. Presidente, toda essa complicação é para gerar o primeiro emprego.<br />

Conheço um programa chamado Bolsa-Estágio, lei aprovada nesta Casa que<br />

contempla quem está fazendo o 3º grau. Qualquer empresa pode oferecer o primeiro<br />

emprego ao universitário, não há vínculo empregatício, a empresa estabelece se<br />

pagará 1 ou meio salário, é válido por 1 ano e renovável por mais 1. É muito<br />

importante, porque é um contrato. Esse programa de primeiro emprego para o jovem<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

universitário funciona muito bem no País. As empresas do Governo são as que mais<br />

empregam estagiários de nível universitário. Caixa Econômica Federal, Banco do<br />

Brasil, Prefeituras, Governos de Estado dão oportunidade aos universitários de<br />

participar do programa porque ele é muito simples. Do aluno só se exige o<br />

compromisso de fazer a faculdade.<br />

Quando o Governo fala em primeiro emprego, em preparar o jovem para o<br />

mercado de trabalho, no fundo tenta proporcionar um estágio ao jovem que não<br />

consegue obter uma profissão. Poderia ser muito mais simples, Sr. Presidente. Do<br />

jeito que o Governo propõe, vai ser muito difícil a empresa se enquadrar no<br />

programa.<br />

Precisamos melhorar o projeto para que a empresa se sinta estimulada a<br />

receber o jovem da periferia que esteja cursando o 1º ou o 2º graus, cuja família<br />

realmente esteja lutando para que o filho tenha qualificação profissional, um estágio<br />

preparatório para a vida.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Relator, Deputado Reginaldo Lopes.<br />

O SR. REGINALDO LOPES (PT-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.<br />

Presidente, vamos aos da<strong>dos</strong>. Pesquisa encomendada pelo BNDES em 2001, na<br />

qual foram entrevistadas 178 mil empresas, entre micro, pequenas, médias e<br />

grandes, revelou que o vínculo empregatício, em qualquer situação da nossa<br />

economia, é garantido pelas microempresas.<br />

Portanto, este projeto avança mais do que a emenda. É pura matemática. Se<br />

a empresa contar com 4 emprega<strong>dos</strong> em seu quadro de pessoal, tem direito a<br />

contratar 1 jovem; se contar com 5 a 9 emprega<strong>dos</strong>, tem direito a contratar 2 jovens.<br />

Multiplicando-se 5 emprega<strong>dos</strong> por 25%, dá 1,25. Fração igual ou superior a meio<br />

reduz. Portanto, passa para 1. Se forem 7 emprega<strong>dos</strong>, multiplicando esse número<br />

por 25%, dá 1,4. Reduz para 1. Para a emenda empatar com nosso substitutivo, a<br />

empresa precisaria ter 8 funcionários: 8 vezes 25% dá 2.<br />

Nossa proposta é mais avançada e, por isso, somos pela rejeição da emenda.<br />

Quero também responder a outra questão levantada pelo nobre colega. No<br />

art. 2º, § 6º, o PNPE não abrange o trabalho doméstico, nem o contrato de trabalho<br />

por prazo determinado, inclusive o de experiência previsto na CLT. É trabalho<br />

formal, por tempo indeterminado.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 10.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputa<strong>dos</strong> que a<br />

aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

REJEITADA.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. RAFAEL GUERRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. RAFAEL GUERRA (PSDB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, peço um minuto da atenção do Plenário para fazer abordagem que<br />

reputo da maior importância.<br />

A Frente Parlamentar da Saúde fez hoje reunião de emergência. Há sempre<br />

alguém neste País que acredita estar o setor de Saúde muito bem e que se podem<br />

retirar recursos dele. Não podemos concordar com isso.<br />

Neste momento, temos duas preocupações. Uma refere-se ao relatório da<br />

reforma tributária, que propõe a criação da CMF, contribuição não mais provisória e<br />

sem vinculação com a área de saúde. Ora, Sr. Presidente, o País e esta Casa<br />

aceitaram a CPMF com a condição de que os recursos fossem destina<strong>dos</strong> para a<br />

saúde. Politicamente, a decisão é muito prejudicial. A Emenda nº 29 garante gasto<br />

mínimo com o setor. Por isso, não é correto desvincular essa contribuição da área<br />

de saúde.<br />

A Frente Parlamentar, na reunião de hoje, que contou com a presença de<br />

to<strong>dos</strong> os parti<strong>dos</strong>, tomou a decisão de trabalhar para que esse item seja retirado do<br />

relatório da reforma tributária.<br />

Sabemos que haverá reunião do Colégio de Líderes daqui a pouco, talvez até<br />

com a presença de V.Exa., Sr. Presidente, e aproveito para fazer apelo aos Líderes<br />

do Governo e ao Relator, Deputado Virgílio Guimarães, para que revejam a posição<br />

e mantenham a vinculação da CPMF com a área de saúde na proposta de reforma<br />

tributária.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Outro ponto que nos preocupa e que também não foi suficientemente avaliado<br />

e estudado é o veto aposto pelo Presidente Lula a artigo da LDO de 2004, segundo<br />

o qual os recursos da saúde só podem ser aplica<strong>dos</strong> em ações e serviços do setor.<br />

Há pouco mais de 15 dias, o Ministro da Saúde baixou resolução que estabelece as<br />

ações e os serviços de saúde. Esses recursos têm de ser aplica<strong>dos</strong> num sistema<br />

único, descentralizado, universal e hierarquizado. Não há por que vetar esse artigo<br />

que está na LDO há muitos anos. O veto abre a possibilidade de haver efeito em<br />

cascata para Esta<strong>dos</strong> e Municípios, fato ainda mais preocupante. Daqui a pouco<br />

poderá ser incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> dispositivo<br />

incluindo esporte e saneamento no setor de Saúde. E, então, para onde vão os<br />

recursos do Sistema Único de Saúde?<br />

Então, apelo aos Líderes da base do Governo aqui presentes para que<br />

negociem a possibilidade de derrubada desse veto, a fim de que a saúde tenha seus<br />

recursos preserva<strong>dos</strong> na reforma tributária e no Orçamento de 2004. Caso o acordo<br />

não seja possível, vamos nos mobilizar de todas as formas para impedir a retirada<br />

de recursos do setor.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado Nelson Pellegrino, para uma Comunicação de Liderança, pelo Partido <strong>dos</strong><br />

Trabalhadores.<br />

O SR. NELSON PELLEGRINO (PT-BA. Como Líder. Sem revisão do orador.)<br />

- Sr. Presidente, Sr. Deputado Rafael Guerra, no que diz respeito à justa<br />

preocupação de V.Exa. com o relatório do Deputado Virgílio Guimarães, devo dizer<br />

que a redação do artigo que cria o novo imposto que substituirá a CPMF não<br />

mantém a anterior. Isso não quer dizer, Deputado Rafael Guerra e demais colegas<br />

que me ouvem, que o Governo não esteja disposto a manter a fórmula de<br />

destinação <strong>dos</strong> recursos para a saúde e para o Fundo de Combate à Pobreza, já<br />

que o Relator mantém a vinculação para a Seguridade Social.<br />

Conversamos ontem com o Ministro Antonio Palocci, que deixou bem claro<br />

não ser intenção do Governo retirar recursos da saúde. Também conversamos com<br />

o Deputado Virgílio Guimarães, e S.Exa. afirmou não ter intenção de retirar recursos<br />

da CPMF vincula<strong>dos</strong> à saúde e ao combate à pobreza.<br />

Debatemos o assunto na Comissão Especial, que posteriormente será trazido<br />

ao plenário. Não há, pelo tom das conversas, obstáculos por parte do Governo<br />

Federal e muito menos por parte do Relator em relação à vinculação de recursos<br />

para a saúde. Temos de precisar no texto da reforma constitucional essa vinculação,<br />

à qual sou favorável.<br />

Portanto, sugiro principalmente aos Deputa<strong>dos</strong> que fazem parte da bancada<br />

da saúde e que estão preocupa<strong>dos</strong> com esse aspecto da reforma tributária que<br />

fiquem absolutamente tranqüilos, porque não é intenção do Relator Virgílio<br />

Guimarães e muito menos do Presidente Lula criar mecanismo de retirada de<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

recursos da saúde. Pelo contrário: as notícias são de que o setor terá aumento de<br />

receita orçamentária no ano que vem. O Governo se esforça nesse sentido, apesar<br />

das limitações orçamentárias, mas o ajuste é necessário e está sendo feito. Quando<br />

é preciso, o Governo realiza cortes, mas sempre na tentativa de preservar as áreas<br />

sociais, a exemplo de quando contingenciou em 14 bilhões o Orçamento.<br />

Aproveito também para registrar decisão de hoje do COPOM, que reduziu em<br />

2.5% a Taxa SELIC. Trata-se de decisão muito importante, uma vez que desde 1999<br />

não havia corte tão acentuado nos juros básicos da economia. Se somarmos a<br />

redução da taxa de juros que o COPOM realizou nos meses de junho, julho e<br />

agosto, veremos que é seguramente a maior desde 1999. O Conselho tomou atitude<br />

arrojada, muito além das expectativas do mercado, que contava com redução de<br />

1,5%, enquanto os mais otimistas falavam em 2%. Com isso, a taxa básica cai para<br />

22%.<br />

Não é a taxa ideal, longe disso. Reconhecemos que a SELIC ainda está alta<br />

Levando-se em consideração o Risco País e a inflação projetada para o futuro, a<br />

taxa deveria ser muito mais baixa. Entretanto, foi mais uma vitória da política<br />

econômica do Presidente Lula e um indicador de êxito no combate à inflação, na<br />

redução do Risco País, na estabilização macroeconômica. Isso demonstra que o<br />

Brasil está na rota do ajuste e é um país seguro para investimentos estrangeiros.<br />

Todo esse esforço empreendido pelo Governo do Presidente Lula não é em<br />

vão. O objetivo é recuperar a capacidade de investimento do Estado brasileiro.<br />

Desse modo poderemos fomentar a economia e, principalmente, fazer substantivos<br />

investimentos nas áreas de saúde, educação, saneamento e no combate à violência.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O Governo tem buscado esses objetivos e debatido a necessidade de<br />

retomada do crescimento econômico do País. Prova disso é a redução da taxa<br />

básica de 26,5% para 22%, queda de 4,5%, o que seguramente implicará retomada<br />

do crescimento econômico.<br />

A redução da Taxa SELIC não é o único fator para a retomada do<br />

crescimento econômico. Paralelamente, adotamos uma série de medidas no sentido<br />

de melhorar a renda, distribuí-la de forma mais justa e reativar o crédito. O Governo<br />

obtém vitórias no programa de microcrédito, que dispõe de 4 bilhões e 200 milhões<br />

de reais. A medida provisória que reduz o compulsório foi recentemente aprovada<br />

pela <strong>Câmara</strong>, sem falar que os bancos públicos reduzem as taxas de juros. A<br />

iniciativa positiva do Governo já começa a surtir efeito para os bancos públicos que<br />

quiserem aplicar 15% no microcrédito. Os bancos priva<strong>dos</strong> também começam a<br />

oferecer crédito mais barato ao consumidor e às empresas.<br />

Tenho certeza de que a redução da Taxa SELIC será acompanhada de outros<br />

cortes. Por exemplo: nos juros do crédito pessoal e de empresas, nas taxas<br />

bancárias e nos juros cobra<strong>dos</strong> no mercado.<br />

Sr. Presidente, não poderia deixar de registrar a importante decisão do<br />

COPOM de reduzir a taxa básica em 2,5%. Tenho certeza de que este viés de baixa<br />

<strong>dos</strong> juros continuará sendo a tônica <strong>dos</strong> próximos meses. A nossa expectativa é de<br />

que cheguem a patamares aceitáveis, de tal modo que permitam a retomada do<br />

crescimento econômico do País.<br />

Cabe-me lembrar ao Deputado Rafael Guerra e a to<strong>dos</strong> os que estão<br />

preocupa<strong>dos</strong> com esses fatos que não foi intenção do Relator Virgílio Guimarães,<br />

muito menos do Governo do Presidente Lula, retirar recursos destina<strong>dos</strong> à saúde ou<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

ao combate à pobreza. O Congresso Nacional certamente construirá uma saída<br />

eficaz para os brasileiros e fará aprimoramentos no texto da reforma tributária. O<br />

Relator ajudará a aprimorá-lo.<br />

No que respeita à nova Contribuição sobre Movimentações Financeiras, os<br />

esclarecimentos serão feitos no parecer do Deputado Virgílio Guimarães, em<br />

reunião da Comissão Especial ou em plenário.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. MORONI TORGAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. MORONI TORGAN (PFL-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, poderemos votar rapidamente os destaques caso o PT não faça mais<br />

obstruções.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Requerimento de destaque para<br />

votação em separado da Emenda nº 29.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 29.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputa<strong>dos</strong> que a<br />

aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

REJEITADA.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Requerimento de destaque para<br />

votação em separado da Emenda nº 17.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação o destaque da<br />

bancada do PSDB à Emenda nº 17, apresentada ao Projeto de Lei nº 1.394.<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Para encaminhar, concedo a<br />

palavra ao Deputado Lobbe Neto.<br />

O SR. LOBBE NETO (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

Sras. e Srs. Parlamentares, cumprimento o Relator, Deputado Reginaldo Lopes,<br />

pelo brilhante parecer ao projeto do Poder Executivo que cria o Programa de<br />

Estímulo ao Primeiro Emprego. A proposta foi aperfeiçoada pelos Deputa<strong>dos</strong> da<br />

Casa.<br />

O Relator Reginaldo Lopes também é Presidente da Comissão Especial de<br />

Assuntos para a Juventude desta Casa. Inicialmente, não havíamos entendido o<br />

motivo pelo qual foi criada nova Comissão para estudar e elaborar o relatório final da<br />

matéria. Depois, compreendemos tal atitude, porque o Relator do projeto ora em<br />

debate assumiu a Presidência da Comissão de Assuntos para a Juventude.<br />

Essa Comissão promove várias audiências e avança em suas propostas. Seu<br />

Relator, Deputado Benjamin Maranhão, dedica-se firmemente para formalizar um<br />

projeto para a juventude brasileira.<br />

Encaminhamos essa emenda e um projeto, que foi apensado à proposta de<br />

criação do Programa de Estímulo ao Primeiro Emprego, de autoria do Governo<br />

Federal, como ocorreu com tantas outras propostas desta Casa e do Senado da<br />

República.<br />

Apresentamos emenda e pedimos este destaque porque entendemos que se<br />

faz necessário estender os benefícios do primeiro emprego ao jovem aprendiz, ao<br />

que está numa escola técnica ou é empregado familiar. Por isso, o Governo deve<br />

dar sua contribuição e diminuir as alíquotas da Previdência em 2% e 4% para o<br />

empregador e para o empregado. Dessa forma, haveria mais empregos, o que<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

ajudaria muito as entidades governamentais e não-governamentais, principalmente<br />

as ONGs, que fazem grande trabalho no Brasil, no atendimento ao menor carente.<br />

Mas infelizmente o Governo não atende to<strong>dos</strong>.<br />

Dessa maneira, com a emenda, podemos empregar o aprendiz. Assim, ele<br />

poderia ter seu primeiro emprego.<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, não entendemos como um<br />

Governo, que fez proposta durante o período eleitoral de criar mais de 10 milhões de<br />

empregos, veta a emenda que inclui os aprendizes no primeiro emprego. Há<br />

incoerência do Governo em relação ao assunto. Também não entendemos a<br />

proposta do Relator, que não incluiu os aprendizes no seu texto.<br />

Votamos a reforma previdenciária no primeiro turno. Na terça-feira que vem,<br />

haverá mais uma votação. Se queremos gerar emprego, se queremos ter mais<br />

postos de trabalho, por que o Governo quer impedir que o servidor se aposente mais<br />

cedo para, assim, surgirem mais vagas de trabalho?<br />

Por um lado, segura novos empregos; por outro, traz o primeiro emprego. São<br />

incoerências governamentais e de propostas. Durante o período eleitoral, o<br />

Presidente agia de uma maneira; agora, caminha em outro rumo.<br />

Votamos, sim, contra a reforma da Previdência, porque achamos que, mesmo<br />

na questão do primeiro emprego, podemos deixar os trabalhadores se aposentarem<br />

com menos tempo e, com isso, mais postos de trabalho teríamos. Esse foi um <strong>dos</strong><br />

motivos pelos quais votamos contrariamente a essa proposta, além de tantos outros,<br />

como as maldades que o Governo Federal vem fazendo com os trabalhadores<br />

públicos do País.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Sr. Presidente, peço aos nobres Parlamentares que votem favoravelmente à<br />

Emenda nº 17, para que os aprendizes possam ter direito ao seu primeiro emprego.<br />

Muito obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Anuncio a presença entre nós do<br />

Deputado Estadual do PT de São Paulo, companheiro Mauro Menuchi. (Palmas.)<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 17,<br />

destacada pelo PSDB.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Aqueles que forem favoráveis<br />

permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

REJEITADA.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Destaque solicitado pela<br />

Liderança do PFL à Emenda nº 20, de autoria do Deputado Paes Landim,<br />

apresentada ao PL nº 1.394, de 2003.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a Emenda nº 20.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Aqueles que forem pela<br />

aprovação permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

REJEITADA.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Agora, há um requerimento de<br />

destaque para supressão do inciso II do art. 2º do substitutivo.<br />

Primeiro, vamos votar o requerimento de destaque simples. Se aprovado,<br />

votaremos o destaque. Se rejeitado o requerimento, automaticamente, o destaque<br />

estará rejeitado.<br />

Requerimento do Deputado Leonardo Picciani.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. LEONARDO PICCIANI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. LEONARDO PICCIANI (PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, vou retirar o requerimento. Mas quero manifestar, primeiro,<br />

nossa posição de concordância com o projeto, que vem ao encontro da necessidade<br />

da juventude brasileira, que anseia pela primeira oportunidade de emprego.<br />

Apenas solicitei ao Relator que retirasse a limitação de meio salário mínimo<br />

de renda familiar per capita, para que um número maior de jovens brasileiros<br />

pudesse se habilitar. Argumentei com S.Exa. para que estendesse o valor da<br />

limitação para um salário mínimo, pois, segundo seu próprio argumento, isso<br />

dobraria o número de jovens a serem habilita<strong>dos</strong>. O Relator disse que não tinha<br />

possibilidade de nos atender.<br />

Então, peço a retirada do requerimento e saúdo o Projeto do Primeiro<br />

Emprego, que vem em boa hora. Esperamos que tenha todo sucesso possível e<br />

atenda o jovem brasileiro.<br />

Obrigado, Sr. Presidente.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Obrigado pela compreensão,<br />

Deputado Leonardo Picciani.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Há sobre a mesa e vou submeter<br />

a votos a seguinte<br />

REDAÇÃO FINAL:<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputa<strong>dos</strong> que a<br />

aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

APROVADA.<br />

A matéria retorna ao Senado Federal.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Há sobre a mesa requerimento de<br />

urgência subscrito por to<strong>dos</strong> os Srs. Líderes, nos termos do art. 151 do Regimento<br />

Interno, requerendo regime de urgência para a apreciação do Projeto de Resolução<br />

nº 66/2003, de autoria da Mesa Diretora, que convalida atos relativos à organização<br />

administrativa da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>, funções comissionadas e cargos em<br />

comissão pratica<strong>dos</strong> pela Mesa de 19 de dezembro até a presente data.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação a urgência.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputa<strong>dos</strong> que a<br />

aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

APROVADA.<br />

782


CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Projeto de Resolução nº 66.<br />

Discussão, em turno único, do Projeto de<br />

Resolução nº 66, de 2003, que convalida atos relativos à<br />

organização administrativa da <strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>,<br />

funções comissionadas e cargos em comissão, pratica<strong>dos</strong><br />

pela Mesa.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em discussão. (Pausa.)<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. GILMAR MACHADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. GILMAR MACHADO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, estamos pedindo to<strong>dos</strong> os atos da Mesa, pois não os tínhamos. Só<br />

gostaria de uma informação. Aqui entram todas as questões, não só os<br />

comissiona<strong>dos</strong>, mas também aqueles funcionários de gabinete, os SPs,<br />

regularizando todas as modificações que foram feitas?<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - To<strong>dos</strong> os atos foram publica<strong>dos</strong><br />

no Boletim da Casa. Estão sobre a Mesa.<br />

Pelo Ato da Mesa nº 150, foram transformadas as três funções comissionadas<br />

de assessor técnico-jurídico, nível 7, na forma do anexo. E houve restruturação da<br />

Secretaria de Comunicação Social: a FC-6 foi transformada em FC-7.<br />

Deputado Gilmar Machado, no caso <strong>dos</strong> SPs, votamos projeto de resolução<br />

específico, mas to<strong>dos</strong> estão aqui, caso V.Exa tenha interesse em consultar.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - NÃO HAVENDO MAIS<br />

ORADORES INSCRITOS, DECLARO ENCERRADA A DISCUSSÃO.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Em votação o Projeto de<br />

Resolução nº 66, de 2003.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputa<strong>dos</strong> que o<br />

aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

APROVADO.<br />

788


CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Há sobre a mesa e vou submeter<br />

a votos a seguinte<br />

REDAÇÃO FINAL:<br />

789


CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Os Srs. Deputa<strong>dos</strong> que a<br />

aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

APROVADA.<br />

A matéria vai à promulgação.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - CONSIDERO PROMULGADA NA<br />

PRESENTE SESSÃO A PRESENTE RESOLUÇÃO, ASSIM COMO A RESOLUÇÃO<br />

Nº 5, DE 2003, QUE INSTITUI O GRUPO PARLAMENTAR BRASIL–ARGENTINA.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, o voto que demos de apoio a este projeto foi porque confiamos na<br />

Mesa e nos sentimos plenamente representa<strong>dos</strong> pelos Deputa<strong>dos</strong> Inocêncio Oliveira<br />

e Ciro Nogueira.<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Deputado José Carlos Aleluia,<br />

agradeço, em nome da Mesa, o voto de confiança, mas to<strong>dos</strong> os atos estão<br />

disponíveis na Mesa e nas publicações da Casa.<br />

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do PFL.<br />

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA - Sr. Presidente, peço a palavra como Líder<br />

O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Tem V.Exa. a palavra.<br />

O SR. JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA. Como Líder. Sem revisão do<br />

orador.) - Sr. Presidente, faço um apelo aos meus companheiros, sobretudo à base<br />

do Governo e ao Deputado Aldo Rebelo. Fomos surpreendi<strong>dos</strong>, segunda-feira à<br />

noite, com o relatório sobre o projeto de reforma tributária, que apresenta uma série<br />

de possibilidades de aumento de impostos, desconsidera os entendimentos em<br />

marcha com Governadores e Prefeitos e pretende implantar no Brasil um Estado<br />

unitário.<br />

Não há dúvida de que, ao se discutir a reforma tributária, não se pretende, de<br />

forma ampla, discutir a Federação, mas a proposta apresentada pelo Relator é<br />

nitidamente uma afronta à Federação, à sociedade.<br />

Alerto o Governo para o fato de que conseguiu aprovar a reforma da<br />

Previdência Social porque contou com o apoio <strong>dos</strong> parti<strong>dos</strong> da base, de<br />

empresários, Prefeitos, Governadores e de uma parcela da sociedade. Os únicos<br />

parti<strong>dos</strong> organiza<strong>dos</strong> e representa<strong>dos</strong> no Congresso Nacional que se dispuseram a<br />

votar contra o texto, em que pese fossem favoráveis à reforma da Previdência,<br />

foram o PFL, o PRONA e o PDT.<br />

Neste caso específico, apelo para a base do Governo e para o Líder Aldo<br />

Rebelo, a fim de que não seja colocado em discussão o texto do Relator Virgílio<br />

Guimarães amanhã. Não temos a menor condição de votá-lo, porque traz inúmeras<br />

inconveniências, as quais o PFL teve o cuidado de listar para facilitar o<br />

entendimento <strong>dos</strong> seus membros, da imprensa e da sociedade em geral.<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINAL<br />

Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

Onde estão os problemas? Falando de autonomia, o texto praticamente<br />

impede que Esta<strong>dos</strong> e Municípios possam desenvolver qualquer programa de<br />

incentivo a pequenas e microempresas. Ele impede, por exemplo, que Esta<strong>dos</strong> e<br />

Municípios desenvolvam projetos semelhantes ao que acabamos de aprovar<br />

referente à geração de emprego. Chega-se ainda ao absurdo de propor a criação de<br />

empréstimo compulsório por medida provisória para tratar de assuntos que nem<br />

sempre são relevantes. A definição não é clara, fala apenas na possibilidade de se<br />

criar empréstimo compulsório para questões ambientais.<br />

Ora, se a PETROBRAS derramar novamente óleo na Baía de Guanabara,<br />

este Governo poderia editar uma simples medida provisória e criar um empréstimo<br />

compulsório para to<strong>dos</strong> os consumidores de combustíveis do Brasil.<br />

O apelo do PFL é para que o Governo veja que não podemos discutir um<br />

texto como esse.<br />

Aprovamos a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE)<br />

sobre os combustíveis com o objetivo de melhorar a estrutura <strong>dos</strong> transportes no<br />

Brasil. O Governo, no relatório do Deputado Virgílio Guimarães, propõe que a base<br />

da CIDE seja estendida como se fosse um imposto de importação, incidindo sobre<br />

os combustíveis e sobre to<strong>dos</strong> os outros bens, talvez até serviços, importa<strong>dos</strong>.<br />

Deputado Aldo Rebelo, pedágio é algo contra o que a sociedade reage. O PT<br />

tem essa experiência. A derrota do Governador Olívio Dutra no Rio Grande do Sul<br />

se deu após um somatório de erros, e um deles foi o pedágio. O povo não gosta de<br />

pedágio. Pois o Governo do Presidente Lula está criando um pedágio sem estrada.<br />

Agora, para pagar pedágio não será mais preciso passar pela estrada. Certamente,<br />

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vão querer ressuscitar o selo-pedágio que o Supremo Tribunal Federal livrou o<br />

brasileiro de pagar.<br />

A noventena é um prazo entre a criação do tributo e o seu efetivo pagamento.<br />

As pessoas, as famílias, as empresas, to<strong>dos</strong> têm que se organizar para pagar um<br />

novo tributo, e o Governo está propondo o fim da noventena.<br />

Vamos enumerar mais. Por que ampliar as possibilidades de tributar<br />

exportação de serviços? Quem imagina que o Estado possa tributar a exportação de<br />

serviços? O sonho de todo Estado é exportar serviços. To<strong>dos</strong> os Esta<strong>dos</strong><br />

organiza<strong>dos</strong> do mundo sonham em exportar serviço, e o Governo do Presidente Lula<br />

cria a possibilidade de tributar a importação e a exportação de serviços.<br />

Vejamos o IPI sobre bens de capital. A lógica desse projeto é a seguinte: o<br />

que é bom vem no futuro; o ruim, no presente. Ora, é evidente que a desoneração<br />

do IPI <strong>dos</strong> bens de capital é favorável, mas é preciso entender que isso exige uma<br />

rearrumação do Fundo de Participação <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> e <strong>dos</strong> Municípios, porque o<br />

Governo se dedicou a fazer incentivos com recursos alheios.<br />

Criação de IPVA para aeronaves e embarcações. Para que isso? O sistema<br />

aéreo nacional está seriamente comprometido, e a navegação no Brasil<br />

praticamente não existe.<br />

A questão do CONFAZ é um problema à parte. As unanimidades são sempre<br />

difíceis de atingir. Portanto, temos de aperfeiçoar o texto nesse ponto.<br />

Há um ponto que to<strong>dos</strong> nós — e o Deputado Roberto Brant, que foi Relator, já<br />

me falava isso — não podemos aceitar, sobretudo o PFL, que lutou para criar o<br />

Fundo de Combate à Pobreza e que sustentou praticamente to<strong>dos</strong> os programas<br />

sociais implanta<strong>dos</strong> no Governo passado: Bolsa-Escola, Bolsa-Renda, Erradicação<br />

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do Trabalho Infantil. Nós, que acreditávamos que o PT faria um grande programa<br />

social, jamais imaginaríamos que viesse a desvincular os recursos da CPMF.<br />

Deputado Aldo Rebelo, é isto que está no texto! Não estou falando nada que<br />

não esteja no texto. V.Exa. pode até consultar o nobre Deputado Roberto Brant, que<br />

foi o Relator e que está em plenário. É por isso que o texto não pode ser discutido.<br />

V.Exa., que é um homem de bem, duvida do que estou falando, mas o que estou<br />

falando está no texto.<br />

O meu apelo é para que não se prossiga a discussão, para que se dê um<br />

prazo, a fim de que os Governadores sejam ouvi<strong>dos</strong>, porque não queremos que o<br />

Congresso Nacional assuma o ônus de ser contra a reforma tributária. Somos contra<br />

o relatório do Deputado Virgílio Guimarães, mas somos favoráveis, por exemplo, ao<br />

antigo relatório do Deputado Mussa Demes.<br />

Sr. Presidente, foi um equívoco estender a base tributária de modo ilimitado,<br />

certamente achando que, se o Governo passar de 40% do PIB na coleta <strong>dos</strong><br />

impostos, resolverá os dramas da economia brasileira.<br />

Sr. Presidente, repassarei os outros itens com um pouco mais de rapidez. Por<br />

exemplo, o Fundo de Compensação de Exportação é um drama para aos Esta<strong>dos</strong>.<br />

Ainda ontem conversava com o Governador do Pará, onde existem créditos no valor,<br />

Deputado Inocêncio Oliveira, de 300 milhões de reais. Se for aprovada a<br />

constitucionalização da Lei Kandir, qualquer tribunal decidirá que o Pará terá de<br />

pagar à vista os 300 milhões de reais, o que levará à falência o Estado do Pará, o<br />

que não queremos.<br />

Não quero mais me estender, mas peço a V.Exa., Presidente João Paulo<br />

Cunha, que é um homem sensível, e ao Deputado Aldo Rabelo, que façam um apelo<br />

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à organização política do Governo para que não haja essa violência contra a<br />

<strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>.<br />

Não queremos usar nosso poder regimental para impedir que essa votação e<br />

essa discussão sejam iniciadas. Acredito que a inteligência de V.Exa., do Deputado<br />

Aldo Rebelo e <strong>dos</strong> Líderes do Governo já aponta no sentido de não iniciarmos a<br />

discussão amanhã. Tenho certeza de que meu apelo será atendido.<br />

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O SR. PRESIDENTE (João Paulo Cunha) - Concedo a palavra ao nobre<br />

Deputado Aldo Rebelo, para uma Comunicação de Liderança, pelo Governo.<br />

O SR. ALDO REBELO (PCdoB-SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) -<br />

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, esperei que o discurso do Líder do PFL,<br />

homem não apenas de partido, mas de Estado, fosse iniciado com uma saudação a<br />

um êxito importante do nosso País, uma vitória da sociedade brasileira consagrada<br />

no dia de hoje pela decisão tomada pelo COPOM de reduzir em 2,5 pontos<br />

percentuais a taxa de juros, trazendo para o índice de 22% a taxa SELIC, a mais<br />

baixa praticada no Brasil desde outubro do ano passado.<br />

A decisão do Governo, através do Ministério da Fazenda e do Banco Central,<br />

deve ser saldada não só como uma vitória, mas também como a celebração de uma<br />

esperança que o povo brasileiro depositou na vitória do Presidente Lula, no Governo<br />

do Presidente Lula e no esforço que esse Governo tem feito para enfrentar o desafio<br />

de criar ambiente econômico, político e social que propicie a retomada do<br />

crescimento da economia.<br />

Para aqueles que diziam, diante das medidas drásticas que fomos obriga<strong>dos</strong><br />

a adotar no início de nossa gestão, que o atual Governo defendia e praticava uma<br />

política financeira ortodoxa, a resposta não poderia ser mais contundente e clara: o<br />

Governo sempre buscou na queda da taxa de juros a possibilidade de realização do<br />

seu programa ou de parte fundamental dele, que é exatamente o crescimento da<br />

economia, o progresso econômico, um valor a ser defendido pelo Governo e pela<br />

sociedade.<br />

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Cumprimentamos, em nome da base do Governo e, creio, desta Casa, a<br />

decisão sábia e corajosa do Banco Central de reduzir a taxa de juros em 2,5 pontos<br />

percentuais e de estabelecer a taxa SELIC em 22%.<br />

Retomo agora o comentário do Líder do PFL sobre o relatório do Deputado<br />

Virgílio Guimarães. To<strong>dos</strong> nós testemunhamos o acordo realizado entre o<br />

Presidente Lula e os Governadores <strong>dos</strong> 26 Esta<strong>dos</strong> brasileiros e do Distrito Federal<br />

em 3 longas reuniões e em outras tantas que se fizeram necessárias para que o<br />

acordo fosse celebrado e realizada a reforma tributária centrada em 3 objetivos:<br />

primeiro — e mais importante —, estimular os investimentos na economia brasileira;<br />

segundo, ampliar as possibilidades de exportação da economia brasileira; e,<br />

terceiro, estabelecer uma estratégia de redução da carga tributária.<br />

Gostaria de lembrar ao Deputado Aleluia que a carga tributária no Brasil foi<br />

mesmo elevada em 10 pontos percentuais nos últimos 10 anos — 1 ponto<br />

percentual para cada ano.<br />

Nos últimos 8 anos — e V.Exa. deve rememorar esse período, porque<br />

ocupava funções de destaque nos Governos passa<strong>dos</strong>; hoje ocupa posição de<br />

destaque na Oposição —, a carga tributária brasileira subiu 1 ponto percentual ao<br />

ano. Estava em 25,8% há 10 anos e foi alçada ao percentual, de fato exagerado, de<br />

35,8% do nosso Produto Interno Bruto. Na opinião do nosso Governo, essa carga<br />

tributária é insuportável e deve ser retirada, pelo menos parte dela, <strong>dos</strong> ombros da<br />

sociedade e do setor produtivo.<br />

Deputado José Carlos Aleluia, não podemos, em 10 dias, em 10 semanas ou<br />

em 10 meses, reduzir uma taxa que foi composta em 10 anos.<br />

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As medidas que preparam o País para a redução da carga tributária estão no<br />

relatório do Deputado Virgílio Guimarães, que consagra a proposta de reforma<br />

tributária entregue pelo Presidente da República, acompanhado de 27<br />

Governadores, de diversos parti<strong>dos</strong> — PT, PDT, PSB, PSDB, PMDB, PFL —, ao<br />

Presidente da <strong>Câmara</strong>, João Paulo Cunha, e ao Presidente do Senado Federal,<br />

José Sarney.<br />

Compreendo que, não sendo atendidas 100% das suas aspirações e<br />

expectativas — mais do que isso, das suas necessidades —, os Governadores<br />

pressionem a União a resolver os desafios de Esta<strong>dos</strong> e Municípios, num momento<br />

de queda da arrecadação, quando não há crescimento acentuado da economia.<br />

É compreensível também que o setor produtivo queira ver diminuída em 7<br />

meses de Governo do Presidente Lula a carga tributária ampliada em 10 pontos<br />

percentuais nos últimos 10 anos, e eu diria que principalmente nos últimos 8 anos. A<br />

reivindicação é legítima, mas, mesmo diante dessa pressão, temos de ter<br />

responsabilidade pública, espírito público.<br />

Esta é a reforma que nós pudemos fazer, a essência daquilo que foi pactuado<br />

com os Governadores e com o setor produtivo e que está sendo, naturalmente, na<br />

sua fase final, negociada também com o Congresso, neste momento com a <strong>Câmara</strong><br />

<strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>.<br />

Sr. Presidente, o relatório do Deputado Virgílio Guimarães ainda pode ser, em<br />

certa medida, negociado e aperfeiçoado, se não em Comissão Especial, neste<br />

plenário, como aconteceu com o texto da reforma da Previdência. Esse papel cabe à<br />

<strong>Câmara</strong> <strong>dos</strong> Deputa<strong>dos</strong>, a to<strong>dos</strong> os 513 Deputa<strong>dos</strong>, principalmente, pelo papel que<br />

exercem, aos Líderes partidários, tanto da base do Governo quanto da Oposição.<br />

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Não podemos é aceitar um julgamento pessimista para o grande trabalho<br />

realizado até agora, principalmente para o relatório que nos apresentou o Deputado<br />

Virgílio Guimarães.<br />

O apelo que eu lanço aos Líderes partidários, em particular ao Líder José<br />

Carlos Aleluia, que se pronunciou há pouco sobre o tema, é este: vamos negociar,<br />

conversar, discutir, dar um passo adiante, acender uma vela para ajudar a iluminar<br />

ainda mais nosso caminho, e não amaldiçoar a escuridão que estamos deixando<br />

para trás.<br />

Muito obrigado.<br />

O Sr. João Paulo Cunha, Presidente, deixa a<br />

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Inocêncio<br />

Oliveira, 1º Vice-Presidente.<br />

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fazê-lo.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Apresentação de proposições.<br />

Os Senhores Deputa<strong>dos</strong> que tenham proposições a apresentar queiram<br />

APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS.:<br />

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VII - ENCERRAMENTO<br />

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Nada mais havendo a tratar, vou<br />

encerrar a sessão, lembrando que amanhã, quinta-feira, dia 21 de agosto, haverá<br />

sessões solenes às 9h30min, em homenagem ao bicentenário de nascimento de<br />

Luís Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias, Patrono do Exército Brasileiro, e às<br />

11h, em homenagem à Comunidade Muçulmana do Brasil.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - COMPARECEM MAIS OS SRS.:<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

DEIXAM DE COMPARECER OS SRS.:<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Encerro a sessão, designando<br />

para amanhã, quinta-feira, dia 21 de agosto, às 14h, a seguinte<br />

ORDEM DO DIA<br />

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(Encerra-se a sessão às 19 horas e 4 minutos.)<br />

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES<br />

THAME NO PERÍODO DESTINADO AO GRANDE EXPEDIENTE DA SESSÃO<br />

ORDINÁRIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 022, REALIZADA EM 24 DE<br />

JULHO DE 2003 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:<br />

O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP. Pronuncia o<br />

seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, o Ministro Antonio<br />

Palocci declarou recentemente que o espetacular desempenho da agricultura<br />

brasileira tem sido fundamental para a economia do País. Na verdade, não é bem<br />

isso. É muito mais do que isso.<br />

O Governo do PT recebeu uma herança bendita e colhe os louros de uma<br />

extraordinária safra recorde sem que quase nada tenha sido plantado neste ano. É<br />

safra cujo plantio, com exceção da safrinha de milho, ocorreu todo em 2002. Serão<br />

quase 120 milhões de toneladas de grãos na presente safra, segundo o IBGE.<br />

Os números do campo impressionam. A agropecuária já responde por 27%<br />

do PIB, cria 37% <strong>dos</strong> empregos e é responsável por 40% das exportações<br />

brasileiras. Além disso, é o único setor que gera superávit na nossa balança<br />

comercial. O superávit é de mais de 20 bilhões de dólares. Não fosse o agronegócio,<br />

o País estaria em situação crítica. Mário Henrique Simonsen dizia que a inflação<br />

aleija, mas o déficit no balanço de pagamentos mata.<br />

O que está por trás desse extraordinário sucesso? Ao nosso ver, 4 fatores: a<br />

securitização das dívidas <strong>dos</strong> agricultores, a pesquisa agrícola, o programa de<br />

financiamento MODERFROTA e a relativa segurança de que as propriedades não<br />

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seriam invadidas ou desapropriadas para fins de reforma agrária com base em<br />

critérios meramente políticos.<br />

Vou falar sobre os 4 fatores. O primeiro é a securitização das dívidas.<br />

A virada no fortalecimento da agricultura começou em 1996 com a<br />

repactuação, por prazos que superam 20 anos, das dívidas de mais de 300 mil<br />

agricultores — há quem diga que passam de 500 mil agricultores —, dívidas estas<br />

herdadas do período de superinflação, quando os indexadores econômicos<br />

corrigiram os débitos <strong>dos</strong> contratos <strong>dos</strong> agricultores com os bancos em percentuais<br />

muito acima da variação <strong>dos</strong> valores recebi<strong>dos</strong> pela venda da produção, gerando<br />

descasamento que tornou impagáveis os empréstimos.<br />

Pressiona<strong>dos</strong> pelas dívidas e sem acesso a novos financiamentos bancários,<br />

os agricultores estavam impossibilita<strong>dos</strong> de investir nas lavouras, o que mantinha a<br />

safra brasileira estagnada em torno de 70 milhões de toneladas de grãos.<br />

Securitizadas e repactuadas as dívidas ano a ano, o campo passou a dar<br />

respostas positivas.<br />

O segundo fator é a pesquisa agrícola.<br />

Não é de hoje que a pesquisa agrícola vem dando extraordinário suporte ao<br />

desenvolvimento da nossa agricultura. Não fosse ela, nossa indústria citrícola não<br />

existiria; os pomares teriam sido destruí<strong>dos</strong> nos anos 40; os canaviais teriam sido<br />

elimina<strong>dos</strong> pelo carvão e pelo mosaico nos anos 50, os cafezais teriam sido<br />

dizima<strong>dos</strong> pela ferrugem nos anos 60. Também não teríamos o milho híbrido e o<br />

melhoramento do algodão e da soja.<br />

Quando adveio a crise do petróleo nos anos 70, o Brasil foi o único país a<br />

responder com uma fonte alternativa de energia advinda da biomassa. No entanto,<br />

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se não fossem as pesquisas, a produção de álcool carburante não teria tido<br />

tamanhos ganhos de produtividade que permitem sua sobrevivência hoje sem<br />

nenhum <strong>dos</strong> generosos subsídios que viabilizaram sua implantação há quase 30<br />

anos. Por outro lado, sem a pesquisa agrícola, não teríamos conseguido incorporar<br />

as terras de cerrado, e estaríamos com a fronteira agrícola esgotada. O cerrado<br />

transforma o Brasil hoje na mais vigorosa agricultura tropical do planeta.<br />

O terceiro fator é o programa MODERFROTA.<br />

A agricultura brasileira registrou nos últimos anos notável crescimento, não<br />

somente na produção por hectare, mas também na área cultivada pelo homem. O<br />

uso de sementes modernas, adubos e defensivos, conjugado com melhor manejo da<br />

terra, explica o aumento da produção por hectare, mas não explica o aumento da<br />

área por homem, que está diretamente ligado ao MODERFROTA, uma linha de<br />

financiamento do BNDES criada para que os produtores, com juros subsidia<strong>dos</strong><br />

entre 9,75% e 12,5% ao ano e prazos entre 5 e 6 anos para pagamento, pudessem<br />

adquirir tratores, implementos, colheitadeiras e equipamentos para secagem e<br />

beneficiamento de grãos. De março de 2000 a dezembro de 2002, foram aplica<strong>dos</strong><br />

5,6 bilhões no financiamento da aquisição de quase 50 mil tratadores e mais de 12<br />

mil colheitadeiras.<br />

Notem que aqui começa haver a diferença, e é onde entra a importância da<br />

ação política, a correlação e a ilação com os dias de hoje, nessa questão do<br />

MODERFROTA e das invasões.<br />

No que se refere à questão do MODERFROTA, foram aplica<strong>dos</strong> 5,6 bilhões<br />

para adquirir 50 mil tratores e 12 mil colheitadeiras. No entanto, os gastos com<br />

subsídios foram de apenas 191 milhões, porque no MODERFROTA o Governo só<br />

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subvenciona a diferença entre os custos de captação e os de aplicação <strong>dos</strong><br />

recursos.<br />

E o mais extraordinário é que estes subsídios foram quase totalmente<br />

compensa<strong>dos</strong> pelo aumento da arrecadação do IPI incidente sobre tratores,<br />

colheitadeiras, cultivadores motoriza<strong>dos</strong> e retroescavadeiras, que cresceu 390%<br />

depois que foi implantado o MODERFROTA, evoluindo de 31 para 152 milhões de<br />

reais. Subsídios na equalização: 191 milhões.<br />

Na outra mão estão os impostos arrecada<strong>dos</strong> com aquilo que foi vendido<br />

graças a subsídios: R$ 152 milhões. Quase 80% <strong>dos</strong> incentivos voltaram, foram<br />

compensa<strong>dos</strong> com esses impostos arrecada<strong>dos</strong>.<br />

Pois bem, há 6 meses produtores rurais e urbanos e pequenos empresários<br />

pedem o MODERCARGA, uma extensão do MODERFROTA para pequenos, médios<br />

e grandes caminhões. O Governo poderia fazer o mesmo e com isso incentivar o<br />

emprego na indústria de caminhões. E não o faz. Não há desculpa, não há nenhuma<br />

justificativa, pois nem o modelo é preciso criar; é só copiar o MODERFROTA.<br />

No entanto, o que estamos observando é que 600 mil pessoas perderam o<br />

emprego nos 6 meses e algumas semanas de Governo Lula. A renda do trabalhador<br />

industrial caiu 7%. Não sei o que o Governo está esperando. Diz que não pode<br />

abaixar os impostos da venda <strong>dos</strong> automóveis porque haverá renúncia fiscal. Mas<br />

renúncia fiscal do que? Qual é o imposto que entra do automóvel que fica no pátio e<br />

não é vendido? É imposto zero, não arrecada nada.<br />

Quarto e mais grave fator: a questão fundiária. O quarto fator, que foi uma das<br />

razões do grande sucesso do agronegócio, é a relativa tranqüilidade de que os<br />

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agricultores não teriam, nos últimos 8 anos, suas terras invadidas ou desapropriadas<br />

com base em critérios meramente políticos.<br />

Essa relativa tranqüilidade só foi conseguida em parte graças a vigoroso<br />

esforço do Governo anterior de assentar famílias sem terra. Em segundo lugar,<br />

devido à edição de uma medida provisória, transformada em lei por esta Casa, que<br />

impede, por 2 anos, a desapropriação de áreas invadidas e exclui os invasores<br />

cadastra<strong>dos</strong> — e que deveriam continuar sendo — de assentamentos em outras<br />

áreas. Em terceiro, por causa do cabal e rápido cumprimento das decisões judiciais<br />

para reintegração de áreas invadidas.<br />

A reforma agrária feita no Governo anterior foi o mais ambicioso plano de<br />

distribuição de terra já executado, de forma democrática, em todo o mundo. O<br />

Governo FHC destinou 13,2 bilhões de reais para retalhar quase 20 milhões de<br />

hectares — área maior que o Uruguai —, e neles assentou 588.000 famílias. Quase<br />

2 milhões de brasileiros receberam terras do Governo entre 1995 e 2002.<br />

O Sr. Luis Carlos Heinze - Permite-me V.Exa. um aparte?<br />

O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME - Com prazer, Deputado.<br />

O Sr. Luis Carlos Heinze - Cumprimento V.Exa. pela retrospectiva do<br />

sucesso da agricultura brasileira. Sua preocupação é também a nossa com relação<br />

à crescente onda de invasões <strong>dos</strong> sem-terra, <strong>dos</strong> sem-teto. Os acontecimentos das<br />

últimas semanas preocupam o Brasil. V.Exa. afirmou que o Governo passado pôs<br />

freio a esse processo. Vou fazer algumas observações importantes. Membros do<br />

MST assassinaram no Rio Grande do Sul, na Praça da Matriz, em pleno coração de<br />

Porto Alegre, um soldado da Brigada Militar; assassinaram um produtor rural em um<br />

assentamento, na frente da sua família, porque ele não quis pagar a comissão,<br />

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quando discutíamos esses aspectos da medida provisória que V.Exa. mencionou. A<br />

Fazenda Ana Paula foi invadida e 534 cabeças de gado foram roubadas ao longo de<br />

um ano. Não só no Município de Herval, onde houve grande número de<br />

assentamentos, mas em outros, a quantidade de ocorrências policiais aumentou<br />

muito depois da chegada do Movimento <strong>dos</strong> Trabalhadores Rurais Sem Terra. As<br />

declarações de ontem do líder do MST, Sr. João Pedro Stédile, que participou de<br />

reunião no interior do Rio Grande do Sul com mais de mil produtores — o nobre<br />

Deputado Francisco Turra já abordou o assunto nesta Casa há alguns instantes —<br />

sugerem uma pregação de luta armada. Vejam bem, Sr. Presidente, Deputado<br />

Inocêncio Oliveira, e Deputado Antonio Carlos Mendes Thame, dizem que há 27 mil<br />

produtores no Brasil com mais de 2 mil hectares, e que há 23 milhões de<br />

trabalhadores, e que esses 23 milhões vão fazer a luta armada. Essa é nossa<br />

preocupação, Deputado Antonio Carlos Mendes Thame. Tudo isso mostra que o<br />

MST é um movimento guerrilheiro. Nada tem a ver com as constantes ondas de<br />

invasões de propriedades, pólos de pedágio, saques de caminhões, o que está<br />

ocorrendo com os sem-teto, movimento guerrilheiro semelhante às FARC, da<br />

Colômbia. É bom que a sociedade brasileira faça uma ligação <strong>dos</strong> fatos. A revista<br />

Época fez uma reportagem há alguns dias sobre isso. Para surpresa nossa, ontem<br />

ocorreu o assassinato de um fotógrafo da revista Época. Será que essas coisas não<br />

se ligam? O Ministro da Justiça e o Presidente da República têm de tomar<br />

providências com relação a essa gente, e não recebê-los acaloradamente, como o<br />

Presidente fez há 3 semanas no Palácio do Planalto. Este é o registro que gostaria<br />

de fazer neste momento. O MST pode colocar o Brasil a perder. V.Exa. e eu somos<br />

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Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

agrônomos e conhecemos o potencial do País. Essa gente pode determinar o fim do<br />

grande potencial de sucesso da Nação brasileira.<br />

O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME - Agradeço ao Deputado Luis<br />

Carlos Heinze as judiciosas e oportunas observações.<br />

Concedo um aparte ao nobre Deputado Waldemir Moka.<br />

O Sr. Waldemir Moka - Deputado Antonio Carlos Mendes Thame, tive o<br />

privilégio e o prazer de conhecê-lo nesta Legislatura. V.Exa. integra a Comissão de<br />

Agricultura e Política Rural e é, sem dúvida nenhuma, um <strong>dos</strong> Parlamentares mais<br />

brilhantes daquela Comissão, para a qual empresta seu talento, inteligência,<br />

responsabilidade e determinação no trato daqueles que ajudam a construir a riqueza<br />

deste País, do segmento agropecuário. Junto ao Governo anterior, esses<br />

companheiros da Comissão de Agricultura e Política Rural participaram da<br />

renegociação, da securitização, e ajudaram a construir a medida provisória que<br />

impede, por 2 anos, a vistoria de terras invadidas. Sempre houve nesta Casa um<br />

grupo de Parlamentares que atua às vezes até de forma anônima, para construir ou<br />

ajudar a construir a riqueza do campo. Ontem, o Presidente, acompanhado do<br />

Ministro da Agricultura, do Ministro Chefe da Casa Civil e do Ministro Luiz Dulci,<br />

recebeu 17 ou 20 entidades representativas do segmento denominado agronegócio.<br />

O Presidente garantia que as invasões e a reforma agrária seriam tratadas à luz da<br />

legalidade. Mas hoje, o mesmo jornal que noticia a fala do Presidente Lula traz<br />

também notícias como: “MST bloqueia estrada”, “MST impede a Prefeitura” etc. Meu<br />

receio é a falta de autoridade. Não podemos conviver com isso. O campo é muito<br />

sensível e suscetível a essa insegurança. Sou um daqueles que torço, assim como<br />

V.Exas., para que este País realmente continue crescendo e se desenvolvendo com<br />

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o trabalho e o suor do homem do campo. To<strong>dos</strong> queremos a reforma agrária.<br />

Contudo, não podemos admitir o descumprimento das leis, das liminares. Isso está<br />

prejudicando o País. Temos que ter posição muito firme em relação a esse tipo de<br />

coisa, que hoje lamentavelmente traz insegurança ao homem que produz a riqueza<br />

deste País.<br />

O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME - Agradeço ao nosso<br />

Presidente da Comissão de Agricultura e Política Rural, Deputado Waldemir Moka,<br />

as judiciosas e oportunas observações.<br />

Eu dizia que quase 2 milhões de brasileiros receberam terras do Governo<br />

FHC entre 1995 e 2002. Se boa parte <strong>dos</strong> assenta<strong>dos</strong> ainda não prosperou,<br />

obviamente foi porque só assentar não foi suficiente: faltou crédito (mesmo os<br />

vultosos R$ 14,5 bilhões em 7 anos de PRONAF foram insuficientes); faltaram<br />

recursos técnicos para cultivar o solo de maneira produtiva; também faltou, em<br />

muitos casos, vocação para a vida e o árduo trabalho no campo.<br />

Apesar disso, podemos dizer que os assentamentos, do ponto de vista da<br />

adesão, foram bem-sucedi<strong>dos</strong>, já que o percentual de lotes que permanecem<br />

ocupa<strong>dos</strong> de forma regular (pelos próprios donos) ou irregular (por terceiros) é de<br />

96%, o que significa que esses assentamentos precisam continuar. Eles são uma<br />

forma de dar condições de sobrevivência aos assenta<strong>dos</strong>.<br />

A grande maioria <strong>dos</strong> analistas políticos afirma que o Governo FHC estava<br />

absolutamente certo quando privilegiou, em primeiro lugar, a quantidade <strong>dos</strong><br />

assentamentos e não a qualidade, porque precisava correr contra o relógio, para<br />

desafogar a tensão no campo e criar, por outro lado, condições para que a<br />

agricultura tradicional e o agronegócio prosperassem.<br />

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O que estamos vendo hoje no Governo Lula? O que mudou? Em primeiro<br />

lugar, parou de assentar. A meta inicial do Governo do PT era assentar 37 mil<br />

famílias neste ano, embora o Presidente Lula tivesse prometido beneficiar 60 mil,<br />

durante o Grito da Terra, mas o dinheiro disponível no Orçamento é de 250 milhões<br />

de reais, o que só dá para assentar 27 mil. Meio ano já se passou, e o Governo<br />

praticamente assentou ninguém. Somente iniciou a desapropriação de 197 mil<br />

hectares de terras, nas quais, quando concluí<strong>dos</strong> os processos, poderão ser<br />

assentadas apenas 6 mil famílias.<br />

Em segundo lugar, o Governo criou tácitos estímulos às invasões de terras,<br />

ao sinalizar que nada fará para impedi-las, ou seja, não aplicará as leis atinentes à<br />

matéria. Aliás, a mesma posição foi explicitada pelo Procurador-Geral da República.<br />

Em outras palavras, enquanto, por um lado, o Ministério do Desenvolvimento Agrário<br />

perde a iniciativa da reforma agrária, ao parar de assentar, por outro, intensificam-se<br />

as ocupações de terras, invasões de pedágios e obstruções de rodovias e prédios<br />

públicos, sob pretexto de “enviar um recado ao Presidente Lula”.<br />

O Governo FHC mostrou que é possível promover no País ampla reforma<br />

agrária, com dimensões continentais, sem desrespeitar as leis, sem ruptura com o<br />

Estado de Direito, superando com competência administrativa os difíceis trâmites e<br />

os longos entraves burocráticos que começam com as vistorias e vão até a imissão<br />

na posse de uma área para nela proceder ao assentamento de famílias. Além disso,<br />

mostrou que não são excludentes as políticas de apoio ao agronegócio e à<br />

agricultura familiar. Ao contrário, podem e devem coexistir.<br />

Hoje, se por um lado o Ministro Antonio Palocci reconhece a importância do<br />

agronegócio, por outro, vão muito mal as políticas de levar segurança e dar<br />

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estabilidade ao campo, para que se possa trabalhar em paz e continuar a produzir.<br />

Nenhum Governo tem condições de impedir completamente as invasões, mas pode<br />

desestimulá-las, acelerando os assentamentos, aprimorando as condições de vida<br />

<strong>dos</strong> que já foram assenta<strong>dos</strong>, zelando pelo aprimoramento das condições de vida<br />

<strong>dos</strong> assenta<strong>dos</strong> e pelo cumprimento das leis e das decisões judiciais.<br />

A omissão do atual Governo pode significar tremendo retrocesso e colocar a<br />

perder um processo de desenvolvimento social que já está transformando o Brasil<br />

num <strong>dos</strong> principais celeiros de um mundo que tem fome.<br />

Hoje o Brasil utiliza apenas 5% de seu território para a agricultura: 41 milhões<br />

de hectares. Temos 845 milhões de hectares, uma expansão potencial para<br />

alcançarmos 170 milhões de hectares, ou seja, dá para multiplicar por 4 nossa área<br />

cultivada. Multiplicar por 4, chegar a 170 milhões de hectares, é chegar ao que os<br />

Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> já plantam hoje. Podemos fazê-lo e transformar realmente numa<br />

grande ou na maior potência agroindustrial de todo o mundo.<br />

Essencialmente por isso, não podemos colocar a perder essa herança bendita<br />

que o atual Governo recebeu do anterior, por falta de política agrícola consistente,<br />

orientada e decisiva, dizendo o que se quer e aonde se quer chegar.<br />

Muito obrigado.<br />

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES<br />

THAME NO PERÍODO DESTINADO À ORDEM DO DIA DA SESSÃO ORDINÁRIA<br />

DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 026, REALIZADA EM 30 DE JULHO DE 2003<br />

— RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:<br />

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O SR. ANTONIO CARLOS MENDES THAME (PSDB-SP. Pela ordem. Sem<br />

revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, em abril de 2002,<br />

através do Decreto nº 137, o Uruguai instituiu uma série de medidas de proteção<br />

contra produtos argentinos, sobretaxando os produtos importa<strong>dos</strong> daquele país. Os<br />

uruguaios tomaram gosto e recentemente decidiram estender a cobrança aos<br />

produtos importa<strong>dos</strong> do Brasil e do Paraguai, como se o MERCOSUL não existisse.<br />

A razão alegada pelo Uruguai para essas medidas são situações genéricas.<br />

Cita preços distorci<strong>dos</strong> por uma conjuntura regional, sem explicar quais são essas<br />

distorções. Simplesmente fez uma lista com os produtos e impunemente impôs uma<br />

taxa.<br />

O Paraguai também criou uma lista de 369 produtos a fim de retaliar a<br />

Argentina. Ora, para aonde vai o MERCOSUL? Não deixam entrar o açúcar<br />

brasileiro lá na Argentina, e não fazemos nada. Se continuarmos a não fazer nada,<br />

corremos o risco de o Governo ser caracterizado como fraco. Pior ainda. Se temos<br />

um projeto aqui para votar, que dá o troco à Argentina pela retaliação contra o nosso<br />

açúcar, e não votamos por imposição do Governo, mais fraco ainda é quem se curva<br />

a um Governo fraco.<br />

Nos jornais de hoje diz Eliane Cantanhêde:<br />

“Ontem, uma pressão daqui, outra dali. Hoje, uma<br />

concessão aqui, outra ali. Amanhã, mais pressão, mais<br />

concessão. É o governo tentando agradar a to<strong>dos</strong> ao<br />

mesmo tempo”.<br />

Não chegaremos a lugar nenhum. Precisamos reagir.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

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DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO PAES LANDIM NO PERÍODO<br />

DESTINADO AO PEQUENO EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA DA<br />

CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 144, REALIZADA EM 18 DE AGOSTO DE 2003<br />

— RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:<br />

O SR. PAES LANDIM (PFL-PI.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, tive,<br />

no último dia 3 de agosto, em pleno domingo ensolarado, a grande alegria e<br />

satisfação de participar da festa de formatura da turma de adultos que se<br />

alfabetizaram em 3 meses no Município de São Raimundo Nonato, em pleno sertão<br />

piauiense, que se realizou na Fundação Museu do Homem Americano —<br />

FUMDHAM, dirigida pela Profa. Niède Guidon, que ali se encontrava presente,<br />

assim como o Prefeito Avelar Ferreira, o Bispo e Diocesano Dom Pedro Brito<br />

Guimarães e a Secretária de Assistência Social do Piauí, a ilustre Profa. Rosângela<br />

Souza, no ato, representando o Governador do Estado.<br />

Essa aula magna de cidadania e dignidade social brotou do idealismo, da fé<br />

cívica e da extraordinária coragem daqueles que integram o Grupo de Estu<strong>dos</strong> sobre<br />

Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação — GEEMPA, tendo à frente a<br />

destemida Profa. Esther Grossi, que tanta falta vem fazendo a esta Casa, onde já<br />

exerceu por 2 vezes o mandato de Deputada Federal pelo Rio Grande do Sul, tendo,<br />

inclusive, presidido a Comissão de Educação e Cultura.<br />

Sr. Presidente, este Parlamentar presenciou um instante mágico e<br />

inesquecível: homens e mulheres, to<strong>dos</strong> adultos, pobres e marca<strong>dos</strong> por anos e<br />

anos de exclusão social, estampando um semblante vitorioso, uma emoção<br />

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incontida e uma alegria rara ao exibirem seus certifica<strong>dos</strong> de conclusão do curso de<br />

alfabetização.<br />

No Município de São Raimundo Nonato, foram alfabetiza<strong>dos</strong>, em 3 meses,<br />

150 pessoas. Em todo o Piauí — aqui incluí<strong>dos</strong> os Municípios de Guaribas e Acauã<br />

—, esse número totaliza 350 pessoas. É extraordinário, Sr. Presidente. E também é,<br />

por via indireta, um exemplo vergonhoso do descaso com o qual as elites dirigentes<br />

do País, com as honrosas exceções de sempre, vêm tratando a educação pública ao<br />

longo de nossa história. Para debelar a chaga do analfabetismo no Brasil, basta<br />

haver vontade política <strong>dos</strong> nossos dirigentes.<br />

Creio que o Brasil vive agora uma oportunidade única no sentido de que a<br />

União tenha, por fim, vontade política e determinação para levar às últimas<br />

conseqüências a luta contra o analfabetismo no País. O Presidente Lula conhece<br />

como poucos o sofrimento <strong>dos</strong> excluí<strong>dos</strong> sociais que não tiveram a oportunidade da<br />

escola. E tenho a certeza inabalável de que S.Exa. deixará à Nação o legado<br />

memorável de ter extirpado <strong>dos</strong> corações e das mentes de milhões de brasileiros a<br />

situação vexatória do analfabetismo.<br />

No entanto, para que esse sonho se torne realidade, é fundamental que o<br />

caminho apontado pela Profa. Esther Grossi e sua dedicada equipe se multiplique<br />

por todo o País, em especial pelo Nordeste brasileiro, mobilizando toda a sociedade,<br />

entidades governamentais e não-governamentais, empresariado, entidades de<br />

classes, etc.<br />

Sr. Presidente, devo mencionar ainda que, mesmo naquela hora em que se<br />

festejava o êxito <strong>dos</strong> trabalhos desenvolvi<strong>dos</strong> em São Raimundo Nonato, Guaribas e<br />

Acauã; mesmo quando pairava a indescritível sensação de vitória pelo dever<br />

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cumprido, percebi, naquela solenidade, certa angústia na nossa querida Profa.<br />

Esther Grossi e em sua equipe, fruto da incerteza gerada pela falta de recursos que<br />

garantam a continuidade de sua patriótica ação por outros Municípios brasileiros.<br />

Desejaria, aliás, registrar a presença no evento da eminente professora<br />

universitária Antônia Félix, Coordenadora do GEEMPA no Ceará, que anunciou já<br />

ter alfabetizado, em seu Estado, cerca de 25 mil adultos, em parceria com o<br />

Governo Estadual e Prefeituras cearenses.<br />

Pelas razões expostas, apelo para o Presidente Lula no sentido de que não<br />

deixe faltar dinheiro para essa obra gigantesca que a Profa. Esther Grossi e outros<br />

grandes brasileiros se propõem a empreender pelos sertões nordestinos, levando<br />

cidadania e dignidade social a milhares de lares brasileiros. Congratulo-me, assim,<br />

com essa guerreira da cidadania, a Profa. Esther Grossi.<br />

Gostaria, ainda, de destacar a presença em São Raimundo Nonato da<br />

vibrante assessora especial do Ministro Cristovam Buarque, a Profa. Maria José<br />

Rocha Lima, apaixonada pelas idéias de Anísio Teixeira, conhecedora profunda <strong>dos</strong><br />

problemas educacionais brasileiros, ex-Deputada Estadual pela Bahia, uma mulher<br />

extraordinária, cuja presença no Ministério da Educação nos traz a certeza de que o<br />

Brasil real estará presente nas decisões do Ministro da Educação, não só na<br />

alfabetização de adultos, mas sobretudo naquilo que era muito caro a Anísio<br />

Teixeira, a educação do pré-escolar e <strong>dos</strong> alunos do chamado 1º Grau e das escolas<br />

de nível médio ou técnicas.<br />

Congratulo-me também com a supervisora estadual de educação daquele<br />

Município, Profa. Francisca Paes Santana, e toda a equipe de professores, que, sob<br />

a orientação de Esther Grossi, participaram, com idealismo e dedicação, da<br />

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alfabetização <strong>dos</strong> adultos. Faço questão de citar as Profas. Mariléia, Maria Costa,<br />

Jaciara, Helen, Rosenilde, Simone, Maria do Rosário, Maria da Paz, Lúcia Araújo,<br />

Shirlei <strong>dos</strong> Santos e Maria das Mercês.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO PAES LANDIM NO PERÍODO<br />

DESTINADO ÀS COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES DA SESSÃO ORDINÁRIA<br />

DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 144, REALIZADA EM 18 DE AGOSTO DE<br />

2003 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:<br />

O SR. PAES LANDIM (PFL-PI.) - Sr. Presidente, ouvi atentamente as<br />

palavras do eminente Vice-Líder do Governo, Deputado Vicente Cascione, quando<br />

se reportava ao Ministro Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação do<br />

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desejo, modestamente, apoiar as palavras<br />

expressas por S.Exa. em nome da Liderança do Governo, até porque fui colega por<br />

2 mandatos de Luiz Gushiken.<br />

A impressão que S.Exa. me deixou, independentemente da sua posição<br />

ideológica, foi a de uma pessoa absolutamente correta, a de um homem honrado<br />

que jamais se aproveitaria do poder para exacerbações pessoais. Modesto,<br />

religioso, até místico, uma figura zen, sabemos pela imprensa, aliás, que foi após<br />

muita insistência do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva que ele aceitou o convite<br />

para participar de sua campanha e, depois, servir ao Governo de S.Exa.<br />

A imagem que construí do então Deputado Gushiken, durante a Constituinte e<br />

na Legislatura seguinte, foi a de um político correto, idealista, a de um grande expert<br />

em matéria previdenciária. Talvez poucos tenham o alcance e o conhecimento de<br />

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S.Exa. sobre a Previdência Social em nosso País. Possivelmente em função de seu<br />

estado de saúde, que exige maiores cuida<strong>dos</strong> médicos, o Presidente Lula não o<br />

tenha incumbido da missão de comandar diretamente o Ministério da Previdência<br />

Social, o que exigiria além de sua reconhecida competência, esforço físico inusitado<br />

— o que caracteriza, por sinal, nosso colega aqui da <strong>Câmara</strong>, o Ministro Ricardo<br />

Berzoini.<br />

Sr. Presidente, Luiz Gushiken é homem da maior seriedade. Há anos que não<br />

o vejo, mas aquela figura mística, aquele japonês budista, no bom sentido da<br />

expressão, uma figura zen, é a de um homem altamente correto, competente,<br />

estudioso, de grande raciocínio matemático, com uma noção raríssima de cálculos<br />

atuariais.<br />

S.Exa. é um grande auxiliar deste Governo. Moderado, sensato, tenho<br />

certeza de que ele representa um ponto de equilíbrio para o Governo Federal, e é<br />

importante que esteja junto ao Presidente Lula para que a sua sensatez, seu<br />

desprendimento e sua espiritualidade ajude nas reflexões do dirigente máximo da<br />

República.<br />

Portanto, associo-me às palavras do Vice-Líder do Governo externando a<br />

grande impressão que Luiz Gushiken deixou da sua passagem por esta Casa,<br />

impressão que reitero com admiração e apreço que sempre tive por S.Exa.,<br />

independentemente de eventuais divergências ideológicas. Sobretudo fiquei<br />

impressionado com sua competência, com a firmeza de suas convicções em matéria<br />

previdenciária, raríssima nesta Casa. Em to<strong>dos</strong> os esquadrões partidários, talvez<br />

ninguém tenha tanta competência e lucidez sobre essa matéria. Tenho certeza de<br />

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Número Sessão: 147.1.52.O Tipo: <strong>Ordinári</strong>a - CD<br />

Data: 20/08/03 Montagem: 4171<br />

que S.Exa. é, e sempre será, o grande auxiliar do Governo Federal. É importante<br />

para o País que assim o seja.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente.<br />

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