SONETOS PORTUGUESES - Silva Carvalho

More documents

Recommendations

Info

PORTA OU JANELA Estou aqui, imprevisível, entre quatro paredes, para lutar. Não sei onde vou. Mas o importante é ir, lentamente respirando, construindo redes capazes de trazerem ao Ser a imagem anelante, o preço real da vida, esta casa onde me vêdes. Entre o sofrimento e o prazer habito este lar onde busco um silêncio que revele a essência. Custa descobrir no acervo de coisas um olhar, a distância que me separa da clara aparência. Dói sobretudo ver o mundo como mal a evitar. Espero merecer a ousadia, querer ficar aberto como porta ou janela diante da luz universal. Meu sonho é fazer do alcance o inicial perto onde possa reconhecer a língua, o aceno vital. 1/2/85 12
SENTIR Talvez não seja verdadeiramente a alegria. Mas sentir é tão refrescante como reviver uma criança que nunca se foi, rara terapia onde o poder da morte sorri do medo, lazer terrível da consciência, pavor da alquimia. Sentir como nunca se sentiu a nodosa vida, respirá-la suavemente, saboreá-la nuamente, um arquejo, um beijo, a ilusão da partida, o prazer advindo carnal espírito, depascente luz bruxuleando ao capricho da desmedida. É possivelmente a alegria. Estar assim, sol perdido na imensidão do tempo, é como crer na humanidade do símbolo, no fulvo arrebol iluminando o azul celeste que se deseja ser. 1/2/85 13
Page 1 and 2: SONETOS PORTUGUESES SILVA CARVALHO
Page 3 and 4: SILVA CARVALHO SONETOS PORTUGUESES
Page 5 and 6: OBRAS PUBLICADAS Poesia (em portugu
Page 7 and 8: Ao Fernando Guerreiro
Page 9 and 10: His self and the sun were one And h
Page 11: PRIMEIRA PARTE
Page 15 and 16: UMA CASA Por amor, mesmo se incompr
Page 17 and 18: PARTIR Estupidamente, sentir é nã
Page 19 and 20: NO CENTRO Quando o Nada se avoluma
Page 21 and 22: ANIVERSÁRIO Fazer anos: todos os a
Page 23 and 24: VIVER Guia-me o só desejo, continu
Page 25 and 26: SOL, SOL, SOL Nesga de sol, azul ab
Page 27 and 28: SUSPIRO Um grito caótico, suspiro,
Page 29 and 30: A FAÚLHA Uma gargalhada tonitruant
Page 31 and 32: A LINGUAGEM Fora de qualquer sortil
Page 33 and 34: POSSUIR Não tem nada a ver com o t
Page 35 and 36: DIZER O NADA Súbita, a tentação,
Page 37 and 38: INSUBSTITUÍVEL O silêncio da casa
Page 39 and 40: A NOITE E depois, há sempre a noit
Page 41 and 42: GOZAR Quanto procuro salva-se na si
Page 43 and 44: POEMA Um poema translúcido, não p
Page 45 and 46: O BERÇO Em frente, tudo quanto é,
Page 47 and 48: PERDIDO NO SER Nenhum sentido, mas
Page 49 and 50: UM HOMEM Suicidou-se. Um antigo com
Page 51 and 52: GRITO Hoje não há dia para enlevo
Page 53 and 54: TERCEIRA PARTE
Page 55 and 56: O FOGO Translúcido desejo de me de
Page 57 and 58: DESCER AO CAOS A vida não se perde
Page 59 and 60: A PASSAGEM Janelas abertas, manhã
Page 61 and 62: PERIFÉRICO É um sentimento perif
Page 63 and 64:
CALOR Há sempre um momento em que
Page 65 and 66:
E SABER Basta! diz meu coração ca
Page 67 and 68:
RECONHECER Ignorar tudo, de uma man
Page 69 and 70:
ENLOUQUECER Apetece, num segundo de
Page 71 and 72:
DEPOIS Que pode um homem ser quando
Page 73 and 74:
A MARAVILHA Fecho a porta. Declina
Page 75 and 76:
CHORADINHO Perdido sem começo nem
Page 77 and 78:
AUSÊNCIA Nula presença dilui o l
Page 79 and 80:
INCOMPREENSÃO Se tudo o que existe
Page 81 and 82:
NECEDADE Se não é a morte este fi
Page 83 and 84:
O PROBLEMA Não há nome, caos ou o
Page 85 and 86:
ÊXTASE INEXTENSO É um estilhaço
Page 87 and 88:
A PAISAGEM Insólito, depõe-se o c
Page 89 and 90:
FINALMENTE Do caos que envolve a fo
Page 91 and 92:
DESEJO Vida minha, confusa, em que
Page 93 and 94:
ALGURES Que medo tredo é este que
show all

SONETOS PORTUGUESES - Silva Carvalho

Create successful ePaper yourself

Delete template?

Save as template?