O poder do lóbi na UE - Escola Superior de Comunicação Social ...
O poder do lóbi na UE - Escola Superior de Comunicação Social ...
O poder do lóbi na UE - Escola Superior de Comunicação Social ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
22 MEDIA<br />
BELEZA E TELEVISÃO<br />
TODOS OS ANOS SURGEM NOS VÁRIOS CANAIS DE TELEVISÃO CARAS NOVAS. Q<strong>UE</strong>REM SER “A GRANDE<br />
DESCOBERTA” NUM MUNDO COMPETITIVO Q<strong>UE</strong> POUCAS VEZES SE ABRE. SEMPRE Q<strong>UE</strong> HÁ CASTINGS<br />
CORREM AOS MILHARES. MAS POUCOS SÃO AQ<strong>UE</strong>LES Q<strong>UE</strong> PODEM UM DIA VIR A SER APRESENTADORES.<br />
JUNHO 2006 I 8ª COLINA<br />
<br />
apresenta<strong>do</strong>res vistosos <strong>de</strong>mais”<br />
MARTA MESQUITA<br />
Luís <strong>de</strong> Matos, antigo consultor<br />
<strong>de</strong> imagem da RTP, SIC e<br />
TVI, foi o responsável pela<br />
imagem <strong>de</strong> muitos <strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>res<br />
e pivots <strong>de</strong> informação<br />
da televisão portuguesa.<br />
Começou pelas Belas-Artes<br />
e mais tar<strong>de</strong> envere<strong>do</strong>u pela<br />
cenografia. Descobriu a BBC,<br />
on<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>u Imagem, Postura<br />
e <strong>Comunicação</strong>. Voltou<br />
para Portugal e em 1972 tornou-se<br />
o gestor <strong>de</strong> imagem da<br />
estação pública. Actualmente,<br />
Luís <strong>de</strong> Matos é consultor <strong>de</strong><br />
imagem em multi<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is.<br />
Continua atento à televisão<br />
e acredita que o talento para<br />
comunicar ainda é mais valoriza<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> que a beleza.<br />
A beleza é o que mais conta<br />
para se ser uma cara da televisão?<br />
Não, <strong>de</strong> forma alguma. O que<br />
mais conta em televisão é a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicar. Não<br />
vale <strong>de</strong> <strong>na</strong>da a pessoa ser bonita<br />
se não sabe comunicar com<br />
O que mais conta em<br />
televisão é a capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> comunicar.<br />
a câmara. Mas o que vemos <strong>na</strong><br />
televisão muitas vezes são pessoas<br />
vistosas, o que é muito diferente<br />
<strong>de</strong> pessoas bonitas. As<br />
pessoas bonitas têm uma imagem<br />
agradável no seu conjunto,<br />
uma cara com traços bonitos,<br />
gestos suaves, voz, dicção, sabem<br />
passar uma mensagem,<br />
comunicam com o corpo.... E<br />
o público <strong>de</strong>sconfia sempre <strong>de</strong><br />
apresenta<strong>do</strong>res vistosos <strong>de</strong>mais.<br />
Mas o que muitas vezes se vê<br />
<strong>na</strong> televisão são apresenta<strong>do</strong>res<br />
muito vistosos...<br />
Pois é, mas <strong>na</strong> maior parte <strong>do</strong>s<br />
casos não sabem comunicar. E<br />
posso dar um exemplo. A Isabel<br />
Figueiras é uma excelente<br />
mo<strong>de</strong>lo, uma topmo<strong>de</strong>l, mas já<br />
não tem o mesmo talento para a<br />
apresentação. Lá no programa<br />
que apresenta diz meia dúzia<br />
<strong>de</strong> linhas e mais <strong>na</strong>da. Se lhe<br />
tirassem o teleponto não sabia<br />
como o fazer. E isso não é o que<br />
se procura num comunica<strong>do</strong>r.<br />
Os castings têm leva<strong>do</strong> mui-<br />
tas pessoas a fazer testes<br />
para serem apresenta<strong>do</strong>res.<br />
É uma boa forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir<br />
novos talentos?<br />
Esses castings não servem<br />
para <strong>na</strong>da. Eu já <strong>de</strong>i formação<br />
a pessoas que foram seleccio<strong>na</strong>das<br />
em castings e em<br />
muitos casos só uma ou duas<br />
é que ficaram a trabalhar em<br />
televisão. E quan<strong>do</strong> se aposta<br />
em dar formação a estas pessoas,<br />
os ca<strong>na</strong>is gastam muito dinheiro<br />
com elas e <strong>de</strong>pois o que<br />
acontece é que não é rentabiliza<strong>do</strong>,<br />
porque <strong>de</strong> facto não têm<br />
perfil para serem apresenta<strong>do</strong>res<br />
ou pivots. Po<strong>de</strong>m ser bonitos<br />
mas falta o resto. E muitas<br />
vezes o que esses castings fazem<br />
é só ver quem é que é bonito<br />
ou quem é que está mais<br />
à vonta<strong>de</strong> perante as câmaras.<br />
Não dá para ver mais <strong>na</strong>da e<br />
<strong>de</strong>pois acontecem situações <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>silusão.<br />
Os castings tal como são feitos<br />
não funcio<strong>na</strong>m porque<br />
não conseguem revelar todas<br />
as potencialida<strong>de</strong>s das<br />
pessoas ou têm ainda mais<br />
falhas?<br />
Os castings não mostram as<br />
potencialida<strong>de</strong>s das pessoas<br />
mas muitas vezes também são<br />
mal conduzi<strong>do</strong>s ou feitos por<br />
pessoas que percebem pouco<br />
<strong>do</strong> assunto. Mas o mesmo<br />
acontece com os cursos <strong>de</strong><br />
formação. Eu acho um <strong>de</strong>sperdício<br />
em alguns cursos aceitarem-se<br />
pessoas que não têm<br />
a mínima hipótese <strong>de</strong> virem<br />
a trabalhar em televisão mas<br />
como têm 800 contos para pagar<br />
é-lhes dada formação. E<br />
isso é uma malda<strong>de</strong> para quem<br />
alimenta um sonho que lhe vai<br />
ser impossível realizar!<br />
Eu acho que <strong>de</strong>via haver <strong>na</strong>s<br />
escolas <strong>de</strong> comunicação uma<br />
selecção. Ver quem é que po<strong>de</strong><br />
pensar em trabalhar <strong>na</strong> televisão.<br />
E existir parcerias entre<br />
as escolas e os ca<strong>na</strong>is televisivos<br />
<strong>de</strong> forma a que a formação<br />
profissio<strong>na</strong>l fosse dada a pessoas<br />
que têm realmente hipóteses<br />
<strong>de</strong> realizar um bom tra-<br />
Os castings não<br />
mostram as<br />
potencialida<strong>de</strong>s das<br />
pessoas<br />
<br />
Hugo Andra<strong>de</strong>, subdirector <strong>de</strong> programas da<br />
RTP, é quem vai escolher as <strong>de</strong>z novas caras<br />
para o entretenimento da estação pública. Responsável<br />
pela organização <strong>do</strong> casting que levou<br />
à Avenida Marechal Gomes da Costa milhares<br />
<strong>de</strong> pessoas que procuram a oportunida<strong>de</strong> para<br />
entrar <strong>na</strong> televisão, Hugo Andra<strong>de</strong> acredita que<br />
se po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>scobrir novos talentos através <strong>de</strong>sta<br />
forma <strong>de</strong> selecção.<br />
A este casting foram pessoas <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s<br />
e com to<strong>do</strong> o tipo <strong>de</strong> ambições. Pessoas<br />
conhecidas, licencia<strong>do</strong>s em comunicação, actores<br />
ou curiosos que só queriam ver o que é um<br />
casting foram alguns <strong>do</strong>s perfis que passaram<br />
pelos estúdios da RTP. Hugo Andra<strong>de</strong> diz que<br />
esta diversida<strong>de</strong> não o surpreen<strong>de</strong>u, porque há<br />
ambições que levam as pessoas a tentarem o<br />
tu<strong>do</strong> por tu<strong>do</strong>. “Algumas pessoas vieram ao casting,<br />
porque querem ser famosas. Está <strong>na</strong> moda<br />
ser-se famoso. Mas muitas pessoas que por<br />
aqui passaram querem é trabalhar nesta área,<br />
porque até têm formação e vêem este processo<br />
O HOMEM Q<strong>UE</strong> DECIDE...<br />
como uma janela, uma oportunida<strong>de</strong> para conseguirem<br />
um trabalho”, afirma o subdirector <strong>de</strong><br />
programas da RTP.<br />
Para Hugo Andra<strong>de</strong>, o mito da beleza como uma<br />
mais valia para se apresentar programas já caiu<br />
por terra. “Toda a gente tem espaço para apresentar<br />
programas. A beleza é algo <strong>de</strong> secundário. E as<br />
pessoas começam a ter noção disso, o que faz com<br />
que o panorama da apresentação esteja a mudar”,<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o director <strong>do</strong> casting da estação pública.<br />
Mas se há quem queira ser famoso ou simplesmente<br />
<strong>de</strong>seje trabalhar <strong>na</strong> área em que tem formação,<br />
há quem vá a castings por mero divertimento<br />
ou por hábito. “Há pessoas que sabem<br />
que não têm perfil para apresenta<strong>do</strong>res, porque<br />
não sabem comunicar, mas que vêm, umas para<br />
não ficarem sozinhas em casa e outras porque<br />
já é um hábito - não per<strong>de</strong>m um casting. Estes<br />
profissio<strong>na</strong>is <strong>do</strong>s castings querem é conhecer<br />
pessoas e trocam telefones e e-mails. Já formam<br />
uma verda<strong>de</strong>ira comunida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> já se<br />
conhecem to<strong>do</strong>s”, explica Hugo Andra<strong>de</strong>.