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O poder do lóbi na UE - Escola Superior de Comunicação Social ...

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28 CULTURA<br />

GALERIA DE ARTE<br />

<br />

O futuro da 111<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

ESCOLHAS DA GALERIA E SONHA COM NOVA IORQ<strong>UE</strong>.<br />

VERA MOUTINHO ganhar uns dinheiros extra e<br />

Assim, à primeira vista, parece<br />

um pequeno império numa rua <strong>de</strong><br />

Lisboa. Três galerias, um armazém<br />

e um prédio, to<strong>do</strong>s cheios <strong>de</strong><br />

arte e <strong>de</strong> história da Galeria 111.<br />

No Campo Gran<strong>de</strong>, chamam-lhe a<br />

rua “<strong>do</strong>s Soares e <strong>do</strong>s Britos”: Mário<br />

Soares vive mais lá ao fun<strong>do</strong>,<br />

com vista para o Colégio Mo<strong>de</strong>rno,<br />

e a Galeria 111, <strong>do</strong>s Britos, a<br />

mais antiga <strong>do</strong> país, fica <strong>de</strong> frente<br />

para o jardim. Para conhecer a<br />

história da Galeria é preciso percorrer<br />

a rua <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> ao outro,<br />

passan<strong>do</strong> invariavelmente pela livraria<br />

<strong>do</strong> nº 111, on<strong>de</strong> tu<strong>do</strong> começou.<br />

Manuel <strong>de</strong> Brito era livreiro<br />

e foi numa peque<strong>na</strong> sala forrada<br />

<strong>de</strong> livros que fez a primeira exposição,<br />

convenci<strong>do</strong> por amigos.<br />

Hoje, o filho Rui Brito, 28 anos, é<br />

o galerista mais novo à frente da<br />

“mais antiga galeria portuguesa<br />

sem interrupção <strong>de</strong> funcio<strong>na</strong>mento<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua abertura”, lê-se <strong>na</strong><br />

história da instituição.<br />

À frente da galeria<br />

Rui Brito fez o primeiro negócio<br />

aos 16 anos: ven<strong>de</strong>u uma serigrafia<br />

da Vieira da Silva. Começou<br />

a trabalhar <strong>na</strong> galeria <strong>do</strong> pai aos<br />

Sába<strong>do</strong>s à tar<strong>de</strong>: “Precisava <strong>de</strong><br />

faltava um colabora<strong>do</strong>r nessa altura”.<br />

Ainda muito novo, saía <strong>do</strong><br />

Colégio Mo<strong>de</strong>rno e ia para a galeria,<br />

on<strong>de</strong> andava aos pontapés a<br />

artistas e clientes. “Comecei <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

miú<strong>do</strong> a andar nos ateliês, ia<br />

com os meus pais em viagens, visitámos<br />

museus… no fun<strong>do</strong> nunca<br />

se per<strong>de</strong>u esse contacto com a<br />

arte <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>na</strong>sci, até porque a<br />

minha casa estava completamente<br />

forrada <strong>de</strong> trabalhos”.<br />

Ainda assim, a escolha por seguir<br />

o negócio <strong>de</strong> família não foi<br />

“Para ven<strong>de</strong>r arte não<br />

é preciso ter um curso<br />

<strong>de</strong> História <strong>de</strong> Arte”<br />

- Rui Brito<br />

óbvia. Quan<strong>do</strong> começou a sentir<br />

a pressão da “continuida<strong>de</strong>” – os<br />

irmãos mais velhos seguiram outros<br />

percursos – a vonta<strong>de</strong> foi fugir.<br />

Hoje, no seu escritório openspace,<br />

uma espécie <strong>de</strong> varanda<br />

interior para o espaço <strong>de</strong> uma<br />

das galerias, fala <strong>de</strong> um percurso<br />

sinuoso com paragem em quatro<br />

cursos diferentes: “Na altura <strong>de</strong><br />

optar achei que <strong>de</strong>via fazer qualquer<br />

coisa diferente e fui para<br />

Gestão <strong>de</strong> Empresas. Não contente,<br />

mu<strong>de</strong>i <strong>de</strong> curso. Tinha gosta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Direito e então<br />

fui para Direito. Fiz um ano e<br />

achei que não era <strong>na</strong>da daquilo.<br />

Fui para Economia; o curso tinha<br />

si<strong>do</strong> reestrutura<strong>do</strong> e eu gostava<br />

<strong>de</strong> fi<strong>na</strong>nças. Mas <strong>de</strong>pois achei que<br />

não. Entretanto meti-me <strong>na</strong> Associação<br />

Académica, fui dirigente<br />

associativo durante <strong>do</strong>is anos e<br />

tal e an<strong>de</strong>i entreti<strong>do</strong> por outros<br />

la<strong>do</strong>s”, conta com um sorriso<br />

largo, mas tími<strong>do</strong>. “Depois é que<br />

achei que aquilo era tu<strong>do</strong> uma<br />

perda <strong>de</strong> tempo, voltei a fazer as<br />

<br />

específicas, entrei <strong>na</strong> Clássica e<br />

fiz História <strong>de</strong> Arte. Quan<strong>do</strong> não<br />

estava aqui <strong>na</strong> galeria, era só subir<br />

a Cida<strong>de</strong> Universitária”.<br />

Na faculda<strong>de</strong> esforçou-se por<br />

passar <strong>de</strong>spercebi<strong>do</strong>. Conseguiu,<br />

até ao último ano: “ O Rui<br />

Mário Gonçalves, que era daqueles<br />

a quem eu andava ao pontapé<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> miú<strong>do</strong>, era meu professor<br />

e <strong>na</strong>s aulas dizia ‘então Rui, tu<br />

sabes tu<strong>do</strong>, não queres falar sobre<br />

isso?’”. Rui <strong>de</strong>stacava-se <strong>do</strong>s<br />

outros, falava <strong>de</strong> arte com um<br />

à vonta<strong>de</strong> que revelava não só<br />

conhecimento mas experiência,<br />

e reconhecia que era diferente<br />

<strong>do</strong>s colegas. A maior parte não<br />

se interessava por exposições,<br />

JUNHO 2006 I 8ª COLINA<br />

VERA MOUTINHO<br />

nem aquelas <strong>de</strong> uma galeria ao<br />

fun<strong>do</strong> da rua, a 111. “Depois acabei<br />

por receber currículos <strong>de</strong>les<br />

a candidatarem-se a um cargo<br />

<strong>de</strong> colabora<strong>do</strong>r”, conta Rui, mas<br />

Rui Brito fez o primeiro<br />

negócio aos 16 anos:<br />

ven<strong>de</strong>u uma serigrafia<br />

<strong>de</strong> Vieira da Silva.<br />

não os contratou, por achar que<br />

não tinham perfil para trabalhar<br />

numa galeria. “Para ven<strong>de</strong>r<br />

arte não é preciso ter um curso<br />

<strong>de</strong> História <strong>de</strong> Arte. Aquilo que<br />

VERA MOUTINHO

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