Obra Completa - Universidade de Coimbra

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]170 A Universidade de Coimbra A Academia de Coimbra tem sido um permanente foco de agitação patriótica. E —r se ainda hoje o amor das nossas coisas a não leva devotamente por esses campos fora a estudá-las tão de perto como seria necessário para ella dar toda a côr da sua originalidade ás nossas lucubrações scientificas — no estudo pessoal dos melhores autores, feito com toda a curiosidade da sua viva inteligência e com todas as simpatias do seu coração ardente, tem haurido as mais puras inspirações para a renovação do espirito nacional. Não ha na Universidade uma Faculdade de letras? criam-na os seus alunos nas suas palestras e nos seus escritos, e raro será no país o movimento literário que não parta de Coimbra. A Universidade não possue um ensino filosofico, um ensino historico e moral bastante ? professam-no elles entre si, e dos seus galhardos torneios saem já armados cavaleiros dos novos ideaes os mais destros lidadores. Assim tem vindo a Academia de Coimbra a demonstrar que a lei soberana dos estudos é também a liberdade e a fraternidade.
I Anthero de Quental 171 Numa Universidade quer-se que todos dentro delia estejam entre si unidos, como se constituíssem uma só família, tendo uns pelos outros, professores e discípulos, o carinho de irmãos, fraternalmente e liberalmente unidos no culto da verdade, acima da qual não ha logar para mais nada, porque, se a Universidade, como toda a gente, deve o seu respeito ás instituições vigentes que representem legalmente a vontade da nação, ella não é nem um partido, nem uma seita, não está escravizada a qualquer dogma politico ou religioso, não jura por nenhum, antes é egualmente seu indeclinável dever examiná-los todos sem escrupulos para bem poder desempenhar-se da sua missão de suprema preceptora nacional, a quem principalmente compete esclarecer a consciência publica. A verdade não se conquista senão pela livre iniciativa individual. Prodigioso agitador de idéas e de sentimentos, ninguém encarnou melhor este espirito universitário do que Anthero de Quental, ninguém lhe foi mais fiel durante toda a vida. Pôde mesmo dizer-se que elle viveu sempre a vida singela, ingénua e
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