1374-1384 - Universidade de Coimbra
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fMJréeior e proprietário<br />
Dr. Teixeira <strong>de</strong> Carvalho<br />
c aèiiiaislraçâo — ARCO DO BISPO, ,1<br />
AMNiKiinturn M<br />
Anno, 2$>4 réis; semestre, i$>200 réis; trimestre,<br />
600 réis. Btiajii e Africa, anno, 3#>6oo<br />
réis; semesjre, 1 $>800 réis. Ilhas adjacentes,<br />
anno, 3$>ooo réis; semestre, i#>5oo réis<br />
Compoiíição e impreniião<br />
OOicina typograpbica M. Reis Gomes — COIMBRA<br />
if Q (<br />
Órgão do Partido Republicano dc <strong>Coimbra</strong><br />
N.° 1:382 COIMBRA — Seguada-feira, 1 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1909 14.° ANNO<br />
31 DE JANEIRO<br />
Como tudo se transforma!<br />
Como os dias <strong>de</strong> lucto se convertem<br />
em dias <strong>de</strong> esperança e fé<br />
ar<strong>de</strong>nte!<br />
Mais uma vez pássou o dia 31<br />
<strong>de</strong> Janeiro, alvorada <strong>de</strong> gloria que<br />
bem inesperadamente abriu uma data<br />
<strong>de</strong> tristeza, e <strong>de</strong>pois da amargura dos<br />
primeiros annos, tão commovidamente<br />
commemorados, apparece o<br />
dia <strong>de</strong> hoje, alegre <strong>de</strong> sol, e todos os<br />
olhares se procuram, a interrogar-se,<br />
eomo a procurar oem fundo na consciência<br />
<strong>de</strong> cada um a esperança que<br />
em nós vimos nafccer, pouco a pouco,<br />
pequenina, e que hoje sentimos com<br />
raizes tão fundas dominando-nos a<br />
consciência inteira.<br />
Naquelle dia, tão distante já, todos<br />
sentiram, ás primeiras novas,<br />
que chegára a era tão esperada.<br />
Já então a i<strong>de</strong>ia republicana apparecia<br />
a todos como uma esperança,<br />
por isso todos no primeiro momento<br />
acreditaram que a revolução ia vin-<br />
E não houve ninguém, mesmo<br />
nos mais encarniçadamente monarchicos,<br />
que na surpreza das primeiras<br />
horas, não dissesse que a Republica<br />
se iria implantar em Portugal<br />
sem uma gota <strong>de</strong> sangue; porque,<br />
<strong>de</strong> ha muito, que ella dominava absolutamente<br />
em todos os pensamentos,<br />
e os crimes da administração<br />
monarchica tinham tornado o advento<br />
da Republica forçado, como única<br />
solução salvadora para o nosso <strong>de</strong>sgraçado<br />
paiz.<br />
Horas <strong>de</strong>pois, quando vinham<br />
novas seguras do irremediável <strong>de</strong>sastre,<br />
tudo mudou, e os que durante<br />
algumas horas haviam julgado terminada<br />
por um acto <strong>de</strong> justiça nacional<br />
a sua vida <strong>de</strong> torpezas e crimes,<br />
uniam-se para se <strong>de</strong>clararem inimigos<br />
mortaes daquelles que momentos<br />
antes diziam ser a única esperança<br />
<strong>de</strong> resurgimento da patria.<br />
Os republicanos passaram a ser,<br />
na linguagem monarchica, <strong>de</strong> salvadores<br />
a perigo nacional, <strong>de</strong> triumphadores<br />
a impru<strong>de</strong>ntes.<br />
Então se disse que os republicanos,<br />
com a imprudência do acto, tinham<br />
feito retardar vinte annos o<br />
triumpho das i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>mocráticas.<br />
E é curioso reflectir no <strong>de</strong>sconcerto.<br />
Os proprios monarchicos admittiam<br />
como certo o triumpho da<br />
Republica, a breve trecho, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
duas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> annos, diziam-se<br />
fortes todavia, e apresentavam como<br />
perigosos os republicanos.<br />
Como seria possivel então que<br />
na consciência nacional, advertida<br />
por tão sábios mentores, se haveria <strong>de</strong><br />
enraizar a convicção <strong>de</strong>moeratica que<br />
<strong>de</strong>veria dar o triumpho da causa republicana<br />
em Portugal.<br />
A <strong>de</strong>mocracia retardara.. .<br />
Como se pu<strong>de</strong>sse retardar uma<br />
causa que fizera <strong>de</strong>rramar o primeiro<br />
sangue generoso!<br />
Para germinar, para se fortalecer<br />
foi sempre necessário o sangue<br />
çs i<strong>de</strong>ias que transíormam a marcha<br />
da humanida<strong>de</strong> que mudam o que<br />
ha <strong>de</strong> mais intimo na existencia dos<br />
JjÇVQS,<br />
Os' primeiros que cahiram sobre<br />
a terra amada da patria, morreram<br />
como heroes, e a gratidão nacional<br />
sanctifieou-lhes os nomes no altar<br />
da patria.<br />
Não morreram. Passada a primeira<br />
sauda<strong>de</strong>, QS seus nomes começaram<br />
a ser ditos, primeiro <strong>de</strong>ntro<br />
da consciência <strong>de</strong> cada um, <strong>de</strong>pois,<br />
mais tar<strong>de</strong>, num abraço <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>,<br />
como as palavras <strong>de</strong> paz que<br />
trocavam no isolamento dos campos,<br />
011 na escuridão da noite, nas<br />
ruas das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, os primeiros<br />
çhristãos.<br />
O partido republicano passou <strong>de</strong><br />
orgão <strong>de</strong> aspiração politica, a uma<br />
verda<strong>de</strong>ira religião com os seus santos<br />
e os seus martyres.<br />
A data <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> Janeiro converteu-se<br />
<strong>de</strong> commemoração piedosa<br />
dos que se haviam sacrificado<br />
pela patria, numa data nacional e,<br />
como tal, symbolo <strong>de</strong> triumpho passado,<br />
<strong>de</strong> esperança segura no triumpho<br />
futuro.<br />
Para o partido republicano foi<br />
também a data <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> lição<br />
histórica.<br />
Para todos, os acontecimentos<br />
<strong>de</strong> então mostraram que a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>mocrática;<br />
que tão fundamente se<br />
infiltrára ná consciência <strong>de</strong> cada um,<br />
não tinha em Portugal outros inimigos<br />
que não fossem os homens vis<br />
<strong>de</strong> que se fazem em todos os paizes<br />
os traidores ás gran<strong>de</strong>s Causas.<br />
Os republicanos viram necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> unir-sé.<br />
E uniram-se. Tanto e tão bem<br />
que, pouco <strong>de</strong>pois, com João Franco,<br />
começavam , as primeiras violências<br />
e as perseguições que fizeram prever<br />
a guerra civil, tanto tempo affastada<br />
pela lembrança dolorosa dos<br />
que nas luctas do constitucionalismo<br />
haviam perdido bem inutilmente os<br />
bens e os entes queridos.<br />
E a cada perseguição surgiu mais<br />
forte o partido republicano, e cada<br />
violência exigia uma violência maior.<br />
Por cada republicano que se perseguia,<br />
levantavam-se <strong>de</strong>z cidadãos<br />
affirmando a sua fé, gritando-a bem<br />
alto.<br />
Ninguém se escondia, o movimento<br />
republicano era feito ás claras,<br />
em pleno sol, e a causa do povo<br />
triu^phava.<br />
Ninguém podia duvidar dos generosos<br />
intuitos do partido que pedia<br />
apenas para luctar lealmente a <strong>de</strong>ntro<br />
das leis que, para se firmar, forjára<br />
a monarchia em longos annos <strong>de</strong><br />
exploração politica.<br />
No respeito nacional se cimentou<br />
então os alicerces do forte edifício<br />
que o partido republicano ia levantando.<br />
Foi então que as facções monarchicas,<br />
que nos iam arruinando na faina<br />
<strong>de</strong> comprar consciências, sempre a<br />
encontrar pretextos para <strong>de</strong> novo se<br />
ven<strong>de</strong>rem, insinuou que o partido repuolicano<br />
tinha escondidamente outro<br />
movimento secreto, que não era da<br />
generosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intuitos que a todos<br />
se afigurava por o que elle <strong>de</strong>ixava<br />
conhecer e publicar,<br />
Os que se haviam unido foram<br />
apresentados como um bando perigoso<br />
sem i<strong>de</strong>al, sem solidarieda<strong>de</strong>,<br />
a sem ynida<strong>de</strong> politica,<br />
E o partido republicano ia medrando,<br />
emquanto os partidos monarchicos<br />
se dividiam e se <strong>de</strong>sorganisavam.<br />
Foi o <strong>de</strong>sastre <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> Janeiro<br />
que uniu o partido republicano, á voz<br />
do gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrata, que <strong>Coimbra</strong><br />
lembrou sempre com tanta sauda<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong> José Falcão que morreu gloriosamente,<br />
o corpo fraco vencido por<br />
o seu colossal trabalho.<br />
Foi esse <strong>de</strong>sastre que nos uniu,<br />
que nos mostrou as primeiras vis<br />
traições, e é a data <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> Janeiro<br />
que o partido republicano folga <strong>de</strong><br />
invocar quando sente <strong>de</strong>sfallecer a<br />
esperança.<br />
O partido republicano sabe bem<br />
que, agora, a primeira batalha será o<br />
triumpho <strong>de</strong>finitivo da causa <strong>de</strong>mocrática<br />
.. .<br />
Dr. Cerqueira <strong>Coimbra</strong><br />
Tem estado nesta cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> visita<br />
aos seus amigos o illustre <strong>de</strong>mocrata,<br />
tão escandalosamente <strong>de</strong>spojado<br />
do seu logar <strong>de</strong> secretario da<br />
<strong>Universida<strong>de</strong></strong> pela mediocrida<strong>de</strong> maléfica<br />
<strong>de</strong> João Franco.<br />
São sempre dias <strong>de</strong> alegria estes<br />
que aqui passa o sr. dr. Cerqueira<br />
<strong>Coimbra</strong>, tão elogiado pelas facções<br />
monarchicas pela fórma superior<br />
<strong>de</strong> forte consciência com que respon<strong>de</strong>u<br />
a João Franco, mas que estas<br />
não souberam continuar num gesto<br />
reparador què se impunha.<br />
A Resistencia cumprimenta o bom<br />
e velho amigo, ' -<br />
•<br />
Cooperativa <strong>de</strong> pão<br />
Hontem, a convite da direcção,<br />
foram visitadas as installações d'esta<br />
activa socieda<strong>de</strong> por os srs. administrador<br />
do concelho, <strong>de</strong>legado e<br />
sub-<strong>de</strong>legado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> uma minuciosa visita a todo o estabelecimento,<br />
em que foram acompanhados<br />
pela direcção, tiveram as<br />
palavras <strong>de</strong> mais caloroso elogio para<br />
as installações e trabalho d'esta<br />
instituição.<br />
Antes <strong>de</strong> sahir, o sr. dr. Vicente<br />
Rocha, <strong>de</strong>legado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pediu para<br />
inscrever o seu nome no numero<br />
dos socios, tomando logo doze acções<br />
da florescente cooperativa.<br />
Não pô<strong>de</strong> fazer-se elogio maior<br />
do que este acto simples, mas bem<br />
eloquente.<br />
Dr. Malva do Valle<br />
Uma commissão do Centro Mocida<strong>de</strong><br />
Republicana, que tem o nosso<br />
illustre correligionário por patrono<br />
foi procura-lo hontem <strong>de</strong>pois da brilhante<br />
inauguração do novo núcleo<br />
<strong>de</strong>mocrático á sua casa <strong>de</strong> S- Silvestre,<br />
em que o retinha a doença da<br />
esposa e <strong>de</strong> um filhinho recemnascido,<br />
para lhe dar conta da festa realisada,<br />
e dos votos emittidos.<br />
O sr. dr. Malva do Valle, agra<strong>de</strong>cendo<br />
a penhorante gentileza, affirmou<br />
a sua <strong>de</strong>dicação pelo centro, e<br />
prometteu realizar nelle uma série<br />
<strong>de</strong> conferencias que iniciará apenas<br />
cessem as preocupações da sua vida<br />
<strong>de</strong> familia<br />
A commissão retirou para <strong>Coimbra</strong><br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> affirmar ao sr. dr.<br />
Malva do Valle mais uma vez o seu<br />
reconhecimento e fazer votos porque<br />
breve se restabelecessem os seus estremecidos<br />
doentes, no que muito<br />
cor<strong>de</strong>al mente os acompanhamos tambem<br />
nós,<br />
Foi nomeado ajudante do conservador<br />
d'esta comarca, o sr. Belmiro<br />
Pereira pintQ,<br />
MOVIMENTO REPUBLICANO<br />
Inauguraçãe do Centro Mocida<strong>de</strong> Republicana<br />
Dr. Malva do Valle<br />
Uma festa <strong>de</strong> bem enternecida<br />
alegria a da inauguração do novo centro<br />
da mocida<strong>de</strong> republicana que escolheu<br />
Malva do Valle para seu patrono.<br />
-om<br />
O sol era da festa também, e parecia<br />
vir brincar nas palmas, nas;<br />
flores, nas sedas alegres e iluminar.,<br />
<strong>de</strong>moradamente os nomes que se<br />
liam nos escu<strong>de</strong>tes espalhados profusamente,<br />
num <strong>de</strong>sarranjo artistico<br />
<strong>de</strong> effeito, como se gostasse o sol <strong>de</strong><br />
soletrar os nomes dos caudilhos republicanos<br />
que se liam, entre palmas<br />
e flores, por todas as pare<strong>de</strong>s.<br />
A alegria ria em todos os rostos<br />
juvenis, iluminava <strong>de</strong> uma luz intensa<br />
e aguda todos os olhares, animava<br />
aquellas bocas novas gritando<br />
a sua fé republicana a cada pretexto<br />
que inventavam.<br />
E no meio <strong>de</strong> tudo, mulheres do<br />
povo, no trajo simples do campo,<br />
olhando gravemente como se estivessem<br />
num templo, como se viessem<br />
para ouvir as palavras <strong>de</strong> uma nova<br />
religião.<br />
Quando ás 2 horas e meia entrava<br />
Ramada Curto, tudo se levantou<br />
para receber o moço académico, que<br />
tão querido é pelos serviços que vae<br />
prestando á causa da <strong>de</strong>mocracia e<br />
da instrucção do povo, com a mais<br />
sincera e fremente ovação, que elle<br />
agra<strong>de</strong>cia, manifestamente commovido,<br />
erguida a sua cabeça palida, os<br />
lábios murmurando palavras <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento<br />
enternecido que ninguém<br />
ouvia.<br />
Pouco <strong>de</strong>pois abria a sessão o sr;<br />
Armando da Fonseca Santos, irmão<br />
do nosso amigo e correligionário Nicolau<br />
da Fonseca, e presi<strong>de</strong>nte e organisador<br />
do novo centro, affirmando<br />
a sua fé republicana, e tendo para<br />
os bandos monarchicos palavras<br />
<strong>de</strong> con<strong>de</strong>mnação, cheias <strong>de</strong> verda<strong>de</strong><br />
e <strong>de</strong> justiça.<br />
Acabou, sempre muito applaudido.<br />
por dar a presi<strong>de</strong>ncia da assembleia<br />
ao nosso amigo e redactor sr.<br />
Floro Henriques que com palavras<br />
<strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento á assembleia, affirma<br />
mo<strong>de</strong>stamente que lhe faltam<br />
serviços que possam justificar honra<br />
tamanha, mas que lhe sobra vontata<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> trabalnár, até ao ultimo sacrifício,<br />
pela causa republicana, a<br />
que inteiramente se <strong>de</strong>votou.<br />
Traça <strong>de</strong>poté o perfil <strong>de</strong> Malva do<br />
Valle, o patrono d'aquelle centro, o<br />
homem que nunca <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r<br />
ao povo g. sua mão leal, <strong>de</strong>s.<strong>de</strong><br />
os bancos das escolas, on<strong>de</strong> eomeçou<br />
o seu sacrifício pela causa republicana,<br />
até á hora actual, sempre<br />
cheio da fé mais viva, sempre no<br />
mais acrisolado patriotismo, sempre<br />
prompto a <strong>de</strong>vota-se pela causa republicana.<br />
Vê-lo, ao pé do povo, era adivinhar<br />
perigo perto e gran<strong>de</strong>.<br />
Antecipadamente se mostrava como<br />
um soldado da revolução futura,<br />
todos o olhavam, fanaticamente, como<br />
um heroe da revolução próxima,<br />
Elle o fôra já pela revolução passada,<br />
cuja data se celebrava ali em<br />
festa <strong>de</strong> tão sincero enthusiasmo, <strong>de</strong><br />
tão enternecida solidarieda<strong>de</strong>.<br />
Terminou por propôr para secretários<br />
os srs. Mário Malheiros e<br />
Francisco Maria da Fonseca.<br />
E os nomes dos nossos correli-<br />
gionários são recebidos com uma<br />
nova ovação, vibrante da alegria, da<br />
vida intensa da mocida<strong>de</strong><br />
O sr. Antonio <strong>de</strong> Souza, correspon<strong>de</strong>nte<br />
do Mundo, lembrou em palavras<br />
sentidas a data gloriosa que<br />
se commemorava, e que não <strong>de</strong>via<br />
servir <strong>de</strong> pretexto fácil a rethoriua<br />
fútil, ou a enthusiasmo fugaz, e nos<br />
<strong>de</strong>via guiar como uma estrella péla<br />
i estrada triuropbal da <strong>de</strong>mocracia.<br />
Pestana Júnior, <strong>de</strong> começo logo<br />
frementemente aplaudido, diz em<br />
phrase simples, vibrante da maior<br />
sincerida<strong>de</strong> a sua alegria por alli ver<br />
tanto homem novo gritando a sua fé<br />
<strong>de</strong>mocratica, e por lhe agradar também<br />
o nome do patrono que escolheram<br />
para aquelle centro, e que<br />
motivos <strong>de</strong> familia consei vavam junto<br />
da esposa estremecida e doente,<br />
e-do filhito que bem cedo começava<br />
; uma vida <strong>de</strong> soffrimento.<br />
Falia enthusiasticamente <strong>de</strong> Malva<br />
do Valle, como quem intimamente<br />
o conhece e o admira, e termina por<br />
affirmar quanto é grata ao seu espirito<br />
aquella festa a que outros oradores,<br />
<strong>de</strong> mais colorida e suggestiva<br />
palavra do que a sua, dariam a alta<br />
significação que tem, no actual momento<br />
historico, no movimento que<br />
se passa <strong>de</strong>ntro do partido republicano.<br />
Mal serenados os applausos que<br />
Cobriram as ultimas palavras <strong>de</strong> Pestana<br />
Júnior, levanta-se Carneiro<br />
Franco, dizendo o que foi Malva do<br />
Vâlle na sua obra <strong>de</strong> revolucionário<br />
è, num confronto brilhante que por<br />
vezes levantou a assembleia que o<br />
interrompia com palmas e bravos,<br />
compára aquella mocida<strong>de</strong> generosa<br />
que em plena vida académica se assignalava<br />
pelo seu civismo, pela sua<br />
<strong>de</strong>dicação, pela causa da <strong>de</strong>mocracia,<br />
da liberda<strong>de</strong> e da justiça, com uma<br />
mocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agora, reaccionaria e<br />
egoísta com um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> subalternos<br />
<strong>de</strong> secretaria <strong>de</strong> estado.<br />
Acaba por saudar Malva do Valle<br />
è os socios do Centro que o escolheram<br />
jiara patrono e que farão obra dè<br />
bons e honestos cidadãos, imitando<br />
aquella vida <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação e <strong>de</strong> sacrifieio<br />
p«la uniea causa vital da nossa<br />
socieda<strong>de</strong>, pela causa da Republica<br />
que é também a causa da Patria.<br />
Acaba no meio <strong>de</strong> uma enthusiastica<br />
e <strong>de</strong>morada ovação, em que se<br />
crusam os vivas a Malva do Valle;<br />
á aca<strong>de</strong>mia republicana, á Liberda<strong>de</strong>,<br />
á Republica e á Patria.<br />
Quando apparece para fallar Gonçalves<br />
Preto, a ovação rompe <strong>de</strong> novo,<br />
e elle agra<strong>de</strong>ce longamente com<br />
a simplicida<strong>de</strong> que lhe é própria,<br />
muito brilhantes os seus olhos.intelligentes<br />
a que assomam as lagrimas.<br />
E' a primeira vez que falia, por<br />
<strong>de</strong>ver, por não querer <strong>de</strong>ixar passar<br />
a ÒÒcasião <strong>de</strong> mostrar a sua admiração,<br />
a sua amiza<strong>de</strong>, o seu culto<br />
por Malva do Valle, que por tradição<br />
conhecia como um revoltado antes<br />
<strong>de</strong> vir para a <strong>Universida<strong>de</strong></strong>, ô<br />
QUS èm <strong>Coimbra</strong> veio encontrar, ainda,<br />
trabalhando ao lado dos novos,<br />
<strong>de</strong> quem era amado como um escolar,<br />
e que ao lado <strong>de</strong>lles apparecia<br />
sempre como se tivesse ainda todas<br />
as preocupações e os enthusiasmos<br />
dos espíritos juvenis.<br />
Ataca <strong>de</strong>pois com energia o regimen,<br />
mostra a sua posição íalsa 9<br />
termina, dizendo mo<strong>de</strong>stamente que<br />
lhe faltam dotes <strong>de</strong> orador, mas aue<br />
lhe sobra voz para gritar bem alto a<br />
sua fé republicana e ergue um viva<br />
á Republica que é freneticamente<br />
correspondido.<br />
A seguir continuam dizendo palavras<br />
generosas os srs. Danton <strong>de</strong><br />
Carvalho, Armando Cas anheira e<br />
Lino Moreira Pinto, membros do<br />
novo centro, affirmando a sua fé republicana,<br />
enthusiasticamente, com<br />
palavras sãs, cheias <strong>de</strong> mocida<strong>de</strong> e<br />
fé <strong>de</strong>mocratica.<br />
Todos muitos applaudidos. Fazia<br />
|;osto vêr a alegria dos seus rostos<br />
juvenis, a convicção que tão expontanèamente<br />
lhes fazia affluir as palavras<br />
aos lábios.<br />
Aquelle dia era seu, na verda<strong>de</strong>,<br />
fe bem o comprehen<strong>de</strong>u a assembleia<br />
que applaudia, e cujo enternecimento<br />
ia até. ás lagrimas ao vê-los tão<br />
animados, dizendo palavras <strong>de</strong> tanta<br />
sincerida<strong>de</strong>.<br />
Era o <strong>de</strong>spertar <strong>de</strong> muitas cons.