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1374-1384 - Universidade de Coimbra

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ma que os republicados tão generosamente<br />

lhe offereceram e a todo o<br />

custo quer contrariar a lenta mas<br />

necessaria evolução, necessário é<br />

que nós, revolucionários <strong>de</strong> todas as<br />

matizes, nos unamos e num ultimo<br />

esforço, á custa até das nossas vidas,<br />

redimamos esta patria estremecida<br />

e <strong>de</strong>sgraçada.<br />

E* d'esta necessida<strong>de</strong> que nasceu<br />

a fundação d'este centro e por isso<br />

©u o saúdo, e á commissão fundadora<br />

agra<strong>de</strong>ço a honra enorme que me<br />

fez, acceitando-me como socio. honra<br />

aue eu sollicitei porque assim julguei<br />

tornar mais viva a minha homenagem<br />

ao vulto prestigioso que é<br />

o patrono d'este centro e para assim<br />

tornar mais nitida a affirmação, tantas<br />

vezes feita, <strong>de</strong> que eu, — e creio<br />

po<strong>de</strong>r dizer todos os meus camaradas,<br />

estudantes republicanos — estamos<br />

sempre ao lado do povo republicano<br />

<strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, como <strong>de</strong> todo o<br />

povo portuguez, tanto nas horas <strong>de</strong><br />

calma e doce tranquilida<strong>de</strong>, como<br />

nas hor»s incertas do perigo em que<br />

seja necessário jogar a vida para redimir<br />

uma patria estremecida.<br />

Acabou muito applaudido. dando<br />

lugar a COSTA RAMO*<br />

que, com um discurso <strong>de</strong>spretencioso,<br />

que interrompiam inesperadamente<br />

a cada palavra, conservou<br />

a assembleia sempre entre uma emoção<br />

e um rido novo<br />

A sua palavra, <strong>de</strong> uma violência<br />

extraordinaria, sempre enthusiasticamente<br />

applaudida, expõe os crimes<br />

do regimen em phrase tão incisiva,<br />

que impossível nos seria transcrever.<br />

Nem sempre a voz da justiça é a<br />

linguagem dos tribunaes.<br />

A ovação, no finai, durou alguns<br />

minutos, enthusiastica, cortada <strong>de</strong><br />

vivas e gritos.<br />

RABIADA CURTO<br />

Começa por dizer que havia um<br />

anno que em Portugal todos pareciam<br />

republicanos porque os monarchicos<br />

apavorados, fugiram vergonhosamente,<br />

mal viram baquear o<br />

chefe no Terreiro do Paço. Faz a historia<br />

do regicídio e dos acontecimentos<br />

que o prece<strong>de</strong>ram tendo palavras<br />

<strong>de</strong> aDominação e <strong>de</strong> revolta contra a<br />

obra criminosa e infame do dictador.<br />

Diz que a questão moral entre o paiz<br />

e a monarchia não ficou no entanto,<br />

liquidada a 1 <strong>de</strong> fevereiro, com a morte<br />

do rei e do príncipe e apenas houve<br />

uma pausa momentanea, para novamente<br />

ella resurgir a reclamar a<br />

liquidação final inevitável. É necessário<br />

acabar com o regimen que nos<br />

expolia e envergonha. Só assim se<br />

consummará a punição d'um crime<br />

historico que ameaça continuar-se e<br />

a Nação po<strong>de</strong>rá resurgir da miséria<br />

em que se <strong>de</strong>bate e integrar-se no<br />

actual movimento da Europa contemporânea<br />

que faz a gloria aa hora al -<br />

ta da civilisação em que vivemos.<br />

Diz que em Portugal estão hoje, fren -<br />

te a frente, as forças do Passado e<br />

as fecundas energias do Futuro. D'um<br />

lado a Monarchia actual symbolisada<br />

n'um homem: o padre Mattos e do<br />

outro o partido republicano, a maior<br />

força, a única força positiva da Nação<br />

em numero e em qualida<strong>de</strong>. O<br />

duello será temível 0 passado <strong>de</strong>íen<strong>de</strong>r-se-ha<br />

como um javali acossado<br />

que se vê con<strong>de</strong>mnado a morrer<br />

mas a victoria será nossa. Entre<br />

a dictadura <strong>de</strong> D. Carlos e o paiz<br />

travou-se a lucta e todos sabem o<br />

que succe<strong>de</strong>u. Estalou o raio. que a<br />

gran<strong>de</strong> alma prophetica <strong>de</strong> Junqueiro<br />

predisséra<br />

Amanhã será a nação<br />

inteira abrazada nas iras flamejantes<br />

e sagradas da Revolução re<strong>de</strong>mptora.<br />

Faz a historia parallela da monarchia<br />

e do incremento da i<strong>de</strong>ia<br />

republicana, dividindo-a em duas<br />

étapes que terminam em 31 <strong>de</strong> janeiro<br />

e 1 <strong>de</strong> fevereiro.<br />

Torna-se impossível acompanhar<br />

O orador que continua por muito<br />

tempo as suas consi<strong>de</strong>rações até terminar<br />

por se voltar para as senhoras<br />

que enchiam a sala e num repto<br />

<strong>de</strong> eloquencia final termina por as<br />

aconselhar a que, chegada a hora,<br />

digam aos seus maridos, aos seus filhos,<br />

aos homens validos da sua familia<br />

que «vão e cumpram o seu <strong>de</strong>ver».<br />

E* este um pallido reflexo do discurso<br />

do moço académico, que como<br />

{o<strong>de</strong>? oradores <strong>de</strong> raça dá com a<br />

mmmiWWmmCMM —iSmxta-Mr», S Je ftTmiM <strong>de</strong> 1909<br />

sua palavra encanto e sugestão ás<br />

phrases que se não po<strong>de</strong>m reproduzir.<br />

Foi ainda sob este encanto que<br />

começou o<br />

DR ANTONIO JOSÉ D'A LHEIDA<br />

Quando appareceu a sua figura<br />

energica, a assembleia levantou-se<br />

e todos, homens e senhores, <strong>de</strong> pé,<br />

victoriavam o gran<strong>de</strong> tribuno, honra<br />

do partido republicano, gloria nacional<br />

absolutamente respeitada em todos<br />

os campos políticos.<br />

E' uma gran<strong>de</strong> e heróica figura.<br />

A sua voz, ouvid« com encanto,<br />

enchia a vasta sala, e dominava<br />

absolutamente todos os espíritos que<br />

levava arrastados pela sua eloquencia<br />

<strong>de</strong> latino.<br />

As imagens que no seu fallar apparecem<br />

tão logicamente e se animam<br />

do seu alto pensamento a que<br />

dão uma força nova, succediam-se<br />

em turbilhão, envolvendo e arrebatando<br />

com tanta força que os applausos<br />

cobriam a sua voz, e mal tranquilla<br />

a assembleia, era levada por<br />

um impulso novo a que se não resistia.<br />

Quando se referiu á inquisição,<br />

que alli tivera os seus tribunaes a<br />

sua palavra era <strong>de</strong> tão vingadora<br />

justiça como <strong>de</strong> indignado <strong>de</strong>sprezo<br />

quando fustigou os vis manejos da<br />

reação <strong>de</strong> hoje.<br />

A sincerida<strong>de</strong> com que traçou o<br />

seu programma politico, com que disse<br />

a sua fé republicana, o modo como<br />

<strong>de</strong>sajaria que fosse a republica portugueza,<br />

mais gravava em cada um o<br />

bello perfil moral d'aquelle heroico<br />

combatente pela mais santa das causas<br />

a da vida e prosperida<strong>de</strong> da patria<br />

portugueza.<br />

Encareceu a obra <strong>de</strong> Fernan<strong>de</strong>s<br />

Costa, a sua vida mo<strong>de</strong>sta <strong>de</strong> trabalhador,<br />

furtando-se a todos os exibicionismos,<br />

cheio <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação cívica,<br />

exemplo raro <strong>de</strong> caracter.<br />

A assembleia applaudiu freneticamente<br />

e o nosso amigo dr. Fernan<strong>de</strong>s<br />

Costa po<strong>de</strong> julgar-se bem<br />

pago <strong>de</strong> canceiras e trabalhos com<br />

as palavras que soube inspirar á<br />

consciência diamantina <strong>de</strong> Antonio<br />

José <strong>de</strong> Almeida.<br />

A sessão fechou com uma enorme<br />

ovação a Antonio José <strong>de</strong> Almeida<br />

que teve <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer commovidamente<br />

durante largo tempo.<br />

Não é possivel <strong>de</strong>screver o aspecto<br />

da sala, a animação da multidão<br />

sobre a qual voavam os lenços das<br />

senhoras, e as capas dos estudantes,<br />

na vibração das palmas soando alto.<br />

A multidão só se <strong>de</strong>cidiu a abandonar<br />

a sala quando Antonio José <strong>de</strong><br />

Almeida saiu para a sala da direção<br />

do novo Centro, on<strong>de</strong> se serviu um<br />

copo d'agua, em que se trocaram<br />

os mais affetuosos brin<strong>de</strong>s.<br />

Era meia noite, quando Antonio<br />

José d'Almeida recolheu ao hotel sendo<br />

acompanhado por um gran<strong>de</strong> numero<br />

<strong>de</strong> populares, que á <strong>de</strong>spedida,<br />

lhe fizeram uma nova manifestação.<br />

CONVITE<br />

Tem logar no domingo, 7<br />

do corrente, ás 12 horas do<br />

dia, a reunião ordinaria da<br />

Commissão Municipal Republicana<br />

conjunctamente com<br />

as commissões parochiaes, segundo<br />

a resolução tomada em<br />

assembleia das mesmas commissões.<br />

0 secretario da Commissão Municipal,<br />

Floro Henriques.<br />

• !• I '<br />

Nota<br />

Aos que nos pe<strong>de</strong>m a continuação<br />

da publicação do relatorio sobre<br />

os electricos, e dos folhetins sobre a<br />

guerra peninsular temos apenas a<br />

dizer, o que aliás é fácil <strong>de</strong> verificar,<br />

que nos tem escaceado absolutamente<br />

o espaço.<br />

Faremos porém o possivel por<br />

satisfazer os <strong>de</strong>sejos tão amavelmente<br />

formulados pelos nossos assignantes.<br />

O sr. dr. Silva Rosa. director da<br />

Escola Nacional <strong>de</strong> Agricultura, está<br />

em Lisboa a tratar <strong>de</strong> assumptos respeitantes<br />

á mesma escola,<br />

CARTA DE LISBOA<br />

3-2-909<br />

Na reunião regeneradora <strong>de</strong> hontem<br />

o sr. Julio <strong>de</strong> Vilhena falou muito<br />

em liberda<strong>de</strong>, prometteu liberda<strong>de</strong> ás<br />

mãos cheias A assistência, é claro,<br />

applaudiu e acenou com a cabeça —<br />

que sim, que concordava.<br />

Mas liberda<strong>de</strong> monarchica, bem<br />

entendido — explicou o sr. Vilhena —<br />

que pô<strong>de</strong> arrastar comsigo dissoluções<br />

<strong>de</strong> cortes e outras medidas violentas.<br />

para a conterem nos seus excessos.<br />

..<br />

Quer dizer: o chefe regenerador<br />

dá todas as liberda<strong>de</strong>s que a situação<br />

exige, mas sob uma condição: a<br />

<strong>de</strong> não se abusar do néctar precioso,<br />

para não se ficar com o habito...<br />

Dá-nos um vasto oceano <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>s...<br />

para a gente ver, e d'elle<br />

só tirarmos uma pequena gotta...<br />

A habilida<strong>de</strong> não é nova, nada<br />

encerra <strong>de</strong> original; e, pelo contrario,<br />

muito velha, cheirando a bafio.<br />

Foi usada ultimamente por João<br />

Franco, que era, como todos sabem,<br />

um liberalão... <strong>de</strong> faca e punhal.<br />

Chamado ao po<strong>de</strong>r, jurou solemnemente<br />

e sob a sua honra pessoal que<br />

não havia <strong>de</strong> trair nunca o seu programma.<br />

.. Se o fizesse, ficaria <strong>de</strong>squalificado.<br />

Mas o paiz foi notando com espanto<br />

em cada acto do governo uma<br />

retractação das suas promessas...<br />

liberaes. Accudia o presi<strong>de</strong>nte do<br />

conselho, explicando:<br />

— Até hoje não me accusa a'consciencia<br />

<strong>de</strong> tei faltado ao recto cumprimento<br />

dos meus <strong>de</strong>veres. Quem<br />

disser o contrario... falseia a verda<strong>de</strong>.<br />

Eu dou-lhes a mais completa<br />

liberda<strong>de</strong>, conforme lhes prometti,<br />

mas com a condição expressa... <strong>de</strong><br />

não fazerem uso cTella. Tem a liberda<strong>de</strong><br />

da discussão, mas, se soar<br />

aos meus ouvidos uma palavra que<br />

me <strong>de</strong>sagra<strong>de</strong>, salto logo —alto lá!<br />

nem todas as verda<strong>de</strong>s se dizem...<br />

Teem a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa.<br />

Digam tudo quanto lhes aprouver;<br />

mas se as suas criticas me fizerem<br />

irritar os nervos, applico-lhe um<br />

castigo severo, arranco-lhes das algibeiras<br />

algumas centenas <strong>de</strong> mil<br />

réis; se insistirem, dou-lhes o golpe<br />

<strong>de</strong> morte.<br />

Teem a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> reunião, nos<br />

seus centros, ou nos seus comícios.<br />

Se, porém, me apetecer mandal-os<br />

calar, teem <strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cer-me immediatamente,<br />

teem sobretudo no parlamento<br />

a mais ampla, a mais absoluta<br />

liberda<strong>de</strong>. Mas, se ousarem dizer<br />

verda<strong>de</strong>s muito amargas, são expulsos<br />

a coronhada, como quaesquer<br />

perturbadores vulgares...<br />

Em resumo: dou-lhes toda a liberda<strong>de</strong>,<br />

mas hão <strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cer-me<br />

como escravos.<br />

Os senhores estão cheios <strong>de</strong> se<strong>de</strong><br />

e querem saciar-se? Nada mais fácil:<br />

contemplem a agua pura e cristallina<br />

que escorre d'aquella fonte...<br />

Mas não bebam.<br />

Teem fome?<br />

Vou-lhes mostrar um bello bife á<br />

ingleza, <strong>de</strong> carne sadia e preparado<br />

por mãos <strong>de</strong> mestre. Está appetitoso,<br />

não é verda<strong>de</strong>?<br />

Pois bem, contentem-se com o<br />

cheiro.<br />

Que mais querem vocês?<br />

Digam, digam,

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