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transgeracionalidade: herança psíquica e manutenção de ... - Ulapsi

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nega a diferença, impondo homogeneida<strong>de</strong> ao feminino. Estas imposições<br />

implícitas ou explícitas regulam a socialização que cada nicho social produz<br />

para aquele sujeito. No caso da mulher, a subjetivação das funções é marcada<br />

pela ambiguida<strong>de</strong> do discurso materno, pois: “por um lado, educa-se as a<br />

meninas para que esperem o príncipe encantado e, por outro, elas são<br />

orientadas a se portarem contra todos os <strong>de</strong>mais homens” (HIRIGOEN, 2008,<br />

p. 63).<br />

Tal ambiguida<strong>de</strong> discursiva, que por um lado prepara a mulher para<br />

representar a personagem da princesa encantadora, atrativa, amável e<br />

compreensiva, por um lado a faz antagonicamente buscar se proteger <strong>de</strong> um<br />

perigo que não apren<strong>de</strong>u a reconhecer, mas somente respeitar. Nessa teia, a<br />

autenticida<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> filtrar e reagir aos autênticos e reais perigos<br />

ficam minadas, resultando em sublimação <strong>de</strong> sua assertivida<strong>de</strong> e objetivida<strong>de</strong>.<br />

A instrução para <strong>de</strong>sempenhar o papel <strong>de</strong> viver a espera <strong>de</strong> alguém e viver<br />

para este Outro, a faz esquecer-se <strong>de</strong> si mesma e aceitar <strong>de</strong>cisões ao invés <strong>de</strong><br />

tomá-las.<br />

Recorremos a Hirigoyen (2008, p. 64) para ratificar nossa afirmação:<br />

As mulheres forjam um “eu i<strong>de</strong>al” em função das normas sociais<br />

veiculadas por sua família e a socieda<strong>de</strong>. Por isso, algumas,<br />

seguindo o mo<strong>de</strong>lo da mãe disponível e solícita, pensam que, para<br />

conservar um homem, terão que <strong>de</strong>monstrar abnegação e<br />

submissão. Tendo aprendido, ainda muitos jovens, que para merecer<br />

o amor <strong>de</strong> seus pais <strong>de</strong>vem ser úteis e relegar a sua felicida<strong>de</strong>, a<br />

segundo plano, em prol da felicida<strong>de</strong> dos outros colocando a mercê<br />

do Outro.<br />

Ressaltamos que ser para o outro, prescrição explícita no discurso<br />

materno, envolve não só uma mentalida<strong>de</strong> casamenteira, a <strong>de</strong>marcação do<br />

lugar feminino e suas atribuições, mas instala uma concepção <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong><br />

que exige a passivida<strong>de</strong> erótica da mulher na conjugalida<strong>de</strong> (ROCHA<br />

COUTINHO, 1994). Assim, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> feminina se dá através da construção<br />

discursiva materna que transcen<strong>de</strong> as particularida<strong>de</strong>s das individualida<strong>de</strong>s<br />

femininas. Desta forma, as heterogeneida<strong>de</strong>s são dissolvidas, e, os aspectos<br />

singulares passam a integrar um todo generalizado que consolida a natureza<br />

feminina, cujo eixo básico envolve: afetivida<strong>de</strong>, carência, <strong>de</strong>pendência,<br />

submissão e intuição. Esta “natureza” é inscrita em processos mais amplos, ou<br />

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