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transgeracionalidade: herança psíquica e manutenção de ... - Ulapsi

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controle são empregadas tanto pela mãe como por diferentes instituições,<br />

visando restringir ou mesmo enquadrar a mulher em sua posição na or<strong>de</strong>m<br />

social. Sob esse aspecto, vale salientar que:<br />

(...), controle, influência e po<strong>de</strong>r são partes das expectativas que a<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolveu sobre os diferentes papéis associados ao<br />

sexo. Uma vez que estas expectativas sociais regulam o modo como<br />

as pessoas se comportam, assim como a forma como o<br />

comportamento dos outros é avaliado, elas afetam tanto a maneira<br />

como as pessoas usam estas estratégias para controlar os <strong>de</strong>mais,<br />

quanto a maneira como as pessoas reagem às estratégias utilizadas<br />

por estes (ROCHA-COUTINHO, 1994, p.127).<br />

Em resposta a essas pressões a mulher po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver diferentes<br />

ativida<strong>de</strong>s compensatórias. Por exemplo, o comportamento <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong><br />

bens <strong>de</strong> consumo como forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> autonomia, tomada <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão e po<strong>de</strong>r. O consumismo causando sensação <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>, exercício<br />

<strong>de</strong> escolha e gerenciamento econômico provoca a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> auto sustentação,<br />

sensação compensatória para o baixo nível <strong>de</strong> auto realização. Essas<br />

manobras que visam assegurar o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> auto realização <strong>de</strong> forma diversa do<br />

papel que prescrito, são mecanismos <strong>de</strong> esquiva-<strong>de</strong>svio do sentimento <strong>de</strong><br />

opressão e <strong>de</strong>samparo, que o afastamento do <strong>de</strong>sempenho do papel <strong>de</strong> mãe<br />

<strong>de</strong> família lhe causa.<br />

A concepção do que é ser mulher é intuída pela filha através da<br />

aprendizagem, ou melhor, da leitura dos sinais ambivalentes maternos que a<br />

estimulam à auto suficiência, à realização dos projetos da mãe enquanto<br />

mulher, à escolha seu <strong>de</strong>stino, e antagonicamente dar continuida<strong>de</strong> a<br />

existência materna procriando.<br />

Fica claro que os protocolos recebidos pela mãe não lhe permitem<br />

escolhas, ao contrário, direcionam para gestar um outro, antes <strong>de</strong> si mesma.<br />

Presa a armadilha da repetição protocolar, a mulher abdica <strong>de</strong> sua<br />

realização pessoal esperando gratificação e reconhecimento do seu sacrifício<br />

em favor <strong>de</strong> um outro. Essa autoviolência naturalizada pelas prescrições<br />

geracionalmente transmitidas, po<strong>de</strong>m torná-la frágil e submissa às violências<br />

que lhe perpetradas, por pessoas com as quais estabelece laços i<strong>de</strong>ntitários e<br />

afetivos para formação <strong>de</strong> sua família, na qual ela espera reinar como sua mãe.<br />

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