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DINÂMICA DA CAMADA DE MISTURA SUPERIOR DO ... - UFRJ

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COPPE/<strong>UFRJ</strong><br />

<strong>DINÂMICA</strong> <strong>DA</strong> CAMA<strong>DA</strong> <strong>DE</strong> <strong>MISTURA</strong> <strong>SUPERIOR</strong> <strong>DO</strong> OCEANO NA<br />

METAREA-V<br />

Paulo Roberto Costa Junior<br />

Dissertação de Mestrado apresentada ao<br />

Programa de Pós-graduação em Engenharia<br />

Oceânica, COPPE, da Universidade Federal<br />

do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos<br />

necessários à obtenção do título de Mestre<br />

em Engenharia Oceânica.<br />

Orientador: Afonso de Moraes Paiva<br />

Rio de Janeiro<br />

Março de 2012


<strong>DINÂMICA</strong> <strong>DA</strong> CAMA<strong>DA</strong> <strong>DE</strong> <strong>MISTURA</strong> <strong>SUPERIOR</strong> <strong>DO</strong> OCEANO NA<br />

METAREA-V<br />

Paulo Roberto Costa Junior<br />

DISSERTAÇÃO SUBMETI<strong>DA</strong> AO CORPO <strong>DO</strong>CENTE <strong>DO</strong> INSTITUTO<br />

ALBERTO LUIZ COIMBRA <strong>DE</strong> PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA <strong>DE</strong><br />

ENGENHARIA (COPPE) <strong>DA</strong> UNIVERSI<strong>DA</strong><strong>DE</strong> FE<strong>DE</strong>RAL <strong>DO</strong> RIO <strong>DE</strong><br />

JANEIRO COMO PARTE <strong>DO</strong>S REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A<br />

OBTENÇÃO <strong>DO</strong> GRAU <strong>DE</strong> MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA<br />

OCEÂNICA.<br />

Examinada por:<br />

Prof. Afonso de Moraes Paiva, Ph.D.<br />

Prof. Carlos Eduardo Parente Ribeiro, D.Sc.<br />

Dr. Rogério Neder Candella, D.Sc.<br />

Prof. Luiz Gallisa Guimarães, D.Sc.<br />

RIO <strong>DE</strong> JANEIRO, RJ – BRASIL<br />

MARÇO <strong>DE</strong> 2012


Costa Junior, Paulo Roberto<br />

Dinâmica da Camada de Mistura superior do oceano<br />

na METAREA-V/Paulo Roberto Costa Junior. – Rio de<br />

Janeiro: <strong>UFRJ</strong>/COPPE, 2012.<br />

XV, 66 p.: il.; 29, 7cm.<br />

Orientador: Afonso de Moraes Paiva<br />

Dissertação (mestrado) – <strong>UFRJ</strong>/COPPE/Programa de<br />

Engenharia Oceânica, 2012.<br />

Referências Bibliográficas: p. 59 – 61.<br />

1. Camada de Mistura. 2. METAREA-V. 3. sinótico.<br />

4. mesoescala. I. Paiva, Afonso de Moraes<br />

II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,<br />

Programa de Engenharia Oceânica. III. Título.<br />

iii


iv<br />

Dedico esta dissertação à minha<br />

amada filha Maria Luísa.


Agradecimentos<br />

Agradeço ao Programa de Engenharia Oceânica (PEnO) pela oportunidade de<br />

realizar este curso.<br />

Ao Vice-Almirante Luiz Fernando Palmer Fonseca, Diretor de Hidrografia e<br />

Navegação na ocasião, pela minha indicação para o referido curso.<br />

Ao meu Orientador, Professor Afonso de Moraes Paiva, pela atenção dedicada,<br />

paciência e muitos ensinamentos a mim transmitidos durante toda a realização deste<br />

trabalho.<br />

À minha co-orientadora, Mariela Gabioux, pela inestimável ajuda e orientação<br />

na elaboração dessa dissertação, sempre com mesmo zelo e preocupação quanto à<br />

forma e conteúdo, na busca pelo benfeito.<br />

Ao Capitão-de-Mar-e-Guerra (RM1) João Bosco Rodrigues Alvarenga pela ori-<br />

entações e por ter gentilmente cedido dados de suas pesquisas que foram de grande<br />

valia para esse trabalho.<br />

Ao Capitão-de-Fragata Jean Felix de Oliveira pelo apoio e compreensão sempre<br />

demonstrados, especialmente na fase final deste trabalho.<br />

Aos amigos Guilherme, Vladimir, Bruna Faria, Natália, Ana Paula, Soyla, Bruna<br />

reis, Marcelo, Ronaldo, Guerra, Flavia, Leonardo, Francisco e demais companheiro<br />

do GRUPO COPPE-<strong>UFRJ</strong>, pela ajuda nas mais diversas dúvidas por mim apresen-<br />

tadas.<br />

À querida Raquel, pelo valoroso auxílio com seus conhecimentos, sua experiência<br />

e, principalmente, seu carinho. Eles foram fundamentais para mim nessa reta final.<br />

Aos meus pais, Paulo e Lourdes, pelo abnegado esforço despendido ao longo de<br />

toda a minha vida acadêmica, sempre com palavras de apoio, incentivo e muito<br />

amor para que eu pudesse alcançar os meus objetivos. Sem vocês nada disso seria<br />

possível.<br />

À minha filha Maria Luísa pelas constantes demonstrações de carinho e amor,<br />

que sempre foram um grande motivador para seguir adiante, principalmente nos<br />

momentos mais difíceis.<br />

Por fim, agradeço à Deus pela saúde, força e ânimo para “Combater o bom<br />

combate, completar a carreira e guardar a fé” mesmo nas ocasiões em que o desafio<br />

pareceu insuperável.<br />

v


Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/<strong>UFRJ</strong> como parte dos requisitos<br />

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)<br />

<strong>DINÂMICA</strong> <strong>DA</strong> CAMA<strong>DA</strong> <strong>DE</strong> <strong>MISTURA</strong> <strong>SUPERIOR</strong> <strong>DO</strong> OCEANO NA<br />

Orientador: Afonso de Moraes Paiva<br />

Programa: Engenharia Oceânica<br />

METAREA-V<br />

Paulo Roberto Costa Junior<br />

Março/2012<br />

A dinâmica da Camada de Mistura (CM) na METAREA-V foi investigada a<br />

partir dos resultados de simulações numéricas em diferentes resoluções espaciais do<br />

modelo Hybrid Coordinate Ocean Model (HYCOM). Inicialmente foram comparados<br />

diferentes modelos de CM presentes no HYCOM, sendo dois modelos de camada:<br />

Kraus-Turner e Price-Weller-Pinkel, e dois modelos de fechamento de turbulência<br />

– MFT: K-Profile Parameterization e Mellor–Yamada. Melhores resultados foram<br />

obtidos com MFT que apresentaram campos diário de profundidade de CM menos<br />

ruidosos e campos médios mais próximos à climatologia.<br />

Posteriormente a variabilidade da profundidade da CM foi analisada em dife-<br />

rentes escalas espaciais e temporais, a partir de simulações em média (1/4°) e alta<br />

(1/12°) resoluções espaciais, com forçantes em superfície baseadas em campos clima-<br />

tológicos e sinóticos. A escala sazonal dominou a variabilidade da profundidade de<br />

CM em toda a METAREA-V. Em mesoescala e na escala sinótica a variabilidade foi<br />

mais intensa ao sul do domínio, sendo esta mais evidente nos meses de primavera e<br />

verão quando a CM esteve mais rasa. A variabilidade interanual se expressou tanto<br />

em anomalias no ciclo sazonal como em variações na intensidade das perturbações<br />

de escala sinótica.<br />

Quanto às forçantes, nos meses de primavera e verão houve boa correlação<br />

entre a variabilidade da profundidade da CM e o vento, enquanto no outono e<br />

inverno o resfriamento em superfície teve papel preponderante. Eventos isolados<br />

como ondas confinadas costeiras, sobre a plataforma, e vórtices de São Tomé e Cabo<br />

Frio, sobre o talude, podem afetar localmente a profundidade da CM de forma<br />

significativa.<br />

vi


Abstract of Dissertation presented to COPPE/<strong>UFRJ</strong> as a partial fulfillment of the<br />

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)<br />

UPPER OCEAN MIXED LAYER DYNAMICS IN THE METAREA-V<br />

Advisor: Afonso de Moraes Paiva<br />

Department: Ocean Engineering<br />

Paulo Roberto Costa Junior<br />

March/2012<br />

Mixed layer dynamics in the METAREA-V has been investigated from the<br />

results of numerical simulations in different resolutions of the Hybrid Coordinate<br />

Ocean Model (HYCOM). Initially, different mixed layer Models used in the HYCOM<br />

had been compared, being two Mixed Layer Models: Kraus-Turner and Price-Weller-<br />

Pinkel, and two of Turbulence Closure Models: K-Profile Parameterization and<br />

Mellor-Yamada. The best results had been gotten with Turbulence Closure Models<br />

that had presented daily depth fields of mixed layer less noisy and average fields<br />

more similar of the climatology. Later the variability of the Mixed Layer depth<br />

was analyzed in different spacial and time scales, in the simulation medium (1/4°)<br />

and high (1/12°) space resolutions, with synoptic and climatological surface forcing.<br />

The sazonal scale dominated the variability of the Mixed Layer depth in all the<br />

METAREA-V. Mesoscale and synoptic scale the variability was more intense to the<br />

south of the domain, being this most evident in the spring and summer months,<br />

when the mixed layer was shallowest. Interannual variability apears in anomalies of<br />

the seasonal cycle as in variations in the intensity of the disturbances of synoptic<br />

scale. The results showed a good correlation between the variability of the mixed<br />

layer depth and the wind in spring and summer. During the autumn and winter,<br />

the cooling in surface had preponderant rule in dynamics. Isolated events as coastal<br />

trapped waves, on the shelf, and São Tomé and Cabo Frio eddy, on the slope, can<br />

affect the local mixed layer depth of significant form.<br />

vii


Sumário<br />

Lista de Figuras x<br />

Lista de Tabelas xv<br />

1 Introdução 1<br />

2 Revisão Bibliográfica 5<br />

2.1 Dinâmica da CM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5<br />

2.1.1 Escalas temporais de variação da CM . . . . . . . . . . . . . . 7<br />

2.2 Modelagem da Camada de Mistura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10<br />

2.2.1 Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10<br />

2.2.2 Modelos de Camada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11<br />

2.2.3 Modelo de Fechamento de Turbulência . . . . . . . . . . . . . 12<br />

3 Metodologia 13<br />

3.1 O modelo HYCOM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13<br />

3.2 Configuração dos experimentos em baixa resolução (1°) . . . . . . . . 14<br />

3.3 Configuração do experimento sinótico em alta resolução (Exp.1) . . . 16<br />

3.4 Configuração do experimento sinótico em média resolução (Exp.2) . . 17<br />

3.5 Configuração do experimento climatológico em alta resolução (Exp.3) 18<br />

3.6 Análise das diferentes parametrizações de Camada de Mistura do HY-<br />

COM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19<br />

3.7 Estudo do padrão médio da profundidade da CM simulada na região<br />

da METAREA-V em alta resolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20<br />

3.8 Estudo da variabilidade da profundidade da CM . . . . . . . . . . . . 20<br />

3.9 Análise da resposta da CM aos diferentes processos físicos existentes<br />

na METAREA-V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21<br />

3.10 Bases de Dados Utilizadas nas comparações dos resultados . . . . . . 22<br />

3.10.1 The World Ocean Atlas 2005(WOA2005) . . . . . . . . . . . . 22<br />

3.10.2 Pilot Research Moored Array in the Tropical Atlantic (PIRATA) 23<br />

3.10.3 Climatologia de profundidade de CM dos dados de perfiladores<br />

Argo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23<br />

viii


3.10.4 Climatologia de Alvarenga/2010 . . . . . . . . . . . . . . . . . 23<br />

4 Resultados e Discussões 25<br />

4.1 Comparação entre modelos de Camada de Mistura . . . . . . . . . . . 26<br />

4.1.1 Evolução temporal das variáveis médias na METAREA-V . . 26<br />

4.1.2 Comparação dos resultados simulados com diferentes modelos,<br />

com dados climatológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29<br />

4.2 Estudo do padrão médio da CM simulada em alta resolução espacial . 38<br />

4.3 Estudo da variabilidade da profundidade da CM . . . . . . . . . . . . 41<br />

4.3.1 Estudo da variabilidade da profundidade da CM devida aos<br />

efeitos sinóticos e de mesoescala . . . . . . . . . . . . . . . . . 43<br />

4.3.2 Variabilidade nas escalas sazonal e interanual . . . . . . . . . 46<br />

4.4 Resposta da CM aos diferentes processos físicos presentes na<br />

METAREA-V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48<br />

5 Sumário e Conclusões 56<br />

Referências Bibliográficas 59<br />

A Evolução temporal das variáveis médias no domínio de modelagem 62<br />

ix


Lista de Figuras<br />

1.1 Mapa de plotagem da Carta Sinótica obtido do Serviço Meteorológico Mar-<br />

inho (SMM) da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) destacando<br />

os limites da METAREA-V(em vermelho) . . . . . . . . . . . . . . . . . 4<br />

2.1 Diagrama esquemático da CM, mostrando os fatores que influenciam na<br />

profundidade da mesma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6<br />

2.2 Evolução temporal do perfil vertical de temperatura da bóia PIRATA<br />

8S30W, entre os dias 21 e 22/ago/2005, evidenciando o aquecimento<br />

no período diurno(a) e o resfriamento no período noturno(b). . . . . . 7<br />

2.3 Série temporal da profundidade da CM no ponto 19S34W, calculada a<br />

partir de dados de temperatura da bóia PIRATA, para o ano de 2009,<br />

filtrada com filtro passa-alta para destacar a variabilidade da profundidade<br />

da CM na escala sinótica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8<br />

2.4 Evolução temporal da profundidade da Camada de Mistura calculada a<br />

partir de dados de temperatura da bóia PIRATA em 19S34W, para o ano<br />

de 2009, destacando a escala de variabilidade sazonal(em vermelho). . . . 9<br />

2.5 Série temporal da prof. da CM calculada a partir de dados de temperatura<br />

da bóia PIRATA em 19S34W, entre os anos de 2006 e 2010, evidenciando<br />

a variabilidade interanual da CM. As descontinuidades correspondem aos<br />

pontos sem dados nas boias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9<br />

2.6 Estrutura térmica do oceano mostrando o esquema de um Modelo de Ca-<br />

mada de Mistura integrado na vertical(modelo de placa ou de camada) . . 11<br />

3.1 Mapa da batimetria dos experimentos em 1 grau, interpolada do ETOPO-<br />

2, destacando os domínio de modelagem dos experimentos. O retângulo<br />

verde representa os domínios dos experimentos em 1°e 1/4°(Exp.2); o<br />

retângulo azul representa o domínio dos experimentos em 1/12°(Exp.1 e<br />

Exp.3). As linhas em vermelho representam os contornos sobre o oceano<br />

dos experimentos em 1 grau. A linha em preto delimita a METAREA-V<br />

real. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16<br />

x


3.2 Função resposta dos filtros passa-alta (esquerda) e passa-baixa (direita)<br />

utilizados para separar a variabilidade da profundidade da CM dos expe-<br />

rimentos Exp.1, Exp.2 e Exp.3 em escalas temporais menores e maiores<br />

que 90 dias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21<br />

3.3 Mapa da batimetria do Exp.1, interpolada do ETOPO-2, destacando os<br />

pontos utilizados nas comparações das séries temporais de profundidade<br />

da CM. Os pontos em vermelho correspondem às localizações das bóias<br />

PIRATA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22<br />

4.1 Evolução Temporal da EC média na METAREA para os experimentos em<br />

baixa resolução (1grau) com diferentes parametrizações de CM. . . . . . . 26<br />

4.2 Evolução temporal de variáveis médias no domínio da METAREA-V,<br />

para os experimentos em (1 grau), com diferentes modelos de CM.<br />

(a) temperatura média, (b) salinidade média. . . . . . . . . . . . . . . 27<br />

4.3 Diagrama TS médio da METAREA-V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28<br />

4.4 Evolução Temporal da profundidade da CM média na METAREA-<br />

V. Painel superior, período de 1980-2000, painel inferior, intervalo de<br />

1990 à 1992, para fins de visualização. . . . . . . . . . . . . . . . . . 29<br />

4.5 Diferença entre a profundidade da CM média na METAREA-V dos expe-<br />

rimentos em baixa resolução e a climatologia dos dados Argo. . . . . . . . 30<br />

4.6 Climatologia de profundidade de CM dos perfiladores Argo (a) e mapas de<br />

diferença entre a profundidade da CM dos experimentos em baixa resolução<br />

(1 grau) e a referida climatologia (b),(c),(d) e (e), para o mês de setembro. 31<br />

4.7 Seções meridionais em 25°W da profundidade da CM dos experimentos<br />

baixa resolução (1 grau) utilizando diferentes parametrizações de CM para<br />

o dia 30SET2000. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32<br />

4.8 Seções meridionais em 25°W da profundidade da CM média mensal para<br />

o mês de setembro para a climatologia do Argo e para os 4 experimentos<br />

utilizando diferentes parametrizações de CM. . . . . . . . . . . . . . . . 32<br />

4.9 Diferença entre a TSM média mensal na METAREA-V dos experimentos<br />

em 1 grau e a climatologia do WOA-2005. As linhas pontilhadas indicam<br />

os maiores valores de diferença positivas e negativas encontrados em cada<br />

mês, onde se observa que os modelos KPP e KT mantém as menores<br />

diferenças média ao longo do ano. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33<br />

4.10 Climatologia de TSM do WOA-2005 (a) e mapas de diferença entre a TSM<br />

dos experimentos em baixa resolução (1 grau) e a referida climatologia:<br />

(b),(c),(d) e (e), para o mês de março. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34<br />

xi


4.11 Climatologia de TSM do WOA-2005 (a) e mapas de diferença entre a TSM<br />

dos experimentos em baixa resolução (1 grau) e a referida climatologia:<br />

(b),(c),(d) e (e), para o mês de setembro. . . . . . . . . . . . . . . . . . 35<br />

4.12 Climatologia de SS do WOA-2005 (a) e mapas de diferença entre a SS<br />

dos experimentos em baixa resolução (1 grau) e a referida climatologia:<br />

(b),(c),(d) e (e), para o mês de março. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37<br />

4.13 Profundidade da CM dos resultados do Exp.1 (a) e (b), da climatologia<br />

dos perfiladores Argo (c) e (d) e da climatologia desenvolvida por (AL-<br />

VARENGA, 2010) (e) e (f), média sazonal para os meses de verão (es-<br />

querda) e de inverno (direita). Escala em metros . . . . . . . . . . . . . 40<br />

4.14 Evolução temporal da profundidade da CM (média mensal para o domínio<br />

da METAREA-V) dos resultados do Exp.1 e das climatologias do Argo e<br />

de ALVARENGA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40<br />

4.15 Evolução temporal da temperatura das bóias PIRATA (A,C e E) e do<br />

Exp.1 do HYCOM (B, D e F), nos pontos 0N35W (A e B), 8s30W (C e D)<br />

e 4N38W (E e F), para o ano de 2008. No painel superior (A e B), vemos a<br />

variabilidade na escala sinótica, caracterizada pelas perturbações em alta<br />

frequência presentes nos gráficos. No painel central (C e D), temos a região<br />

na qual a variabilidade em escala sinótica é menor em comparação com<br />

os extremos norte e sul da METAREA-V. Por último, no painel inferior<br />

(E e F), destaca-se a variabilidade em mesoescala, com o afundamento e<br />

elevação das isotermas decorrentes dos meandramentos e vórtices da CNB. 42<br />

4.16 Evolução temporal da profundidade da CM do Exp.1 e da bóia PIRATA<br />

no localizada em 19S34W, para o ano de 2009. . . . . . . . . . . . . . . . 43<br />

4.17 Evolução temporal da profundidade da CM do Exp.1 no ponto 35S45W,<br />

filtrada com filtro passa-alta, mostrando períodos frequentes nos quais a<br />

variabilidade superou 50 m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44<br />

4.18 Variabilidade da Profundidade da CM dos resultados do Exp1 (a), Exp.2<br />

(b) e Exp.3 (c), filtrados com filtro passa-alta preservando a escalas tem-<br />

porais menores que 90 dias (escala em metros). . . . . . . . . . . . . . . 45<br />

4.19 Análise espectral de séries temporais de profundidade da CM do Exp.1, no<br />

período de 2004-2009, extraída de 9 pontos ao longo da longitude 30°W.<br />

Destaca-se o domínio do ciclo anual e semianual na CM. . . . . . . . . . 46<br />

4.20 Mapa de variabilidade (desvio-padrão) da Profundidade da CM dos resul-<br />

tados do Exp1 (a), Exp.2 (b) e Exp.3 (c), em baixa frequência (filtrados<br />

com filtro passa-baixa), escala em metros. . . . . . . . . . . . . . . . . . 47<br />

xii


4.21 Evolução temporal da profundidade da CM do Exp.1 no ponto 19S34W,<br />

para o período de 2007 a 2009. A linha em vermelho destaca o ciclo anual<br />

e o ciclo interanual da CM, este último apresenta diferença de 20m nos<br />

máximos de inverno dos anos de 2007 e 2008. . . . . . . . . . . . . . . . 48<br />

4.22 Mapa da profundidade da CM (A), Tensão de cisalhamento do vento (B)<br />

e fluxo de calor (C) dos resultados do Exp.1 para os dias 5 a 9/jan/2007.<br />

Destaca-se a importância do efeito sinótico associado à passagem de uma<br />

frente fria, com a resposta da CM às variações de tensão de cisalhamento<br />

do vento e dos fluxos de calor a medida que a frente fria avança em direção<br />

NE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50<br />

4.23 Mapa da profundidade da CM (A), Tensão de cisalhamento do vento (B)<br />

e fluxo de calor (C) dos resultados do Exp.1 para os dias 18 a 23/jul/2007.<br />

Nota-se que o aumento da tensão de cisalhamento do vento não influenciou<br />

de maneira significativa a profundidade da CM. Todavia, esta apresentou<br />

uma grande correlação com fluxos de calor, relacionados ao resfriamento<br />

da superfície decorrente do ciclo sazonal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51<br />

4.24 Mapas de SSH (A), Profundidade da CM (B) e Seção zonal de profundi-<br />

dade da CM em 26°S (C),dos resultados do Exp.1 para SET e OUT/2008.<br />

Observa-se o efeito de mesoescala com o aumento da profundidade da CM<br />

por ocasião da passagem dos vórtices quantes pela seção selecionada e<br />

também que o efeito sinótico domina a dinâmica da CM por ocasião da<br />

passagem das frentes frias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53<br />

4.25 Mapas de SSH (A), Profundidade da CM (B) e Seção zonal de profundi-<br />

dade da CM em 26°S (C),dos resultados do Exp.1 para SET e OUT/2008.<br />

Nota-se o efeito de mesoescala com redução da profundidade da CM por<br />

ocasião da passagem dos vórtices frios pela seção selecionada. . . . . . . . 54<br />

4.26 Evolução temporal da elevação da superfície do mar (a e b) e profundidade<br />

da CM (c e d) extraídos dos resultados do HYCOM em alta resolução, com<br />

forçantes atmosféricas sinóticas em superfície (Exp.1), para dois pontos da<br />

plataforma continental. O primeiro ponto 26S48W (esquerda) e o segundo<br />

em 26S47W (direita), para o período de 09/04/08 a 20/04/08. Observa-se<br />

que no ponto onde a crista da onda de plataforma é maior, a profundidade<br />

da CM apresenta uma variação igualmente maior. . . . . . . . . . . . . . 55<br />

4.27 Evolução temporal da temperatura, SSH e PCM (Exp1) no ponto:34S52W<br />

sob a Plataforma) para o ano de 2008. Pode-se observar a homogenização<br />

da temperatura nos diversos níveis e o afundamento da camada após a<br />

passagem de ondas de plataforma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55<br />

A.1 Evolução Temporal da EC média no domínio . . . . . . . . . . . . . . . 63<br />

xiii


A.2 Evolução Temporal da Temperatura média no domínio . . . . . . . . 63<br />

A.3 Evolução Temporal da Salinidade média no domínio . . . . . . . . . . 63<br />

A.4 Diagrama TS médio no domínio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63<br />

A.5 Evol. Temporal da Temperatura CM Média no Domínio . . . . . . . 64<br />

A.6 Evol. Temporal da Salinidade CM média no domínio . . . . . . . . . 64<br />

A.7 Evolução Temporal da profundidade da CM média no domínio, abaixo<br />

um trecho ampliado de 1985 a 1990 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66<br />

xiv


Lista de Tabelas<br />

3.1 Discretização vertical em camadas adotada nos experimentos. A terceira<br />

coluna mostra as massas d’água correspondentes a cada faixa de densidade,<br />

conforme os índices termohalinos descritos na literatura (tabela modificada<br />

de GABIOUX 2008). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15<br />

3.2 Resumo das configurações dos Experimentos . . . . . . . . . . . . . . 19<br />

3.3 Modelos de CM utilizados na comparação dos experimentos simulados em<br />

baixa resolução espacial (1 grau), modificada de Halliwell-2004 . . . . . . 19<br />

4.1 Evolução Temporal da EC média na METAREA-V(valores em J/m2) . . . 27<br />

4.2 Profundidade da CM média na METAREA-V(valores em metros) . . . . . 28<br />

A.1 EC média no domínio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62<br />

A.2 Evolução da Temperatura média no domínio . . . . . . . . . . . . . . . . 64<br />

A.3 Evolução da salinidade média no domínio . . . . . . . . . . . . . . . . . 64<br />

A.4 Evolução Temporal da temperatura da CM média no domínio . . . . . . . 65<br />

A.5 Evolução Temporal da salinidade na CM média no domínio . . . . . . . . 65<br />

A.6 Evolução Temporal da profundidade da CM média no domínio(valores em<br />

metros) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65<br />

xv


Capítulo 1<br />

Introdução<br />

A Camada de Mistura oceânica (CM) é uma camada instável e turbulenta que<br />

compõe a estrutura vertical do oceano superior. Nela, as propriedades físicas da água<br />

do mar como temperatura e salinidade apresentam-se de maneira aproximadamente<br />

uniforme e sua espessura pode variar de alguns metros até algumas centenas de<br />

metros. A base da CM é limitada pela termoclina, que se caracteriza por ser uma<br />

região de forte gradiente vertical de propriedades.<br />

A dinâmica da CM é governada pelas trocas de energia entre a atmosfera e<br />

o oceano, que envolvem principalmente os fluxos de calor e de massa em superfície<br />

e a Tensão de Cisalhamento do Vento. A CM apresenta um ciclo sazonal bem<br />

definido com um aumento da espessura (afundamento) durante o outono/inverno e<br />

diminuição da mesma (tornando-se mais rasa) durante a primavera/verão.<br />

O conhecimento da variabilidade da CM e a forma como ela interage com a<br />

atmosfera é muito importante para a compreensão de alguns processos oceanográ-<br />

ficos e atmosféricos. Sob o ponto de vista teórico, em Oceanografia Física, a CM<br />

é importante para o estudo de processos em diferentes escalas temporais, como a<br />

formação de massas d’água e, geração de ondas internas e oscilações inerciais pela<br />

atmosfera, pois esta força o oceano por meio da CM (PEREIRA et al., 1988).<br />

A CM é importante também em estudos de clima, pois as variações climáti-<br />

cas que ocorrem na atmosfera atuam primeiramente na CM e, posteriormente, se<br />

propagam pelo oceano como um todo. Além disso, alguns eventos climáticos de<br />

larga escala como “El Niño” dependem da distribuição de temperatura e salinidade<br />

na superfície dos oceanos para se desenvolverem (BLANKE e <strong>DE</strong>LECLUSE, 1993),<br />

evidenciando os mecanismos de retroalimentação do sistema oceano-atmosfera. Sob<br />

o ponto de vista prático, no âmbito da acústica submarina, os modelos de propa-<br />

gação sonora dependem do perfil de temperatura do mar e, pequenas variações neste<br />

perfil modificam a propagação dos raios sonoros, alterando a espessura de dutos de<br />

superfície. Tal aspecto possui grande importância para as Operações Navais envol-<br />

vendo a detecção de submarinos. Ainda no campo da acústica, a CM é importante<br />

1


para os recentes estudos em tomografia acústica, que buscam inferir propriedades<br />

físicas da água do mar por meio dos perfis de propagação sonora. Do ponto de<br />

vista da modelagem numérica oceânica e atmosférica, a CM também possui grande<br />

relevância pois, no primeiro caso, uma adequada parametrização das variáveis da<br />

CM é essencial para representar corretamente a dinâmica oceânica e, no segundo, a<br />

TSM é uma importante condição de contorno para os modelos atmosféricos.<br />

A dinâmica da CM pode ser estudada a partir de medições in situ de<br />

dados obtidos de Conductivity-Temperature-Depth profilers (CTD), Expendable<br />

Bathythermographs (XBT), perfiladores Argo etc, (RAO et al., 1989; SPRINT-<br />

ALL e TOMCZAK, 1992; Dong et al., 2008). Além dos dados in situ, vários estudos<br />

tem empregado a modelagem numérica (MELLOR e DURBIN, 1975; THOMPSON,<br />

1975; NIILER e KRAUS, 1977; ROLAND W. GARWOOD JR, 1977; PRICE et al.,<br />

1986) e esta tem se mostrado uma ferramenta muito útil para a compreensão da<br />

dinâmica da CM.<br />

Nos modelos numéricos, a CM pode ser parametrizada de diferentes formas;<br />

em geral, eles são divididos em duas categorias: os Modelos de Camada - MC -<br />

e os Modelos de Fechamento Turbulento - MFT - (LARGE, 1998). Os MC são<br />

aqueles que assumem a existência de uma camada de mistura uniforme, nos quais<br />

algumas propriedades tais como temperatura e salinidade são constantes na coluna<br />

d’água. Como exemplo podemos citar os modelos Kraus-Turner - KT - (KRAUS e<br />

TURNER, 1967) e Price-Weller-Pinkel - PWP - (PRICE et al., 1986). Os MFT são<br />

aqueles que admitem um gradiente de propriedades, resolvendo os perfis verticais<br />

de temperatura, salinidade e velocidade. A espessura da CM é diagnosticada nesses<br />

modelos com base em um determinado critério, normalmente uma diferença de al-<br />

guma propriedade (temperatura, densidade) com relação ao seu valor em superfície<br />

ou próximo à superfície. Como exemplo de MFT temos o K-Profile Parameterization<br />

(KPP) (LARGE et al., 1994), o Mellor–Yamada - MY - (MELLOR e YAMA<strong>DA</strong>,<br />

1982) e Goddard Institute for Space Studies (GISS) (CANUTO et al., 2001).<br />

Há diversos estudos sobre a dinâmica da CM na literatura. Porém, poucos são<br />

voltados para a região do Atlântico Sul . LIMA e LENTINI (2009) estudaram a vari-<br />

abilidade sazonal da profundidade da CM na região de abrolhos e da cadeia Vitória-<br />

Trindade, a partir de resultados de um modelo em alta resolução. <strong>DO</strong>URA<strong>DO</strong> e<br />

OLIVEIRA (2001) investigaram a resposta da camada limite atmosférica e oceânica<br />

na região de Cabo Frio-RJ, durante a passagem de um sistema frontal, a partir de<br />

dados de XBT. SKIELKA et al. (2010) estudaram as principais feições da CM no<br />

atlântico equatorial, por meio de um MFT.<br />

Em face do exposto, o objetivo deste trabalho é contribuir para o conhecimento<br />

da dinâmica da CM na região oeste do Atlântico Sul, com ênfase no estudo das<br />

escalas temporais e espaciais de variação da profundidade da mesma. A informação<br />

2


utilizada corresponde a resultados de simulações numéricas em baixa, média e alta<br />

resoluções espaciais, realizadas com o modelo oceânico HYbrid Coordinate Ocean<br />

Model (HYCOM), desenvolvido por (BLECK, 2002) , que dispõe de 7 diferentes<br />

modelos de CM.<br />

No intuito de avaliar o desempenho dos diferentes modelos de CM existentes<br />

no HYCOM, foram realizadas simulações em baixa resolução espacial (1°) com qua-<br />

tro desses modelos, sendo dois deles MC e dois MFT. Já o estudo da dinâmica<br />

da CM foi realizado com base nos resultados de simulações numéricas regionais e<br />

aninhadas em média e alta resolução desenvolvidas pelo grupo REMO-<strong>UFRJ</strong>, no<br />

escopo da Rede Temática de Modelagem e Observação Oceanográfica (REMO) 1 .<br />

Visando atingir o objetivo geral antes mencionado, são propostos os seguintes<br />

objetivos específicos:<br />

• Comparar o desempenho dos modelos de Camada de Mistura existentes no<br />

HYCOM:<br />

• Avaliar o padrão médio da CM simulada;<br />

• Analisar a variabilidade temporal e distribuição espacial da CM em diferentes<br />

escalas;<br />

• Investigar a resposta da CM aos diferentes processos físicos presentes na área<br />

de estudo;<br />

Este trabalho tem por domínio de interesse a região do Atlântico oeste con-<br />

hecida como METAREA-V 2 (figura 1.1), dentro da qual ocorre uma série de pro-<br />

cessos físicos importantes para a dinâmica da CM. Nela estão presentes a Corrente<br />

do Brasil (CB) a Corrente Norte do Brasil (CNB) , que são importantes correntes<br />

de contorno oeste em superfície que se deslocam junto a plataforma continental<br />

brasileira, com grande atividade de mesoescala, formando meandros e desprendendo<br />

vórtices (SILVEIRA et al., 2000). Ainda na METAREA-V, temos a região de Arraial<br />

do Cabo na costa do Rio de Janeiro, notória pela presença do fenômeno da ressurgên-<br />

cia, com afloramento da Água Central do Atlântico Sul (STRAMMA, 1999), fria e<br />

rica em nutrientes, que além de afetar o clima da região, faz da mesma uma impor-<br />

tante área de pesca.<br />

1 A REMO é um projeto de pesquisa que envolve várias entidades do país com o propósito<br />

de desenvolver a ciência e tecnologia em oceanografia física, modelagem oceânica, oceanografia<br />

observacional e operacional com assimilação de dados no Atlântico sul e tropical (REMO, 2011).<br />

As entidades que compõem a REMO são: Universidade Federal do Rio de Janeiro (<strong>UFRJ</strong>) ,<br />

Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Universidade<br />

Federal da Bahia (UFBA), Marinha do Brasil (MB) e Petróleo Brasileiro S/A (PETROBRAS)<br />

2 A METAREA-V é a área marítima compreendida entre as latitudes 7°N e 35°50’S, longitude<br />

20°W e a costa brasileira, excluídas as áreas de soberania de países vizinhos.<br />

3


Sob o ponto de vista da segurança da navegação, da salvaguarga da vida hu-<br />

mana no mar e da prevenção contra a poluição ambiental, o Brasil é o responsável<br />

perante a Organização Meteorológica Mundial (OMM) pela produção e divulgação<br />

de informações ambientais (meteorológicas e oceanográficas) dentro da dos limites<br />

da METAREA-V. 3 Por último, convém destacar a importância estratégica dessa<br />

região, uma vez que nela estão localizadas as principais bacias petrolíferas do país:<br />

Santos, Campos e Espírito Santo, onde o esforço em pesquisa para apoio à explo-<br />

ração das mesmas vem sendo intensamente fomentado pelo governo, especialmente<br />

após a descoberta das reservas do pré-sal.<br />

Figura 1.1: Mapa de plotagem da Carta Sinótica obtido do Serviço Meteorológico Marinho<br />

(SMM) da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) destacando os limites da<br />

METAREA-V(em vermelho)<br />

O presente trabalho está dividido em 5 capítulos. No capítulo 2 é apresentada<br />

uma revisão bibliográfica sobre o tema em estudo. No capítulo 3, é descrita a<br />

metodologia empregada, incluindo as configurações dos experimentos analisados e<br />

as bases de dados utilizadas. No capítulo 4 são descritos os resultados e, por fim,<br />

no capítulo 5 são apresentadas a discussão e as conclusões da dissertação.<br />

3 conforme disposto na Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no<br />

Mar(SOLAS) , da qual o país é signatário, de acordo com o Decreto n° 92.610/1986.<br />

4


Capítulo 2<br />

Revisão Bibliográfica<br />

2.1 Dinâmica da CM<br />

A CM é uma região com propriedades físicas como temperatura, salinidade e<br />

densidade aproximadamente homogêneas. Sua dinâmica é governada pela tensão de<br />

cisalhamento do vento e pelos fluxos de calor e de massa em superfície. A profun-<br />

didade da CM é determinada pelo balanço entre os fatores que geram turbulência e<br />

aqueles que contribuem para a estratificação (figura 2.1). No primeiro caso, podemos<br />

citar os processos de mistura gerados pelo vento, como a quebra de ondas de gravi-<br />

dade, o entranhamento na base da camada ou o cisalhamento vertical. No segundo<br />

caso, temos a variação da densidade provocada pelo fluxo de buoyancy (relação peso<br />

- empuxo) em função dos fluxos de calor e de massa (SPRINTALL e TOMCZAK,<br />

1992).<br />

Existe na literatura uma ampla variedade de critérios para definir a profun-<br />

didade da CM (THOMSON e FINE, 2003; KARA e HURLBURT, 2000). Ela pode<br />

ser diagnosticada por meio de um critério de diferença de temperatura ou de den-<br />

sidade em relação à um nível de referência, normalmente a superfície; ou por meio<br />

de um critério de gradiente das mesmas propriedades, diagnosticando a CM quando<br />

tal gradiente excede um determinado valor.<br />

5


Figura 2.1: Diagrama esquemático da CM, mostrando os fatores que influenciam na<br />

profundidade da mesma<br />

As forçantes que atuam sobre a CM estão sujeitas à variações em escalas<br />

temporais distintas, as quais definem as escalas de resposta da variação da profun-<br />

didade da CM. Existe uma ampla literatura que aborda as diferentes escalas de<br />

resposta da CM às forçantes atmosféricas, dentre as quais destacam-se as seguintes<br />

escalas: Escala Diurna (GARWOOD, 1977; PRICE et al., 1986), Escala Sinótica<br />

(PEREIRA et al., 1988), Escala Sazonal (NIILER e KRAUS, 1977; KARA et<br />

al., 2000) e Escala Interanual (PARK et al., 1998). No Atlântico sul, LIMA e<br />

LENTINI (2009) investigaram a variabilidade sazonal da CM na região de Abrolhos<br />

e na cadeia Vitória-Trindade, a partir dos resultados de um modelo numérico em alta<br />

resolução (Parallel Ocean Model - POP) e de dados de vento derivados de satélite<br />

(QuikSCAT). Os autores identificaram o padrão sazonal da CM na região, além de<br />

constatarem que a resposta da mesma à forçante de vento, no período de primavera,<br />

esteve mais associada ao rotacional que à intensidade do mesmo. <strong>DO</strong>URA<strong>DO</strong> e<br />

OLIVEIRA (2001) analisaram a resposta da CM, na região de Cabo Frio, durante<br />

a passagem de um sistema frontal (Escala Sinótica), a partir de dados de XBT. Foi<br />

verificado que a passagem de uma frente fria naquela região alterou o padrão de<br />

ventos de Nordeste para sudoeste, intensificando os mesmos e aumentando a pro-<br />

fundidade da CM em cerca de 46 m no ponto observado. Além disso, os autores<br />

também constataram que a mudança dos ventos provocou a advecção de águas mais<br />

quentes provenientes da CB, resultando em um aumento da temperatura da CM de<br />

cerca de 1,2 °C.<br />

6


<strong>DO</strong>URA<strong>DO</strong> (2002) investigou a CM da região equatorial do Atlântico Sul, a<br />

partir de resultados de um modelo numérico unidimensional (modelo desenvolvido<br />

por GASPAR et al., 1990), identificando a variabilidade da CM na escala diurna.<br />

SKIELKA et al. (2010) estudaram a dinâmica da CM na região equatorial, dentro<br />

da METAREA-V, por meio de um modelo de turbulência unidimensional (General<br />

Ocean Turbulence Model - GOTM). Os autores analisaram uma estação chuvosa<br />

(fevereiro - abril) e outra seca (agosto - outubro) e identificaram que no primeiro caso<br />

a profundidade CM foi mais rasa. Tal fato foi associado à diferença de intensidade<br />

das forçantes em superfície observada nos dois períodos.<br />

2.1.1 Escalas temporais de variação da CM<br />

A Escala Diurna é mais evidenciada nos períodos de primavera e verão nos<br />

quais, sob condições de ventos amenos, a radiação solar incidente promove um bal-<br />

anço positivo e um aquecimento da superfície do mar (figura 2.2). Cria-se desta<br />

forma uma camada estratificada próximo à superfície, tornando a CM mais rasa e<br />

aquecida. Este processo de estratificação é interrompido no período noturno, quando<br />

o balanço térmico passa a ser negativo, ou seja, o oceano cede calor para a atmosfera,<br />

ocasionando um resfriamento da superfície do mar (figura 2.2). Nesta situação, a<br />

camada superior torna-se mais densa, ocasionando uma convecção que irá resfriar e<br />

afundar a CM.<br />

Figura 2.2: Evolução temporal do perfil vertical de temperatura da bóia PIRATA<br />

8S30W, entre os dias 21 e 22/ago/2005, evidenciando o aquecimento no período<br />

diurno(a) e o resfriamento no período noturno(b).<br />

A Escala Sinótica é aquela onde as variações nas propriedades da CM es-<br />

tão associadas à passagem de sistemas frontais, ciclones e anti-ciclones atmosféricos<br />

(figura 2.3). Por exemplo, a passagem de uma frente fria numa região do oceano gera<br />

uma grande mistura turbulenta devido aos ventos fortes e dos fluxos de calor nega-<br />

tivos intensos. Esses fatores combinados superam o efeito da estratificação causado<br />

7


pelo aquecimento solar. Com isso, a profundidade da CM aumenta e sua tempera-<br />

tura decai após a passagem do sistema. Dependendo da duração e da intensidade<br />

do sistema, mudanças na CM podem ser percebidas nos campos de temperatura<br />

e profundidade da CM por dias após cessados os efeitos do vento e dos fluxos de<br />

calor. Os fenômenos nessa escala podem variar de algumas horas até duas semanas<br />

(MASCARENHAS, 1984).<br />

Figura 2.3: Série temporal da profundidade da CM no ponto 19S34W, calculada a partir<br />

de dados de temperatura da bóia PIRATA, para o ano de 2009, filtrada com filtro passaalta<br />

para destacar a variabilidade da profundidade da CM na escala sinótica.<br />

A Escala Sazonal caracteriza-se por ser a que domina a dinâmica da CM.<br />

Durante o início da primavera até o final do verão, ocorre um aquecimento gradual<br />

da superfície do mar, em função do balanço térmico positivo nesse período. Esse<br />

balanço promove um aquecimento líquido que torna a CM mais rasa e aquecida,<br />

aumentando a estratificação da porção superior do oceano. Esse processo atinge<br />

seu máximo no final do verão. No início do outono até o final do inverno, ocorre o<br />

processo inverso, ou seja, o balanço térmico torna-se negativo, resfriando a superfície<br />

do mar, o que torna a porção superior mais densa fazendo com que ela afunde,<br />

formando uma convecção que vai homogeneizando a termoclina sazonal formada no<br />

verão, tornando a CM mais profunda e fria (2.4).<br />

8


Figura 2.4: Evolução temporal da profundidade da Camada de Mistura calculada a partir<br />

de dados de temperatura da bóia PIRATA em 19S34W, para o ano de 2009, destacando<br />

a escala de variabilidade sazonal(em vermelho).<br />

A Escala Interanual ocorre em resposta às forçantes atmosféricas sujeitas<br />

a variações nessa escala. Fenômenos como El Niño, La Niña além de outros pro-<br />

duzem anomalias nos campos de temperatura, alterando os fluxos de calor e, por<br />

conseguinte, a profundidade da CM. Na figura (2.5) é possível notar a escala de<br />

variabilidade interanual da CM bem marcada entre os anos de 2006 e 2010. Nesse<br />

período o ciclo anual tem uma variação significativa de ano para ano, fato evidenci-<br />

ado principalmente nos períodos de inverno.<br />

Figura 2.5: Série temporal da prof. da CM calculada a partir de dados de temperatura<br />

da bóia PIRATA em 19S34W, entre os anos de 2006 e 2010, evidenciando a variabilidade<br />

interanual da CM. As descontinuidades correspondem aos pontos sem dados nas boias.<br />

9


2.2 Modelagem da Camada de Mistura<br />

2.2.1 Histórico<br />

Embora existam estudos com modelos oceânicos desde o início do século XX, como<br />

o modelo matemático desenvolvido por Ekman(1905), a modelagem oceanográfica<br />

começou a se desenvolver de maneira mais profícua no pós-guerra com o advento<br />

dos computadores. No final da década de 40, MUNK e AN<strong>DE</strong>RSON (1948) desen-<br />

volveram uma formulação de um modelo para determinar a profundidade da ter-<br />

moclina, que serviu de referência para diversos estudos posteriores. Em meados da<br />

década de 60, KRAUS e TURNER (1967) apresentaram um modelo unidimensional<br />

de termoclina sazonal, que foi um dos precursores dos modelos de CM e que, ainda<br />

hoje, compõe o conjunto de parametrizações da CM de diversos modelos de circu-<br />

lação oceânica. No início dos anos 70, houve um considerável aumento nos estudos<br />

voltados para modelagem da CM. Vários trabalhos foram publicados com diferentes<br />

formulações para se modelar a CM (POLLARD et al., 1973; <strong>DE</strong>NMAN e MIYAKE,<br />

1973; MELLOR e DURBIN, 1975; THOMPSON, 1975; NIILER e KRAUS, 1977;<br />

GARWOOD, 1977). Desde então, o conhecimento científico aliado à evolução dos<br />

computadores permitiu que os modelos tivessem sua complexidade aumentada, pas-<br />

sando a incorporar outros processos físicos como advecção e difusão, em modelos<br />

tridimensionais que vem apresentando uma representação da dinâmica da CM cada<br />

vez mais consistente com a realidade (BLECK et al., 1989a).<br />

Os modelos de CM podem ser enquadrados em duas grandes categorias: os<br />

Modelos de Camada (MC) e a os Modelos de Fechamento de Turbulência (MFT). Os<br />

MC (figura 2.6) assumem a existência de uma camada homogênea de espessura hm,<br />

que pode ser calculada a partir do balanço da Energia Cinética Turbulenta (ECT)<br />

fornecida pelo vento e a energia potencial necessária para homogeneizar (misturar)<br />

a coluna d’água, exemplos KT e Niiler ou pelo energia do cisalhamento na base da<br />

camada, como ocorre no PWP.<br />

Os MFT trabalham com as equações de Reynolds, onde os termos não-<br />

linearidades geram momentos de ordem superior que são parametrizados. A forma<br />

como são parametrizadas essas perturbações é que determinam a ordem dos MFT,<br />

sendo os mais comuns os de primeira ordem, como o KPP e de segunda ondem, como<br />

o MY. No presente trabalho foram analisados 4 modelos de CM contidos no HY-<br />

COM: o KPP, uma das parametrizações do KT, o PWP, e o MY, que são descritos<br />

a seguir.<br />

10


Figura 2.6: Estrutura térmica do oceano mostrando o esquema de um Modelo de Camada<br />

de Mistura integrado na vertical(modelo de placa ou de camada)<br />

2.2.2 Modelos de Camada<br />

Kraus Turner (KT)<br />

O KT é um modelo de camada verticalmente homogênea que se baseia na con-<br />

versão de uma parcela de Energia Cinética (EC) do vento para misturar águas mais<br />

densas da termoclina sazonal dentro da CM (KRAUS e TURNER, 1967). Nele, a<br />

CM é diagnostica por meio do estado estacionário da equação da Energia Cinética<br />

Turbulenta (ECT), integrada da superfície até uma profundidade hm (profundidade<br />

da CM), estabelecendo o balanço entre fonte e sumidouro de ECT. No HYCOM,<br />

estão presentes três parametrizações do KT conforme descrito em (BLECK, 2002).<br />

A primeira, que calcula a CM de maneira prognóstica, incluindo a opção da pene-<br />

tração de parte da radiação em onda curta abaixo da base da CM além de dispor de<br />

um algoritmo específico para a determinação da profundidade da CM entre duas ca-<br />

madas (“unmixing algorithm”). A segunda parametrização, que foi utilizada nesse<br />

trabalho, é uma versão simplificada que calcula a CM de maneira diagnóstica e<br />

não dispõe do “unmixing algorithm”. Essa possui a vantagem de ser mais eficiente<br />

computacionalmente e apresentar resultados tão bons quanto a versão completa em<br />

latitudes tropicais e subtropicais (BLECK et al., 1989a). A terceira versão é a<br />

mesma proveniente do modelo MICOM (BLECK et al., 1989b).<br />

Price–Weller–Pinkel(PWP)<br />

O PWP é um modelo de camada baseado no modelo de instabilidade dinâmica<br />

que inclui processos que ocorrem em um fluido estratificado abaixo da CM (PRICE<br />

et al., 1986). Este modelo utiliza o critério do número de Richardson Ri = g.△.ρh<br />

ρ0.(△.V ) 2<br />

11


ðρ<br />

g. ðz<br />

ρ0( ðV<br />

ðz<br />

e número de Richardson gradiente Rg = para determinar a profundidade da<br />

)2<br />

CM (PRICE et al., 1986). No HYCOM, o PWP calcula a mistura vertical em cada<br />

ponto de grade em três etapas. Primeiro instabilidade estática no oceano superior<br />

é desconsiderada, se houver. Segundo, o entranhamento é calculado com base no<br />

critério do número de Richardson e, por último, o modelo calcula a instabilidade<br />

devido ao cisalhamento entre camadas adjacentes do modelo, com base no critério<br />

número de Richardson gradiente (HALLIWELL, 2004). A CM é diagnosticada por<br />

um critério de densidade, considerando uma diferença de densidade em relação com<br />

superfície. No presente trabalho foi utilizado como critério a diferença de densidade<br />

correspondente a uma variação de temperatura potencial de 0,2°C.<br />

2.2.3 Modelo de Fechamento de Turbulência<br />

K-Profile Parametrization(KPP)<br />

O KPP é um modelo de fechamento de turbulência de primeira ordem, que re-<br />

solve o perfil vertical de temperatura na coluna d’água, com uma especial atenção<br />

à camada limite, cuja física envolve difusão Fickiana e transporte não-local. A pro-<br />

fundidade hm da CM é diagnosticada com base nos fluxos em superfície, velocidades<br />

e perfis de “buoyancy”(temperatura a salinidade) (LARGE, 1998). O modelo utiliza<br />

coeficientes de mistura turbulenta para parametrizar efeitos combinados de dupla<br />

difusão, ondas internas e instabilidades provocadas pelo cisalhamento. No HYCOM,<br />

o custo computacional do KPP está entre o de modelo de camada e o de modelos de<br />

fechamento de turbulência de segunda ordem. Ele calcula a mistura da superfície ao<br />

fundo, fazendo uma suave transição entre a difusividade das camadas superficiais e<br />

a região de fraca difusividade e mistura diapycnal do interior do oceano. Por ser um<br />

modelo semi-implícito, o KPP utiliza múltiplas interações para cálculo das variáveis.<br />

A profundidade da CM é diagnosticada por um critério de diferença de densidade.<br />

Mellor–Yamada(MY)<br />

O Modelo MY é um modelo de fechamento de turbulência de 2ª ordem (MELLOR e<br />

YAMA<strong>DA</strong>, 1982), oriundo do modelo do Princeton Ocean Model (POM). Ele resolve<br />

as equações de Energia Cinética Turbulenta (q 2 ) e o produto desta pela escala da<br />

turbulência( q 2 l) para estimar os perfis dos coeficientes de viscosidade e difusividade<br />

(HALLIWELL, 2004). No HYCOM, esse modelo é o único que calcula a advecção<br />

e difusão turbulenta, o que aumenta o seu custo computacional em quase uma vez<br />

e meia (KARA et al., 2000).<br />

12


Capítulo 3<br />

Metodologia<br />

Visando atingir os objetivos propostos, o presente trabalho foi dividido em qua-<br />

tro etapas: na primeira, foram comparados 4 dos modelos de CM existentes no<br />

HYCOM: KPP, KT, PWP e MY (tabela 3.3). a partir de simulações numéricas<br />

em baixa resolução espacial (1 grau), a fim de identificar a parametrização mais<br />

adequada para representar a dinâmica da CM na região de estudo. Em seguida,<br />

avaliou-se o padrão médio da profundidade da CM na METAREA-V, a partir dos<br />

resultados de uma simulação sinótica aninhada em alta resolução espacial (1/12°-<br />

Exp.1), que utilizou a parametrização KPP. Na terceira etapa, foi estudada a va-<br />

riabilidade da profundidade da CM em diferentes escalas espaciais e temporais, a<br />

partir dos resultados do Exp.1, utilizando-se para fins de comparação os resultados<br />

de uma simulação sinótica em média resolução (1/4°- Exp.2) e de uma simulação cli-<br />

matológica aninhada em alta resolução espacial (1/12°- Exp.3). Na quarta e última<br />

etapa, foi analisada a resposta da profundidade da CM às forçantes atmosféricas<br />

sob condições específicas tais como: a presença de fenômenos meteorológicos em<br />

escala sinótica (sistemas frontais), na presença de processos físicos de mesoescala<br />

(meandros e vórtices) e durante a passagem de ondas de plataforma.<br />

3.1 O modelo HYCOM<br />

O HYCOM (BLECK, 2002) é um modelo oceânico de circulação global desen-<br />

volvido a partir do Miami Isopycnic Coordinate Ocean Model -MICOM- (BLECK<br />

et al., 1992), em diferenças finitas na horizontal e, que tem por característica prin-<br />

cipal a discretização vertical em 3 diferentes tipos de coordenadas (isopicnal, sigma<br />

e nível z). As coordenadas isopicnais são usadas em regiões de oceano aberto e<br />

estratificado, ocorrendo uma transição suave para níveis z em regiões de pouca es-<br />

tratificação, como a CM. Por ultimo, migra para coordenadas sigma em regiões de<br />

grande variação de topografia. Este modelo tem como vantagem melhor resolução<br />

vertical em regiões de pouca estratificação e melhor representação dos efeitos nas<br />

13


condições de contorno de fundo (HALLIWELL, 2004).<br />

Estudos mostraram que a distribuição das massas assim como alguns padrões de<br />

circulação termohalina são melhor representados utilizando-se discretização vertical<br />

em coordenadas híbridas (CHASSIGNET et al., 2000).<br />

O HYCOM utiliza as equações primitivas que incluem 5 equações prognósticas,<br />

sendo duas para componentes horizontais de velocidade, uma para a continuidade e<br />

duas equações de conservação de variáveis termodinâmicas.<br />

ð(v)<br />

ðts<br />

v<br />

+▽s<br />

2<br />

2 +(ζ+f)kXv+<br />

(<br />

˙s ðp<br />

)<br />

ðv<br />

ðs ðp +▽sM−p▽sα = −g ðτ<br />

ðp +<br />

( ) −1 (<br />

ðp<br />

▽s<br />

ðs<br />

ð<br />

ðts<br />

ð ð(p)<br />

+ ▽s<br />

ðts ðts<br />

(<br />

v ðp<br />

)<br />

+<br />

ðs<br />

ð<br />

ðs<br />

ν ðp<br />

ðs ▽s<br />

)<br />

v<br />

(3.1)<br />

( )<br />

ðp<br />

= 0 (3.2)<br />

ðs<br />

(<br />

ðp<br />

ðs Θ<br />

) (<br />

+ ▽ v ðp<br />

ðs Θ<br />

)<br />

+ ð<br />

(<br />

˙s<br />

ðs<br />

ðp<br />

) (<br />

= ▽s K<br />

ðsΘ<br />

ðp<br />

ðs ▽s<br />

)<br />

Θ + hΘ<br />

(3.3)<br />

onde V=(u,v) são as componentes horizontais de velocidade, p a pressão, Θ<br />

é uma das variáveis termodinâmicas do modelo, α = ρ −1<br />

pot é o volume específico,<br />

ζ ≡ ðv<br />

ðxs<br />

− ðu<br />

ðys<br />

é a vorticidade, M ≡ gz + pα é o potencial de Montgomery, gz ≡ φ<br />

é o geopotencial, f é o parâmetro de Coriolis, k é o vetor unitário na vertical, ν é<br />

o coeficiente de viscosidade/difusividade turbulenta e τ é a tensão de cisalhamento<br />

do vento ou a tensão do fundo. hθ representa a soma dos termos diabáticos, que<br />

incluem mistura diapicnal atuando nas variáveis termodinâmicas (BLECK, 2002).<br />

3.2 Configuração dos experimentos em baixa res-<br />

olução (1°)<br />

Para se estudar qual seria o modelo de CM mais adequado a ser utilizado no<br />

HYCOM para a Metarea V, foram configurados quatro experimentos em uma grade<br />

horizontal de 1°de resolução. Esta grade foi criada utilizando-se a projeção Mercator,<br />

com centro no Equador. O comprimento angular da grade é constante em longitude<br />

e variável nas latitudes, sendo esta proporcional ao cosseno da mesma, seguindo<br />

o conceito de Latitude Crescida, de modo a garantir distâncias iguais em ambas<br />

direções. Quanto à discretização vertical, foram definidas 21 camadas de densidade<br />

(σθ), sendo permitidas 18 híbridas e as 3 restantes isopicnais. Esta discretização é a<br />

mesma adotada pelo grupo COPPE-<strong>UFRJ</strong>, nos experimentos Exp.1 e 2. A Tabela<br />

14


3.1 apresenta a distribuição de densidade das respectivas camadas.<br />

Camada σθ Massas D’água Índices termohalinos<br />

1 19,50<br />

2 20,25<br />

3 21,00<br />

4<br />

5<br />

21.75<br />

22,50<br />

AT<br />

6 23,25<br />

7 24,00<br />

8 24,70<br />

9 25,28 AT ou água de máxima salinidade(MAS) T > 20°C S > 36,40<br />

10 25,77<br />

11<br />

12<br />

26,18<br />

26,52<br />

ACAS 6°C < T < 20 °C 34,60 < S < 36,40<br />

13 26,80<br />

14 27,03<br />

15 27,22<br />

AIA 3°C


Figura 3.1: Mapa da batimetria dos experimentos em 1 grau, interpolada do ETOPO-2,<br />

destacando os domínio de modelagem dos experimentos. O retângulo verde representa os<br />

domínios dos experimentos em 1°e 1/4°(Exp.2); o retângulo azul representa o domínio dos<br />

experimentos em 1/12°(Exp.1 e Exp.3). As linhas em vermelho representam os contornos<br />

sobre o oceano dos experimentos em 1 grau. A linha em preto delimita a METAREA-V<br />

real.<br />

3.3 Configuração do experimento sinótico em alta<br />

resolução (Exp.1)<br />

Este experimento foi configurado com resolução espacial de 1/12°e discretização<br />

vertical em 21 camadas de densidade sigma-theta (σθ). Destas, no mínimo 3 são<br />

obrigatóriamente camadas Z e as 18 restantes são hibridas, das quais 8 no máximo<br />

podem se transformar em camadas sigma (tabela 3.1).<br />

O domínio da grade se estende de 10°N até 45°S e de 68°W a 18°W (abrangendo<br />

a região da Metarea V). A seleção desta área teve como objetivo afastar a região<br />

de interesse (Metarea V) dos contornos da grade, onde podem ocorrer pertubações<br />

não-físicas (ruídos numéricos).<br />

A batimetria foi interpolada do ETOPO2 e o experimento foi inicializado com<br />

a informação correspondente ao dia 17/01/03 do 1/4°sinótico, que será descrito a<br />

seguir.<br />

As condições atmosféricas foram obtidas de campos sinóticos a cada 6hs da<br />

reanálise 2 do NCEP (KANAMITSU et al., 2002), correspondendo aos anos de<br />

2003 à 2009. Como forçantes, foram utilizados campos de temperatura do ar a 2m,<br />

16


umidade específica a 2m, radiação de onda longa líquida, radiação de onda curta<br />

líquida, tensões de vento e taxa de precipitação. Para todos os experimentos os fluxos<br />

de calor turbulento (calor sensível e latente) foram calculados internamente pelo<br />

modelo mediante bulk formulas. O fluxo de quantidade de movimento foi calculado<br />

a partir das componentes latitudinal e longitudinal da tensão de cisalhamento do<br />

vento. O fluxo de água doce foi implementado como Evaporação - Precipitação mais<br />

um termo de relaxamento newtoniano para climatologia de salinidade mensal da base<br />

WOA com tempo de restauração de 30 dias. Neste caso a precipitação é dada e a<br />

evaporação é calculada internamente pelo modelo com bulk formulas. Foi conside-<br />

rado um relaxamento da temperatura da superfície do mar para a climatologia com<br />

tempo de restauração de 30 dias. As descargas dos principais rios foram simuladas<br />

como um volume de precipitação nos pontos de grade correspondentes à foz. Esta<br />

informação faz parte de uma climatologia média mensal disponível na página do<br />

HYCOM: ftp://hycom.coaps.fsu.edu/pub/hycom/.<br />

As condições de contorno lateral foram renovadas a cada 24 horas através da<br />

condição “clamped” e interpoladas durante este intervalo. As variáveis impostas<br />

lateralmente foram temperatura, salinidade, velocidade e pressão. Esta simulação<br />

foi integrada de janeiro de 2003 a dezembro de 2009, contudo neste trabalho foram<br />

analisados os resultados a partir de janeiro de 2004.<br />

3.4 Configuração do experimento sinótico em mé-<br />

dia resolução (Exp.2)<br />

O Exp.2 foi configurado com uma resolução espacial de 1/4°e discretização ver-<br />

tical idêntica ao experimento 1/12°. O domínio dessa grade compreende o oceano<br />

Atlântico de 50°N até 78°S e desde 98°W até 21°E. Este domínio foi adotado com<br />

intuito de representar as principais características de circulação do oceano Atlân-<br />

tico, circulação no mar de Weddel no sul, a corrente do Golfo e o giro subtropical do<br />

Atlântico Norte. A batimetria utilizada foi extraída da base General Bathymetric<br />

Chart of the Oceans(GEBCO). Esta base possui uma resolução espacial original de<br />

1 minuto ( 0,2 km no equador), que nesse experimento foi subamostrada para 2<br />

minutos. Como condição inicial, utilizou-se a saída de uma simulação climatológica<br />

em 1/4 rodada por 30 anos. Dessa forma, considerou-se como condição inicial do<br />

Exp.2 a condição do dia 16 de janeiro do ano 31. As forçantes atmosféricas, o fluxo<br />

de água doce e a descarga dos rios utilizados neste experimento tiveram as mesmas<br />

características utilizadas no experimento 1/12 °sinótico. Os contornos laterais foram<br />

forçados com dados da climatologia mensal da base WOA, considerando-se regiões<br />

de transição (zonas buffer), nas quais aplicaram-se um relaxamento newtoniano. O<br />

17


tempo de restauração utilizado nas “zonas buffer” decresceu linearmente de 30 dias<br />

no limite interno para 5 dias no limite externo. Nos contornos leste (no sul da<br />

África) e oeste (Estreito de Drake) também foi considerada uma condição de con-<br />

torno aberta para a componente barotrópica da velocidade. Desta forma, buscou-se<br />

considerar a circulação da Corrente Circumpolar Antártica (CCA) necessária para<br />

simular de forma realista o padrão de correntes e a distribuição de massas de água<br />

no Oceano Atlântico Sul. Considerou-se um transporte barotrópico total de 110<br />

Sv, com distribuição espacial uniforme na seção e constante temporalmente. Este<br />

experimento foi integrado com forçantes sinóticas para o período de janeiro de 2003<br />

a dezembro de 2009. Contudo, neste trabalho foram utilizados os resultados do<br />

período de Janeiro/2004 a Dezembro/2009.<br />

3.5 Configuração do experimento climatológico<br />

em alta resolução (Exp.3)<br />

O experimento 1/12 climatológico apresenta poucas diferenças em relação ao ex-<br />

perimento 1/12 sinótico. A grade horizontal, a discretização vertical e a batimetria<br />

são as mesmas utilizadas no Exp.1. Contudo, neste caso, as 18 camadas hibridas<br />

da discretização vertical só podem variar entre isopicnal e z. A condição inicial<br />

foi a mesma escolhida para o Exp.2, dia 16 de janeiro do ano 31 do experimento<br />

1/4 climatológico. As principais diferenças estiveram nas forçantes que, neste ex-<br />

perimento, foram os campos médios mensais da base de dados climatológica do -<br />

COADS (2007). O fluxo de água doce e descarga dos rios foram implementados da<br />

mesma forma que os demais experimentos. Quanto as condições de contorno late-<br />

rais, a grade deste esperimento foi aninhada a um experimento climatologico com<br />

resoluçao de 1/4°. O Exp.3 foi integrado por 10 anos (janeiro do ano 31 a dezembro<br />

do ano 40).<br />

Para os três experimentos adotou-se o esquema KPP para parametrizar a mistura<br />

vertical sendo a mistura horizontal calculada internamente pelo modelo. Em todos<br />

os experimentos, para o cálculo da difusão de quantidade de movimento utilizou-se<br />

um operador misto laplaciano e biharmônico; para a difusão de massa o operador<br />

empregado foi biharmônico. Já para a difusão de sal e temperatura o operador ado-<br />

tado foi laplaciano. Todos os experimentos foram configurados de modo a advectar<br />

e difundir horizontalmente somente salinidade e densidade, sendo a temperatura<br />

diagnosticada a partir da equação de estado. Ao longo dos contornos continentais<br />

considerou-se uma condição de não deslizamento (no-slip).<br />

18


Exp. região resolução batimetria forcante inicio periodo nesting<br />

Exp 1<br />

grau<br />

78°S-50°N;<br />

98°W-20°E<br />

Exp 1 45°S-10°N;<br />

68°W-18°W<br />

Exp 2 78°S-50°N;<br />

98°W-20°E<br />

Exp 3 45°S-10°N;<br />

68°W-18°W<br />

1°, 18 híbridas.<br />

+ 3ρ<br />

1/12°, 3 z + 18<br />

híbridas (8 podem<br />

ser σ)<br />

1/4°, 3 z + 18<br />

híbridas (8 podem<br />

ser σ)<br />

1/12°, 3 z + 18<br />

híbridas ( ρ ou<br />

z)<br />

ETOPO 2 NCEP 16/01 do<br />

ano 3 climatológico<br />

ETOPO 2 NCEP 16/01/03 do<br />

1/4°sinótico<br />

GEBCO NCEP 16/01 do<br />

ano 31 do<br />

Exp.1/4°clim.<br />

ETOPO 2 COADS 16/01 do<br />

ano 31 do<br />

Exp.1/4°clim.<br />

Tabela 3.2: Resumo das configurações dos Experimentos<br />

01/2003<br />

a 01/2009<br />

sinótico<br />

01/2003<br />

a 12/2009<br />

sinótico<br />

01/2003<br />

a 12/2009<br />

sinótico<br />

01/2003 a<br />

12/2009 climatológico<br />

3.6 Análise das diferentes parametrizações de Ca-<br />

mada de Mistura do HYCOM<br />

Para se realizar a comparação entre os diferentes modelos de CM existentes no<br />

HYCOM, foram configurados quatro experimentos com resolução espacial de 1 grau,<br />

empregando em cada um deles uma parametrização distinta de CM. Foram utilizadas<br />

as seguintes parametrizações: KPP, KT, PWP e MY. A exceção das parametrizações<br />

de CM, as demais configurações foram mantidas para todos os experimentos, de<br />

forma a verificar apenas a influência dos modelos de CM nos resultados. A tabela<br />

(3.3) apresenta as principais características dos modelo selecionados quanto a forma<br />

como cada um deles calcula a CM.<br />

Tabela 3.3: Modelos de CM utilizados na comparação dos experimentos simulados em<br />

baixa resolução espacial (1 grau), modificada de Halliwell-2004<br />

Expto Modelo CM Descrição<br />

1 KPP Modelo diferencial não-local,fechamento turbulência 1ª ordem<br />

2 KT Modelo de Camada, integrado na vertical/balanço de ECT<br />

3 PWP Modelo de Camada, Instabilidade estática, nº de Richardson e Richardson gradiente<br />

4 MY Modelo local das tensões de Reynolds, fechamento da turbulência 2.5<br />

Para todos os experimentos simulados foi realizada uma análise da estabili-<br />

dade a fim de avaliar o desempenho de cada um deles. Para tal, foram calculadas<br />

médias temporais de temperatura (T), a salinidade (S) e a Energia Cinética (EC)<br />

para todo o domínio de modelagem e para a região da METAREA-V, no período<br />

simulado (1980-2000). A análise da evolução temporal dessas variáveis permitiu<br />

avaliar o comportamento de cada simulação quanto à estabilidade ou tendências de<br />

suas propriedades físicas.<br />

Em seguida, buscou-se avaliar o desempenho de cada experimento por meio da<br />

comparação dos resultados com dados disponíveis para a região. Foram utilizados<br />

dados de temperatura e salinidade da climatologia do WOA-2005 e dados de profun-<br />

19<br />

T,S,u,v,p<br />

a cada 24<br />

horas<br />

T,S,u,v,p<br />

a cada 24<br />

horas


didade de CM obtidos da climatologia dos perfiladores Argo (ARGO, 2011). Para<br />

cada experimento, foram calculadas médias mensais das propriedades mencionadas,<br />

a fim de compará-las com as climatologias mensais das bases de dados citadas. Essas<br />

bases encontram-se descritas no item 3.10.<br />

3.7 Estudo do padrão médio da profundidade da<br />

CM simulada na região da METAREA-V em<br />

alta resolução<br />

Para avaliar o padrão médio da profundidade da CM na região da METAREA-V<br />

utilizaram-se os resultados de um experimento sinótico, aninhado, em alta resolução<br />

espacial, (1/12°), capaz de resolver não somente os aspectos de larga escala da<br />

circulação oceânica, mas também seus fenômenos de mesoescala. A partir desse<br />

experimento, foram calculados campos médios mensais da profundidade da CM, os<br />

quais foram comparados com bases de dados disponíveis para a região. Utilizaram-se<br />

duas climatologias de profundidade de CM (ARGO, 2011); (ALVARENGA, 2010),<br />

descritas no item 3.10.<br />

3.8 Estudo da variabilidade da profundidade da<br />

CM<br />

Para avaliar a capacidade do modelo em representar a estrutura térmica , bem<br />

como as diferentes escalas de variabilidade da profundidade da CM da METAREA-<br />

V, foram criados fundeios virtuais no Exp.1, para o ano 2008, nos mesmos pontos e<br />

profundidades das bóias PIRATA existentes na METAREA-V. Para definir a pro-<br />

fundidade da CM a partir dos dados das bóias PIRATA, utilizou-se como critério a<br />

diferença de temperatura in situ de 0,2°C.<br />

Em seguida, para caracterizar a importância das diferentes escalas na variabi-<br />

lidade da profundidade da CM, utilizaram-se os resultados do Exp.1, Exp.2 e Exp.3,<br />

dos quais foram obtidas series temporais de profundidade da CM para a Metarea-V.<br />

Estas séries foram filtradas de forma a separar as altas frequências (menores que 70<br />

dias), que abrangem a mesoescala e a escala sinótica, das baixas frequências (maiores<br />

que 70 dias), que contemplam a variabilidade sazonal, semianual e interanual. A<br />

separação das escalas foi feita por meio de um filtro do tipo Butter (PARKS e BUR-<br />

RUS, 1987), de 8 ª ordem, com frequência de corte de 70 dias que dividiu a série em<br />

alta (< 70 dias) e baixa frequências (figura 3.2). Em seguida, para as duas séries,<br />

calcularam-se os desvios-padrão como uma medida da variabilidade da profundidade<br />

20


da CM, permitindo identificar regiões com menor ou maior variação da profundi-<br />

dade da CM, nas referidas escalas. A comparação do Exp.1 com o Exp.3 permitiu<br />

analisar o impacto da forçante sinótica uma vez que o primeiro possui a referida<br />

escala ao passo que o segundo não. Por outro lado, a comparação do Exp.1 com<br />

o Exp.2 permitiu avaliar a importância da mesoescala, visto que o Exp.1 também<br />

resolve a referida escala e o Exp.3 não.<br />

Figura 3.2: Função resposta dos filtros passa-alta (esquerda) e passa-baixa (direita) utilizados<br />

para separar a variabilidade da profundidade da CM dos experimentos Exp.1,<br />

Exp.2 e Exp.3 em escalas temporais menores e maiores que 90 dias.<br />

3.9 Análise da resposta da CM aos diferentes pro-<br />

cessos físicos existentes na METAREA-V<br />

Uma vez descritos o padrão médio e a variabilidade da CM na METAREA-V,<br />

foram selecionadas algumas regiões do domínio para caracterizar a resposta da pro-<br />

fundidade da CM a fenômenos meteorológicos notáveis como a passagem de sistemas<br />

frontais na região SE do Brasil, além de alguns processos físicos de interesse como<br />

meandros e vórtices da CB e a passagem de ondas de plataforma na plataforma<br />

continental sul do Brasil. Tal análise foi realizada a partir dos resultados do Exp.1,<br />

cujos campos de profundidade da CM e das forçantes atmosféricas foram analisa-<br />

dos no domínio do tempo (pela comparação das séries temporais dos campos) e no<br />

domínio da frequência.<br />

21


Figura 3.3: Mapa da batimetria do Exp.1, interpolada do ETOPO-2, destacando os<br />

pontos utilizados nas comparações das séries temporais de profundidade da CM. Os pontos<br />

em vermelho correspondem às localizações das bóias PIRATA<br />

3.10 Bases de Dados Utilizadas nas comparações<br />

dos resultados<br />

Para análise dos resultados das simulações do HYCOM em diferentes resoluções,<br />

utilizaram-se algumas bases de dados, com as quais foram feitas comparações, a<br />

partir de campos médios (climatologias) e diários. Abaixo, estão descritas as prin-<br />

cipais características das bases utilizadas:<br />

3.10.1 The World Ocean Atlas 2005(WOA2005)<br />

World Ocean Atlas 2005 (WOA-05) é um produto do Ocean Climate Laboratory of<br />

the National Oceanographic Data Center (OCL/NODC) e consiste de uma clima-<br />

tologia dos campos de propriedades in situ dos oceanos do globo. Foi produzido pela<br />

primeira vez em 1994, e inclui um conjunto de campos climatológicos de tempera-<br />

tura em situ (T), salinidade (S), oxigênio dissolvido (OD), fosfato, silicato e nitrato<br />

em profundidades padrão entre 0 m e 5500 m, para períodos anual, sazonal e mensal.<br />

Os dados possuem uma resolução horizontal de 1°e são interpolados verticalmente<br />

para 33 níveis (0, 10, 20, 30, 50, 75, 100, 125, 150, 200, 250, 300, 400, 500, 600, 700,<br />

800, 900, 1000, 1100, 1200, 1300, 1400, 1500, 1750, 2000, 2500, 3000, 3500, 4000,<br />

4500, 5000, 5500 m).<br />

22


3.10.2 Pilot Research Moored Array in the Tropical At-<br />

lantic (PIRATA)<br />

O projeto PIRATA foi desenvolvido para estudar as interações oceano-atmosfera<br />

no Atlântico Tropical que afetam a variabilidade climática em escalas sazonal, inter-<br />

anual e de longo período PIRATA (2011). Ele conta com a participação dos Estados<br />

Unidos, da França e do Brasil e a sua operacionalização é feita por meio de uma rede<br />

de observação in situ composta por um conjunto de 20 bóias fundeadas ao longo da<br />

bacia do Atlântico. Essas bóias dispõem de uma série de sensores em superfície que<br />

medem parâmetros atmosféricos (temperatura do ar, umidade relativa, precipitação,<br />

radiação solar) e sensores oceanográficos que medem temperatura e salinidade nas<br />

profundidades de: 1, 20, 40, 60, 80, 100, 120, 140, 180, 300 e 500 m. Os dados<br />

possuem uma resolução temporal máxima de 10 minutos. No presente trabalho,<br />

foram utilizados dados diários de temperatura das bóias situadas em: 4°N 23°W;<br />

0°N 23°W; 4°N 38°W; 0°N 35°W; 8°S 30°W; 14°S 32°W e 19°S 34°W ( tabela 3.3),<br />

no período de 2004-2009.<br />

3.10.3 Climatologia de profundidade de CM dos dados de<br />

perfiladores Argo<br />

A climatologia de profundidade da CM dos dados Argo (ARGO, 2011) foi obtida<br />

a partir de um conjunto de perfiladores (3000 ao total) que medem temperatura e<br />

salinidade do oceano da superfície até 2000 m. Ela inclui médias mensais de 5 anos<br />

de dados (2005 - 2009) e tem a profundidade da CM definida como a profundidade na<br />

qual a densidade aumenta, a partir de 10m, de um valor equivalente a uma queda de<br />

temperatura de 0,2°. Os dados são interpolados para uma grade de 1°(ARGO, 2011),<br />

com uma resolução horizontal de aproximadamente 3°(KOBLINSKY e SMITH,<br />

2001).<br />

3.10.4 Climatologia de Alvarenga/2010<br />

Essa climatologia foi desenvolvida pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra João Bosco<br />

Rodrigues Alvarenga, do Centro de Hidrografia da Marinha (CHM) , calculada a com<br />

o auxílio da GLobal Database of Hydrographic Profiles and Tools for Climatological<br />

Analysis(HydroBase2) 1 HYDROBASE2 (2011). Nela foram utilizados dados de<br />

diferentes bancos de dados oceanográficos 2 e sua massa de dados é composta por<br />

1 HydroBase é uma ferramenta para análise climatológica de propriedades oceanográficas, feita<br />

utilizando técnicas desenvolvidas por (LOZIER et al., 1995) de médias isopicnais<br />

2 1)National Oceanographic Data Center(NODC-NOAA/EUA);2)World Ocean Circulation Experiment<br />

- Data Information Unit(WOCE-DIU);e 3)Banco Nacional de Dados Oceanográficos<br />

(BN<strong>DO</strong>-DHN/Brasil)<br />

23


dados coletados com BT mecânico, Garrafas de Nansen, BT descartáveis, STD,<br />

CTD e Flutuadores ARGO. Os dados foram coletados no período entre 1921 e 2006,<br />

para a área compreendida entre latitudes 20°N e 55°S, e longitudes de 80°W e 10°W,<br />

e são compostos de perfis verticais de temperatura ou temperatura e salinidade. São<br />

cerca de 300000 perfis qualificados com base no recomendado pelo GTSPP (Global<br />

Temperature and Sanity Profile Program).<br />

24


Capítulo 4<br />

Resultados e Discussões<br />

Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados do presente trabalho.<br />

Tendo em vista que o estudo da dinâmica da CM foi realizado com base em resul-<br />

tados de simulações numéricas nas quais a parametrização utilizada foi a do modelo<br />

KPP, numa primeira etapa, buscou-se verificar se esta parametrização era a mais<br />

adequada para representar a dinâmica da METAREA-V. Desta forma, conforme<br />

descrito na metodologia, foram testadas 4 parametrizações de CM em simulações<br />

em baixa resolução (1 grau), dentre elas o KPP. Na segunda etapa, o padrão mé-<br />

dio da profundidade da CM simulada em alta resolução (Exp.1) foi avaliado, tendo<br />

como base de comparação dados climatológicos de profundidade de CM de duas<br />

climatologias disponíveis para a região. Na terceira etapa, a variabilidade da CM<br />

na METAREA-V simulada no Exp.1 foi analisada em diferentes escalas, com ênfase<br />

nos efeitos sinóticos e de mesoescala. Para tal, utilizou-se resultados de simulações<br />

numéricas com diferentes resoluções espaciais e diferentes forçantes atmosféricas<br />

(Exp.1, Exp.2 e Exp.3). Por último, foi analisada a resposta da profundidade da<br />

CM na METAREA-V às principais forçantes atmosféricas (vento e fluxos de calor),<br />

para as seguintes situações: 1-Ao longo do ciclo anual; 2-em face das variações em<br />

escala sinótica provocadas pela passagem de frentes frias ao sul do domínio; 3-na<br />

presença de processos físicos de mesoescala comuns na METAREA-V como o vórtice<br />

de São Tomé, os meandros das correntes de contorno oeste (CB e CNB) e da frente<br />

subtropical; e 4-durante a passagem de ondas de plataforma na região da plataforma<br />

ao sul de Cabo Frio.<br />

25


4.1 Comparação entre modelos de Camada de<br />

Mistura<br />

A comparação dos modelos foi dividida em duas etapas: a primeira foi voltada<br />

para a verificação da estabilidade de cada rodada, a partir da análise da evolução<br />

temporal de um conjunto de variáveis médias (Energia Cinética, T e S) extraídas<br />

dos resultados de cada experimento, para o domínio da METAREA-V. Essa etapa<br />

serviu para verificar o desempenho das simulações com diferentes modelos de CM,<br />

além de definir o período a partir do qual seriam tomadas as médias mensais para<br />

comparação com dados climatológicos (1990-2000). A segunda etapa consistiu na<br />

comparação das médias mensais calculadas para cada experimento com as clima-<br />

tologias mencionadas.<br />

4.1.1 Evolução temporal das variáveis médias na<br />

METAREA-V<br />

A Energia Cinética média na METAREA-V (figura 4.1) estabilizou-se rapida-<br />

mente para todas as simulações, a partir de 1982, com valores entre 3000 e 6500<br />

(J/m2). Observou-se que o experimento utilizando o modelo KT apresentou maiores<br />

valores médios de energia cinética. Contudo, esses valores não foram significativos,<br />

permanecendo em torno de 10% acima da média entre todas as simulações (tabela<br />

4.1).<br />

Figura 4.1: Evolução Temporal da EC média na METAREA para os experimentos em<br />

baixa resolução (1grau) com diferentes parametrizações de CM.<br />

26


Tabela 4.1: Evolução Temporal da EC média na METAREA-V(valores em J/m2)<br />

Modelo CM Mín Máx Média<br />

KPP 3306,1 6943,0 4256,9<br />

KT 3667,4 7333,7 4755,6<br />

PWP 3127,5 6703,2 4137,7<br />

MY 3172,0 6495,9 4058,2<br />

A Temperatura (T) média na METAREA-V de todas as simulações<br />

estabilizou-se a partir de 1992. Para os experimentos utilizando o KPP, PWP e<br />

MY, T estabilizou-se em torno de 4,3°C, cerca de 0,2°C mais fria que a condição<br />

inicial. Já o experimento com o KT apresentou T média em torno de 4,5°C ao<br />

final do período de simulação, sendo o experimento que menos variou em relação a<br />

condição inicial (4,5°C).<br />

A evolução temporal da Salinidade (S) média mostrou que todos os experimentos<br />

estabilizaram-se a partir de 1995, convergindo para valores entre 34,84 e 34,85. O<br />

experimento com o PWP apresentou valores ligeiramente inferiores ao final do ano<br />

de 2000, entretanto essa diferença permneceu inferior a 0,005, não sendo portanto<br />

significativa para esse resultado (figura 4.2).<br />

Figura 4.2: Evolução temporal de variáveis médias no domínio da METAREA-V,<br />

para os experimentos em (1 grau), com diferentes modelos de CM. (a) temperatura<br />

média, (b) salinidade média.<br />

O Diagrama TS médio da METAREA-V mostrou que, ao final do período<br />

simulado, todos os experimentos apresentaram-se estáveis quanto à densidade (figura<br />

4.3). Os experimentos com o KPP, PWP e MY tiveram pouca variação em densi-<br />

dade, em função da compensação dos efeitos da variação de T e S ao longo dessas<br />

simulações, resultando em uma evolução temporal da densidade ao longo de uma<br />

isopicnal (27,62 kg/m3). O experimento com o KT estabilizou-se em torno de 27,605<br />

kg/m3, sendo essa variação em densidade devida à variação em S ocorrida com essa<br />

27


parametrização que, diferentemente dos demais experimentos, não foi acompanhada<br />

por uma variação em T.<br />

Figura 4.3: Diagrama TS médio da METAREA-V<br />

Com relação à profundidade da CM média na METAREA-V, observou-se que<br />

o experimento utilizando a parametrização do PWP foi o que apresentou a CM mais<br />

profunda. Os demais experimento mantiveram valores próximos entre si, sendo que a<br />

simulação com o modelo MY apresentou as profundidades mais rasas e, a simulação<br />

com o KT, a maior variabilidade em alta-frequência (ruido) ao longo do tempo<br />

(figura 4.4). Verificou-se ainda que os experimentos com modelos de Camada (KT<br />

e PWP) calcularam profundidades de CM maiores que os modelos de Fechamento<br />

turbulento (KPP e MY) (tabela 4.2). Tal fato indica que este é um fator importante<br />

a ser considerado na escolha da parametrização a ser utilizada para representar a<br />

CM na região. Essa diferença também foi observada na análise realizada para todo<br />

o domínio de modelagem (Atlântico), conforme apresentado no APÊNDICE-A.<br />

Tabela 4.2: Profundidade da CM média na METAREA-V(valores em metros)<br />

Modelo CM Mín Máx Média<br />

KPP 19,41 69,19 39,48<br />

MY 16,26 63,10 34,60<br />

KT 23,11 82,37 42,79<br />

PWP 36,91 102,84 58,49<br />

28


Figura 4.4: Evolução Temporal da profundidade da CM média na METAREA-V.<br />

Painel superior, período de 1980-2000, painel inferior, intervalo de 1990 à 1992, para<br />

fins de visualização.<br />

4.1.2 Comparação dos resultados simulados com diferentes<br />

modelos, com dados climatológicos<br />

Análise da profundidade de CM<br />

Em média, a profundidade da CM foi bem representada na região da METAREA-<br />

V independentemente da parametrização utilizada. Os resultados mostraram que<br />

a profundidade média mensal da CM simulada com as diferentes parametrizações<br />

representou bem a região da METAREA-V, com relação à climatologia dos dados de<br />

perfiladores Argo. A análise das médias mensais de profundidade da CM no domínio<br />

mostrou que os modelos com as parametrizações do KT e PWP superestimaram os<br />

dados climatológicos, ao passo que os experimentos com o KPP e MY subestimaram<br />

os mesmos na maioria dos meses, com exceção do mês de outubro (MY) e do período<br />

entre outubro e dezembro (KPP). Em valores absolutos, o KPP foi o experimento que<br />

apresentou as menores diferenças médias de profundidade de CM com relação aos<br />

dados do Argo, mostrando ser esta parametrização a mais adequada para representar<br />

a CM na região. Contudo, ressalta-se que houve pouca diferença entre os resultados<br />

do KPP e MY, tanto nos campos médios como nos diários (figura 4.5), o que indica<br />

que a opção pelo MY para representar a dinâmica da CM na região de estudo<br />

também se mostra adequada.<br />

29


Figura 4.5: Diferença entre a profundidade da CM média na METAREA-V dos experimentos<br />

em baixa resolução e a climatologia dos dados Argo.<br />

Com relação à representatividade espacial da CM climatológica, o experi-<br />

mento com o KPP foi o que melhor representou a profundidade média da CM, como<br />

mostrado para o mês de setembro (figura 4.6). Foram identificadas regiões onde,<br />

na maioria dos meses, os resultados das simulações superestimaram a CM do dado.<br />

A primeira foi ao sul da METAREA-V, principalmente a oeste próximo à região<br />

da confluência Brasil-Malvinas. A segunda, ao norte do domínio, entre 0°N e 5°N.<br />

Estas diferenças indicam de que os modelos tendem a superestimar as regiões de<br />

máximos e mínimos extremos. O PWP superestimou a CM climatológica na maio-<br />

ria dos casos (exceto para região central da METAREA-V, entre os meses de abril e<br />

agosto) como mostrado nos mapas de diferença para o mês de setembro (figura 4.6).<br />

30


Figura 4.6: Climatologia de profundidade de CM dos perfiladores Argo (a) e mapas de<br />

diferença entre a profundidade da CM dos experimentos em baixa resolução (1 grau) e a<br />

referida climatologia (b),(c),(d) e (e), para o mês de setembro.<br />

Por último, como forma de comparar os resultados dos experimentos para<br />

resultados instantâneos, foi realizada a análise dos campos diários de profundidade<br />

31


de CM das simulações. A mesma mostrou que os MC apresentaram um campo bem<br />

mais ruidoso que os MFT (figura 4.7). Essa característica foi verificada durante<br />

todo o período, com as maiores variações nos campos dos MC verificadas nos meses<br />

de inverno, onde a CM é mais profunda. Tal fato constitui mais uma indicação de<br />

que os MFT são mais adequados para simular a dinâmica CM na METAREA-V.<br />

Figura 4.7: Seções meridionais em 25°W da profundidade da CM dos experimentos baixa<br />

resolução (1 grau) utilizando diferentes parametrizações de CM para o dia 30SET2000.<br />

Figura 4.8: Seções meridionais em 25°W da profundidade da CM média mensal para o<br />

mês de setembro para a climatologia do Argo e para os 4 experimentos utilizando diferentes<br />

parametrizações de CM.<br />

32


Análise da TSM<br />

Todos os experimentos representaram adequadamente a estrutura térmica super-<br />

ficial (TSM) quando comparada com a climatologia do WOA-2005. Feições como o<br />

gradiente térmico da frente subtropical, a CB, o Giro subtropical do Atlântico Sul e a<br />

região equatorial foram bem caracterizadas nas quatro parametrizações. Observou-<br />

se em todas as simulações que a TSM superestimou os dados do WOA-2005 na<br />

maior parte do domínio e na maioria dos meses. Contudo, considerando-se a média<br />

no domínio, essas diferenças mantiveram-se inferiores a 1°C. À oeste do domínio, ao<br />

sul de 30°S, a TSM simulada subestimou a climatologia com diferenças superiores<br />

a 4°C para os modelos KT e PWP. Este último foi o experimento que apresentou<br />

as maiores diferenças em relação ao WOA-2005, com valores entre -4,4°C e 3,3 °C<br />

(figura4.9).<br />

Figura 4.9: Diferença entre a TSM média mensal na METAREA-V dos experimentos em<br />

1 grau e a climatologia do WOA-2005. As linhas pontilhadas indicam os maiores valores de<br />

diferença positivas e negativas encontrados em cada mês, onde se observa que os modelos<br />

KPP e KT mantém as menores diferenças média ao longo do ano.<br />

No final do verão, a TSM dos experimentos com o KPP, KT e MY apresenta-<br />

ram resultados muito próximos entre si, enquanto a parametrização com o o PWP<br />

apresentou diferenças superiores a 2°C em relação à climatologia ao sul de 20°S<br />

e foi o único que subestimou os dados do WOA-2005 na região equatorial (figura<br />

4.10). Ao final do inverno, observou-se que o KT apresentou menores diferenças<br />

na região central da METAREA-V, os experimentos com o KPP e MY tiveram um<br />

desempenho muito semelhante e o PWP manteve-se com as maiores diferenças (su-<br />

periores a 2°C) em relação à climatologia. Considerando-se portanto o domínio como<br />

um todo, observou-se que a TSM média na METAREA-V simulada pelos modelos<br />

KPP, MY e KT apresentaram os melhores resultados. Os modelos e fechamento de<br />

turbulência (KPP e MY) apresentaram melhores desempenhos ao longo de todos<br />

33


os meses, indicando que a a escolha desse tipo de parametrização é melhor para<br />

representar a CM na região de estudo.<br />

Figura 4.10: Climatologia de TSM do WOA-2005 (a) e mapas de diferença entre a TSM<br />

dos experimentos em baixa resolução (1 grau) e a referida climatologia: (b),(c),(d) e (e),<br />

para o mês de março.<br />

34


Figura 4.11: Climatologia de TSM do WOA-2005 (a) e mapas de diferença entre a TSM<br />

dos experimentos em baixa resolução (1 grau) e a referida climatologia: (b),(c),(d) e (e),<br />

para o mês de setembro.<br />

35


Análise da Salinidade em Superfície<br />

De uma maneira geral, os experimentos representaram bem o padrão salino médio<br />

do oceano superior da região da METAREA-V, quando comparados com a clima-<br />

tologia (WOA-2005). Regiões com valores máximos de salinidade em superfície (SS)<br />

como a CB e a próximo ao giro subtropical do Atlântico sul na região central da<br />

METAREA-V foram bem caracterizadas nos quatro experimentos analisados. Da<br />

mesma forma, os mínimos em SS encontrados junto às descargas dos rios Amazonas<br />

e Rio da Prata nos dados climatológicos também foram encontrados em todas as<br />

simulações, conforme mostrado nos mapas para o mês de março (figura 4.12). Tal<br />

fato mostra que, para a salinidade em superfície, a mudança do modelo de CM não<br />

alterou significativamente os resultados.<br />

Para o final do verão (março), as maiores diferenças entre os modelos e a<br />

climatologia foram encontradas nas descargas dos rio Amazonas e do rio da Prata.<br />

No primeiro caso, os modelos superestimaram a salinidade climatológica, no segundo<br />

subestimaram a mesma. A SS simulada na região equatorial superestimou os dados<br />

em todos os experimentos, indicando uma possível diferença no balanço evaporação-<br />

precipitação entre modelos e dados (figura 4.12). Ainda na mesma figura, ao sul do<br />

domínio, observou-se a faixa estendo-se para sudeste a partir de 25 °S e 30 °S, fora<br />

da plataforma continental, onde os modelos superestimaram a SS.<br />

Para o final do inverno (setembro), observou-se que os modelos superesti-<br />

maram a SS ao norte do equador (principalmente na retroflexão da CNB); na região<br />

em torno da latitude 25°S; nas áreas próximas à foz dos Amazonas e do Rio da Prata<br />

e junto a costa ao sul 25°S. A SS foi subestimada na região tropical; próximo a frente<br />

subtropical e na região da CB ao sul de 25°S. A menor salinidade encontrada na CB<br />

é consequência da água tropical, que também foi subestimada em relação ao dado.<br />

Da mesma forma, a região costeira mais salina ao sul de 25°S é consequência do<br />

transporte para o norte de água da foz do Rio da Prata, que nas simulações para<br />

essa época superaram os valores climatológicos.<br />

36


Figura 4.12: Climatologia de SS do WOA-2005 (a) e mapas de diferença entre a SS dos<br />

experimentos em baixa resolução (1 grau) e a referida climatologia: (b),(c),(d) e (e), para<br />

o mês de março.<br />

37


4.2 Estudo do padrão médio da CM simulada em<br />

alta resolução espacial<br />

Uma vez verificada que a implementação da parametrização do KPP é adequada<br />

para a região da METAREA-V, prosseguiu-se com o estudo da dinâmica da CM<br />

a partir do resultado de um experimento sinótico aninhado em alta resolução es-<br />

pacial (1/12°- Exp.1) desenvolvido pelo grupo REMO-<strong>UFRJ</strong>. Para avaliar a repre-<br />

sentatividade do padrão médio da profundidade da CM simulada no Exp.1, foram<br />

comparados campos médios mensais e sazonais de profundidade da CM com duas<br />

climatologias obtidas para a região, uma a partir de dados dos perfiladores Argo e a<br />

outra desenvolvida pelo Capitão-de-Mar-Guerra João Bosco Rodrigues Alvarenga,<br />

do CHM (Comunicação Pessoal). Os resultados mostraram que, em ambas com-<br />

parações, o modelo representou bem o padrão médio da profundidade da CM para<br />

a região, apresentando a variação sazonal bem caracterizada com o aprofundamento<br />

da CM durante o outono/inverno e a transição para profundidade menores durante<br />

a primavera/verão. Além disso, para cada estação, as regiões onde as climatologias<br />

apresentaram os máximos e mínimos de profundidade da CM também foram repre-<br />

sentadas na simulação do Exp.1 (figura 4.13), mostrando que o modelo fornece uma<br />

boa caracterização do padrão médio da região. As maiores diferenças registradas<br />

entre a profundidade da CM simulada e as climatologias ocorreram no segundo<br />

semestre, entre junho e novembro e, considerando-se a média no domínio, notou-se<br />

que os resultados simulados estiveram mais próximos aos dados da climatologia do<br />

Argo (4.14).<br />

As principais diferenças identificadas na comparação dos resultados do Exp.1<br />

com a climatologia de profundidade de CM dos perfiladores Argo, foram: no verão<br />

a profundidade da CM simulada superestimou os dados do Argo em cerca de 5 met-<br />

ros na região próxima à frente subtropical (ao sul de 30°S) e por volta de 10-15<br />

metros na região equatorial ao norte de 2°N (figura 4.13 c e d). Essas regiões foram<br />

as que apresentam os valores mínimos e máximos, respectivamente, de profundidade<br />

de CM para essa época do ano, indicando que, embora a representação do padrão<br />

médio no domínio esteja boa, os valores extremos tendem a ser superestimados pelo<br />

Exp.1. Na região central da METAREA-V, a profundidade da CM simulada subes-<br />

timou a climatologia em cerca de 5 metros junto à costa e até 15 metros no oceano.<br />

Um padrão semelhante foi observado nos meses de outono, com diferenças de 10-15<br />

metros ao sul da METAREA-V e 5-10 metros ao norte de 2°N. No inverno ocor-<br />

reram as maiores diferenças entre o Exp.1 e da climatologia. Ao sul do domínio, o<br />

modelo superestimou os dados entre 10-20 metros e na região equatorial entre 0-10<br />

m. Porém, ao norte de 2°N e a oeste de 25°W, a CM simulada subestimou a clima-<br />

tologia entre 0-10 metros. Na primavera, a profundidade da CM média simulada<br />

38


superestimou os dados climatológicos em praticamente todo o domínio, com difer-<br />

enças variando entre 0-20 metros. Tal fato está relacionado ao período de transição<br />

entre uma CM profunda típica do final do inverno para uma rasa característica do<br />

verão, que no Exp.1 ocorreu de forma mais lenta que na climatologia.É oportuno<br />

destacar a diferença entre as resoluções dos resultados do HYCOM (1/12°) e dos<br />

dados Argo, aproximadamente 3°(KOBLINSKY e SMITH, 2001), fazendo com que<br />

este último apresentasse um campo mais suavizado. Além disso, ressalta-se que na<br />

região da plataforma continental não foi possível comparar os resultados com os<br />

dados do Argo devido ao fato de não haver dados dos perfiladores sobre a mesma.<br />

Para essa região, utilizou-se como base os dados da climatologia de ALVARENGA<br />

(2010).<br />

A comparação com a climatologia desenvolvida por ALVARENGA (2010)<br />

(figura 4.13 e e f ) mostrou que a CM simulada subestimou os dados climatológicos<br />

na maior parte do domínio. As diferenças mais significativas ocorreram no inverno,<br />

onde foram encontradas valores superiores a 40 metros nas regiões central e sul da<br />

METAREA-V. Nas demais estações do ano tais diferenças raramente superaram 20<br />

metros, sendo os meses de verão e outono os que apresentaram menores valores. Com<br />

relação às regiões onde a profundidade da CM simulada foi superior à climatologia,<br />

destacam-se: a região da plataforma continental ao sul de 25°S, que apresentou<br />

diferenças de até 15 metros no inverno/primavera. A região equatorial entre 45°W<br />

e 50°W, que foi onde o modelo apresentou as maiores diferenças (superestimou) os<br />

dados climatológicos, com valores de até 30 metros.<br />

Por último, analisou-se a evolução temporal das médias mensais da profundi-<br />

dade da CM para toda a região da METAREA-V, a fim de comparar o ciclo anual<br />

da profundidade da CM simulada com os dados no climatológicos no domínio de<br />

interesse. Os resultados mostraram que o ciclo anual foi bem caracterizado, apre-<br />

sentando os aprofundamento da CM no inverno do hemisfério sul, com máximos<br />

entre agosto e setembro, e mínimos de dezembro a março, em concordância com as<br />

climatologias. A comparação com os dados Argo repetiu a característica observada<br />

nos mapas da figura mostrando a transição da profundidade da CM nos meses de<br />

setembro a dezembro ocorrendo de forma mais rápida nos dados climatológicos que<br />

na simulação. Com relação à climatologia desenvolvida por (ALVARENGA, 2010),<br />

verificou-se que a profundidade da CM média na METAREA-V simulada subesti-<br />

mou a climatologia ao longo de todo o ano, com diferenças atingindo 30m durante<br />

o inverno e primavera e inferiores a 10m no verão e no outono (figura 4.14).<br />

39


Figura 4.13: Profundidade da CM dos resultados do Exp.1 (a) e (b), da climatologia dos<br />

perfiladores Argo (c) e (d) e da climatologia desenvolvida por (ALVARENGA, 2010) (e)<br />

e (f), média sazonal para os meses de verão (esquerda) e de inverno (direita). Escala em<br />

metros<br />

Figura 4.14: Evolução temporal da profundidade da CM (média mensal para o domínio da<br />

METAREA-V) dos resultados do Exp.1 e das climatologias do Argo e de ALVARENGA.<br />

40


4.3 Estudo da variabilidade da profundidade da<br />

CM<br />

O estudo da variabilidade da profundidade da CM e a caracterização dos efeitos<br />

sinóticos e de mesoescala na dinâmica da mesma realizaram-se com base nos resul-<br />

tados do experimento em alta resolução espacial com forçante sinótica (Exp.1). Este<br />

foi comparado com: dados de temperatura e profundidade da CM das bóias do pro-<br />

jeto PIRATA, resultados do experimento em média resolução espacial (1/4 °) com<br />

forçantes sinóticas (Exp.2) e resultados do experimento em alta resolução espacial<br />

(1/12 °) com forçantes climatológicas (Exp.3). As configurações dos experimentos<br />

bem como o filtro empregado para separar as escalas de interesse foram descritas no<br />

capítulo 3.<br />

A comparação dos campos de temperatura mostrou que, nos níveis inferiores<br />

a 100m, os valores de temperatura encontrados nos resultados do modelo e nos<br />

dados da PIRATA estiveram próximos (figura 4.15). Acima de 100m, o modelo<br />

apresentou valores menores que as bóias, com diferenças de até 2°C (figura 4.15<br />

(C),(D),(E) e (F)). Com relação a profundidade da CM, observou-se que na maioria<br />

dos casos analisados, os valores obtidos na simulação no Exp.1 subestimaram a CM<br />

calculada a partir dos dados de temperatura das bóias PIRATA, com diferenças<br />

máximas em torno de 30m. Notou-se ainda que, em algumas regiões, durante o<br />

período de afundamento da CM (outono/inverno), a CM das bóias, calculada com<br />

um critério de diferença de temperatura de 0,2 °C, apresentou uma variabilidade<br />

não representada pelo modelo. Contudo, uma pequena variação no critério mostrou<br />

que tais feições deixavam de existir, o que indica que a referida feição pode estar<br />

mais associada ao método de diagnóstico da CM empregado.<br />

A despeito das diferenças citadas no parágrafo anterior, observou-se que o modelo<br />

foi capaz de representar a variabilidade da CM nas diversas escalas encontradas nos<br />

dados. Foi identificada a variabilidade em escala sinótica (figura 4.15 A e B), em<br />

mesoescala característica da correntes de contorno oeste (figura 4.15 E e F), além<br />

dos ciclos anual e interanual (figura 4.17).<br />

41


Figura 4.15: Evolução temporal da temperatura das bóias PIRATA (A,C e E) e do Exp.1<br />

do HYCOM (B, D e F), nos pontos 0N35W (A e B), 8s30W (C e D) e 4N38W (E e F),<br />

para o ano de 2008. No painel superior (A e B), vemos a variabilidade na escala sinótica,<br />

caracterizada pelas perturbações em alta frequência presentes nos gráficos. No painel<br />

central (C e D), temos a região na qual a variabilidade em escala sinótica é menor em<br />

comparação com os extremos norte e sul da METAREA-V. Por último, no painel inferior<br />

(E e F), destaca-se a variabilidade em mesoescala, com o afundamento e elevação das<br />

isotermas decorrentes dos meandramentos e vórtices da CNB.<br />

42


Figura 4.16: Evolução temporal da profundidade da CM do Exp.1 e da bóia PIRATA no<br />

localizada em 19S34W, para o ano de 2009.<br />

4.3.1 Estudo da variabilidade da profundidade da CM de-<br />

vida aos efeitos sinóticos e de mesoescala<br />

Verificou-se que a variabilidade da CM em escala sinótica foi mais intensa na<br />

porção sul da METAREA-V, atingindo valores superiores a 50 metros em poucos dias<br />

(figura 4.17) ao sul de 30°S. Ao norte 15°°S, esses valores atingiram máximos entre<br />

10 e 20 metros, aproximadamente (figura 4.18). Os maiores valores de variabilidade<br />

nessa escala foram registrados principalmente nos meses de primavera e verão. Nesse<br />

período, a CM encontra-se mais rasa e mais sujeita a variações de espessura devido<br />

a um acréscimo/redução de energia do vento ou dos fluxos de calor e massa em<br />

superfície. Nos meses de outono e inverno verificou-se o processo inverso, ou seja,<br />

o aumento da profundidade da CM aumentou a inércia térmica e mecânica a ser<br />

vencida para provocar variações na espessura da CM, tornando-a menos sujeita a<br />

variações em função do efeito sinótico.<br />

A variabilidade em mesoescala apresentou valores mais significativos ao sul<br />

da METAREA-V (ao sul de 30°S) devido a proximidade da Confluência Brasil-<br />

Malvinas, na região equatorial junto a retroflexão da Corrente Norte do Brasil e<br />

da Contra Corrente Norte Equatorial (figura 4.18). Nestas regiões, valores de até<br />

40-60 metros de variação de espessura da CM foram simulados. Localmente porém,<br />

os efeitos de mesoescala foram importantes na região da CNB e próximo à CB, as-<br />

sociados ao meandramento e formação de vórtices observados em Cabo Frio e Cabo<br />

de São Tomé. A região central da METAREA-V entre 5 °S e 15 °S, apresentou<br />

os menores valores de variabilidade da profundidade da CM em mar aberto (inferi-<br />

ores a 10 m), mostrando que variações devidas ao efeito sinótico ou à processos de<br />

mesoescala não foram significativas para a região. Tal fato se mostra coerente com<br />

a dinâmica atmosférica que é dominada pela alta subtropical do Atlântico Sul e com<br />

43


a literatura sobre a circulação oceânica da região (STRAMMA e SCHOTT, 1999).<br />

Por último, convém destacar a variabilidade interanual observada dentro da<br />

escala sinótica, em função da frequência e intensidade das frentes e ciclones atmos-<br />

féricos. A análise das séries de profundidade da CM filtradas com filtro passa-alta<br />

evidenciou essa característica, apresentando anos com mais variabilidade que outros<br />

(figura 4.17).<br />

Figura 4.17: Evolução temporal da profundidade da CM do Exp.1 no ponto 35S45W,<br />

filtrada com filtro passa-alta, mostrando períodos frequentes nos quais a variabilidade<br />

superou 50 m.<br />

44


Figura 4.18: Variabilidade da Profundidade da CM dos resultados do Exp1 (a), Exp.2<br />

(b) e Exp.3 (c), filtrados com filtro passa-alta preservando a escalas temporais menores<br />

que 90 dias (escala em metros).<br />

45


4.3.2 Variabilidade nas escalas sazonal e interanual<br />

A variabilidade da profundidade de CM em baixa frequência foi dominada pelos<br />

ciclos anual e semianual. Tal fato pode ser comprovado por meio da análise espectral<br />

das séries temporais de profundidade da CM, que apresentaram picos espectrais<br />

em 365 dias e 180 dias, sendo o primeiro mais significativo (figura 4.19). Foram<br />

encontrados valores máximos de profundidade da CM em torno de 300m e desvio-<br />

padrão em torno de 50m, ambos ao sul da METAREA-V (figura 4.20). Esses valores<br />

diminuíram significativamente em direção ao equador para máximos de profundidade<br />

em torno de 60-100m e desvio-padrão de 10-20m. O ciclo semianual esteve presente<br />

em todo o domínio, com sinal mais intenso ao norte de 15°S.<br />

A variabilidade interanual da profundidade da CM foi observada de forma<br />

mais significativa principalmente durante o afundamento da CM ao final do inverno,<br />

especialmente nas latitudes mais altas. Foram encontradas diferenças de até 30m<br />

entre anos consecutivos (figura 4.21) e observou-se que o inverno de 2006 apresentou<br />

uma anomalia na profundidade de CM média no domínio superior aos demais anos<br />

(aproximadamente 3m).<br />

Figura 4.19: Análise espectral de séries temporais de profundidade da CM do Exp.1,<br />

no período de 2004-2009, extraída de 9 pontos ao longo da longitude 30°W. Destaca-se o<br />

domínio do ciclo anual e semianual na CM.<br />

46


Figura 4.20: Mapa de variabilidade (desvio-padrão) da Profundidade da CM dos resultados<br />

do Exp1 (a), Exp.2 (b) e Exp.3 (c), em baixa frequência (filtrados com filtro<br />

passa-baixa), escala em metros.<br />

47


Figura 4.21: Evolução temporal da profundidade da CM do Exp.1 no ponto 19S34W, para<br />

o período de 2007 a 2009. A linha em vermelho destaca o ciclo anual e o ciclo interanual<br />

da CM, este último apresenta diferença de 20m nos máximos de inverno dos anos de 2007<br />

e 2008.<br />

4.4 Resposta da CM aos diferentes processos físi-<br />

cos presentes na METAREA-V<br />

Um estudo de caso da resposta da CM às principais forçantes atmosféricas, em<br />

situações específicas como a passagem de um sistema frontal, ou na presença de me-<br />

andros e vórtices (mesoescala), ou ainda durante a passagem de onda de plataforma,<br />

é apresentado com base nos resultados do Exp.1, para os anos de 2007 e 2008. Foram<br />

analisados campos de profundidade da CM, elevação da superície do mar,tensão de<br />

cisalhamento do vento, fluxos de calor e temperaruta da superfície do mar para<br />

diferentes períodos do ano.<br />

Os resultados mostraram que, no período de verão, houve uma boa correlação<br />

entre a tensão de cisalhamento do vento, os fluxos de calor e a variação da profun-<br />

didade da CM, especialmente durante a passagem de sistemas frontais, conforme<br />

ilustrado na figura 4.22, que apresenta a passagem de uma frente fria na regiões<br />

sudeste do Brasil. Essa rápida resposta da CM no verão se deve ao fato de que a<br />

CM está mais rasa nessa época e portanto há uma menor inércia térmica e mecânica<br />

a ser vencida para alterar as propriedades da mesma. Assim, os efeitos nas profun-<br />

didades da CM de fenômenos atmosféricos em escala sinótica como a passagem de<br />

uma frente fria foram mais evidentes. Nesse caso, com o aprofundamento em re-<br />

sposta ao aumento da tensão de cisalhamento do vento e do balanço dos fluxos de<br />

calor em superfície. Tal fato indica que, embora o ciclo sazonal domine a dinâmica,<br />

fenômenos atmosféricos em escala sinótica, são capazes de modificar rapidamente a<br />

profundidade da CM.<br />

Nos meses de inverno a resposta da CM à forçante sinótica não foi tão clara.<br />

48


Neste período do ano, em geral, a profundidade da CM variou de forma lenta e<br />

gradual, dominada pelo resfriamento em superfície devido ao ciclo sazonal (figura<br />

4.23). Essa dinâmica pode ser explicada pelo fato de que, conforme a espessura<br />

da CM aumenta, torna-se necessário uma quantidade maior de energia para vencer<br />

a estratificação na base da camada e variar sua profundidade. Assim, embora as<br />

frentes frias sejam mais frequentes na METAREA-V durante o inverno, essas não<br />

foram suficientes para aprofundar significativamente a CM. Contudo, quando con-<br />

sideramos a transição de uma CM profunda para uma rasa, verificou-se que em<br />

alguns casos, mesmo no inverno, houve uma redução significativa da profundidade<br />

CM, de até 50 a 100m, num período de poucos dias. Essa foi observada nos perío-<br />

dos que antecederam a passagem de sistemas frontais, quando os fluxos de calor<br />

e a tensão de cisalhamento do vento estiveram menos intensos, contribuindo para<br />

a formação de um gradiente térmico junto à superfície. Este gradiente limitou a<br />

nova CM a valores bem inferiores aos típicos de inverno. Esse processo persistiu<br />

por pouco tempo, cerca de um ou dois dias, de forma que a CM voltou rapidamente<br />

para os valores de inverno.<br />

Constata-se portanto que a resposta da CM dependem da intensidade das<br />

variações das dessas forçantes e também de uma condição prévia da CM. No verão,<br />

com a CM mais rasa, verificou-se uma forte correlação entre a profundidade da CM<br />

e a tensão de cisalhamento do vento. No inverno porém, com a CM mais profunda,<br />

houve um domínio dos fluxos nas variações da profundidade da CM, em concordância<br />

com estudos anteriores (KRAUS e TURNER, 1967).<br />

49


Figura 4.22: Mapa da profundidade da CM (A), Tensão de cisalhamento do vento (B)<br />

e fluxo de calor (C) dos resultados do Exp.1 para os dias 5 a 9/jan/2007. Destaca-se a<br />

importância do efeito sinótico associado à passagem de uma frente fria, com a resposta da<br />

CM às variações de tensão de cisalhamento do vento e dos fluxos de calor a medida que a<br />

frente fria avança em direção NE.<br />

50


Figura 4.23: Mapa da profundidade da CM (A), Tensão de cisalhamento do vento (B)<br />

e fluxo de calor (C) dos resultados do Exp.1 para os dias 18 a 23/jul/2007. Nota-se que<br />

o aumento da tensão de cisalhamento do vento não influenciou de maneira significativa<br />

a profundidade da CM. Todavia, esta apresentou uma grande correlação com fluxos de<br />

calor, relacionados ao resfriamento da superfície decorrente do ciclo sazonal.<br />

51


Os processos de mesoescala estiveram presentes em todo a METAREA-V e<br />

seus efeitos na dinâmica da CM foram melhor observados na presença dos vórtices<br />

oceânicos. Em geral, verificou-se que em regiões sob influência de vórtices quentes<br />

houve um aumento na CM em cerca de 10-20m, influenciado pelo afundamento das<br />

isotermas no interior dos mesmos, empurrando os gradientes térmicos para níveis<br />

mais profundos que as regiões externas ao vórtice. No estudo de caso apresentado,<br />

na figura (4.24), observa-se o deslocamento de um vórtice quente pela região da<br />

METAREA-V em 27°S, entre 09/JUN/08 e 11/AGO/08, ocasionando um afunda-<br />

mento da CM em cerca de 20m na seção considerada. Da mesma forma, foi analisada<br />

a evolução de um vórtice frio na região do Cabo Frio, entre 1/SET/08 e 6/OUT/08,<br />

sendo observada uma redução na profundidade em cerca de 30m durante a passagem<br />

do vórtice (figura 4.25). Tal fato é explicado pela elevação das isotermas no interior<br />

do vórtice, criando um gradiente térmico próximo a superfície, que formou uma CM<br />

mais em geral rasa que nas regiões adjacentes. Convém ressaltar que a presença<br />

de fenômenos em escala sinótica como sistemas frontais na região sudeste do Brasil<br />

foram capazes de exercer influência superior a dos processos de mesoescala. Tal fato<br />

foi observado principalmente durante o avanço de frentes frias na METAREA-V,<br />

quando ocorreram reduções significativas na profundidade da CM, em torno de 50-<br />

80m na região pré-frontal, dominando a dinâmica da região. Contudo, esse processo<br />

teve uma duração curta, um ou dois dias e, após a passagem do sistema, o sinal de<br />

mesoescala voltou a ser observado nos campos de profundidade da CM, como visto<br />

na figura 4.25, para o dia 4/OUT/08.<br />

Na região da plataforma continental foi identificada uma relação entre a<br />

passagem de ondas confinadas costeiras e a variação da profundidade da CM. Nas<br />

ondas com cristas maiores, observou-se uma subsidência com a fundamento das<br />

isotermas e o aumento da profundidade da CM. Em muitos casos esse processo<br />

ocasionou uma mistura suficiente para homogenizar toda a coluna d’água. A relação<br />

entre a passagem da onda e o afundamento da CM foi proporcional à altura das<br />

ondas, de forma que a medida que as observações se afastaram da costa, as cristas<br />

das ondas de plataforma diminuíram e a variação na profundidade da CM também<br />

foi menor (figura 4.26). Esse processo foi mais comum nos meses de outono/inverno<br />

onde a passagem de ondas de plataforma foi mais frequênte (figura 4.27).<br />

52


Figura 4.24: Mapas de SSH (A), Profundidade da CM (B) e Seção zonal de profundidade<br />

da CM em 26°S (C),dos resultados do Exp.1 para SET e OUT/2008. Observa-se o efeito de<br />

mesoescala com o aumento da profundidade da CM por ocasião da passagem dos vórtices<br />

quantes pela seção selecionada e também que o efeito sinótico domina a dinâmica da CM<br />

por ocasião da passagem das frentes frias.<br />

53


Figura 4.25: Mapas de SSH (A), Profundidade da CM (B) e Seção zonal de profundidade<br />

da CM em 26°S (C),dos resultados do Exp.1 para SET e OUT/2008. Nota-se o efeito de<br />

mesoescala com redução da profundidade da CM por ocasião da passagem dos vórtices<br />

frios pela seção selecionada.<br />

54


Figura 4.26: Evolução temporal da elevação da superfície do mar (a e b) e profundidade<br />

da CM (c e d) extraídos dos resultados do HYCOM em alta resolução, com forçantes<br />

atmosféricas sinóticas em superfície (Exp.1), para dois pontos da plataforma continental.<br />

O primeiro ponto 26S48W (esquerda) e o segundo em 26S47W (direita), para o período<br />

de 09/04/08 a 20/04/08. Observa-se que no ponto onde a crista da onda de plataforma é<br />

maior, a profundidade da CM apresenta uma variação igualmente maior.<br />

Figura 4.27: Evolução temporal da temperatura, SSH e PCM (Exp1) no ponto:34S52W<br />

sob a Plataforma) para o ano de 2008. Pode-se observar a homogenização da temperatura<br />

nos diversos níveis e o afundamento da camada após a passagem de ondas de plataforma<br />

55


Capítulo 5<br />

Sumário e Conclusões<br />

No presente trabalho, a dinâmica da Camada de Mistura (CM) na METAREA-V<br />

foi estudada a partir de resultados de simulações numéricas com o modelo HYCOM,<br />

com diferentes resoluções espaciais e forçantes atmosféricas em superfície. Para tal,<br />

num primeiro momento, foram analisados quatro modelos de CM do HYCOM: K-<br />

Profile Parameterization (KPP), Kraus-Turner (KT), Price-Weller-Pinkel (PWP) e<br />

Mellor-Yamada (MY) a fim de identificar as melhores parametrizações para repre-<br />

sentar a dinâmica da CM na região. A comparação mostrou que os campos diários<br />

dos modelos de fechamento de turbulência (KPP e MY), estiveram bem mais es-<br />

táveis que os dos modelos de camada (KT e PWP), que apresentaram campos diários<br />

muito ruidosos. Nos campos médios, os experimentos utilizando KPP, KT e MY<br />

apresentaram resultados mais próximos em relação à climatologia de profundidade<br />

de CM dos perfiladores Argo. O experimento com o PWP superestimou os dados cli-<br />

matológicos em praticamente todo o domínio, atingindo, em alguns meses, diferenças<br />

superiores a 160m, observadas ao sul do domínio. Nos demais experimentos, essas<br />

diferenças mantiveram-se inferiores a 80m no inverno. Destaca-se ainda a semel-<br />

hança no desempenho dos MFT, fato observado tanto nos campos médios quanto<br />

nos diários. Tais modelos apresentaram menores diferenças médias em relação aos<br />

dados climatológicos, sugerindo serem os mais indicado para representar a dinâmica<br />

da CM na METAREA-V.<br />

Em seguida, avaliou-se confiabilidade do modelo para representar a dinâmica<br />

da CM na METAREA-V por meio da comparação de resultados de uma simulação<br />

numérica em alta resolução espacial (1/12°), com forçantes sinóticas, sem assimilação<br />

(Exp.1), com dados diários de bóias PIRATA e dados climatológicos de profundidade<br />

da CM obtidos dos perfiladores Argo e do Centro de Hidrografia da Marinha (AL-<br />

VARENGA, 2010). Observou-se que o modelo representou corretamente a dinâmica<br />

da CM na região, com uma boa caracterização do ciclo sazonal em todo o domínio.<br />

Ao sul do domínio, foram registrados valores de profundidade de CM de 150-200m,<br />

eventualmente atingindo picos de até 300m, durante o inverno, reduzindo signi-<br />

56


ficativamente para 20-40m durante o verão. Na região equatorial esses valores se<br />

mantiveram em torno de 60-80m no inverno e 10-30m no verão.<br />

Na terceira etapa, a variabilidade da CM em diferentes escalas temporais e<br />

espaciais foi analisada a partir dos resultados de 3 simulações, sendo duas em alta<br />

resolução com diferentes forçantes atmosféricas (uma sinótica e outra climatológica)<br />

e uma terceira em média resolução com forçante sinótica. Os resultados foram fil-<br />

trados de forma a separar as séries em duas escalas distintas: uma que abrangeu as<br />

variações devidas a efeitos sinóticos, bem como aquelas associadas a processos de<br />

mesoescala e outra que englobou as variações sazonais, semianuais, anuais. Foram<br />

obtidos os desvios-padrão das séries como uma medida da variabilidade da profun-<br />

didade da CM para cada experimento.<br />

Em escala sinótica, a variabilidade da CM foi mais intensa na porção sul da<br />

METAREA-V, onde esta atingiu valores superiores a 50 metros em poucos dias,<br />

principalmente a partir do final da primavera e verão, quando a CM esteve mais<br />

rasa. Nesse período, a significativa variabilidade da CM foi favorecida pela menor<br />

inércia térmica e mecânica do oceano (menores profundidades), tornando a CM<br />

mais propensa a variações devidas a escala sinótica. A norte de 15°S, a variabili-<br />

dade sinótica atingiu valores máximos entre 10 e 20 metros, aproximadamente. A<br />

variabilidade em mesoescala mostrou-se mais significativa ao sul de 30S, com a prox-<br />

imidade da Confluência Brasil-Malvinas e na região equatorial, principalmente junto<br />

a retroflexão da Corrente Norte do Brasil. Nestas regiões, valores de até 40-60 met-<br />

ros de variação de espessura da CM foram simulados. Localmente, porém, efeitos<br />

de mesoescala foram importantes próximos a CB, associados ao meandramento e<br />

formação de vórtices observados em Cabo Frio e Cabo de São Tomé.<br />

Em escala sazonal, a variabilidade também foi mais intensa ao sul do domínio,<br />

com máximos de aproximadamente 120 metros, observados no final do inverno, re-<br />

duzindo gradativamente em direção ao equador para valores em torno de 40-50m.<br />

A variabilidade interanual foi significativa em toda a METAREA-V, sendo identifi-<br />

cada tanto no ciclo sazonal, com diferenças de profundidade de cerca de 20-30m entre<br />

anos consecutivos, principalmente verificadas ao final do inverno, quanto na escala<br />

sinótica, com variações de 15-20m em consequência da variabilidade na intensidade<br />

das frentes e ciclones atmosféricos.<br />

A analise da resposta da CM às principais forçantes em superfície (vento e<br />

fluxos de calor) mostrou que, no período do verão, a variação na tensão de cisa-<br />

lhamento do vento teve uma influência significativa na profundidade da CM, prin-<br />

cipalmente quando essas foram associadas aos fenômenos atmosféricos em escala<br />

sinóticas como as frentes frias. Nessas ocasiões, a pequena inércia térmica associada<br />

aos baixos valores de profundidade da CM típicos do verão contribuíram para a<br />

maior influência da tensão de cisalhamento do vento na dinâmica da CM. Durante<br />

57


o inverno, a maior inércia térmica, fez com que as mesmas variações na tensão do<br />

vento não fossem suficientes para alterar significativamente a profundidade da CM,<br />

tendo esta respondido principalmente ao resfriamento em superfície devido ao ciclo<br />

sazonal.<br />

Os efeitos relacionados com a mesoescala foram percebidos em toda a região<br />

da METAREA-V, sendo melhor caracterizados nas regiões sob influência de vórtices<br />

oceânicos. A presença desses vórtices fez com que a profundidade da CM variasse<br />

em torno entre 10-50m em relação ao seu entorno. No interior dos vórtices quentes<br />

houve aumento na profundidade da CM de cerca de 10-20m em relação a região<br />

do entorno, os vórtices frios provocaram uma reduziram a profundidade da CM em<br />

cerca de 10-50m, como observado nos vórtices do Cabo de São Tomé e do Cabo Frio.<br />

Verificou-se ainda que a presença de processos em escala sinótica, como sistemas<br />

frontais, mascarou o sinal da mesoescala na CM. Tal fato foi bem caracterizado<br />

durante o avanço de frentes frias no sudoeste da METAREA-V. Nessas ocasiões,<br />

foram observadas reduções significativas na profundidade da CM na região adiante<br />

das frentes frias, sendo esse efeito dominante até a passagem do sistema, quando o<br />

sinal de mesoescala voltou a ser observado na CM.<br />

Na região da plataforma verificou-se que durante a passagem de ondas con-<br />

finadas costeiras, especialmente aquelas com cristas mais elevadas, foi observado<br />

um aumento na profundidade da CM, que em muitos casos foi suficiente para ho-<br />

mogenizar a coluna d’água. A variação na profundidade da CM foi diretamente<br />

relacionada ao tamanho da crista das ondas, sendo maior junto a costa, diminuindo<br />

gradativamente em direção à regiões mais profundas.<br />

58


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pp. 7305–7316.<br />

STRAMMA, L., 1999, “On the water masses and mean circulation of the South<br />

Atlantic Ocean”, Journal of Geophysical Research, v. 104, pp. 20.863–<br />

20.883.<br />

STRAMMA, L., SCHOTT, F., 1999, “The mean flow field of the tropical Atlantic<br />

Ocean”, Deep-sea Research, v. 46, pp. 279–303.<br />

61


Apêndice A<br />

Evolução temporal das variáveis<br />

médias no domínio de modelagem<br />

Na análise da evolução temporal das variáveis médias para o domínio de mo-<br />

delagem foram consideradas: a Energia Cinética(EC) (figura A.1), Temperatura<br />

Potencial(T) (figura A.2), Salinidade(S) (figura A.3), diagrama TS médio (figura<br />

A.4), Temperatura na CM, Salinidade da CM e Profundidade da CM médias no<br />

domínio. A EC média no domínio estabilizou para todas as simulações a partir<br />

do segundo ano de integração (figura A.1), com valores entre 2200 e 3200 (J/m2).<br />

Nota-se que os modelos KPP e PWP estabilizaram com níveis de EC próximos:<br />

2531(J/m2) e 2515(J/m2), respectivamente. O MY estabilizou com menores níveis<br />

de EC, 2467(J/m2) enquanto o KT estabilizou com maior, 2751(J/m2). A evolução<br />

da temperatura média no domínio mostra que todos os experimentos apresentaram<br />

valores mais estáveis dessa propriedade a partir de 1995. O experimento com MY em<br />

torno de 4.0°C, O KPP e o PWP em torno de 4.1°C. Este último foi o experimento<br />

menos estável ao final do período analisado, apresentando ainda uma tendência ao<br />

resfriamento. O KT, diferente dos demais, aqueceu a partir de 1990 até 1995, esta-<br />

bilizando com valores próximos à condição inicial, em torno de 4.2°C. A tabela A.2<br />

apresenta os valores de temperatura mínimos, máximos e médios encontrados para<br />

cada caso.<br />

Tabela A.1: EC média no domínio<br />

Modelo CM EC Mín(J/m2) EC Máx(J/m2) EC média(J/m2)<br />

KPP 1947 3024 2531<br />

KT 1939 3278 2751<br />

PWP 1913 3005 2516<br />

MY 1989 2977 2467<br />

62


Figura A.1: Evolução Temporal da EC<br />

média no domínio<br />

Figura A.2: Evolução Temporal da<br />

Temperatura média no domínio<br />

Na evolução da salinidade média no domínio, nota-se que todos os esperimen-<br />

tos evoluíram para valores inferiores ao da condição inicial. Além disso, vê-se que<br />

os mesmos ainda não atingiram a estabilidade ao final do período simulado. Os<br />

experimentos com o KPP e o PWP mantiveram com valores médio próximos entre<br />

si, o mesmo ocorrendo com os experimentos com o KT e MY. A figura (A.3) e a<br />

tabela (A.3) mostra sintetizam essas informações. O diagrama TS (figura A.4)<br />

mostra ainda que os experimentos evoluíram para valores de densidade inferiores<br />

aos da condição inicial.<br />

Figura A.3: Evolução Temporal da<br />

Salinidade média no domínio<br />

63<br />

Figura A.4: Diagrama TS médio no<br />

domínio


Tabela A.2: Evolução da Temperatura média no domínio<br />

Modelo CM T Mín(°C) T Máx(°C) T média(°C)<br />

KPP 4,08 4,17 4,12<br />

KT 4,15 4,19 4,17<br />

PWP 4,11 4,18 4,14<br />

MY 4,01 4,17 4,06<br />

Tabela A.3: Evolução da salinidade média no domínio<br />

Modelo CM Sal Mín Sal Máx Sal Média<br />

KPP 34,875 34,90 34,88<br />

KT 34,870 34,90 34,88<br />

PWP 34,875 34,90 34,88<br />

MY 34,870 34,90 34,88<br />

No caso das variáveis médias da CM, constatou-se que todas as propriedades<br />

evoluíram rapidamente para a estabilidade. Na temperatura (figura A.5), os valores<br />

oscilaram entre 8,1°C (KT) e 20,9 °C (PWP). O experimento com o KT apresentou<br />

os menores valores médios, principalmente no inverno. O PWP e o KPP apresenta-<br />

ram os maiores no verão, conforme mostrado na tabela A.4. O PWP foi o modelo<br />

que apresentou as maiores amplitudes em temperatura (com máximo de 11,7 °C). Na<br />

salinidade, os modelos KPP, KT e PWP apresentaram um comportamento semel-<br />

hante ao longo das simulações, enquanto o KT esteve sempre menos salino na CM.<br />

Além disso, este experimento também apresentou a maior amplitude em salinidade,<br />

1.00, conforme apresentado na A.5.<br />

Figura A.5: Evol. Temporal da Temperatura<br />

CM Média no Domínio<br />

64<br />

Figura A.6: Evol. Temporal da Salinidade<br />

CM média no domínio


Tabela A.4: Evolução Temporal da temperatura da CM média no domínio<br />

Modelo CM T Mín(°C) T Máx(°C) T média(°C)<br />

KPP 11,5 20,5 15,7<br />

KT 8,1 19,3 12,6<br />

PWP 9,2 20,9 14,9<br />

MY 9,9 19,8 13,9<br />

Tabela A.5: Evolução Temporal da salinidade na CM média no domínio<br />

Modelo CM Sal Mín Sal Máx Sal Média<br />

KPP 34,98 35,82 35,36<br />

KT 34,67 35,68 35,05<br />

PWP 34,93 35,84 35,34<br />

MY 34,94 35,82 35,30<br />

A Espessura Média da CM no domínio evidenciou a diferença entre os MC e<br />

os MFT. As simulações com o KT e PWP apresentaram uma CM mais profunda<br />

que àquelas com o KPP e MY figura(A.7). Nos períodos de inverno, essa diferença<br />

entre os modelos alcançou valores superiores à 40m. Os resultados dos modelos<br />

KPP e MY apresentaram valores muito próximos em todo o período, mostrando<br />

que não houve diferenças consideráveis na escolha de uma ou outra parametrização<br />

para esse domínio. Entre o KT e o PWP verificou-se que a primeira parametrização<br />

apresentou um resultado mais ruidoso.<br />

Tabela A.6: Evolução Temporal da profundidade da CM média no domínio(valores em<br />

metros)<br />

Modelo CM Mín Máx Média<br />

KPP 37,36 90,15 62,90<br />

KT 41,13 176,27 103,71<br />

PWP 51,87 224,51 115,72<br />

MY 40,85 113,28 76,89<br />

65


Figura A.7: Evolução Temporal da profundidade da CM média no domínio, abaixo<br />

um trecho ampliado de 1985 a 1990<br />

66

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