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as relações de poder no pentecostalismo brasileiro - Ceeduc

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Azusa – Revista <strong>de</strong> Estudos Pentecostais<br />

No entanto, é preciso lembrar que <strong>no</strong> <strong>pentecostalismo</strong>, a autorida<strong>de</strong> é<br />

transferida também ao crente pela ênf<strong>as</strong>e pentecostal, uma vez que todos<br />

têm “po<strong>de</strong>r”. Conforme Mendonça:<br />

É uma recuperação do po<strong>de</strong>r perdido socialmente, uma vez<br />

que a sua relação com a socieda<strong>de</strong> abrangente é <strong>de</strong><br />

subordinação e marginalização. Como essa recuperação do<br />

po<strong>de</strong>r não se esten<strong>de</strong> à socieda<strong>de</strong>, [...] ela se manifesta <strong>no</strong><br />

reconhecimento da congregação através <strong>de</strong> prestígio e acesso<br />

às li<strong>de</strong>ranç<strong>as</strong>. Ao me<strong>no</strong>s num universo restrito a recuperação<br />

do po<strong>de</strong>r é real. 42<br />

M<strong>as</strong>, a tradição pentecostal <strong>de</strong> organizar-se <strong>de</strong> maneira carismática a<br />

partir dos dons que emergem na comunida<strong>de</strong> vai adaptar-se à cultura<br />

br<strong>as</strong>ileira tradicional. 43 E, como observa Freston, “o po<strong>de</strong>r tradicional,<br />

fundado na autorida<strong>de</strong> patriarcal, vai raptar o po<strong>de</strong>r carismático fundado<br />

<strong>no</strong> dom pessoal que marcou <strong>as</strong> origens da AD”. 44<br />

A inserção na socieda<strong>de</strong> e cultura <strong>no</strong>r<strong>de</strong>stin<strong>as</strong> contribuiu para a<br />

consolidação <strong>de</strong> uma organização marcada por um forte autoritarismo, em<br />

que o po<strong>de</strong>r legitima-se pela tradição. O fato da nacionalização d<strong>as</strong><br />

Assembléi<strong>as</strong> <strong>de</strong> Deus ter ocorrido quando a igreja ainda era muito <strong>no</strong>rtista/<br />

<strong>no</strong>r<strong>de</strong>stina, contribuiu para sedimentar uma característica que subsiste até<br />

hoje. Por exemplo, a sala <strong>de</strong> espera do gabinete p<strong>as</strong>toral da Igreja <strong>de</strong> São<br />

Cristóvão, Rio <strong>de</strong> Janeiro, conserva o retrato <strong>de</strong> todos os p<strong>as</strong>tores<br />

presi<strong>de</strong>ntes da igreja <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua fundação. Até certo momento, <strong>as</strong><br />

fisio<strong>no</strong>mi<strong>as</strong> são nórdic<strong>as</strong>, <strong>de</strong>pois, são típic<strong>as</strong> do Norte e Nor<strong>de</strong>ste<br />

br<strong>as</strong>ileiros. Uma proporção alta da cúpula nacional é <strong>de</strong> <strong>no</strong>r<strong>de</strong>sti<strong>no</strong>s,<br />

geralmente <strong>de</strong> origem rural.<br />

42 MENDONÇA, Antônio Gouvêa; VELASQUES FILHO, Prócoro. Introdução ao<br />

protestantismo <strong>no</strong> Br<strong>as</strong>il. São Paulo: Loyola, 1990. p. 247.<br />

43 PASSOS, 2005, p. 91.<br />

44 ANTONIAZZI, 1994, p. 78.<br />

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