as relações de poder no pentecostalismo brasileiro - Ceeduc
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Izabel Cristina Veiga Mello<br />
INTRODUÇÃO<br />
O tema <strong>de</strong>ste artigo é o estabelecimento d<strong>as</strong> <strong>relações</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>no</strong><br />
<strong>pentecostalismo</strong> br<strong>as</strong>ileiro. Procura-se averiguar como são estabelecid<strong>as</strong><br />
est<strong>as</strong> <strong>relações</strong> na estrutura interna d<strong>as</strong> Assembléi<strong>as</strong> <strong>de</strong> Deus3 , <strong>de</strong>stacando<br />
<strong>as</strong> especificida<strong>de</strong>s do <strong>pentecostalismo</strong> br<strong>as</strong>ileiro. Para tal tarefa, é necessário<br />
explicitar alguns dados históricos e sociológicos do período vivido pelo<br />
<strong>pentecostalismo</strong> <strong>no</strong> Br<strong>as</strong>il, principalmente <strong>no</strong> período que abrange sua<br />
implantação e expansão geográfica. Indubitavelmente, tudo isso contribui<br />
para a formação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> igrej<strong>as</strong> pentecostais. 4 No entanto,<br />
Pimentel observa:<br />
[...] Não existe i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> estática, pois toda i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> está em<br />
constante mutação exatamente por ser algo não subjetivo, que se<br />
estabelece n<strong>as</strong> <strong>relações</strong> que vão se alterando com o tempo. Por<br />
isso, é mais apropriado falar sobre i<strong>de</strong>ntificação que sobre<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Quando uma pessoa ou grupo se volta apen<strong>as</strong> para o<br />
seu próprio universo, na tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, per<strong>de</strong><br />
o seu tempo ou se per<strong>de</strong>: ao erguer os olhos, percebe que tudo a<br />
sua volta mudou e sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> não se encaixa mais naquele<br />
contexto. Só po<strong>de</strong>mos <strong>no</strong>s i<strong>de</strong>ntificar n<strong>as</strong> <strong>relações</strong> que<br />
estabelecemos, isto é, por meio do diálogo. 5<br />
Assim, partindo da riqueza histórica do <strong>pentecostalismo</strong>, incluindo a<br />
espiritualida<strong>de</strong>, a conversão, os exercícios dos dons espirituais, <strong>de</strong>vem<br />
servir <strong>de</strong> alicerce para a construção <strong>de</strong> um diálogo acerca do<br />
estabelecimento d<strong>as</strong> <strong>relações</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r em sua estrutura. Embora o<br />
3 Compreen<strong>de</strong>-se ser ela a maior expressão numérica do <strong>pentecostalismo</strong>.<br />
4 SÁNCHES, Ana Lígia; PONCE, Osmundo. A mulher na igreja pentecostal: abordagem<br />
inicial à prática religiosa In: GUTIÉRREZ, Benjamim F., CAMPOS, Leonildo<br />
Silveira, (Ed.). Na força do espírito: os pentecostais na América-Latina: um <strong>de</strong>safio às<br />
igrej<strong>as</strong> históric<strong>as</strong>. São Paulo: AIPRAL, 1996. p. 197-203.<br />
5 PIMENTEL, Orivaldo Jr. Quem são os “evangélicos”? In: BOMILCAR, Nelson<br />
(Org). O melhor da espiritualida<strong>de</strong> br<strong>as</strong>ileira. São Paulo: Mundo Cristão, 2005. p.<br />
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