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Pedro Pinto e Cristina Mourão conheceram-se no primeiro ano da faculdade, mas a empatia não foi imediata,<br />
bem pelo contrário. “Dávamo-nos especialmente mal”, diz a mulher do jornalista<br />
“De feitio somos totalmente diferentes, mas os princípios de vida são<br />
comuns. Isso é muito importante para caminharmos lado a lado„ Cristina<br />
cumplicidade. Não vou pelo cliché<br />
do amor, mas sem amor as coisas<br />
não se aguentariam. De feitio<br />
somos totalmente diferentes,<br />
mas os princípios de vida são<br />
comuns. Isso é muito importante<br />
para caminharmos lado a lado.<br />
<strong>Lux</strong> – O futuro dos seus fi lhos<br />
preocupa-o?<br />
Pedro Pinto – Preocupa-me como<br />
preocupa qualquer pai. Mas<br />
o meu futuro também me preocupa,<br />
assim como o de todos<br />
os portugueses. São tempos de<br />
mudança e de muita incerteza.<br />
São tempos muito voláteis em<br />
que não sabemos o que vai<br />
acontecer daqui a seis meses<br />
ou um ano. Isso para todos nós<br />
é um paradigma, uma realidade<br />
diferente. Obviamente que, de<br />
alguma forma, o que mais me<br />
preocupa é aquilo que poderá<br />
acontecer no futuro dos meus<br />
fi lhos, mas não deixo de estar<br />
preocupado com o que acontece<br />
no meio da comunicação social,<br />
no meio económico em Portugal,<br />
onde o desemprego tem vindo<br />
a atingir níveis galopantes.<br />
C.M. – Agora mais do que nunca,<br />
porque, por mais que eles estudem,<br />
e o Zé Maria é muito bom aluno,<br />
não chega. Temos de ter uma<br />
quota-parte de sorte. Tem de<br />
haver da nossa parte e da parte<br />
deles espírito de sacrifício. Hoje<br />
em dia preocupa-me imenso<br />
porque tenho colegas e amigos<br />
que fi caram desempregados.<br />
Não se vê aquela luz ao fundo<br />
do túnel, o que, para quem tem<br />
fi lhos, e para quem tem alguma<br />
consciência do que se está<br />
a passar atualmente, é verdadeiramente<br />
preocupante.<br />
<strong>Lux</strong> – Como pais, incutem no<br />
mais velho a ideia de poupar?<br />
P.P. – Vivemos numa sociedade<br />
muito consumista em que os<br />
miúdos são desde muito novos<br />
estimulados a consumir. Ainda<br />
por cima, a consumir de uma forma<br />
contínua, com bens de consumo<br />
muito rápidos, de utilização muito<br />
rápida. Na nossa infância, tínhamos<br />
muito menos brinquedos e<br />
menos acesso a tecnologia. Hoje<br />
os miúdos têm acesso a bens de<br />
consumo que nós não tínhamos.<br />
Estamos a mudar muito a nossa<br />
forma de olhar o futuro. A incerteza<br />
e a volatilidade estão a deixar<br />
as pessoas com outras noções de<br />
equilíbrio e poupança. Procuro<br />
explicar ao meu fi lho que, em<br />
primeiro lugar, temos de merecer<br />
as coisas que temos, isto signifi ca,<br />
que para ele merecer tem de<br />
se portar bem e ter boas notas.<br />
<strong>Lux</strong> – É fácil ser a única mulher<br />
entre três homens?<br />
C.M. – Tem dias [risos]. O Zé Maria<br />
não está criado, mas é um miúdo<br />
muito tranquilo e já não dá o<br />
mesmo trabalho que um bebé.