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lia perfeita. Sucesso no trabalho e felicidade em casa. Quem poderia<br />
querer mais?<br />
No entanto, Celina procurou a terapia porque as coisas nem sempre<br />
correspondem às aparências. Ela trabalhava <strong>para</strong> uma empresa<br />
na qual freqüentemente era solicitada a fazer apresentações. Era uma<br />
boa comunica<strong>do</strong>ra e muito respeitada pelos colegas, mas isso não a<br />
ajudava nos dias que antecediam as palestras. Embora tivesse sucesso<br />
na maioria das vezes, ela ficava se torturan<strong>do</strong> por antecipação.<br />
– Tenho outra grande apresentação nesta terça – disse Celina, ansiosa.<br />
– Você parece nervosa – respondi.<br />
– Bem, um de meus sócios na empresa vai estar lá – acrescentou<br />
tensa. – E, na última vez em que ele esteve presente, ficou senta<strong>do</strong>,<br />
quieto. Não esboçou um sorriso, um sinal, nada. O que é que ele estava<br />
pensan<strong>do</strong>? O que é que eu preciso fazer <strong>para</strong> ser aprovada por<br />
ele? Acho que esse homem tem algo contra as mulheres.<br />
– É desgastante ser mulher numa carreira em que os homens pre<strong>do</strong>minam<br />
– comentei.<br />
– Eu sei. Nunca sinto que estou dan<strong>do</strong> o que eles querem. Meu pai<br />
é que estava certo. Eu não deveria ter me meti<strong>do</strong> nisso – disse, colocan<strong>do</strong><br />
o rosto entre as mãos.<br />
O que era estranho na ansiedade de Celina é que suas apresentações<br />
eram sempre bem-sucedidas, o que deveria aumentar sua segurança.<br />
Mas bastavam uma ou duas reações de desapontamento<br />
<strong>para</strong> martirizá-la.<br />
À medida que sua terapia avançava, descobrimos um ponto importante<br />
na ansiedade de Celina e em seu me<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho. Ela estava<br />
antecipan<strong>do</strong> a decepção. Celina era a irmã mais nova de Alan, o filho<br />
brilhante que os pais valorizavam. Cresceu ouvin<strong>do</strong> elogios entusiásticos<br />
sobre as realizações <strong>do</strong> irmão e sua importância como o “filho mais<br />
velho”. Viver sob essa sombra deu a Celina a sensação de que desapontava<br />
constantemente os pais. Sair-se bem na escola ou em atividades<br />
extracurriculares nunca era suficiente. Ela jamais seria como o irmão e<br />
não havia nada que pudesse fazer a respeito. Ele era o principal motivo<br />
de orgulho <strong>do</strong>s pais. Ela era apenas a irmã mais nova de Alan.<br />
Antecipar a decepção é quase sempre pior<br />
<strong>do</strong> que a própria decepção.<br />
A mudança é lenta, mas Celina está perceben<strong>do</strong> que as raízes de<br />
seu sentimento remontam à infância e que tentar se proteger <strong>do</strong> desapontamento,<br />
antecipan<strong>do</strong>-o, não ajuda em nada. Durante muitos<br />
anos ela se via como uma constante decepção <strong>para</strong> os pais, mas agora<br />
é adulta e não depende da aprovação <strong>do</strong>s outros <strong>para</strong> saber quem é.<br />
É claro que nem todas as suas palestras serão um sucesso e que algumas<br />
pessoas ficarão desapontadas. Mas não significa que ela seja uma<br />
decepção. Em vez de tomar posse de seu valor e de se alegrar, Celina<br />
direcionava sua energia <strong>para</strong> se prevenir da decepção que antecipava.<br />
E isso estava causan<strong>do</strong> um sofrimento desnecessário em sua vida.<br />
A Bíblia nos diz que há pessoas como Celina que só verão angústia,<br />
escuridão, noite de aflição e trevas dissolventes. Mas a antecipação negativa<br />
traz sempre um sofrimento inútil e desgastante. Em vez de antecipar<br />
a decepção, elas devem desenvolver a capacidade de to<strong>ler</strong>á-la<br />
se e quan<strong>do</strong> vier. Causar decepção não significa que você seja uma<br />
decepção. Decepções surgem durante a vida, e é preciso coragem e<br />
sabe<strong>do</strong>ria <strong>para</strong> conviver com elas. Nosso objetivo não deve ser uma<br />
vida sem decepções, pois isso é impossível. É ter força <strong>para</strong> lidar com<br />
elas quan<strong>do</strong> surgirem.<br />
Deus disse, “Aquele que me escuta, porém, habitará com segurança,<br />
viverá tranqüilo, sem recear dano algum”. É claro que isso não significa<br />
que nenhum mal vai lhe acontecer. Basta <strong>ler</strong> a Bíblia <strong>para</strong> descobrir<br />
que pessoas dedicadas a Deus tiveram de lidar com muita <strong>do</strong>r e<br />
sofrimento. O que realmente significa é que, se confiarmos em Deus,<br />
não precisaremos temer o mal, pois, quan<strong>do</strong> ele vier, Deus nos dará<br />
capacidade <strong>para</strong> lidar com ele. Aprender a to<strong>ler</strong>ar e lidar com as decepções<br />
– em vez de antecipá-las – é de grande ajuda na vida.<br />
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