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Dedicatória<br />

<br />

Dedico este <strong>livro</strong> a todas as mulheres que, ao longo da história,<br />

se angustiaram, se deprimiram, choraram, foram tolhidas, pressionadas,<br />

mas não desistiram <strong>do</strong>s seus sonhos, não calaram sua voz.<br />

Com lágrimas e coragem, levantaram a bandeira da liberdade e<br />

lutaram <strong>para</strong> conquistar seu espaço social, e vitoriosamente o<br />

vêm conquistan<strong>do</strong> a cada dia. E agora, mais uma vez, precisam<br />

estar unidas <strong>para</strong> combater a tirania da beleza que asfi xia a nossa<br />

autoimagem e a nossa autoestima. Somos 100% mulheres e não<br />

abrimos mão de 100% <strong>do</strong>s nossos direitos.


Camila Cury<br />

A beleza<br />

está nos olhos<br />

de quem vê


“Lutamos pelo nosso espaço social to<strong>do</strong>s os dias. Mas, sem<br />

percebermos, deixamos de lutar por nós mesmas, pelo nosso<br />

direito de nos sentirmos belas e atraentes em uma sociedade<br />

que padroniza e limita toda a beleza emocional, intelectual<br />

e física de nós, mulheres. Vamos continuar passivas?<br />

Aprender que a beleza está nos olhos de quem vê não advém<br />

de uma vontade eufórica da emoção, mas de uma atitude<br />

consciente de um Eu determina<strong>do</strong> a se tornar autor da<br />

sua própria história.”


Prefácio<br />

As mulheres são bombardeadas diariamente pelo sistema social<br />

com imagens de modelos magérrimas – e, por vezes, desnutridas<br />

– como padrão de beleza. Uma simples revista de<br />

moda, um “ingênuo” fi lme de Hollywood, um programa de TV,<br />

to<strong>do</strong>s contêm mulheres fora <strong>do</strong>s padrões comuns de beleza.<br />

Uma, duas, três, dez, cem, milhares de imagens são arquivadas<br />

no córtex cerebral to<strong>do</strong>s os dias.<br />

Quem conhece o funcionamento da mente sabe que cada<br />

ser humano é de inigualável complexidade. Nos computa<strong>do</strong>res<br />

você tem liberdade de registrar as informações que<br />

bem entende e apagá-las quan<strong>do</strong> desejar. Você e eu somos<br />

deuses da memória dessas máquinas, mas somos meninos<br />

diante da nossa memória. Digo isso porque no nosso córtex,<br />

que é a camada mais evoluída <strong>do</strong> cérebro, o registro das informações<br />

e experiências não depende da vontade humana.<br />

No mun<strong>do</strong> exterior, escolhemos que carro comprar, que<br />

profissão seguir, que parceiro(a) dividirá a vida conosco;<br />

mas, no mun<strong>do</strong> psíquico, cada experiência é registrada involuntariamente<br />

pelo fenômeno RAM (registro automático<br />

da memória).<br />

O seu Eu não pode impedir o registro. E, pior ainda, uma vez<br />

registra<strong>do</strong>, o seu Eu não pode apagar o banco de da<strong>do</strong>s, só reeditá-lo<br />

ou reescrevê-lo. Tente apagar suas fobias (me<strong>do</strong>s), seus<br />

desafetos, seus dias mais tristes. Quanto mais tentar, mais se fi -<br />

xará neles, e então mais eles o <strong>do</strong>minarão.<br />

· 9 ·


Por isso, torna-se impossível apagar da mente as imagens de<br />

mulheres tão diferentes <strong>do</strong> biotipo normal. Você pode dizer<br />

que elas não a afetam, talvez até se convença conscientemente,<br />

mas elas já penetraram nos porões inconscientes da sua personalidade,<br />

ditan<strong>do</strong> diretrizes <strong>do</strong>entias, geran<strong>do</strong> uma interpretação<br />

distorcida de sua autoimagem, produzin<strong>do</strong> baixa autoestima,<br />

elevada autorrejeição e, consequentemente, autopunição. Esse é<br />

um <strong>do</strong>s maiores crimes contra as mulheres de todas as eras.<br />

O <strong>livro</strong> A beleza está nos olhos de quem vê, escrito pela Camila,<br />

mostra-nos com contundência que esse crime não dilacera a<br />

pele, não sangra veias e artérias, mas fere a mente humana em<br />

seu senti<strong>do</strong> mais profun<strong>do</strong> e sangra a emoção em sua mais notável<br />

intensidade; em especial, sangra o prazer de viver, a liberdade<br />

de ser, a espontaneidade e o amor-próprio. Mostra-nos<br />

que esse crime, apesar de bárbaro, é socialmente aceito.<br />

É fácil o ser humano se adaptar às suas misérias e perder sua<br />

sensibilidade. Diversos fi lósofos gregos presenciavam escravos<br />

por toda a Grécia antiga sem se indignar. Cristãos que disseram<br />

seguir o homem que suplicou aos seus discípulos que amassem<br />

seus inimigos e fossem generosos com os que pensam diferente<br />

apoiaram cruéis cruzadas e a escravidão de seres da sua própria<br />

espécie. Empresas juram ética na confecção de seus produtos,<br />

tentan<strong>do</strong> nos convencer de que sua maior preocupação é o ser<br />

humano. Todavia não abrem mão de promover-se usan<strong>do</strong> modelos<br />

esquálidas e magérrimas, sem se importar com o desastre<br />

no inconsciente coletivo, em especial das a<strong>do</strong>lescentes.<br />

A ditadura da beleza exposta neste <strong>livro</strong> mostra que ela tem<br />

furta<strong>do</strong> a mais vibrante das paixões, a paixão pela vida. Muitas<br />

mulheres e não poucos homens, em vez de se aventurarem,<br />

construírem seus sonhos, arriscarem novas amizades e ocuparem<br />

espaços sociais, gravitam na órbita da anatomia <strong>do</strong> seu corpo.<br />

Passam 5%,10% ou mais <strong>do</strong> seu tempo diante <strong>do</strong> espelho, não<br />

· 10 ·


valorizan<strong>do</strong> seu patrimônio genético, mas exaltan<strong>do</strong> seus defeitos<br />

– pelo menos aqueles construí<strong>do</strong>s <strong>do</strong>entiamente em sua psique.<br />

Entretanto, o massacre não acaba quan<strong>do</strong> a imagem não se<br />

refl ete mais no espelho; ele se perpetua ao longo <strong>do</strong> seu dia, da<br />

sua história, infl uencian<strong>do</strong> os relacionamentos, a autoestima e<br />

até o desempenho profi ssional.<br />

Camila é minha fi lha. É difícil prefaciar o <strong>livro</strong> de quem se<br />

ama tanto. Eu a admiro como fi lha, pois ela é muito amável e<br />

generosa; admiro-a como psicóloga, pois, apesar de ainda ter<br />

uma longa carreira pela frente, tem mostra<strong>do</strong> consistência e<br />

consciência profi ssional. E a admiro como mulher, pois tem coragem<br />

de usar as palavras <strong>para</strong> falar o que pensa, <strong>para</strong> ser poética<br />

e crítica, seja de si mesma, seja da sociedade moderna.<br />

A beleza está nos olhos de quem vê tem um título instigante<br />

e um tema que to<strong>do</strong>s nós precisamos discutir sem me<strong>do</strong>, sem<br />

reservas e sem preconceitos. A beleza, da estética ao conteú<strong>do</strong>,<br />

está nos olhos de quem interpreta, sente, vive. Desde<br />

quan<strong>do</strong> ela era criança tecemos longos diálogos sobre a fi losofi<br />

a e a psicologia da beleza. Desde ce<strong>do</strong> comentamos que a<br />

beleza não pode ser comercializada, vendida ou padronizada.<br />

Ela entendeu que, <strong>para</strong> ser emocionalmente saudável numa<br />

sociedade <strong>do</strong>ente, cada mulher deveria – assim como pratica<br />

andar, dirigir, usar computa<strong>do</strong>res – treinar seu Eu <strong>para</strong> deixar<br />

de ser passiva, liberar suas habilidades <strong>para</strong> escrever sua própria<br />

história e sentir-se única, bela, inteligente, apesar de suas<br />

falhas e limitações.<br />

Sinceramente espero que este <strong>livro</strong> estimule a arte de pensar,<br />

promova discussões e gere um novo olhar das mulheres sobre o<br />

seu romance particular consigo mesma.<br />

· 11 ·<br />

Augusto Cury<br />

Psiquiatra, pesquisa<strong>do</strong>r, escritor


Introdução<br />

<br />

· 13 ·<br />

<br />

Ao longo da história, as mulheres, com raras exceções, foram<br />

submissas e, não poucas vezes, desvalorizadas. Submissas à família,<br />

ao mari<strong>do</strong>, à sociedade; algumas foram queimadas, outras,<br />

silenciadas e até apedrejadas. Quem deu importância aos gemi<strong>do</strong>s<br />

inexprimíveis dessas mulheres? Elas não tinham voz <strong>para</strong><br />

protestar nem espaço social <strong>para</strong> reivindicar seus direitos.<br />

Hoje ainda somos submetidas a angústias não menores que<br />

essas. E o que é mais impressionante é que, apesar de termos<br />

voz e espaço <strong>para</strong> protestar, nos calamos!<br />

No passa<strong>do</strong> não tínhamos o direito de votar, de expressar<br />

ideias, muito menos de construir nossos projetos. Não há dúvida<br />

de que demos um salto muito grande. Nós nos atribuímos e<br />

vamos aos poucos conquistan<strong>do</strong> os mesmos direitos que os homens,<br />

tornan<strong>do</strong>-nos ativas na construção da nossa sociedade.<br />

Mas, sem perceber, estamos sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>minadas por um dita<strong>do</strong>r<br />

sem rosto, um carrasco que nos aprisiona no único lugar em<br />

que deveríamos ser livres: dentro de nós mesmas. Refi ro-me ao<br />

sistema social que insiste em criar um padrão de beleza rígi<strong>do</strong>,<br />

reduzin<strong>do</strong> nossa beleza emocional e intelectual a determina<strong>do</strong>s<br />

traços <strong>do</strong> rosto e a algumas curvas <strong>do</strong> corpo que não correspondem<br />

ao biotipo da maioria de nós, mulheres.<br />

E o grande problema é que nos submetemos a esse padrão<br />

e pagamos caro por isso. Se pensarmos bem, não só


somos <strong>do</strong>minadas por esse padrão, como nos tornamos suas<br />

principais aliadas. Você? Sim! Você e eu! Todas nós! Como?<br />

Pare um pouco e pergunte-se: quem é seu pior vilão? O<br />

mun<strong>do</strong> de fora? A opinião <strong>do</strong>s outros? Os padrões tirânicos<br />

de beleza? Concor<strong>do</strong> que eles tenham peso, e até cheguem<br />

a agredir a plenitude da nossa beleza. Mas, pensa<strong>do</strong> bem…<br />

Não somos nós mesmas que nos diminuímos diariamente?<br />

Não somos nós mesmas que, em frente ao espelho, nos autopunimos?<br />

Não são os nossos pensamentos que nos deprimem?<br />

O mun<strong>do</strong> de fora constrói suas verdades e seus<br />

padrões e, infelizmente, nós os a<strong>do</strong>tamos como se fossem<br />

nossos. Pagamos um preço alto!<br />

É verdade que conquistamos muitos direitos sociais e nos<br />

tornamos atuantes dentro da sociedade. Mas continuamos passivas<br />

dentro de nós mesmas, caladas e submissas no lugar em<br />

que deveríamos gritar. Damos importância ao nosso trabalho, às<br />

pessoas à nossa volta, mas nos esquecemos de proclamar em voz<br />

alta que, ainda que sejamos substituíveis profi ssionalmente, somos<br />

insubstituíveis como seres humanos. Somos únicas! Você é única,<br />

e precisa aprender isso!<br />

Infelizmente, não sabemos fi ltrar as mensagens subliminares<br />

escondidas atrás das propagandas, <strong>do</strong>s fi lmes, das revistas, de todas<br />

as formas de mídia que nos bombardeiam diariamente.<br />

E <strong>aqui</strong>, amiga leitora, acho necessário fazer uma pausa<br />

<strong>para</strong> lhe explicar uma coisa da maior importância. Algo<br />

que acontece no mun<strong>do</strong> das nossas ideias, mas que é pouco<br />

comenta<strong>do</strong> numa sociedade que desbrava muito mais o<br />

mun<strong>do</strong> exterior <strong>do</strong> que nosso mun<strong>do</strong> interior. Se você<br />

não tomar consciência <strong>do</strong> que se passa em sua mente, será<br />

eternamente vítima <strong>do</strong> que a sociedade lhe impõe. Vou<br />

falar <strong>do</strong> fenômeno RAM, das JANELAS DA MEMÓRIA<br />

e <strong>do</strong> AUTOFLUXO.<br />

· 14 ·


Esses assuntos são complexos, mas tentarei explicar da forma<br />

mais simples. Se achar necessário, releia os três tópicos,<br />

fundamentais <strong>para</strong> que você possa entender os fenômenos que<br />

ocorrem em sua psique.<br />

Fenômeno RAM é a sigla <strong>para</strong> “registro automático da memória”.<br />

Ao longo da nossa história, todas as imagens, expe-<br />

riências e situações a que somos submetidas são arquivadas<br />

involuntariamente – sem a nossa autorização – por esse fenômeno,<br />

sem que tenhamos oportunidade de escolha. Uma vez<br />

que algo é registra<strong>do</strong> pelo fenômeno RAM, jamais poderá ser<br />

apaga<strong>do</strong>, apenas reedita<strong>do</strong>.<br />

Cada estímulo, cada sentimento de inferioridade, cada situação<br />

existencial a que somos submetidas, tu<strong>do</strong> isso é arquiva<strong>do</strong><br />

pelo fenômeno RAM, forman<strong>do</strong> o que chamamos de “janelas<br />

da memória”. É através delas que enxergamos o mun<strong>do</strong> e nos<br />

relacionamos com ele, com os outros e com nós mesmas. Ou<br />

seja, a maneira como encaramos a vida está inteiramente relacionada<br />

às experiências e aos estímulos a que somos submetidas<br />

ao longo da nossa história.<br />

Existem <strong>do</strong>is grandes tipos de janelas da memória: as janelas<br />

light e as janelas kil<strong>ler</strong>. Nas light se encontram nossa segurança,<br />

nossa ousadia, nosso amor pela vida e por nossa história, nossa<br />

criatividade, entre outros registros positivos que nos fazem ampliar<br />

nossa visão de mun<strong>do</strong> e de nós mesmas. Nas janelas kil<strong>ler</strong><br />

estão nossos traumas, nossos complexos de inferioridade, nossas<br />

angústias e autopunição – essa janela bloqueia a nossa inteligência<br />

e aprisiona o nosso Eu.<br />

Você só pensa o que quer? Quan<strong>do</strong> quer? Infelizmente, não!<br />

Esse é o fenômeno <strong>do</strong> autofl uxo, que entra em ação em nossa<br />

memória produzin<strong>do</strong> milhares de vezes ao dia pensamentos,<br />

sentimentos e imagens mentais sem a nossa autorização. É a<br />

nossa maior fonte de entretenimento, é onde passamos a maior<br />

· 15 ·


parte <strong>do</strong> nosso tempo. Como? Isso acontece quan<strong>do</strong> viajamos<br />

em nossos pensamentos, aqueles que nos fazem reviver alguns<br />

confl itos, nos alegrar com algumas conquistas e esperar novos<br />

projetos. São, enfi m, os milhares de ideias, sonhos e desejos que<br />

nascem no território da memória. Qual é então o grande problema?<br />

É que, se por uma via o autofl uxo nos entretém diariamente,<br />

por outra ele se fi xa nas janelas que contêm o maior grau<br />

de emoção. Por isso as vivências que produzem maior impacto<br />

emocional são muito mais facilmente lembradas <strong>do</strong> que os fatos<br />

corriqueiros <strong>do</strong> dia a dia.<br />

Para ilustrar a atuação desses três fenômenos, podemos lembrar<br />

o sentimento angustiante que muitas vezes experimentamos<br />

quan<strong>do</strong> nos de<strong>para</strong>mos com uma mulher considerada<br />

bonita, daquelas que se encaixam nos padrões de beleza consagra<strong>do</strong>s<br />

pela mídia e pela sociedade. Ao nos fi xarmos nela, temos<br />

a tendência de nos menosprezar e nos diminuir por não possuirmos<br />

o mesmo corpo, o mesmo cabelo, os mesmos olhos. Às<br />

vezes não temos consciência de que essa imagem nos agride, e,<br />

quan<strong>do</strong> nos olhamos no espelho e nos achamos desinteressantes,<br />

não conseguimos entender o porquê. O que acontece é que o<br />

fenômeno RAM já registrou milhares de imagens de mulheres<br />

magérrimas ao longo <strong>do</strong> seu dia, da sua semana, da sua história,<br />

ditan<strong>do</strong> o que é belo. E o pior é que ele não apenas registra na<br />

nossa memória a imagem da “mulher-padrão”, como também to<strong>do</strong>s<br />

os sentimentos de inferioridade provoca<strong>do</strong>s de maneira acentuada<br />

por aquela imagem. Assim, forma-se uma janela kil<strong>ler</strong>, na<br />

qual o fenômeno <strong>do</strong> AUTOFLUXO começa a atuar, produzin<strong>do</strong><br />

milhões de ideias e pensamentos negativos que menosprezam a<br />

nossa autoimagem e esmagam a nossa autoestima.<br />

Cada vez que essa janela é lida, ela é arquivada novamente<br />

pelo fenomeno RAM, desertifi can<strong>do</strong> áreas nobres da nossa personalidade.<br />

Nós nos preocupamos tanto com a poluição <strong>do</strong><br />

· 16 ·


planeta, ignoran<strong>do</strong> que a nossa mente está cada dia mais poluída.<br />

E agora? Será que fomos condenadas a nos tornar eternamente<br />

escravas desse sistema perverso e <strong>do</strong>s nossos pensamentos negativos?<br />

Não! Existe uma esperança!<br />

Querida leitora, o imenso mun<strong>do</strong> da mente humana possui<br />

muitos segre<strong>do</strong>s. E o mais poderoso de to<strong>do</strong>s é a capacidade <strong>do</strong><br />

nosso Eu de atuar como gestor da psique, admistran<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

fenômenos inconscientes da nossa mente. O nosso Eu não é responsável<br />

por tu<strong>do</strong> o que pensamos ou sentimos. Mas é seu dever<br />

decidir qual atitude tomar.<br />

Quan<strong>do</strong> o nosso Eu, a nossa capacidade de livre escolha, é<br />

desenvolvi<strong>do</strong>, ele não se deixa mais <strong>do</strong>minar pelo mun<strong>do</strong> de<br />

fora, nem pelos milhares de ideias negativas produzidas pelos<br />

fenômenos inconscientes. Foi por isso que escrevi este <strong>livro</strong>:<br />

<strong>para</strong> descobrirmos juntas como esse Eu que está dentro de você<br />

pode se tornar o autor principal <strong>do</strong> teatro da sua mente, <strong>para</strong><br />

que você se liberte <strong>do</strong>s pensamentos que a controlam e <strong>do</strong> sistema<br />

ditatorial em que vivemos. E seja livre <strong>para</strong> se sentir bonita<br />

e atraente, mesmo quan<strong>do</strong> o sistema não a julga assim. Livre <strong>para</strong><br />

aprender que a beleza está nos olhos de quem vê.<br />

Será que você conhece a mulher que está por trás da imagem<br />

refl etida no espelho? Quem é você? Quais são suas metas? Quais<br />

são os seus potenciais? Qual é a força que você possui e não<br />

utiliza? Como desenvolver em seu Eu uma consciência crítica<br />

capaz de fi ltrar as mensagens subliminares e libertá-la <strong>do</strong> seu<br />

complexo de inferioridade? Como proteger a emoção? Como<br />

esculpir sua autoimagem? Como colocar combustível na sua<br />

autoestima? Como aprender a ter um caso de amor com você<br />

mesma e com sua história?<br />

Essas perguntas fazem parte da viagem deste <strong>livro</strong>. Não há respostas<br />

prontas ou soluções mágicas, mas é possível encontrar algumas<br />

ferramentas que lhe permitam buscar uma mente livre e<br />

· 17 ·


serena. É angustiante ver uma pessoa em crise asmática, procuran<strong>do</strong><br />

desesperadamente respirar. É igualmente angustiante ver<br />

tantas a<strong>do</strong>lescentes e mulheres adultas em crise, sem conseguir<br />

aspirar o oxigênio da liberdade.<br />

· 18 ·


Capítulo 1<br />

<br />

· 19 ·<br />

<br />

Calaram a voz das mulheres<br />

Autoimagem e autoestima<br />

Há duas defi nições básicas que nós, mulheres, precisamos<br />

aprender <strong>para</strong> mudar o mo<strong>do</strong> como encaramos a vida e a<br />

relação que temos com nosso corpo, nossa mente e o mun<strong>do</strong><br />

que nos circunda. São elas a autoimagem e a autoestima.<br />

Autoimagem, <strong>do</strong> ponto de vista físico, é o mo<strong>do</strong> como<br />

você enxerga e valoriza seu corpo. Se você se vê baixa ou alta,<br />

magra ou gorda, com nariz pequeno ou grande, seios volumosos<br />

ou fl áci<strong>do</strong>s, e assim por diante. Sob o ponto de vista<br />

psicológico, a autoimagem envolve outras características. Se<br />

você se sente capaz ou incapaz, livre ou aprisionada, criativa<br />

ou engessada, segura ou vulnerável. Resumin<strong>do</strong>, a autoimagem<br />

física e a psíquica representam as características que nos<br />

fazem perceber quem somos.<br />

E a autoestima? É o sentimento que você tem em relação<br />

à sua autoimagem, é como você interpreta a forma como se<br />

vê. Uma autoestima elevada é saturada de prazer, bom humor,<br />

otimismo, autoconfi ança, determinação, fl exibilidade. A<br />

baixa autoestima é envolvida em angústia, pessimismo, humor<br />

fl utuante, autopunição, insegurança, rigidez. A sua autoimagem<br />

abre as comportas da autoestima, <strong>do</strong> amor-próprio.<br />

A autoimagem é fruto <strong>do</strong> Eu que lidera nossa mente e determina<br />

nossa capacidade de escolha. A autoestima é fruto da


emoção. Para controlar o sentimento em relação ao seu corpo,<br />

<strong>primeiro</strong> você tem que mudar a maneira como se vê. Se você<br />

menospreza o seu corpo, só re<strong>para</strong>n<strong>do</strong> nos defeitos, não espere<br />

ter uma relação de amor com ele. Para construir um romance<br />

com a sua história, é preciso <strong>primeiro</strong> aprender a se elogiar, a se<br />

ver bonita, a ter uma atitude madura e inteligente. Só assim<br />

você cria uma emoção feliz e saudável.<br />

Um Eu livre constrói os parâmetros <strong>do</strong> próprio corpo e o<br />

avalia sem depender de opiniões externas. Mas um Eu <strong>do</strong>ente e<br />

aprisiona<strong>do</strong> será escravo <strong>do</strong>s padrões tirânicos de beleza impostos<br />

pela sociedade. Como construir uma autoestima sólida ou<br />

um amor-próprio saudável se o nosso Eu, infl uencia<strong>do</strong> pelo<br />

meio social, impõe altíssimas exigências <strong>para</strong> nos sentirmos belas<br />

e realizadas? Impossível!<br />

Dezenas de milhões de mulheres de todas as nações modernas<br />

levam uma vida emocional miserável porque não possuem<br />

amor-próprio. Não se dão conta de que, antes de investir em<br />

aumentar a autoestima, devem transformar a autoimagem, a<br />

maneira como se veem e se percebem.<br />

Nós, mulheres (a<strong>do</strong>lescentes, jovens e adultas), não precisamos<br />

ser heroínas, mas inteligentes. As mudanças não ocorrem<br />

rapidamente. Aliás, mudanças rápidas, provocadas apenas por<br />

mensagens positivas, vêm e vão como os raios solares. Não resistem<br />

ao anoitecer. É por isso que neste <strong>livro</strong> proponho uma<br />

nova posição diante <strong>do</strong>s seus pensamentos, das suas verdades e<br />

da sua relação com o mun<strong>do</strong>. São essas as descobertas que desejo<br />

fazer junto com você. Você não controla diretamente a<br />

forma como se sente, mas pode e deve controlar a forma como<br />

se vê. Eis o grande segre<strong>do</strong>!<br />

· 20 ·


Não existem mulheres perfeitas<br />

São simples e sutis as diferenças entre autoimagem e autoestima.<br />

Você pode não ser a mulher mais linda ou mais<br />

capaz, e até perceber a necessidade de perder alguns ou<br />

muitos quilos, melhorar seu visual, ou ser mais corajosa e<br />

determinada. Mas achar que precisa de ajustes em sua vida<br />

física ou psíquica não deve impedi-la de valorizar sua autoimagem,<br />

de resgatar seus valores, de se alegrar com suas qualidades<br />

e habilidades. Assim, você estará irrigan<strong>do</strong> sua<br />

emoção e sua autoestima.<br />

Uma autoestima elevada não requer uma mulher perfeita –<br />

mesmo porque essa mulher não existe. Mas exige criar uma<br />

autoimagem fl exível, complacente e generosa.<br />

Muitas mulheres querem atingir uma elevada autoestima,<br />

mas não equipam seu Eu <strong>para</strong> aprender a estabelecer uma<br />

relação inteligente e agradável com seu corpo, seu intelecto e<br />

sua emoção. Estão engessadas, mas querem correr nas Olimpíadas.<br />

Muitas desejam sentir-se bem, mas não sabem fazer marketing<br />

pessoal, <strong>primeiro</strong> <strong>para</strong> elas mesmas e depois <strong>para</strong> os outros.<br />

Pelo contrário, se diminuem, se inferiorizam, são especialistas<br />

em apontar os próprios defeitos, em superdimensioná-los. Se<br />

a<strong>do</strong>lescentes e mulheres adultas não prestarem muita atenção<br />

nesses sentimentos, seu amor-próprio naufragará como um<br />

barco com um rombo no casco.<br />

Não é à toa que existem no Brasil quase 2 milhões de pessoas<br />

com anorexia nervosa – da qual vamos falar mais à frente – e<br />

nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, quase 3 milhões. É incrível que criaturas<br />

magérrimas, pele e osso puros, recusem-se a comer porque se<br />

sentem obesas! Não há tragédia maior.<br />

Pesquisas também demonstram que apenas 3% das mulheres<br />

em alguns países industrializa<strong>do</strong>s se sentem belas. E as outras<br />

· 21 ·


97%? Estão naufragadas em diversos estágios. O que fi zeram<br />

com nós, mulheres? O que permitimos que fi zessem? O que<br />

estamos fazen<strong>do</strong> com nós mesmas?<br />

Vamos ver alguns exemplos da relação com nosso corpo.<br />

Se nos concentrarmos no que consideramos defeitos, como<br />

aquela ruga, as estrias na barriga, uma cicatriz ou o quadril<br />

não tornea<strong>do</strong>, nossa autoimagem será <strong>do</strong>entia. O que temos<br />

de belo ficará em segun<strong>do</strong> plano, debilitan<strong>do</strong> consequentemente<br />

nossa autoestima. Nada destrói tanto a autoimagem<br />

quanto viver concentrada nos próprios “defeitos”, frequentemente<br />

exagera<strong>do</strong>s e que acabam se transforman<strong>do</strong> em falsas<br />

crenças em nossa cabeça.<br />

Se você detesta algumas partes <strong>do</strong> seu corpo, não espere que<br />

outras partes da sua anatomia compensem seu sentimento de<br />

autopunição. A autoestima não é um fruto mágico da emoção,<br />

mas <strong>do</strong> seu olhar. Os olhos da razão são os trilhos da emoção.<br />

Se cobrarmos excessivamente de nós mesmas, nunca estaremos<br />

satisfeitas com o que possuímos. O grande problema<br />

é que, <strong>para</strong> vender seus produtos e serviços, o sistema<br />

capitalista em que vivemos bombardeia diariamente a autoimagem<br />

das mulheres, exaltan<strong>do</strong> modelos magérrimas,<br />

desnutridas e <strong>do</strong>entes pelos padrões da medicina, e apresentan<strong>do</strong>-as<br />

como o exemplo mais nobre de beleza – modelos<br />

que sempre escapam ao biotipo comum.<br />

Essas imagens transmitidas pela mídia não são inocentes.<br />

Elas entram no inconsciente coletivo das mulheres e se tornam<br />

um padrão de beleza superexigente que as escraviza, geran<strong>do</strong><br />

uma autoimagem que afeta a relação que o nosso Eu<br />

constrói com nós mesmas e deprimin<strong>do</strong> a nossa autoestima. A<br />

autoimagem e, consequentemente, a beleza são um patrimônio<br />

pessoal e intransferível. Eis uma grande lição psicológica,<br />

fi losófi ca e sociológica!<br />

· 22 ·


Não permita que o sistema social dite a imagem que você<br />

deve ter de si mesma. Se isso acontecer, sua autoestima será<br />

fl utuante e vulnerável. Você estará corren<strong>do</strong> um grande risco!<br />

Essa é uma tarefa que compete exclusivamente a você!<br />

Mas, infelizmente, muitas mulheres delegam essa função a<br />

outros, o que contribui <strong>para</strong> que desenvolvam transtornos<br />

alimentares (anorexia, bulimia, vigorexia), depressão, obsessões,<br />

ansiedade.<br />

Além desses transtornos, essa dependência da opinião externa<br />

gera insatisfação, autorrejeição, angústia, irritabilidade, insegurança.<br />

Inúmeras mulheres estão encerradas nessa masmorra. Será<br />

que você também está atolada nesse pântano, sem perceber?<br />

As neuroses: o céu e o inferno emocional<br />

Quem nunca se examinou na frente <strong>do</strong> espelho, desejan<strong>do</strong> ardentemente<br />

uma barriguinha mais sarada, um quadril menos largo,<br />

olhos sem as marcas <strong>do</strong> tempo, pernas malhadas sem estrias ou<br />

celulite? Esses desejos são saudáveis, mas se transformam em problemas<br />

quan<strong>do</strong> viram obsessão. Detestamos a insistente fl acidez<br />

debaixo <strong>do</strong> braço que se evidencia quan<strong>do</strong> acenamos <strong>para</strong> alguém.<br />

E sonhamos acordadas imaginan<strong>do</strong> como TUDO seria diferente<br />

se tivéssemos um corpo perfeito, uns quilinhos a menos, seios um<br />

pouco maiores, coxas sem qualquer fl acidez.<br />

E subir na balança? Para muitas mulheres esse movimento<br />

inunda o corpo da mesma adrenalina que o invade em uma<br />

queda livre. A antiga calça jeans que emperra nas coxas pode<br />

ser motivo de luto por alguns dias.<br />

E quan<strong>do</strong> alguém que não nos vê há algum tempo, depois<br />

de nos observar, diz, com aquele sorriso maroto, “Nossa, você<br />

está assim… mais saudável…”? Respiramos fun<strong>do</strong>, conten<strong>do</strong> a<br />

· 23 ·


vontade de “pular no pescoço” dessa pessoa que, delicadamente,<br />

tentou nos dizer: “Como você engor<strong>do</strong>u!”. Uma observação<br />

dessas é sufi ciente <strong>para</strong> nos punir. Já parou <strong>para</strong> pensar em<br />

como você se angustiou quan<strong>do</strong> uma pessoa apontou um defeitinho<br />

seu? Como não aprendemos a esculpir a nossa autoimagem<br />

a partir de quem somos, facilmente as pessoas furtam<br />

nossa autoestima.<br />

Nossa emoção parece o pêndulo de um relógio. Sobe quan<strong>do</strong><br />

alguém nos elogia, desce se somos criticadas. Um quilo a menos<br />

e vamos <strong>para</strong> o céu; um a mais nos empurra <strong>para</strong> o inferno emocional.<br />

Alegria e tristeza, tranquilidade e irritação alternam-se<br />

em minutos. A rapidez desse sobe e desce manifesta uma fl utuação<br />

emocional insana.<br />

Talvez você já tenha se pergunta<strong>do</strong> por que o sistema social<br />

tem um padrão tão severo de beleza, que exclui a maioria<br />

de nós, “normais” e “mortais”! É muito simples! Quan<strong>do</strong><br />

está infeliz, você consome mais ou menos? A maioria consome<br />

mais. Quan<strong>do</strong> estamos tristes e deprimidas, precisamos<br />

de muitas coisas <strong>para</strong> excitar nossa emoção e aliviar nossa<br />

ansiedade. Buscamos alívio nas compras, que nos fazem momentaneamente<br />

felizes.<br />

É claro que existe a propaganda honesta que exalta criativamente<br />

as qualidades <strong>do</strong> produto. Mas a propaganda que exalta<br />

a “modelo perfeita” que promove o produto tem segundas intenções,<br />

pois mexe com fenômenos inconscientes da mente da<br />

mulher. Como já vimos, trata-se de fenômenos sobre os quais<br />

ela quase não possui controle algum, a não ser que tenha um<br />

Eu lúci<strong>do</strong> e equipa<strong>do</strong>, o que geralmente não acontece.<br />

Essa propaganda que exalta a perfeição da modelo é arquivada<br />

na memória, tece pouco a pouco um estereótipo e acaba produzin<strong>do</strong><br />

a insatisfação da mulher com ela mesma, geran<strong>do</strong> nela o<br />

desejo inconsciente de ser o que não é. Para realizar esse desejo,<br />

· 24 ·


ela compra o produto anuncia<strong>do</strong> pelas modelos, na ânsia de se<br />

tornar igual a elas. Isso estimula o consumismo. Não necessitamos<br />

de boa parte <strong>do</strong> que compramos.<br />

Não sou contra o uso de modelos em propaganda, mas condeno<br />

o uso excessivo de mulheres que fogem aos padrões “normais”.<br />

Há, de fato, uma verdadeira exclusão. Mulheres com um<br />

corpo normal só aparecem fazen<strong>do</strong> propaganda de produtos de<br />

limpeza e de comida. Trata-se de uma discriminação deslavada.<br />

Modelos magérrimas, lindíssimas e sorridentes são usadas<br />

exaustivamente, nos quatro cantos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, <strong>para</strong> vender celular,<br />

perfume, roupas, joias, refrigerantes, produtos <strong>para</strong> as “simples<br />

mortais” comprarem. Quan<strong>do</strong> assistimos a um comercial,<br />

nosso inconsciente não se<strong>para</strong> os registros, a imagem da modelo<br />

funde-se com a imagem <strong>do</strong> produto, pois ambas são registradas<br />

na mesma janela da memória pelo fenômeno RAM, de que<br />

falamos no <strong>primeiro</strong> <strong>capítulo</strong>.<br />

Ao adquirir o produto, subliminarmente procuramos também<br />

nos identifi car com o corpo da modelo. É um processo<br />

sutil e imperceptível que parece inocente, mas que, ao longo <strong>do</strong><br />

tempo, engessa nossa autoimagem e, consequentemente, aprisiona<br />

nossa autoestima. E, com certeza, nos faz consumir muito<br />

além <strong>do</strong> que necessitamos.<br />

No passa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> o fi lme era roda<strong>do</strong> por fotografi a, eram<br />

necessários 20 fotogramas por segun<strong>do</strong> <strong>para</strong> dar a ideia de movimento.<br />

Inseria-se a foto de um produto nessa sequência e, sem<br />

perceber, o especta<strong>do</strong>r, ao sair <strong>do</strong> cinema, tinha desejo de adquiri-lo.<br />

Essas mensagens subliminares foram proibidas, porque controlavam<br />

a vontade <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r. Hoje não nos damos conta<br />

de que o uso de modelos fotográfi cas está geran<strong>do</strong> inumeráveis<br />

mensagens subliminares.<br />

Compramos o produto conscientemente, mas inconscientemente<br />

procuramos algo que se encontra na imagem da modelo.<br />

· 25 ·


O consumo não consegue resolver as necessidades de nossa emoção,<br />

pois é impossível comprar a aceitação social, o amor-próprio<br />

e a autorrealização. Já não aconteceu de você comprar alguma<br />

coisa e depois olhar <strong>para</strong> <strong>aqui</strong>lo e pensar “Não sei onde eu vou<br />

usar isso”, ou “Eu não estava precisan<strong>do</strong>”?<br />

Nossa liberdade, defendida pelas leis da democracia, se torna<br />

uma utopia em um sistema que desprestigia quem está fora <strong>do</strong>s<br />

padrões de beleza. Nem Hollywood escapa dessa discriminação.<br />

Por favor, não cite Shrek!<br />

Nesse desenho anima<strong>do</strong>, o candidato a se casar com uma<br />

princesa fora <strong>do</strong>s padrões de beleza é um ogro, também completamente<br />

fora <strong>do</strong>s padrões. Esse delicioso desenho anima<strong>do</strong><br />

não promove a aceitação por parte das crianças de seus próprios<br />

corpos e o respeito pelo patrimônio genético de cada<br />

um. Afi nal de contas, o protagonista é um ogro. Na realidade,<br />

o fi lme passa a mensagem de que, <strong>para</strong> ser aceita e considerada<br />

interessante, uma pessoa que não corresponde ao padrão de<br />

beleza tem que ser extremamente engraçada. Se não for “bonita”,<br />

tem que ser pelo menos hilária.<br />

Você já viu estampa<strong>do</strong> nas telinhas <strong>do</strong>s cinemas um par romântico<br />

de gordinhos? Quan<strong>do</strong> aparece, o intuito é fazer comédia.<br />

Como se a paixão ardente e o amor intenso fossem<br />

propriedade exclusiva <strong>do</strong>s “bonitos e elegantes”. Mas todas nós,<br />

mulheres, de qualquer biotipo, cor, raça, religião e ideologia,<br />

estamos abertas e sujeitas a viver uma grande história de amor.<br />

A começar, com nós mesmas!<br />

A vida nem sempre é uma comédia. Enquanto nos divertimos<br />

com as comédias <strong>do</strong>s casais “gordinhos”, quantas jovens<br />

choram sem que ninguém veja suas lágrimas? Quantas estão<br />

desistin<strong>do</strong> de viver por não se aceitarem? Quantas se menosprezam<br />

e se punem por não possuírem o corpo que tanto<br />

desejam?<br />

· 26 ·


Não há problema algum com a exibição de casais “gordinhos”<br />

em comédias. Mas não podemos ser inocentes e acreditar que<br />

não existam mensagens subliminares atrás das propagandas, <strong>do</strong>s<br />

fi lmes, revistas e produtos que, de uma maneira ou de outra, agridem<br />

a nossa beleza diretamente. E agora? Estamos diante de um<br />

desastre emocional jamais visto na história. Vamos fi car caladas?<br />

· 27 ·

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