Diagnóstico social de Senhora da Penha – MG (2011) - Ibase
Diagnóstico social de Senhora da Penha – MG (2011) - Ibase
Diagnóstico social de Senhora da Penha – MG (2011) - Ibase
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
carpinteiro e pedreiro, e seus filhos homens her<strong>da</strong>ram o gosto pela<br />
construção civil. Ele diz que antigamente tinha circo, toura<strong>da</strong>, palhaços,<br />
montaria em boi, os jovens <strong>da</strong> época jogavam malha, futebol, birosca,<br />
baralho, iam nos bares conversar e beber.<br />
- Maria <strong>de</strong> Assis <strong>de</strong> Souza, 70 anos, nasci<strong>da</strong> na Bahia, na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Jacobina (analfabeta) porque os pais não <strong>de</strong>ixavam os filhos estu<strong>da</strong>r,<br />
tinha que aju<strong>da</strong>r nas tarefas, olhar os irmãos mais novos. Resi<strong>de</strong> na<br />
região há 30 anos, 15 anos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Penha</strong>. Os filhos<br />
estu<strong>da</strong>ram até a quarta série porque moravam em fazen<strong>da</strong>s muito<br />
distantes <strong>da</strong>s escolas. Na sua opinião, o estudo ficou mais fácil mas os<br />
jovens não querem estu<strong>da</strong>r <strong>de</strong>vido “à facili<strong>da</strong><strong>de</strong> que os Conselhos<br />
Tutelares oferecem por não po<strong>de</strong>r mais corrigir os filhos (¿¿¿¿). Ela<br />
trabalhou como cozinheira e como lava<strong>de</strong>ira para os fazen<strong>de</strong>iros<br />
antigos, como o senhor Jose Agripino Vilas Novas; Franklin Moreira e o<br />
senhor Jarbas. Morou também nos córregos próximos <strong>de</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>Penha</strong> e Barbudo. Quando dona Maria mudou para a região já não<br />
havia muitas matas <strong>de</strong>vido aos <strong>de</strong>smatamentos causados pelos donos<br />
<strong>de</strong> carvoeiras que existiam.<br />
- Ricardo Tertuliano <strong>de</strong> Souza, 81 anos, resi<strong>de</strong> em <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Penha</strong><br />
há 72 anos e estudou até a quarta série primária (Ensino Fun<strong>da</strong>mental).<br />
Ele diz que a educação <strong>de</strong> antes era melhor do que agora porque era<br />
mais profun<strong>da</strong>, os alunos realmente aprendiam o que os professores<br />
ensinavam. Hoje eles passam sem saber. O primeiro motorista escolar<br />
<strong>de</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Penha</strong> foi vereador presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Câmara e vice-<br />
prefeito, “e faz parte <strong>da</strong> nossa historia”.<br />
- Maria Joana Pereira, <strong>de</strong> 68 anos, é aposenta<strong>da</strong> e analfabeta,<br />
porque na época “os pais não faziam questão <strong>de</strong> escola”. Mas seus<br />
filhos estu<strong>da</strong>ram em <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Penha</strong>, an<strong>da</strong>vam 4 km até a escola,<br />
<strong>de</strong>pois estu<strong>da</strong>ram em Fernan<strong>de</strong>s Tourinho, iam no caminhão do Senhor<br />
Ricardo “e <strong>de</strong>pois vieram os ônibus”. Ela diz que <strong>de</strong> 20 anos atrás pra<br />
agora melhorou muito, mas a escola estadual é “um pouco bagunça<strong>da</strong>”<br />
e diferente <strong>da</strong> municipal em questão <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong> e organização.<br />
Maria Joana gostava <strong>de</strong> pescar nos córregos e no rio Doce em <strong>Senhora</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Penha</strong>, plantava arroz, milho, feijão, para sustento próprio. Sua mãe<br />
Maria Artur era porteira <strong>da</strong> região, uma historia que marcou dona<br />
Maria Artur foi uma em que “teve que fazer um parto em que a criança<br />
estava vira<strong>da</strong> e a mãe não tinha condições para ir ao hospital”, ficando<br />
então a mulher duas semanas em “trabalho <strong>de</strong> parto”, e acabou<br />
falecendo. Vários casos parecidos aconteceram na região, os médicos<br />
eram farmacêuticos e raizeiros e benze<strong>de</strong>iros que faziam remédios<br />
caseiros. Quando cobras ou outros bichos mordiam as pessoas,<br />
amarravam pano ou elástico para isolar o local <strong>da</strong> mordi<strong>da</strong> e não<br />
espalhar o veneno. Quando havia alguma quebradura (fratura)<br />
encanava com tala <strong>de</strong> bambu, os remédios usados na época eram<br />
picumã, teia <strong>de</strong> aranha, curtido com fumaça para curar cólicas, chá <strong>de</strong><br />
Santa Maria, erva com pó <strong>de</strong> chifre queimado para acabar com vermes,<br />
para curar anemias ferraduras fervi<strong>da</strong> no leite e comi<strong>da</strong>s feitas em<br />
<strong>Diagnóstico</strong> Social Participativo <strong>de</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>da</strong> <strong>Penha</strong> - março <strong>de</strong> <strong>2011</strong><br />
24