No embalo do povão - Revista Metrópole

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Serviço
Quem quer dinheiro?
No trato com as financeiras, toda desconfiança é pouca
Nardele Gomes
“Quem quer dinheiro?”. Perguntava Sílvio
Santos na década de 90, posicionado em meio
à sua platéia, formada por caravanas vindas de
cidades de nomes difíceis do interior de São
Paulo, como Itaquaquecetuba, Carapicuíba e
Itapecerica da Serra, cheias de donas-de-casa e
aposentados ávidos por um aviãozinho de 10
Os estelionatários
buscam atrair
segurados, prometendo
mundos e fundos e
exigindo muito pouco
em troca
ou 50 reais. Hoje quem pergunta “quem quer
dinheiro” são as financeiras e os bancos, oferecendo
empréstimos maravilhosos, dinheiro
farto, rápido e sem burocracia, nem consulta
ao SPC ou Serasa. Aposentados e pensionistas
são os alvos principais, já que a renda é, em sua
maioria, pequena, as necessidades são grandes
e o desconto é feito na folha de pagamento,
diminuindo as chances de inadimplência a
quase zero. Assim, as empresas enchem os
olhos deste público de facilidades e mostram
artistas globais da terceira idade com cara de
“se-eu-fosse-você-eu-faria”.
O programa de empréstimos consignados
para titulares de benefícios (aposentados e
pessoas que recebem pensão por morte) com
quitação na folha de pagamento foi autorizado
pela Lei nº 10.820, publicada em 17 de dezembro
de 2003, no Diário Oficial da União.
Atualmente existem 56 instituições financeiras
conveniadas ao INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social) realizando esta modalidade
de empréstimo. No entanto, a quantidade
de recomendações no site da Previdência
deixa claro que os golpes são freqüentes.
Financiar os sonhos, pagar a faculdade dos
netos, fazer uma viagem inesquecível ou
simplesmente (e pra que melhor?) pagar
as contas em atraso. São chamarizes
como esses, além do parcelamento
da dívida em até 36 meses,
que levam titulares de benefícios
a contraírem empréstimos
a juros altíssimos.
Na maioria dos casos, paga-se
mais do que o dobro do valor
recebido.
Apenas empréstimos
realizados pessoalmente
dentro das instituições são
válidos. Mas basta uma rápida
caminhada pelas ruas do
Centro e Comércio de Salvador
para ser abordado por inúmeros
“facilitadores do processo”, que ora
se dizem agentes financeiros, ora
servidores do INSS. Sendo assim,
fica fácil ser vítima do golpe do empréstimo
consignado. Até por telefone os estelionatários
buscam atrair segurados, prometendo mundos
e fundos e exigindo muito pouco em troca.
Apenas dados cadastrais e o número do CPF.
Depois deste rápido contato, o titular do benefício
não sabe, mas já caiu num golpe. E no
final do mês vai receber sua pensão ou aposentadoria
descontada em uma parcela do empréstimo
que foi realizado sem ele saber. Em casos
como esse, o segurado deve procurar o quanto
antes a instituição financeira onde ele realizou
o empréstimo e fazer uma queixa formal.
O dinheiro deve ser devolvido em dobro.
Raramente os
bancos reconhecem
a fraude,
notas da Metrópole
Sem balela
O apresentador de televisão e
dublê de político Raimundo
Varela, que diz não gostar de
internet, vai precisar de uma
boa consultoria de imagem na
web, se quiser reverter a rejeição
ao seu nome no orkut. Em
uma das comunidades mais
ativas, Eu Odeio Raimundo
Varela, os membros se distraem
definindo em uma palavra o
candidato a prefeito de Salvador
de mãos calejadas. Sacripanta,
mercenário, asqueroso,
oportunista e assombração são
apenas algumas das singelezas
dedicadas a ele. Tem até
neologismos, como canalhocrata
e diabeticopretensobeso.
alegando sempre que os empréstimos foram
realizados com dados corretos e senha bancária.
Caso não haja acordo, o segurado deve
buscar ajuda com o INSS através do telefone
0800 78 01 91.
Não é fácil resistir aos apelos dos “agentes
financeiros”. A abordagem é massiva,
sobretudo no trecho da Av. Estados
Unidos, no Comércio.
A avaliação da necessidade e da
urgência de se contrair um empréstimo
bancário deve ser criteriosa, já que,
uma vez efetuada, a transação implica
o pagamento de um valor muito maior.
Caso o segurado tenha condição de adiantar
o pagamento, terá de enfrentar dificuldades,
uma vez que as instituições se alimentam dos
juros. Nestes casos, ou não aceitam o paga-
Caso Isabella
O Superego, pior parte do Ego,
que é a pior parte do G1, que é
o portal das notícias irrelevantes,
publicou um post sobre o Caso
Isabella. Como se não bastasse,
Carolina Dieckmann também
comentou o caso no blog dela
e disse estar rezando muito
por todos que vivem “nesse
mundo de barbaridades”. Já na
Globo News, pretenso canal
de jornalismo classe média da
Rede Globo, o orkut da mãe de
Isabella virou pauta recorrente.
Congestionamento
de candidatos
A primeira eleição depois
da morte de Antonio Carlos
Magalhães promete ser uma
das mais disputadas da história
do Palácio Thomé de Souza. A
perspectiva é de 14 candidatos à
prefeitura de Salvador (no caso
do PSTU e do PSL lançarem
nomes para a disputa). Os
nomes do campeonato eleitoral
são os seguintes: Raimundo
Varela (PRB); Antonio
Imbassahy (PSDB); ACM
Neto (DEM); João Henrique
(PMDB/PDT);
mento adiantado ou cobram o restante já
acrescido dos juros proporcionais a todo o
período que faltava. “Tentei adiantar o pagamento
do dinheiro que tomei emprestado,
mas eles me cobraram quase R$ 6 mil a mais.
Eles dizem que isso estava no contrato, mas na
ocasião, assinei somente um termo de adesão, o
contrato veio depois, pelo correio”, conta Vir-
Lídice da Mata (PSB);
Candidato do PT; Olívia
Santana (PCdoB); Miguel
Kertzman (PPS); Edvaldo
Brito (PTB); Eliel Santana
(PSC); Antônio Eduardo
(PCO); Carlos França
(PSOL); Candidato do
PSTU; Candidato do PSL.
A Superintendência de
Engenharia de Tráfego já
trabalha com a possibilidade de
engarrafamento de palanque na
cidade.
gínia Santana, 64 anos, aposentada, que agora
enfrenta a financeira na Justiça para reaver o
dinheiro que já pagou.
É necessário olhar as financeiras
com critério e desconfiança, afinal,
dinheiro fácil não existe. Até mesmo
os aviõezinhos do Sílvio Santos eram
disputados a tapas pelo auditório. •
A avaliação da necessidade e da
urgência de se contrair um empréstimo
bancário deve ser criteriosa, já que,
uma vez efetuada, a transação implica o
pagamento de um valor muito maior.
Revista Metrópole - abril de 2008
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